UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO
CURSO DE MESTRADO
DISCIPLINA: METODOLOGIA
PROFESSOR: RODOLFO PAMPLONA
ALUNA: ALINE SOLANO SOUZA CASALI BAHIA
FICHAMENTO/REDAÇÃO DE APROVEITAMENTO/QUESTÃO PARA DEBATE
AUTOR: MAURICE MERLEAU PONTY
TEXTO: FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO
SALVADOR/BA
2011
MERLEAU-PONTY, Maurice. FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO/Maurice
Merlau-Ponty, tradução Carlos Alberto Ribeiro de Moura- 3ª Ed. – São Paulo :
Martins Fontes, 2006.
FICHAMENTO/SÍNTESE
- CAPÍTULO I – A “ATENÇÃO” E O “JUÍZO”
Conceito de atenção para o empirismo: “Ele se deduz (...) da ‘hipótese de
constância’ quer dizer como nós o explicamos, da prioridade do mundo objetivo”.
(pag. 53). “(...) chamar-se-á de atenção a função que as revela”(as coisas que
estejam despercebidas) “ como um projetor ilumina objeto preexistentes na
sombra. ”
“O ato de atenção não cria nada, é milagre natural”
“A atenção é portanto um poder geral e incondicionado, no sentido de que a cada
momento ela pode dirigir-se incondicionalmente a todos os conteúdos de
consciência.” (pag. 4)
“Já que experimento na atenção um esclarecimento do aobjeto, é preciso, que o
objeto percebido já encerre a estrutura inteligível que ela destaca.”
“Para tomar posse da atenção, bata-lhe voltar a si, no sentido em que se diz que
um homem demasiado volte a si.” A percepção desatenta é um semi-sono.
EMPIRISMO x INTELECTUALISMO
EMPIRISMO
- Observação/ experimentação
- as idéias são provenientes dos sentidos
- O mundo é uma realidade em si
- Objetividade absoluta
- A atenção estéril – só revela o que há no objeto.
- a consciência, muito pobre, desconhece tudo, diante da totalidade do objeto.
- O mundo como totalidade dos acontecimentos temporais.
- O que faltava ao empirismo era a conexão interna entre o objeto e o ato que
ele desencadeia.
- O empirismo não vê que precisamos saber o que procuramos, sem o que não
o procuraríamos.
- idéia de que a atenção não cria nada, já que um mundo de impressões em si
ou um universo de pensamento determinante estão igualmente subtraídos à
ação do espírito
OBJETO CONSCIENCIA
INTELECTUALISMO
- Somente a razão humana é capaz de levar ao conhecimento da verdade.
- A experiência sensorial leva a erros sobre a realidade do mundo.
- O sujeito possui conhecimento imanente;
- Subjetividade absoluta
- Atenção fecunda – esclarece o objeto
- A consciencia, muito rica, conhece tudo, tornando supéflua a investigação.
“O intelectualismo, ao contrário, parte da fecundidade da atenção: já que tenho
consciência de obter por ela a verdade do objeto, ela não faz um quadro
suceder fortuitamente a um outro quadro.”
CRÍTICAS DE MERLEAU –PONTY
- O autor tece críticas tanto ao empirismo quanto ao intelectualismo
(racionalismo)
- afirma que ambas as teorias possuem um parentesco profundo, na medida
em que tomam por base o mundo objetivo.
- Além disso em ambas a ‘atenção’ não tem nenhum papel a desempenhar. No
empirismo, porque a consciência não constitui nada. No intelectualismo, porque
a consciência. Possui internamente estrutura inteligivel de todos os objejetos
A posição de ambos acaba tornando distante a relação do sujeito com o objeto.
CONSIDERAÇÕES DO AUTOR
Reaproximação do objeto com a consciência.
Rompimento da cisão consciência/natureza do pensamento moderno. Isso
perpassa por compreender a essência do processo de construção do
conhecimento.
É necessário um equilíbrio entre o conhecer e o ignorar. Conhecer para saber
o que procurar, ignorar para ter o que procurar.
O despertar de uma nova atenção, uma nova maneira de estar presente aos
objetos.
A atenção é a constituição ativa de um novo objeto.
Objeto que era antes um horizonte indeterminado (espaço pré-objetivo) e
passa ao determinado. Esta passagem é o próprio pensamento.
Há um processo de troca entre sujeito e objeto, já que o sujeito (corpo) está
inserido no mundo e apreende o objeto carregado por sua experiência. “O
homem está no mundo e é no mundo que ele se conhece” (Prefácio)
Relação corpo e mundo “... o mesmo sujeito é parte do muno e princípio do
mundo, porque o constituído é sempre constituinte.”
A percepção é um juízo, “o que significa dizer que o objeto percebido se dá
como todo e como unidade antes que nós tenhamos apreendido a sua lei
inteligível...”
COISAS
O problema não é apenas o de saber como uma grandeza ou uma forma, entre
todas as grandezas ou formas aparentes é tida por constante, ele é muito mais
radical. Trata-se de compreender como uma forma ou uma grandeza
determinada – verdade ou mesmo aparente – pode mostrar-se diante de mim,
cristalizar-se.
Para cada sujeito existe uma distância ótima para ser visto, uma orientação sob
a qual ela dá amais de si mesmo, aquém ou além, só temos uma percepção
Constância das cores.
No sistema da experiência não está desdobrado diante de mim como se eu
fosse deus, ele é vivido por mim de um certo ponto de vista não sou seu
espectador, sou parte dele e é minha inerência a um ponto de vista que torna
possível ao mesmo tempo a finitude de minha percepção e sua abertura ao
mundo total enquanto horizonte de toda a percepção.
O que faz o Juiz dormir é a regra do ônus da prova. A certeza é uma ficcção. A
verdade que existe é aquela que pode ser provada
O princípio da identidade física do juiz. Será que o juiz que fez a audiência tem
melhores condições de perceber a verdade e proferir a sentença.
CORPO
Através do meu corpo que vou ao mundo, a experiência tátil se faz adiante de
mim.
Não existe uma coisa se não tiver alguém que a perceba. O autor não existia
no meu mundo antes de eu ler o texto.
TEMPO
TEORIA DA RELATIVIDADE
PERCEPÇÃO E ALUCINAÇÃO
O fato capital é que a maior parte do tempo os doentes distinguem suas
alucinações e suas percepções
A alucinanação não é percepção, mas ela vale como realidade, só ela conta
para o alucinado
Alucinação e percepção são modalidades de uma única forma
A percepção de Merleau –Ponty.
BIOGRAFIA
Nasceu em 1908
Francês
Formado em 1931 em Paris em Filosofia
Participou da 2ª Guerra Mundical como Oficial do Exercito (1939 e 1940)
Depois voltou a lecionar, tendo participado da Resistência Francesa ao
nazismo.
Em 1945, conclui o Doutorado
Contexto:
- Vivenciou as duas grandes guerras
-Pos guerra tem início a Guerra Fria
- De orientação política Marxista, vivenciou as
Influencias Filosóficas
- Fenomenologia (Husserl)
A fenomenologia é o estudo das essências. O que interessa não é o mundo
que existe, mas o modo como conhecimento do mundo se dá para cada
pessoa. A verdade está no conhecimento das essências.
Influencias Filosóficas
Psicologia (Gestalt) – Psicologia da forma. Tem como ponto de partida o o
estudo da percepção. Entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do
indivíduo se encontra a percepção. Entender o que e como o indivíduo percebe
é fundamental para a compreensão do ser humano.
O homem não percebe as coisas de modo isolado, sem relações. As organiza
no processo perceptivo como um todo significativo. A percepção está além dos
elementos fornecidos pelos órgãos sensoriais.
Outras Influências relevantes
- Marxismo
-Existencialismo
Questão para debate:
Resgatando as reflexões feitas após as leituras de DESCARTES e BACON
comente a crítica feita pelo autor ao racionalismo e ao empirismo.
O autor tece críticas tanto ao empirismo quanto ao intelectualismo
(racionalismo). Afirma que ambas as teorias possuem um parentesco profundo,
na medida em que tomam por base o mundo objetivo.
Além disso, em ambas a ‘atenção’ não tem nenhum papel a desempenhar. No
empirismo, porque a consciência não constitui nada. No intelectualismo, porque
a consciência. Possui internamente estrutura inteligível de todos os objetos.
A posição de ambos acaba tornando distante a relação do sujeito com o objeto.
Sem dúvida, o intelectualismo apresenta-se ordinariamente como uma doutrina
da ciência e não como uma doutrina da percepção.
Pois nunca, como Descartes o viu, o autor pode coincidir de um só golpe com o
puro pensamento que constitui uma idéia simples: seu pensamento claro e
distinto serve-se sempre de pensamentos já formados por mim ou pelo outro, e
fia-se na minha memória, quer dizer, na natureza do seu espírito, ou na
memória da comunidade dos pensadores, quer dizer, no espírito objetivo.
Segundo o autor o empirismo permanecia na crença absoluta no mundo
enquanto totalidade dos acontecimentos espaço-temporais, e tratava a
consciência como um cantão desse mundo.
O Autor entende que a percepção, no sentido amplo de conhecimento, é um
ato humano que atravessa todas as dúvidas possíveis para instalar-se em
plena verdade. Não censura o intelectualismo por servir-se da percepção, mas
por servir-se dela tacitamente. Há ali um poder de fato, como dizia Descartes,
uma evidência simplesmente irresistível que reúne, sob invocação de uma
verdade absoluta, os fenômenos separados do presente e do passado, da
duração, mas que não deve ser cortada de suas origens perceptivas e
destacadas de sua facticidade.
A percepção é um juízo, mas que ignora suas razões o que significa dizer que
o objeto percebido se dá como todo e como unidade antes que nós tenhamos
apreendido a sua lei inteligível.
Dizendo que o juízo natural não tem “tempo para pesar e considerar quaisquer
razões”, Descartes dá a entender que, sob o nome de juízo, ele visa a
constituição de um sentido do percebido que não é anterior à própria
percepção e parece sair dela. Talvez a filosofia de descarte consista em
assumir essa contradição.
A solução cartesiana não é considerar o pensamento humano em sua condição
de fato como garantia de si mesmo, mas apoiá-lo em um pensamento que se
possui absolutamente.
A nossa visão apenas retoma por sua própria conta e prossegue pelos
caminhos que a iluminação lhe traça. Percebemos segundo a luz, as cores, a
distância. Ou seja ele reconhece que a percepção é relativa, e é alterada por
fatores como luz, cor, distância, etc. Da mesma forma, Bacon preconizou: “Cada
pessoa possui sua própria caverna particular, que interpreta e distorce a luz da
natureza.”(pág. 13)
REDAÇÃO DE APROVEITAMENTO
A idéia mais relevante que se pode extrair do texto é como fatores (luz, cor,
tempo, distância) externos e internos (experiência, formação, educação,
religião, etc.) podem modificar ou influenciar o resultado da percepção.
Entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo se encontra a
percepção.
O homem não percebe as coisas de modo isolado, sem relações. As organiza
no processo perceptivo como um todo significativo. A percepção está além dos
elementos fornecidos pelos órgãos sensoriais.
Transpondo-se esta idéia para o processo judicial, percebemos que a certeza
ou a verdade resultante da percepção do magistrado ao proferir uma sentença
é uma ficção jurídica. A verdade que vale para o processo é a verdade que
está provada nos autos e percebida da através dos olhos do magistrado, que
muitas vezes não há encontra e julga com as regras do ônus da prova.
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