103 Revista Brasileira de Ensino de Fsica, vol. 20, no. 2, junho, 1998 Estabilidade das Soluc~oes de Equilbrio Relativo de um Problema Restrito de Quatro Corpos (Stability of Equilibrium Solutions in a Restricted Four-Body Problem) Dante Leal Maranh~ ao Departamento de Matematica Universidade Federal de Alagoas Campus A.C. Sim~oes, 57072-970, Maceio, Alagoas, Brasil e-mail [email protected] Trabalho recebido em 12 de setembro de 1997 Estudaremos o movimento de uma massa innitesimal submetida a ac~ao gravitacional newtoniana de tr^es outras massas , 1 ; 2 e , as quais descrevem uma das congurac~oes centrais encontrada por Eulor em 1767. De fato, o corpo de massa 1 ; esta localizado no centro de massa e os dois outros est~ao situados em posic~oes simetricas com relac~ao ao centro de massa. O presente trabalho esta destinado a calcular as seis soluc~oes de equilbrio relativo deste Problema Restrito de Quatro Corpos e estudar a estabilidade destas soluc~oes. We study the motion of an innitessimal mass point under the gravitational action of three mass points of masses , 1 ; 2 and moving under the Newton's law of gravitational attraction in circular periodic orbits around their center of masses forming at any time a collinear central conguration. The body of mass 1 ; 2 is located at the center of mass. The paper proves the existence of six equilibrium point L i = 1 ::: 6 and we study the stability this solution. i 1. Introduca~o A Mec^anica Celeste e denida como o campo de conhecimento cientco que estuda as consequ^encias da segunda lei da din^amica, a qual diz que a forca F que atua sobre uma partcula de massa m e dada por F = (m v) onde v denota a velocidade, e da lei de gravitac~ao universal. O problema central da mec^anica celeste e o problema de n corpos, que consiste em descrever o movimento de n partculas materiais submetidas unicamente as forcas de atrac~oes mutuas, de acordo com a lei da gravitac~ao universal. A descric~ao completa desse problema consiste em resolver um sistema de equac~oes diferenciais ordinarias, o qual so pode ser resolvido, explicitamente, para o caso n = 2 (problema de Kepler). Ainda que as soluc~oes deste problema sejam conhecidas no caso n = 2, sabe-se muito pouco sobre elas para o caso n 3: E por isso que o problema de tr^es corpos e objeto de grande numero de simplicac~oes. End dt tre estas simplicac~oes, merece um destaque especial o problema restrito de tr^es corpos, isto e, o problema de tr^es corpos em que uma das massas e innitesimal, de maneira que sua inu^encia sobre os outros dois sendo desprezvel, o movimento destes e o de um problema de dois corpos o problema restrito de tr^es corpos consiste em descrever o movimento do corpo de massa innitesimal. O problema de tr^es corpos se coloca como um desao para os matematicos e fsicos que testam suas teorias no intuito de resolv^e-lo. Apos a comprovac~ao de que este problema n~ao e integravel, passou-se a procurar informac~oes qualitativas a seu respeito, motivando assim o surgimento de diversas areas em matematica. Como consequ^encia deste estudo, no nal do seculo XIX e comeco do seculo XX, surgiu a teoria qualitativa das equac~oes diferenciais ordinarias, onde destacam-se os trabalhos de Poincare e Liapunov, dando origem a teoria dos sistemas din^amicos, que representa uma das principais areas da matematica contempor^anea. 104 Um movimento periodico dos n corpos e dado por uma soluc~ao do problema de n corpos, onde todas as coordenadas dos vetores-posic~ao s~ao func~oes periodicas de t, com o mesmo perodo. O movimento periodico mais simples e aquele em que as coordenadas n~ao variam com o tempo: os corpos est~ao parados e a uma tal soluc~ao chamamos de soluca~o de equilbrio. O problema de tr^es corpos n~ao admite este tipo de soluc~ao. Em seguida, um movimento periodico tambem simples e aquele em que os n corpos movem-se em um mesmo plano em orbitas circulares em volta do centro de massa, todos com a mesma velocidade angular. Esta n~ao e uma soluc~ao de equilbrio, no entanto, relativamente a um sistema baric^entrico girando com a mesma velocidade angular, os n corpos est~ao parados portanto, nos a chamaremos de soluca~o de equilbrio Dante Leal Maranh~ao Figura 1.1. Coordenadas siderais (x,y) e coordenadas sin odicas (~x y~). relativo. Para o problema de tr^es corpos, estas soluc~oes de fato existem e foram obtidas por Euler em 1767, no caso colinear, e por Lagrange, em 1772, que re-obteve as soluc~oes de Euler e mais duas outras, n~ao colineares. No presente trabalho, consideramos tr^es corpos que denominaremos de primarios e os quais denotaremos por P0, P1, P2, com massas m0 , m1 , m2 , respectivamente, movendo-se segundo a lei de gravitac~ao de Newton, em uma soluc~ao de equilbrio colinear do problema de tr^es corpos. Alem disso, tomaremos m1 = m2 e a massa m0 situada entre m1 e m2 . Consideraremos um quarto corpo, de massa m3 , que se move no plano denido pelas trajetorias dos outros tr^es, atrado por eles, porem, sem inuencia-los (na pratica pode-se considerar que sua massa e desprezvel com relac~ao a massa dos demais). Nosso problema restrito plano e circular de quatro corpos consiste em descrever o movimento do quarto corpo, isto e, do corpo de massa innitesimal m3 . Este problema foi introduzido por Moulton em 1900 4]. Conforme estudo feito em 3], s~ao exatamente seis as soluc~oes de equilbrio relativos deste problema restrito distribudas da seguinte maneira: duas soluc~oes triangulares (denotadas por L5 e L6 ), isto e, formando tri^angulos isosceles com dois dos primarios, cando o terceiro situado sobre o segmento de reta que determina a base do referido tri^angulo, e quatro colineares (denotadas por L1 , L2 , L3 e L4 ), onde o corpo de massa innitesimal ca situado na reta determinada pelos primarios (ver gura 1.2). Figura 1.2. Soluc~os de equil brio relativo. No ponto de vista din^amico do problema, isto signica dizer que colocando-se a massa innitesimal m3 no ponto de equilbrio relativo com velocidade relativa nula, ela permanecera sempre neste ponto. Uma quest~ao da mais alta import^ancia e saber se ao tentarmos colocar o corpo de massa innitesimal no ponto de equilbrio e n~ao conseguirmos em virtude de uma pequena velocidade inicial ou de um pequeno desvio do ponto, sera que o movimento resultante da massa m3 permanecera proximo do ponto de equilbrio para todo o tempo. Em caso armativo, diremos que a posica~o de equilbrio relativo e estavel. Neste trabalho, estudaremos a natureza das soluc~ao de equilbrio colineares e triangulares. 105 Revista Brasileira de Ensino de Fsica, vol. 20, no. 2, junho, 1998 2. As equac~oes do movimento em coordenadas siderais e sinodicas Consideraremos um sistema de refer^encia inercial com origem no centro de massa 0, e denotaremos por (X Y ) as coordenadas do corpo de massa innitesimal. Este sistema sera denominado sideral e nele os primarios, de massas m1 e m2 , descrevem uma mesma orbita circular de raio a em volta da origem com velocidade angular !. Utilizando variaveis complexas, as posic~oes dos corpos P0, P1 e P2 ser~ao dadas, respectivamente, por (ver gura 1.1) Z0 = 0 Z1 = a exp(i!t ) e Z2 = a expi(!t + )] onde t e o tempo. A posic~ao do corpo de massa innitesimal m3 sera Z = X + iY . Portanto, a forca gravitacional que as massas m0 , m1 e m2 , exercem sobre a massa innitesimal m3 dara a equac~ao c Z" = ;k 2 m0 Z + m1 Z ; a exp(i!t )] + m2 jZ ; a expi(!t + )]j : jZ j3 jZ ; a exp(i!t )j3 jZ ; a expi(!t + )]j3 (2:1) d onde ' denota derivada com relac~ao a t , e k2 e a constante de gravitac~ao Newtoniana. Introduziremos agora um novo sistema de refer^encia denominado sinodico. Neste sistema os eixos de coordenadas giram em mesmo sentido e com a mesma velocidade angular que os primarios, os quais, consequentemente, cam xos relativamente a este sistema. O novo sistema tem a grande vantagem de permitir uma descrica~o do problema, a qual n~ao depende do tempo. Denotaremos por (~x y~) as coordenadas sinodicas do corpo de massa innitesimal e consideraremos os eixos de coordenadas de maneira que a origem esteja no centro de massa, os primarios estejam sobre o eixo x e o sentido de crescimento neste eixo seja de m2 para m1 . Estas novas coordenadas se relacionam com as coordenadas siderais atraves da seguinte transformac~ao (ver gura 1.1): Z 00 = (~z 00 + 2i!~z 0 ; !2 z~) exp(i!t ): O equilbrio entre a forca de atraca~o gravitacional e a forca centrfuga sobre a massa m1 requer que k2(m2 + 4m0 ) = 4a3!2 : (2:3) Substituindo (2.2) e (2.3) em (2.1) obtem-se as equac~oes diferenciais que regem o movimento e em seguida fazendo uma transformac~ao de coordenadas, uma mudanca de escala no tempo e normalizando as massas, escreve-se as equac~oes do movimento na seguinte forma (analogas as obtidas por Poincare para o problema restrito de tr^es corpos) x ; 2y_ = @! @x Z = z~ exp(i!t ) onde z~ = x~ + i~y : onde Uma facil vericac~ao mostra que (2:2) y ; 2x_ = @! @y c ! = !(x y) = 12 (x2 + y2 ) + 1 ;P 2 + 8 1 1 P1 + P2 (2:4) 106 Dante Leal Maranh~ao com 2 0 12 P 2 = x2 + y2 P12 = (x ; 1)2 + y2 P22 = (x + 1) + y2 d e ponto denota derivada com relac~ao ao tempo. Observe que fazendo = 0 (ou respectivamente = 1/2) obtem-se o problema Kepler (ou respectivamente) o problema restrito de tr^es corpos com massas dos primarios iguais (ver 3]). x2 = y y1 = x_ ; y y2 = y_ + x (3:1) converte o sistema (2.4) no sistema hamiltoniano 3. Natureza das soluc~oes de equilbrio x_ 1 = H 1 y Nesta sec~ao, escreveremos as equac~oes do movimento na forma hamiltoniana, calcularemos e estudaremos a natureza das soluc~oes de equilbrio do sistema obtido. A transformac~ao de coordenadas x_ 2 = H 2 y y_1 = ;H 1 x y_2 = ;H 2 (3:2) x onde x1 = x H = (y1 +2 x2) + (y2 +2 x1 ) ; (x1 +2 x2 ) ; U(x1 x2): 2 2 A func~ao diferenciavel H : E ! R2 induz o campo vetorial X = (H 1 H 2 ;H 1 ;H 2 ). Observe que a relac~ao entre o hamiltoniano e a integral de Jacobi e dada por H = ;C=2: Um ponto p 2 E e dito um ponto de equilbrio do sistema hamiltoniano (3.2) quando X (p) = 0: Da express~ao de H e de (3.2) segue-se que os pontos de equilbrio, (x1 x2 y1 y2 ) de (3.2) s~ao dados por (x1 x2 ;x2 x1), onde x1 e x2 satisfazem as equac~oes H y y x x 2 2 2 Portanto, cada um dos seis pontos crticos de ! nos da uma soluc~ao de equilbrio do sistema hamiltoniano (3.2). A matriz da parte linear do sistema hamiltoniano (3.2), e dada por H 0 0 B ; 1 M =B @ ;1 + ! ! ! 1 (x1 x2) = 0 ! 2 (x1 x2) = 0: ! x1 x1 1 0 x1 x2 ;1 + ! 2 x2 x1 x x2 x 1 0 0 ;1 0 1 1 0 1 CC : A Portanto, seu polin^omio caracterstico e x c P (t) = t4 + (4 ; ! c x1 x1 ; ! 2 2 )t2 + ! 1 1 ! 2 2 ; (! 1 2 )2: x x x x x x (3:3) x x d Quando = 0, verica-se que nos pontos de equilbrio colineares L i = 1 ::: 6 vale (ver 3]) i A=! B=! (L ) = 3 2 (L ) = 0 x1 x1 i x1 x i 107 Revista Brasileira de Ensino de Fsica, vol. 20, no. 2, junho, 1998 e C=! x2 x2 (L ) = 0 i consequentememte as razes caractersticas de (3.3) s~ao t1 2 = 0 t3 = i e t4 = ;i. Portanto, os pontos de equilbrio colineares correspondem a centro parabolica do sistema hamiltoniano (3.2) quando = 0 (ver gura 3.1). Figura 3.2. Sela complexa. Para os pontos de equilbrio triangulares L i = 5 6 verica-se que (ver 3]) i B=! Figura 3.1. Centro parab olico. Para 2 (0 1=2], sabemos que nos pontos de equilbrio colineares vericam-se as seguintes relac~oes (ver 3]) A=! x1 x1 B! x1 x2 (L ) > 0 i (L ) = 0 i e C=! x2 x2 (L ) < 0: i Ent~ao as razes da equac~ao caracterstica (3.3) s~ao duas reais, t1 , t2 e duas imaginarias, t3, t4 (ver gura 3.2). Portanto, os pontos de equilbrio colineares correspondem a sela centro do sistema hamiltoniano (3.2). x1 x2 (L ) = 0 i e 4;! x1 x1 (L ) ; ! i x2 x2 (L ) = 1 i Portanto, o polin^omio caracterstico (3.3) adquire a seguinte forma P (T) = t4 + t2 + c onde = AC = ! x1 x1 ! 2 2 > 0: x x (3:5) Quando = 0, verica-se que A = ! 1 1 = 0 (ver 3]) e, portanto, = 0, consequentemente temos que t1 = t2 = 0, t3 = i e t4 = ;i, isto e, os pontos de equilbrio triangulares s~ao centros parabolicos (ver gura 3.1). Para 2 (0 1=2] conforme estudo feito em 3] existe 0 > 0 tal que para 0 < < 0 , as raizes caractersticas de (3.3) s~ao t1 = ;t2 e t3 = ;t4 s~ao imaginarios puros (ver gura 3.3). Consequentemente os pontos de equilbrio triangulares s~ao centros genericos. x x 108 Dante Leal Maranh~ao Figura 3.5. Sela complexa. Figura 3.3. Centro gen erico. Quando 0 < 1=2, verica-se que t1 = a + bi t2 = a ; bi t3 = ;a ; bi, t4 = ;a + bi. (ver gura 3.5) e, portanto, temos sela complexa. 4. Conclus~ao p Quando p = 0, verica-se que t1 = t3 = i 2=2, t2 = T4 = ;i 2=2: Portanto os pontos de equilbrio triangulares s~ao centros degenerados (ver gura 3.4). Uma quest~ao de grande import^ancia relacionada com o problema e o estudo da estabilidade ou instabilidade das soluc~oes de equilbrio L i = 1 ::: 6: Se, ao tentar colocar o corpo de massa innitesimal m3 com velocidade relativa nula no ponto L e n~ao conseguirmos, em virtude de uma pequena velocidade inicial ou de um pequeno desvio do ponto L e mesmo assim o movimento resultante da massa innitesimal m3 permanece proximo do ponto L , para todo o tempo, diremos que esta soluc~ao de equilbrio e estavel. Diremos que uma soluc~ao de equilbrio e instavel quando n~ao e estavel. Consideremos um sistema de equac~oes diferenciais lineares i i i i X_ = AX X = (x1 ::: x ) n (4:1) e suponhamos que a matriz A tenha autovalores distintos 1 ::: . Ent~ao, uma soluc~ao (de equilbrio de (4.1) e estavel se, e somente se, os autovalores 1 ::: s~ao todos imaginarios puros (ver 6]). Conforme estudo feito em 6] verica-se que a estabilidade da soluc~ao de equilbrio do sistema linearizado n~ao assegura a estabilidade para o sistema n~ao-linear. n n Figura 3.4. Centro degenerado. Revista Brasileira de Ensino de Fsica, vol. 20, no. 2, junho, 1998 Para estudar a estabilidade das soluc~oes de equilbrio L , utilizaremos o seguinte criterio estabelecido por Liapunov (ver 6]). Se uma posic~ao de equilbrio L e estavel, ent~ao os autovalores da parte linear do sistema s~ao todos imaginarios puros. Portanto se existe um autovalor com parte real diferente de zero, a posic~ao de equilbrio e instavel. Como consequ^encia do exposto acima podemos concluir que: i i 109 6 C. L. Siegel e J. K. Moser, Lecture on Celestial Mechanics, Springer-Verlag, Berlin, 1971. 7 V. Szebehely, Theory of Orbits, Academic Press, New York, 1967. Notas bibliogracas do autor (falecido apos submiss~ao do artigo) (a) Para = 0 todas as soluc~oes de equilbrio s~ao estaveis (b) Para 2 (0 1=2] as soluc~oes de equilbrio colineares s~ao instaveis para o sistema linear e consequentemente instaveis quando vistas como soluc~oes de (3.2). (c) Para 2 (0 0] temos a estabilidade das soluc~oes de equilbrio triangulares para o sistema linear. (d) Quando 0 2 ( 0 1=2] temos que as soluc~oes de equilbrio triangulares s~ao instaveis, tanto para o sistema linearizado quanto para o sistema original, uma vez que existem autovalores da parte linear do sistema que n~ao s~ao imaginarios puros. Agradecimento: Gostaria de agradecer a Jose Adonai e a Francisco Vieira Barros, pelas estimulantes conversas que mantivemos a respeito deste trabalho. Refer^encias 1 M. Kline, Mathematical Thought from Ancient to Modern Times, Oxford University Press, New York, 1972. 2 A. Koestler, The Sleepwalkers, a History of Man's Changing Vision of the Universe, Grosset and Dunlap, New York, 1963. 3 D.L. Maranh~ao, Estudi del ux d'un problema restringit de quatre cossos, Tese de Doutorado, Universitat Autonoma de Barcelona, 1995. 4 F.R. Moulton, On a class of particular solutions of the problem of four bodies, Amer. J. of Math. 1, 17 (1900). 5 A.E. Roy, Orbital motion, Adam Hilger Ltd, Bristol, 1978. Dante nasceu em 31 de Maio de 1958 (Vic^encia, PE), ultimo rebento de uma famlia numerosa. Concluda a escolaridade de 1o. e 2o. Graus (em TimbaubaPE e Jo~ao Pessoa-PB), cursou a graduac~ao de Matematica em Campina Grande-PB (1980). No ano seguinte, ocorreram dois fatos marcantes: seu ingresso no Mestrado em Matematica (UFPE) e seu casamento com Joluilda. Em 1983, Dante e aprovado em concurso publico do Departamento de Matematica Basica da Universidade Federal de Alagoas - e inicia sua carreira docente, aqui em Maceio. Dois anos depois, sob a orientaca~o de Hildeberto Cabral defende sua Tese de Mestrado (Estabilidade de O rbitas em Torno de um Planeta Oblato), epoca em que nasceu o primog^enito (Luis Henrique) do casal. Na UFAL, participou intensamente das atividades administrativas e acad^emicas do Departamento, atuando tambem no Movimento Docente nessa epoca, foi Coordenador do Curso de Matematica (1985), Diretor da ADUFAL (1987-99, \Caminho...Caminhando...") e Diretor da CUT-AL (1988-90). 110 Possuidor de notavel coer^encia poltica, fruto de uma milit^ancia apaixonada pelo Partido dos Trabalhadores, Dante consolidava uma posic~ao de respeito e amizade junto a comunidade universitaria buscando a unidade na diverg^encia dos matizes e o avanco nas quest~oes (mais ou menos) consensuais. Alem do domnio tecnico-matematico e da autenticidade poltica, Dante cultivava outra paix~ao artstica: a Musica. Nos momentos de descontrac~ao, empunhava seu viol~ao e vibrava com as paginas do cancioneiro regional. Apos o nascimento de Gabriela (1989), Dante iniciou os preparativos para realizar seu programa de Doutorado em 1991, partiu para a Espanha, matriculado na Universidade Aut^onoma de Barcelona, tendo Jaume Llibre como orientador. Ao tempo em que cuidava de sua Tese de Doutorado, Estudi del Flux d'un Problema Restringit de Quatre Cossos (1995), Dante dinamizou a APEC-Associac~ao dos Pesquisadores e Estudantes em Catalunha (da qual foi presidente) e organizou um quarteto musical - Roendo Unha -, muito bem Dante Leal Maranh~ao aceito naquela universidade. Ja de volta ao nosso convvio, Dante retomou, com grande vigor, os trabalhos acad^emicos e polticos: membro do Conselho Cientco da FAPEAL, do Conselho Editorial da EDUFAL, Coordenador de Curso de Especializac~ao em Matematica. Em 1996, organizou um Encontro de Equac~oes Diferenciais e Mec^anica Celeste, cuja excelente repercuss~ao no meio acad^emicocientco, permitiu vislumbrar projetos qualitativos mais ambiciosos, como parcerias com Departamentos ja consolidados. Infelizmente, os Desgnios do Altssimo interromperam a trajetoria de sua presenca. A nos todos, seus amigos e colegas, que tivemos o privilegio de sua conviv^encia, cabe o empenho de resgatar seus compromissos com a Ci^encia e a Cidadania, na busca da melhoria das condic~oes de vida de todos os trabalhadores. Antonio Carlos Marques da Silva Maceio, Outubro de 1997