UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE HISTÓRIA CURSO DE HISTÓRIA PLANO DE CURSO DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA UNIDADE ACADÊMICA: FAFCS/DEFIL CÓDIGO: GFI171 CH TOTAL TEÓRICA: PERÍODO/SÉRIE: 2º período OBRIGATÓRIA: ( OPTATIVA: ( CH TOTAL PRÁTICA: CH TOTAL: 60 60 ) X ) OBS: PRÉ-REQUISITOS: CÓ-REQUISITOS: EMENTA Esta disciplina, utilizando-se de autor ou tema clássico da Filosofia, procurará introduzir o aluno em questões centrais da História da Filosofia. JUSTIFICATIVA Esse curso quere cumprir uma tarefa: aprofundar as relações entre filosofia e história na idade contemporânea, focalizando o nosso interesse sobre as doutrinas e os autores que mais influenciaram as ideias e os acontecimentos da história mundial. Existe uma estrita e reciproca relação entre o plano teórico e aquele fatual: em primeiro lugar porque as dinâmicas históricas ficam o dado inicial sobre o qual se articulam as reflexões de qualquer pensador sistemático; em segundo lugar, porque as principais doutrinas filosóficas (as suas visões do mundo e então as concepções delas sobre liberdade, igualdade e dimensão social do viver) foram ponto de referência fundamental para o nascimento e o desenvolvimento de movimentos e partidos políticos. A história das comunidades nacionais, dos estados e das relações entre eles, sempre teve uma relação, embora não sempre orgânica e coerente, com algumas elaborações filosóficas que inspiraram restritos grupos das classes dirigente, mas também as grandes massas que se mobilizaram nos fundamentais momentos da história: lutas, revoluções, guerras. Para não tornar demais complexo o curso, vamos afrontar só seis grandes autores tentando de explicar as caraterísticas básicas e essenciais do idealismo (Hegel), do positivismo (Comte) e do materialismo histórico (Marx-Engels e Gramsci), focalizando também alguns dados específicos do pensamento democrático (Rousseau) e liberal (Tocqueville) OBJETIVOS Objetivo Geral: Conceber um curso de introdução à filosofia que possa ser o mais útil possível para estudantes da graduação em história Objetivo Específico: Explicar as conexões entre especulação teórica e realidade concreta, para fornecer os instrumentos essenciais a compreender melhor os acontecimentos históricos por meio das chaves de leitura das diferentes abordagens filosóficas. PROGRAMA Rousseau: explicar o processo que leva Rousseau a localizar na propriedade privada não só a origem das desigualdades e das relações de escravidão do homem sobre o homem, mas também o fundamento da organização social e do Estado. Demonstrando as conexões logicas entre o Discurso sobre a desigualdade e o Contrato social, vamos expor a concepção de Rousseau sobre a natureza historicamente determinada dessas instituições e a sua visão sobre a relação entre liberdade e igualdade pela qual sem a primeira não pode existir a segunda e vice-versa. Hegel: Explicar a concepção dialética da história em Hegel e a conexão entre o conceito de racionalidade, realidade e necessidade. Mostrar como o filosofo alemão descreve, por meio da contradição e do salto qualitativo, a progressiva afirmação da liberdade na história até a Revolução francesa e o Estado constitucional. Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1779-1831) tentou de explicar historicamente as razões das grandes transformações do seu tempo, que progressivamente levaram a Europa a mudar as velhas instituições aristocrático-feudais, acompanhando as reformas jurídicas, constitucionais e econômicas na Europa e particularmente na Alemanha. O problema central da sua obra fica nas conexões conceptuais entre pensamento (a dialética) e política e então entre filosofia e história e por fim entre política e civilidade como fundamento estrutural na existência de um povo nação. Comte: Apresentar os princípios fundamentais do positivismo filosófico por meio do seu autor mais representativo, na perspectiva teórica que avança a ideia da estrita e indissolúvel conexão entre filosofia, política, ciências sociais e ciências positivas e o utilizo do método cientifico experimental também na construção da sociedade ideal. Marx-Engels: Explicar o processo que leva Marx, a partir da Crítica à filosofia hegeliana do direito, a elaborar a ideia sobre a origem historicamente determinada do Estado e da Sociedade civil, como consequência de especificas relações sociais de produção. Nesse percurso, que parte dos temas filosóficos, o estudo da economia política torna um momento fundamental de crescimento gnosiológico e conceitual, onde central foi o encontro com Engels, que infundiu em Marx o interesse para a economia política e a história econômica. A investigação sobre o processo de divisão e especialização do trabalho, e a sua contradição histórica com o capital que o gera, é o tema central para a definição do conceito de alienação, portanto, vamos esclarecer como isso aconteça nos Manuscritos econômico filosóficos, na Ideologia alemã e no Capital. No esclarecer a natureza das relações de produção sobre as quais se levantam a sociedade civil e o Estado, assume uma importância absoluta a elaboração da tese sobre a “falsa consciência” que, ampliando o conhecimento das formas de governo e direção por parte das classes dirigentes, fica central também para a ideia gramsciana da hegemonia. Gramsci: Vamos aprofundar o processo que leva Gramsci a elaborar uma concepção nova do Estado, não mais reduzida ao controlo monopolista dos instrumentos coercitivos, mas ampliada aos aparelhos privados da hegemonia na sociedade civil. Nessa perspectiva vamos expor a premissa da categoria da hegemonia na elaboração filosófica de Benedetto Croce e nas reflexões políticas de Lenin e aprofundar a ideia gramsciana sobre as relações de reciprocidade dialética entre fatos materiais e ideais na história e na política. Toqueville: Apontar a concepção do Tocqueville sobre as conexões que devem existir entre liberdade e igualdade, numa visão do liberalismo que por um lado não se afaste da democracia, mas, por outro, defenda também os princípios da liberdade individual contra as pretensões do poder coletivo. Nesse sentido vamos ver a ideia da democracia como sistema integrado e harmônico entre a organização constitucional do Estado, as instituições civis, os corpos intermédios, as classes sociais. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DATA ATIVIDADE 11/08 Apresentação do curso 18/08 Jean Jacques Rousseau-Engels: a origem das instituições sociais. 25/08 Discurso sobre a origem da desigualdade O contrato social Origem da família, da propriedade privada e do Estado 01/09 08/09 15/09 29/09 Hegel: a concepção dialética da historia Hegel: liberdade racionalidade do real. Auguste Comte e o positivismo filosófico. Positivismo e determinismo econômico: o messianismo no pensamento socialista Alexis de Toqueville. 06/10 13/10 20/10 03/11 10/11 17/11 24/11 01/12 08/12 15/12 Igualdade e liberdade: a dialética entre pensamento liberal e democrático Prima prova escrita de avaliação Visão da película de Bernardo Bertolucci “Novecento” Karl Marx, Friedrich Engels: o materialismo histórico Filosofia e crítica da economia política. Antonio Gramsci: a recusa do positivismo socialista Antonio Gramsci, Estado-Sociedade civil: as relações entre domínio e hegemonia. Prova de avaliação escrita final. Entrega dos resultados METODOLOGIA As aulas serão, em sua maioria, expositivas, nas quais trabalhar-se-á os temas propostos no programa. Os alunos participarão ativamente durante o período em que apresentarão comunicações orais, resenhas de filmes e trabalhos em sala. AVALIAÇÃO Os 100 pontos serão distribuídos da seguinte forma: 50,0 pontos, primeira prova escrita 50,0 pontos, prova final escrita BIBLIOGRAFIA Bibliografia básica: A. Comte, Curso de filosofia positiva; Discurso preliminar sobe o conjunto do positivismo; Catecismo positivista, Nova cultural, São Paulo, 1996. B. Constant, Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos (disponibilizada em PDF para os estudantes) G. W. F. Hegel, Linhas fundamentais da filosofia do direito ou direito natural e ciência do Estado. Em Compêndio, Loyola/São Leopoldo: UNISINOS, São Paulo, 2010. G. W. F.. Hegel, Enciclopedia delle scienze filosofiche, Laterza, Bari, 1971. A. Gramsci, Cadernos do Cárcere, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1999 – 2002. K. Marx, Crítica da filosofia do direito de Hegel, Boitempo Editorial, São Paulo 2014. K. Marx, F.Engels, A ideologia alemã, Boitempo Editorial, São Paulo, 2007. K. Marx, F.Engels, Manifesto do partido comunista, Boitempo Editorial, São Paulo, 2005. J. J. Rousseau, Do contrato social, Editora Abril Cultural, São Paulo 1973. J. J. Rousseau, Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, Abril Cultural, São Paulo 1973. A. de Toqueville, A democracia na América, Ed. Etatiaia, Belo Horizonte, 1962. A. de Toqueville, O antigo regime e a revolução, Ed. da UNB, Brasília, 1982. Bibliografia complementar: A. Comte, Discurso sobre o espirito positivo, Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1990. C.N. Coutinho, De Rousseau a Gramsci, Boitempo, São Paolo, 2011. C. N. Coutinho, Gramsci. Um estudo sobre seu pensamento político. Rio de Janeiro, Campus, 1992. C. N. Coutinho, Intervenções. O marxismo na batalha das ideias. Cortez Editora, São Paolo, 2006. C. N. Coutinho, Gramsci. Porto Alegre: L & PM, 1981. C. N. Coutinho, O leitor de Gramsci Civilização brasileira, Rio de Janeiro, 2011. D. Losurdo, Antonio Gramsci. Do liberalismo ao comunismo crítico, Revan, Rio de Janeiro, 2006. D. Losurdo, Hegel, Marx e a tradição liberal. Liberdade, igualdade, estado. Unesp, São Paulo, 1998 G. Reale, Historia da filosofia. Do romantismo até nossos dias, Vol. III, Paulus, 1991 G. W. F. Hegel, Il sistema filosofico, Mondadori, Milano, 1936. G. W. F. Hegel, Fenomenologia dello spirito , La nuova Italia, 1984. A. Gramsci, Cartas do carcere, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2005. A. Gramsci, Escritos políticos, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2004. K. Marx, Manoscritti economico-filosofici del 1844, prefazione e traduzione di Norberto Bobbio Einaudi, Torino, 2004. K. Marx, O Capital. K. Marx, Revolução antes da revolução. Vol II. (As lutas de classes na França / O 18 brumário de Luís Bonaparte / Aguerra civil naFrança),Expressão Popular, São Paulo, 2008. A. de Toqueville, O antigo regime e a revolução, Ed. da UNB, Brasília, 1982. APROVAÇÃO _____ /______/ ________ _____/ ______ / ________ ___________________ ________________________ Carimbo e assinatura do Coordenador do curso Carimbo e assinatura do Diretor da Unidade Acadêmica