AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS DE UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA SOBRE HEPATITES B E C EM OLINDA – PE EVALUATION OF THE KNOWLEDGE OF THE USERS OF A REFERRAL SERVICE ON HEPATITIS B AND C IN OLINDA-PE EDUARDO SILVA MORAIS ¹ LETICIA DOS SANTOS VAZ² RESUMO As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos, com tropismo primário pelo tecido hepático, que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais semelhantes. Objetivo: O estudo teve como objetivo analisar o conhecimento sobre hepatites virais nos usuários do CTA em Olinda. Trata-se de um estudo de campo, exploratório, descritivo com abordagem quantitativa. O estudo foi realizado no CTA da Policlínica Barros Barreto no período de 07 à 21 de janeiros após a avaliação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) de numeração 23897313.8.0000.5194 através do preenchimento de um formulário semiestruturado sendo tabulados com o auxilio do software Epi Info, composto por 70 entrevistados. Houve predominância das variáveis: da população feminina 55,7% (39), da faixa etária de 20 a 29 anos 37,1% (26), dos solteiros 48,6% (34) e escolaridade 37% (26). Dos 81,4% (57) entrevistados disseram conhecer a existência das Hepatites B e C e estão cientes em relação ao meio de transmissão. No que se concerne ao comportamento de risco, o uso de preservativo chama atenção pela resistência do seu uso, 52.9% (37) raramente usam nas relações sexuais, 31,4% (22) nunca utilizou e apenas 15,7% (11) usam regulamente. Dos 70% (49) não conhecem os sinais e sintomas e 77,1% (54) sabem da existência da vacina contra a Hepatite B e 45,7% (32) tomaram a vacina. Há compreensão por parte dos usuários entrevistados em relação às formas de transmissão, manifestações clínicas, prevenção e percepção de risco pelos vírus das hepatites B e C.O estudo mostrou a importância da noção em relação a essas viroses, pois com o conhecimento o usuário avalia os riscos e mantém a sua saúde. Palavras-chave: Hepatites B e C. Conhecimento. CTA. _______________ 1 Enfermeiro; pós graduando em Saúde Publica com Ênfase em Estratégia em Saúde da Família da FUNES; 2 Enfermeira; pós graduanda em UTI neonatal da Agência de Curso ABSTRACT Viral hepatitis are diseases caused by different etiological agents, with tropism for primary hepatic tissue characteristics clinical, laboratory and epidemiological similar. Objective: The objective of this study was to analyze the knowledge about viral hepatitis in users of CTA in Olinda. This is a field study, exploratory, descriptive and quantitative approach. The study was carried out in CTA of the Polyclinic Barros Barreto in the period 07 to 21 january after the evaluation and approval of the Research Ethics Committee (CEP) numbering 23897313.8.0000.5194 by completing a form structured being tabulated with the aid of the software Epi Info, composed of 70 interviewed. Results and discussion: There was a predominance of the variables: the female population 55.7% (39), in the age group of 20 to 29 years 37.1% (26), the single 48.6% (34) and education 37% (26). Of 81.4% (57) respondents know the existence of Hepatitis B and C and are aware in relation to the means of transmission. When it comes to risk-taking behavior, the use of condoms draws attention to the resistance of its use, 52.9% (37) rarely use during sexual intercourse, 31.4% (22) never used and only 15.7% (11) use regularly. The 70% (49) do not know the signs and symptoms and 77.1% (54) you know the existence of the Hepatitis B vaccine and 45.7% (32) took the vaccine. Conclusion: Understanding on the part of users interviewed in relation to the forms of transmission, clinical manifestations, prevention and risk perception by virus of hepatitis B and C. The study showed the importance of the concept in relation to these viruses, because with the knowledge the user evaluates the risks and keeps your health. Keywords: Hepatitis B and C. Knowledge. CTA INTRODUÇÃO As hepatites virais são doenças infectocontagiosas provocadas por diferentes agentes etiológicos, pertencentes a várias famílias de vírus que possuem afinidade pelo tecido hepático e apresentam perfis epidemiológicos, clínicos e laboratoriais distintos, podendo se manifestar sob diversas formas, desde assintomáticas até quadros mais grave. Têm grande importância para a saúde pública por causa do número de indivíduos acometidos e das complicações resultantes das formas agudas e crônicas da infecção. O vírus da hepatite B (VHB) é o único de genoma DNA e pertence à família Hepadnaviridae e o vírus da hepatite C (VHC) é de RNA e pertence à família Flaviviridae (VERONESI; FOCACCIA, 2009; BRASIL, 2009 b). Os primeiros relatos de casos com quadro clínico compatíveis com hepatites de etiologia possivelmente infecciosa datam de mais de 2000 anos, quando Hipócrates no século IV a.C. descreveu uma epidemia de doença ictérica. Quadros de icterícia epidêmica ocorra por séculos e foram marcantes nos períodos de guerra e catástrofes humanas principalmente na Idade Média quando as condições sócio-econômicas eram precárias. Foi no início do século XX que os estudos das hepatites se intensificaram e o termo “hepatite infecciosa” passou a ser usado para descrever a forma epidêmica desta doença. Em 1918, essa síndrome foi relacionada a uma provável etiologia viral. Foi em 1885 a primeira documentação de uma forma de hepatite de transmissão parenteral, mas o termo hepatite B só foi usado para defini-la em 1947, por Mac Callum, e foi em 1989, que o vírus da hepatite C (VHC) foi identificado e clonado por Choo e col., utilizando técnicas complexas de biologia molecular. (SARACENI, 2011). As hepatites virais são um grande problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Em 2010 foram notificados 13.188 casos de hepatite B e 10.321 casos de hepatite C no Brasil, e na região Nordeste, foram notificados 1.304 casos de hepatite B e 637 de hepatite C (BRASIL, 2012). No município de Olinda, foram confirmados 20 casos de hepatite B e C em 2010 (BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DE OLINDA, 2011). As hepatites B e C são transmitidas pelo sangue (via parenteral e vertical), esperma e secreção vaginal (via sexual), sendo esta última incomum para hepatite C. Assim a transmissão pode ocorrer pelo compartilhamento de objetos contaminados como: lâminas de barbear e de depilar, escova de dente, alicates de unha, material para colocação de piercing e para confecção de tatuagens, instrumento para uso de drogas injetáveis (cocaína, anabolizantes e complexo vitamínico), inaláveis (cocaína) e pipadas (crack), acidentes com exposição à material, biológico e procedimentos cirúrgicos, odontológicos e de hemodiálise, em que não se aplicam as normas adequada de biossegurança. A transmissão via transfusão de sangue e hemoderivados é rara em face da triagem sorológica obrigatória nos bancos de sangue, desde 1978 para a hepatite B e 1993 para hepatite C (BRASIL, 2009). A equipe multiprofissional que compõe a unidade primaria de saúde tem o papel relevante para promover educação em saúde em prol do controle e diagnóstico precoce das hepatites virais através de palestras, vacinação, aconselhamento e triagem sorológica na comunidade. Qual o nível do conhecimento dos usuários que procuram o centro de testagem e acolhimento (CTA) sobre as hepatites B e C? É por meio da educação em saúde que conseguimos democratiza informações possibilitando uma nova visão sobre essa virose. A grande importância das hepatites não se limita ao enorme número de pessoas infectadas. Estende-se, também, às complicações das formas agudas e crônicas. Os vírus causadores das hepatites determinam uma ampla variedade de apresentações clínicas, de portador assintomático ou hepatite aguda ou crônica, até cirrose e carcinoma hepatocelular (BRASIL, 2006 a). Os Centros de Testagem e Aconselhamento - CTAs têm papel fundamental na promoção da saúde, na prevenção e no diagnóstico precoce de infecções, especialmente as de transmissão sexual. É através da educação em saúde que podemos conscientizar os usuários do CTA sobre as hepatites B e C baseado em uma relação de confiança, com isso tendo um papel importante na promoção da saúde. Este processo precisa ser desenvolvido levando-se em consideração o contexto de vida e os aspectos socioculturais nos quais os sujeitos estão inseridos. Analisar o nível de conhecimento sobre hepatites virais dos usuários do CTA é importante para melhor conhecer e entender o nível de conhecimento prévio da população que procuram o CTA a respeito dessas hepatites. Os Objetivos foram analisar o conhecimento dos usuários de um serviço de referência sobre as hepatites B e C em Olinda- PE, verificando o nível de conhecimento dos usuários do CTA em relação às hepatites B e C e identificando fatores comportamentais de risco dos usuários do CTA em relação às essas hepatites. Trata-se de um estudo de campo, exploratório, descritivo com abordagem quantitativa. O estudo foi realizado no CTA da policlínica Barros Barreto após a apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). O CTA da policlínica Barros Barreto localiza-se na rua Dr. Justino Gonçalves, s/n Carmo, Olinda Pernambuco, próximo a praça do Carmo. A população foi composta por pacientes que procuram o CTA da policlínica Barros Barreto. A amostra do estudo foi constituída por 70 usuários do CTA,que aceitaram participar da pesquisa através preenchimento de um questionário semiestruturado de 18 questões, após a assinatura do termo de livre consentimento esclarecido (TCLE) e aprovação do CEP.O estudo foi realizado no período de 07 a 21 de janeiro de 2014 a partir do levantamento das informações dos formulários précodificados onde foi construído um banco de dados, utilizando-se o software Epi info versão 3.5.2, através da qual realizou a análise descritiva a fim de estudar o comportamento das variáveis através do cálculo das frequências, medidas de tendência central (média e mediana) e de dispersão (desvio padrão e percentis). Para todos os cálculos foi assumido um nível de significância de 10%. O projeto foi analisado pelo comitê de ética de pesquisa em seres humanos da Fundação de Ensino Superior de Olinda, n°23897313.8.0000.5194.Durante a realização deste estudo foi respeitado a resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº 311/2007 (Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem), como também as diretrizes que constam na Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde, que normaliza a pesquisa envolvendo seres humanos. A amostra do estudo foi constituída por 70 usuários do CTA, não havendo nenhuma dificuldade nem recusa para o preenchimento do questionário. Tabela1: Caracterização da amostra em relação às características sociodemográfica dos usuários entrevistados no CTA, Olinda, 2014. Frequência Porcentagem Feminino 39 55,7% Masculino 31 44,3% Total 70 100% 20-29 26 37,1% 30-39 19 27,1% 40-49 14 20% 50-59 6 8,6% 60 5 7,2% Total 70 100% Casado 27 38,6% Separado 8 11,4% Solteiro 34 48,6% Viúvo 1 1,4% Total 70 100% Sexo Faixa etária Estado civil Fonte: Dados da pesquisa 2014 A tabela 1 caracteriza a população quanto ao gênero, faixa etária, e estado civil, onde verificou predominância da população feminina 55,7% (39) em detrimento da masculina 44,3% (31). Em relação à faixa etária, 37,1% (de 20 a 29 anos), 27,1% (de 30 a 39), 20% (de 40 a 49), 8,6% (de 50 a 59) e 7,2% (≥ 60 anos). No que diz respeito ao estado civil, os solteiros teve o maior índice, 48,6% (34) seguido dos casados com 38,6% (27) e 11,4% (8) são separados e apenas 1,4% (1) viúvo. Observou-se que a maioria dos usuários que procuram o CTA é jovem, do sexo feminino e em idade reprodutiva. Esses achados se justificam pelo fato de ser nessa faixa etária que as pessoas tendem a ter a vida sexual mais ativa, o que consequentemente favorece a exposição de risco para aquisição de doenças sexualmente transmissíveis. Corroborando, Laurenti et al.(2005) apud Dias (2011) em estudos comparativos entre homens e mulheres têm comprovado o fato de que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas, e que morrem mais precocemente que as mulheres. Eles não buscam, como fazem as mulheres, os serviços de atenção primária, adentrando o sistema de saúde pela atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade. No estudo de Araújo et al.(2006), sendo considerados um total de 291 pessoas que procuraram o CTA também foi verificado a predominância do sexo feminino 58,8 % (171) e houve prevalência de solteiros, 46% (134), seguida dos casados/união consensual 38,8% (113), e na pesquisa de Dias (2011), em relação a faixa etária foi observado o predomínio entres 20 a 29 anos, correspondendo a 25% (37). frequência; Analfabetos;5=7 % frequência; Ensino superior 19=27% frequência; Ensino fundamental; Ensino fundamental 20= 29% Ensino médio Ensino superior Analfabetos frequência; Ensino médio; 26=37% Figura 1 Caracterização da amostra quanto à escolaridade dos usuários entrevistados no CTA, Olinda, 2014. Fonte: Dados da pesquisa, 2014 A figura 1 mostrou que o ensino médio tem o maior índice 37% (26) acompanhado do ensino fundamental 29% (20), superior 27% (19) e os analfabetos com 7% (5). No estudo de Carret et al. (2004) mostrou que o risco é de 1,49 vezes maior de infecção pelo VHB e VHC outras DSTs, em indivíduos que possuem de um a quatro anos de escolaridade. Pessoas desse grupo apresentaram quase 50% mais sintomas de DST do que aquelas com 12 anos ou mais de estudo. É sabido que o nível socioeconômico e cultural da população influencia diretamente na sua percepção no processo saúde-doença e consequentemente, a sua qualidade de vida. Frequência; Não; 13= 19% Sim Frequência; Sim; 57= 81% Não Figura 2: Caracterização da amostra em relação ao Conhecimento das hepatites B e C dos pacientes entrevistados no CTA, Olinda, 2014. Fonte: Dados da pesquisa, 2014 Na figura 2 apresenta variável relacionada ao conhecimento dos usuários atendidos no CTA em relação às hepatites B e C, onde 81% (57) disseram que conheciam a doença e 19% (13) não conhecem. Segundo pesquisa de Livramento et al. (2009), o nível de conhecimento sobre as hepatites B e C revela a necessidade de implantação de ações educativas voltadas às hepatites virais e a importância de uma política de educação em saúde. A promoção da saúde por meio da informação, instrução e comunicação é o maior mecanismo para a intervenção em doenças infecciosas relacionadas ao estilo de vida. O desenvolvimento de um trabalho de educação preventiva certamente terá custos muito menores do que o do tratamento de pacientes já doentes, cujas morbidades tendem a se agravar ao longo do tempo. Tabela 2: Caracterização da amostra em relação ao conhecimento do meio de transmissão das hepatites B e C dos pacientes entrevistados no CTA, Olinda, 2014 N % Sim 51 72,9% Não 19 27,1% Total 70 100,0% Sim 38 54,3% Não 32 45,7% Total 70 100,0% Sim 46 65,7% Não 24 34,3% Total 70 100,0% Sim 50 71,4% Não 20 28,6% Total 70 100,0% Sim 42 60,0% Não 28 40,0% Total 70 100,0% Sim 49 70,0% Não 21 30,0% Total 70 100,0% Compartilhar alicate de unha Compartilhar lâmina de barbear ou depilar Compartilhar agulhas ou seringas Não usar preservativos nas relações sexuais De mãe para o filho através do parto normal Sangue contaminado Fonte: Dados da pesquisa, 2014 A tabela 2 apresenta as variáveis relacionadas às formas de transmissão das hepatites B e C. Ficou evidente que os usuários do CTA sabem identificar o meio de transmissão por: compartilhar alicate de unha 72,9% (51), compartilhar lâmina de barbear ou depilar 54,3% (38), compartilhar agulhas ou seringas 65,7% (46), não usar preservativos nas relações sexuais 71,4% (50), de mãe para o filho através do parto normal 60,0% (42), sangue contaminado 70,0% (49). Contrariamente a esse estudo, Sousa et al. (2005) no seu estudo, dos 87 entrevistados 56,3% (49) desconheciam que esse vírus era transmitido por via sexual. Praticamente a metade dos indivíduos não tinha conhecimento de que o VHB e o VHC podem ser transmitidos mediante contato com sangue contaminado 49,4% (43), reutilização de agulhas e seringas contaminadas 43,7% (38) e transfusão de sangue 47,1% (41), bem como durante a aplicação de piercing e/ou tatuagem 44,8% (39). A transmissão vertical da hepatite B também era desconhecida por 54% (47). Isso implica a importância da educação em saúde. A via de transmissão da VHB e da VHC se dá principalmente através da exposição percutânea ou de mucosas aos fluidos corpóreos. As principais formas de contrair o vírus são através de transmissão perinatal, relações sexuais desprotegidas, transfusão de sangue ou derivados, uso de drogas intravenosas, transplantes de órgãos ou tecidos, acidentes com perfuro cortantes contaminados, como agulhas, bisturis e alicates de unhas (VERONESI E FOCACCIA; 2009). A transmissão também se dá por técnicas de acupuntura, piercings, tatuagem, droga inalada, manicures, barbearia, instrumentos cirúrgicos: qualquer procedimento que envolva sangue pode servir de mecanismo de transmissão desse vírus, quando os instrumentos utilizados não forem devidamente limpos e esterilizados. (BRASIL, 2005 c). Tabela 3: Caracterização da amostra em relação aos comportamentos de riscos dos pacientes entrevistados no CTA, Olinda, 2014. N % Nunca 22 31,4% Raramente 37 52.9% Regularmente 11 15,7% Total 70 100% Sim 16 22,9% Não 54 77,1% Total 70 100% Sim 18 25,7% Não 52 74,3% Total 70 100% Sim 11 15,7% Não 59 84,3% Total 70 100% Uso de preservativos Se já contraiu DSTs Se tem tatuagem e ou piercing Se compartilha objetos de uso pessoal Fonte: Dados da pesquisa, 2014 Considerando a tabela 3, 52.9% (37) raramente usam preservativos, 31.4% (22) disseram nunca ter usado e 15,7% (11) regularmente usam preservativos. Em relação às DSTs 77.1% (54) não reportaram infecções sexualmente transmissíveis e 74.3% (52) não usam tatuagem e ou piercing. Quanto ao compartilhamento de objetos de uso pessoal como alicate de unha, escova de dente, lâmina de barbear e ou depilar, 84.3% (59) não compartilham. Corroborando, Sousa et al. (2005) em seu estudo verificou que dos 87 entrevistados, 54%(47) referiu uso ocasional de preservativo durante as relações sexuais, 25,3% (22) regularmente e 20,7% (18) raramente. Um total de 32,2% (28) indivíduos reportou doença sexualmente transmissível. Os que tem tatuagens e piercing foi de 37,9% (33) e 25,3% (22), respectivamente. O compartilhamento de objetos de uso pessoal foi referido por 57,5% (50) dos participantes. Os resultados do estudo de Sousa et al. (2011), diz que os obstáculos em relação ao uso do preservativo estão mais relacionados a questões de gênero do que à falta de conhecimento, que a confiança no parceiro fixo contribui para o não uso do preservativo, enquanto que em relações sexuais ocasionais com parceiros desconhecidos a taxa de uso do preservativo é mais alta. Ainda em seu estudo, também encontrou a relação entre a falta de conhecimento e o uso incorreto do preservativo, aliada à submissão sexual da mulher em relação ao companheiro, contribuem para a prática do sexo sem preservativo. A prevenção das hepatites B e C dependem da conscientização da existência de risco. A auto percepção adquirida contribui para ajudar a evitar comportamentos e situações de risco, assim como adotar rotineiramente medidas preventivas, a exemplo do uso de preservativos, nas relações sexuais, não compartilhar alicate de unha, lâmina de depilar, agulhas e seringas. (SZWARCWALD et al.,2004). Corroborando Masson, Monteiro (2010), afirmam que a educação em saúde pode ser uma forma de intervenção eficaz, é uma prática social, que contribui para a formação e desenvolvimento da consciência crítica das pessoas, a respeito do seu problema de saúde, bem como estimula a busca de soluções e a organização para a saúde coletiva. Frequência; Sim; 21=30% Sim Frequência; Não; 49=70% Não Figura 3: Caracterização da amostra em relação ao conhecimento dos sinais e sintomas das hepatites B e C. dos pacientes entrevistados no CTA, 2014. FONTE: Dados da pesquisa, 2014. Na figura 3, que 70% (49) não conhecem e apenas 30% (21) da amostra disseram conhecer as manifestações clínicas das hepatites B e C. De acordo com Carret et al. (2004), o conhecimento dos fatores de riscos associados aos sintomas de DST indica a população que poderá se beneficiar de intervenções. Sabe-se que a magnitude do problema é ainda maior devido à grande quantidade de casos assintomáticos. Casos sintomáticos frequentemente não são percebidos como patológicos pelos doentes e/ou não são diagnosticados pelos serviços. Sabe-se que a abordagem sindrômica é adequada para a identificação e o tratamento de pacientes com DST. Corroborando Vieira (2013) na sua pesquisa das 233 universitárias entrevistadas 29,6% relataram não saber sobre os sintomas. A maioria dos casos de hepatite B não apresenta sintomas. Mas os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de um a seis meses após a infecção. Como as hepatites virais são doenças silenciosas, o diagnóstico precoce é essencial (BRASIL, 2005 c). Tabela 4: Caracterização da amostra em relação ao conhecimento de quais são os sinais e sintomas das hepatites B e C dos pacientes entrevistados no CTA, Olinda, 2014. N % Sim 39 55,7% Não 31 44,3% Total 70 100,0% Sim 40 57,1% Não 30 42,9% Total 70 100,0% Sim 39 55,7% Não 31 44,3% Total 70 100,0% Sim 42 60,0% Não 28 40,0% Total 70 100,0% Fadiga Dor abdominal Vômito e Enjôo Febre Mal – estar Sim 43 61,4% Não 27 38,6% Total 70 100,0% Sim 39 55,7% Não 31 44,3% Total 70 100,0% Sim 55 78,6% Não 15 21,4% Total 70 100,0% Sim 35 50,0% Não 35 50,0% Total 70 100,0% Urina escura Icterícia Fezes esbranquiçadas Fonte: Dados da pesquisa, 2014. Contrariamente a figura 03 a tabela 04 constatou que os entrevistados têm conhecimento dos principais sinais e sintomas, icterícia 78,6% (55), mal - estar 61,4% (43), febre 60,0% (42), dor abdominal 57,1% (40), vômito e enjôo, urina escura e fadiga ambos com 55,7% (39), e fezes esbranquiçadas 50,0% (35). Para as hepatites de uma forma geral, o estágio Prodrômico ou pré-ictérico, caracteriza-se por mal estar, cefaléia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga intensa, artralgia, náuseas, vômitos, desconforto abdominal na região do hipocôndrio direito e a versão a alguns alimentos; já no ictérico, pode ocorrer hipocolia fecal, prurido, hepatomegalia ou hepatoesplenomegalia (BRASIL, 2008.c). Tabela 5: Caracterização da amostra em relação ao conhecimento sobre a vacina e o uso da mesma dos pacientes entrevistados no CTA, Olinda, 2014. N % Sim 54 77,1% Não 16 22,9% Total 70 100% Não 24 34,3% Não lembra 14 20,0% Sim 32 45,7% Total 70 100% 1 12 37,5% 2 8 25,0% 3 11 34,4% Reforço 1 3,1% Total 32 100% Conhecimento sobre a existência da vacina contra hepatite B Quantos tomaram a vacina Quantidade de doses dos que tomaram a vacina Fonte: Dados da pesquisa, 2014 Considerando a tabela 5; que 71,1% (54) revelaram saber da existência da vacina contra a hepatite B. Em relação a ser imunizado, 45,7% (32) pronunciaram ter recebido a vacina, 34,3% (24) não receberam a vacina e 20% (14) não lembram. No que se refere à quantidade de doses, 37,5% (12) tomaram a 1° dose da vacina, 25% (8) tomaram a 2° dose, 34,4% (11) a 3° dose e 3,1% (1) tiveram reforço da mesma. No estudo de Vieira, (2013), em relação ao conhecimento da vacina da hepatite B, destacou que 78,5% (183) disseram que é necessário tomar todas as doses da vacina para evitar a transmissão da hepatite B e 21,5% (50) das mulheres disseram que não é necessário. Corroborando, Nunes et al.(2010), em seu estudo observou-se que, dos 52 indivíduos analisados, 65,38% (34) receberam todas as doses preconizadas, enquanto os 34,62% (18) indivíduos restantes, não receberam todas as doses preconizadas. A vacinação é uma das intervenções de saúde pública mais relevante, dado o seu caráter coletivo. Esta estratégia tem sido muito importante na redução da morbidade e da mortalidade por doenças previsíveis por imunização, mas é fundamental que as coberturas sejam altas e homogêneas para quebrar a cadeia de transmissão (MORAES 2008). Estudos realizados em zonas endêmicas, após a vacinação universal, demonstraram a diminuição das taxas de carcinoma hepatocelular e de morte por HBV. Com base nesses dados a Organização Mundial de Saúde recomendou que todos os países estabelecessem imunização universal para Hepatite B. Alguns fatores que podem diminuir a eficácia da vacina, além da idade avançada, são obesidade, tabagismo e insuficiência renal (FARHAT; CARVALHO e SUCCI, 2007). A imunização contra a hepatite B é realizada em três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entre a primeira e a terceira dose (0 1 mês e 6 meses). A vacina, após administração do esquema completo, induz imunidade em 90% a 95% dos casos (BRASIL; 2008 a). CONCLUSÃO Conclui-se a partir das informações obtidas por este estudo, que a sua maioria foi constituída do sexo feminino, na faixa etária entre 20 a 29 anos, solteiros, do ensino médio, sendo as profissões do lar e os motoristas as mais presentes. O estudo ainda mostrou que há um conhecimento adequado e conciso por parte dos usuários entrevistados em relação às formas de transmissão, manifestações clínicas, prevenção e percepção de risco pelos vírus das hepatites B e C. Em relação aos fatores de risco, constatou-se o comportamento inadequado quanto a não utilização dos preservativos na relação sexual, aumentando o risco de contaminação pelos vírus. Por outro lado, foram baixas as incidências de outras DSTs, uso de tatuagens, piercing e compartilhamento de objetos de uso pessoal que também fazem parte do meio de transmissão dessas viroses. A identificação dos fatores de risco é importante, tornando uma ferramenta essencial para desenvolver estratégias de prevenção e controle das hepatites B e C. Embora a vacinação seja a forma mais eficaz e segura para a prevenção e controle da hepatite B, o estudo mostrou uma baixa adesão da vacina contra o HBV mesmo com o conhecimento da existência da mesma. Além do enfrentamento da hepatite B por meio da vacinação e do incentivo ao uso do preservativo em todas as práticas sexuais, ações específicas devem ser direcionadas às populações mais vulneráveis. O desenvolvimento de um trabalho de educação preventiva certamente terá custos muito menores do que o do tratamento de pacientes já doentes, cujas morbidades tendem a se agravar ao longo do tempo. Portanto, promover o conhecimento das hepatites B e C em um Centro de Testagem e aconselhamento tornam-se relevante, através da educação em saúde como um processo ativo, participativo e de acordo com a realidade local para que dessa forma ajude o usuário a conhecer os riscos e manter a sua saúde. RECOMENDAÇÕES Recomenda-se ao Centro de testagem e aconselhamento (CTA) promova ações voltadas para a educação em saúde de acordo com a realidade dos seus usuários levando conhecimentos sobre os vírus das hepatites B e C. Incentivar o uso de preservativos em todas as relações sexuais. Orientar quanto ao não compartilhamento de objetos de uso pessoal e a não realização de tatuagem e piercing em lugares onde os materiais utilizados não sejam esterilizados ou descartáveis. Divulgar e incentivar a vacinação contra a hepatite B. Verificar a situação vacinal dos usuários e quando houver necessidade orientar quanto a vacinação contra a hepatite B. REFERÊNCIAS ALVES, F.C; ISOLANI A.P; Hepatites B e C: Do risco de contaminação por materiais de manicure /pedicure à prevenção; SaBios: Rev. Saúde e Biol., v.6, n.2, p.72-78, mai./ago., 2011. ARAUJO A.L; SALES A.A. R; DIOGENES M.A.R. Hepatites B e C em usuários do centro de testagem e aconselhamento (CTA) de Fortaleza-Ceará. J Bras Doenças Sex Transm [periódico da Internet] 2006 Disponível em <http://www.dst.uff.br/revista18 > Acessado em 19/03/2014 as 21:07];18(3):161-167. BERTONCELLO, K. A; cobertura vacinal contra a hepatite B e fatores de risco entre os profissionais da equipe de enfermagem de um hospital em dourados/MG. Dourados MG 2009. P.50 Monografia (Graduação em Enfermagem) UEMS. BRASIL. Ministério da saúde. Programa nacional de hepatites virais. assistência as hepatites virais no Brasil. 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