UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Estudo da atividade citotóxica do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2(5H)-ona Juliana Bagatini Klein Itajaí, 2012 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS Juliana Bagatini Klein Estudo da atividade citotóxica do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2(5H)-ona Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Profa Dra Nara Lins M. Quintão Co-orientador: Prof. Dr. Rilton Alves de Freitas Itajaí, julho de 2012 FICHA CATALOGRÁFICA K672e Klein, Juliana Bagatini, 1984Estudo da atividade citotóxica do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)ona [Manuscrito] / Juliana Bagatini Klein. – 2012. 111 f. : il. Color. Cópia de computador (Printout(s)). Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do Itajaí, Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas Área de Concentração em Produtos naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas 2012. “Orientadora: Profª. Drª Nara Lins M. Quintão ; Co-orientador: Prof. Dr. Rilton Alves de Freitas ”. Bibliografia: f. 96-108. 1. Produtos naturais. 2. Câncer - tratamento. 3. Farmacologia plantas medicinais. I. Quintão, Nara M. II. Freitas, Rilton Alves de. III. Título. CDU: 615.03 Claudia Bittencourt Berlim CRB 14-964 Estudo da atividade citotóxica do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2(5H)-ona Juliana Bagatini Klein 07/2012 Orientador: Nara Lins M. Quintão, Dra. Co-orientador: Prof. Dr. Rilton Alves de Freitas, Dr. Número de Páginas: 118 Os cânceres de pele são os mais frequentes no Brasil e correspondem, em média, a 25% de todos os tumores malignos registrados. Destes, o melanoma representa não menos que 5% e é caracterizado por seu alto poder metastático. O desenvolvimento de fármacos antineoplásicos a partir de produtos naturais é considerado fundamental para a farmacologia. O interesse pelo desenvolvimento de agentes quimioterápicos mais eficazes vem crescendo a cada ano. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antineoplásica da substância isolada de Vernonia scorpioides (Lam) Pers o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)ona. Para avaliar a atividade citotóxica da substância foram utilizados os corantes vitais MTT em células de melanoma murino B16F10, e o corante XTT para as células leucêmicas, tumores sólidos e CMNH (células mononucleares normais humanas). Os padrões de morte celular foram estabelecidos por microscopia de fluorescência, utilizando os corantes brometo de etídeo, diacetato de fluoresceína e alaranjado de acridina. A atividade da enzima caspase 3 foi determinada por ensaio colorimétrico. O efeito antitumoral do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona nos modelos in vivo de tumor sólido e metástase pulmonar em camundongos C57BL6, foi avaliado observando-se os seguintes parâmetros: crescimento tumoral, índice de metástase, peso corporal, atividade exploratória através do modelo de campo aberto Open Field e a toxicidade do composto foi avaliada em diferentes órgãos. A atividade antinociceptiva da substância isolada foi avaliada em animais submetidos ao modelo de metástase pulmonar. Os resultados apresentados mostraram que a substância poliacetileno apresentou níveis significativos de citotoxicidade sobre células de melanoma murino B16F10 com CI50 de 17,39 ± 3,26µM; células leucêmicas NB4, RAMOS, JURKAT e NALM6 e de tumores sólidos PC3, H1299, MG63 e NCI, não apresentando citotoxicidade significativa frente as CMNH. O poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona apresentou a apoptose como principal mecanismo de morte celular, pela indução de caspase 3. Também foi observado inibição de 80 ± 15,95% no desenvolvimento do tumor sólido induzido com B16F10 em camundongos bem como o aumento no número de cruzamentos no modelo Open Field de 57,50 ± 5,90 na menor dose comparado com o grupo controle com tumor de 34,5 ± 5,23. Pode-se observar a redução de nódulos metastáticos em 62% na menor dose, bem como no número de cruzamentos. Nenhum efeito toxicológico significativo foi observado, bem como alteração no peso corporal de animais sadios. Na avaliação da sensibilidade mecânica com a substância, observou-se redução significativa na sensibilidade dos grupos tratados. Estes resultados, em conjunto, demonstram que o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan2(5H)-ona apresentou importante atividade antineoplásica, podendo tornar-se uma importante ferramenta no tratamento do câncer sem existência de efeitos indesejáveis. Considerando os promissores resultados obtidos com o poliacetileno, é necessário continuar os estudos farmacológicos e moleculares, para elucidar o mecanismo de ação desta substância que pode ser uma nova e atrativa molécula para o tratamento do câncer. PALAVRAS APOPTOSE. CHAVES: VERNONIA SCORPIOIDES (LAM)PERS.POLIACETILENO.CITOTOXICIDADE. Abstract Study of the cytotoxic activity of polyacetylene 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2 (5H)-one Juliana Klein Bagatini 07/2012 Supervisor: Nara Lins M. Quintao,Ph.D Co-supervisor: Rilton Alves de Freitas,Ph.D Number of Pages: 118 Skin cancers are the most common types of cancer in Brazil, and correspond to around 25% of all malignant tumors recorded. Of these, melanoma represents at least 5% and is characterized by its high metastatic power. The development of anticancer agents from natural products is considered critical to pharmacology, and interest in the development of more effective chemotherapeutic agents is increasing each year. This study evaluates the antineoplastic activity of the substance isolated from Vernoniascorpioides (Lam) Perspolyacetylene 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2 (5H)one. To assess the cytotoxic activity of the substance, vital MTT dyes were used in vital cells of murine melanoma B16F10, and the dye XTT for the leukemia cells, solid tumors and NHMC (normal human mononuclear cells). The patterns of cell death were determined by fluorescence microscopy using the dyesethidium bromide, fluorescein diacetate and acridine orange. The enzyme activity of caspase 3 was determined by colorimetric assay. The antitumor effect of polyacetylene 5-octa-2 ,4,6triinil-furan-2 (5H)-one in in vivo models of solid tumors and lung metastasis in C57BL6 mice, was evaluated using the following parameters: tumor growth, rate of metastasis, body weight, and exploratory activity through the Open Field model. The toxicity of the compound was evaluated in different organs. The antinociceptive activity of the isolated substance was evaluated in animals submitted to the lung metastasis model. The results showed that the substance polyacetylene has significant levels of cytotoxicity on B16F10 cells, with IC50 of 17.39 ± 3.26 µM, while the NB4 leukemic cells, RAMOS, JURKAT and NALM6 solid tumors and PC3, H1299, and NCI MG63 and did not show significant cytotoxicity against CMNH. The polyacetylene 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2 (5H)-one showed apoptosis as the main mechanism of cell death,viathe induction of caspase 3. Inhibition of 80 ± 15.95% was also observed in the development of solid tumors in mice, induced by B16F10, and an increase in the number of crossings in the Open Field model of 57.50 ± 5.90 at the lowest dose, compared with the control group tumor (34.5 ± 5.23). A 62% reduction in metastatic nodules was seen at the lowest dose, as well as a reduction in the number of crossings. No significant toxicological effect or changes in body weight of the healthy animals were observed. In the evaluation of sensitivity to mechanical substances, there was a significant reduction in sensitivity of the treated groups. Taken together, these results demonstrate that the polyacetylene 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2 (5H)-one showed significant anticancer activity, and may become an important tool for the treatment of cancer, without the existence of undesirable side effects. Based on the promising results obtained with polyacetylene, further pharmacological and molecular studies are needed, to elucidate the mechanism of action of this substance with potential as a new and attractive molecule for cancer treatment. Keywords: Vernoniascorpioides (Lam) Pers. polyacetylene. cytotoxicity.apoptosis. Dedico esta dissertação, aquele que me faz sorrir toda manhã, que faz o dia ficar mais leve, aquele que esta sempre do meu lado, que me faz acreditar que sou capaz, agradeço a Deus por ser a pessoa mais feliz do mundo, pois tenho VOCÊ ao meu lado meu amor. Agradecimentos Especiais Agradeço a Deus, que está sempre comigo, iluminando meus passos e guiando meu caminho. Tudo o que tenho e sou agradeço a ele. Nada na vida acontece por um acaso, e se aconteceu DEUS quis assim. O que me resta é so correr atras de meus objetivos, ainda mesmo que pessoas conspirem ao contrário DEUS estará comigo. Eça de Queiroz Agradeço aos meus pais, que me educaram, me deram amor, carinho, limites, possibilidades e sabedoria. Para que eu pudesse trilhar meu caminho sozinha reconhecendo princípios, valores e agisse de forma honesta e digna. Obrigado por tudo! Mãe sei que muitas vezes deixou de seguir seu caminho para que pudéssemos viver de forma que julgava ser melhor, assim realizando nossos sonhos e ideais, saiba que você faz parte de todos os sonhos que estão se realizando! Carol, sem palavras para descrever o quanto te amo, o quanto me sinto melhor quando esta por perto, e o quanto me orgulho de você. Te amo! A família do Jésum, que sempre me acolheu, mostrando amor e confiança. Obrigada pelo incentivo, pela alegria e por estarem presentes nas minhas conquistas. Jésum Meu companheiro, minha alma gêmea, o que dizer desta pessoa que está sempre ao meu lado, me amando, elogiando, incentivando? “Amar pode dar certo” é a frase mais simples possível para traduzir a convicção de que nascemos para amar e ser amados, e que nossa felicidade consiste em realizar essa missão. Esteja sempre comigo, TE AMO! O amanhecer traz o louvor dos pássaros que cantam para glorificar a Deus. A natureza inteira louva o Criador e demonstra os atributos de tudo o que foi criado com perfeição. Os Anjos não se cansam de cantar louvores e de enaltecer as qualidades divinas que podem encontrar expressão em cada coração humano. O louvor está no peito de cada um que se devota a amar e a servir, sem medo de ser feliz. Agradecimentos Ao professor Rilton, pelo prazer da convivência, pelas inúmeras oportunidades de aprendizado proporcionadas em diversas áreas do conhecimento, por saber reconhecer aptidões individuais e estimulá-las, pelo incentivo de ir além. Obrigada pelo respeito, dedicação e confiança; A professora Nara, obra do destino, até pode ser! Quero agradecer por me aceitar como sua orientanda. Posso me considerar privilegiada por ter tido a oportunidade de ter dois orientadores: o Rilton e você. Foi um enorme prazer conviver este tempo contigo, agradeço pelos conselhos, ensinamentos, pela ajuda e amizade; Agradeço minhas amigas que sempre estiveram do meu lado, incentivando e aplaudindo meus passos, presentes em todos os momentos, Mirela e Juliana; Agradeço a minha amiga Dani, que mesmo de longe me aconselhou, esteve presente em meu coração e se hoje estou aqui com certeza ela teve sua participação. E hoje mais do que nunca estamos ligadas para toda a vida; Amigas que conquistei fazendo o mestrado e que com certeza ficarão para sempre, Sheila e Thaís. Obrigada pela amizade, pelos sorrisos, e algumas lágrimas também, obrigada pelo convívio maravilhoso. Vocês fazem parte deste trabalho; A amiga Juliana Nunes, obrigada pelas manhãs e tardes de muita conversa e histórias contadas, obrigada por fazer com que eu fizesse parte de tua história; A minha mais nova amiga, companheira de manhãs e tardes, querida Gi. Obrigada, pelos conselhos, pelo carinho, pelos abraços, por me manter calma e mais paciente; A profª. Dr. Maique Biavatti, pela substância cedida para o estudo. Pela atenção e confiança; Aos professores do Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas, por terem compartilhado seus conhecimentos; As professoras Fátima e Márcia, pela dedicação, sugestões e críticas que fizeram ao trabalho, colaborando e contribuindo na sua finalização; Ao Juliano e Elenize, da secretaria do Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas, por terem me ajudado sempre que precisei e que, indiretamente me auxiliaram no desenvolvimento deste trabalho; As técnicas de laboratório Margie, Lilian e Cláudia pelo apoio sempre presente, ajuda na realização de experimentos e conversas diversas que alegravam nossos dias; A profª. Dr. Tânia Bresolin, por estar sempre disposta a dar conselhos e questionar. Obrigada por tudo; Ao Gilberto Franchi, pela disposição e colaboração no trabalho; As técnicas do laboratório de histologia Bia e Maria, pela ajuda, atenção e dedicação; A todos meus colegas de mestrado, pelo incentivo nas horas mais difíceis, e troca de idéias; A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, auxiliaram e me acompanharam durante a realização deste trabalho, proporcionando um ambiente de luz, de amor e sabedoria. Por me ajudarem a enfrentar os obstáculos, e desviar de pessoas que não mereciam a minha amizade ou indignação. Que me ajudaram a vencer cada minuto, cada dia, cada mês, cada ano, cada pensar e agir nesta dissertação; Obrigada mais uma vez a Deus por criar os animais, seres de luz em minha vida. Tenho a honra de compartilhar os meus momentos com meus dois filhos peludos Tobi e Nicolas, os quais, com amor incondicional, me fazem uma pessoa melhor; Obrigada a CAPES pela bolsa concedida durante o período do mestrado, possibilitando mais uma conquista. Epígrafe Que o “Mestre dos Mestres” lhe ensine que nas falhas e lágrimas se esculpe a sabedoria. Que o “Mestre da Sensibilidade” lhe ensine a contemplar as coisas simples e a navegar nas águas da emoção. Que o “Mestre da Vida” lhe ensine a não ter medo de viver e a superar os momentos mais difíceis da sua história. Que o “Mestre do Amor” lhe ensine que a vida é o maior espetáculo no teatro da existência. Que o “Mestre Inesquecível” lhe ensine que os fracos julgam e desistem, enquanto os fortes compreendem e tem esperança. Não somos perfeitos. Decepções, frustações e perdas sempre acontecerão. Mas Deus é o artesão do espírito e da alma humana. Não tenha medo. Depois da longa noite surgirá o mais belo amanhecer. Espere-o. Augusto Cury LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. APOPTOSE MEDIADA PELA VIA INTRÍNSECA (MITOCONDRIAL) E PELA VIA EXTRÍNSECA (RECEPTORES DE MORTE). ................................................................... 31 FIGURA 2. ESTRUTURA QUÍMICA DE ALCALÓIDES DERIVADOS DE CATHARANTUS ROSEUS A VINCRISTINA E VINBLASTINA ................................................................................... 34 FIGURA 3. ESTRUTURA QUÍMICA DO PACLITAXEL (TAXOL®) ............................................ 35 FIGURA 4. ESTRUTURA QUÍMICA DA CAMPTOTECINA, ISOLADA DE CAMPTOTHECA ACUMINATA(A) TOPOTECANO (B) IRINOTECANO ...................................................... 355 FIGURA 5. ESTRUTURA QUÍMICA DA PODOFILOTOXINA DE PODOPHYLLUM EMODI E P. PELTATUM E OS DERIVADOS SEMI-SINTÉTICOS TENIPOSÍDEO E ETOPOSÍDEO ................ 36 FIGURA 6. FOTO DAS PARTES AÉREAS DE VERNONIA SCORPIOIDES (LAM) PERS. ............ 38 FIGURA 7. REPRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA QUÍMICA DE ÉSTER DEHIDROMATRICARIA ....... 40 FIGURA 8. POLIACETILENO ISOLADO DE V. SCORPIOIDES ................................................. 42 FIGURA 9. ESQUEMA REPRESENTANDO A METABOLIZAÇÃO DO MTT. ................................ 46 FIGURA 10. ESQUEMA REPRESENTANDO A METABOLIZAÇÃO DO XTT. .............................. 48 FIGURA 11. MICROSCOPIA DE FLUORESCÊNCIA DE CÉLULAS B16F10 CORADAS COM BROMETO DE ETÍDIO E ALARANJADO DE ACRIDINA E CLASSIFICADAS EM PADRÕES PRÉESTABELECIDOS. .................................................................................................... 51 FIGURA 12. INFLUÊNCIA SOBRE O CRESCIMENTO TUMORAL SÓLIDO DE CÉLULAS DE MELANOMA MURINO B16F10 EM CAMUNDONGOS C57BL/6. ...................................... 53 FIGURA 13. FIGURAS ILUSTRATIVAS DO PROCEDIMENTO DE PERFUSÃO CARDÍACA REALIZADA NOS ANIMAIS PARA RETIRADA DOS PULMÕES E ÓRGÃOS. ............................................ 55 FIGURA 14. MODELO DO ENSAIO DECAMPO ABERTO (OPEN FIELD) .................................. 56 FIGURA 15. FOTO ILUSTRATIVA DA PLATAFORMA DE ARAME ELEVADA PARA AVALIAÇÃO MECÂNICA UTILIZANDO O MONOFILAMENTO DE VON FREY .......................................... 57 FIGURA 16. VIABILIDADE DAS CÉLULAS B16F10 EXPOSTAS AO POLIACETILENO 5-OCTA2,4,6-TRIINIL-FURAN-2(5H)-ONA.TEMPO DE CONTATO COM O COMPOSTO (A) 24, (B) 48 E (C) 72 HORAS, MANTIDAS A 37ºC/5% CO2. ........................................................... 60 FIGURA 17. EFEITOS DO COMPOSTO POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6-TRIINIL-FURAN-2(5H)ONA NA CONCENTRAÇÃO DE 5,43µM, NA MORFOLOGIA DAS CÉLULAS DE MELANOMA MURINO B16F10.. ................................................................................................. 64 FIGURA 18. EFEITOS DO COMPOSTO POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6-TRIINIL-FURAN-2(5H)ONA NA CONCENTRAÇÃO DE 54 µM, NA MORFOLOGIA DAS CÉLULAS DE MELANOMA MURINO B16F10.. ................................................................................................. 65 FIGURA 19. EFEITOS DO COMPOSTO POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6-TRIINIL-FURAN-2(5H)ONA NA CONCENTRAÇÃO DE 543 µM, NA MORFOLOGIA DAS CÉLULAS DE MELANOMA MURINO B16F10. .................................................................................................. 65 FIGURA 20. EFEITOS DO FÁRMACO PACLITAXEL UTILIZADO COMO CONTROLE POSITIVO NA CONCENTRAÇÃO DE 100 µM, NA MORFOLOGIA DAS CÉLULAS DE MELANOMA MURINO B16F10.. .............................................................................................................. 66 FIGURA 21. IMAGENS DO CONTROLE NEGATIVO MEIO MEM+DMSO 1%, NA MORFOLOGIA DAS CÉLULAS DE MELANOMA MURINO B16F10.......................................................... 66 FIGURA 22. QUANTIFICAÇÃO DA P-NITRO ANILINE (PNA) MMOL/L FORMADA NAS CÉLULAS TUMORAIS B16F10EM PRESENÇA DO POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6-TRIINIL-FURAN2(5H)-ONA. ........................................................................................................... 69 FIGURA 23. EFEITO DO POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6-TRIINIL-FURAN-2(5H)-ONA NAS DOSES DE (5,43 E 54,34 µMOL/KG) SOBRE O PESO DA MASSA TUMORAL DOS CAMUNDONGOS C57BL/6N INDUZIDOS AO CRESCIMENTO DE TUMOR SÓLIDO POR CÉLULAS DE MELANOMA MURINO B16F10.. .............................................................. 70 FIGURA 24. EFEITO DO POLIACETILENO SOBRE O VOLUME TUMORAL. EFEITO DO POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6-TRIINIL-FURAN-2(5H)-ONA NAS DOSES DE (5,43 E 54,34µMOL/KG) SOBRE O VOLUME TUMORAL. ........................................................... 71 FIGURA 25. IMAGENS REPRESENTATIVAS DA ANÁLISE MACROSCÓPICA DOS PULMÕES RETIRADOS DOS CAMUNDONGOS TRATADOS COM O POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6TRIINIL-FURAN-2(5H)-ONA.. .................................................................................... 73 FIGURA 26. GRÁFICO DE INIBIÇÃO DE METÁSTASE PULMONAR INDUZIDA POR CÉLULAS B16F10 INJETADAS VIA RETRO-ORBITAL EM CAMUNDONGOS C57BL/6 ....................... 74 FIGURA 27. ANÁLISE HISTOLÓGICA DE METÁSTASE PULMONAR (A) CONTROLE NEGATIVO (B) CONTROLE POSITIVO (C) DOSE DE 5,43µMOL/KG (D) DOSE DE 54,34µMOL/KG. AUMENTO DE 400X ................................................................................................................ 75 FIGURA 28. EFEITO DO POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6-TRIINIL-FURAN-2(5H)-ONA (5,43 E 543 µMOL/KG, I.P.) SOBRE OS PARÂMETROS COMPORTAMENTAIS “CROSSING” (CRUZAMENTOS) NO MODELO DO OPEN FIELD EM MODELO DE TUMOR SÓLIDO ............. 76 FIGURA 29. EFEITO DO POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6-TRIINIL-FURAN-2(5H)-ONA (5,43 E 543 µMOL/KG, I.P.) SOBRE OS PARÂMETROS COMPORTAMENTAIS “CROSSING” (CRUZAMENTOS) NO MODELO DO OPEN FIELD EM MODELO DE METÁSTASE PULMONAR . 76 FIGURA 30. EFEITO DO POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6-TRIINIL-FURAN-2(5H)-ONA (5,43 E 543 µMOL/KG, I.P.) SOBRE OS PARÂMETROS COMPORTAMENTAIS “CROSSING” (CRUZAMENTOS) NA AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA. ....................................................... 77 FIGURA 31. FREQUÊNCIA DE RESPOSTA DA PATA DIREITA DOS ANIMAIS DO MODELO DE METÁSTASE PULMONAR TRATADOS COM O COMPOSTO POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6TRIINIL-FURAN-2(5H)-ONA NAS DOSES DE 5,43 E 543 µMOL/KG. ................................ 78 FIGURA 32. FOTOS ILUSTRATIVAS DO ASPECTO FÍSICO DOS ANIMAIS TRATADOS COM O POLIACETILENO NAS DOSES DE 5,43µMOL/KG (A) E 543µMOL/KG (B, C) DURANTE 12 DIAS, PARA AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA DO COMPOSTO. .............................................. 79 FIGURA 33. GRÁFICO DE VARIAÇÃO DO PESO INICIAL E PESO FINAL(G) DOS ANIMAIS TRATADOS COM O POLIACETILENO 5-OCTA-2,4,6-TRIINIL-FURAN-2(5H)-ONA NAS DOSES DE 5,43 E 543µMOL/KG, I.P, E GRUPO SALINA (C) TRATADOS POR 12 DIAS. .................. 79 FIGURA 34. ANÁLISE HISTOLÓGICA DO FÍGADO DOS ANIMAIS SUBMETIDOS A AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA (A) GRUPO CONTROLE (B) DOSE DE 5,43µMOL/KG (C) 54,34µMOL/KG. AUMENTO DE 400X. ............................................................................................... 80 FIGURA 35. ANÁLISE HISTOLÓGICA DO BAÇO DOS ANIMAIS SUBMETIDOS A AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA (A) GRUPO CONTROLE (B) DOSE DE 5,43µMOL/KG (C) 54,34µMOL/KG. AUMENTO DE 400X. ............................................................................................... 80 FIGURA 36. ANÁLISE HISTOLÓGICA DO RIM DOS ANIMAIS SUBMETIDOS A AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA (A) GRUPO CONTROLE (B) DOSE DE 5,43µMOL/KG (C) 54,34µMOL/KG. AUMENTO DE 400X. ............................................................................................... 80 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Concentração inibitória da viabilidade celular em cinquenta porcento das células (CI50) das células PC3, LNCAP, H1299, OVCAR, NCI, MCF7, U138MG, VW473, HELA, T84, HOS E MG63 expostas por 24 horas ao poliacetileno 5-octa2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona........................................................................................61 Tabela 2. Concentração inibitória da viabilidade celular em cinquenta porcento das células (CI50) das células leucêmicas K562, KG1, HL60, NB4, RAMOS, RAJI, RS4, JURKAT, MOLT4, NALM6, B15 e U937 e células normais CMNH, expostas por 48 horas ao poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona.........................................62 Tabela 3. Porcentagem de apoptose apresentada pelo poliacetileno 5-octa-2,4,6triinil-furan-2(5H)-ona no processo de morte celular através da marcação de morte celular com Alaranjado de Acridina e Brometo de Etídeo na linhagem celular B16F10.......................................................................................................................67 Tabela 4. Porcentagem de necrose apresentada pelo poliacetileno 5-octa-2,4,6triinil-furan-2(5H)-ona no processo de morte celular através da marcação de morte celular com Alaranjado de Acridina e Brometo de Etídeo na linhagem celular B16F10.......................................................................................................................68 Tabela 5. Porcentagem do Peso dos animais no 7º. e último dia de experimento em relação ao peso inicial e porcentagem dos órgãos em relação ao peso final de camundongos C57BL/6N, após administração do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2(5H)-ona..........................................................................................................72 LISTA DE ABREVIATURA AA- Alaranjado de acridina AChe- Acetilcolinesterase B16F10- Célula de melanoma murino B15- Linhagem celular de leucemia linfoblástica aguda BE- Brometo de etídeo BCRJ- Banco de células do Rio de Janeiro Bid- Proteína pro-apoptótica CADS (DNases)- Enzimas nucleases ativadas por caspase Cdc27- Proteína reguladora do ciclo celular CFA- Adjuvante completo de Freund CMNH- Células mononucleares humanas DNA-P- DNA polimerase DR- Death receptors (receptores de morte) DISC- Complexo sinalizador de morte DMSO- Dimetilsulfóxido EDTA- Ácido etilenodiamino tetra-acético FADD- Proteína derivada da morte associada a FaS FAS/CD95- Receptor de morte FAsL- Receptor de morte HE- Hematoxilina eosina HELA- Adenocarcinoma de colo de útero humano HEPES- Hidroxietil piperazinoltanossulfonico HIV- Vírus da imunodeficiência humana HOS- Linhagem celular de osteosarcoma humano H1299- Linhagem celular de carcinoma de pulmão humano HL-60- Linhagem celular de leucemia promielocítica humana ICAD- Inibidor de ativação de caspase INCA- Instituto Nacional do Câncer JURKAT- Linhagem celular de leucemia/linfoma de células T K562- Linhagem celular leucemia mielóide/eritroleucemia Ph+ humana KG1- Linhagem celular de leucemia mielóide humana LNCAP- Linhagem delular de câncer de próstata humano MCF-7- Linhagem celular adenocarcinoma de mama humano MEM- Meio essencial mínimo MG63- Linhagem celular de osteosarcoma humano MOLT4- Linhagem celular de leucemia linfoblástica aguda MMP- Potencial de membrana mitocôndrial MTT- 3-[4,5-dimetiltiazol-2-il]-2,5-difeniltetrazolio brometo NALM6- Leucemia linfóide aguda B humana NB4- Leucemia promielocítica aguda humana NCI- Linhagem celular de câncer de pulmão humano NALM6- Leucemia linfóide aguda B humana NK562- Linhagem celular de leucêmia natural killer sensível OMS- Organização Mundial de Saúde OVCAR- Linhagem celular de adenocarcinoma de ovário humano PARP- Proteína polimerase requerida no reparo do DNA PBS- (Phosphate buffered saline) Salina tamponada com fosfato PC3- Linhagem celular de Câncer de próstata humano PKB/AKt- Proteína reguladora da sinalização apoptótica RAMOS- Linhagem celular de linfoma humano de Burkitt’s RAJI- Linhagem celular de linfoma humano de Burkitt’s Rb- Proteína reguladora do ciclo celular RIP quinase- Proteína mediadora da sinalização apoptótica RPMI- Meio de cultura Instituto Roswell Park Memorial RS4- Linhagem celular de leucemia aguda SFB- Soro fetal bovino TNF- Fator de necrose tumoral TRAIL- Receptor de morte T84- Linhagem celular de adenocarcinoma de cólon humano U138MG- Linhagem celular de adenocarcinoma cervical humano U937- Linhagem celular de linfoma monocítico VEGF- Fator de crescimento endotelial vascular VW473- Linhagem celular de meduloblastoma humano XTT- 2,3-bis (2- metil-4-nitro-5-sulfofenil) – 5-[(fenilamino) carbonil] – 2H- hidróxido de tetrazólio SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12 2 OBJETIVOS........................................................................................................ 15 2.1 Objetivo geral.................................................................................................. 15 2.2 Objetivos específicos.................................................................................... 15 3 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................. 17 3.1 Câncer............................................................................................................. 17 3.2 A carcinogênese............................................................................................. 18 3.2.1 Metástases.................................................................................................... 20 3.2.2 Tumor sólido e resistência a fármacos antitumorais.............................. 21 3.3 Câncer da pele................................................................................................ 22 3.3.1 Tratamento melanoma................................................................................ 24 3.3.2 Dor no câncer e melanoma........................................................................ 26 3.4 Câncer e o processo de morte celular.......................................................... 27 3.5 Importância das plantas medicinais na terapia antitumoral....................... 33 3.6 Gênero Vernonia: ocorrência e aspectos biológicos ................................ 37 3.6.1 Poliacetileno: atividades biológicas........................................................ 39 4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 43 4.1 Material vegetal e composto isolado............................................................ 43 4. 2 Ensaios in vitro............................................................................................. 43 4.2.1 Linhagens celulares.................................................................................... 43 4.2.1.1 Obtenção de células mononucleares humanas .................................. 44 4.2.1.2 Cultura de células..................................................................................... 44 4.2.1.3 Determinação da viabilidade celular...................................................... 45 4.2.1.2.1 Ensaio de citotoxicidade (MTT).......................................................... 46 4.2.1.2.2 Ensaio de citotoxicidade (XTT)............................................................ 47 4.2.2 Avaliação do processo de morte celular por microscopia de fluorescência......................................................................................................... 48 4.2.2.1 Brometo de etídeo e diacetato de fluoresceína......................................................................................................... 4.2.2.2 Brometo de etídeo e alaranjado 48 de acridina................................................................................................................ 49 4.2.2.3 Critérios para classificação das células em apoptóticas, necróticas ou viáveis utilizando dupla-coloração............................................................... 51 4.2.3 ensaio 52 4.3 Avaliação da atividade antineoplásica do poliacetileno............................ 52 4.3.1 Animais........................................................................................................ 52 4.3.2 Influência sobre o crescimento tumoral................................................... 53 Determinação da atividade da caspase-3 por colorimétrico............................ 4.3.3 Avaliação do efeito do tumor melanoma B16F10 sobre o peso corporal dos animais...................................................................................... 54 4.3.4 Avaliação do efeito antimetastático do poliacetileno............................. 54 4.3.5 Avaliação da atividade locomotora utilizando o modelo de campo aberto (Open Field).............................................................................................. 55 4.3.6 Modelo de avaliação de hipernocicepção mecânica através do monofilamento de Von Frey................................................................................ 56 4.3.7 Avaliação histológica ................................................................................ 57 4.3.8 Avaliação da Toxicidade aguda in vivo.................................................... 57 4.4 Análise estatística......................................................................................... 58 5 RESULTADOS............................................................................................... 59 5.1 Avaliação da viabilidade celular.............................................................. 59 5.1.2 Avaliação da morte celular por microscopia de fluorescência.......... 63 5.1.2.1 Brometo de etídeo e diacetato de fluoresceína................................ 63 5.1.2.2 Brometo de etídeo e alaranjado de acridina..................................... 63 5.2 Determinação da atividade de caspase-3 por ensaio colorimétrico.......................... 5.3 Avaliação da atividade antineoplásica do poliacetileno in vivo........... 69 5.3.1 Influência sobre o crescimento tumoral.............................................. 70 5.3.2 Avaliação do efeito do tumor sobre o peso corporal dos animais.... 71 5.3.3 Avaliação do efeito antimetastático do poliacetileno......................... 73 5.3.4 Avaliação da atividade locomotora (Open Field)................................ 75 5.3.5 Avaliação de hipernocicepção mecânica através 70 do monofilamento de Von Frey........................................................................... 77 5.3.6 Avaliação da atividade toxicológica aguda......................................... 78 6 DISCUSSÃO.................................................................................................. 81 7 CONCLUSÃO................................................................................................ 94 REFERÊNCIAS................................................................................................ 96 12 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, o câncer ganhou uma dimensão maior, convertendo-se em um evidente problema de saúde pública, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA 2012). Diante disso, fica evidente a necessidade de investimentos no desenvolvimento de ações abrangentes para o controle do câncer nos diferentes níveis de atuação, sobretudo na pesquisa (INCA 2010). Desta forma, a busca por novos fármacos com ação antitumoral tem sido muito importante, visto que ainda existem muitos tipos de tumores que não possuem tratamento ou são resistentes aos fármacos atualmente existentes no mercado (NEVIN; VIJAYAMMAL, 2003). A natureza é uma fonte atraente de novos compostos candidatos terapêuticos com uma enorme diversidade química encontrada em milhões de espécies de plantas, animais, organismos marinhos e microorganismos O papel dos produtos naturais como fonte de medicamentos tem sido reconhecido desde os tempos antigos. Apesar de grande progresso científico e tecnológico os fármacos derivados de produtos naturais ainda contribuem para a descoberta de novos medicamentos. (CRAGG; NEWMAN., 1997). Várias moléculas derivadas de produtos naturais, seus derivados semi-sintéticos ou seus modelos moleculares sintetizados são empregados atualmente com sucesso no tratamento do câncer. Dentre eles os alcalóides vincristina e vimblastina isolados de Catharantus roseus, destacam-se como dois dos mais importantes agentes quimioterapêuticos (VIEIRA; BRAZ-FILHO, 2005) seguidos pelos produtos semissintéticos etoposídeo e teniposídeo, obtidos de epipodofilotoxina derivados das lignanas isolada de espécies Podophyllum peltatum e P. emodi, respectivamente, o irinotecano etopotecano de Camptotheca acuminata os terpenóides taxol, paclitaxel e docetaxel de Taxus brevifolia (CHOI et al., 2008). Considerando estes aspectos, a busca de novos agentes farmacologicamente ativos através de triagem de moléculas de fontes naturais, levou a descoberta e ao desenvolvimento de muitos fármacos utilizados clinicamente e que desempenham um importante papel no tratamento de várias doenças, especialmente a terapia de doenças infecciosas e do câncer, estima-se que mais de 75 e 60% respectivamente dos fármacos utilizados atualmente são derivados de fontes naturais (GRAGG; NEWMAN, 2005). 13 Produtos naturais e seus derivados têm sido importantes historicamente como fonte de agentes terapêuticos. No entanto, na última década as pesquisas com produtos naturais na indústria farmacêutica têm diminuído. Com isto, novas estratégias estão sendo utilizadas, despertando novamente o interesse pela pesquisa em produtos naturais para a descoberta de novos medicamentos (KOEHN; CARTER, 2005). Nos últimos anos, no entanto, a importância dos organismos vegetais como fontes produtivas de substâncias anticancerígenas e outras atividades biológicas reativaram interesses sociais e econômicos, superando obstáculos na construção de cenário crescente, estimulando, inclusive, a percepção das lideranças industriais empenhadas na fabricação de produtos sintéticos (BRAZFILHO, 2010). Efeitos biológicos como citotoxicidade, ação antinflamatória e antimicrobiana da planta V. scorpioides têm motivado o estudo de seu potencial para uso terapêutico, uma vez que sua interação com as células poderia reduzir a proliferação de células tumorais, e também induzir a resposta imunológica aumentando o número de neutrófilos na área tumoral, possibilitando, assim um melhor prognóstico, quando comparado a tratamentos quimioterápicos tradicionais (DALAZEN et al., 2005; BUSKUHL et al., 2009; HOWARD et al., 2003; PAGNO, 2004; WILLIAMS et al., 2005). No gênero V. scorpioides são encontradas lactonas sesquiterpênicas (WARNING et al., 1987), formando um dos maiores grupos com atividade antitumoral e citotóxica já obtido de plantas (PICMAN, 1986; LEE et al., 1971). Assim, vem se desenvolvendo muitos estudos para identificar qual ou quais frações estão envolvidas nestas ações. A partir da fração diclorometano obtida pelo fracionamento do extrato hidroalcoólico de flores e folhas de V. scorpioides, foi isolado um poliacetileno, que apresentou atividade citotóxica e genotóxica frente a linhagens tumorais, demonstrando considerável morte celular por via apoptótica (BUSKUHL et al., 2009). Visando a necessidade de se encontrar novos agentes antineoplásicos, têm-se procurado identificar compostos isolados de plantas com propriedade citotóxica. Em paralelo tem-se o desafio de encontrar sobstâncias que induzam morte de células neoplásicas, sem ocasionar elevada citotoxicidade em células não malignas. 14 Dentro desta perspectiva, é interessante ressaltar o mecanismo de ação dos fármacos antitumorais que ocorram pelo processo apoptótico, focando nas células alvo da doença e minimizando os efeitos colaterais devido à indução do processo de morte celular por necrose ou até mesmo de apoptose em outras células e tecidos (DUARTE, 2010). Deste modo, o objetivo deste trabalho foi a ampliação dos estudos farmacológicos elucidando as atividades biológicas do composto poliacetileno através de modelos in vitro, avaliando a atividade citotóxica a fim de avaliar o mecanismo de morte celular, e in vivo, procedendo com estudos iniciais que possam evidenciar a ação antineoplásica desta molécula, podendo ser um potencial fármaco utilizado terapeuticamente. 15 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral: Avaliar a atividade antitumoral do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)ona isolado das partes aéreas de Vernonia scorpioides, através de ensaios in vitro e in vivo. 2.2 Objetivos Específicos: - Analisar a citotoxicidade do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona sobre células de linhagem de melanoma murino B16F10, células mononucleares humanas (CMHN), as linhagens tumorais PC3, LNCAP, H1299, OVCAR, NCI, T84, MCF-7, U138MG, VW473, HELA, HOS e MG63 e leucêmicas K562, KG1, HL60, NB4, RAMOS, RAJI, RS4, JURKAT, MOLT4, NALM6, B15 e U937. - Em células de linhagem de melanoma murino B16F10 observar o padrão de morte induzido pelo poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona por microscopia de fluorescência utilizando os corantes brometo de etídeo, diacetato de fluoresceína e alaranjado de acridina em células de linhagem melanoma murino B16F10. - Analisar a participação da enzima Caspase 3 no processo de morte celular induzida pelo poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, através da quantificação colorimétrica, em células de linhagem de melanoma murino B16F10. - Avaliar a atividade antitumoral do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona em camundongos C57BL-6 usando o tumor sólido induzido pela injeção subcutânea de células B16F10 como modelo. 16 - Observar o efeito do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona sobre a metástase pulmonar induzida pela injeção intravenosa de células B16F10 em camundongos. - Avaliar o efeito do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona sobre a toxicidade agudaem diferentes órgãos de camundongos C57BL-6, através de análise histológica. - Avaliar o efeito do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona sobre a nocicepção mecânica induzida pelo melanoma metastático em camundongos C57BL-6. - Avaliar o efeito do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona sobre a atividade locomotora dos animais submetidos aos modelos de melanoma sólido e metastático, induzido pela inoculação de células B16F10. 17 3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Câncer Conhecido há muitos séculos, o câncer foi amplamente considerado como uma doença dos países desenvolvidos. Há aproximadamente quatro décadas esta situação vem mudando. A incidência global do câncer pode ser observada em países em desenvolvimento, principalmente aqueles com poucos e moderados recursos. Assim, nas últimas décadas, o câncer ganhou maior dimensão, convertendo-se em evidente problema de saúde pública mundial (INCA, 2012). O câncer é uma doença complexa envolvendo anormalidade em muitos genes, levando a alterações na expressão ou funções de genes da homeostasia celular. Acarretando em mudanças metabólicas e comportamentais, podendo converter uma célula normal em uma célula transformada, levando a proliferação descontrolada e anormal. O padrão de combinação dos vários genes mutados pode revelar as relações funcionais entre genes e cascatas de sinalização que levam à tumorigênese, além de identificar possíveis alvos terapêuticos (YEANG et al, 2008). Estas mudanças surgem devido à alterações genéticas alterando a proliferação celular, influenciando no relacionamento destas células com as células vizinhas. Em muitos aspectos, as células cancerosas possuem uma organização independente de sobrevivência não seguindo as regras de um ciclo celular normal. Com isto, estas células se adaptam, lutando contra o sistema de defesa do organismo, adotando então um comportamento agressivo e invasivo, resultando na formação de uma massa cancerosa (DE VITA; HELLMANN; ROSENBERG, 2005; WHO, 2008). A maioria destas alterações pode ocorrer impulsionada por duas classes de genes, os proto-oncogenes e os genes supressores de tumor. A alteração em um ou mais destes grupos cooperam na indução da condição neoplásica. Os protooncogenes são importantes para o controle do crescimento, divisão celular e sobrevivência, já os genes supressores de tumor atuam no atraso do ciclo celular, inibindo a proliferação celular, e ativando o processo de morte celular (apoptose) (HARRINGTON, 2011). Assim, para compreender os mecanismos moleculares da metástase do câncer, é indispensável identificar os genes que sofrem alterações acumulando-se 18 durante a progressão do câncer, bem como os genes cuja expressão é responsável pela aquisição do potencial metastático em células neoplásicas (YOKOTA, 2000). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, no ano 2030, podemse esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. Segundo as estatísticas mundiais, é previsto a ocorrência de 12,4 milhões de casos novos e 7,6 milhões de óbitos por câncer no mundo. Os cânceres mais incidentes são o de pulmão, (1,52 milhões de casos novos), o de mama (1,29 milhões) seguido pelo de cólon de reto (1,15 milhões) e pelo câncer de estômago com 870 mil casos novos (WHO, 2008). Considerada a segunda maior causa de morte por doença no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é ainda considerado um grande desafio para a ciência e medicina, pois para muitos tipos de tumores ainda não se tem cura, e os tratamentos convencionais apresentam consideráveis efeitos colaterais. No Brasil, as estimativas para o biênio 2012-2013 apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer, incluindo os de pele não melanoma, reforçando a magnitude do problema do câncer no país. O estudo das diversas etapas que estão envolvidas na progressão tumoral pode ser feito utilizando modelos murinos de tumores de pele pois apresentam boa similaridade com a neoplasia humana (VAN DYKE; JACKS, 2002). O modelo de linhagem celular tumoral escolhido para ser estudado nesta dissertação, avaliando a citotoxicidade e/ou atividade antitumoral, foi o de melanoma murino B16F10, uma linhagem que se desenvolve in vitro e é altamente tumorigênica in vivo, pois cresce espontaneamente em camundongos C57BL/6 e com habilidade de formar metástases (ZHAO et al., 2001; NAKAMURA et al., 2002). 3.2 A carcinogênese Há cerca de 3000 anos a.C, a primeira descrição registrada de câncer é encontrada em um papiro egípcio. Hipócrates é considerado o criador da palavra câncer, pois a forma dos tumores trouxe-lhe a lembrança de caranguejos. Assim, ele usou as palavras carcinos, carcinoma e câncer, que se referem aos caranguejos em grego, para descrever os tumores (COOPER; HAUSMAN,2007). 19 Eventualmente, algumas células podem sofrer transformações em genes relacionados com funções biológicas e controles em relação à morfologia, metabolismo, diferenciação e proliferação. Estes processos dependem de complexas vias bioquímicas sinalizadoras, resultando em comportamentos anormais em relação ao tecido em que se encontram como morfologia incompatível, metabolismo acelerado e proliferação indiscriminada. Além da perda de funcionalidade, essas células aberrantes acabam por se sobrepor as células normais na disputa tanto por espaço como nutrientes (ALBERTS et al., 2008). A formação e o desenvolvimento das neoplasias, denominado de carcinogênese, é um processo complexo, dividido em três etapas: iniciação, promoção e progressão. O primeiro estágio, a iniciação, é quando acontece a desregulação genômica, devido a um agente cancerígeno, provocando modificações em alguns genes, transformando a célula. O estágio de promoção acontece por uma série de interações entre citocinas, fatores de crescimento e seus receptores, consistindo na proliferação, ou expansão das células iniciadas. A etapa de progressão tumoral é considerada irreversível, onde ocorrem inúmeras modificações biológicas, ou seja, caracterizada pela alta instabilidade genômica, tornando o câncer cada vez mais agressivo (KUMMAR,2005). Depois de anos de rápidos avanços na pesquisa do câncer foi gerado um rico e complexo campo de conhecimento, revelando o câncer com uma doença envolvida em dinâmicas mudanças genômicas (HANAHAN;WEINBERG, 2000; HARRINGTON, 2011). Na recente revisão apresentada por Hanahan e Weilberg, delineou-se e ampliou-se o conhecimento com duas características cruciais a instabilidade genômica e a inflamação, permitindo assim, a aquisição das oito habilidades fisiológicas que caracterizam uma célula tumoral. Quando ocorre instabilidade genômica as células cancerosas perdem o controle da integridade de seu material genético assim facilitando a acorrência de inúmeras alterações que progressivamente promovem o surgimento do câncer. A segunda característica, a inflamação descreve um situação comum em que as lesões pré-malignas e lesões malignas promovem um estado inflamatório, recrutando e ativando mediadores químicos que apoiam o crescimento e disseminação do tumor. Essas habilidades se aplicam à grande maioria, se não, a todos os tipos de câncer, variando apenas a ordem destes eventos e os mecanismos pelos quais elas podem se estabelecer. As habilidades das células cancerosas são: a perda da 20 inibição por contato; independência com relação aos fatores de crescimento; imortalidade, desvio no controle da apoptose, capacidade de promover a angiogênese, capacidade de invasão tecidual e metástase, reprogramação do metabolismo energético e a capacidade de fuga da destruição imune.Como características gerais têm-se que a célula guarda um certo grau de diferenciação característico do tecido original (HANAHAN; WEINBERG, 2011). 3.2.1 Metástases A metástase é considerado um processo complexo, responsável por 90% da mortalidade relacionada ao câncer. Além de fatores ambientais e genéticos, as interações físicas de células cancerosas com o seu microambiente, bem como sua modulação por forças mecânicas, são fundamentais na determinação deste processo (WIRTZ et al., 2011). Metástase é a propagação de células neoplásicas para áreas não diretamente adjacentes ao tecido primário. O espalhamento pode ocorrer por invasão de vasos sanguíneos ou linfáticos, por penetração das células tumorais no interior da cavidade corpórea ou espaços que circundam órgãos. Quando estas células se desprendem do tumor primário, elas podem invadir o hospedeiro e penetrar em vasos sangüíneos e linfáticos. Para tanto, estas células necessitam se infiltrar na membrana basal que circunda os vasos sangüíneos (Figura 1). Em casos eventuais, essas células podem deixar as veias, ficando protegidas de ataques tecidoespecífico (CRAIG & LOBERG, 2006; RUFFINI et al, 2007). As células que completam todos os passos de proliferação metastática invadem outros tecidos. A visão emergente para o papel de processos físicos e mecânicos na metástase deve contribuir para o desenvolvimento de novas abordagens para o câncer, diagnóstico e novos alvos terapêuticos (WELCH et al., 2008;STAFFORD et al, 2008; WIRTZ et al., 2011). O melanoma metastático é uma doença devastadora, as opções de tratamento são limitadas. Uma gama de medicamentos citotóxicos têm sido avaliados e utilizados na clínica terapêutica como agentes únicos no tratamento de melanoma, apresentando poucas respostas terapêuticas (KIRKWOOD et al., 2005). 21 Em 2011, era esperado que o melanoma cutâneo afeta-se aproximadamente 70.000 pacientes, e cerca de 8.800 pacientes morreriam da doença. Devido à dificuldade de prever um prognóstico individual para um paciente diagnosticado com melanoma, porque o prognóstico varia amplamente entre ambose dentro de estádios da doença. Particularmente para pacientes com melanoma que invadiram linfonodos (CALLENDER et al., 2012). Embora ocorra a detecção precoce, cirurgia adequada e, em alguns casos, a terapia adjuvante, pelo menos, um terço dos pacientes com melanoma em fase inicial irá desenvolver metástases. Estes pacientes têm uma sobrevida média de aproximadamente 6 a 8 meses e < 5% geralmente sobrevivem 5 anos ou mais (BALCH et al., 1997). 3.2.2 Tumor sólido e resistência a fármacos antitumorais Tumores sólidos são organizados como estruturas que são heterogêneas e complexas. Eles compreendem as células cancerosas e células do estroma ( fibroblastos e células inflamatórias) que são incorporados em uma matriz extracelular e alimentados por uma rede vascular Cada um destes componentes pode variar de um local para outro no mesmo ambiente tumoral (TRÉDAN et al., 2007). A maioria dos tumores apresenta vascularização irregular e limitada fazendo com que existam células muito distantes de qualquer capilar, estando, em privação de nutrientes e em hipóxia crônica.Tal situação pode levar à necrose das células, porém, a maioria das células hipóxicas são ainda viáveis. Com a morte das células localizadas próximas aos vasos, ou seja, aquelas que estão em maior contato com o quimioterápico, o aporte de nutrientes e oxigênio às células hipóxicas melhoram consideravelmente, permitindo assim que estas células sobrevivam e contribuam para a proliferação tumoral (TRÉDAN et al., 2007). Para a penetração de fármacos anticancerígenos em células distantes é necessário um sistema vascular para a eficácia da quimioterapia contra tumores sólidos. Entretanto, muitos tumores sólidos têm um sistema sanguíneo vascular mal formado com taxas variáveis de fluxo sanguíneo e distâncias muito maiores do que as que são encontradas em tecidos normais. A exigência de fármacos que 22 possuem a capacidade de penetrar em várias camadas de tecido pode representar uma barreira para o tratamento eficaz de tumores sólidos (TUNGGAL et al., 1999). A resistência de tumores sólidos à fármacos anticâncer é frequentemente atribuída a mutações genéticas, amplificação gênica, ou mudanças epigenéticas que influenciam na absorção, metabolismo ou exportação de drogas a partir de células individuais. Outra importante causa de resistência a fármacos anti-cancerígenos é a capacidade limitada destes em penetrar o tecido do tumor e alcançar todas as células tumorais em uma concentração potencialmente letal (TRÉDAN et al., 2007). Alterações no microambiente tumoral vêm sendo apontadas como importantes causas de resistência às drogas. Considerando a heterogeneidade dentro do microambiente tumoral que leva a gradientes marcados na taxa de proliferação celular bem como para regiões de hipoxia e acidez, é importante relacionar tais fatores influenciando na sensibilidade das células tumorais para o tratamento químico (TRÉDAN et al., 2007). Em face da necessidade de se encontrar novos fármacos, tem se procurado identificar compostos isolados de plantas capazes de reduzir a proliferação celular, tendo como desafio encontrar compostos que induzam a morte de células malignas driblando as células do microambiente tumoral, sem contudo, ocasionar elevada citotoxicidade em células não neoplásicas, representando uma importante direção para a terapia do câncer. 3.3 Câncer da pele Há milhares de anos atrás (460 375 a.c) nas escrituras de Hipócrates já havia manuscrito referente ao melanoma. No entanto, o termo "melanoma" só foi empregado em 1838 por Robert Carswell, que o descreveu como lesões malignas pigmentadas da pele (WAINSTEIN; BELFORT, 2004). Os cânceres de pele são classificados em tumores de pele não melanoma e melanomas. Dentre os não melanomas, estão o carcinoma basocelular e o epidermoide. O melanoma cutâneo origina-se nos melanócitos e tem predominância em adultos brancos. Mesmo representando menos do que 5% dos tipos de câncer de pele, o melanoma cutâneo é o mais grave, devido a seu alto poder metastático (PARK et al., 2010; HOON et al., 2012). 23 A sua incidência vem aumentando, significativamente, em todo o mundo, mais rapidamente do que qualquer outro tipo de neoplasia maligna. A Organização Mundial de Saúde estima que, anualmente, ocorram em torno de 132 mil casos novos de melanoma no mundo (LENS et al., 2004). O melanoma da pele acomete principalmente os caucasianos que moram em países com alta intensidade de radiação ultravioleta. No entanto, esse tipo de câncer afeta todos os grupos étnicos em alguma proporção. A prevenção do câncer de pele, inclusive os melanomas, inclui ações de prevenção primária, por meio de proteção contra luz solar, que são efetivas e de baixo custo. O auto-exame também contribui para o diagnóstico precoce. Ao surgimento de manchas/sinais novos ou mudança em alguns, o indivíduo deve procurar o dermatologista. A educação em saúde, tanto para profissionais quanto para a população em geral, no sentido de alertar para a possibilidade de desenvolvimento de câncer de pele e de possibilitar o reconhecimento de alterações precoces sugestivas de malignidade, é outra estratégia internacionalmente aceita (MAHON, 2003; INCA 2012). Sua letalidade é elevada, porém sua incidência é baixa. As maiores taxas estimadas em homens e mulheres encontram-se na região Sul. Apresenta altos percentuais de cura se for detectado precocemente, em alguns casos em que há demora no diagnóstico, esse câncer pode levar a ulcerações e deformidades físicas graves ou metástases (PARK et al., 2010; INCA, 2012). Os melanomas são tumores malignos decorrentes da transformação e proliferação de melanócitos, células produtoras de melanina que normalmente residem na membrana basal da epiderme. Os melanócitos são células especializadas em pigmentação, que podem ser vistos em qualquer área da pele bem como região dos olhos, sistema nervoso central, respiratório, gastrointestinal e trato genitourinário, originam-se na crista neural progenitora de alta mobilidade e migram para a pele durante o desenvolvimento embrionário. Na pele, estão localizados na membrana basal da epiderme e nos folículos capilares, e sua homeostase é regulada por queratinócitos epidérmicos (DE VITA; HELLMANN; ROSENBERG, 2005). Acredita-se que cerca de 30 a 50% dos melanomas possam surgir a partir de nevo pré-existentes. Quando surge uma lesão denominada de nevo atípico, é possível a geração de uma malignidade derivada da crista neural, que é o melanoma, assumindo um crescimento radial ou superficial não invasivo. Pode 24 tornar-se invasivo devido a alterações genética bem como angiogênico e metastático, iniciando a ocorrência de metástases e invasão de células neoplásicas em tecidos distantes e possível morte (GOVINDARAJAN et al., 2007). As células de melanoma são caracterizadas pelo relativo crescimento autônomo. Um mecanismo autócrino de estimulação de crescimento tem sido sugerido, envolvendo a secreção de peptídeos endógenos de fatores de crescimento (REED et al., 1985; HERLYN et al., 1992). A pele é a principal barreira contra as agressões do ambiente externo, os melanócitos propiciam fotoprotecção e termorregulação por produzir um pigmento denomindado melanina. O grau de produção de pigmentos se manifesta como 'fototipo' de pele (cor de pele e facilidade de bronzeamento) é o indicador mais útil de risco de câncer de pele na população em geral (LIN e FISHER, 2007). O crescimento ou alteração da forma deste tumor é progressivo. No estágio inicial do tumor, o melanoma encontra-se confinado na epiderme, fase esta denominada crescimento radial ou lateral. Na fase seguinte, o melanoma progride, invadindo a epiderme podendo atingir ou não a derme superior. Na fase de crescimento vertical, o melanoma é caracterizado pelo seu crescimento acelerado através da espessura da pele, formando nódulos visíveis e palpáveis capazes de sofrerem metástase (BANDARCHI et al., 2010). Os principais fatores de risco são: (1) exposição excessiva aos raios ultravioleta (UV), (2) o aumento do número de nevo congênito (pinta escura), (3) xeroderma pigmentoso ou nevo displásico, (4) indivíduos de pele clara, (5) história prévia de câncer de pele, (6) história familiar de melanoma, (7) irritações crônicas, e (8) exposição a fatores químicos. A radiação ultravioleta ocasiona mudanças genéticas na pele, prejudicando a funcão do sistema imune cutâneo, aumentando a produção dos fatores de crescimento, bem como induzindo a formação de espécies reativas de oxigênio afetando assim os queratinócitos e melanócitos (MILLER e MIHM, 2006). 3.3.1 Tratamento do melanoma Os estudos para o tratamento do melanoma iniciaram há cerca de 150 anos, sendo um desafio, considerando que sua evolução está intimamente relacionada com os avanços da biologia e sua história natural (WAINSTEIN; BELFORT, 2004). 25 Quando o melanoma é detectado precocemente o tratamento mais indicado é a cirurgia com boas taxas de cura. Quando os pacientes não apresentam lesões ulcerativas confinadas na pele, a cirurgia torna-se eficaz, porém no estágio disseminado do melanoma o procedimento cirúrgico é ineficaz (KLUGER et al., 2009). Terapias adjuvantes têm sucesso limitado no tratamento de estágios avançados de melanoma. Na quimioimunoterapia ou bioquimioterapia o primeiro adjuvante utilizado é o IFN-α, mostrando significativa sobrevivência em pacientes de alto risco (MOCELLIN et al., 2010). A IL-2 é outro adjuvante imunoterápico utilizado, porém, foi demonstrado que é necessário o uso de altas doses de IL- 2 para induzir a remissão de 6% dos casos de melanoma metastático (AGARWALA, 2003). A radioterapia também é limitada em sua eficácia devido a radioresistência do melanoma quando comparado com outros canceres. A resposta deste tipo de terapia é dose dependente, portanto, devido às altas doses de radiação necessárias para a redução do tumor, a radioterapia é menos utilizada em decorrência do alto índice de efeitos adversos (TESTORI et al., 2009). Alguns agentes como os anticorpos monoclonais tem sido desenvolvidos como adjuvantes da quimioterapia. Como o Ipilimumab, aprovado em 2011 para o tratamento do melanoma em estágio avançado, o mecanismo de ação do ipilimumab é indireto, pela potenciação da resposta imunitária mediada pelas células T, resultando na ativação das células T, proliferação e infiltração dos linfócitos nos tumores. Outro anticorpo monoclonal que apresentou resultados significantes é o Bevacizumab, que age bloqueando a ação da VEGF( fator de crescimento endotelial vascular), ou seja, impede a angiogênese (THIRLWELL et al., 2008). Quando há ocorrência de metástases, o melanoma é incurável na maioria dos casos, portanto, a estratégia de tratamento para a doença avançada deve ter como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente (INCA, 2012). Quando o melanoma é comparado a outros canceres ele apresenta uma das piores taxas de resposta a quimioterapia. Poucos agentes demonstraram atividade antitumoral significativa contra o melanoma metastático. Um grande número de ensaios clínicos tem testado diferentes fármacos como agentes alquilantes (Dacarbazina), alcalóides da vinca (Vincristina), taxanos (Paclitaxel), análagos da platina (Cisplatina), nitrossouréias (Fotemustina), inibidores da topoisomerase e 26 antraciclinas, mas poucos têm mostrado uma taxa de resposta significativa (<20%) ou um aumento nas taxas de sobrevida (ATKINS, 1997; GOGAS et al., 2007). A eficácia da quimioterapia sozinha é menor que 10% onde o agente quimioterápico mais eficaz é a Dacarbazina com aproximadamente 14% a 20% a taxa de resposta e uma média de duração de quatro a seis meses. A Dacarbazina foi aprovada em 1975 como o único agente quimioterápico para o tratamento de melanoma metastático. Ela é mais eficaz em tumores subcutâneos, linfonodos e metástases pulmonares. (HUNCHAREK et al., 2001; KLUGER et al., 2009). A Dacarbazina é um pró-fármaco que, para que seu efeito antineoplásico ocorra, ela precisa ser metabolizada por enzimas hepáticas, formando um intermediário que decompoem-se imediatamente no derivado ativo, que metila o DNA das células, impedindo-as de se replicar corretamente, ocasionando a fragmentação do DNA e a morte celular (COLVIN, 2001). 3.3.2 Dor no câncer e melanoma A dor é classificada como aguda e crônica e na definição da fisiopatologia, a dor pode ser denominada de acordo com o tipo da lesão e/ou dos mediadores envolvidos em “nociceptiva”, “neurogênica” e “psicogênica”, a qual está associada, respectivamente, com estimulação excessiva dos nociceptores, com lesão ao tecido neural, com disfunção do nervo ou com fatores psicológicos. Além disso, podem ocorrer manifestações dolorosas decorrentes de algumas alterações sensoriais comumente apresentadas em pacientes que a experimentam como a hiperalgesia (sensibilidade exacerbada a um estímulo doloroso), alodínia (sensibilidade anormal dos neurônios sensoriais) e hiperestesia (sensibilidade anormal a um estímulo sensorial) (SERPELL et al., 1998; MILLAN, 1999; LOESER E TREEDE., 2008). Em humanos pouco se sabe da distinção entre hiperalgesia e alodínia, pois apesar do interesse clinico poucos estudos revelam as bases moleculares para esta distinção (VERRI et al., 2005, SANTODOMINGO-GAZON., 2006). Expondo a pele ou mesmo qualquer outro órgão a diferentes estímulos, como químicos, térmicos ou mecânicos, que induzem a uma sensação desagradável, proporcionam ao indivíduo uma resposta de ativação, repassando assim a informação sobre um perigo real ou potencial para sua integridade física. Este 27 mecanismo de resposta pode ser diferenciado como dor fisiológica ou dor patológica; onde a dor fisiológica é aquela que vai induzir um reflexo, caracterizando a dor conhecida como aguda causada pela ativação intensa, potencial ou efetiva dos nociceptores (COSTIGAN et al., 2009), e a dor patológica, a qual está relacionada com respostas adaptativas específicas, geradas por estímulos intensos na superfície da pele, caracterizando a dor crônica (ALMEIDA et al., 2006). A dor sentida por um paciente com câncer pode ser proveniente de diversos fatores sendo que de 5 a 20% esta relacionada ao tratamento antitumoral como no pós-operatório, pós-quimioterapia e pós-radioterapia. Muitos pacientes com câncer avançado sofrem de mais de um tipo de dor e o tratamento adequado vai depender da identificação de sua origem. Muitos agentes farmacológicos são utilizados para alívio da dor nestes pacientes como antiálgicos, opióides, antidepressivos entre outros, porém a preocupação com o uso terapêutico destes é com seus efeitos adversos que são inúmeros podendo causar dependência, depressão respiratória e até levar a óbito, frente a tal situação cresce o interesse de descobertas de novas moléculas para fins terapêuticos com atividade tanto antitumoral como analgésica (BRASIL, 2001). 3.4 Câncer e o processo de morte celular Há mais de 30 anos atrás, Kerr, Wyllei e Durrie (1972), já diziam que a apoptose através de suas características morfológicas sugeria ser um fenômeno já programado. Podendo ser iniciada ou inibida por uma variedade de estímulos ambientais, fisiológicos e patológicos. Com características morfológicas distintas como a condensação nuclear e citoplasmática e fracionamento da célula, fragmentos ultraestruturalmente bem preservados. No segundo momento, os referidos corpos apoptóticos, onde se submetem a uma série de mudanças são rapidamente degradados por enzimas lisossomais. O envolvimento da apoptose em tecidos normais é responsável pela eliminação de células durante o desenvolvimento embrionário normal. Ocorre espontaneamente em neoplasias malignas não tratadas, e participa pelo menos em alguns tipos de regressão do tumor terapeuticamente induzido. Estando envolvida na involução fisiológica e atrofia de vários tecidos e órgãos. 28 A morte celular programada, ou apoptose, é considerada crítica para a autodestruição celular, para uma variedade de processos, tais como o desenvolvimento ou a prevenção da transformação oncogênica. A apoptose deve ser rigorosamente controlada, pois seu mecanismo desregulado pode levar ao desenvolvimento de um grande número de diferentes patologias. Porém, as células desenvolveram um grande número de processos celulares que servem para impedir o processo de morte celular programado inadequado ou prematuro. Estas estratégias consideradas de sobrevivência celular, envolvem uma complexa rede fisiológica, coordenada e sistemática, bem como mudanças genéticas que servem para impedir a morte celular (GREENWOOD et al., 2011). No processo apoptótico ocorre uma seqüência de eventos morfológicos e atuação de um programa interno bioquímico de suicídio. Pode ser considerado um mecanismo de autodefesa destruindo células infectadas com patógenos ou aquelas que sofreram mutações. Neste caso, uma cascata de componentes celulares detecta e destrói estas células ativando a via apoptótica prevenindo o desenvolvimento do câncer (ROBBINS, COTRAN, 2008; FANELLI, et al., 2012). Desde 2002 com o prêmio Nobel recebido por Sulston, Brenner e Horvitz pelos estudos realizados sobre a morte celular programada, ou seja, que alterações de vias apoptóticas são uma característica comum entre os tumores, permitindo que as células cancerosas sobrevivam a intervenções quimioterapêuticas, o interesse pelos mecanismos da apoptose como alvo para a terapia do câncer vem crescendo (BARBOUR, 2002; RUFINI; MELINO, 2011). Dividindo a apoptose em três fases, tem-se a fase de iniciação, a efetora e a de degradação. A fase de iniciação é caracterizada por depender do tipo de estímulo apoptótico recebido pela célula via intrínseca ou pela via extrínsica. A primeira fase influencia a eficácia das fases subsequentes (efetora e de degradação). Na fase efetora, ocorre a ativação da cascata de caspases, constituída da ativação de proteases, nucleases, e de outros intermediários que participam dessa fase. E na fase de degradação, a célula adquire as características bioquímicas e morfológicas características desse processo (GREEN & KROEMER, 1998). A morfologia de células apoptóticas é reconhecida por alterações no citoesqueleto que induzem contração celular, agregação da cromatina levando a aparência de núcleos picnóticos, fragmentação nuclear, formação de vesículas sem perda de integridade da membrana e sem resposta inflamatória. O evento na 29 apoptose que define seu mecanismo é a ativação de cascatas de enzimas proteolíticas denominadas caspases, as quais são responsáveis pela iniciação, execução e regulação do processo apoptótico. Envolvidas num mecanismo de clivagem específica de proteínas as caspases levam ao colapso da infra-estrutura celular através da desintegração do citoesqueleto, desarranjo metabólico e fragmentação genômica. Essas enzimas ativadas, por sua vez, ativam nucleases como as CADs (DNAases ativadas por caspase) que degradam o DNA e outras enzimas importantes de morte celular. Seus principais alvos são as proteínas estruturais e de funções essenciais como proteínas requeridas no reparo do DNA (DNA-PK, PARP), proteínas reguladoras do ciclo celular (Cdc27, Rb), proteínas envolvidas em patologias humanas e proteínas diretamente envolvidas na regulação da apoptose (ICAD, Bid), assim como reguladoras/mediadoras da sinalização apoptótica (PKB/Akt, RIP quinase (kÖHLER et al., 2002, GHOBRIAL et al., 2005). Duas vias distintas atuam na ativação das caspases, a via mitocondrial e a via receptor de morte, denominadas de intrínseca e extrínseca, respectivamente (CROCE, 2008). A via extrínseca da apoptose (Figura 1) é iniciada após a ligação extracelular de receptores localizados na superfície celular, denominados DR “death receptors” com seus ligantes específicos, como o membro da superfamília do Fator de Necrose Tumoral (TNF), que se acoplam a um receptor da família dos receptores de morte correspondente (FAsL, FAS/CD95, TRAIL) induzindo, assim a sua oligomerização (KUMAR, 2007), que resulta na formação do complexo intracelular de indução de morte denominado DISC, que é o complexo sinalizador de morte celular, o qual é formado pela interação entre a parte citoplasmática dos receptores com inúmeras moléculas adaptadoras como FADD/MORT1 ( Proteína derivada da morte associada a Fas) por exemplo. Está interação entre os receptores e moléculas adaptadoras acontece através de domínios de interação proteína-proteína denominados domínios de morte (DD) presentes em ambas as moléculas (FULDA, 2009). Posteriormente, as caspases iniciadoras, como as caspases 8 ou 10, são recrutadas onde interagem com moléculas adaptadoras. A interaçãos com proteínas adaptadoras leva a oligomerização destas caspasaes, aumentando assim a concentração local e favorecendo a autoclivagem e autoativação dessas caspases iniciadoras. Sendo que, uma vez ativada a caspase 8 cliva e ativa a caspase 3, 30 induzindo diretamente a próxima fase do processo apoptótico a execução (FULDA, 2009). A via mitocondrial ou intrínseca (Figura 1) inicia-se pela ação de diversos sinais como danos no material genético, defeitos nos pontos de checagem do ciclo celular, mitose catastrófica, hipóxia, ausência de fatores de crescimento, agentes quimioterápicos, radiação, drogas citotóxicas e outros tipos severos de estresse intracelulares. Envolvendo a ativação e extravasamento de proteínas próapoptóticas para o citoplasma e ativação das caspases. Como Bax e Bad, que agem na mitocôndria, afetando sua permeabilidade seletiva através da formação de poros por onde extravasam fatores apoptogênicos como citocromo c. Alguns estudos indicam que durante o processo apoptótico ocorre a formação de um megaporo contendo proteínas, através deste ocorre a liberação do citocromo c no citosol, em presença de dATP, induzindo a formação dos apoptossomos. O apoptossomo consiste num heptâmero de moléculas adaptadoras APAF-1 (fator ativador de protease apoptótica), que promove a clivagem da pró-caspase 9, liberando a caspase 9 ativa. Esta caspase atua sequencialmente no processamento e ativação das caspases efetoras 3 e 7 e iniciando a execução da apoptose similarmente à caspase 8. O complexo apoptossômico provavelmente serve como um regulador alostérico da caspase 9 que, em situações onde não haja estímulo apoptótico, encontra-se livre no citosol na forma de monômeros inativos. A integração da caspase 9 ao apoptossomo induz sua dimerização e ativação (CROCE, 2008). Abaixo desenho esquemático das duas vias (Figura 1). 31 Figura 1. Apoptose mediada pela via intrínseca (mitocondrial) e pela via extrínseca (receptores de morte). Fonte: Adaptado de Fulda et al., 2009. As vias intrínseca e extrínseca podem agir em conjunto nas fases de indução e execução do processo apoptótico, cooperando na recepção do sinal de morte e na amplificação da ativação de caspases. Com isso, a ativação de receptores de morte pode levar à ativação da via mitocondrial através da clivagem da proteína próapoptótica Bid pela caspase 8. A Bid (tBid) transloca-se para a mitocôndria onde ativa Bak e Bax, induzindo a oligomerização dessas moléculas e a formação de poros por onde extravasam o citocromo c e demais fatores apoptogênicos mitocondriais levando à ativação de caspases efetoras (FULDA, 2009). A maioria dos tecidos sofre um constante processo de renovação celular graças ao equilíbrio entre a proliferação e morte das células, caracterizada por um processo ativo de alterações morfológicas e bioquímicas, a apoptose. A compreensão dos mecanismos e das alterações nos componentes das vias apoptóticas e sua correlação com a ocorrência do câncer são importantes para o desenvolvimento de novas terapias e métodos de prevenção do câncer (Grivicich et al., 2007) 32 A necrose foi descrita em detalhes por Walker et al. (1988) e tem sido considerada por anos como uma forma acidental e descontrolada de morte celular. A necrose é morfologicamente identificada por um aumento na volume da célula (oncose), expansão das organelas e plasma, ruptura da membrana seguido por perda de conteúdo intracelular. Além disso, ela demonstra comprometimento bioenergético, degradação aleatória do DNA e desencadeia a liberação de fatores envolvidos na estimulação da resposta imune ou ativa o sistema de reparo de feridas e lesões (WALKER et al., 1988; ZONG et al., 2006). Todos estes eventos resultam em perda de função homeostática. A necrose, diferentemente da apoptose, impede a reposição celular e a regeneração de tecidos (PORTH, 2004). A morte celular por necrose não é considerada a via desejada pelos medicamentos antitumorais, por não ser um processo específico para as células cancerígenas assim como, pela promoção de processo inflamatório intenso (BURLACU et al., 2001). É considerada uma resposta passiva à lesão celular, entretanto estudos recentes sugerem que a necrose também pode ser regulada geneticamente (ZONG; THOMPSON, 2006). A definição de apoptose considera que a eliminação da célula apoptótica é realizada por lesão irreversível e, na sequência fagocitada. No entanto, outro processo pode estar envolvido, a necrose secundária, a qual é um processo autolítico de desintegração celular com liberação de componentes celulares que ocorre quando não existe intervenção de de células fagocitárias e todo o sistema apoptótico é completado. Necrose secundária tem sido implicada na gênese de importantes patologias humanas, é uma forma de eliminação de células e deve ser considerada como o resultado natural de todo o programa de apoptose (SILVA, 2010). Com isso, é de interesse ressaltar que inúmeros medicamentos que foram desenvolvidos para o tratamento do câncer e doenças infecciosas são derivados de plantas, a seguir será mencionado a importância das plantas medicinais na terapia antitumoral. 33 3.5 Importância das plantas medicinais na terapia antitumoral A natureza, de maneira pródiga, tem produzido a maioria das substâncias orgânicas conhecidas. Dentre os diversos reinos da natureza, o reino vegetal é o que tem contribuído de forma mais significativa para o fornecimento de metabólitos secundários, muitos destes de extremo valor agregado devido às suas aplicações como medicamentos, cosméticos, alimentos e agroquímicos (PHILLIPSON et al, 1998). A medicina tradicional tem sido empregada por milhares de anos em todo o mundo, tendo um papel essencial no cuidado a saúde. Desde os primórdios dos tempos as plantas medicinais são fundamentais tanto para a alimentação quanto para a cura de doenças. Para a população, o uso de plantas medicinais, muitas vezes, é a opção disponível e a mais aceita (CECHINEL FILHO et al, 2003). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 80% dos habitantes mundiais se beneficiam desta medicina (CECHINEL FILHO et al., 2007). O Brasil possui grande diversidade vegetal e em muitos países a pesquisa com plantas vem aumentando significativamente o interesse por fontes alternativas de medicamentos. Dos 250 medicamentos considerados como básicos e essenciais pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 11% são obtidos de plantas medicinais. Considerando que o Brasil possui uma flora invejável para o resto do mundo, em termos de matéria prima para a produção de fitofármacos, e que apenas cerca de 8% foram estudadas, é de grande importância a busca e estudos dessas plantas, impulsionando as pesquisas para a obtenção de novos fármacos mais eficazes e específicos (BRAZ-FILHO, 2010; CECHINEL FILHO et al., 2003). A necessidade do desenvolvimento de novos fármacos eficazes de ação antitumoral e dotados de menores efeitos adversos comparada à quimioterapia e radioterapia tradicionais tem impulsionado a comunidade científica a novas e incessantes pesquisas nesta área. Além da diversidade de tumores que ainda não possuem tratamento satisfatório, os quimioterápicos atuais provocam leucopenia, deixando o paciente susceptível a infecções. Então, um possível tratamento que condicione o estímulo do sistema imunológico auxiliaria na recuperação do paciente, proporcionando um possível prognóstico mais favorável para a cura (HENTY et al., 2001; NEVIN; VIJAYAMMAL, 2003; PAGNO, 2004). 34 Dentre os fármacos antineoplásicos derivados de plantas usados clinicamente ressalta-se os alcalóides vimblastina (Velban®) e vincristina (Oncovin®), ambos extraídos de Catharantus roseus, utilizados para o tratamento de linfomas e na leucemia infantil (PASA et al., 2001; CRAGG; NEWMAN, 2007) (Figura 2). Entre os alcalóides da vinca, a existência de pequenas diferenças na estrutura resulta em notáveis diferenças na toxicidade e nos espectros antitumorais. Estas moléculas têm a ação de inibir o fuso mitótico, ligando-se as proteínas microtubulares assim, interrompendo a divisão celular (SUI et al., 2005). A incapacidade de segregação correta dos cromossomos durante a mitose leva à morte celular. Tanto as células normais quanto as malignas expostas à vincristina sofrem alterações características do processo de apoptose (HAIT et al., 2007). Figura 2. Estrutura química de alcalóides derivados de Catharantus roseus a (A) Vincristina e (B) Vinblastina A B OH OH N N H C O H3CO N CH3 N H OH H3CO N O COCH3 H CHO C OCH3 O N H C H3CO O H3CO CH3 N H OH N O COCH3 H CH3 C OCH3 O Fonte: BOLZANI et al., 2002. O diterpeno taxol ou paclitaxel (Taxol®) é considerada uma das mais promissoras descobertas para a cura do câncer. Isolado de Taxus brevifolia, é empregado para o tratamento dos cânceres ovariano, mamário e pulmonar (GANESAN, 2008). O mecanismo de ação desses medicamentos é único. Os taxanos impedem a ocorrência da mitose pela interferência no funcionamento normal dos microtúbulos (Figura 3). Eles agem como agentes estabilizadores da tubulina, favorecendo a sua polimerização, porém inibindo a despolimerização dos microtúbulos, levando à morte das células cancerosas (MALONGA et al., 2005). 35 Figura 3. Estrutura química do Paclitaxel (Taxol®) H3C O O OH O O NH O OH H O OH O O H O O CH3 O Fonte: BOLZANI et al., 2002; Outro importante agente antineoplásico é a Camptotecina alcalóide extraído da Campotheca acuminata Decne, que age inibindo a enzima topoisomerase I. É utilizada para o tratamento de câncer ovariano e cervical (BUTLER, 2004). Devido à sua alta toxicidade, a semisíntese da camptotecina deu origem ao derivado irinotecano, que apresentou menos efeitos tóxicos. A partir desta última molécula, obteve-se ainda o topotecano (Figura 4) (CHOI et al., 2008). Figura 4. Estrutura química da Camptotecina, isolada de Camptotheca acuminata O N N O HO H3C O Fonte: BOLZANI et al., 2002; NEGI et al., 2005. Outros agentes clinicamente ativos são o etoposídeo (Veperide®) e o teniposídeo (Figura 5) (Vumon®), derivados semi-sintéticos do produto natural 36 epipodofilotoxina. Eles podem ser considerados os compostos mais relacionados com o emprego original da planta no tratamento de câncer. A epipodofilotoxina é um isômero da podofilotoxina que foi isolada como um agente ativo antitumoral obtido das raízes de várias espécies do gênero Podophyllum, ambos atuam inibindo a enzima topoisomerase II (CRAGG; NEWMAN, 2007). Figura 5. Estrutura química da Podofilotoxina de Podophyllum emodi e P. peltatum e os derivados semi-sintéticos (A) etoposídeo e (B) teniposídeo A CH3 B O OH O O HO HO O O O O O O O O O CH3O CH3O OCH3 OCH3 OCH3 OH Fonte: BOLZANI et al.; 2002. Além destas moléculas utilizadas na terapia contra o câncer, outros quimioterápicos são utilizados em combinação com outras terapias ou utilizadas isoladamente. A descoberta e desenvolvimento de medicamentos contra o câncer foi revolucionada na última década. Devido a alta toxicidade de muitos fármacos, a pouca eficácia bem com a resistência adquirida, a terapia antineoplásica passou de uma quimioterapia citotóxica para uma estratégia de medicina personalizada que enfoca a descoberta e o desenvolvimento de medicamentos molecularmente orientados que exploram a genética, vícios, dependências e vulnerabilidades de células do câncer (HOELDER; WORKMAN, 2012). Muitas dessas substâncias servem como protótiposs para o desenvolvimento de medicamentos sintéticos modernos como citado anteriormente. Neste contexto, é 37 através destes conhecimentos adquiridos e descobertos através dos produtos naturais que podemos entender a busca incessante de algumas indústrias e pesquisadores por busca de substâncias bioativas novas. 3.6 Gênero Vernonia: Ocorrência e aspectos Biológicos O gênero Vernonia é pertencente à família Asteraceae (Compositae) compreende 1100 gêneros e 2500 espécies, sendo a maior família das angiospermas. Compreende plantas de hábitos bem variados como ervas, subarbustos, trepadeiras e árvores, a grande maioria de pequeno porte (JOLY, 1998). Segundo Bremer (1994 apud NAKAJIMA, 2001), a família Asteraceae representa cerca de 10% da flora mundial e vem sendo muito estudada nos últimos anos. Estima-se que o Brasil possua 200 espécies de Vernonia, utilizadas na medicina popular para o tratamento de diversas desordens. A espécie V. cinerea demonstrou significante atividade analgésica, antiinflamatória e antipirética em estudo realizado em ratos onde foi analisado o efeito de vários extratos da planta (IWALEWA, 2003). A V. amygdalina provavelmente é a mais usada como planta medicinal do gênero Vernonia, apresentando tanto atividade antibacteriana quanto antifúngica (ERASTO et al., 2006). Também foi relatado atividade antitumoral nas espécies V. pachyclada, V. amygdalina e V. scorpioides (PAGNO, 2004; WILLIAMS et al., 2005). Rao et al.,(2010), demonstraram atividade antidiabética e antihiperglicemiante das sementes de Vernonia anthelmintica, em diabetes induzida por estreptozocina em ratos, sem relato de efeitos tóxicos. O nome científico da planta indica que é uma erva medicinal utilizada na medicina popular como antihelmíntico (HORDEGEN et al., 2003). As lactonas sesquiterpênicas têm demonstrado inúmeras atividades biológicas como citotóxica e imunomoduladora (IZEVBIGIE et al., 2004; BUSKUHL et al., 2007), antibacteriana (AFOLAYAN et al., 2006), antitumoral e antinflamatória (PAGNO et al., 2006). A espécie V. scorpioides (Figura 6) é uma erva comum da vegetação secundária da encosta atlântica e da floresta latifoliada do alto do Uruguai, no extremo oeste catarinense. Apresenta também uma extensa distribuição geográfica, 38 sendo encontrada desde o Ceará até o Rio Grande do Sul, como também no centrooeste conhecida popularmente como Enxuga, Erva de São Simão e Piracá (CORREA, 1984; CABRERA, 1980). Exibe características físicas de arbusto, com ramos numerosos(Figura 6) (CORREA, 1978; REITZ, 1980). Na medicina popular é utilizada por via tópica no tratamento de várias desordens cutâneas, incluindo úlceras crônicas, alergias, irritações, prurido, edemas provocados por traumatismos ou infecção, nevralgia, processos inflamatórios e lesões cutâneas em geral (CABREIRA,1980). Figura 6. Foto das partes aéreas de Vernonia scorpioides (LAM) PERS. Fonte: Cytocymura, 2010 Das inúmeras espécies de Vernonia encontradas no Brasil, a Vernonia scorpioides é utilizada popularmente como antiinflamatório e cicatrizante, sendo o efeito cicatrizante comprovado por Almeida e Palhano (2001) e a ação antiinflamatória confirmada por Dalazen et al. (2005). Estudos são encontrados com relação à atividade biológica da espécie, em relação a sua ação citotóxica, ação antiinflamatória e antimicrobiana (TOIGO et al.; 2004; LEITE et al., 2002; BARDON, 2007; IWALEWA,2003; ERASTO et al., 2006; PAGNO, 2004; WILLIAMS et al., 2005) Considerando que a Vernonia scorpioides é uma planta comumente utilizada na medicina popular para o tratamento de desordens da pele e tendo informações sobre suas propriedades farmacológicas, a atividade antinflamatória do extrato etanólico da mesma foi investigada em modelos murinos de inflamação cutânea aguda e crônica, apresentando inibição significativa da migração de neutrófilos no tecido inflamado (CABRINI et al., 2011). 39 Dreux (2005) demonstrou atividade antiinflamatória do extrato hidroalcóolico administrado por via intraperitonial, em modelos de edema de pata induzido por carragenina e histamina em camundongos. Com a administração oral deste extrato em modelo de peritonite induzida por carragenina, pode-se observar uma redução significativa na migração de neutrófilos e leucócitos mononucleares, confirmando uma ação antiinflamatória. O efeito citotóxico da fração diclorometano de V. scorpioides também foi verificado em estudo com camundongos tratados com este extrato em modelo de lesões cutâneas (DALAZEN E MOLON, 2003). Kreuger et al., (2009) verificaram ainda que a fração 2125 de extrato das folhas da V. scorpioides apresentou atividade antitumoral em camundongos com tumor de Ehrlich, quando tratados por via intraperitoneal. Similarmente, Pagno (2006) demonstrou uma alta citotoxicidade contra o tumor de Ehrlich, em camundongos, com fração diclorometano de V. scorpioides. A atividade citotóxica de Vernonia sp, assim como da espécie scorpioides, é atribuída em parte a presença de lactonas sesquiterpênicas em sua fração diclorometano. Entretanto, Buskuhl et al., (2007) identificaram substâncias ativas na fração acetato de etila, denominado de poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)ona, com potencial citotóxico, preliminarmente avaliados em linhagens celulares de adenocarcinoma (Hela), melanoma (B16F10) e de fibroblasto (L929). 3.6.1 Poliacetileno: Atividades Biológicas Produtos naturais acetilênicos incluem todos as substâncias com ligação tripla ou um grupo alquil funcional, embora o termo poliacetileno seja, muitas vezes, utilizado para descrever esta classe de produtos naturais. Produtos naturais acetilênicos são amplamente distribuídos, ocorrendo em plantas, musgos e liquens, fungos, algas marinhas, esponjas, tunicados, insetos, sapos e até em pequenas quantidades em humanos. Os próprios compostos tendem a ser instáveis perante oxidação, fotolíticos ou decomposição dependente de pH, desafiando seu isolamento e caracterização (ARNAUD, 1892,1902 apud MINTO et al, 2008). O primeiro produto natural alcino foi isolado em 1826, o éster dehidromatricaria (Figura 7), porém não foi totalmente caracterizado naquela época. Entre os anos 1960 a 1980 os produtos naturais altamente insaturados começaram 40 a ser sintetizados devido ao crescimento dos químicos orgânicos no âmbito de conhecimento químico (BOHLMANN et al.,1973). Nos últimos 25 anos com o crescimento no aspecto de exploração, isolamento e síntese, o aumento do número de novos poliacetilenos tem se destacado, mais de 2000 poliacetilenos são conhecidos, sendo mais de 1100 de plantas da família Asteraceae (MINTO; BLACKLOCK, 2008). Figura 7. Representação da estrutura química de éster dehidromatricaria Fonte: MINTO;BLACKLOCK, 2008. Poliacetilenos com origem de produtos naturais como mencionado anteriormente são uma classe de compostos frequentemente instáveis contendo uma ligação tripla carbono-carbono, coM ampla variedade de funções bioquímicas, ecológicas, com potencial econômico e, de modo surpreendente de biossíntese. Experimentos realizados entre 1960 e 1990 demonstraram que a maioria destes compostos são derivados de ácidos graxos e precursores policetídeos. Durante a última década, a investigação sobre o metabolismo de poliacetilenos tem avançado, o estado atual do conhecimento da genética bioquímica e molecular de vias metabólicas secundárias poliacetilênicas tem sido apresentado em pesquisas com novos poliacetilenos terrestres e marinhos (MINTO et al., 2008). Os Poliacetilenos vem sendo identificados em muitos estudos, considerados uma classe de produtos naturais que tem demonstrado várias atividades biológicas, incluindo ação antimicrobiana, inibidor da bomba de sódio e potássio ATPase, inibidor do HIV, envolvidos em atividade imunosupressora, antitumoral e antinflamatória (FUSETANI et al., 1993; HALLOCK et al., 1995; CHRISTENSEN et al., 2006). Em um estudo realizado por Nho et al., (2010), foi isolado o poliacetileno Gymnasterkoreayne (GKB) da espécie Gymnaster koraiensis, uma planta endêmica Coreana, o qual demonstrou efeitos quimiopreventivos em ensaios in vitro e in vivo, 41 através de enzimas de desintoxicação, resultando na proteção de células do estresse oxidativo e hepatotoxicidade. O interesse por produtos naturais marinhos tem aumentado nos últimos tempos. Uma espécie de interesse farmacológico é a esponja marinha Petrosia sp. Segundo Kim et al (2002), o poliacetileno Dideoxypetrosynol A isolado deste organismo apresentou significativa citotoxicidade sobre diversas células tumorais humanas. Evidenciou-se que este poliacetileno inibiu a replicação do DNA, predominantemente no seu estágio inicial de replicação. O poliacetileno isolado do extrato clorofórmico das folhas de Crithmum maritimum denominado falcarindiol, amplamente distribuído na família Apiacea, demonstrou atividade contra Micrococcus luteus e Bacillus cereus. Também apresentou atividade citotóxica em células IEC-6 (células epitélio intestinal de rato) após exposição por 48 horas. Estes estudos sugeriram que Crithmum maritimum pode ser potencialmente utilizado em fábricas de produtos alimentares e cosmetologia como agentes conservantes e biopesticidas, ou na medicina como novos antibióticos (DUROS et al., 2010). Aralia nudicaulis, uma planta medicinal canadense conhecida como salsaparilha selvagem, é utilizada para muitas doenças como a tuberculose. Gray e colaboradores (2012) investigaram o extrato aquoso desta planta isolando dois poliacetilenos, o (3R)-falcarinol e (3R, 9R, 10S)-panaxidol, que apresentaram significativa atividade contra a Mycobacterium tuberculosis H37Ra. A Panax ginseng, tem sido fonte de inúmeras substâncias inclusive poliacetilenos. Suas raízes são usadas popularmente no Japão, China e Korea devido ao efeito tônico. Dois novos poliacetilenos, o 1-hidroxidihidropanaxacol e o 17-hidroxipanaxacol foram isolados e investigados da Panax ginseng, apresentando atividade antimicrobiana frente a Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis, Cryptococcus neoformans e Aspergillus fumigatus (ORIHARA et AL., 2012). O fracionamento do extrato n-hexano de raízes de Echinacea pallida levou ao isolamento de dois poliacetilenos, mostrando que o poliacetileno mais hidrofóbico apresentou atividade moderada frente às células de adenocarcinoma do pâncreas (PELLATI, 2006). Buskühl (2009) isolou e caracterizou o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan2(5H)-ona (Figura 8) a partir da fração diclorometano obtida pelo fracionamento do extrato hidroalcoólico obtido de flores e folhas da V. scorpioides. Deste foi 42 investigado o potencial antitumoral e genotóxico em várias linhagens celulares, observando resultados significantes. O mesmo poliacetileno demonstrou uma diminuição da viabilidade celular frente às células B16F10 após exposição de 24 horas, demonstrando um processo necrótico, juntamente com o apoptótico. Entretanto ficou evidenciado que o poliacetileno apresentou maiores índices de apoptose, apesar de não ser exclusivo. Devido aos dados promissores o interesse pelo estudo do mecanismo de ação do poliacetileno e seu possível efeito antineoplásico cresceu. Deste modo, neste trabalho os estudos farmacológicos in vitro e in vivo do composto isolado de Vernonia scorpioides o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona foi avaliado, demonstrando sua atividade citotóxica, como indicativo de propriedade antitumoral, bem como estudos iniciais in vivo, possibilitando evidenciar mecanismos de ação e seu efeito antitumoral. Figura 8. Poliacetileno isolado de V. scorpioides PM: C12H8O2 PM: 184 g/mol 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona Fonte: BUSKUHL et al., 2009. 43 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Material vegetal: composto isolado O poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, obtido das partes aéreas da espécie Vernonia scorpioides, foi gentilemente cedido pela Dra. Maique W. Biavatti, Universidade Federal de Santa Catarina. Foi preparado na concentração de 1mg/mL em PBS 0,1 M pH 7,4 contendo 1% de DMSO e posteriormente diluído no mesmo solvente (DMSO) em fluxo laminar. 4.2 Ensaios in vitro 4.2.1 Linhagens celulares As linhagens celulares utilizadas foram B16F10 (melanoma murino), PC3 (câncer de próstata humano), LNCaP (câncer de próstata humano), H1299 (carcinoma de pulmão humano), OVCAR (adenocarcinoma de ovário humano), NCI (câncer de pulmão), MCF-7 (adenocarcinoma de mama humano), U138MG (adenocarcinoma cervical humano), VW473 (meduloblastoma humano), HELA (adenocarcinoma cervical), T84 (adenocarcinoma cólon humano), HOS (osteosarcoma humano), MG63 (osteosarcoma humano), NK562 (natural Killerleucêmia sensível), KG1 (mielóide humano), HL60 (leucemia promielocítica humana), NB4 (leucemia promielocítica aguda humana), RAMOS (linfoma humano de Burkitt’s), RAJI (linfoma humano de Burkitt’s), U937 (Leucemia linfoma monocitico humano), JURKAT (leucemia/linfoma das células T), MOLT4 (leucemia linfoblastica aguda humana), NALM6 (leucemia linfoblástica aguda humana), B15 (leucemia linfoblastica aguda humana), RS4 (leucemia aguda humana) e CMNH linfócitos não tumorais. As células foram cultivadas em meio MEM ou RPMI 1640 (Gibco-BRL) suplementadas com 10% de soro fetal bovino inativado (Gibco), contendo 1% de uma solução de antibióticos (Gibco) (5mg/mL de penicilina, 5mg/mL de streptomicina e 10mg/ml de neomicina), 2 mM L-Glutamina (Glutamax-Gibco) and piruvato de sódio (Gibco). As células foram mantidas em estufa CO2 5% a 37°C. 44 4.2.1.1 Obtenção das células mononucleares humanas normais As CMHN foram obtidas por separação em gradiente de densidade conforme método descrito por Boyum (1968) e modificado por Boyum (1976). O sangue venoso foi coletado assepticamente a vácuo em tubos estéreis contendo heparina sódica. Os tubos foram centrifugados a 1500 rpm durante 5 minutos à temperatura ambiente (Fanem, modelo 206-BR Exelsa Baby II, São Paulo, SP, BRASIL). A interface entre os eritrócitos e o plasma contendo os leucócitos foi colhida e diluída a 1:2 com tampão salina fosfato estéril 0,1M, pH7,4 (PBS). Esta suspensão celular foi depositada lentamente sobre o gradiente de densidade Ficcoll Paque™ (densidade de 1,077, Amersham Biosciences, Uppsala, Suécia). Após centrifugação a 3000 rpm durante 15 minutos em temperatura ambiente, foi removido o anel de células mononucleares formado sobre o Ficcoll Paque™ e a segunda centrifugação a 1000 rpm por 5 minutos para retirada das plaquetas. O precipitado celular resultante foi ressuspenso em 1 mL de meio de cultura RPMI suplementado e quantificado em câmara de Neubauer, sendo avaliada simultaneamente a viabilidade celular pelo teste de exclusão com Azul de Tripan a 0,4% em PBS (Sigma). Somente foram utilizadas suspensões celulares com viabilidade superior a 90%. 4.2.1.2 Cultura de Células Os testes com a linhagem celular B16F10 obtida a partir de melanoma de pele de camundongos (Mus musculus C57BL/6J) (BCRJ CR010) e células mononucleares normais humanas foram realizados no laboratório de Farmacologia in Vitro (Laboratório de cultivo celular animal) da UNIVALI. Os testes com as linhagens celulares de tumores sólidos humanos e leucemias humanas foram realizados no Centro Integrado de Pesquisa Oncológica da Infância (CIPOI), UNICAMP com a colaboração de Alexandre Nowill e Gilberto Carlos Franchi Junior. As linhagens celulares foram cultivadas a 37o C 5% CO2 em meio MEM ou RPMI 1640 (Gibco-BRL) suplementado com Soro Fetal Bovino (Gibco) a 10% já estéril, inativado e filtrado em fluxo laminar, e 1% de mistura de antibióticos (Gibco 15640) sendo 5mg/mL de penicilina, 5mg/mL de estreptomicina e 10mg/ml de neomicina e 45 antifúngico (Gibco) (250 μg/ml), 2mM de L-glutamina (Ajinomotto) e piruvato de sódio (Gibco) para as linhagens leucêmicas e de tumores sólidos humano. As células foram descongeladas rapidamente em banho-maria a 37˚C e transferidas para garrafas de cultivo celular, em meio de cultura apropriado e devidamente suplementado como descrito acima, e mantidas a 37º C, com 5% de CO2. O meio de cultura MEM foi trocado a cada 2 dias até uma confluência de 8090% das células na garrafa, sendo então realizado o procedimento de tripsinização. As células foram lavadas com PBS 0,1 M pH 7.4. Posteriormente, foi adicionado 1 mL de tripsina (0,25% tripsina,0.038% EDTA) seguido de incubação em estufa a 37ºC/, 5% de CO2, por no máximo 10 minutos.. A atividade da tripsina foi inativada com meio MEM contendo 10% de soro fetal bovino e íons Mg ++ e Ca++, seguido de transferência das células para um tubo falcon de 15 mL, centrifugação a 1000 xg/10 min a 10oC, descarte do sobrenadante e ressuspensão em meio MEM suplementado e transferências em um “split” de 1:3 a 1:6. 4.2.1.3 Determinação da viabilidade Celular pela exclusão do corante azul de tripan Para a avaliação da viabilidade celular foi utilizado o corante azul de tripan diluído em PBS (0,4%). Após tripsinização as células foram ressuspendidas em meio MEM e adicionado azul de tripan a 0,4% com posterior contagem em câmara de Neubauer através de microscópio óptico em aumento de 400X, avaliando-se o número de células vivas (não coradas) e mortas (coradas). A viabilidade celular foi determinada utilizando-se a seguinte equação: 46 4.2.1.2.1 Ensaios de Citotoxicidade (MTT) Na figura 9 tem-se o esquema de metabolização do MTT em sais de formazan em células viáveis, que em meio biológico ocorre através da enzima mitocondrial succinato desidrogenase. A citotoxicidade nas células foi determinada pelo teste MTT (3-[4,5-dimetiltiazol-2-il]-2,5-difeniltetrazolio brometo) (Sigma). O MTT (sal de tetrazólio) é convertido em sal de formazan, em células vivas, principalmente pela atividade da succinato desidrogenase mitocondrial, formando uma coloração azulada (sal de formazan) (MOSMANN, 1983). Figura 9. Esquema representando a metabolização do MTT. Fonte: Roche, 2008. Os testes de citotoxicidade das células tumorais PC3, LNCAP, H1299, OVCAR, NCI, T84, MCF-7, U138MG, VW473, HELA, HOS e MG63 e células leucêmicas K562, KG1, HL60, NB4, RAMOS, RAJI, RS4, JURKAT, MOLT4, NALM6, B15 e U937 foram realizados no Centro Integrado de Pesquisa Oncológica da Infância (CIPOI), UNICAMP com a colaboração de Alexandre Nowill e Gilberto Carlos Franchi Junior. Os demais experimentos foram realizados no laboratório de cultivo celular animal da UNIVALI. Os ensaios foram realizados em triplicata de experimentos independentes, em quadruplicata para cada tipo celular por experimento. As células foram plaqueadas, em placas de 96 poços, a 1.104 células/poço e incubadas com 200 L de meio MEM suplementado por 24h a 37C em 5% CO2. Posteriormente, o meio foi removido e substituído por 180 μL de meio MEM ou RPMI suplementado e foram adicionadas 20 μL da substância teste em diferentes concentrações (0,054; 0,54; 5,4; 54 e 543 μM), dos fármacos paclitaxel (0,01; 0,1; 1; 10 e 100 µM), doxorubicina (0,01; 0,1; 1; 10 e 47 100 µM), daunorubicina (0,01; 0,1; 1; 10 e 100 µM) e do controle negativo (meio de cultura com SFB contendo 1% de DMSO) e incubadas por 48h ( células leucêmicas) e 24h (células tumorais) a 37ºC em estufa CO2 5%. Após este tempo foi retirado o meio e adicionado 180 L de MEM sem SFB e 20 L de MTT (5 mg/mL) e foram novamente incubadas por 4h a 37ºC em 5% CO2. O meio, juntamente com o MTT, foi retirado e os cristais de formazan insolúveis foram dissolvidos em 100 L de DMSO 1%. A determinação da absorbância foi realizada em leitor de microplaca a 570 nm (MOSMANN, 1983). A viabilidade relativa das células relacionadas ao controle sem as substâncias testes foi calculada conforme equação abaixo. A utilização dos fármacos antitumorais na avaliação da viabilidade celular foi realizada para fins comparativos em relação ao composto isolado. 4.2.1.2.2 Ensaio de citotoxicidade (XTT) A citotoxicidade das CMHN foi avaliada pelo teste XTT (2,3-bis (2- metil-4nitro-5-sulfofenil) – 5-[(fenilamino) carbonil] – 2H- hidróxido de tetrazólio) (Figura 11). Neste teste, o XTT sofre redução pela atividade da desidrogenase mitocondrial das células vivas e é convertido em sal formazan solúvel em água permitindo a quantificação da coloração formada em espectrofotômetro (MARSHALL; GOODWIN; HOLT; 1999). Este ensaio apresenta a vantagem de não necessitar do processo de solubilização, permitindo leituras de absorbância direta, uma vez que as CMHN crescem em suspensão. Além disto, há redução do tempo e risco de erros no procedimento. Quando o XTT é associado ao metassulfato de fenazina apresenta maior sensibilidade e maior faixa dinâmica do método de citotoxicidade, devido ao acoplamento de elétrons causados pelas enzimas oxirredutases de membrana (MARSHALL; GOODWIN; HOLT, 1999). Após a obtenção das CMHN, foram plaqueados 180 µL da suspensão celular, mantida em meio RPMI e suplementado com 10% SFB (GIBCO), antibióticos PSN (Gibco, 5mg/mL de penicilina, 5mg/mL de estreptomicina e 10 mg/ml de neomicina) e antifúngico (Gibco, anfotericina 250µg/ml), 2mM de L-glutamina estéril (Ajinomoto), 48 em placas de 96 poços a uma densidade celular de 1,5.10 5 células/poço e adicionadas 20µL do composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona em diferentes concentrações (0,054; 0,54; 5,4; 54 e 543μM) do controle positivo triton X100 a 1% e do paclitaxel ( 0,1;1;10 e 100µM) e do controle negativo (meio RPMI sem SFB contendo 1% de DMSO), mantidas por 44 horas a 37˚C em 5% de CO2. Após foi adicionado 20µl de XTT (3mg/mL) com metassulfato de fenazina 1%, previamente diluída em PBS estéril e incubadas por mais 4h a 37ºC em 5% CO2 para a formação dos cristais de formazan. A determinação da absorbância foi realizada em leitor de microplaca a 492nm e referência a 690nm. A viabilidade relativa das células relacionadas ao controle sem o composto foi calculada utilizando a equação abaixo: Figura 10. Esquema representando a metabolização do XTT. Fonte: Roche, 2008 4.2.2 Avaliação do processo de morte celular por microscopia de fluorescência 4.2.2.1 Análise através dos corantes brometo de etídeo e diacetato de fluoresceína Para confirmação dos dados obtidos no ensaio de citotoxicidade as células de melanoma murino B16F10 foram plaqueadas em placas de 96 poços na concentração de 1.104 células por poço e incubadas com 200 L de meio MEM 49 suplementado por 24 h a 37ºC em estufa CO2 5%. Após este período o meio foi removido e substituído por 180 μL de meio MEM suplementado e foram adicionadas 20 μL do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, com concentrações finais de (0,054; 0,54; 5,4; 54 e 543 μM), do controle positivo Paclitaxel (0,01; 0,1; 1, 10 e 100µM), e do controle negativo (meio MEM com soro fetal bovino e solvente 1% DMSO) sendo mantidas em estufa a 37ºC a CO2 5% por 24, 48 e 72 h. Posteriormente o meio de cultura foi removido e as células foram fixadas com 100 µL de metanol gelado por 10 minutos. O corante diacetato de fluoresceína (5mg/ml) foi diluído em acetona mantido em freezer -20˚C e posteriormente diluído para a concentração de trabalho (1:100). O brometo de etídeo (0,1mg/mL), para a solução final foi adicionado 10 µL de diacetato de floresceína e 1mL de brometo de etídeo conservado em freezer -20˚C e vedado de luz. Após o tempo de incubação o sobrenadante da placa foi removido e adicionado 100 µL de metanol gelado e deixado em geladeira por aproximadamente 10 minutos. Retirado o metanol as células foram hidratadas com 100µL de PBS e posteriormente colocado 100 µL da solução dos corantes. A solução estoque de diacetato de fluoresceína (5mg/mL) foi diluída em uma proporção 1:100 em brometo de etídeo (0,3 mg/mL em PSB estéril) e em seguida incubados por 10 minutos em temperatura ambiente. O sobrenadante foi removido e lavado com 100 µL de PBS estéril para posterior análise morfológica celular. Realizou-se a análise em microscópio de fluorescência (Olympus CKX41SF2, sistema de fluorescência CKX41-RFA e Sistema Olympus Q-color3 de aquisição de imagens, da Olympus Optical Co. Ltd., e filtro de 480 e 520 nm) (NOBRE JUNIOR, 2006). 4.2.2.2 Análise através dos corantes brometo de etídeo e alaranjado de acridina São inúmeras as técnicas designadas para identificar, quantificar e caracterizar os mecanismos de morte celular apoptose e necrose. Podendo analisar as características morfológicas destes mecanismos através da sua coloração, a segunda metodologia empregada para avaliar estes mecanismos de morte celular foi realizada com os corantes de alaranjado de acridina e brometo de etídeo. Este método de coloração pelo BE e AA (MCGAHON et al., 1995) permite diferenciar células viáveis daquelas em processo de morte por apoptose ou necrose, 50 através da coloração diferencial por fluorescência dos corantes alaranjado de acridina e brometo de etídeo (0,1 mg/mL). Este método baseia-se na revelação das células controle e tratadas com a coloração por BE e AA no núcleo. O corante AA intercala-se ao DNA, sendo capaz de permear membranas intactas, penetrando em células viáveis e inviáveis emitindo fluorescência verde e fluorescência vermelhoalaranjado. Após ligação com RNA e devido ao seu acúmulo nos lisossomas. Já o corante BE emite fluorescência vermelha depois que intercala no DNA de células com alguma alteração membranar (último estágio de apoptose e necrose). As células viáveis com membrana intacta apresentam núcleo uniformemente corado de verde pelo AA. E como o BE não é capaz de atravessar a membrana íntegra, esta não é marcada ou pouco marcada. As células em apoptose inicial, possuindo a membrana intacta, apresentam manchas verdes brilhantes no núcleo, devido à característica morfológica de condensação da cromatina e não são marcadas por BE; morfologicamente podem-se observar alterações da membrana em decorrência da formação de corpúsculos apoptóticos ou corpos apoptóticos. As células em processo de necrose, com lesão de membrana apresentam um padrão de coloração uniforme, laranja-avermelhada e não ocorre a formação de corpos apoptóticos. (KOSMIDER et al, 2004). Para este teste as células de melanoma murino B16F10 foram plaqueadas em placas de 96 poços na concentração de 1.104 células por poço foram cultivadas por 24 horas mantidas em estufa a 37ºC e CO2 5%, posteriormente incubadas em presença do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, com concentrações finais de (0,054; 0,54; 5,4; 54 e 543 μM), do controle positivo paclitaxel na concentração final de 100 µM e controle negativo (meio MEM com soro fetal bovino) e solvente (1% DMSO) por 2, 6, 12 e 24h a 37ºC a 5% de CO2. O meio MEM da placa foi removido e adicionado 95 µL de meio MEM sem SFB e 5µl de BE e AA (100mg/L PBS). Mantidas em temperatura ambiente por 15 minutos e analisados os resultados quanto ao mecanismo de morte celular. As células foram analisadas usando microscópio de fluorescência (Olympus CKX41SF2, sistema de fluorescência CKX41-RFA e Sistema Olympus Q-color3 de aquisição de imagens, da Olympus Optical Co. Ltd., e filtro de 480 e 520 nm) (NOBRE JUNIOR, 2006). 51 4.2.2.3 Critérios para classificação das células em apoptóticas, necróticas ou viáveis utilizando dupla-coloração Através das análises morfológicas das células tratadas com o poliacetileno, 5octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, realizadas através da coloração por BE e AA para microscopia de fluorescência, foi calculado a porcentagem de células viáveis, apoptóticas e necróticas. As análises para identificação e quantificação de células em processos de apoptose e necrose celular foram realizadas por meio dos parâmetros cor e aspecto morfológico do núcleo, analisando em torno de 50 eventos, além da condensação e fragmentação da cromatina também avaliada. Diferentes padrões celulares podem ser observados e classificados: a) As células vivas possuem seu núcleo verde uniforme (Figura 11a); b) As células necróticas apresentam núcleo avermelhado uniforme (Figura11b). c) Apoptose inicial quando as células ainda possuem suas membranas intactas e, portanto, apresentam núcleo verde, porém não uniformemente corado. Devido a condensações da cromatina, clivagem do DNA e/ou fragmentação nuclear (Figura 11c); d) Apoptose tardia (necrose secundária ou apoptose-necrose) o BE penetra na célula já que ocorre alteração da membrana mantendo o núcleo alaranjado, apresentam condensação da cromatina e fragmentação (Figura 11b ). As células apoptóticas podem ainda apresentar corpos apoptóticos (LEITE et al, 1999.; VERMES et al, 2000.; KOSMIDER et al, 2004). Figura 11. Microscopia de fluorescência de células B16F10 coradas com brometo de etídio e alaranjado de acridina e classificadas em padrões pré-estabelecidos: a) célula viável, b) células em necrose e c) célula em apoptose. Fonte: Autor, 2012 52 4.2.3 Determinação da caspase-3 por ensaio colorimétrico As células B16F10 foram plaqueadas, em placas de 6 poços a 5X106 células/poço e mantidas por 6, 12 e 24h na presença do poliacetileno 5-octa-2,4,6triinil-furan-2(5H)-ona, nas concentrações de 5,4, 54 e 543 µM. Para o controle negativo foi utilizado meio de cultura MEM suplementado e DMSO 1% e para o controle positivo paclitaxel na concentração de 100 μM (KHALILZADEH et al., 2007). Nos tempos determinados de 6, 12 e 24h, as células foram ressuspendidas em 50 μL de tampão de lise e incubadas por 10 minutos em banho de gelo. Após centrifugar a 10000 x g a 4C, por 5 minutos, o sobrenadante corresponde ao lisado (extrato citosólico). A concentração de proteína do lisado celular foi determinada pelo método de Bradford, a fim de estabelecer a mesma concentração de proteínas para todas as amostras e assim determinar a atividade da enzima caspase-3. A determinação da enzima caspase-3 foi preparada em placa de 96 poços conforme as instruções do fabricante, contendo branco, branco com inibidor de caspase-3, controle negativo, controle positivo e o tratamento com o poliacetileno (Chemicon´s Caspase-3 Colorimetric Activity Assay Kits). A presença de caspase 3 no lisado consequentemente produz a p-nitroanilina (pNa) gera coloração, sendo quantificada em 405 nm no leitor de microplacas. Os resultados foram expressos em μM pNa, utilizando uma curva de pNa preparada obtendo a seguinte equação da reta: y= -0,01631+ 0,00325.x, onde y é a absorbância e x a concentraçãp de pNa (r= 0,998). 4.3 Avaliação da atividade antineoplásica do Poliacetileno 4.3.1. Animais Foram utilizados camundongos C57BL/6, machos, com idade entre 1,5 e 3 meses, pesando em média 20-30g, obtidos do Biotério Central da Universidade do Vale do Itajaí. A pesquisa seguiu as normas estabelecidas pela Comitê de Ética no Uso de animais CEUA da Univali. A pesquisa seguiu as normas estabelecidas pelos Princípios Internacionais Orientadores para Pesquisa Biomédica envolvendo Animais, do Conselho de Organização Internacional de Ciências Médicas (GOLDIM, 1997) e foi aprovada pelo CEUA da UNIVALI, protocolo 001/2010 53 Os animais foram distribuídos em grupos contendo 8 camundongos, que foram alojados em gaiolas plásticas, em temperatura controlada (22± 2°C), com ciclo claro/escuro de 12 horas, recebendo dieta comercial e água ad libitum. 4.3.2 Influência sobre crescimento tumoral As células de melanoma da linhagem B16F10 foram inoculadas no dia zero (1x106 volume = 100µL/animal) por via subcutânea no dorso de camundongos C57BL/6 machos (n=8 animais/grupo) de seis semanas de idade. Os animais foram tratados por via i.p com doses diárias do composto Poliacetileno de 5,43 e 54,34µmol/kg, como controle positivo (inoculação de células tumorais e tratamento com salina) e negativo (inoculação de meio MEM suplementado sem células e tratamento com salina), durante 12 dias, iniciando o tratamento quando os tumores se tornaram palpáveis a partir do 14 dia. Ao final do experimento, os animais foram eutanasiados para retirada do tumor, o diâmetro tumoral foi mensurado com auxílio de paquímetro e posterior pesagem para o cálculo da massa tumoral (V) (Figura12). Assim, a atividade antitumoral foi determinada através da redução da massa e volume tumoral sólido gerado. O volume do tumor (mm3) foi calculado de acordo com a fórmula V= [ comprimento x (largura)2 ] / 2. (DEVALAPALLY et al., 2007; KIM et al., 2010). Figura 12. Influência sobre o crescimento tumoral sólido de células de melanoma murino B16F10 em camundongos C57BL/6N. A) grupo controle negativo sem tumor, B) grupo controle negativo com tumor e C) procedimento de tricotomia D) visualização do tumor E) retirada da massa tumoral F) massa tumoral Fonte: Autor, 2012 54 4.3.3 Avaliação do efeito do tumor melanoma B16F10 sobre o peso corporal dos animais O registro do controle de peso dos animais foi realizado no dia zero, no momento do crescimento do tumor palpável e ao fim do experimento. No final do período experimental, os animais foram sacrificados cuidadosamente por deslocamento cervical. Foi realizada a retirada e pesagem dos tumores subcutâneos e dos órgãos coração, baço, rins, fígado e o tumor sólido foram removidos e imediatamente pesados. Os resultados foram expressos em porcentagem do peso dos animais no 7º e último dia de experimento em relação ao peso inicial e da porcentagem dos órgãos em relação ao peso final dos animais. 4.3.4 Avaliação do efeito antimetastático do Poliacetileno sobre o desenvolvimento de metástases pulmonar Para o estudo de metástase pulmonar os animais (n=8 animais/grupo) foram submetidos à inoculação de células de melanoma murino B16F10 na concentração de 1X106 células num volume de 50µL/animal através da injeção intraocular. Os animais foram tratados por via i.p com o composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2(5H)-ona, nas doses de 5,43 e 54,34µmol/kg, controle positivo (inoculação de células tumorais e tratamento com salina), e controle negativo (inoculação de meio MEM suplementado sem células e tratamento com salina), com doses diárias com início no dia 0 (dia da inoculação) até o 12º dia experimental. Depois de 12 dias de tratamento com o Poliacetileno, os animais foram anestesiados com uma solução de hidrato de cloral a 7%. A cavidade toráxica foi dissecada e a perfusão cardíaca foi realizada com solução de PBS e fixador paraformaldeído a 4% (Figura 13). Os pulmões foram coletados e em seguida cortes deste material foram obtidos e as lâminas foram coradas com hematoxilina-eosina conforme item 4.3.7. Os pulmões foram analisados e os pontos de metástase foram enumerados. As lâminas foram analisadas e fotografadas usando o microscópio (Olympus CKX41SF2, sistema de fluorescência CKX41-RFA e Sistema Olympus Q-color3 de aquisição de imagens, da Olympus Optical Co. Ltd., e filtro de 480 e 520 nm, em aumento de 400x, para posterior análise no software EARP onde os pontos metastáticos foram medidos por mm2. 55 Figura 13. Figuras ilustrativas A e B do procedimento de perfusão cardíaca realizada nos animais para retirada dos pulmões e órgãos. As imagens foram capturadas e a análise foi realizada através do analisador de imagens software EARP, com o qual as regiões de pontos metastáticos foram interativamente selecionadas e marcadas para posterior medição em mm2. Através destes parâmetros estabelecidos por Lentini et al., (2000) a área foi calculada através da equação área da metástase / área total x 100. 4.3.5 Avaliação da atividade locomotora utilizando o Modelo do campo aberto (Open Field) A atividade exploratória pode ser analisada pelo modelo de campo aberto (Open Field), objetivando avaliar possíveis efeitos colaterais, como alterações na atividade locomotora, avaliando compostos estimulantes ou depressores do Sistema nervoso central (HO et al., 2002). Este experimento consiste de um círculo de acrílico transparente com 60 cm de diâmetro e borda de 50 cm de altura, com um piso dividido em 12 quadrantes (Figura 14). O número de quadrantes cruzados com as quatro patas foi quantificado durante o tempo de 6 minutos. Os animas foram avaliados no sétimo dia de tratamento com o composto poliacetileno 5-octa-2,4,6triinil-furan-2(5H)-ona, nas 5,43 e 54,34 µmol/kg nos modelos experimentais de tumor sólido e metástase induzido pelas células de melanoma murino B16F10. 56 Figura 14. Modelo do campo aberto (Open Field) Fonte: Autor , 2012 4.3.6 Modelo de avaliação de hipernocicepção mecânica através do monofilamento de Von Frey Para avaliar individualmente em a nocicepção compartimentos mecânica de os acrílico animais foram transparente colocados (9x7x11cm), organizados em uma plataforma de arame elevada para permitir o acesso à superfície ventral das patas traseiras (Figura 15). Os animais foram mantidos nos compartimentos por pelo menos 30 minutos para aclimatação antes da realização dos testes. A frequência de resposta de retirada foi obtida através de 10 aplicações de 1 segundo cada, do filamento de Von Frey 0,6g (VFH, Stoelting, Chicago, USA). Os estímulos foram realizados na superfície plantar da pata direita. Neste modelo apenas os animais do modelo de metástase pulmonar foram avaliados (QUINTÃO et al., 2005). 57 Figura 15. Foto ilustrativa da plataforma de arame elevada para avaliação mecânica utilizando o monofilamento de Von Frey Fonte: Autor, 2012 4.3.7 Avaliação histológica Foi avaliada a presença ou não de metástases pulmonares a partir da leitura de cortes histológicos obtidos através da inclusão total do órgão. Foram preparadas lâminas em número suficiente para que todo o pulmão fosse mostrado, variando de duas a três em corte seriado. Os cortes foram feitos em micrótomo rotativo (American Optical 820®) com navalhas descartáveis, com 4 µm de espessura e corados pela técnica de hematoxilina-eosina (HE). As lâminas foram fotografadas e avaliadas no programa EARP para posterior cálculo da porcentagem relativa de nódulo metastáticos em cada pulmão. Foram avaliadas no ensaio toxicológico as alterações morfológicas dos órgãos retirados como fígado, pulmão, rim e baço. Foram preparadas lâminas em número suficiente para que todo o órgão fosse mostrado, variando de duas a três. Os cortes foram feitos em micrótomo rotativo (American Optical 820®) com navalhas descartáveis, com 4 µm de espessura e corados pela técnica de hematoxilina-eosina (HE). 4.3.8 Avaliação da Toxicidade aguda in vivo Para avaliação da toxicidade do composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2(5H)-ona, os animais camundongos C57BL6 machos (n=6 animais/grupo) de seis semanas de idade foram submetidos ao tratamento via i.p do mesmo durante 12 dias, nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg como controle negativo (tratados com 58 salina). Ao final do experimento, os animais foram eutanasiados por deslocamento cervical e retirados os órgãos, fígado, rins e baço para posterior análise histológica com o objetivo de identificar alterações morfológicas devido ao tratamento. 4.4 Análise estatística Os resultados dos experimentos in vitro e in vivo foram expressos por média, ± desvio padrão, analisados de forma independentes. Os ensaios in vitro foram analisados por ANOVA seguido de Tukey-Kramer. A CI50 foi determinada pelo método de linearização de PROBITOS das viabilidades celulares em função da concentração ou aproximada através da regressão sigmoidal utiizando software Origin 5.0, para os experimentos com células, utilizando-se em função do log das concentrações aplicadas***p<0, 001ANOVA seguido de TUKEY. Os dados in vivo foram analisados por ANOVA de uma via seguida pelos testes de Dunnet e Newman-Keuls. O nível de significância foi de p<0,05. Todas as análises citadas foram realizadas utilizando o software GraphPad Instat® ou GraphPad PRISM (VIEIRA, 1991). 59 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Avaliação da viabilidade celular A avaliação da citotoxicidade foi realizada, em princípio para relacionar a atividade citotóxica do composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, em linhagens células tumorais e não tumoral. Em testes onde foi observada uma relação dose-resposta da citotoxicidade, foi determinada a concentração letal ou inibitória em cinqüenta porcento das células (CI50). Inicialmente foi realizado um ensaio de citotoxicidade em células B16F10 nos tempos de 24, 48 e 72 horas, utilizando o composto isolado poliacetileno (Figura 16). Foi observada uma relação citotóxica dose dependente para o poliacetileno 5-octa2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona em todos os tempos de incubação. Após 24 horas de incubação, o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, foi capaz de reduzir de maneira dependente da dose a viabilidade celular, com redução de 7,4 a 96,5 % com CI50 de 17,39 ± 3,26 µM (Figura 16A). Em 48 horas de incubação o composto também reduziu de forma dose dependente a viabilidade celular, com redução de 11 a 95,5% e CI50 de 18,47 ± 19,02 µM (Figura 16B), já no tempo de 72 horas a redução da viabilidade celular teve um decréscimo, reduzindo de 55 a 75% a viabilidade celular a partir da dose de 54 µM e CI50 de 41,30 ± 6,52 µM (Figura 16C). Não houve diferença significativa dos tempos de 48 e 72 horas, mesmo sendo observado um aparente decréscimo no efeito citotóxico. Os resultados de citotoxicidade foram semelhantes aos obtidos com Paclitaxel a 100 µM (98,3% de redução da viabilidade celular). A seguir imagens das células de melanoma B16F10 após tratamento com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona (Figura 17). 60 Figura 16. Viabilidade das Células B16F10 expostas ao poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)ona. (A) 24 (B) 48 e (C) 72 horas de incubação, como controle negativo meio MEM +DMSO 1% (O) e como controle positivo (C+) o Paclitaxel a 100µM. Gráfico representado por média ± desvio padrão.**p< 0,01 ***p<0,001 ANOVA, post-test TUKEY. A 100 50 *** *** 54 3 54 5, 43 0, 54 C 0 *** c+ Viabilidade Celular (%) 150 Concentração (M) B 100 50 *** *** 54 3 54 5, 43 0, 54 C 0 *** c+ Viabilidade Celular (%) 150 Concentração (M) C 150 100 ** 50 ** *** Concentração (M) c+ 54 3 54 5, 4 0, 54 0 C Viabilidade Celular (%) 200 61 De acordo com os dados obtidos, foram selecionadas algumas linhagens celulares para avaliar o potencial citotóxico do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan2(5H)-ona, assim dando continuidade aos ensaios de citotoxicidade. Nas tabelas 1 e 2 tem-se representada as respostas citotóxicas nos modelos celulares tumorais (PC3, LNCAP, H1299, OVCAR, NCI, T84, MCF-7, U138MG, VW473, HELA, HOS e MG63), leucêmicos (K562, KG1, HL60, NB4, RAMOS, RAJI, RS4, JURKAT, MOLT4, NALM6, B15 e U937) e (CMNH), comparando os resultados da concentração inibitória da viabilidade celular em cinqüenta por cento das células (CI50) do composto isolado poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona. Tabela 1. Concentração inibitória da viabilidade celular em cinquenta porcento das células (CI 50) das células PC3, LNCAP, H1299, OVCAR, NCI, MCF7, U138MG, VW473, HELA, T84, HOS E MG63 expostas por 24 horas ao poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona nas concentrações de 0,054 a 543µM e a Doxorubicina nas concentrações de 0,01 a 100µM. Tabela representada por média ± desvio padrão. post-test TUKEY. Linhagens celulares tumorais Composto isolado Poliacetileno Fármaco Doxorubicina IC50µM IC50µM PC3 17,22 ± 2,17 4,22 ± 0,24 LNCAP 20,16 ± 2,5 3,15 ± 0,65 H1299 17,17 ± 0,81 8,87 ± 1,53 OVCAR 41,52 ± 11,14 2,20 ± 1,12 NCI 17,88 ± 0,87 12,84 ± 0,96 MCF7 39,18 ± 2,93 12,60 ± 2,15 U138MG 26,25 ± 1,30 1,82 ± 0,95 VW473 21,46 ± 2,17 4,63 ± 2,36 HELA 38,04 ± 4,61 5,01 ± 0,76 T84 19,29 ± 1,41 18,51 ± 0,62 HOS 20,54 ± 3,09 1,79 ± 0,22 MG63 17,98 ± 2,22 0,79 ± 0,06 As linhagens celulares acima foram expostas por 24 horas ao 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona (0,054-543 µM) e Doxorubicina (0,01-100µM). Sem eguida a viabilidade celular foi avaliada pelo ensaio do MTT. Os valores representam a média ± DP da concentração da substância capaz de manter 50% das células vivas (IC50) obtidos de 3 experimentos independentes, cada um realizados em triplicata. 62 Tabela 2. Concentração inibitória da viabilidade celular em cinquenta porcento das células (CI 50) das células leucêmicas K562, KG1, HL60, NB4, RAMOS, RAJI, RS4, JURKAT, MOLT4, NALM6, B15 e U937 e células normais CMNH, expostas por 48 horas ao poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)ona nas concentrações de 0,054 a 543µM e a Daunorubicina nas concentrações de 0,01 a 100µM. Tabela representada por média ± desvio padrão. post-test TUKEY. Linhagens celulares leucêmicas Composto isolado Poliacetileno Fármaco Daunorubicina IC50µM IC50µM NK562 25,10 ± 3,31 0,36 ± 0,24 KG1 25,16 ± 1,19 0,57 ± 0,01 HL60 15,43 ± 0,76 0,24 ± 0,01 NB4 13,42 ± 1,73 0,19 ± 0,03 RAMOS 12,77 ± 0,59 0,57 ± 0,05 RAJI 23,91 ± 6,79 0,11 ± 0,03 U937 14,72 ± 4,40 0,32 ± 0,01 JURKAT 12,66 ± 0,59 0,13 ± 0,07 MOLT4 18,96 ± 1,84 0,07 ± 0 NALM6 4,40 ± 0,21 0,03 ± 0,01 B15 17,71 ± 1,30 0,07 ± 0 RS4 15,32 ± 0,76 0,38 ± 0 CMNH (normais) >100 Não avaliado As linhagens celulares acima foram expostas por 48 horas ao 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona (0,054-543 µM) e Daunorubicina (0,01-100µM). Sem eguida a viabilidade celular foi avaliada pelo ensaio do XTT. Os valores representam a média ± DP da concentração da substância capaz de manter 50% das células vivas (IC50) obtidos de 3 experimentos independentes, cada um realizados em triplicata. A atividade citotóxica do composto frente às células tumorais PC3, H1299, MG63, NCI mantidas em contato com o composto por 24 horas, foi considerada significativa (Tabela 1), sendo que na maior concentração (543µM) o composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, provocou a morte celular, diminuindo, respectivamente, 87%, 85%, 84% e 86% a viabilidade celular, no entanto nas demais linhagens a atividade citotóxicica do composto foi menor. Nas células leucêmicas tratadas com o composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan2(5H)-ona por 48 horas, os resultados também mostraram-se promissores (Tabela 2) sendo que na linhagem NB4, RAMOS, JURKAT e NALM6, na concentração de 543µM a redução da viabilidade celular foi de respectivamente 91%, 93%, 84% e 81%. Apesar da citotoxicidade apresentada nestas linhagens celulares pelo poliacetileno, o resultado da viabilidade celular das CMNH, apresentou baixa atividade citotóxica (Tabela 2). 63 5.1.2 Avaliação da morte celular por microscopia de fluorescência 5.1.2.1 Brometo de etídeo e diacetato de fluoresceína Os resultados do ensaio de citotoxicidade foram monitorados por microscopia de fluorescência nas células de melanoma murino B16F10 utilizando os corantes vitais brometo de etídeo e diacetato de fluoresceína, como controle negativo (meio MEM sem SFB) e positivo (Paclitaxel 100 µM). As imagens das células foram fotografadas e estão demonstradas detalhadamente nos apêndices A e B, confirmando os resultados do ensaio de citotoxicidade celular por MTT. 5.1.2.2 Brometo de etídeo e alaranjado de acridina O método de microscopia de fluorescência utilizando os corentes BE e AA, foi utilizado para a melhor caracterização de morte celular por apoptose precoce e tardi e necrose. A avaliação da atividade citotóxica, visando o possível mecanismo de morte celular da linhagem B16F10 do composto isolado poliacetileno 5-octa-2,4,6triinil-furan-2(5H)-ona, controle negativo e utilizando como controle positivo o fármaco paclitaxel foi determinada usando a combinação destes dois corantes, o BE e AA. O experimento foi realizado nos tempos de exposição de 2, 6, 12 e 24 horas, com diferentes concentrações da substância testada nas células tumorais B16F10. As imagens da avaliação do processo de morte celular por microscopia de fluorescência das células B16F10 marcadas com BE e AA encontram-se nas Figuras 17, 18, 19, 20, 21 e 22. De acordo com as imagens pode-se sugerir a apoptose como o mecanismo de morte celular mais expressivo desde as primeiras horas de contato com o composto, apresentando condensação da cromatina bem como formação de corpos apoptóticos e fragmentação do DNA. Mesmo em menor proporção também pode-se observar células em processo necrótico. Nas tabelas 3 e 4 a porcentagem de eventos apoptóticos e necróticos foi calculada através da análise quantitativa morfológica de um campo de células, onde 50 células foram contadas e caracterizadas. 64 No tratamento com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona na concentração de 5,43µM no tempo de 24 horas (Figura 17d) é clara a alteração morfológica das células, apresentando fragmentação nuclear, dando indícios de um processo apoptótico. Figura 17. Efeitos do composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, na concentração de 5,43µM, na morfologia das células de melanoma murino B16F10. Corantes AA(0,01mg/mL) e BE (0,01mg/mL). Período de incubação 2,6,12 e 24 horas. Excitação de BP460-490nm, Filtro BA520nm. Aumento de 400x. (FR) Fragmentação nuclear Nos tempos de 2 e 6 horas na concentração de 54µM (Figura 18 a,b) é possível observar o processo de apoptose tardia observando as alterações morfológicas característicos onde a cromatina se fragmenta e os dois corantes se intercalam, visivelmente no tempo de 6 horas, onde as células em apoptose tardia dividem espaço com células em processo de necrose. Nos tempos de 12 e 24 horas a morfologia característica indica inúmeros eventos apoptóticos, a porcentagem de células apoptóticas é de respectivamente 87% e 75% (Tabela 3). Podemos observar o padrão morfológico e de coloração (Figura 18 d) fluorescência verde e fragmentação nuclear representativo de apoptose precoce. Em contrapartida, podemos notar os padrões de apoptose tardia onde vemos núcleos com cromatina fragmentada (Figura 18a) e coloração vermelha fluorescente (BE) e necrose apresentando núcleo normal e coloração vermelha fluorescente (Figura 18b). 65 Figura 18. Efeitos do composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, na concentração de 54 µM, na morfologia das células de melanoma murino B16F10. Corantes AA (0,01mg/mL) e BE (0,01mg/mL). Período de incubação 2, 6,12 e 24 horas. Excitação de BP460-490nm, Filtro BA520nm. Aumento de 400x. (AT) Apoptose tardia (N) Necrose. De acordo com a Figura 19 onde as células foram expostas a concentração de 543µM do composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, todos os tempos apresentam a apoptose como o mecanismo de morte celular predominante, com uma redução significatica na quantidade de células no campo. Sua atividade pode ser comparada ao Paclitaxel utilizado como controle (Figura 20). É possível observar que nas primeiras horas de contato com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2(5H)-ona, o processo necrótico é visível,bem como apoptose tardia onde os corantes se intercalam, no entanto após 24 horas o composto apresentou morte celular predominantemente apoptótica. Figura 19. Efeitos do composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, na concentração de 543 µM, na morfologia das células de melanoma murino B16F10. Corantes AA (0,01mg/mL) e BE (0,01mg/mL).Período de incubação 2,6,12 e 24 horas. Excitação de BP460-490nm, Filtro BA520nm. Aumento de 400x. 66 Figura 20. Efeitos do fármaco Paclitaxel utilizado como controle positivo na concentração de 100 µM, na morfologia das células de melanoma murino B16F10. Corantes AA (0,01mg/mL) e BE (0,01mg/mL). Período de incubação 2,6,12 e 24 horas. Excitação de BP460-490nm, Filtro BA520nm. Aumento de 400x. Na Figura 21 pode-se evidenciar que as células B16F10 expostas somente com meio de cultura MEM+DMSO 1% utilizado como controle negativo do experimento, estão viáveis em todos os tempos analisados. Figura 21. Imagens do controle negativo meio MEM+DMSO 1%, na morfologia das células de melanoma murino B16F10. Corantes AA (0,01mg/mL) e BE (0,01mg/mL). Período de incubação 2,6,12 e 24 horas. Excitação de BP460-490nm, Filtro BA520nm. Aumento de 400x. 67 Tabela 3: Tabela demonstrativa da porcentagem de apoptose apresentada pelo poliacetileno 5-octa2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona no processo de morte celular através da marcação de morte celular com Alaranjado de Acridina e Brometo de Etídeo na linhagem celular B16F10. Poliacetileno O O 2h Linhagem Celular B16F10 6h 12h 24h (concentrações) 543µM 100% 100% 100% 100% 54µM 84% 50% 67% 100% 5,4µM 79% 75% 87% 75% 0,543µM 65% 69% 80% 70% 0 0 0 0 44% 50% 45% Controle negativo Paclitaxel 100µM 51% 68 Tabela 4: Tabela demonstrativa da porcentagem de necrose apresentada pelo poliacetileno 5-octa2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona no processo de morte celular através da marcação de morte celular com Alaranjado de Acridina e Brometo de Etídeo na linhagem celular B16F10. Poliacetileno O O 2h Linhagem Celular B16F10 6h 12h 24h (concentrações) 543µM 0 54µM 16% 5,4µM 21% 0,543µM 0 0 0 33% 0 25% 13% 25% 35% 31% 20% 30% 0 0 0 0 56% 50% 55% 50% Controle negativo Paclitaxel 100µM 49% 69 5.2 Determinação da caspase-3 por ensaio colorimétrico A quantificação da caspase 3, uma enzima efetora pertencente às duas vias de ativação apoptótica, foi realizada nas células tumorais B16F10 utilizando o composto isolado poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona que, devido aos resultados anteriores demonstrou ser uma substância com indício de morte celular apoptótica. Podemos observar na Figura 22 que no tempo de 6 horas houve aumento da pNa quando as células B16F10 foram expostas a 100µM de Paclitaxel comparado ao controle negativo. Pode-se observar que na concentração de 543µM do poliacetileno 5-octa2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, ocorre um aumento da pNa, ou seja, um aumento da caspase 3, já nos tempos de 12 e 24 horas não foi possível observar as mesmas alterações na concentração de pNa. Figura 22. Quantificação da p-nitro aniline (pNa) mmol/L formada nas células tumorais B16F10em presença do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona. Utilizando meio de cultura MEM para controle negativo e Paclitaxel como controle positivo com tempo de exposição de 6h. As barras são expressas pela média ± desvio padrão. *p<0,05**p<0,01***p<0,001 ANOVA seguido de TUKEY. 80 pNa (mmoL/L) p<0,001 p<0,001 60 p<0,001 p<0,001 40 20 0 Inibidor Caspase 0 5,4 54 543 543 c+ c+ - - - - + - + 70 5.3 Avaliação da atividade antineoplásica do poliacetileno in vivo 5.3.1 Influência sobre o crescimento tumoral As células de melanoma murino B16F10 foram injetadas no dorso dos animais e, em média, 14 dias após pode-se observar os tumores macroscopicamente. Na figura 25 tem-se o gráfico do peso da massa tumoral dos camundongos após o tratamento com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)ona nas doses de 5,43 e 54,34µmol/kg. Figura 23. Efeito do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg sobre o peso da massa tumoral dos camundongos C57BL/6N induzidos ao crescimento de tumor sólido por células de melanoma murino B16F10. As barras representam a média ± desvio padrão do peso do tumor de 8 animais por grupo. p< 0,001 ANOVA seguido de TUKEY. p< 0,001 Massa tumoral (g) 15 10 5 *** 0 C 54,34 5,43 Poliacetileno (mol/kg,i.p) Na figura 23 o gráfico representa o peso da massa tumoral dos camundongos após tratamento com o composto nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg, apresentando redução ativa (p< 0,001) de 65,6± 18,9% e 80 ± 15,95% do tamanho tumoral promovido por células B16F10 em ambas as doses quando comparadas com o controle negativo (C). Na figura 24 o gráfico mostra o volume tumoral (mm3), onde os tumores foram medidos com um paquímetro e analisou-se a redução do volume tumoral nos camundongos tratados com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, nas 71 doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg, apresentando significância de p < 0,05 para a concentração de 54,34 µmol/kg comparado com o controle (C). Figura 24. Efeito do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg sobre o volume tumoral dos camundongos C57BL/6N induzidos ao crescimento de tumor sólido por células de melanoma murino B16F10. A barra foi expressa pela média ± desvio padrão de 8 animais por grupo. p<0,05 ANOVA seguido de TUKEY. * Volume tumor (mm3) 5 4 3 2 1 0 C 5,43 54,34 Poliacetileno (mol/kg,i.p) 5.3.2 Avaliação do efeito do tumor sobre o peso corporal dos animais O peso corpóreo dos animais foi acompanhado a partir da data de início do tratamento, quando o tumor já está palpável. Do peso corporal total foi subtraído o valor da massa tumoral resultando no valor do peso real dos animais (g). A porcentagem do peso dos animais no 7º dia de tratamento, no último dia de tratamento em relação ao peso inicial e porcentagem dos órgãos em relação ao peso final corporal dos camundongos C57BL/6, após tratamento com o composto isolado poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg estão descritos na tabela 5 abaixo. 72 Tabela 5. Porcentagem do peso dos animais no 7º. e último dia de experimento em relação ao peso inicial e porcentagem dos órgãos em relação ao peso final de camundongos C57BL/6N, após administração do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg %Peso 7º dia %Peso final Coração (%) Baço (%) Rins (%) Fígado (%) C negativo 100 sem tumor 98,54± 8,07 91,32 ± 15,05 0,67 ±0,13 0,37±0,06 1,43±0,09 6,40±1,15 C negativo 100 com tumor 100,92± 16,35 119,58 ± 16,09 0,43±0,00 * 0,50±0,00 0,87±0,08 3,97±0,68 100 95,38 ± 11,26 111,44 ± 8,66 0,56±0,16 0,60±0,19 b* 0,40±0,10 5,36±0,84 Poliacetileno 100 54,34µmol/kg 94,07 ± 11,94 102,37 ± 14,44 0,54±0,08 0,71±0,18 a*** 1,34±0,33 Grupos Poliacetileno 5,43µmol/kg %Peso inicial a * a* b** 5,50±1,33 Análise estatística: Dados representados por média ± desvio padrão. *p<0,05 **p<0,01 ***p<0,001 ANOVA seguido de Dunnett’s. a diferenças significativas em relação ao grupo sem tumor no final do experimento. b diferenças significativas em relação ao grupo com tumor no final do experimento. Na tabela 5 podemos observar os seguintes resultados, no tratamento com o composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, utilizando as doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg via intraperitoneal nos camundongos, não foi observado diferença significativa sobre a porcentagem do peso dos animais. No grupo de animais com crescimento tumoral sólido de melanoma murino, pode-se observar uma diminuição significativa da porcentagem do peso do coração em relação ao grupo negativo sem tumor (p<0,05). Pode-se observar também que, ao baço os grupos apresentaram-se semelhantes. É possível notar o aumento do baço de todos os grupos comparado ao controle negativo sem tumor, apresentando significância o grupo que recebeu o tratamento na dose de 54,34µmol/kg. Em relação ao peso dos fígados não foi observado diferença significativa entre os grupos. Analisando o peso dos rins pode-se observar que o grupo que recebeu tratamento com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona 54,34µmol/kg apresentou diferença significativa quando comparado ao grupo negativo com tumor, 73 já o grupo controle com tumor apresentou uma dimuinuição da porcentagem do peso dos rins quando comparados com o grupo controle sem tumor (p< 0,05). 5.3.3 Avaliação do efeito antimetastático do poliacetileno Após a indução de metástase pulmonar os animais foram tratados por 12 dias, após este período foram anestesiados e submetidos à perfusão cardíaca seguido de coleta dos pulmões. A figura 25 mostra os pulmões dos animais retirados após perfusão cardíaca, onde é possível observar macroscopicamente a redução dos nódulos metastáticos nos tratamentos com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2(5H)-ona nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg comparando com o controle onde foram inoculadas células tumorais e não houve tratamento. Também é possível notar significante redução do número de nódulos metastáticos nos pulmões comparado com o controle, sendo que na dose de 5,43 µmol/kg houve uma redução de 62,08 ± 4,96% e na dose de 54,34µmol/kg 43,58 ± 6,82% valores demonstrados no gráfico da figura 26 (setas indicam os nódulos metastáticos). Figura 25. Imagens representativas da análise macroscópica dos pulmões retirados dos camundongos tratados com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona. Doses de 5,43µmol/kg (A), 54,34µmol/kg (B), controle negativo (sem inoculação de células B16F10) (C) e controle positivo (D) com inoculação de células sem tratamento. 74 Figura 26. Gráfico de inibição de metástase pulmonar induzida por células B16F10 injetadas via retro-orbital em camundongos C57BL/6, tratados com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)ona nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg; i.p durante 12 dias. Barras representam a média ± EPM do número de nódulos observados por grupo, cada um com 8 animais.**p<0,01 ANOVA seguido de Dunnett’s. ** Nódulos 30 20 10 0 T 5,43 54,34 Poliacetileno (mol/kg, i.p) Na figura 27, pode-se observar lâminas histológicas dos pulmões dos animais. Na figura A representando o grupo controle negativo sem presença de nódulos metastáticos, na figura B o controle positivo, onde é possível observar vários nódulos metastáticos, e nas figuras C e D os tratamentos com o poliacetileno 5-octa2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona nas respectivas doses de 5,43 e 54,34µmol/kg, podendo observar uma significativa redução nos nódulos metastáticos, quando comparado com o controle positivo. 75 Figura 27. Análise histológica de metástase pulmonar (A) controle negativo (B) controle positivo (C) dose de 5,43μmol/kg (D) dose de 54,34μmol/kg. Ampliação de 400x. 5.3.4 Avaliação da atividade locomotora (Open Field) A atividade locomatora dos animais foi observada através do modelo do campo aberto (Open Field) a fim de avaliar a ação do poliacetileno 5-octa-2,4,6triinil-furan-2(5H)-ona e seus possíveis efeitos. Os resultados apresentados na Figura 30 demonstram que a indução de tumor sólido pelas células B16F10 reduziu, de forma significativa o número de cruzamentos (crossing) no modelo apresentado em relação ao grupo sem tumor. A administração de Poliacetileno na dose de 5,43µmol/kg, i.p do composto conduz ao aumento do número de cruzamentos, quando comparado ao grupo controle com tumor. Já o composto na dose de 54,34µmol/kg, i.p, não apresenta diferença significativa quando comparado ao grupo controle com tumor. 76 Figura 28. Efeito do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona (5,43 e 54,34 µmol/kg, i.p.) sobre os parâmetros comportamentais “crossing” (cruzamentos) no modelo do Open Field em modelo de tumor sólido, (M) animais sem tumor e (T) animais com tumor. Cada grupo representa a média de 8 animais. A barra representa *p<0,05. ANOVA seguido de Dunnett’s. 120 * Número de cruzamentos 90 60 30 0 M T 5,43 54,34 Poliacetileno (mol/kg, i.p) Os resultados apresentados na Figura 29 demonstram que a indução de metástases pulmonar não alterou de forma significativa o número de cruzamentos (crossing) nas doses de 5,43 e 54,34µmol/kg, i.p em relação ao grupo controle com tumor. Figura 29. Efeito do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona (5,43 e 54,34 µmol/kg, i.p.) sobre os parâmetros comportamentais “crossing” (cruzamentos) no modelo do Open Field em modelo de metástase pulmonar, (M) animais sem tumor e (T) animais com tumor. Cada grupo representa a média de 8 animais. ANOVA seguido de Dunnett’s. Número de cruzamentos 150 100 50 0 M T 5,43 54,34 Poliacetileno (mol/kg,i.p) 77 Na figura 30 o gráfico expressa os valores referente ao efeito do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona no modelo de avaliação toxicológica onde os animais foram tratados com o composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)ona nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg, i.p. Em nenhuma das doses administradas foi apresentado aumento ou redução significativa no número de cruzamentos comparado com o controle salina (0). Figura 30. Efeito do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona (5,43 e 54,34 µmol/kg, i.p.) sobre os parâmetros comportamentais “crossing” (cruzamentos) na avaliação toxicológica, (0) grupo controle salina. Cada grupo representa a média de 6 animais. ANOVA seguido de Dunnett’s. Número de cruzamentos 150 100 50 0 0 5,43 54,34 Poliacetileno (mol/kg, i.p) 5.3.5 Avaliação de hipernocicepção mecânica através do monofilamento de Von Frey Os animais que foram inoculados com células B16F10 por via retro-orbital a fim de induzir metástase pulmonar foram avaliados no último dia de tratamento quanto à nocicepção mecânica. Com o intuito de avaliar um possível efeito antinociceptivo do composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, os animais foram submetidos a avaliação mecânica através do monofilamento de Von Frey. A figura 31 demonstra que os animais submetidos ao modelo de metástase pulmonar apresentaram aumento significativo da sensibilidade mecânica quando comparado ao grupo tratado com meio. O tratamento com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2(5H)-ona nas concentrações de 5,43 e 54,34µmol/kg, foi capaz de reduzir a sensibilização mecânica, com inibição de 67,47 e 57,14%. 78 Com base nestes dados ensaios para a avaliação de hipernocicepção mecânica foram realizados utilizando como agentes flogísticos a carragenina e o CFA, porém não foi observado efeito anti-hiperalgésico do composto poliacetileno, 5octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona tais resultados não estão demonstrados no trabalho. Frequência de Resposta (%) Figura 31. Frequência de resposta da pata direita dos animais do modelo de metástase pulmonar tratados com o composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg, i.p, controle negativo meio MEM (M) e controle positivo inoculação do tumor (T). O gráfico é expresso por média ± EP de 8 animais por grupo. Diferença significativa do grupo controle *p< 0,05. ≠ difere significativamente em relação ao grupo (M). ANOVA seguido de Dunnett’s. # 50 40 * * 5,43 54,34 30 20 10 0 M T Poliacetileno (mol/Kg. i.p) 5.3.6 Avaliação da atividade toxicológica aguda A fim de avaliar o possível efeito citotóxico do composto poliacetileno 5-octa2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, os animais foram submetidos ao tratamento com o composto nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg; i.p durante 12 dias. No ínicio e fim do tratamento os animais foram pesados com o objetivo de avaliar o peso corporal. Na figura 34 o gráfico demonstra que não houve redução ou ganho de peso corporal significativo comparando os pesos inicias e finais dos animais. Observou-se um ganho de peso de 7,01 ± 3,29% no grupo tratado com a concentração de 54,34 µmol/kg e 3,63 ± 0,26% na concentração de 5,43 µmol/kg não apresentando significância comparado com o controle salina que apresentou ganho de peso corporal de 9,90 ± 8,03%. 79 Na figura 32 fotos ilustrativas do aspecto físico dos animais são mostradas. Na visualização macroscópica destes órgãos não foi observada nenhuma alteração significativa. Figura 32. Fotos ilustrativas do aspecto físico dos animais tratados com o poliacetileno 5-octa-2,4,6triinil-furan-2(5H)-ona nas doses de 5,43µmol/kg (A) e 54,34µmol/kg (B, C) durante 12 dias, para avaliação toxicológica do composto. Figura 33. Gráfico de variação do peso inicial e peso final (g) dos animais tratados com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona nas doses de 5,43 e 54,34µmol/kg, i.p, e grupo salina (0) tratados por 12 dias. Peso inicial Peso final Peso corporal (g) 40 30 20 10 0 0 5,43 54,34 Poliacetileno (mol/kg, i.p) Após o período de tratamento dos animais, os mesmos foram anestesiados e foi realizada a perfusão cardíaca para retirada dos órgãos fígado, rim e baço a fim de avaliar possível efeito tóxico do composto. Para análise histológica dos órgãos as lâminas histológicas foram fotografadas e analizadas. Na figura 34 estão representadas as lâminas de cortes histológicos do fígado do grupo negativo e dos 80 respectivos tratamentos com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, nas doses de 5,43 e 54,34µmol/kg, não apresentando alteração na morfologia celular quando comparado com o controle. Na figura 35, os cortes histológicos do baço também não apresentam diferença morfológica dos grupos tratados com o composto quando comparado com o controle. O mesmo pode ser observado na figura 36 os cortes histológicos do rim dos animais tratados com o Poliacetileno também não apresentaram alteração morfológica quando comparados ao grupo controle. Figura 34. Análise histologica do fígado dos animais submetidos a avaliação toxicológica. (A) grupo controle (B) dose de 5,43µmol/kg (C) dose de 54,34µmol/kg. Aumento de 400x. Figura 35. Análise histologica do baço dos animais submetidos a avaliação toxicológica. (A) grupo controle (B) dose de 5,43µmol/kg (C) dose de 54,34µmol/kg. Aumento de 400x. Figura 36. Análise histologica do rim dos animais submetidos a avaliação toxicológica. (A) grupo controle (B) dose de 5,43µmol/kg (C) dose de 54,34µmol/kg. Aumento de 400x. 81 6. Discussão Embora o processo do câncer tenha sido estudado por séculos, os conhecimentos sobre os mecanismos biológicos de transformação e progressão do tumor eram poucos no início da medicina molecular em meados do século 20. Até o ano de 1950, a terapia utilizada para o câncer era predominantemente a intervenção cirúrgica. Em 1960, a radioterapia se tornou uma ferramenta primordial para o controle da doença, mas, apresentaram os mesmos resultados apresentados pela cirurgia, não sendo capaz de exterminar com o câncer metastático. Um tratamento que fosse efetivo para muitos pacientes necessitava ultrapassar os limites do sítio tumoral, penetrando cada órgão do corpo (CHABNER & ROBERTS, 2005). Atualmente o foco da medicina é outro. Na tentativa de desenvolver fármacos para alvos específicos relacionados ao câncer, a pesquisa científica se tornou multidisciplinar e tem trabalhado em conjunto na busca por medicamentos mais efetivos para o tratamento de tumores, com redução da resistência do paciente ao mesmo, diminuição da toxicidade, aumento da especificidade e biodisponibilidade do fármaco (CHABNER & ROBERTS, 2005). Nas últimas décadas, intensificou-se a procura de uma explicação genética sobre a origem, o crescimento e a progressão do melanoma cutâneo. Encontrar uma ligação direta entre as mutações gênicas e a origem da doença tem sido objetivo dos pesquisadores dedicados ao estudo dessa neoplasia (FAURI et al., 2010). Considerado o tumor de pele mais agressivo, o melanoma cutâneo é mantido na liderança das mortes por câncer de pele nos países industrializados. A sua incidência vem aumentando significativamente em todo o mundo, mais rapidamente do que qualquer outro tipo de neoplasia maligna (ALONSO et al., 2004). Considerando que o Brasil é privilegiado com uma das mais complexas biodiversidades do planeta, ainda pouco se conhece de seus recursos naturais (CECHINEL FILHO et al., 2003). A intensa procura, nos últimos anos por alternativas eficientes para o tratamento do câncer tem feito com que a grande diversidade brasileira se destaque, levando em consideração o importante papel das plantas e de seus fitoconstituintes na descoberta de novos agentes anticâncer. A atividade antitumoral de plantas do gênero Vernonia é relatada na literatura, onde as substâncias isoladas lactonas sesquiterpênicas glaucolida 2 e hirsutinolida 4 82 demonstraram significativa atividade citotóxica in vitro sobre células HeLa (BIAVATTI et al., 2010). Ngeh e colaboradores (2012) demonstraram que a fração diclorometano, extratos e compostos isolados de tubérculos de Vernonia guineensis Benth apresentaram atividade antitumoral em células de câncer de próstata, sugerindo seu uso como um importante agente antineoplásico. Nosso trabalho avaliou inicialmente, a viabilidade de células de diferentes linhagens após a incubação com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona. Demonstrando que o tratamento com a substância, nas concentrações de 0,054 a 543 µM, foi capaz de reduzir a viabilidade de B16F10 nos diferentes tempos de incubação (24, 48 e 72 h). Os resultados de citotoxicidade foram comparados aos obtidos com o Paclitaxel (100µM), quimioterápico utilizado como controle positivo, apresentando citotoxicidade semelhante. Com o objetivo de complementar os dados obtidos com a linhagem celular B16F10, foram realizados ensaio de viabilidade celular utilizando linhagens de tumores sólidos PC3, LNCAP, H1299, OVCAR, NCI, T84, MCF-7, U138MG, VW473, HELA, HOS e MG63 expostas por 24 h com o composto poliacetileno, células leucêmicas K562, KG1, HL60, NB4, RAMOS, RAJI, RS4, JURKAT, MOLT4, NALM6, B15 e U937 expostas por 48h com o composto e células mononucleares humanas CMNH. Nosso resultados demonstram mais uma vez atividade citotóxica do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona em linhagens de tumores sólidos e leucêmicas. Durante os últimos 25 anos, mudanças substanciais têm ocorrido na área de biossíntese de produtos naturais acetilênicos. A expansiva triagem liderada pelo Instituto Nacional do Câncer revigorou a descoberta de novos compostos. Mais de 2000 poliacetilenos são conhecidos, com mais de 1100 da família Asteraceae (MINTO et al., 2008). Dados anteriores demonstraram atividade antitumoral e genotóxica deste poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, caracterizada por morte celular apoptótica envolvendo um mecanismo dependente de caspase 3 (BUSKUHL et al., 2009). Pellati et al., (2006), relataram a característica hidrofóbica aos poliacetilenos isolados de Echinacea pallida, testados em células de adenocarcinoma pancreático humano (PaCa2). Os resultados demostraram que os poliacetilenos mais hidrofóbicos tiveram atividade citotóxica moderada comparado aos outros compostos hidroxilados. Purup et al. (2009), relatam que o falcarinol e falcarindiol, poliacetilenos 83 isolados da cenoura (Daucus carota) apresentaram atividade citotóxica significativa sobre células de câncer intestinal humano Caco-2. Segundo os autores, a bioatividade do Falcarinol se deve, provavelmente,a sua característica hidrofóbica (CHRISTENSEN et al., 2006). É digno de nota que, apesar da marcante atividade citotóxica apresentada pelo poliacetileno, quando incubados com diferentes linhagens de células neoplásicas, o mesmo apresentou baixa citotoxicidade quando adicionado às células mononucleares humanas (CMNH). O fármaco antineoplásico Paclitaxel, utilizado como controle positivo nos experimentos in vitro, é um fármaco com propriedade hidrofóbica com capacidade de auto-agregação e consequente precipitação dependendo do meio e da concentração utilizados (BALASUBRAMANIAN; ALDERFER, 1994). O mecanismo de ação desses medicamentos é único. Os taxanos impedem a ocorrência da mitose pela interferência no funcionamento normal dos microtúbulos. Eles agem como agentes estabilizadores da tubulina, favorecendo a sua polimerização, porém inibindo a despolimerização dos microtúbulos, levando à morte das células cancerosas (MALONGA et al., 2005). Já foi descrito na literatura inúmeros efeitos tóxicos do Paclitaxel, dentre eles mielosupressão e neurotoxicidade periférica dando origem a quadros de dor neuropática (NIETO e VAUGHAN, 2004). Outra classe importante de medicamentos utilizados no tratamento do câncer compreende os antibióticos do grupo das antraciclinas, são compostos considerados importantes no tratamento do câncer, com atividade tanto em tumores sólidos como em neoplasias hematológicas. A Daunorubicina e a Doxorubicina estão entre os principais fármacos aprovados para uso pelo FDA (LOFTI; ZACKRISSON et al., 2002). A Daunorrubicina (DNR) é um quimioterapêutico que foi desenvolvido como aplicação clínica no tratamento da leucemia, tornou-se uma das mais eficazes drogas anti-câncer (JOHNSON et al., 1998; LÖWENBERG et al., 2009). No entanto, como outros tipos de agentes quimioterápicos, a resistência das células neoplásicas a terapia continua a ser um importante obstáculo para o sucesso do tratamento de leucemia, limitando assim seu uso clínico. A resistência às drogas é considerado ser um fenômeno multifatorial que envolve vários mecanismos importantes, como reparação de danos aumentado do DNA, apoptose reduzida, alterações no metabolismo do fármaco, e aumento da energia de efluxo dependente do fármaco, 84 bem como alterações na expressão da glutationa transferase II e topoisomerase (MCLORNAN et al., 2007; MICHAEL et al., 2008). A Doxorrubicina é considerada o principal antibiótico antineoplásico deste grupo. Sua atividade citotóxica acontece através da ligação ao DNA assim inibindo tanto a síntese de DNA, quanto a de RNA, porém sua principal ação é mediada por um efeito na topoisomerase II, cuja atividade é muito intensa em células em proliferação (RANG et al., 2007). Semelhante ao Paclitaxel, os fármacos do grupo das antraciclinas, como a Daunorrubicina e a Doxorrubicina apresentam manifestações tóxicas preocupantes, ocasionando obstáculos para seu uso. Dentre as complicações estão a mielosupressão e a toxicidade cardíaca, hepática, renal e neuronal limitando consideravelmente a janela terapêutica destes fármacos (DEVITA; HELLMAN et al., 2005). Os dados de citotoxicidade foram confirmados através da utilização dos corantes brometo de etídeo e o diacetato de fluoresceína. Como mencionado anteriormente, o corante diacetato de fluoresceína é metabolizado por ação de estearases citoplasmáticas, assim torna-se concentrado no interior das células, na forma de fluoresceína, emitindo fluorescência esverdeada em células viáveis, enquanto que as células que apresentam núcleos corados de vermelho-alaranjado estão mortas por permitirem que o brometo de etídeo se intercale no DNA exposto. Existem diversos mecanismos que estão envolvidos na evolução de uma célula normal para uma célula maligna (HANAHAN; WEINBERG, 2000), mas a maior parte deles interfere na divisão celular. Oncogenes são derivados a partir de versões mutadas de genes celulares normais, os chamados proto-oncogenes, que ocasionam a proliferação descontrolada, sobrevivência e disseminação celular. Em células normais, a expressão de proto-oncogenes está muito bem regulada evitando o crescimento descontrolado de células (HARRINGTON, 2011). Assim, muitos fármacos eficazes contra o câncer exercem sua ação sobre as células que se encontram no ciclo celular, ou seja, aquelas que estão em multiplicação constante, são denomindos fármacos ciclo celular específicos. Os produtos naturais ciclo-celular específicos são muito utilizados na terapia clínica oncológica, dentre eles está o Paclitaxel com o mecanismo de ação detalhado anteriormente (SALMONM, 1998; OLIVEIRA et al., 2002). Com base nos dados observados nos testes de viabilidade celular, a substância poliacetileno apresenta característica semelhante ao Paclitaxel quanto a sua atividade citotóxica, 85 pressupondo que o poliacetileno seja um produto natural ciclo celular específico, já que em células mononucleares humanas sua ação citotóxica não foi significativa. A capacidade de agentes antitumorais de inviabilizar células tumorais, com o mínimo de danos em células não tumorais, é o objetivo da procura por novas moléculas com propriedades antineoplásicas. Com isto, o conhecimento do mecanismo de morte celular do poliacetileno fez-se importante, possibilitando entender melhor a ação deste composto frente a células tumorais, bem como a etiologia do câncer. Para avaliar o tipo de morte celular induzida pelo poliacetileno 5-octa-2,4,6triinil-furan-2(5H)-ona, as células B16F10 foram incubadas com brometo de etídeo e alaranjado de acridina. Esta metodologia, como mencionado anteriormente, permite diferenciar células viáveis daquelas em processo de morte por apoptose ou necrose, através da diferença de coloração por fluorescência. O corante alaranjado de acridina intercala-se ao DNA, dando cor verde ao núcleo da célula, este corante é capaz de atravessar membranas intactas. Já o brometo de etídeo é incorporado predominantemente por células não viáveis, que possuem membranas instáveis, assim o corante intercala-se ao DNA e o cora de laranja, ligando-se fracamente ao RNA, que se mostrará com uma coloração vermelha. As células que estiverem viáveis apresentando membrana intacta terão seu núcleo corado de verde pelo alaranjado de acridina. Como o brometo de etídeo não ultrapassa membranas celulares íntegras, estas células não são coradas, ou coradas fracamente. Pode-se também avaliar células em apoptose inicial, a membrana ainda intacta, apresentam manchas verdes brilhantes no núcleo, devido a condensação da cromatina, não sendo coradas pelo brometo de etídeo. Já as células em necrose, que apresentam ruptura de membrana mostram coloração laranja-avermelhada uniforme (VERMES et al., 2000). Os resultados obtidos apontam a apoptose como sendo a principal via de morte celular induzida pelo poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, uma vez que através da microscopia de fluorescência pode-se identificar as características de células em processo de morte celular apoptótica, como fragmentação do DNA, condensação de cromatina e presença de corpos apoptótico. Além da análise quantitativa que através da porcentagem de células viáveis, em apoptose ou necrose, mostraram que a substância poliacetileno tem sua ação predominantemente por via apoptótica. Para fins de comparação utilizou-se o 86 fármaco Paclitaxel como controle positivo, que da mesma forma apresentou maior índice de morte celular pelo mecanismo de apoptose. A necrose que também foi evidenciada nas células em contato com o poliacetileno pode ser responsável por um pequeno processo inflamatório, o que não seria ruim, pois seriam recrutadas células de reparo como descrito por Dalazen et al., (2005). Em estudos anteriores realizados por Buskhul et al., (2009) foi demonstrado que o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona induziu morte celular tanto por via apoptótica quanto necrótica, quando incubado com células de linhagem B16F10 e Hela, utilizando Anexina V-FITC. Estes resultados corrobam com nossos achados, sugerindo uma associação de necrose e processo apoptótico. Porém, as células necróticas totalizavam menos que 25% das células totais indicando um predomínio de morte celular por apoptose. Corroborando com nossos resultados, Ryan e Whelan (2004) investigaram os efeitos do poliacetileno Capillin isolado da Artemisia monosperma, frente a quatro linhagens humanas tumorais HT29 (carcinoma de cólon), PaCa-2 (carcinoma pancreático), HEp-2 (carcinoma epidermóide de laringe) e A549 (carcinoma de pulmão). O mesmo foi capaz de inibir a proliferação celular das linhagens celulares citadas acima de forma dose e tempo dependente, apresentando morte celular por via apoptótica e fragmentação nuclear também dose e tempo dependente confirmada por análise em citômetro de fluxo, acumulando as células nas fases S ( síntese de DNA) e G2/M (mitose e divisão) do ciclo celular. Outro estudo realizado por Park e colaboradores (2006), com o poliacetileno dideoxypetrosynol A isolado da esponja marinha Petrosia sp, demonstrou que o composto foi capaz de manter as células de leucemia monocítica humana em transição da fase G1 para a fase S do ciclo celular. Sugeriu-se ainda o envolvimento das proteínas p16 e pRB na ação deste composto. Os nossos resultados até então apresentados, em conjunto com dados da literatura, sugerem que poliacetilenos possivelmente induzem a apoptose em células tumorais de melanoma. O balanço entre a divisão celular e a morte celular é importante para o desenvolvimento e manutenção de organismos multicelulares. A desregulação neste balanço pode levar a condições patológicas, como o câncer (HOTCHKISS et al., 2009). A apoptose é um processo específico de morte celular programada através da ativação de uma via intracelular conservada evolutiva, levando a alterações celulares 87 distintas morfologicamente e bioquimicamente da necrose celular. Sendo essencial na homeostase de tecidos normais, especialmente as do trato gastrointestinal, sistema imunológico e da pele. Existem evidências crescentes de que os processos de transformação neoplásica, progressão e metástase envolvem alterações nas vias normais de apoptose. Além disso, a maioria dos agentes quimioterapêuticos, bem como a radiação utilizam a via apoptótica para induzir a morte celular. A resistência à quimioterapia também parece ser determinada por alterações nas vias apoptóticas das células cancerosas. Desta forma, compreender os sinais de apoptose o mecanismo de apoptose pode permitir o desenvolvimento de um melhor agente terapêutico para o tratamento do câncer (KROEMER et al., 2009; FULDA et al., 2010). As vias da apoptose representam os dois processos muito estudados. A via extrínseca da apoptose é iniciada após a ligação extracelular de receptores localizados na superfície celular, denominados DR (death receptors) com seus ligantes específicos, como o membro da superfamília do fator de necrose tumoral (TNF) que se acopla a um receptor da família dos receptores de morte correspondente, a ativação destes receptores de morte recrutam e ativam as caspases iniciadoras como as caspases 8 e 10. Este processo envolve a formação e ativação do complexo DISC, levando a ativação dos efetores de caspases, como a caspase 3. (VANDENABEELE et al., 2009; WHELAN et al., 2010). A via mitocondrial ou intrínseca regulada pela mitocôndria, inicia-se pela ação de diversos sinais de estresse intracelular, tais como irradiação, agentes quimioterápicos, vírus, bactérias e ausência de fatores de crescimento celular, os quais convergem para a mitocôndria com a formação do apoptossoma. O apoptossoma ativa as caspases iniciadoras, caspase 9 tipicamente, a qual ativa a caspase 3. As quais são responsáveis pela iniciação, execução e regulação do processo apoptótico. Envolvidas num mecanismo de clivagem específica de proteínas as caspases levam ao colapso da infra-estrutura celular através da desintegração do citoesqueleto, desarranjo metabólico e fragmentação genômica. Seus principais alvos são as proteínas estruturais e de funções essenciais como proteínas requeridas no reparo do DNA (DNA-PK, PARP), proteínas reguladoras do ciclo celular (Cdc27, Rb), proteínas envolvidas em patologias humanas e proteínas diretamente envolvidas na regulação da apoptose (ICAD, Bid), assim como 88 reguladoras/mediadoras da sinalização apoptótica (PKB/Akt, RIP quinase (kÖHLER et al., 2002, GHOBRIAL et al., 2005). Dando continuidade ao estudo, foi realizada a avaliação da atividade apoptótica pela via da caspase executora 3. As modificações morfológicas que ocorrem na célula em apoptose são promovidas por uma família de cisteína proteases denominadas caspases. A família de genes da caspase consiste de 15 membros que são agrupadas em duas grandes sub-famílias, nomeadamente caspases inflamatórias e caspases apoptóticas. As caspases formam um sistema de cascata que desempenha o papel central na indução, transdução e amplificação de sinais intracelulares apoptóticos para determinação do destino celular, regulação da imunidade, proliferação celular e de diferenciação (BHAT et al., 2008). O aumento da caspase 3 nas células tumorais B16F10, após exposição ao poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona por um período de 6 h, mostra novamente que a morte celular acontece por via apoptótica e que possivelmente envolva a via mitocondrial ou intrínseca ( evidenciada pela ativação da enzima caspase 3). Não foram encontrados dados significativos com períodos de incubação de 12 e 24 horas. Considerando que nesta via um dos principais alvos das caspases são as proteínas reguladoras do ciclo celular, como já mencionado anteriormente, o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona pode ser um candidato fitofármaco antineoplásico ciclo celular específico. Dados da literatura confirmam que muitos fármacos quimioterápicos clássicos, como a cisplatina, taxol, etoposídeo e doxorubicina ocasionam através da via intrínseca da morte celular apoptótica, uma forma dependente de p53, por exemplo, através da ativação de uma resposta aos danos no DNA. A ativação da proteína p53 pode promover a parada do ciclo celular e induzir a célula à apoptose (VOUSDEN; LANE, 2007). Nossos resultados são similares aos apresentados por Choi et al. (2006), onde foram quantificadas as caspases 3 e 9 na presença de um poliacetileno isolado de Petrosla sp, em células de melanoma humano (SK-MEL-2) nas concentrações de 5 e 10 µM por um período de 24 horas. O método de quantificação das caspases foi semelhante ao utilizado neste trabalho, ou seja, quantificação da p-nitroanilina (pNa). O poliacetileno na concentração de 5µM obteve pequeno aumento na caspase 3, sendo semelhante aos aqui obtidos com a concentração de 5,4µM,porém em 89 tempo de 6 horas, mas na concentração de 54µM a atividade de caspase 3 se torna duas vezes mais potente comparada a concentração inferior, sugerindo resposta dose dependente. Ativação de caspases iniciadoras geralmente envolve o recrutamento de várias enzimas homólogas para uma molécula adaptadora, as caspases iniciadoras são ativadas por dimerização do zimógeno por uma proteína adaptadora, liberando assim o sítio catalítico da enzima. Em seguida, a cascata proteolítica propaga o sinal de morte e enzimas efetoras clivam uma série de proteínas (SLEE et al., 1999). Estas são as responsáveis pelo englobamento das células durante a apoptose, através da proteólise, posteriormente a externalização de fosfolipídeos, na condensação e fragmentação nuclear bem como na alteração do citoesqueleto. A importância das caspases para o mecanismo de morte celular apoptótico para alguns autores é considerada como a característica mais importante para a definição de morte celular por apoptose (KROEMER et al., 2005). Todos os agentes antineoplásicos podem induzir a apoptosee ativar caspases nas células tumorais.Por exemplo, em células U937 humanas células leucêmicas, a caspase-3 e caspase-6 desempenham um papel central na apoptose desencadeada por inibidores de topoisomerase. (SORDETet al,1999). A caspase-3 é considerada necessária para algumas características típicas de apoptose, tais como a fragmentação do DNA, blebbing de membrana e outras mudanças morfológicas e bioquímicas (SAHARA et al, 1999). Para melhor entendimento da ação antitumoral do poliacetileno 5-octa-2,4,6triinil-furan-2(5H)-ona, foram realizados ensaios in vivo. Muitos modelos para o estudo da neoplasia melanoma estão disponíveis. Os modelos murinos são utilizados para melhor entender o câncer e o seu desenvolvimento, constituindo importantes ferramentas experimentais, atribuindo uma melhor conpreensão de novas drogas e novas estratégias fornecendo inúmeras possibilidades para o tratamento antineoplásico ( NAKAMURA et al., 2002). As células da linhagem B16F10, após serem inoculadas em camundongos C57BL/6, além de crescerem espontaneamente possuem a habilidade de formar metástases (NAKAMURA et al., 2002). Apesar da análise tumoral in vivo ser complexa, algumas diferenças são visíveis macroscopicamente, como a redução do tumor, a melhora do comportamento e estado físico do animal, peso corporal entre outros. No entanto, os 90 tumores possuem um microambiente bastante complexo e de grande importância para o seu desenvolvimento e progressão ou regressão (CONTENTE, 2010). A ação antineoplásica do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona foi avaliada em modelo de tumor sólido e metástase pulmonar em camundongos C57BL/6. A atividade antitumoral desta substância nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg, administrado por via intraperitoneal, apresentou inibição do desenvolvimento do tumor sólido em camundongos, com redução de 65 a 80% da massa tumoral, sugerindo uma importante atividade antineoplásica. Os animais foram acompanhados quanto ao peso corporal, bem como, em relação ao peso de vários órgãos. A evolução tumoral nos diferentes grupos foi visivelmente distinta. Não apenas em relação a massa tumoral e a sobrevida, mas também em relação ao aspecto físico dos animais. Os animais do grupo controle inoculados com células B16F10 mostraram-se mais debilitados, e com perda de pelo. No entanto, não foi observada diferença significativa sobre a porcentagem do peso dos animais, bem como do fígado em relação ao controle negativo sem tumor e com tumor. Pode-se observar redução significativa do peso dos corações do grupo controle com tumor quando comparado com o controle sem tumor e os grupos tratados. Pode-se observar, em relação ao peso dos baços, aumento significativo no grupo tratado com a maior dose do poliacetileno, quando comparado ao controle com tumor. O sistema imune é uma rede de células e órgãos que trabalham juntos com a principal função de monitorar os tecidos mantendo a homeostase, assim protegendo contra a invasão de patógenos infecciosos e para eliminar células danificadas (VISSER et al., 2006). Por exemplo, o baço serve como um reservatório para o sangue, filtrando e purificando o sangue e a linfa que fluem através dele. O baço sofrendo qualquer dano, o indivíduo tem mais probabilidades a infeccções (YU et al., 2007). Analisando o peso dos rins pode-se observar que o grupo que recebeu tratamento com o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona na maior dose apresentou diferença significativa quando comparado ao grupo negativo com tumor. Entretanto, o grupo controle com tumor apresentou uma diminuição da porcentagem do peso dos rins quando comparados com o grupo controle sem tumor. É possível sugerir que tais alterações possam ser ocasionadas devido ao tratamento com a substância, sendo que alteração renal é um dos efeitos adversos da quimioterapia 91 convencional, porém para poder sugerir uma possível causa destas diferenças de porcentagens nos pesos dos rins, é necessários estudos mais detalhados e específicos. No modelo de indução de metástases pulmonares, foi observado redução de nódulos metastáticos durante a necropsia os grupos tratados com o composto poliacetileno na menor e maior doses, respectivamente, uma significante redução do número de nódulos metastáticos nos pulmões comparado com o controle. No entanto, podemos observar que ocorreu uma redução da atividade antineoplásica do poliacetileno na maior dose. Estes dados podem ser relacionados com a dificuldade encontrada na terapia antineoplásica de encontrar uma resposta eficaz para o tratamento de metástases. Sendo que o melanoma é uma das formas mais agressivas de câncer, e muito resistente aos tratamentos baseados em drogas que agem sobre o DNA, microtúbulos e as topoisomerases (CHEN et al., 2006). Para a maioria dos cânceres metastáticos a única opção baseia-se em tratamentos sistêmicos com uso de terapia quimioterápica, é muitas vezes a única opção para retardar o crescimento do tumor ou para aliviar a morbidade associada à metástase (SETHI e KANG, 2011). Levando-se em consideração os resultados in vitro e in vivo até então apresentados, pode-se sugerir que o poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona apresenta importante atividade anticâncer, possivelmente através da indução da apoptose de células neoplásicas através da indução da enzima caspase-3. Outros dados somam a este estudo informações importantes. A avaliação da atividade exploratória avaliada através do modelo de campo aberto (Open Field). Nosso resultados demonstram que a indução de tumor sólido pelas células B16F10 reduziu de forma significativa o número de cruzamentos no modelo apresentado em relação ao grupo controle negativo sem tumor. Este resultado evidencia sinais de prostação, comuns em pacientes com neoplasias em estágios avançados (INCA, 2012). A administração sistêmica do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, na dose 5,43 µmol/kg, promoveu um aumento do número de cruzamentos, quando comparado ao grupo controle com tumor, sugerindo uma melhora na atividade exploratória dos animais. Já os animais tratados com a dose de 54,34 µmol/kg do composto não apresentaram diferença significativa quando comparado ao grupo controle com tumor. A indução de metástases pulmonar não alterou de forma 92 significativa o número de cruzamentos nas doses utilizadas em relação ao grupo controle com tumor. Outro parâmetro importante avaliado foi à sensibilidade mecânica dos animais submetidos ao modelo de metástase pulmonar. A dor é um dos sintomas mais comuns em pacientes com câncer ocorrendo em 90% dos pacientes durante a doença. A dor é considerada um fenômeno complexo, que pode ser exacerbada por inúmeros outros fatores. Considera-se que se a dor for controlada corretamente 80% dos pacientes conseguem melhorar a qualidade de vida. Portanto, 20% destes pacientes com dor do câncer tem dificuldade para controlar está dor. O controle da dor do câncer é alcançado com ótimos resultados através da integração de analgésicos durante o tratamento ou outro adjuvante que seja necessário (LAIRD et al., 2008). As neuropatias periféricas são efeitos colaterais comuns dos medicamentos quimioterápicos, incluindo taxanos, fármacos baseadas em platina, alcalóides da vinca, e talidomida. Os sintomas mais comuns são dormência, formigamento e / ou dor em queimação. Em casos mais grave de neuropatias requer redução da dose, uma mudança na quimioterapia , ou cessar a quimioterapia. Não há intervenções de eficácia comprovada para prevenir ou tratar a neuropática induzida por quimioterapia (AMI et al., 2012). Um terço dos pacientes com câncer metastático sofrem de dor e 60 a 90% dos pacientes com câncer avançado tem dor (LEVY, 1996). O câncer é associado frequentemente com dor crônica, também é ocasionalmente associado a episódios prolongados de dor excruciante (dor do câncer emergencial) que requere uma aplicação rápida de poderosas estratégias analgésicas (HAGEN et al., 1997). De modo surpreendente, ambas as doses utilizadas (5,43 e 54,34 µmol/kg, i.p) do poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, foram capazes de reduzir significativamente a sensibilização mecânica, quando comparado com o grupo de controle negativo inoculado com B16F10. Diante destes resultados pode-se sugerir dois mecanimos importantes. Primeiramente podemos enfatizar a ação analgésica do composto frente à dor induzida por metástase. Entretanto, quando avalia-se os principais efeitos tóxicos das terapias antineoplásicas convencionais, observa-se o surgimento de neuropatias periférias (LEVY, 1996). O composto em questão, além de promover redução do tumor e metástase, reduziu a sensibilização induzida pelas células tumorais. Cabe ressaltar que a ação anti-nociceptiva deste composto foi avaliada em diferentes modelos de dor inflamatória (dados não apresentados neste 93 estudo), porém nenhuma atividade foi observada, sugerindo que esta ação antinociceptiva citada acima seja decorrente da sua atividade anti-neoplásica. Por fim, na tentativa de buscarmos outras informações sobre o comportamento da substância poliacetileno in vivo, foi proposto um estudo de toxicidade aguda. No entanto, a maioria dos agentes antineoplásicos atua de forma não-específica, ou seja, lesando tanto as células neoplásicas quanto as normais, principalmente as células que possuem um crescimento rápido como as gastrointestinais, capilares e as do sistema imunológico, explicando os efeitos colaterais da quimioterapia (MURAD et al., 1996). O fígado é considerado o órgão de detoxificação, e os rins como o órgão excretor mais importante, assim ambos são vulneráveis perante a fármacos quimioterápicos, como disfunções hepáticas ocasionadas pela mitramicina e a toxicidade renal causada pelo fármaco docetaxel (SALMONM, 1998). Assim os animais receberam tratamento com a substância nas doses de 5,43 e 54,34 µmol/kg; i.p durante 12 dias. Os animais foram avaliados quanto a alterações no peso corporal, os resultados sugeriram que, não houve redução ou ganhos de peso corporal significativa comparando os pesos inicias e finais dos animais. Os órgãos analisados fígado, rim e baço não apresentaram nenhuma alteração significativa. Nenhuma alteração foi observada quando a atividade locomotora destes animais foi avaliada. Os resultados obtidos até o momento são considerados promissores. Foi possível estabelecer modelos básicos de experimentação e documentar fatos importantes como estudo de influência tumoral, metástase pulmonar, avaliação de peso corporal e órgãos e toxicidade aguda do composto poliacetileno 5-octa-2,4,6triinil-furan-2(5H)-ona. O estudo mostrou que o tratamento com o poliacetileno é efetivo no combate as células tumorais, menos tóxico e bem tolerado. Sendo assim, nossos resultados sugerem que a substância isolado da planta Vernonia scorpioides o poliacetileno, pode ser considerado uma molécula promissora com potencial ação antineoplásica, podendo servir de molécula base para modificações químicas, que podem aumentar seu efeito citotóxico utilizando como via de morte o processo apoptótico. 94 7. Conclusão Este trabalho nos permite concluir que o composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinilfuran-2(5H)-ona isolado de Vernonia scorpioides Apresenta capacidade antiproliferativa significativa contra células leucêmicas, de tumor sólido, células de melanoma murino B16F10 utilizando como análise os ensaios colorimétricos com MTT e XTT; O composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona é semelhante ao Paclitaxel quanto a sua atividade citotóxica; A apoptose pode ser a principal via de morte celular após incubação com Poliacetileno; Também pode ser evidenciado que a atividade citotóxica é moderadamente reduzida na presença do inibidor de caspase; O poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona mostrou atividade antineoplásica frente ao modelo de tumor sólido, reduzindo de forma significativa a massa tumoral e o volume tumoral; No modelo de metástase pulmonar o composto reduziu significativamente os nódulos metastáticos; Conclui-se também que o composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan2(5H)-ona não apresentou efeitos tóxicos significativos quando administrado por 12 dias de tratamento nos animais. Mantendo o peso corporal, e órgãos como o fígado, baço e rins sem alterações macroscopicamente visíveis; Considerando os promissores resultados apresentados neste trabalho pelo composto poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, é de interesse a continuidade dos estudos com a pesquisa, avaliando de forma mais detalhada mecanismos de morte celular envolvendo outras caspases iniciais, bem como o envolvimento de outras proteínas no processo apoptótico como a p53, além de estudo in vivo buscando análises bioquímicas de mediadores inflamatórios utilizando de forma mais complexa as ferramentas de biologia molecular. Em conclusão, embora não seja possível apresentar um mecanismo exato da substância poliacetileno 5-octa-2,4,6-triinil-furan-2(5H)-ona, os nossos dados sugerem que sua ação antineoplásica está associada a indução de morte celular por 95 apoptose. Outros estudos são importantes para detalhar este efeito em nível molecular. 96 REFERÊNCIAS AFOLAYAN.A.J.; GRIERSON.D.S.; ERASTO, P. Bioactive sesquiterpene lactones from the leaves of Vernonia amygdalina. Journal of Ethnopharmacology. v.106. p. 117–120, 2006. AGARWALA, S. Improving srvival in patients with high-risk and metastatic melanoma: immunotherapy leads the way. American Journal of Clinical Dermatology. v. 4. p. 333-46, 2003. ALBERTS, B. et al. Molecular Biology of the Cell. 5a Edição, Editora Garland. 2008. ALMEIDA, T. P.; MAIA, J. Z.; FISCHER, C. D. B.; PINTO, V. M.; PULZ, R. S.; RODRIGUES, P. R. C. Classificação dos processos dolorosos em medicina veterinária. Veterinária em Foco, v. 3, p. 107108, 2006. ALMEIDA, S.; PALHANO, G. C. Vernonia scorpioides (Lam.) Pers.: Avaliação da atividade e efeito cicatrizante em feridas na pele de cobaias. Monografia (Graduação em Farmácia). Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2001. 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Excitação BP480-550nm, Filtro BA590nm, com aumento de 400X. 111 Apêndice B Análise morfológica das células Figura 2. Efeitos do composto Poliacetileno obtido de V. scorpioides, na morfologia das células de melanoma murino B16F10. As células foram mantidas durante 48 horas a 37ºC/5% de CO2, utilizando como controle negativo meio MEM com solvente (G) e controle positivo Paclitaxel a 100 μM (F) e as respectivas concentrações de 0,0543 μM (A); 0,54 μM (B); 5,4 μM (C); 54 μM (D); 543 μM (E). Excitação BP480-550nm, Filtro BA590nm, com aumento de 400X.