Perfil de Pacientes Críticos de um Hospital/Maternidade do

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Perfil de Pacientes Críticos de um Hospital/Maternidade do Estado da Bahia
Jacilene Souza da Silva1
Roberto Rodrigues Bandeira Tosta Maciel2
Letícia Souza de Carvalho
Nadja Queiroz de Oliveira
RESUMO
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma unidade de alta complexidade que visa à
manutenção da vida e recuperação da saúde de pessoas que necessitam de um
sistema de monitorização contínua. O traçado do perfil dessa unidade é importante,
tanto para a instituição, quanto para os pacientes tratados, pois poderão surgir
projetos que possam proporcionar uma melhora na resolutividade. O objetivo deste
estudo foi traçar o perfil dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva de
um Hospital e Maternidade da Bahia. O estudo se caracteriza como uma pesquisa
de campo documental e descritiva.
A amostra constou de 284 prontuários de
pacientes que internaram na UTI no período de agosto 2013 a julho de 2014,
período que abrange a implantação da Unidade à coleta de dados. Resultados: foi
observado que a maioria dos pacientes admitidos veio de outra unidade de
assistência, transferidos através da Central de Regulação do Governo do Estado. O
gênero masculino foi o mais prevalente e foi verificado um baixo percentual de
óbitos. O maior número de admissões envolvia pacientes com idade entre 51 e 80
anos. Pôde-se observar que metade dos pacientes era proveniente de outros
municípios do Estado. Conclusão: As patologias cardiovasculares foram mais
prevalentes e de melhor resolutividade, o índice de óbitos e o tempo de estadia
foram baixos.
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Professora do Centro Universitário Estácio/FIB. Curso de Fisioterapia Salvador, BA. Fisioterapeuta
da Área Técnica Saúde da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia
(SESAB). Membro do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência (COEDE) como representante
da SESAB
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Professor do Centro Universitário Estácio/FIB. Curso de Fisioterapia Salvador, BA e da Universidade
do Estado da Bahia, Departamento de Ciências da Vida,Salvador, BA.
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Revista Estação Científica – Centro Universitário Estácio de Juiz de Fora
Edição Especial VII Seminário de Pesquisa da Estácio e III Jornada de Científica da UNESA
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PALAVRAS-CHAVE: UTI. Paciente crítico. Hospital. Maternidade.
INTRODUÇÃO
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma unidade de alta complexidade no
ambiente hospitalar que surgiu a partir da necessidade de aperfeiçoamento dos
recursos materiais e humanos visando à manutenção da vida e recuperação da
saúde de pacientes graves que necessitam de um sistema de monitorização
continua. Tais unidades, embora de assistência ideal, podem se tornar também um
dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital, atingindo não
só os pacientes como também toda equipe multidisciplinar (VILA, ROSSI, 2002).
A equipe multidisciplinar atua de maneira complexa no amplo gerenciamento
do funcionamento dos sistemas e de todas as atividades correlacionadas com a
otimização e estabilidade do paciente. Tais equipes são compostas por enfermeiros,
médicos,
fisioterapeutas,
nutricionistas,
psicólogos,
assistentes
sociais,
anestesiologistas e médicos assistentes. A utilização destes profissionais melhora os
resultados dos pacientes, reduz o índice de mortalidade e morbidade, diminui o
tempo de estadia na unidade e os custos (EPSTEIN, 2014).
O traçado do perfil de uma unidade de terapia intensiva é importante, tanto
para a instituição, que poderá obter uma visualização de sua abrangência nas
regiões adjacentes, quanto para os pacientes tratados, pois diante deste perfil
poderão surgir projetos que possam proporcionar uma melhora na qualidade de vida
dos pacientes. O objetivo geral deste estudo foi traçar o perfil dos pacientes
internados em um hospital/maternidade do estado da Bahia. E como objetivos
específicos, investigar as patologias de maior prevalência atendidas pela instituição
de saúde e averiguar o período de internamento relacionado à doença de base do
paciente.
METODOLOGIA
Inicialmente foi feita uma revisão de literatura sobre a UTI, onde foram
utilizados artigos publicados entre os anos de 2002 e 2014. Foram utilizados artigos
científicos de língua portuguesa e inglesa, com as seguintes palavras chave: UTI,
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perfil, e paciente. O estudo se caracteriza como uma pesquisa de campo
documental e descritiva, realizada na Unidade de Terapia Intensiva de um
hospital/maternidade do município de Santo Antonio de Jesus - Bahia.
A amostra constou de 284 prontuários de pacientes da UTI e utilizado como
critério de inclusão prontuários de pacientes que internaram nesta unidade no
período de agosto 2013 a julho de 2014. Por se tratar de uma unidade relativamente
nova foram colhidos todos os prontuários desde sua inauguração até julho de 2014,
totalizando 284.
Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um formulário elaborado
pelos pesquisadores com questões como: gênero, idade, patologia de base, tempo
de internamento, altas e óbitos, dentre outros. Essa pesquisa foi submetida e
aprovada pelo Comitê de Ética do Centro Universitário da Bahia – Estácio/FIB, com
o parecer número 828.220.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Do total de pacientes admitidos na UTI do hospital, foi observado que apenas
três pacientes foram provenientes da própria unidade hospitalar. Os demais vieram
de outra unidade de assistência e transferidos através da Central de Regulação do
Governo do Estado da Bahia. A central de regulação é um órgão responsável por
organizar e operacionalizar as ações da regulação do acesso em unidades de
saúde. Cabe a esta fazer a gestão da ocupação de leitos, agendas das unidades de
saúde, absorver ou atuar de forma integrada aos processos autorizativos, efetivar o
controle dos limites físicos e financeiros, estabelecer e executar critérios de
classificação de risco e executar a regulação médica do processo assistencial
(Ministério da Saúde, 2008). Em um estudo feito por Feijó et al (2006), que teve
como objetivo identificar a gravidade dos pacientes idosos atendidos na Unidade de
Terapia Intensiva de um hospital universitário, relacionando com a mortalidade
durante a internação, foi encontrado resultado semelhante, sendo a maioria dos
pacientes admitidos vindos pela Central de Regulação. Isso mostra que este é um
órgão necessário, que auxilia na regulação de pacientes críticos. Tal fato pode levar
a uma redução do numero de óbitos já que o paciente é direcionado para uma
unidade hospitalar especializada. Já na pesquisa de Oliveira et al (2011), foi
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comparada a evolução clínica de adultos, idosos e muito idosos, internados em
Unidades de Terapia Intensiva. Os pacientes admitidos da UTI eram, em sua
maioria, provenientes do centro cirúrgico do próprio hospital ou do pronto
atendimento, devido ao hospital se tratar de uma unidade especializada.
Em relação ao gênero dos pacientes foi observada uma maior prevalência do
gênero masculino, com um percentual de 53,9%. Isso é devido, possivelmente, ao
fato de que os homens cuidam menos da saúde, não fazem exames periódicos, e se
expõem mais a fatores de risco (IVEY et al, 2008). Favarin e Camponogara (2012)
fizeram um estudo que teve como objetivo a investigação do perfil de pacientes a
respeito do gênero dos indivíduos internados na UTI, onde também foi evidenciada a
prevalência do sexo masculino.
Do total de pacientes estudados constatou-se que o maior número de
admissões tinha idade entre 51 e 80 anos correspondendo a 60% de todos os
pacientes. Isso pode ser explicado pelo grande número de pacientes internados com
doenças cardiovasculares e por estas acometerem mais indivíduos nesta faixa
etária. Apenas 3% dos pacientes tinham entre 10 e 20 anos e 15% mais de 80 anos.
Os demais ficaram na faixa de 21 a 50 anos.
Em uma pesquisa realizada no estado do Paraná por Freitas (2010), com
objetivo de conhecer o perfil e a gravidade de pacientes assistidos pela fisioterapia,
foi constatado que a realidade das internações em maior parcela é de indivíduos
idosos, pois possuem mais probabilidade de apresentarem comorbidades e doenças
crônicas. Em outro estudo, realizado por Ducci, Padilha e Telles (2004), que avaliou
a gravidade dos pacientes em unidade de terapia intensiva, foi constatado que a
idade média dos pacientes atendidos na UTI era de 60 anos, sendo que maioria
destes eram portadores de doença do sistema cardiovascular.
Em relação ao índice de mortalidade verificou-se um baixo percentual de
óbitos, representando 29% dos pacientes internados. É provável que isso se deva
ao fato de, por se tratar de uma unidade regulada, os pacientes já tinham recebido o
atendimento de suporte imediato; sendo assim, eram admitidos em situação de
menor instabilidade recebendo a intervenção intensiva adequada.
Ao se relacionar os óbitos à idade dos pacientes, foi observado que houve um
maior percentual de óbitos em pessoas idosas, com maior destaque em indivíduos
na faixa de idade entre 51 a 80 anos (Figura 1). O estudo de Feijó et al (2006),
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citado anteriormente, que teve como objetivo identificar a gravidade dos pacientes
atendidos na UTI de um hospital universitário, relacionado com a mortalidade
durante a internação, demonstrou que o índice de óbitos relacionado a idade não
teve diferença significativa.
Figura 1: Distribuição de óbito por faixa etária.
Fonte: Pesquisa de campo, 2014.
Um dado interessante a ser observado em relação à procedência dos
pacientes (Figura 2), é que metade dos pacientes da UTI era proveniente de outros
municípios do Estado da Bahia, inclusive alguns bem distantes da localização do
hospital e fora da microrregião de saúde de Santo Antônio de Jesus, como
Canarana, Xique Xique, Ibotirama e Mucugê. Apesar da microrregião de saúde
citada só possuir 23 municípios (Plano Diretor de Regionalização, 2014) o hospital
dá assistência a um total de 61 municípios. Dos 50% restante, a maior parte residia
em Santo Antônio de Jesus, seguido de residentes de Cruz das Almas.
Figura 2: Distribuição de municípios atendidos.
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Fonte: Pesquisa de campo, 2014.
Este resultado mostra a abrangência do hospital na sua microrregião de
saúde e fora dela. Isso pode indicar superlotação ou deficiência na prestação do
serviço de outros hospitais da região em relação às patologias mais prevalentes.
Caso esta última seja constatada, fica evidente a necessidade de capacitação dos
recursos humanos para que o paciente não necessite se deslocar para tão longe do
seu município de residência para atendimento especializado. Nesse aspecto, não
foram encontradas pesquisas que possam ser comparadas a este resultado. Porém,
cabe salientar que uma rede de atenção básica eficiente, com Programas de Saúde
da Família dotados de profissionais capacitados para o acompanhamento dos
pacientes, iria reduzir bastante a procura por internamentos hospitalares, já que
poderiam ser aplicados programas de promoção à saúde, como alimentação
adequada e instituição de exercícios físicos à população.
Como podem ser observadas na figura 3, as patologias de maior
predominância foram as cardiovasculares, em destaque a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS), seguida de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC). Outras
patologias foram encontradas em menor quantidade como, por exemplo: Trauma
Crânio Encefálico (TCE), cirrose hepática, erisipela bolhosa, hidrocefalia e derrame
pleural.
Figura 3: Classificação das patologias
Fonte: Pesquisa de campo, 2014.
Em estudos realizados por Paiva (2002) e Ducci, Padilha e Telles (2004), que
analisaram a população de pacientes atendidos em UTIs, foi destacada uma maior
prevalência
de
doenças
crônicas
pré-existentes
e
doenças
do
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sistema
cardiovascular. Lima, Andrade e Haas (2007), em um estudo realizado em uma
Unidade de Terapia Intensiva de São Paulo, comprovaram que as comorbidades
mais frequentes foram hipertensão arterial sistêmica, infarto agudo do miocárdio e
com menor prevalência a doença vascular encefálica. Já Favarin e Camponogara
(2012) identificaram em seu estudo que as principais causas de internamento na UTI
de um hospital universitário, foram às doenças infecciosas, seguida de neurológicas
apresentando em menor número as patologias cardiovasculares. Os autores não
deixam claro qual o perfil do hospital, apenas mencionando se tratar de um hospital
de grande porte.
Quanto ao tempo de internação dos pacientes (Figura 4), considerando-se
altas e óbitos, notou-se que a maior parte de pacientes, levando em conta a doença
de base, permaneceu na unidade entre 1 a 7 dias. Existem vários fatores que
predispõem a permanência na UTI como, por exemplo, a natureza da doença de
base e as exigências terapêuticas decorrentes das complicações. Foi observado que
muitos pacientes são estabilizados e regulados para unidades especializadas de
referência,
pois
necessitam
de
intervenções
cirúrgicas
ou
procedimentos
específicos. No estudo realizado por Favarin e Camponogara (2012), citado
anteriormente, foi comprovado que apesar de alguns pacientes apresentarem
internações prolongadas, o tempo médio de internação na UTI foi de 14 dias. Isso
pode ser explicado por se tratar de um estudo feito em um hospital onde o maior
índice foi de doenças infecciosas e neurológicas, onde se sabe que nem sempre a
resolução é rápida.
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Figura 4: Classificação das patologias por tempo de internação
Fonte: Pesquisa de campo, 2014.
Como pode ser observado também na figura 4, o estudo revelou que a
hipertensão arterial sistêmica leva um menor tempo de estadia hospitalar. Apesar
de ser doença crônica importante que gera varias instabilidades, ela pode ser
facilmente estabilizada ou revertida com medicação, o que favorece a uma alta mais
rápida.
A
Doença
de
Chagas,
por
ser
uma
patologia
mais
complexa,
consequentemente desencadeou um maior tempo de internação. No estudo de Feijó
et al (2006), com objetivo de analisar a gravidade dos pacientes idosos atendidos na
UTI de um hospital universitário, a respeito do tempo de permanência dos pacientes
no hospital, foi registrado que houve menor tempo de permanência e mortalidade
geral na UTI entre os pacientes com disfunção cardiológica.
CONCLUSÃO
A UTI é uma unidade que abriga pacientes graves e a caracterização do perfil
dos pacientes atendidos pode contribuir no planejamento de novas estratégias de
tratamentos especializados. Isso facilita o processo de admissão na unidade e o
tratamento das patologias. Somado a isso, a capacitação dos recursos humanos
também é importante, com o objetivo de uma menor estadia hospitalar e menor risco
de exposição dos pacientes.
Na presente pesquisa obtiveram-se como resultados que as patologias
cardiovasculares foram as mais prevalentes, que o índice de óbitos e o tempo de
estadia foram baixos e que a faixa etária mais predominante foi de 51 a 80 anos.
Existe uma carência de estudos sobre o perfil de pacientes atendidos em Unidades
de Terapia Intensiva, o que dificultou a comparação de resultados. Diante dessas
informações acredita-se que o estudo pode contribuir para um aprimoramento de
atendimento na unidade. Revisão das estratégias de tratamento, readequação das
unidades e capacitação de recursos humanos são algumas ações que podem ser
pensadas quando se tem delineado o perfil dos pacientes.
Sugere-se que novos estudos baseados no perfil de pacientes internados em
UTIs sejam elaborados para ampliação de metodologias com desenvolvimento de
instrumentos e processos que visem à qualificação e maximização da qualidade da
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assistência, com o objetivo de melhorar o atendimento e a qualidade de vida do
paciente.
PROFILE OF CRITICAL PATIENTS OF A HOSPITAL / MATERNITY OF THE
STATE OF BAHIA
ABSTRACT
Intensive Care Unit (ICU) is a high complexity unit, which aims maintenance of life
and health recovery of people who need a continuous monitoring system. The design
of the profile of that unity is important, both for the institution and for the patients as
the hospital may arise projects that can provide an improvement in problem solving.
The goal of this study was to trace the profile of patients admitted to the intensive
care unit of a Hospital and Maternity of Bahia. The study is characterized as a
documentary and descriptive field research. The sample consisted of 284 records of
patients who were hospitalized in the ICU from August 2013 to July 2014, period that
covers the implementation of the Unit for data collection. Results: it was observed
that most patients admitted came from another care unit, transferred through the
Central State Government Regulation. The male gender was the most prevalent, and
has been checked a low percentage of deaths. The highest number of admissions
included patients aged between 51 and 80 years. It was observed that half of the
patients came from other cities of the state. Conclusion: Cardiovascular diseases
were more prevalent and better solved, the death rate and the length of stay were
low.
KEY-WORDS: ICU. Critical patient. Hospital. Maternity.
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