Patologia – Bizu 2ª prova (regeneração e cicatrização) Discutir e dar exemplos dos três fatores que levam a inflamação à cronicidade. Os fatores que levam a inflamação à cronicidade são: 1- Infecção persistente = bacilo da tuberculose, agente da sífilis, alguns vírus, fungos e parasitas possuem baixa toxicidade e levam a uma reação imunológica chamada de hipersensibilidade tardia. Às vezes, a resposta inflamatória assume um padrão específico chamado de reação granulomatosa. 2- Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos, exógenos ou endógenos = a sílica, quando inalada por longos períodos, causa a silicose; a aterosclerose é causada por acúmulo de lipídios; outros agentes são corpos estranhos, calor (sol), agentes químicos.3- Auto-imunidade = nas doenças auto-imunes (artrite reumatóide e lúpus eritematoso) há reação imunológica contra os principais tecidos, levando a uma lesão tecidual e inflamação crônica. Distinguir e granulomatosa). caracterizar inflamação crônica inespecífica e específica (ou O padrão inespecífico é caracterizado por:- infiltração por células mononucleares – linfócitos, macrófagos e plasmócitos. Pode haver outros tipos celulares, dependendo do agressor, como eosinófilos e mastócitos no caso de uma parasitose. - poderão ser observados tecidos de granulação e fibrose (fibroblastos), que servirão de molde para a cicatrização presença de vasos proliferados no tecido de granulação. Já o padrão específico é caracterizado por:- acúmulo focal de macrófagos ativados – granuloma –, que desenvolve uma aparência epitelióide. Ela é “específica” porque somente algumas doenças conseguem causar o granuloma - ausência de vasos proliferados, pois o granuloma só é vascularizado a sua volta. Tecido de granulação X Granuloma. O tecido de granulação é o tecido inflamatório na fase de cicatrização, enquanto o granuloma é a organização de macrófagos em volta do tecido inflamatório, com o objetivo de conter a lesão. O granuloma é importante no diagnóstico porque limita as possibilidades de doença. Descrever as causas e os elementos morfológicos das inflamações crônicas inespecíficas As causas da inflamação crônica já foram descritas. As características morfológicas da inflamação crônica são:- infiltrado de células mononucleares, incluindo macrófagos, linfócitos e plasmócitos.- destruição tecidual induzida pela persistência do agente nocivo ou pelas células inflamatórias.- tentativas de cicatrização por substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo, efetuado através da proliferação de pequenos vasos sanguíneos e, em particular, fibros Listar a função dos linfócitos e dos macrófagos na IC, analisando sua interação. Macrófagos: Os macrófagos são as células predominantes na inflamação crônica. O macrófago é um dos componentes do sistema mononuclear fagocitário, se desenvolvendo na medula óssea como monócitos e caindo na circulação. Já no tecido extravascular, se torna macrófago, que é ativado, aumentando seu tamanho, os níveis de suas enzimas lisossomais, a atividade de seu metabolismo e a habilidade de fagocitar microorganismos ou partículas estranhas. Os macrófagos são ativados por citocinas das células T imunologicamente ativados. Além da fagocitose, os macrófagos iniciam o processo de reparação e estão envolvidos na lesão tecidual da inflamação crônica. Lesão tecidual = metabólitos tóxicos do oxigênio, proteases, fatores quimiotáticos dos neutrófilos, fatores de coagulação, metabólitos do acido aracdônico, NO. Fibrose = fatores de crescimento, citocinas fibrogênicas, fatores angiogênicos e colagenases de “remodelamento”.Linfócitos:São estimulados pelo contato com antígeno, e migram para o tecido agredido por quimiotaxia e moléculas de adesão. As citocinas dos macrófagos ativados, especialmente TNF, IL-1 e quimiocinas, promovem o recrutamento leucocitário, preparando o terreno para a persistência da resposta inflamatória. A interação entre os macrófagos e linfócitos é bidirecional. Os macrófagos apresentadores de antígeno liberam citocinas que ativam o linfócito T, e este, ativado, libera interferon gama, que ativa macrófagos. Ambas as células, quando ativadas, liberam outros mediadores inflamatórios que atuam sobre outras células. Conceituar granuloma, descrevendo seus elementos formadores e principais causas. O granuloma é um grupamento celular organizado localizado em volta do tecido agredido que tem como objetivo conter a lesão naquele foco. Têm forma esférica ou irregular e podem estar isolados ou coalescentes. O granuloma é composto de:- macrófagos modificados- células epitelióides células gigantes- tipo Langerhans- tipo corpo estranho linfócitos fibroblastos eventualmente, outras células- eosinófilos- plasmócitos- etc.- área central de necrose, mas nem sempre- presença do agente agressor, mas nem sempre. As principais causas de formação de granuloma são:- certas bactérias, como micobactérias- fungos- helmintos- outros agentes infecciosos- corpos estranhos inertes - reações imunes. Explicar a formação dos granulomas e o seu destino. Os granulomas se formam quando os agentes agressores são difíceis de serem eliminados por digestão. Há um processo de englobamento na tentativa de conter e/ou destruir o agente agressor no ponto onde ele está. Os macrófagos podem seqüestrar o agente, apresentando-o a linfócitos. Há mais recrutamento de macrófagos, que se tornam células epitelióides. Estas podem se fundir e dar origem às células gigantes. O granuloma é formado por macrófagos ativados ao redor do corpo estranho, sendo avascularizado. Os macrófagos ativam fibroblastos, que crescem e tentam fibrosar o granuloma. A fibrose invade o granuloma, e quando ele se transforma em tecido de fibrose, quer dizer que o agente agressor foi eliminado. estranho.Classificação quanto à forma: puro ou simples = apresentam apenas macrófagos complexos = apresentam macrófagos, linfócitos, células gigantes, necrose central e/ou outras células. Classificação quanto à patogenia: imunogênicos = induzidos por partículas insolúveis, tipicamente microorganismos, que são capazes de induzir resposta imune. Esse tipo de resposta nem sempre produz um granuloma, mas o faz quando o agente agressor é pouco degradável ou é uma partícula. Os macrófagos engolfam o material estranho, processam-no e apresentam parte dele aos linfócitos T, que são ativados e liberam citocinas. As citocinas ativam outros linfócitos T e macrófagos, que se tornam células epitelióides ou células gigantes. - inertes = são provocados por corpos estranhos relativamente inertes. Se formam quando materiais como o talco, suturas ou outras fibras são grandes demais para serem fagocitados por um único macrófago e não provocam resposta inflamatória. As células epitelióides e gigantes se formam e aderem à superfície do corpo estranho, envolvendo-o. O material estranho geralmente pode ser identificado no centro do granuloma. Classificação quanto à imunidade- epitelióide = geram imunidade (=imunogênico)- tipo corpo estranho = não geram imunidade (=inerte) Discutir a importância clínico-patológica e diagnóstica do achado de granulomas em biopsias. Descrever sucintamente tuberculose, sarcoidose, hanseníase e paracoccidiodomicose. Reconhecimento do granuloma é importante porque limita o número de hipóteses diagnósticas em uma biópsia. Tuberculose: É causada por Mycobacterium tuberculosis Reação tecidual: tubérculo não-caseoso (protótipo do granuloma) = foco de células epitelióides cercado por fibroblastos, linfócitos, histiócitos, algumas células gigantes de Langerhans.- tubérculo caseoso = fragmentos granulares centrais e neutrófilos, células gigantes são raras.Sarcoidose: Tem causa desconhecida É uma doença sistêmica, mas acomete principalmente o pulmão. Reação tecidual: granuloma não-caseoso em muitos órgãos, com muitas células epitelióides e gigantes e linfócitos. Hanseníase:- É causada por Mycobacterium leprae- Reação tecidual: granuloma arredondado ou estrelado contendo fragmentos granulares centrais e neutrófilos, células gigantes são raras.Paracoccidiodomicose:- É causada por fungos dimórficos que crescem na forma de hifa. Reação tecidual: granuloma contendo eosinófilos e plasmócitos. É semelhante à tuberculose, podendo formar necrose e abscesso. Conceituar e caracterizar infecção, infestação, patogenicidade, virulência, resistência, relacionando-os. Infecção = processo de colonização dos tecidos por agentes microbianos agressores. Infestação = processo de penetração do organismo por parasitos não-microbianos. Ex: verminoses e ectoparasitoses. Patogenicidade = capacidade de uma partícula ou microorganismo gerar uma enfermidade.Virulência = termo usado para quantificar a agressividade, ou potência destrutiva de um agente patogênico. Resistência = termo relacionado à capacidade do organismo de combater agentes agressores por meio de suas células de defesa. Descrever os mecanismos de agressão nas células e tecidos de agentes virais, bacterianos e parasitários causando lesões. Vírus = inibição da síntese de DNA, RNA ou proteínas; dano à membrana plasmática por proteínas virais; lise celular decorrente da replicação viral; lesão de células de defesa, levando a infecções secundárias; indução à transformação maligna; desordens metabólicas.Bactérias = exotoxinas e endotoxinas liberadas na lise da bactérias podem ser tóxicas para os tecidos; pode causar choque séptico.Parasitas = grande diversidade de agentes e mecanismos. Pode ser por liberação de toxinas; competição por alimentação. De modo geral, os microorganismos lesam o tecido hospedeiro por 3 mecanismos: dano direto, dano mediado por toxinas e dano decorrente da resposta do hospedeiro.- entram ou contactam a célula, causando sua morte;- liberam toxinas ou enzimas que destroem componentes teciduais ou danificam vasos – necrose isquêmica.- as respostas contra o invasor podem gerar dano tecidual. Descrever as principais formas de restauração tecidual. As principais formas são a regeneração e a cicatrização.Regeneração = crescimento de células e tecidos para substituir estruturas perdidas. Nos mamíferos, órgãos e tecidos complexos raramente se regeneram e este termo é aplicado ao processo compensatório que ocorre diante da perda de um rim (nefrectomia unilateral) ou na hepatectomia parcial – crescimento compensatório. Os tecidos com alta capacidade proliferativa, como o hematopoiético, epitelial cutâneo e o TGI renovam-se continuamente e podem regenerar-se após uma lesão, enquanto as células-tronco deste tecido não forem destruídas. Cicatrização = resposta tecidual a um ferimento, a processos inflamatórios nos órgãos internos ou à necrose celular em órgãos incapazes de regeneração. A cicatrização consiste em dois processos distintos: regeneração e deposição do tecido fibroso, ou formação cicatricial. A regeneração requer uma arquitetura do tecido conjuntivo intacta. Ao contrário, a cicatrização com formação de cicatriz ocorre se a matriz extracelular estiver danificada, causando alterações na estrutura tecidual. Citar os tecidos que sofrem regeneração e as características do processo. Tecido epitelial = os epitélios de auto-renovação possuem células-tronco, células intermediárias altamente proliferativas e células em vários estágios de diferenciação. As células epiteliais terminais não se dividem. Rim = hipertrofia do néfron e alguma replicação de células tubulares proximais.Fígado = replicação de células maduras sem a participação de células- tronco.Pâncreas = células beta-pancreáticas se regeneram por diferenciação de células-tronco ou por transdiferenciação das células pancreáticas ductais. Conceituar e descrever a formação do tecido de granulação. O tecido de granulação é o tecido inflamatório na fase de cicatrização. Tem aparência rósea, lisa, granular na superfície das feridas. Aspectos histológicos = formação de pequenos novos vasos sanguíneos e proliferação de fibroblastos. A reparação tem inicio com a inflamação. Se após 24horas da lesão não houve resolução, os fibroblastos e células endoteliais vasculares começam a proliferar para formar tal tecido especializado – tecido de granulação. Frequentemente este tecido é edemaciado, pois os novos vasos permitem a passagem de plasma e proteínas para o espaço extravascular. O tecido de granulação aparece após a destruição tecidual, sofrendo maturação para virar fibrose. Descrever o processo de síntese e deposição do colágeno, indicando cofatores importantes. Etapas da síntese e deposição do colágeno: transcrição dos genes do colágeno; formação de pré-colágeno; formação de pró-colágeno; formação da tripla hélice de colágeno, a partir da hidroxilação dos resíduos de prolina e lisina do pró-colágeno. Formação de fibrila de colágeno, pela oxidação de resíduos específicos de lisina e hidroxilisina pela enzima extracelulae lisil oxidase. Isso resulta na formação de ligações cruzadas entre as cadeias de moléculas adjacentes, o que estabiliza o arranjo característico do colágeno. Co-fatores- a vitamina C é necessária para a hidroxilação do pró-colágeno.- integridade dos genes, pois defeitos genéticos causam doenças por deficiência do colágeno.- fatores de crescimento, como TGF-beta, intensificam a produção e deposição do colágeno.Listar as funções dos fibroblastos no reparo e na manutenção do interstício. Os fibroblastos compõem o tecido de granulação. Suas funções são: Manutenção do interstício: deposição progressiva de matriz extracelular, colágeno e glicosaminoglicanos; Reparo - produção de MMPs, importantes na remodelação porque degradam colágeno e outras proteínas da MEC- contração permanente da ferida por ação dos miofibroblastos; Caracterizar cicatrização de 1ª e 2ª intenção, citando suas causas. Cicatrização de primeira intenção:- Feridas com bordas regulares, limpas, assépticas- Morte celular limitada- Espaço inciosional se preenche com sangue coagulado + fibrina = coáguloSutura facilita a cicatrização- Exemplo: incisura cirúrgica. Cicatrização de segunda intenção:Feridas de bordas afastadas, irregulares e sujas- Excessiva perda celular e tecidual provoca prejuízo de restauração de arquitetura original- Crescimento de abundante tecido de granulação- Há contração da ferida – rede de miofibroblastos com actina - Exemplo: traumas, queimaduras. Listar os fatores locais e sistêmicos que afetam a cicatrização, indicando seu mecanismo. Fatores sistêmicos:- nutrição = a deficiência protéica e de vitamina C (Xcolágeno) retardam a cicatrização - condição metabólica = microangiopatia atrapalha a cicatrização (ex: diabetes) condição circulatória = oferta sanguínea inadequada ou anormalidade venosa que retarda a drenagem do sangue debilitam a cicatrização - hormônios = glicocorticóides têm efeito antiinflamatório, inibindo a cicatrização. Fatores locais:- infecção = provoca lesão tecidual persistente e inflamação, inibindo cicatrização - fatores mecânicos = atrapalham a cicatrização por compressão sanguínea ou afastamento das bordas da ferida - corpos estranhos = impedimento de cicatrização por suturas desnecessárias, fragmentos de aço, vidro ou mesmo osso - tamanho localização e tipo da ferida = melhor a cicatrização quanto menor, mais vascularizada e menos agressiva a lesão. Descrever as complicações do reparo: cicatriz hipertrófica, quelóide, granulação exuberante, deiscência de suturas, retrações cicatriciais. Cicatrização hipertrófica = acúmulo excessivo de colágeno pode causar essa cicatriz elevada, que se limita às bordas da ferida. Quelóide = ocorre quando o tecido cicatricial cresce além dos limites da ferida original e não regride. É uma cicatriz deformante. Granulação exuberante = ocorre quando há formação de quantidades excessivas de tecido de granulação que se sobressai acima do nível da pele circunjacente e bloqueia a reepitelização. Deiscência de suturas = se dá quando ocorre abertura da cicatriz. Retrações cicatriciais = a contração é importante, mas se ela for exagerada haverá contratura que resultará em deformidades da ferida e dos tecidos circunjacentes. São mais vistas após queimaduras sérias e podem comprometer o movimento da articulação. Pode também haver deficiência na contração.