4º Fórum DE CARA COM A LINGUAGEM! Pragmática: perspectivas contra

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4º Fórum DE CARA COM A LINGUAGEM!
Pragmática: perspectivas contra-hegemônicas
Por Marco Antonio Lima do Bonfim1
A quarta edição do fórum “DE CARA COM A LINGUAGEM!” ocorreu no
dia 27 de abril de 2012 e teve como título: “Pragmática: perspectivascontrahegemônicas. Os debatedores convidados foram os linguistas Dr. Kanavillil
Rajagopalan, professor titular na área de Semântica e Pragmática das Línguas
Naturais da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e Dr. Daniel
Nascimento e Silva, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro (UNIRIO).
O debate começou com a exposição do prof. Dr. Daniel do Nascimento e
Silva, de acordo com ele, uma Pragmática contra-hegemônica deveria começar
incluindo o que a linguística estruturalista excluiu: o usuário (real) da
linguagem. Ou, nas palavras do referido professor, poderia iniciar refletindo
sobre o “vazio em Saussure”. Tal vazio se materializa, por exemplo, no modelo
de comunicação proposto por Saussure e retomado por R. Jakobson. O
funcionamento da linguagem,dá-se (segundo esta compreensão) de forma
unilateral. Isto é, tem-se um/a “emissor/a” que “emite” uma “mensagem”, um/a
“receptor/a” que “recebe” (e apenas isso!) esta “mensagem” que se materializa
no “código” (a “langue” para Saussure).
Segundo o professor da UNIRIO, esta forma de estudar a linguagem
acaba idealizando o processo de interação linguística, que é demasiadamente
HUMANO. E sendo humano, deve-se levar em conta, nesse processo
comunicativo, o/a usuário/a concreto da linguagem. Um/a falante que não
seja o “falante ouvinte-ideal” de Chomsky, mas um/a falante ativo, dinâmico,
que demonstre sua instabilidade, sua vulnerabilidade humana no ato de
interagir linguisticamente.
1
Professor substituto do curso de Letras na Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu (FECLI/
UECE). Doutorando em Linguística Aplicada e membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em
Pragmática (NIPRA) do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do
Ceará (PosLA/UECE).
Sobre este ponto, o Prof. Dr. KanavillilRajagopalan, denuncia (de forma
bem
humorada)
o
silenciamento
do
humano
em
nossas
pesquisas
(monografias, dissertações e teses). Silenciamento este materializado, por
exemplo, nas exclusões das angustias, sofrimentos, alegrias, desesperos, etc,
vivenciados por qualquer pesquisador/a em seu cotidiano investigativo, seja na
área da Linguística, seja nas ciências ditas “exatas”.
O referido linguista alertou, também, para a maneira como o uso
linguístico é estudado na Pragmática (hegemônica). Criticou (assim como o
prof. Daniel) ferrenhamente a abordagem pragmática de Grice, no que se
refere à sua “Teoria das máximas conversacionais”. Para Rajan (como é
conhecido nas discussões acadêmicas), tal postura idealiza a forma como nós
fazemos coisas com e na linguagem, pois usar a linguagem é sempre lutar
pela estabilização (mesmo que momentânea) dos sentidos em uma dada
conjuntura socio-histórica.
Enfim, de todo o debate (e que debate!) ocorrido nesta 4ª edição do
“Fórum de Cara com a Linguagem”, que teve por objetivo problematizar sobre
uma “outra” Pragmática nos estudos da linguagem (“outra” aqui no sentido de
se opor as abordagens searleanas da “Teoria dos Atos de fala”, Cf.
RAJAGOPALAN, 2010), podemos concluir que esta abordagem se preocupa
com o funcionamento da linguagem concreta, focalizando produtores/as
reais de sentidos, relacionando os problemas linguísticos às questões sociais,
como: racismo, machismo, homofobia, produção de identidades; entendendo a
relação inevitável entre linguagem e poder, entre tantas outras temáticas.
Referências
RAJAGOPALAN, Kanavillil. Nova Pragmática: fases e feições de um fazer. São
Paulo. Parábola Editorial, 2010.
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