Projecto Agro 231 Regularidade produtiva, qualidade e conservação dos frutos de actinídea nas regiões de Entre Douro e Minho e Beira Litoral DOENÇAS DO KIWI Jorge Sofia PODRIDÃO CASTANHA DAS RAÍZES Problemas fitopatológicos radicular detectados sobre o sistema •Podridão radicular causada por organismos semelhantes a fungos (Cromistas), do género Phytophthora spp. •Esta doença afecta principalmente plantas jovens (até dois anos). •Os seus sintomas manifestam-se no final da Primavera e caracterizam-se por redução de tamanho dos lançamentos terminais, folhas de pequenas dimensões (fig. 1), copa com pouca folhas (aberta) e perda de produção. Figura 1. Folhas de dimensão reduzida •A evolução da doença conduzirá à morte das plantas, podendo esta dar-se de duas formas distintas: ¾ bruscamente com o aumento das temperaturas no Verão ¾ gradualmente ao longo de várias estações. •O interior das raízes e do colo das plantas afectadas adquire uma coloração castanho-avermelhada (fig. 2), por vezes muito bem delimitada por tecido são. As raízes “pastadeiras” apodrecem e desaparecem ou ficam reduzidas a um filamento com um anel de casca em volta. Surgem na casca, pouco acima da linha do solo, lesões verticais profundas visíveis do exterior. •Este organismo vive no solo e é transportado de planta para planta na escorrência das águas superficiais. O seu desenvolvimento é favorecido por má drenagem e por rega excessiva. •Não havendo substâncias activas homologadas para esta finalidade nesta cultura, o controlo passa pela aplicação de boas práticas agrícolas, nomeadamente a plantação em camalhões elevados, boa drenagem do solo e nos casos em que a doença seja detectada não ultrapassar 6 horas consecutivas de rega, optando-se antes pela redução do intervalo entre regas para que a água possa drenar. Naturalmente, todas as plantas doentes deverão ser removidas do pomar e queimadas. Figura 2. Corte longitudinal de planta de dois anos, mostrando o voluir da infecção dentro da planta. O traço branco corresponde ao nível do solo;A seta negra mostra a lesão castanho avermelhada; A seta branca mostra a zona onde se formou um cancro (ferida). UNIVERSIDADE DO ALGARVE Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais LQAR S DRABL Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral Programa AGRO, Medida 8-Desenvolvimento Tecnológico e Demonstração, Acção 8.1-Desenvolvimento Experimental e Demonstração PODRIDÃO BRANCA DAS RAÍZES Problemas fitopatológicos detectados sobre o sistema radicular Podridão radicular causada pelo fungo Armillaria mellea: mellea As plantas afectadas por Armillaria mellea morrem repentinamente, após um período em que é evidente o enfraquecimento progressivo da planta. Quando se escava o solo rente ao tronco e se levanta a casca húmida, é possível observar o fungo que se apresenta como uma película de consistência mole e de cor amarelo-esbranquiçada (Fig. 3). Sobrevivendo em madeira doente e em restos de outras culturas deixados no terreno, pode infectar as raízes de plantas saudáveis aí plantadas. O fungo avança das raízes de plantas doentes para as de plantas sãs através da emissão de “cordões” pelo solo. Plantas enfraquecidas por má aptidão do solo, outras infecções e má drenagem (o desenvolvimento dos fungos é favorecido por condições de humidade excessiva), podem facilmente ser destruídas por um ataque deste organismo. Não havendo tratamentos fitossanitários homologados, as medidas a tomar resumem-se a: ►Antes da plantação Figura 3. Corte transversal de tronco acima da raíz. A seta aponta o fungo no interior do tronco. •Remoção e queima de todos os restos de anteriores lenhosas existentes no terreno, remoção de todas as raízes de diâmetro superior a 1 cm; •Em solo contaminado respeitar um período de dois anos entre o arranque e a plantação. Durante este período semear no local do pomar cevada; •Escolher o material a plantar, eliminar todo o que apresente raízes podres. ►Em pomares instalados •As plantas afectadas devem ser removidas na totalidade e queimadas. As raízes devem ser queimadas na cova; •Criar barreiras físicas entre plantas sãs e plantas doentes, escavando valas de 50 cm de profundidade entre a última planta doente e a sã seguinte e cobrindo a parede da vala com um plástico (tipo estufa). DRAEDM Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho AIBMC Associação do Instituto de Biologia Molecular e Celular Figura 4. Corte longitudinal do tronco. As setas mostram o avanço da doença. FDM - Frutas Douro Minho, S.A. KIWICOOP, C.R.L. Programa AGRO, Medida 8-Desenvolvimento Tecnológico e Demonstração, Acção 8.1-Desenvolvimento Experimental e Demonstração PODRIDÃO CINZENTA E MURCHIDÃO BACTERIANA •Doença causada pelo fungo Botrytis cinerea. •Não é frequente sobre frutos imaturos, surgindo na câmara após 3 a 4 semanas de conservação. •A infecção dos frutos pode-se dar no pomar, aquando da floração, ou à colheita: ¾O fungo permanece de uns anos para os outros nos frutos caídos, nas folhas mortas, nas infestantes, etc.…Assim que o tempo aquece e a humidade é elevada, a Botrytis inicia a sua dispersão. ¾Aquando da alimpa, as pétalas , em condições de elevada humidade, podem ficar agarradas às folhas, apodrecendo e contaminando o exterior do fruto em formação. ¾À colheita, o fungo pode penetrar no fruto através da ferida peduncular e/ou de lesões na casca. •A infecção progride geralmente do pedúnculo para a outra extremidade do fruto, apresentando este um aspecto vítreo e uma consistência mole. Figura 5. Pétala infectada com Botrytis cinerea, “colada” a uma folha próxima (seta), infectando-a. É visível na margem da pétala, o fungo em desenvolvimento. •Estes frutos constituirão um risco suplementar de infecção. •Embora haja propostas de homologação de alguns produtos fitossanitários para este problema, a melhor forma de lidar com ele é através de boas práticas culturais: ¾Aumentar a luminosidade e ventilação da copa; ¾Eliminar restos de colheitas anteriores; ¾Combate racional às infestantes, de modo a diminuir focos de infecção, facilitar o arejamento e a diminuir o nº de caracóis que ajudam a disseminar o fungo. Murchidão bacteriana por Pseudomonas spp. spp •Os sintomas desta doença manifestam-se inicialmente pelo aparecimento de manchas acastanhadas nas pétalas que encerram os botões florais. Posteriormente, com o evoluir do botão floral, aquelas manchas evoluirão, exibindo as pétalas uma cor amarelo-alaranjado, que se tornará necrótica (murcha e seca). •Os botões afectados não chegarão a medrar e tombarão ao chão. Simultaneamente poderão ser detectadas manchas sobre as folhas, particularmente quando a rega é por aspersão e quando as temperaturas se elevam. Estas manchas surgem ao longo da margem da folha como pequenos pontos (1-2mm) de cor amarela, tornando-se o centro necrótico. Posteriormente estas manchas alargam e juntam-se formando manchas irregulares de tecido necrótico. •As bactérias do género Pseudomonas, são agentes patogénicos frequentes em muitas culturas. Apenas conseguem penetrar nas plantas através de feridas ou outras lesões, entrando em acção quando as plantas se encontram predispostas para a doença, como acontece após geadas ou frio intenso e após chuva (que favorece o desenvolvimento da bactéria). •Há neste momento propostas de homologação de alguns produtos fitossanitários para este problema, nomeadamente de produtos cúpricos para tratamentos de Inverno, que pela sua acção bacteriostática poderão ajudar a diminuir os riscos de ocorrência desta doença. UNIVERSIDADE DO ALGARVE Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais LQAR S DRABL Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral Programa AGRO, Medida 8-Desenvolvimento Tecnológico e Demonstração, Acção 8.1-Desenvolvimento Experimental e Demonstração “ESCA” DO KIWI Doenças do lenho em kiwi – “Esca” Estas doenças são caracterizadas por afectarem a madeira, degradando-a , conduzindo a planta a um estado de enfraquecimento total com perda de produção e eventual morte da planta. Manifestam-se por enfraquecimento e atrasos na rebentação de alguma plantas e necroses nas folhas seguindo-se o dessecamento de braços isolados e posterior morte da planta. O mesmo problema tem sido detectado e estudado em França, Itália, Espanha e Nova Zelândia, não havendo ainda certezas quanto aos agentes responsáveis e formas de propagação. A doença manifesta-se particularmente nos meses mais quentes Figura 6. a) Planta afectada (Outubro); b) lançamento com sintomas (Agosto); c) desfolha quase total (Agosto); d) rebentação atrasada (Julho); e) sintomas na folha (Agosto); f) Corte transversal de braço mostrando necrose e degradação do lenho; g) corte de kiwi onde é visível um dos fungos responsáveis pela esca da videira (seta); h) fungos associados à degradação do lenho em braço decrépito. Atendendo aos organismos isolados de plantas afectadas e aos sintomas observados (fig. 6), este problema aparenta ser idêntico à esca da videira. Não havendo ainda certezas quanto a esta doença, pouco mais resta que uma profilaxia adequada, assim: •Antes da poda, devem ser marcadas as árvores afectadas; •A poda dessas árvores deve ser deixada para o fim; •Toda a madeira dessas árvores deve ser removida do pomar e destruída; •Caso se detectem necroses nos braços, estes devem ser cortados até encontrar madeira sã; •Feridas de poda ou outras muito expostas (cancros) devem ser desinfectadas, logo na altura da poda, com uma pasta para desinfecção de feridas de poda, ou com uma pasta cúprica, ou com uma mistura de ácido bórico a 5% com cera em pasta. •As ferramentas de poda devem ser desinfectadas por lavagem em 1 parte de lixívia para 9 partes de água, após serem utilizadas em árvores potencialmente infectadas. DRAEDM Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho AIBMC Associação do Instituto de Biologia Molecular e Celular FDM - Frutas Douro Minho, S.A. KIWICOOP, C.R.L.