Fundamentos da Didáctica da Matemática Mª José Molarinho Sara Costa Professor Doutor João Pedro da Ponte 13 de Outubro de 2005 O que sabemos em Matemática e como o sabemos? A matemática surge na Grécia, como modelo explicativo do real, com regras e procedimentos que foram descobertos a partir de observação e experimentação, por processos de tentativa e erro. • Platonismo Os objectos matemáticos são reais independentemente do nosso conhecimento sobre eles, existem fora do espaço e do tempo, são imutáveis. Os Elementos de Euclides foram considerados até ao séc. XIX um modelo de verdade, rigor e certeza. • Racionalismo / empirismo A matemática, tal como a religião, era dos melhores exemplos de conhecimento obtido pela razão (Espinoza, Descartes e Leibnitz). Deu lugar ao empirismo devido ao desenvolvimento das ciências com base no método experimental (Locke, Hobbes, enciclopedistas franceses); Kant, no final do séc. XVIII, tentou unificar racionalismo e empirismo, permanecendo como elemento central o mito de Euclides. Segundo Kant, intuições de geometria (espaço) e aritmética (tempo) são objectivas e universalmente aceites. – o dogma Kantiano do à priori permanece até ao séc. XX. Crise dos fundamentos A existência de discrepância entre o mito de Euclides e as práticas matemáticas reais. 3 escolas de pensamento • Logicismo – Frege, Russel, Whitehead tenta provar que a matemática é parte da lógica. • Construtivismo / intuicionismo – Brouwer é a intuição que determina a coerência e a aceitabilidade das ideias. Os números naturais são uma intuição fundamental, ponto de partida de toda a matemática. • Formalismo – Hilbert fazer matemática consiste em manipular símbolos sem significado de acordo com regras sintácticas estabelecidas (a matemática é um conjunto de fórmulas). O problema de assegurar a certeza em Matemática parece ser insolúvel e deixa de ser importante. • Falibilismo – Lakatos (1957, em 1976 publica livro) – “Provas e Refutações”. reconhece que o erro é insubstituível no processo de produção do conhecimento; A matemática desenvolve-se pela correcção de teorias, pelo melhoramento de conjecturas, graças à especulação, crítica (lógica de provas e refutações) e existência de contraexemplos. Actualmente diversos estudiosos (Davis, Hersh, Ernest, Kline, Tymoczko, Putnam e outros), inspirados por Lakatos, propõem uma filosofia que enquadre e descreva práticas reais dos cientistas. • Quasi empirismo Matemática é uma actividade humana, individual e social, decorre de um diálogo entre pessoas que tentam resolver problemas. Posições filosóficas sobre a Matemática influenciam princípios orientadores do ensino-aprendizagem. Actuais orientações para o ensino da matemática, porque saber matemática é sobretudo saber fazer matemática. Segundo Davis e Hersh “Um investigador matemático típico é platonista durante a semana e formalista aos domingos.” Segundo Monk, “O mundo matemático é povoado por: 65% de platonistas, 30% de formalistas e 5% de construtivistas.” E cada um de nós... em que perspectiva filosófica se enquadra? Será que o nível de ensino que leccionamos é determinante da nossa perspectiva filosófica da matemática?