Ocorrência de problemas fitossanitários em pomares

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D.R.A.B.L.
Direcção Regional de
Agricultura da Beira Litoral
Projecto Agro 231: Regularidade produtiva,
qualidade e conservação dos frutos de actinídea nas
Regiões de Entre Douro e Minho e Beira Litoral
Ocorrência de problemas fitossanitários em pomares de
kiwi na Beira Litoral.
Jorge Manuel Esteves Carvalho Sofia
Podridão radicular causada por
Armillaria mellea (Podridões
Brancas)
•Doença causada por um fungo, da família dos cogumelos
(basidiomicetas)
•Comum a todo o planeta, particularmente em solos pesados,
com dificuldade de drenagem das zonas temperadas
•Polífago – Parasita mais de 700 epécies de plantas lenhosas.
•As plantas mais susceptíveis são as que se encontram
enfraquecidas por encharcamento ocasional, má drenagem,
seca, frio, fortes ataques de pragas ou doenças que causem
defoliação, ensombramento, poluição, etc…
•É muitas vezes considerada uma patologia secundária,
causadora da morte de plantas que se encontravam a definhar
por outras razões.
Sintomas
Raíz- apodrecimento e degradação da raiz, que se torna “esponjosa”
com um forte odor a cogumelos. Levantando a casca, até 20 cm de
profundidade no solo é visível, particularmente em tempo húmido,
que o tronco, colo e raízes se encontram recobertos por uma
película esbranquiçada, por vezes organizada em “leques”
Porção aérea – Os sintomas sobre a porção aérea confundemse com os de outras podridões. As manifestações da doença
mais perceptíveis serão sem dúvida o amarelecimento e
acastanhamento da folhagem, a queda antecipada das folhas,
um declínio no vigor da planta, com consequências na
produção do ano, secagem de lançamentos e braços
inteiros.Este declínio arrastar-se-à por vários anos até ao
colapso total da planta. Nesta altura já serão por demais
evidentes os sintomas radiculares atrás descritos, assim como
outros sinais como o aparecimento de cogumelos no final do
Outono, após um período chuvoso.A morte de alguns ramos
poderá ser o resultado do ataque a uma ou mais raízes laterais
•Braço afectado
•Tronco afectado, revelando-se o sentido
ascendente da infecção
•Início da infecção
• Sobrevive no solo graças aos rizomorfos (cordões) sobre
restos de madeira.
•Estes cordões avançam perto de um metro por ano em busca
de novas plantas.
•O ataque projecta-se em círculo, pois os cordões avançam
para todos os lados a partir da planta doente, naturalmente
pela sua proximidade as plantas na linha serão mais
afectadas.
•Tem preferência por plantas enfraquecidas.
•No caso de surgirem os respectivos cogumelos, no final do
Outono, o risco de dispersão aumenta, uma vez que estes
lançarão milhões de esporos que transportados pelo vento
darão origem a novos focos.
Meios de luta
A luta contra este tipo de podridões é delicada, uma vez que surgem por focos que uma vez
instalados se tornam extremamente difíceis de erradicar.
•Escolher o material a plantar, eliminar todo o que apresente necroses e sinais da presença deste
bolor
•Não plantar em terrenos onde tenha estado instalada uma cultura que tenha tido problemas
idênticos.
•Quando se detectam plantas com a doença já estabelecida, deve-se abrir uma cova de até 50 cm
para ambos os lados do tronco e proceder à remoção e destruição pelo fogo dessas plantas, incluindo
toco e raízes de dimensão superior a 1 cm. Caso seja possível esta destruição (da porção inferior)
deverá ser efectuada na própria cova. Só assim evitaremos que esses resíduos dêem origem a novos
focos da doença.
•A cova deverá ser deixada aberta por um período nunca inferior a um ano de modo a promover o
arejamento.
•Se as plantas circundantes apresentarem sintomas incipientes de ataque, pode-se reduzir e atrasar o
declínio eliminando as raízes afectadas e limpando o tronco até à madeira sã, e substituindo a trra da
cova por terra de procedência segura
•Evitar todas as situações favoráveis ao aparecimento desta doença.
•Criar barreiras físicas (com um filme de polietileno, p. ex.) entre plantas sãs e plantas doentes.
Em nenhum país do mundo existe qualquer tratamento eficaz
contra a Armillaria, no entanto alguns autores preconizam:
•Desinfecção do solo (em locais onde o problema é recorrente, ou
de alto risco) antes da plantação, com um fumigante, tipo brometo
de metilo, ou metame sódio.
•Injecções de Fosetil A no tronco (2,5 g/l, deixar em repouso uma
semana, recolher o líquido, injectar em buracos perfurados no
tronco a 40 cm de altura, com broca de 5 mm e deixar a seringa
pressionada 24 horas).
•Pincelagem de raízes afectadas com pastas cúpricas.
Conclusão
Para evitar este problema em kiwi, o
melhor será evitar condições de
encharcamento, drenando o melhor
possível a parcela.
Podridão da raiz e colo causada por
Phytophthora spp..
•Doença causada por um fungo da família dos míldios – Phytophthora
spp.
•Os sintomas surgem na Primavera, e à medida que as temperaturas
aumentam as plantas vão colapsando bruscamente ou evidenciando um
enfraquecimento progressivo.
•Raíz - Podridão húmida e avermelhada que afecta a região de inserção
das raízes principais e o colo das plantas. A casca da região do colo fica
solta e avermelhada. As raízes “pastadeiras”morrem e desaparecem, ou
transformam-se em filamentos, por vezes envoltos por anéis de casca
morta, assemelhando-se a fios eléctricos descarnados.
•Parte aérea apresenta amarelecimento e murchidão da folhagem, pouca
rebentação, folhas diminutas, copa rarefeita e dessecamento dos ramos.
•Não ocorrem sinais visíveis do patógeneo.
•A sua ocorrência tem sido associada ao alagamento,
sendo rápida a disseminação entre plantas.
•Sobrevive no solo e pode ser transportada e
disseminada pela águas de rega.
Meios de luta
Não há substâncias activas homologadas para o controlo desta doença nesta
cultura.
O controle deverá ser fundamentado na plantação de material são e na
escolha do local do pomar, visando evitar condições que propiciem a asfixia
radicular e predisponham a planta ao ataque do patógeneo e deverá incidir
sobre boas práticas culturais, tais como:
Camalhões elevados.
Solos bem drenados.
Pomar deve permitir o rápido escoamento de águas superficiais.
Caso a doença seja detectada, as plantas afectadas devem ser
imediatamente removidas e queimadas, assim como tocos e raízes. A cova
deve ser deixada aberta pelo menos um ano.
Regar por vários períodos de modo a permitir a drenagem da última
rega.
Doenças do lenho em kiwi
Verificou-se em muitos dos pomares em estudo
o enfraquecimento e atrasos na rebentação de
alguma plantas, seguido pelo dessecamento de
braços isolados e posterior morte da planta.
Associado a esta sintomatologia, era evidente
nas árvores mais afectadas um engrossamento
da base do tronco, tipo “pata de elefante”. O
sistema radicular não parecia afectado.
Nos cortes transversais de troncos e/ou
ramos, era evidente uma necrose circular de
cor “beige” a castanho dirigida para a
extremidade do ramo e com início numa
ferida no tronco (de poda ou outra). Nalguns
casos verificou-se a degradação da madeira,
tomando esta a consistência de serradura, ou
obrando apenas uma cavidade no interior do
tronco. (slide seguinte)
Esta sintomatologia é em tudo semelhante à da esca da
videira, doença também caracterizada pela morte e
dessecamento de plantas com degradação do lenho.
Nas análises efectuados foram igualmente detectados alguns
dos fungos associados ao complexo da esca em videira,
nomeadamente Chondrostereum sp. e Phaeoacremonium sp.
Não foi no entanto possível estabelecer até à data uma relação
causa efeito, pelo que o problema continua em estudo. O mesmo
problema tem sido, recentemente, focado noutras regiões
(França, Itália) não se tendo ainda chegado a nenhuma
conclusão.
• Não havendo ainda certezas quanto a esta doença, pouco mais resta
que uma profilaxia adequada, assim:
• Devem ser marcadas as árvores afectadas.
• A poda dessas árvores deve ser deixada para o fim.
• Toda a madeira dessas árvores deve ser removida do pomar e
destruída.
•
Caso se detectem necroses nos braços, estes devem ser
eliminados até ao fim da necrose, entrando 3 cm na madeira sã.
• Feridas de poda ou outras muito expostas devem ser desinfectadas
com uma pasta cúprica.
• As ferramentas de poda devem ser desinfectadas por lavagem em 1
parte de lixívia para 9 partes de água.
Murchidão bacteriana por Pseudomonas sp.
Os sintomas desta doença manifestam-se
inicialmente pelo aparecimento de
manchas acastanhadas nas pétalas que
encerram os botões florais.
Posteriormente, com o evoluir do botão
floral, aquelas manchas evoluirão,
exibindo as pétalas uma cor amareloalaranjado, que se trornará necrótica
(murcha e seca).
Os botões afectados não chegarão a medrar e
tombarão ao chão. Simultaneamente poderão
ser detectadas manchas sobre as folhas,
particularmente quando a rega é por aspersão e
quando as temperaturas se elevam. Estas
manchas surgem ao longo da margem da folha
como pequenos pontos (1-2mm) de cor amarela,
tornando-se o centro necrótico. Posteriormente
estas manchas alargam e juntam-se formando
manchas irregulares de tecido necrótico.
Epidemiologia
As bactérias do género Pseudomonas, são
agentes patogénicos frequentes em muitas
culturas. Apenas conseguem penetrar nas
plantas através de feridas ou outras lesões,
entrando em acção quando as plantas se
encontram predispostas para a doença, como
acontece após geadas ou frio intenso e após
chuva (que favorece o desenvolvimento da
bactéria).
Métodos de controlo
Não há substâncias activas homologadas para
esta finalidade nesta cultura.
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