Critérios de Avaliação A avaliação ao longo das actividades lectivas será periódica, sendo efectuados dois testes. Os testes serão nos dias 22 de Novembro de 2010 e 10 de Janeiro de 2011. Os dois testes serão cotados, cada um deles, para 10 valores. Cálculo I Designando por T1 a nota do primeiro teste e por T2 a nota do segundo teste, a classificação final será calculada da seguinte forma: 1◦ Ciclo em Engenharia Electromecânica 1 Ciclo em Engenharia Electrotécnica e de Computadores ◦ – se T1 + T2 for inferior a 15,5 valores, a classificação final será o arredondamento às unidades de T1 + T2 ; António Bento – se T1 + T2 for superior ou igual a 15,5 valores, terá de ser feita uma prova oral; nessa prova oral será atribuída uma nota, que designaremos por P O, entre 0 e 20 valores; a classificação final será o arredondamento às unidades de T1 + T2 + P O max 15, . 2 Departamento de Matemática Universidade da Beira Interior 2010/2011 São aprovados os alunos com classificação final igual ou superior a 10 valores. Todos os alunos são admitidos a exame. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 1 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 3 / 590 Atendimento Bibliografia – Apostol, T.M., Cálculo, Vol. 1, Reverté, 1993 – Dias Agudo, F.R., Análise Real, Vol. I, Escolar Editora, 1989 O atendimento aos alunos será às quartas-feiras e às quintas-feiras, das 18 horas às 19 horas, no gabinete 4.25 do Departamento de Matemática. – Demidovitch, B., Problemas e exercícios de Análise Matemática, McGrawHill, 1977 – Lima, E. L., Curso de Análise, Vol. 1, Projecto Euclides, IMPA, 1989 – Lima, E. L., Análise Real, Vol. 1, Colecção Matemática Universitária, IMPA, 2004 Caso este horário não seja conveniente, pode ser combinado outro horário com o docente da cadeira através do email – Mann, W. R., Taylor, A. E., Advanced Calculus, John Wiley and Sons, 1983 [email protected] – Sarrico, C., Análise Matemática – Leituras e exercícios, Gradiva, 3a Ed., 1999 – Stewart, J., Calculus (International Metric Edition), Brooks/Cole Publishing Company, 2008 – Swokowski, E. W., Cálculo com Geometria Analítica, Vol. 1 e 2, McGrawHill, 1983 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 2 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 4 / 590 Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) Cálculo I Índice 2010/2011 5 / 590 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos O conjunto dos números reais Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Função exponencial e função logarítmica Funções trigonométricas e suas inversas Funções hiperbólicas 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) Funções reais de variável real: generalidades e exemplos O conjunto dos números reais Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Função exponencial e função logarítmica Funções trigonométricas e suas inversas Funções hiperbólicas 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) 2010/2011 7 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais Índice 1 Cálculo I No conjunto dos números reais, que representaremos por R, estão definidas duas operações: – uma adição, que a cada par de números reais (a, b) faz corresponder um número a + b; – uma multiplicação, que a cada par (a, b) associa um número representado por a.b (ou a × b ou simplesmente ab). Cálculo I 2010/2011 6 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 8 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais Propriedades da adição A1) Para cada a, b, c ∈ R, a + (b + c) = (a + b) + c (associatividade) A2) Para cada a, b ∈ R, a+b=b+a (comutatividade) A3) Existe um elemento 0 ∈ R, designado por "zero", tal que para cada a∈R a+0=0+a=a (elemento neutro) A4) Para cada a ∈ R, existe um elemento −a ∈ R tal que a + (−a) = (−a) + a = 0 António Bento (UBI) Cálculo I Distributividade da multiplicação em relação à adição D1) Para cada a, b, c ∈ R, a(b + c) = (b + c)a = ab + ac (simétrico) 2010/2011 9 / 590 António Bento (UBI) §1.1 O conjunto dos números reais M 1) Para cada a, b, c ∈ R, a(bc) = (ab)c (associatividade) M 2) Para cada a, b ∈ R, ab = ba (comutatividade) M 3) Existe um elemento 1 ∈ R, diferente de zero e designado por "unidade", tal que para cada a ∈ R a.1 = 1.a = a (elemento neutro) M 4) Para cada a ∈ R \ {0}, existe um elemento aa−1 = a−1 a = 1 António Bento (UBI) Cálculo I Cálculo I 2010/2011 11 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais Propriedades da multiplicação a−1 (distributividade) ∈ R tal que (inverso) 2010/2011 10 / 590 Associadas a estas operações estão duas outras operações, a subtracção e a divisão. A subtracção entre dois números reais a e b representa-se por a − b e é definida por a − b = a + (−b). A divisão entre dois números reais a e b com b 6= 0 representa-se por (ou a ÷ b ou a/b) e é definida por a b a = ab−1 . b A a , com b 6= 0, também se chama fracção entre a e b. b António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 12 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais Operações com fracções Sejam a, b, c e d números reais tais que b 6= 0 e d 6= 0. Então • a c ad + bc + = ; b d bd • a c ad − bc − = ; b d bd • a c ac = ; b d bd Lei do anulamento do produto Dados números reais a e b tem-se ab = 0 se e só se a=0 e/ou b = 0. a a d ad • cb = × = onde c 6= 0. b c bc d António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 13 / 590 António Bento (UBI) §1.1 O conjunto dos números reais Cálculo I 2010/2011 15 / 590 2010/2011 16 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais Lei do corte da adição Sejam a, b e c números reais. Então a+c=b+c Casos notáveis da multiplicação Se a e b são números reais, então se e só se a = b. i) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2 ; ii) (a − b)2 = a2 − 2ab + b2 ; Lei do corte da multiplicação iii) (a + b)(a − b) = a2 − b2 . Sejam a, b e c números reais com c 6= 0. Então ca = cb se e só se a = b. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 14 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais Resolução de equações de primeiro grau Quando a < b é uma proposição verdadeira, dizemos que a é menor do que b. Sejam a e b números reais. Então i) a + x = b ⇔ x = b − a; ii) ax = b ⇔ x = Diz-se que a é menor ou igual do que b, e escreve-se b onde a 6= 0; a ou a = b. Dizemos que a é maior do que b, e escreve-se a > b, se b < a. Fórmula resolvente (de equações de segundo grau) Obviamente, diz-se que a é maior ou igual do que b, e escreve-se Sejam a, b e c números reais, com a 6= 0. Então √ −b ± b2 − 4ac 2 ax + bx + c = 0 ⇔ x = . 2a António Bento (UBI) se a < b a 6 b, Cálculo I a > b, se b 6 a. 2010/2011 17 / 590 António Bento (UBI) §1.1 O conjunto dos números reais Cálculo I 2010/2011 19 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais Das quatro propriedades de ordem mencionadas atrás é possível deduzir as seguintes propriedades: Ordem No conjunto dos números reais está definida uma relação de ordem, relação essa que denotamos por < e que verifica, para quaisquer a, b, c ∈ R, as seguintes propriedades: O1) apenas uma das seguintes condições é verdadeira: ou a = b, ou a < b, ou Propriedades de ordem Para quaisquer números reais a, b, c e d, tem-se a) se a 6 b e b 6 a, então a = b; b) se a 6= 0, então a2 > 0; c) se a < b e c < d, então a + c < b + d; b < a; d) se a < b e c > 0, então ac < bc; O2) se a < b e b < c, então a < c; e) se a < b e c < 0, então ac > bc; O3) se a < b, então a + c < b + c; f ) se a > 0, então a−1 > 0; g) se a < 0, então a−1 < 0; a+b < b; h) se a < b, então a < 2 i) ab > 0 se e só se (a > 0 e b > 0) ou (a < 0 e b < 0). O4) se 0 < a e 0 < b, então 0 < ab; António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 18 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 20 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais Representação geométrica dos intervalos A relação de ordem permite-nos representar os números reais numa recta ou num eixo. −3 −2 −1 0 1 √ √ 2 3 2 e ]a, b[ [a, b] 3π [a, b[ ]a, b] António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 21 / 590 ]a, +∞[ a b a b a b ] − ∞, b[ b a b ] − ∞, b] b António Bento (UBI) §1.1 O conjunto dos números reais [a, +∞[ Cálculo I a a 2010/2011 23 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais As relações de ordem que definimos previamente permitem-nos definir vários subconjuntos de R chamados intervalos. Dados dois números reais tais que a 6 b, temos os seguintes conjuntos: ]a, b[ = {x ∈ R : a < x < b} ; ]a, b] = {x ∈ R : a < x 6 b} ; [a, b] = {x ∈ R : a 6 x 6 b} ; Inequações de segundo grau Consideremos a inequação ax2 + bx + c < 0, a 6= 0. 2 a) Se a > 0 e b − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é o intervalo ]x1 , x2 [, onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0 e x1 < x2 . [a, b[ = {x ∈ R : a 6 x < b} ; ]a, +∞[ = {x ∈ R : a < x} ; b) Se a > 0 e b2 − 4ac 6 0, então a inequação não tem soluções. [a, +∞[ = {x ∈ R : a 6 x} ; c) Se a < 0 e b2 − 4ac < 0, então o conjunto solução da inequação é R. ] − ∞, b[ = {x ∈ R : x < b} ; d) Se a < 0 e b2 − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é o intervalo ] − ∞, x1 [ ∪ ]x2 , +∞[, ] − ∞, b] = {x ∈ R : x 6 b} ; ] − ∞, +∞[ = R onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0 e x1 6 x2 . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 22 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 24 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais Fazendo ∆ = b2 − 4ac, a figura seguinte ajuda-nos a resolver as inequações de segundo grau. Inequações de segundo grau (continuação) Consideremos a inequação ax2 + bx + c 6 0, a 6= 0. 2 a) Se a > 0 e b − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é o intervalo [x1 , x2 ], a>0 ∆>0 a>0 ∆=0 a>0 ∆<0 a<0 ∆>0 a<0 ∆=0 a<0 ∆<0 António Bento (UBI) Cálculo I onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0 e x1 6 x2 . b) Se a > 0 e b2 − 4ac < 0, então a inequação não tem soluções. c) Se a < 0 e b2 − 4ac 6 0, então o conjunto solução da inequação é R. d) Se a < 0 e b2 − 4ac > 0, então o conjunto solução da inequação é o intervalo ] − ∞, x1 ] ∪ [x2 , +∞[, onde x1 e x2 são as soluções de ax2 + bx + c = 0 e x1 < x2 . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 25 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais 2010/2011 27 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais Intuitivamente, poderíamos construir os números naturais da seguinte forma: Para as inequações ax2 + bx + c > 0, 1 é um número natural; a 6= 0, 1 + 1 que representamos por 2 é um número natural; 1 + 1 + 1 = 2 + 1 = 3 é um número natural; e ax2 + bx + c > 0, etc. a 6= 0, Assim, temos algo semelhante aos dois casos anteriores. António Bento (UBI) Cálculo I N = {1, 2, 3, 4, 5, . . .} . 2010/2011 26 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 28 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais A partir dos números naturais podemos definir os números inteiros e os números racionais. Um número real diz-se um número inteiro se for um número natural, ou se o seu simétrico for um número natural ou se for zero, isto é, o conjunto dos números inteiros é o conjunto Aos números reais que não são racionais chamamos de números irracionais. Os números √ √ 2, 3, π e e são números irracionais. Z = N ∪ {0} ∪ {m ∈ R : −m ∈ N} . Um número racional é um número real que pode ser representado como o quociente entre dois números inteiros, isto é, o conjunto dos números racionais é o conjunto Q= António Bento (UBI) As inclusões seguintes são óbvias: N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R. m : m ∈ Z, n ∈ Z \ {0} . n Cálculo I 2010/2011 29 / 590 António Bento (UBI) §1.1 O conjunto dos números reais Cálculo I Por valor absoluto ou módulo de um elemento x ∈ R entende-se o número real |x| definido por |x| = Assim, o número 0, 3333333... ( se x > 0; se x < 0. x −x Uma forma equivalente de definir o módulo de um número real x é a seguinte |x| = max {x, −x} . é um número racional, que também se representa por 0, 3(3) Geometricamente, o módulo de um número dá-nos a distância desse número à origem. Além disso, este número também pode ser representado por 1 . 3 y 0 |y| Cálculo I 31 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais Os números racionais também podem ser definidos através da representação decimal. Um número real é racional se no sistema decimal tiver uma dízima finita ou uma dízima infinita periódica. António Bento (UBI) 2010/2011 2010/2011 30 / 590 António Bento (UBI) x |x| Cálculo I 2010/2011 32 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais §1.1 O conjunto dos números reais Propriedades do módulo (continuação) Propriedades do módulo Para quaisquer números reais a, b tem-se a) |x| = a ⇔ x = a ∨ x = −a onde a > 0; a) |a| = 0 se e só se a = 0; b) |x| < a ⇔ x < a ∧ x > −a b) |a| > 0; c) |x| 6 a ⇔ x 6 a ∧ x > −a c) |ab| = |a|.|b|; d) |a + b| 6 |a| + |b|; António Bento (UBI) (desigualdade triangular) d) |x| > a ⇔ x > a ∨ x < −a e) |x| > a ⇔ x > a ∨ x 6 −a Cálculo I 2010/2011 33 / 590 António Bento (UBI) §1.1 O conjunto dos números reais Cálculo I 2010/2011 35 / 590 §1.1 O conjunto dos números reais A propriedade d) denomina-se desigualdade triangular pelo facto de num triângulo o comprimento de qualquer lado ser menor do que a soma dos comprimentos dos outros dois lados. Podemos usar o módulo para calcular a distância entre dois números reais. A distância entre dois números reais a e b é dada por |a − b| . Geometricamente, a |a − b| |a + b| 6 |a| + |b| António Bento (UBI) Cálculo I b 2010/2011 34 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 36 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos O conjunto dos números reais Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Função exponencial e função logarítmica Funções trigonométricas e suas inversas Funções hiperbólicas 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) A natureza da regra associada a f : A → B, e que nos permite determinar o valor de f (x) quando é dado x ∈ A, é inteiramente arbitrária, tendo apenas que verificar duas condições: 1) não pode haver excepções, isto é, para que o conjunto A seja o domínio de f a regra deve de fornecer f (x) para todo o x ∈ A; 2) não pode haver ambiguidades, ou seja, a cada x ∈ A a regra deve fazer corresponder um único f (x) ∈ B. Cálculo I 2010/2011 37 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 39 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Uma função f : A → B é definida à custa de três coisas: • um conjunto A a que se chama domínio da função; • um conjunto B chamado de conjunto de chegada da função; • uma regra que a cada elemento de x ∈ A faz corresponder um e um só elemento de B, elemento esse que se representa por f (x). Referimo-nos a x ∈ A como um objecto e a f (x) ∈ B como a sua imagem por f , respectivamente. Também usamos a expressão valor de f em x para nos referirmos à imagem f (x). As funções f que nós vamos estudar são funções reais de variável real, ou seja, o domínio da função f é um subconjunto de R e o conjunto de chegada é o conjunto dos números reais R. O domínio costuma representar-se por D ou Df e usa-se a seguinte notação f : D ⊆ R → R, ou, de forma mais abreviada, Ao conjunto das imagens chamamos contradomínio de f , ou seja, o contradomínio é o conjunto f : D → R. f (A) = {f (x) ∈ B : x ∈ A} . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 38 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 40 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Exemplo – Funções quadráticas As funções definidas por f (x) = ax2 + bx + c, Exemplo – Primeira Lei de Ohm A primeira lei de Ohm diz que a intensidade I da corrente eléctrica é dada pelo quociente entre a diferença de potencial V e a resistência eléctrica R do condutor: V I= . R Assim, num circuito eléctrico a intensidade da corrente pode ser vista como uma função da diferença de potencial. a 6= 0 designam-se por funções quadráticas. O seu domínio é o conjunto R dos números reais e o contradomínio é o intervalo " " # # b b2 f − , +∞ = c − , +∞ 2a 4a se a > 0 e é o intervalo b −∞, f − 2a b2 = −∞, c − 4a se a < 0. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 41 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 43 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Exemplo – Funções afim As funções dada por f (x) = ax + b, onde a e b são dois números reais fixos, designam-se por funções afim. Quando b = 0, a expressão reduz-se a e exprime que as variáveis entre x e y = f (x) existe proporcionalidade directa, visto que o quociente dos dois valores correspondentes é constante: y = a. x Dizemos então a função definida é linear. O domínio de uma função afim é sempre o conjunto dos números reais. O contradomínio é o conjunto R dos números reais, excepto no caso em que a = 0. Quando a = 0 o contradomínio é o conjunto singular {b}. Cálculo I As funções funções f : R → R definidas por f (x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 , f (x) = ax António Bento (UBI) Exemplo – Funções polinomiais 2010/2011 42 / 590 onde n ∈ N, a0 , a1 , . . . , an−1 ∈ R e an ∈ R \ {0} designam-se por funções polinomiais. Obviamente, as funções afim e as funções quadráticas são funções polinomiais. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 44 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Exemplo Exemplo – Funções racionais As funções racionais são as funções definidas como o quociente entre dois polinómios, ou seja, são as funções dadas por f (x) = xn As funções afim f, g, h : R → R definidas por f (x) = x, g(x) = 2x + 1 e h(x) = −x − 1 tem os seguintes gráficos: xn−1 + · · · + a1 x + a0 an + an−1 , bm xm + bm−1 xm−1 + · · · + b1 x + b0 g(x) = 2x + 1 f (x) = x onde m, n ∈ N, a0 , a1 , . . . , an−1 , bm−1 , . . . , b1 , b0 ∈ R e an , bm ∈ R \ {0}. h(x) = −x − 1 O seu domínio é o conjunto 1 −1 n o D = x ∈ R : bm xm + bm−1 xm−1 + · · · + b1 x + b0 6= 0 . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 1 −1 45 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 47 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Exemplo O gráfico de uma função quadrática é uma parábola. Por exemplo, a função dada por f (x) = x2 + x + 1 Dada uma função real de variável real f : D ⊆ R → R, o conjunto tem o seguinte gráfico G (f ) = {(a, f (a)) : a ∈ D} f (x) = x2 + x + 1 designa-se por gráfico de f . Obviamente, este conjunto pode ser representado no plano e a essa representação geométrica também se chama gráfico. 1 −1 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 46 / 590 António Bento (UBI) 1 Cálculo I 2010/2011 48 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Exemplo Exemplo Seja f : R → R a função definida por As função dada por f (x) = 1/x f (x) = 2x + 3. cujo domínio é R \ {0} tem o seguinte gráfico Como 1 f (x) = x f (a) = f (b) ⇔ 2a + 3 = 2b + 3 ⇔ 2a = 2b 1 −1 ⇔ a = b, 1 a função f é injectiva. Além disso, dado b ∈ R, fazendo a = temos b−3 b−3 f (a) = f + 3 = b − 3 + 3 = b, =2 2 2 −1 b−3 2 o que mostra que f é sobrejectiva. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 49 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Seja f : D ⊆ R → R uma função real de variável real. Dizemos que f é injectiva se para quaisquer a, b ∈ D tais que a 6= b se tem f (a) 6= f (b). António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 51 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Exemplo A função f : R → R definida por f (x) = x2 não é injectiva porque A função f é sobrejectiva se f (−1) = f (1). para cada b ∈ R, existe a ∈ D tal que f (a) = b. Obviamente, uma função real de variável real é sobrejectiva se o seu contradomínio for o conjunto R dos números reais. Além disso, também não é sobrejectiva porque o seu contradomínio é o intervalo [0, +∞[. As funções que são injectivas e sobrejectivas dizem-se bijectivas. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 50 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 52 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Seja f : D ⊆ R → R uma função real de variável real injectiva. Recordemos que o conjunto de todas as imagens por f de elementos de D, ou seja, o conjunto f (D) = {f (x) ∈ R : x ∈ D} , §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Exemplo Consideremos novamente a função f : R → R definida por f (x) = 2x + 3. se designa por contradomínio de f . Como f é injectiva, dado y ∈ f (D), existe um e um só x ∈ D tal que f (x) = y. Já vimos que esta função é injectiva e, consequentemente, tem inversa. Além disso, o contradomínio de f é R e, portanto, Nestas condições podemos definir a inversa da função f que a cada y ∈ f (D) faz corresponder x ∈ D tal que f (x) = y. Essa inversa representa-se por f −1 e é a função f −1 : f (D) → R Como f −1 : R → R. y = f (x) ⇔ y = 2x + 3 ⇔ −2x = −y + 3 ⇔ 2x = y − 3 y 3 ⇔ x= − , 2 2 definida por f −1 (y) = x se e só se f (x) = y. É evidente que para cada x ∈ D e para cada y ∈ f (D) se tem f −1 (f (x)) = x António Bento (UBI) e f −1 é definida por f (f −1 (y)) = y. Cálculo I f −1 (y) = 2010/2011 53 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Exemplo y 3 − 2 2 António Bento (UBI) ou f −1 (x) = x 3 − . 2 2 Cálculo I 2010/2011 55 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Exemplo (continuação) A função f : {1, 2, 3, 4} → R definida por y=x y = 2x + 3 f (1) = 9, f (2) = 8, f (3) = 7 e f (4) = 6 3 é injectiva e pode ser representada da seguinte forma: f 2 4 b b 6 3 b b 7 2 b b 8 1 b b 9 f −1 1 y= −4 −1 −1 1 2 3 −3 f −1 (6) = 4, f −1 (7) = 3, f −1 (8) = 2 e f −1 (9) = 1. Cálculo I −2 −2 e a sua inversa é a função f −1 : {6, 7, 8, 9} → R definida por António Bento (UBI) −3 x 3 − 2 2 2010/2011 −4 54 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 56 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Exemplo Seja f : R → R a função definida por Sejam f : Df ⊆ R → R 2 f (x) = x . f (−1) = f (1) = 1. Assim, a função f não tem inversa. No entanto, se pensarmos na restrição desta função a [0, +∞[, ou seja, se usarmos a função g : [0, +∞[→ R definida por g(x) = x2 , esta função já é injectiva pelo que podemos pensar na sua √ inversa. Como o seu contradomínio é [0, +∞[ e y = x2 ⇒ x = y, a função de domínio Dg◦f = {x ∈ Df : f (x) ∈ Dg } , definida por (g ◦ f )(x) = g(f (x)). g −1 : [0, +∞[→ R g −1 (x) = António Bento (UBI) √ x. Cálculo I 2010/2011 57 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções y = x2 y= 2 2010/2011 59 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções f: R→R √ −2 −1 −1 f (x) = x2 − 1 g : R \ {0} → R e g(x) = 1 . x Então g ◦ f tem por domínio o conjunto 1 2 Dg◦f = {x ∈ Df : f (x) ∈ Dg } 3 n = x ∈ R : x2 − 1 ∈ R \ {0} −2 e é definida por −3 = R \ {−1, 1} (g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(x2 − 1) = −4 Cálculo I e as funções definidas por x 1 António Bento (UBI) Cálculo I Sejam y=x 3 −3 António Bento (UBI) Exemplo Exemplo (continuação) −4 g : Dg ⊆ R → R duas funções reais de variável real. A função composta de g com f é a função g ◦ f : Dg◦f ⊆ R → R, Esta função não é injectiva porque, por exemplo, é definida por e 2010/2011 58 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I o x2 1 . −1 2010/2011 60 / 590 §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos O conjunto dos números reais Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Função exponencial e função logarítmica Funções trigonométricas e suas inversas Funções hiperbólicas 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Exemplo (continuação) Se em vez de g ◦ f calcularmos f ◦ g temos Df ◦g = {x ∈ Dg : g(x) ∈ Df } 1 = x ∈ R \ {0} : ∈ R x = R \ {0} e (f ◦ g)(x) = f (g(x)) = f (1/x) = António Bento (UBI) 1 − 1. x2 Cálculo I 2010/2011 61 / 590 António Bento (UBI) §1.2 Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Cálculo I 2010/2011 63 / 590 §1.3 Função exponencial e função logarítmica Exemplo (continuação) y= 3 x2 Dado um número real positivo a > 0, pretendemos estudar a função 1 −1 f :R→R definida por 2 f (x) = ax , 1 que se designa por função exponencial de base a. −3 −2 −1 −1 −2 1 2 3 Repare-se que quando a = 1 temos a função constante 1 y = 2 −1 x f (x) = 1x = 1. −3 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 62 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 64 / 590 §1.3 Função exponencial e função logarítmica §1.3 Função exponencial e função logarítmica Propriedades da função exponencial y Sejam x, y ∈ R e a, b ∈ ]0, +∞[. Então y = 4x a) a0 = 1 y = 3x y = ex y = 2x b) ax+y = ax ay 1 ax ax d) ax−y = y a x y e) (a ) = axy c) a−x = 1 f ) ax bx = (ab)x x g) se x > y e a > 1, então ax > ay h) se x > y e 0 < a < 1, então ax < ay Gráfico de funções exponenciais i) se a ∈ ]0, +∞[ \ {1} a função exponencial é injectiva j) se a ∈ ]0, +∞[ \ {1} o contradomínio da função exponencial é ]0, +∞[ António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 65 / 590 §1.3 Função exponencial e função logarítmica António Bento (UBI) Cálculo I y= y= a>1 1 x 2 1 x 3 y= 1 x 4 y 1 a=1 x x Gráfico da função exponencial António Bento (UBI) 67 / 590 §1.3 Função exponencial e função logarítmica y 0<a<1 2010/2011 Cálculo I Gráfico de funções exponenciais 2010/2011 66 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 68 / 590 §1.3 Função exponencial e função logarítmica §1.3 Função exponencial e função logarítmica y Quando a ∈]0, 1[ ∪ ]1, +∞[, a função exponencial ax é injectiva e, por conseguinte, tem inversa. Essa inversa chama-se logaritmo na base a e representa-se por loga . a>1 Assim, tendo em conta que o contradomínio da função exponencial é o intervalo ]0, +∞[, temos que x loga : ]0, +∞[→ R 1 é a função definida por loga x = y se e só se x = ay . 0<a<1 Obviamente, quando a = e temos a função logaritmo natural que representamos por ln. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 69 / 590 §1.3 Função exponencial e função logarítmica Gráfico da função logaritmo de base a António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 71 / 590 §1.3 Função exponencial e função logarítmica Propriedades da função logarítmica y Sejam x, y ∈ R+ e a, b ∈ ]0, +∞[\ {1}. Então log2 x a) loga (xy) = loga x + loga y ln x 1 = − loga x x x c) loga = loga x − loga y y b) loga log4 x x 1 d) loga (x ) = α loga x α e) loga x = logb x loga b log1/4 x log1/3 x f ) loga 1 = 0 g) se x > y e a > 1, então loga x > loga y log1/2 x h) se x > y e 0 < a < 1, então loga x < loga y i) a função logarítmica é injectiva; Gráfico de funções logarítmicas j) o contradomínio da função logarítmica é R António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 70 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 72 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas Índice 1 2 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos O conjunto dos números reais Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Função exponencial e função logarítmica Funções trigonométricas e suas inversas Funções hiperbólicas 1 cos α sen α Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) α em radianos α Cálculo I 2010/2011 73 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas António Bento (UBI) 1 Cálculo I 2010/2011 75 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas D BE CD = AE AD E As funções seno e coseno, cujo domínio é o conjunto dos números reais, fazem corresponder a cada x ∈ R AB AC = AE AD α A B • seno: sen α = • coseno: cos α = António Bento (UBI) C sen x e cos x, respectivamente. O contradomínio destas duas funções é o intervalo [−1, 1]. comprimento do cateto oposto BE CD = = comprimento da hipotenusa AE AD comprimento do cateto adjacente AB AC = = comprimento da hipotenusa AE AD Cálculo I 2010/2011 74 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 76 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas y 1 −2π −π − 3π 2 −π 2 π 2 π x 3π 2 2π −1 Outra função trigonométrica importante é a função tangente, definida pela fórmula sen x , tg x = cos x que está definida para todos os pontos x tais que cos x 6= 0, ou seja, o domínio da função tangente é o conjunto Gráfico da função seno x ∈ R : x 6= π + kπ, k ∈ Z . 2 O seu contradomínio é o conjunto dos números reais. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 77 / 590 António Bento (UBI) §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas Cálculo I 2010/2011 79 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas y y 1 −2π − 3π 2 −π π 2 −π 2 π x 3π 2 2π −2π −1 − 3π 2 −π π 2 −π 2 π x 3π 2 2π Gráfico da função coseno Gráfico da função tangente António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 78 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 80 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas cos x = cotg x 1 sen x A função cotangente é dada pela expressão cotg x = cos x . sen x sen x = tg x cos x x O seu domínio é o conjunto 1 {x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z} e o contradomínio é o conjunto dos números reais. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 81 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 83 / 590 2010/2011 84 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas y A função secante é definida por sec x = 1 , cos x o seu domínio é o conjunto −π −2π − 3π 2 2π π −π 2 π 2 x x ∈ R : x 6= 3π 2 π + kπ, k ∈ Z 2 e o seu contradomínio é o conjunto ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[. Gráfico da função cotangente António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 82 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas y y 1 1 −2π − 3π 2 −π 2 −π π 2 −1 π x 3π 2 2π −π −2π − 3π 2 Gráfico da função secante António Bento (UBI) Cálculo I −π 2 −1 π π 2 2π 3π 2 x Gráfico da função cosecante 2010/2011 85 / 590 António Bento (UBI) §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas Cálculo I 2010/2011 87 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas A função cosecante é definida por cosec x = 1 , sen x 0 o seu domínio é o conjunto {x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ R} seno 0 coseno 1 tangente 0 e o seu contradomínio é o conjunto ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 86 / 590 António Bento (UBI) π 6 1 2 √ 3 2 √ 3 3 π 4 √ 2 2 √ 2 2 1 π 3 √ 3 2 1 2 √ 3 Cálculo I π 2 π 3π 2 1 0 -1 0 -1 0 n.d. 0 n.d. 2010/2011 88 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas Reduções ao primeiro quadrante (continuação) Fórmula fundamental da trigonometria sen2 x + cos2 x = 1 sen(3π/2 − x) = − cos x cos(3π/2 − x) = − sen x Desta fórmula resultam imediatamente as seguintes fórmulas 1 + tg2 x = 1 cos2 x e 1 + cotg2 x = sen(3π/2 + x) = − cos x 1 , sen2 x cos(3π/2 + x) = sen x António Bento (UBI) e xx cos(2π − x) = cos x sen(2π + x) = sen x 1 + cotg2 x = cosec2 x. Cálculo I cos(2π + x) = cos x 2010/2011 89 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 91 / 590 2010/2011 92 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas Reduções ao primeiro quadrante Reduções ao primeiro quadrante (continuação) tg(−x) = − tg(x) sen(−x) = − sen x cos(−x) = cos x cotg(−x) = − cotg(x) 1 tg(π/2 − x) = cotg x sen(π/2 − x) = cos x cos(π/2 − x) = sen x cotg(π/2 − x) = tg x xx sen(π/2 + x) = cos x x x cos(π/2 + x) = − sen x tg(π/2 + x) = − cotg x 1 x x cotg(π/2 + x) = − tg x sen(π − x) = sen x tg(π − x) = − tg x sen(π + x) = − sen x tg(π + x) = tg x cos(π − x) = − cos x cotg(π − x) = − cotg x cos(π + x) = − cos x cotg(π + x) = cotg x António Bento (UBI) 1 x x sen(2π − x) = − sen x que podem ser reescritas da seguinte forma 1 + tg2 x = sec2 x 1 Cálculo I 2010/2011 90 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas A função seno não é injectiva pelo que não tem inversa. No entanto, π π considerando a restrição da função seno ao intervalo − , , a que se 2 2 chama restrição principal, ou seja, considerando a função π π f: − , → R, 2 2 Resolução de equações trigonométricas sen x = sen α ⇔ x = α + 2kπ ∨ x = π − α + 2kπ, k ∈ Z definida por cos x = cos α ⇔ x = α + 2kπ ∨ x = −α + 2kπ, k ∈ Z f (x) = sen x, tg x = tg α ⇔ x = α + kπ, k ∈ Z tem-se que a função f é injectiva. À inversa desta função chama-se arco seno e representa-se por arc sen. Assim, cotg x = cotg α ⇔ x = α + kπ, k ∈ Z arc sen : [−1, 1] → R e é definida da seguinte forma π π arc sen x = y se e só se x = sen y e y ∈ − , . 2 2 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 93 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas António Bento (UBI) sen(x + y) = sen x cos y + sen y cos x sen(x − y) = sen x cos y − sen y cos x cos(x + y) = cos x cos y − sen x sen y cos(x − y) = cos x cos y + sen x sen y sen(2x) = 2 sen x cos x cos(2x) = cos2 x − sen2 x = 2 cos2 x − 1 = 1 − 2 sen2 x x−y x+y cos 2 2 x+y x−y sen x − sen y = 2 sen cos 2 2 x+y x−y cos x − cos y = −2 sen sen 2 2 x−y x+y cos cos x + cos y = 2 cos 2 2 sen x + sen y = 2 sen Cálculo I 2010/2011 95 / 590 2010/2011 96 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas Fórmulas trigonométricas António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 94 / 590 António Bento (UBI) x arc sen x 0 0 1 π/2 −1 −π/2 1/2 π/6 −1/2 √ 2/2 √ − 2/2 √ 3/2 √ − 3/2 −π/6 π/4 −π/4 π/3 −π/3 Cálculo I §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas y π 2 x arc cosx 0 π/2 1 0 −1 π 1/2 π/3 −1/2 √ 2/2 √ − 2/2 √ 3/2 √ − 3/2 2π/3 b −1 x 1 b − π2 Gráfico da função arco seno António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 97 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas António Bento (UBI) π/4 3π/4 π/6 5π/6 Cálculo I 2010/2011 99 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas y Considerando a restrição da função coseno ao intervalo [0, π], ou seja, a função g : [0, π] → [−1, 1] b π definida por g(x) = cos x, π 2 tem-se que g é uma função injectiva. A inversa desta função representa-se por arc cos e chama-se arco coseno. Assim, arc cos : [−1, 1] → R é a função definida por b arc cosx = y se e só se x = cos y e y ∈ [0, π] . x 1 −1 Gráfico da função arco coseno António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 98 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 100 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas Seja §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas π π h: − , →R 2 2 a função definida por y π 2 h(x) = tg x. A função h é injectiva, pelo que h tem inversa. A inversa desta função representa-se por arc tg e chama-se arco tangente. Assim x arc tg : R → R − π2 é a função definida por Gráfico da função arco tangente π π arc tg x = y se e só se x = tg y e y ∈ − , . 2 2 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 101 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas x arc tg x 0 0 1 −1 √ 3 3 √ 3 − 3 √ 3 √ − 3 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 103 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas À inversa da restrição ao intervalo ]0, π[ da função cotangente chamamos arco cotangente e representamos essa função por arc cotg. Assim, arc cotg : R → R π 4 π − 4 é a função definida por π 6 arc cotg x = y se e só se x = cotg y e y ∈ ]0, π[ . π − 6 π 3 π − 3 Cálculo I António Bento (UBI) 2010/2011 102 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 104 / 590 §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas arc cotg x x π 2 π 4 3π 4 0 1 −1 √ 3 3 √ 3 − 3 √ 3 π 3 2π 3 π 6 5π 6 √ − 3 António Bento (UBI) Índice Cálculo I 2010/2011 105 / 590 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos O conjunto dos números reais Definição e exemplos de funções; função inversa; composição de funções Função exponencial e função logarítmica Funções trigonométricas e suas inversas Funções hiperbólicas 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) §1.4 Funções trigonométricas e suas inversas Cálculo I 2010/2011 107 / 590 §1.5 Funções hiperbólicas y π As funções definidas por π 2 senh : R → R e cosh : R → R ex − e−x 2 e cosh x = senh x = x ex + e−x 2 designam-se por seno hiperbólico e por coseno hiperbólico, respectivamente. Gráfico da função arco cotangente António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 106 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 108 / 590 §1.5 Funções hiperbólicas §1.5 Funções hiperbólicas y y = cosh x ex − e−x =y 2 ⇔ ex − e−x = 2y senh x = y ⇔ 1 ⇔ ex − e−x −2y = 0 x ⇔ e2x −2y ex −1 = 0 x ⇔e = 2y + ⇔ ex = y + X XX2y 2+ 4y 2 + 4 − 4y 4 X XXX ∨ ex =X X X 2 2 p q p y2 + 1 q ⇔ x = ln y + y2 +1 y = senh x Gráfico das funções seno e coseno hiperbólico Logo o contradomínio do seno hiperbólico é R. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 109 / 590 António Bento (UBI) §1.5 Funções hiperbólicas Cálculo I ex + e−x =y 2 ⇔ ex + e−x = 2y Associada a estas funções está a função tangente hiperbólica. A tangente hiperbólica é a função ⇔ ex + e−x −2y = 0 tgh : R → R ⇔ e2x −2y ex +1 = 0 ⇔e = 2y + ⇔ ex = y + ⇔ x = ln(y + definida por 4y 2 − 4 2y − 4y 2 − 4 ∨ ex = 2 2 p q y 2 − 1 ∨ ex = y − q y2 111 / 590 §1.5 Funções hiperbólicas cosh x = y ⇔ x 2010/2011 p q tgh x = y2 − 1 − 1) ∨ x = ln y − q y2 senh x ex − e−x e2x −1 = x = . cosh x e + e−x e2x +1 −1 Assim, o contradomínio do coseno hiperbólico é o intervalo [1, +∞[. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 110 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 112 / 590 §1.5 Funções hiperbólicas tgh x = y ⇔ §1.5 Funções hiperbólicas e2x −1 =y e2x +1 É fácil mostrar que as seguintes igualdades são válidas: ⇔ e2x −1 = y e2x +y a) cosh2 x − senh2 x = 1 1 b) 1 − tgh2 x = cosh2 x c) senh(x + y) = senh x cosh y + senh y cosh x ⇔ (1 − y) e2x = y + 1 y+1 1−y 1 y+1 ⇔ x = ln 2 1−y ⇔ e2x = d) cosh(x + y) = cosh x cosh y + senh x senh y y+1 > 0, o que é equivalente a −1 < y < 1. Logo 1−y o contradomínio da tangente hiperbólica é o intervalo ] − 1, 1[. Assim, temos de ter António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 113 / 590 António Bento (UBI) §1.5 Funções hiperbólicas Cálculo I 2010/2011 115 / 590 2010/2011 116 / 590 Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Breves noções de topologia em R Limites: definição, propriedades e exemplos Limites infinitos e limites no infinito Limites laterais Assímptotas Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Propriedades fundamentais das funções contínuas 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries y 1 x −1 Gráfico da função tangente hiperbólica António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 114 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §2.1 Breves noções de topologia em R Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Breves noções de topologia em R Limites: definição, propriedades e exemplos Limites infinitos e limites no infinito Limites laterais Assímptotas Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Propriedades fundamentais das funções contínuas 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries -1 0 1/2 1 2 Seja A o conjunto ]0, 1]. Então 1 é um ponto interior a A, 2 2 é um ponto exterior a A, −1 é um ponto exterior a A, 0 é um ponto fronteiro a A e 1 é um ponto fronteiro a A. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 117 / 590 António Bento (UBI) §2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I 2010/2011 119 / 590 §2.1 Breves noções de topologia em R Seja A um subconjunto de R. Um ponto a ∈ R diz-se interior a A se existir ε > 0 tal que ]a − ε, a + ε[ ⊆ A. O ponto a diz-se exterior a A O conjunto dos pontos interiores a A designa-se por interior de A e representa-se por int A ou A◦ , o conjunto dos pontos exteriores a A chama-se exterior de A e representa-se por ext A se existir ε > 0 tal que ]a − ε, a + ε[ ∩ A = ∅ (ou seja, ]a − ε, a + ε[ ⊆ R \ A). Um ponto diz-se fronteiro a A se não for interior, nem exterior, isto é, a é um ponto fronteiro de A e o conjunto dos pontos fronteiros a A diz-se a fronteira de A e representa-se por fr A. se para cada ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ A 6= ∅ e ]a − ε, a + ε[ ∩ (R \ A) 6= ∅. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 118 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 120 / 590 §2.1 Breves noções de topologia em R §2.1 Breves noções de topologia em R Exemplos Um ponto a ∈ R diz-se aderente a um subconjunto A ⊆ R a) Para o intervalo A =]0, 1] temos int A =]0, 1[, se para cada ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ A 6= ∅. ext A =] − ∞, 0[ ∪ ]1, +∞[ e fr A = {0, 1} . O conjuntos dos pontos aderentes de um conjunto A designa-se por aderência ou fecho de A e representa-se por b) Considerando o intervalo I =]a, b[, com a < b, verifica-se imediatamente que int I =]a, b[, A. Das definições resulta que ext I =] − ∞, a[ ∪ ]b, +∞[ e fr I = {a, b} . A = int A ∪ fr A c) Os intervalos ]a, b], [a, b[ e [a, b], onde a < b, têm o mesmo interior, o mesmo exterior e a mesma fronteira que o intervalo ]a, b[. e int A ⊆ A ⊆ A. d) int R = R, ext R = ∅, fr R = ∅. e) int ∅ = ∅, ext ∅ = R, fr ∅ = ∅. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 121 / 590 António Bento (UBI) §2.1 Breves noções de topologia em R Cálculo I 2010/2011 123 / 590 §2.1 Breves noções de topologia em R Exemplos a) Se A =]0, 1[, então A = [0, 1]. b) Dado I = [a, b], com a < b, temos a) Da definição resulta imediatamente que int A, ext A e fr A são conjuntos disjuntos dois a dois e que I = [a, b]. R = int A ∪ ext A ∪ fr A. c) Os intervalos ]a, b[, [a, b[ e ]a, b], onde a < b, têm a mesma aderência que o intervalo [a, b]. b) Outra consequência imediata da definição é o seguinte ext A = int (R \ A) e d) Seja A = [1, 2[ ∪ {3, 4}. Então fr A = fr (R \ A) . A = [1, 2] ∪ {3, 4} . e) Obviamente, R = R e ∅ = ∅. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 122 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 124 / 590 §2.1 Breves noções de topologia em R §2.1 Breves noções de topologia em R Sejam A um subconjunto de R e a um número real. Diz-se que a é um ponto de acumulação de A Um subconjunto A de R diz-se aberto se se para cada ε > 0, ]a − ε, a + ε[ ∩ (A \ {a}) 6= ∅. A = int A O conjunto dos pontos de acumulação de um conjunto A representa-se por A′ e diz-se fechado se A = A. e designa-se por derivado. Os pontos de A que não são pontos de acumulação de A designam-se por pontos isolados. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 125 / 590 António Bento (UBI) §2.1 Breves noções de topologia em R 2010/2011 127 / 590 §2.1 Breves noções de topologia em R Exemplos Exemplos a) O derivado do intervalo I = [a, b[, com a < b, é o conjunto I ′ = [a, b]. a) Como int ]0, 1[=]0, 1[, b) Os intervalos ]a, b[, ]a, b] e [a, b], onde a < b, têm o mesmo derivado que o intervalo [a, b[. c) Seja A =]0, 2] ∪ {3}. Então temos que ]0, 1[ é um conjunto aberto. Por outro lado, ]0, 1[ = [0, 1] e, por conseguinte, ]0, 1[ não é fechado. int A =]0, 2[, b) O intervalo [0, 1] é um conjunto fechado porque ext A =] − ∞, 0[ ∪ ]2, 3[ ∪ ]3, +∞[, [0, 1] = [0, 1] fr A = {0, 2, 3}, e não é um conjunto aberto porque A = [0, 2] ∪ {3} e int [0, 1] =]0, 1[. A′ = [0, 2]. d) R′ = R e ∅′ = ∅. António Bento (UBI) Cálculo I c) Os conjuntos ∅ e R são simultaneamente abertos e fechados. Cálculo I 2010/2011 126 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 128 / 590 §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Breves noções de topologia em R Limites: definição, propriedades e exemplos Limites infinitos e limites no infinito Limites laterais Assímptotas Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Propriedades fundamentais das funções contínuas 3 Tendo em conta que 0 < |x − a| < δ ⇔ x ∈ ]a − δ, a + δ[\ {a} e que tem-se o seguinte Cálculo diferencial em R |f (x) − b| < ε ⇔ f (x) ∈ ]b − ε, b + ε[, lim f (x) = b x→a ⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (x ∈ ]a − δ, a + δ[ \ {a} ⇒ f (x) ∈ ]b − ε, b + ε[) . 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 129 / 590 §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 131 / 590 §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função, a um ponto de acumulação de D e b ∈ R. Diz-se que b é o limite (de f ) quando x tende para a, e escreve-se y f (a) b b+ε lim f (x) = b, x→a b+ε se para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que b b−ε |f (x) − b| < ε para qualquer x ∈ D tal que 0 < |x − a| < δ. b−ε Simbolicamente, tem-se o seguinte a+δa+δa+δ a−δa−δa−δ a−δaa+δ lim f (x) = b ⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x) − b| < ε) x x→a Interpretação geométrica do conceito de limite de uma função António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 130 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 132 / 590 §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos Propriedades dos limites Sejam D ⊆ R, f, g : D → R e a um ponto de acumulação de D. Suponhamos que existem lim f (x) e lim g(x). Então x→a x→a a) existe lim [f (x) + g(x)] e Sejam f : Df ⊆ R → R, g : Dg ⊆ R → R duas funções reais de variável real. Suponhamos que a ∈ R é um ponto de acumulação de Df e que b ∈ Dg é um ponto de acumulação de Dg . Se x→a lim [f (x) + g(x)] = lim f (x) + lim g(x); x→a x→a Propriedades dos limites (continuação) x→a b) existe lim [f (x)g(x)] e lim f (x) = b e x→a x→a h i h i lim [f (x)g(x)] = lim f (x) . lim g(x) ; x→a x→a então x→a lim (g ◦ f )(x) = lim g(f (x)) = g(b). f (x) e x→a g(x) x→a c) se lim g(x) 6= 0, existe lim x→a lim g(x) = g(b), x→b x→a lim f (x) f (x) = x→a . x→a g(x) lim g(x) lim x→a António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 133 / 590 António Bento (UBI) §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos Cálculo I 2010/2011 135 / 590 §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos Um dos limites mais conhecidos é o seguinte ex −1 = 1. x→0 x Propriedades dos limites (continuação) Sejam D ⊆ R, f, g : D ⊆ R → R e a um ponto de acumulação de D. Suponhamos que lim f (x) = 0 x→a e que g é uma função limitada em D ∩ ]a − δ, a + δ[ para algum δ > 0, isto é, existe c > 0 tal que lim ln(1 + x) . Fazendo a x→0 x mudança de variável ln(1 + x) = y, tem-se x = ey −1 e quando x → 0 A partir deste limite podemos calcular lim tem-se y → 0. Assim, |g(x)| 6 c para qualquer x ∈ ]a − δ, a + δ[ ∩ D. lim x→0 Então lim [f (x).g(x)] = 0. ln(1 + x) y = lim y = lim y→0 e −1 y→0 x 1 ey −1 y = 1 = 1. 1 Logo x→a ln(1 + x) = 1. x→0 x lim António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 134 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 136 / 590 §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos Provemos que Outro limite bastante importante é o seguinte: sen x = 1. x→0 x lim lim x→0 arc sen x =1 x e lim x→0 arc tg x =1. x No primeiro limite fazemos a mudança de variável arc sen x = y e obtemos Usando este limite podemos calcular vários outros limites. Por exemplo, arc sen x y 1 1 = lim = lim sen y = = 1. x→0 y→0 sen y y→0 x 1 y lim sen x tg x 1 sen x 1 lim = lim cos x = lim = 1 = 1. x→0 x x→0 x x→0 cos x x 1 Para o segundo limite fazemos a mudança de variável y = arc tg x e vem Portanto tg x = 1. x→0 x arc tg x y 1 1 = lim = lim tg y = = 1. x→0 y→0 tg y y→0 x 1 y lim António Bento (UBI) Cálculo I lim 2010/2011 137 / 590 António Bento (UBI) §2.2 Limites: definição, propriedades e exemplos Cálculo I 2010/2011 139 / 590 2010/2011 140 / 590 Índice Vejamos que lim x→0 1 − cos x 1 = . x2 2 De facto, lim x→0 António Bento (UBI) 1 − cos x (1 − cos x)(1 + cos x) = lim x→0 x2 x2 (1 + cos x) 1 − cos2 x 1 = lim 2 x→0 x (1 + cos x) 2 sen x 1 = lim x→0 x2 (1 + cos x) 2 sen x 1 = lim x→0 x (1 + cos x) 1 1 = 12 = . 2 2 Cálculo I 2010/2011 138 / 590 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Breves noções de topologia em R Limites: definição, propriedades e exemplos Limites infinitos e limites no infinito Limites laterais Assímptotas Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Propriedades fundamentais das funções contínuas 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) Cálculo I §2.3 Limites infinitos e limites no infinito §2.3 Limites infinitos e limites no infinito Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função e a um ponto de acumulação de D. Diz-se que Sejam D um subconjunto de R não majorado e f : D → R uma função. Diz-se que f tende para +∞ quando x tende para +∞, f tende para +∞ quando x tende para a, e escreve-se e escreve-se lim f (x) = +∞, lim f (x) = +∞, x→+∞ x→a se para cada L > 0, existe M > 0 tal que se para cada L > 0, existe δ > 0 tal que f (x) > L para qualquer x ∈ D tal que x > M . f (x) > L para qualquer x ∈ D tal que 0 < |x − a| < δ. Formalmente, Simbolicamente, lim f (x) = +∞ ⇔ ∀L > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < |x − a| < δ ⇒ f (x) > L) . x→a António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 lim f (x) = +∞ ⇔ ∀L > 0 ∃M > 0 ∀x ∈ D (x > M ⇒ f (x) > L) . x→+∞ 141 / 590 António Bento (UBI) §2.3 Limites infinitos e limites no infinito Cálculo I 2010/2011 143 / 590 §2.3 Limites infinitos e limites no infinito Sejam D um subconjunto de R não majorado, f : D → R uma função e b ∈ R. Dizemos que f tende para b quando x tende para +∞, A partir dos três limites anteriores podemos definir os restantes casos. Assim, • lim f (x) = −∞ se lim −f (x) = +∞ x→a e escreve-se lim f (x) = b, x→+∞ se para cada ε > 0, existe M > 0 tal que |f (x) − b| < ε para qualquer x ∈ D tal que x > M . Simbolicamente, x→a lim f (x) = b se lim f (−x) = b • x→−∞ • x→+∞ • x→−∞ • x→−∞ x→+∞ lim f (x) = −∞ se lim −f (x) = +∞ x→+∞ lim f (x) = +∞ se lim f (−x) = +∞ x→+∞ lim f (x) = −∞ se lim −f (−x) = +∞ x→+∞ lim f (x) = b ⇔ ∀ε > 0 ∃M > 0 ∀x ∈ D (x > M ⇒ |f (x) − b| < ε) . x→+∞ António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 142 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 144 / 590 §2.3 Limites infinitos e limites no infinito §2.3 Limites infinitos e limites no infinito Nos limites infinitos podemos usar a regra do limite da soma desde que se adoptem as convenções (+∞) + a = +∞ = a + (+∞) (−∞) + a = −∞ = a + (−∞) (+∞) + (+∞) = +∞ (−∞) + (−∞) = −∞ onde a é um número real qualquer. A regra do limite do quociente mantém-se se se adoptarem as seguintes convenções a a = = 0, a ∈ R +∞ −∞ a = +∞, a > 0 0+ a = −∞, a < 0 0+ a = −∞, a > 0 0− a = +∞, a < 0 0− onde 0+ significa que f (x) → 0 e f (x) > 0 na intersecção do domínio com um intervalo aberto que contém o ponto em que estamos a calcular o limite e 0− significa que f (x) → 0 e f (x) < 0 na intersecção do domínio com um intervalo aberto que contém o ponto em que estamos a calcular o limite. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 145 / 590 §2.3 Limites infinitos e limites no infinito António Bento (UBI) (+∞) × a = +∞ = a × (+∞) onde a ∈ R+ 147 / 590 2010/2011 148 / 590 Não se faz nenhuma convenção para os símbolos (+∞) × a = −∞ = a × (+∞) onde a ∈ R− (+∞) + (−∞), (−∞) × a = −∞ = a × (−∞) onde a ∈ R+ 0 × (+∞), +∞ , +∞ (−∞) × a = +∞ = a × (−∞) onde a ∈ R− (+∞) × (+∞) = +∞ = (−∞) × (−∞) +∞ , −∞ 0 × (−∞), −∞ , +∞ −∞ −∞ 0 0 pois são símbolos de indeterminação. (+∞) × (−∞) = −∞ = (−∞) × (+∞) Cálculo I 2010/2011 §2.3 Limites infinitos e limites no infinito Adoptando as convenções que se seguem, podemos usar a regra do limite do produto: António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 146 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §2.3 Limites infinitos e limites no infinito §2.3 Limites infinitos e limites no infinito Vejamos Exemplos lim a) É óbvio que x→+∞ lim x = +∞ e lim x = −∞. lim ln x→−∞ x→+∞ 1 b) Seja f : R \ {0} → R a função definida por f (x) = . Então x Cálculo I lim x→+∞ 2010/2011 149 / 590 ln 1 + = lim x→+∞ 1/x 1 x 1 1+ x x = lim y→0 ln (1 + y) = 1. y 1 1+ x x ln[(1+ x1 ) = lim e x x→+∞ António Bento (UBI) x lim ln[(1+ x1 ) ] ] = ex→+∞ = e1 = e . Cálculo I 2010/2011 151 / 590 2010/2011 152 / 590 Outros limites importantes são os seguintes c) Seja f : R → R definida por x−1 2x + 1 se x > 0, lim ax = x→+∞ 2 −2x + 3 se x < 0. 3x2 + 8 e 1 1− x−1 x = lim lim f (x) = lim = lim 1 x→+∞ x→+∞ 2x + 1 x→+∞ x→+∞ x 2+ 2+ x x 1− −2x + 3 lim f (x) = lim = lim x→−∞ x→−∞ 3x2 + 8 x→−∞ António Bento (UBI) 1 = lim x ln 1 + x→+∞ x §2.3 Limites infinitos e limites no infinito Exemplos (continuação) 2 x Assim, §2.3 Limites infinitos e limites no infinito e 1 1+ x lim ln 1 1 = = 0. x→−∞ x −∞ Então x→+∞ = lim f (x) = =e. e que fazendo a mudança de variável y = 1/x temos 1 1 = =0 lim x→+∞ x +∞ António Bento (UBI) x Comecemos por observar que x→+∞ e 1 1+ x lim ax = 1 x = 1 1 2 x x→−∞ Destes limites resulta que 3 3 −2 + 2 2 2 x x = lim =− . 8 8 x→−∞ 3 x2 3 + 2 3+ 2 x x x2 −2 + Cálculo I 2010/2011 150 / 590 +∞ 0 0 António Bento (UBI) se 0 < a < 1 se a > 1 +∞ lim ln x = +∞ x→+∞ se a > 1 e Cálculo I se 0 < a < 1 . lim ln x = −∞ . x→0 §2.4 Limites laterais Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Breves noções de topologia em R Limites: definição, propriedades e exemplos Limites infinitos e limites no infinito Limites laterais Assímptotas Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Propriedades fundamentais das funções contínuas 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) É evidente que se existe lim f (x), x→a então também existe lim f (x) x→a x∈A para qualquer subconjunto A de D do qual a é ponto de acumulação de Ae lim f (x) = lim f (x). x→a x→a x∈A Assim, se existirem dois limites relativos distintos, o limite não existe. Cálculo I 2010/2011 153 / 590 António Bento (UBI) §2.4 Limites laterais Cálculo I 2010/2011 155 / 590 2010/2011 156 / 590 §2.4 Limites laterais Exemplo Sejam A um subconjunto de D ⊆ R, a um ponto de acumulação de A e Consideremos a função f : R → R definida por f (x) = f : D → R. Chama-se limite de f no ponto a relativo a A (ou limite quando x tende para a no conjunto A) ao limite em a (quando exista) da restrição de f a A e usa-se a notação ( 1 0 se x ∈ Q, se x ∈ R \ Q. Então lim f (x) = 1 x→a x∈Q e lim f (x). lim f (x) = 0 x→a x∈A x→a x∈R\Q qualquer que seja a ∈ R. Logo não existe lim f (x). x→a António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 154 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §2.4 Limites laterais §2.4 Limites laterais Observações Seja f : D ⊆ R → R e consideremos os conjuntos a) É óbvio que lim f (x) = b é equivalente a Da+ = {x ∈ D : x > a} = D∩ ]a, +∞[ x→a x∈A e Da− ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ A (0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x) − b| < ε) . = {x ∈ D : x < a} = D∩ ] − ∞, a[. b) Como Definem-se, respectivamente, os limites laterais à direita e à esquerda da seguinte forma é equivalente a x∈D lim f (x) = lim f (x) ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (−δ < x − a < 0 ⇒ |f (x) − b| < ε) . lim f (x) = lim f (x), Analogamente, lim+ f (x) = b é equivalente a x→a x∈Da− x→a desde que a seja ponto de acumulação de Da+ e de Da− , respectivamente. António Bento (UBI) Cálculo I −δ <x−a<0 x→a− e x→a− e 0 < |x − a| < δ e, portanto, lim f (x) = b é equivalente a x→a x∈Da+ x→a+ e x ∈ Da− 2010/2011 157 / 590 ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < x − a < δ ⇒ |f (x) − b| < ε) . António Bento (UBI) §2.4 Limites laterais Cálculo I 2010/2011 159 / 590 §2.4 Limites laterais Exemplo Seja f : R → R a função dada por f (x) = ( 1 0 Também existem limites laterais para limites infinitos: se x > 0, se x < 0. lim f (x) = +∞ x→a− ⇔ ∀L > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (−δ < x − a < 0 ⇒ f (x) > L) caso a seja um ponto da acumulação de Da− e Esta função é conhecida por função de Heaviside. É óbvio que lim x→0 x∈]0,+∞[ lim f (x) = +∞ f (x) = lim f (x) = 1 x→a+ x→0+ ⇔ ∀L > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 < x − a < δ ⇒ f (x) > L) quando a é um ponto de acumulação de Da+ . e lim x→0 x∈]−∞,0[ António Bento (UBI) f (x) = lim f (x) = 0. x→0− Cálculo I 2010/2011 158 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 160 / 590 §2.4 Limites laterais §2.4 Limites laterais Exemplos a) É evidente que Usando os limites anteriores podemos definir os seguintes limites: b) Também se tem x→a+ lim 1 1 1 = + 2 = + = +∞ 2 x (0 ) 0 lim− 1 1 1 = − 2 = + = +∞. 2 x (0 ) 0 x→0+ e x→0 Cálculo I 1 1 = − = −∞. x 0 x→0− x→a− António Bento (UBI) lim e que • lim f (x) = −∞ se lim −f (x) = +∞. x→a+ 1 1 = + = +∞ x 0 x→0+ • lim f (x) = −∞ se lim −f (x) = +∞; x→a− lim 2010/2011 161 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §2.4 Limites laterais 2010/2011 163 / 590 §2.4 Limites laterais Vejamos que lim tg x = +∞ e Propriedade dos limites laterais x→ π2 − Sejam D ⊆ R, f : D → R e a um ponto de acumulação de Da+ e Da− . Então lim f (x) = b, De facto, onde b ∈ R ou b = +∞ ou b = −∞, se e só se existem e são iguais a b os limites laterais, ou seja, e 1 sen x = + = +∞ cos x 0 lim tg x = lim 1 sen x = − = −∞. cos x 0 x→ π2 + lim f (x) = lim f (x) = b. x→a− lim− tg x = lim− x→ π 2 x→a x→ π2 + x→ π 2 De forma análoga temos x→a+ lim tg x = −∞ e x→− π2 + António Bento (UBI) Cálculo I lim tg x = −∞ . + x→ π 2 2010/2011 162 / 590 António Bento (UBI) lim tg x = +∞ . − x→− π 2 Cálculo I 2010/2011 164 / 590 §2.4 Limites laterais §2.5 Assímptotas y = f (x) De lim tg x = +∞ − x→ π 2 e lim tg x = −∞ + x→− π 2 conclui-se imediatamente que d lim arc tg x = x→+∞ π 2 e lim arc tg x = − x→−∞ y = mx + b π . 2 d = f (x) − (mx + b) lim [f (x) − (mx + b)] = 0 x→+∞ António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 165 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Breves noções de topologia em R Limites: definição, propriedades e exemplos Limites infinitos e limites no infinito Limites laterais Assímptotas Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Propriedades fundamentais das funções contínuas 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) 167 / 590 §2.5 Assímptotas Índice 1 2010/2011 Sejam D um subconjunto não majorado e f : D → R uma função. A recta de equação y = mx + b diz-se uma assímptota não vertical à direita do gráfico de f se lim [f (x) − (mx + b)] = 0. x→+∞ Se D é um subconjunto não minorado e f : D → R é uma função, diz-se que a recta de equação y = mx + b é uma assímptota não vertical à esquerda do gráfico de f se lim [f (x) − (mx + b)] = 0. x→−∞ Cálculo I 2010/2011 166 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 168 / 590 §2.5 Assímptotas §2.5 Assímptotas Assímptotas não verticais à direita Sejam D um subconjunto de R não majorado e f : D → R uma função. Para que o gráfico de f tenha uma assímptota não vertical à direita é necessário e suficiente que existam e sejam finitos os limites f (x) a) lim x→+∞ x (que designaremos por m), b) lim [f (x) − mx]. x→+∞ Verificadas estas condições, e designando por b o segundo limite, assímptota à direita do gráfico de f tem a equação Cálculo I m = lim x→+∞ f (x) x e b = lim [f (x) − mx] x→+∞ e se estes limites existirem e forem finitos, a assímptota é a recta de equação y = mx + b. Para as assímptotas não verticais à esquerda temos de calcular os limites f (x) x→−∞ x m = lim y = mx + b. António Bento (UBI) Assim, para calcularmos uma assímptota não vertical à direita temos de calcular os seguintes limites e b = lim [f (x) − mx] x→−∞ e caso existam e sejam finitos ambos os limites, a assímptota é a recta de equação y = mx + b. 2010/2011 169 / 590 António Bento (UBI) §2.5 Assímptotas Cálculo I 2010/2011 171 / 590 §2.5 Assímptotas Assímptotas não verticais à esquerda Sejam D um subconjunto de R não minorado e f : D → R uma função. Para que o gráfico de f tenha uma assímptota não vertical à esquerda é necessário e suficiente que existam e sejam finitos os limites f (x) a) lim x→−∞ x (que designaremos por m), b) lim [f (x) − mx]. Diz-se que a recta de equação x = a é uma assímptota vertical ao gráfico de f se pelo menos umas das seguintes condições se verificar: lim f (x) = +∞, lim f (x) = +∞ x→−∞ x→a− Verificadas estas condições, e designando por b o segundo limite, assímptota à esquerda do gráfico de f tem a equação lim f (x) = −∞, x→a+ x→a+ ou lim f (x) = −∞. x→a− y = mx + b. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 170 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 172 / 590 §2.5 Assímptotas §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos y = f (x) Sejam D um subconjunto de R, f : D → R uma função e a ∈ D. Diz-se que f é contínua no ponto a se para cada ε > 0, existir δ > 0 tal que |f (x) − f (a)| < ε para qualquer x ∈ D tal que |x − a| < δ. Simbolicamente, f é contínua em a a ⇔ ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (|x − a| < δ ⇒ |f (x) − f (a)| < ε) . Dizemos que a ∈ D é um ponto de descontinuidade de f se f não é contínua em a. Uma função f : D → R é contínua se for contínua em todos os pontos de D. A recta de equação x = a é uma assímptota vertical ao gráfico de f António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 173 / 590 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Breves noções de topologia em R Limites: definição, propriedades e exemplos Limites infinitos e limites no infinito Limites laterais Assímptotas Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Propriedades fundamentais das funções contínuas Cálculo I 2010/2011 175 / 590 §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Índice 1 António Bento (UBI) y f (a)+ε f (a)+ε f (a) f (a)−ε 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries f (a)−ε a+δa+δa+δ a−δa−δa−δ a−δaa+δ António Bento (UBI) x Interpretação geométrica do conceito de função contínua num ponto Cálculo I 2010/2011 174 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 176 / 590 §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Observações Exemplos a) Ao contrário do que acontece na definição de limite, só faz sentido considerar pontos do domínio D quando estamos a investigar a continuidade de uma função. b) Se a é um ponto isolado de D, então a função f : D → R é contínua em a. De facto, dado ε > 0, basta escolher δ > 0 tal que Assim, a condição x ∈ D ∧ |x − a| < δ é equivalente a x = a e, por conseguinte, |f (x) − f (a)| = 0 < ε. c) Se a ∈ D é um ponto de acumulação de D, então f : D → R é contínua em a se e só se c) As funções polinomiais, ou seja, as funções f : R → R definidas por x→a 2010/2011 onde n ∈ N e a0 , a1 , . . . , an−1 , an ∈ R, são funções contínuas. d) As funções racionais, ou seja, as funções dadas por f (x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 , bm xm + bm−1 xm−1 + · · · + b1 x + b0 onde m, n ∈ N, a0 , a1 , . . . , an−1 , b0 , b1 , . . . , bm−1 ∈ R e an , bm ∈ R \ {0}, são funções contínuas. lim f (x) = f (a). Cálculo I b) A função f : R → R definida por f (x) = x é contínua. Esta função designa-se por identidade. f (x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 , ]a − δ, a + δ[ ∩ D = {a} . António Bento (UBI) a) As funções constante são contínuas. 177 / 590 §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos António Bento (UBI) Cálculo I 179 / 590 §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Propriedades da continuidade Exemplos (continuação) a) Sejam f, g : D ⊆ R → R duas funções contínuas em a ∈ D. Então e) A função f : R → R dada por f (x) = |x| é contínua. √ f ) A função f : [0, +∞[→ R dada por f (x) = x é contínua. f + g, f − g e f g são contínuas em a e se g(a) 6= 0 então 2010/2011 g) As funções exponencial e logarítmica são funções contínuas. h) As funções trigonométricas são funções contínuas. f é contínua em a. g i) As inversas das funções trigonométricas são funções contínuas. j) As funções hiperbólicas são funções contínuas. b) Sejam f : Df ⊆ R → R e g : Dg ⊆ R → R duas funções. Se f é contínua em a ∈ Df e g é contínua em f (a) ∈ Dg , então k) A função definida por 2 ln(x − 2) f (x) = sen ex −x + arc tg(x − 5) g ◦ f é contínua em a. António Bento (UBI) Cálculo I é uma função contínua pois é a composição de funções contínuas. 2010/2011 178 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 180 / 590 §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Exemplos (continuação) Obviamente, se a é um ponto de acumulação de D ∩ ]a, +∞[, então k) A função f : R → R definida por f (x) = ( 1 0 se x > 0 se x < 0 f é contínua à direita em a ⇔ lim f (x) = f (a) x→a+ e caso a seja um ponto de acumulação de D ∩ ] − ∞, a[ temos não é contínua em x = 0 porque não existe lim f (x). Obviamente, a x→0 função é contínua em para qualquer x ∈ R \ {0}. l) Seja f : R → R a função definida por ( sen x f (x) = 0 x f é contínua à esquerda em a ⇔ lim f (x) = f (a). x→a− se x 6= 0 Propriedade se x = 0 Sejam f : D ⊆ R → R e a ∈ D. Então f é contínua em a se e só se é contínua à esquerda e à direita em a. Então f não é contínua em x = 0 porque sen x = 1 6= f (0) = 0. lim f (x) = lim x→0 x→0 x É claro que a função é contínua em para qualquer x ∈ R \ {0}. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 181 / 590 António Bento (UBI) §2.6 Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos a restrição de f a D ∩ [a, +∞[ é contínua em a. 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade Breves noções de topologia em R Limites: definição, propriedades e exemplos Limites infinitos e limites no infinito Limites laterais Assímptotas Funções contínuas: definição, propriedades e exemplos Propriedades fundamentais das funções contínuas 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries A função diz-se contínua em a à esquerda se a restrição de f a D ∩ ] − ∞, a] é contínua em a. Assim, f é contínua à direita em a se e só se ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (0 6 x − a < δ ⇒ |f (x) − f (a)| < ε) , e é contínua à esquerda em a se e só se ∀ε > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (−δ < x − a 6 0 ⇒ |f (x) − f (a)| < ε) . Cálculo I 2010/2011 2010/2011 183 / 590 2010/2011 184 / 590 Índice Sejam f : D → R e a ∈ D. Diz-se que a função f é contínua em a à direita se António Bento (UBI) Cálculo I 182 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas Corolário dos valores intermédios ou de Bolzano Teorema de Bolzano ou dos valores intermédios Sejam a e b números reais tais que a < b e seja Sejam a e b números reais tais que a < b e f : [a, b] → R f : [a, b] → R uma função contínua tal que uma função contínua tal que f (a).f (b) < 0. f (a) 6= f (b). Então existe Então para qualquer valor k entre f (a) e f (b), existe um ponto c ∈ [a, b] tal que f (c) = k. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 c ∈]a, b[ tal que f (c) = 0. 185 / 590 §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas y y f (b) f (b) a b b f (a) a c b Cálculo I b c1 c2 b b c3 b x b x Interpretação geométrica do Corolário do Teorema de Bolzano Interpretação geométrica do Teorema de Bolzano António Bento (UBI) b b k f (a) 187 / 590 2010/2011 186 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 188 / 590 §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas Seja f : D ⊆ R → R uma função definida num subconjunto não vazio D. Exemplos Provemos que a função f : [0, 1] → R definida por f (x) = cos πx 2 Dizemos que f tem um máximo (absoluto) no ponto a ∈ D ou que f (a) é um máximo (absoluto) de f se − x2 f (x) 6 f (a) para todo o x ∈ D. tem (pelo menos) um zero em [0, 1]. Obviamente, esta função é contínua pois é a composição de funções contínuas. Como f (0)f (1) = cos (0) − 02 cos π 2 − 12 Quando f (x) > f (a) para todo o x ∈ D, = 1(−1) = −1, pelo (Corolário do) Teorema de Bolzano, f tem de ter pelo menos um zero no intervalo ]0, 1[. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 189 / 590 dizemos que f tem um mínimo (absoluto) no ponto a ∈ D ou que f (a) é um mínimo (absoluto) de f . Os máximos e mínimos (absolutos) de f dizem-se extremos absolutos de f . António Bento (UBI) §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas p(x) = an x + an−1 x Sejam D ⊆ R um conjunto não vazio, fechado e limitado e + · · · + a1 x + a0 , an 6= 0, de grau ímpar, ou seja, n é um número natural ímpar. Como lim p(x) = lim x x→+∞ x→+∞ e n an−1 a1 a0 an + + · · · + n−1 + n x x x an−1 a1 a0 + · · · + n−1 + n x x x lim p(x) = lim xn an + x→−∞ x→−∞ = = +∞ −∞ −∞ +∞ Cálculo I f: D →R uma função contínua. Então f tem máximo e mínimo absolutos. se an > 0, se an < 0, se an > 0, se an < 0, existem números reais a e b tais que p(a) < 0 e p(b) > 0. A continuidade de p implica, pelo Teorema de Bolzano, que p tem de ter um zero entre a e b. Assim, todos os polinómios de grau ímpar têm pelo menos um zero (real)! António Bento (UBI) 191 / 590 Teorema de Weierstrass Consideremos uma função polinomial n−1 2010/2011 §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas Exemplos (continuação) n Cálculo I 2010/2011 190 / 590 Corolário Sejam a e b números reais tais que a < b e f : [a, b] → R uma função contínua. Então f tem máximo e mínimo absolutos. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 192 / 590 §2.7 Propriedades fundamentais das funções contínuas Índice Exemplo Seja f : [1, 5] → R a função definida por x − 1 f (x) = e2x−6 −1 x−3 se x ∈ [1, 3], se x ∈]3, 5]. 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Aplicações do cálculo diferencial 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Como lim f (x) = lim− x − 1 = 2 x→3− e x→3 e2x−6 −1 e2(x−3) −1 = lim+ 2 = 1.2 = 2, lim+ f (x) = lim+ x→3 x→3 x−3 x→3 2(x − 3) temos lim f (x) = 2 = f (3). Assim, f é contínua no ponto x = 3. Além disso, x→3 em [1, 5] \ {3} a função é contínua pois é a composição de funções contínuas. Pelo Teorema de Weierstrass, f tem máximo e mínimo absolutos em [1, 5]. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 193 / 590 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Aplicações do cálculo diferencial 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Cálculo I 2010/2011 195 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Índice 1 António Bento (UBI) Sejam D um subconjunto não vazio de R, f : D → R e a ∈ D um ponto de acumulação de D. Diz-se que f é derivável ou diferenciável em a se existe (e é finito) o limite: f (x) − f (a) . x→a x−a lim Tal limite (quando existe) diz-se a derivada de f no ponto a e df representa-se por f ′ (a), Df (a) ou ainda por (a). Fazendo a dx mudança de variável x = a + h, temos f (a + h) − f (a) . h→0 h f ′ (a) = lim Sucessões e séries Aqui têm apenas de se considerar os valores de h tais que a + h ∈ D. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 194 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 196 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos y = f (a) + f ′ (a)(x − a) Diz-se que a função f : D → R é derivável ou diferenciável em D se for derivável em todo o ponto de D e à nova função f (a (a + + h) h) f f (a + h) b f (a) f ′ : D → R, que a cada ponto x ∈ D faz corresponder f ′ (x), chama-se derivada de df f e representa-se também por Df ou . dx b b b b f ′ (a) = tg α α a a + ah + ah + ah + h Interpretação geométrica do conceito de derivada António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 197 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 199 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos O quociente f (a + h) − f (a) h representa o declive da recta que passa pelos pontos Exemplos – funções constante Seja f : R → R a função definida por (a, f (a)) e (a + h, f (a + h)) . f (x) = c, Fazendo h tender para zero, a recta que passa nos pontos (a, f (a)) e (a + h, f (a + h)) , onde c é um número real. Então vai tender para a recta tangente ao gráfico de f e que passa no ponto (a, f (a)). Assim, geometricamente, a derivada de uma função num ponto do domínio é o declive da recta tangente ao gráfico da função no ponto considerado. Portanto, a recta tangente ao gráfico de uma função f no ponto (a, f (a)) é a recta de equação f ′ (x) = lim h→0 f (x + h) − f (x) c−c 0 = lim = lim = lim 0 = 0 h→0 h h→0 h h→0 h para cada x ∈ R. Assim, f ′ é a função identicamente nula. y = f (a) + f ′ (a)(x − a). António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 198 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 200 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos – função logaritmo natural Exemplos – função identidade Seja f : ]0, +∞[ → R a função dada por f (x) = ln x. Então Consideremos a função f : R → R definida por f (x) = x. h→0 = Então, para cada x ∈ R, temos f (x + h) − f (x) x+h−x h = lim = lim = lim 1 = 1 h→0 h→0 h→0 h h→0 h h f ′ (x) = lim = e, portanto, f ′ : R → R é dada por = f ′ (x) = 1. = António Bento (UBI) Cálculo I f (x + h) − f (x) h ln(x + h) − ln x lim h→0 h x+h ln x lim h→0 h h ln 1 + x 1 lim h→0 h/x x 1 . x f ′ (x) = lim 2010/2011 201 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 203 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos Exemplos – função exponencial A função f : R → R definida por f (x) = sen x é derivável para qualquer x ∈ R. De facto, Seja f : R → R a função dada por f (x) = ex . f (x + h) − f (x) h sen (x + h) − sen x lim h→0 h x+h−x x+h+x 2 sen cos 2 2 lim h→0 h 2x + h sen h/2 lim cos h→0 h/2 2 cos x, f ′ (x) = lim h→0 Então f ′ (x) = = = = = f (x + h) − f (x) lim h→0 h ex+h − ex lim h→0 h h −1 e lim ex h→0 h ex . = = = o que mostra que (sen x)′ = cos x. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 202 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 204 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos Consideremos a função f : R → R dada por f (x) = cos x. Atendendo a que = = = Da+ = {x ∈ D : x > a} = D ∩ ]a, +∞[, então diz-se que f é derivável (ou diferenciável) à direita em a se existe e é finito o limite f (x + h) − f (x) h→0 h cos (x + h) − cos x lim h→0 h x+h+x x+h−x −2 sen sen 2 2 lim h→0 h 2x + h sen h/2 lim − sen h→0 2 h/2 − sen x, f ′ (x) = lim = Se f : D → R e a ∈ D é um ponto de acumulação de lim x→a+ f (x) − f (a) f (a + h) − f (a) = lim = fd′ (a). x−a h h→0+ Tendo em conta as propriedades dos limites, resulta imediatamente, para pontos a ∈ D que são pontos de acumulação de Da− e de Da+ , que f é derivável em a se e só se f é derivável à esquerda e à direita em a e fe′ (a) = fd′ (a). temos que (cos x)′ = − sen x. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 205 / 590 António Bento (UBI) §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Cálculo I 2010/2011 207 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos Seja f : R → R a função definida por Sejam f : D → R e a ∈ D tal que a é ponto de acumulação de f (x) = |x| . Da− = {x ∈ D : x < a} = D ∩ ] − ∞, a[. Diz-se que f é derivável (ou diferenciável) à esquerda em a se existe e é finito o limite lim x→a− f (x) − f (a) f (a + h) − f (a) = lim− = fe′ (a). x−a h h→0 Então fe′ (0) = lim− x→0 e f (x) − f (0) |x| x = lim− = lim− − = −1 x−0 x x x→0 x→0 f (x) − f (0) |x| x = lim = lim = 1, + + x−0 x x→0 x→0 x o que mostra que f não é derivável no ponto 0. fd′ (0) = lim x→0+ António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 206 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 208 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Regras de derivação Exemplos Sejam f, g : D → R funções deriváveis em a ∈ D e k ∈ R. Então Consideremos a função f : R → R definida por f (x) = x sen 1 0 x i) f + g é derivável em a e (f + g)′ (a) = f ′ (a) + g′ (a); se x 6= 0, se x = 0. ii) kf é derivável em a e Esta função não é diferenciável à direita, nem à esquerda do ponto 0, pois não existe x sen (1/x) 1 = lim sen , lim + + x x x→0 x→0 nem 1 x sen (1/x) lim = lim sen . − − x x x→0 x→0 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 209 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos (kf )′ (a) = kf ′ (a); iii) f.g é derivável em a e (f.g)′ (a) = f ′ (a) g(a) + g′ (a) f (a); iv) se g(a) 6= 0, f é derivável em a e g f ′ (a) g(a) − g′ (a) f (a) f ′ (a) = . g g2 (a) António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 211 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Propriedades Se f : D → R é uma função derivável em a ∈ D, então f é contínua nesse ponto. Demonstração das regras de derivação i) Basta observar que (f + g)(x) − (f + g)(a) f (x) − f (a) g(x) − g(a) lim = lim + x→a x→a x−a x−a x−a ′ ′ = f (a) + g (a). Observação O recíproco desta propriedade é falso. A função ii) Basta ter em conta que f :R→R lim dada por x→a f (x) = |x| (kf )(x) − (kf )(a) f (x) − f (a) = lim k x→a x−a x−a = k f ′ (a). é contínua no ponto 0, mas não é derivável nesse ponto. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 210 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 212 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos – funções polinomiais A função f : R → R definida por Demonstração das regras de derivação (continuação) f (x) = xn iii) Basta atender a que lim x→a f (x)g(x) − f (a)g(a) (f g)(x) − (f g)(a) = lim x→a x−a x−a f (x)g(x) − f (a)g(x) + f (a)g(x) − f (a)g(a) = lim x→a x−a f (x) − f (a) g(x) − g(a) = lim g(x) + f (a) x→a x−a x−a ′ ′ = f (a)g(a) + f (a)g (a). Na última igualdade foi usado o facto de g ser contínua em a. derivável em todos os pontos de R e f ′ (x) = nxn−1 . Usando esta última igualdade, tem-se que a derivada da função definida por p(x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 é dada por p′ (x) = nan xn−1 + (n − 1) an−1 xn−2 + · · · + 2a2 x + a1 . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 213 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos lim x→a g f g x−a (a) = = = = f (x) f (a) − g(x) g(a) lim x→a x−a f (x)g(a) − f (a)g(x) g(x)g(a) lim x→a x−a h i 1 f (x)g(a) − f (a)g(x) lim x→a g(x)g(a) x−a h 1 i f (x)g(a) − f (a)g(a) + f (a)g(a) − f (a)g(x) lim x→a g(x)g(a) x−a = lim x→a = h 1 g(x)g(a) 2010/2011 215 / 590 Exemplos – tangente iv) Do mesmo modo temos (x) − Cálculo I §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Demonstração das regras de derivação (continuação). f António Bento (UBI) f (x) − f (a) g(x) − g(a) g(a) − f (a) x−a x−a f ′ (a) g(a) − g ′ (a) f (a) . g 2 (a) A derivada da tangente pode ser calculada da seguinte forma: (tg x)′ = = = = i = = sen x ′ cos x (sen x)′ cos x − (cos x)′ sen x cos2 x cos x. cos x − (− sen x) sen x cos2 x 2 cos x + sen2 x cos2 x 1 cos2 x sec2 x. Na última igualdade usou-se o facto de g ser contínua em a. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 214 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 216 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos – cotangente Derivada da função composta Do mesmo modo temos (cotg x)′ = = = = = = Sejam Df e Dg dois subconjuntos não vazios de R e cos x ′ sen x (cos x)′ sen x − (sen x)′ cos x sen2 x − sen x. sen x − (cos x) cos x sen2 x 2 sen x + cos2 x − sen2 x 1 − sen2 x − cosec2 x. António Bento (UBI) Cálculo I f : Df → R e g : Dg → R funções tais que f (Df ) ⊆ Dg . Suponhamos que a ∈ Df é um ponto de acumulação de Df e b = f (a) é um ponto de acumulação de Dg . Se f é derivável em a e g é derivável em b, então g ◦ f é derivável em a e (g ◦ f )′ (a) = g′ (f (a)) f ′ (a) = g′ (b) f ′ (a). 2010/2011 217 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos – seno e coseno hiperbólicos Exemplos Atendendo a que Seja f : R → R a função definida por f (x) = 2x2 + 5 usando a derivada da função composta, temos e−x tem-se ′ = 1 ex ′ = 100 1′ ex −(ex )′ 1 − ex 1 −x = 2 2 = − ex = − e , x x (e ) (e ) 99 f ′ (x) = 100 2x2 + 5 (senh x)′ = 2 !′ = (ex )′ − 2 ′ (e−x ) = ex + e−x 2 99 (cosh x) = António Bento (UBI) ex + e−x 2 !′ = ′ ex − e−x (ex )′ + (e−x ) = = senh x. 2 2 Cálculo I 2010/2011 218 / 590 4x 99 = 400x 2x2 + 5 = cosh x e ′ . Então, ′ 2x2 + 5 = 100 2x2 + 5 ex − e−x 219 / 590 . Consideremos a função g : R → R dada por g(x) = sen (ex +1). A sua derivada é dada por g′ (x) = cos (ex +1) (ex +1)′ = cos (ex +1) ex = ex cos (ex +1) . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 220 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos Exemplos 2 A função h : R → R definida por h(x) = e3 cos x tem derivada em todos os pontos de R e h′ (x) = e3 cos x = e3 cos x = e3 cos x 2 3 cos x2 2 2 −3 sen x2 −3 sen x2 2 3 cos x2 = −6x sen x e António Bento (UBI) ′ x2 2x Se f é uma função real de variável real diferenciável, então h ef (x) = f ′ (x) ef (x) , [sen (f (x))]′ = f ′ (x) cos (f (x)) ′ e [cos (f (x))]′ = −f ′ (x) sen (f (x)) . . Cálculo I i′ 2010/2011 221 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 223 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos – função exponencial e função logarítmica Para a função exponencial temos x) (ax )′ = eln(a ′ Derivada da função inversa = ex ln a ′ Sejam f uma função diferenciável e injectiva definida num intervalo I ⊆ R e a ∈ I. Se f ′ (a) 6= 0, = ex ln a ln a = ax ln a. Para a função logarítmica usando a igualdade então f −1 é diferenciável em b = f (a) e loge x = loga x loge a temos (loga x)′ = António Bento (UBI) ln x ln a ′ = f −1 (ln x)′ 1/x 1 = = . ln a ln a x ln a Cálculo I 2010/2011 222 / 590 António Bento (UBI) ′ (b) = 1 f ′ (f −1 (b)) Cálculo I = 1 f ′ (a) . 2010/2011 224 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos – arco seno Exemplos – raízes Consideremos a função g : [−1, 1] → [−π/2, π/2] definida por A função g :]0, +∞[→]0, +∞[ definida por √ g(x) = n x g(x) = arc sen x. A função g é a função inversa da função f : [−π/2, π/2] → [−1, 1] dada por f (y) = sen y. é a função inversa da função f :]0, +∞[→]0, +∞[ definida por Além disso, f ′ (y) = cos y 6= 0 para y ∈ ]−π/2, π/2[. Assim, escrevendo y = arc sen x, ou seja, x = sen y, temos ′ 1 1 g ′ (x) = f −1 (x) = = . cos y (sen y)′ f (y) = y n . Como f ′ (y) = ny n−1 6= 0 para qualquer y ∈ ]0, +∞[ temos, fazendo y = g(x), g′ (x) = f −1 ′ 1 (x) = f ′ (y) = 2 2 Tendo em √ conta que sen y + cos y = 1 e que y ∈ ]−π/2, π/2[, obtemos 2 cos y = 1 − x e, por conseguinte, para x ∈ ]−π/2, π/2[ temos 1 ′ (arc sen x) = √ . 1 − x2 1 1 = √ . n n−1 ny n xn−1 Nos pontos x = −1 e x = 1 a função não tem derivada lateral à direita, nem derivada lateral à esquerda, respectivamente. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 225 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 227 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos – arco coseno Exemplos – logaritmo natural A função g : [−1, 1] → [0, π] definida por Do mesmo modo, a função g : ]0, +∞[→ R definida por g(x) = arc cosx g(x) = ln x é a inversa da função f : [0, π] → [−1, 1] definida por f (y) = cos y. é a inversa da função f : R →]0, +∞[ definida por Atendendo a que f ′ (y) = − sen y 6= 0 para cada y ∈]0, π[ vem 1 (arc cosx)′ = − sen y f (y) = ey . Como f ′ (y) = ey 6= 0 para qualquer y ∈ R e y = ln x temos g′ (x) = f −1 António Bento (UBI) ′ e, como sen2 y + cos2 y = 1 e y ∈]0, π[, temos sen y = 1 − cos2 y o que implica 1 1 (arc cosx)′ = − p = −√ . 2 1 − cos y 1 − x2 p 1 1 1 (x) = ′ = y = . f (y) e x Cálculo I 2010/2011 226 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 228 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Exemplos – arco tangente Tabela de derivadas A função g : ]−π/2, π/2[ → R definida por [αu(x)]′ = α u′ (x), α ∈ R g(x) = arc tg x é a inversa da função f : R → ]−π/2, π/2[ definida por ′ [u(x) v(x)] = u′ (x) v(x) + u(x) v ′ (x) g(y) = tg y. Como g′ (y) = [(u(x))α ] = α u′ (x) [u(x)]α−1 , α ∈ R ′ 1 6= 0 para y ∈ ]−π/2, π/2[ temos cos2 y (arc tg x)′ = u(x) ′ = u′ (x) eu(x) e 1 1 1 = = . 1 1 + tg2 y 1 + x2 cos2 y António Bento (UBI) Cálculo I [u(x) + v(x)]′ = u′ (x) + v ′ (x) 229 / 590 ′ = u′ (x) v(x) − u(x) v ′ (x) [v(x)] 2 hp i′ u′ (x) u(x) = p 2 u(x) ′ u′ (x) u(x) [loga (u(x))] = António Bento (UBI) §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos u(x) v(x) [ln (u(x))]′ = u(x) ′ a = u′ (x)au(x) ln a 2010/2011 u′ (x) u(x) ln a Cálculo I 2010/2011 231 / 590 §3.1 Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Tabela de derivadas (continuação) [sen (u(x))]′ = u′ (x) cos [u(x)] Exemplos – arco cotangente Do mesmo modo tem-se u′ (x) cos2 [u(x)] ′ [tg (u(x))] = (arc cotg x)′ = − 1 . 1 + x2 [cos (u(x))]′ = −u′ (x) sen [u(x)] ′ [cotg (u(x))] = − u′ (x) ′ [arc sen (u(x))] = q 2 1 − [u(x)] u′ (x) ′ [arc cos (u(x))] = − q 2 1 − [u(x)] u′ (x) ′ [arc tg (u(x))] = 1 + [u(x)] ′ [arc cotg (u(x))] = − 2 ′ Cálculo I 2010/2011 230 / 590 António Bento (UBI) u′ (x) 1 + [u(x)] 2 ′ [senh (u(x))] = u′ (x) cosh [u(x)] António Bento (UBI) u′ (x) sen2 [u(x)] [cosh (u(x))] = u′ (x) senh [u(x)] Cálculo I 2010/2011 232 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Aplicações do cálculo diferencial A interpretação geométrica de f ′ (c) = 0 corresponde a que a recta tangente ao gráfico de f no ponto (c, f (c)) é horizontal. Tendo isto em conta, podemos interpretar geometricamente o Teorema de Rolle da seguinte forma. y b f (a) = f (b) b b b 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries a x c c′ b Interpretação geométrica do Teorema de Rolle António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 233 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 235 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Teorema de Rolle Sejam a e b números reais tais que a < b e seja Corolários do Teorema de Rolle f : [a, b] → R Sejam I um intervalo e f: I →R uma função contínua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[. Se uma função diferenciável em I. Então f (a) = f (b), a) entre dois zeros de f existe pelo menos um zero da derivada; b) entre dois zeros consecutivos da derivada de f existe, quando muito, um zero da função. então existe tal que c ∈ ]a, b[ f ′ (c) = 0. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 234 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 236 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Corolários do Teorema de Lagrange Teorema do valor médio de Lagrange Sejam I um intervalo de R e f, g : I → R funções diferenciáveis em I. Sejam a e b números reais tais que a < b e a) Se f : [a, b] → R então f é constante. uma função contínua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[. Então existe b) Se f ′ (x) = g ′ (x) para qualquer x ∈ I, c ∈ ]a, b[ então a diferença f − g é constante em I. f (b) − f (a) = f ′ (c) (b − a) , c) Se f ′ (x) > 0 para qualquer x ∈ I, então f é estritamente crescente em I, ou seja, para quaisquer x, y ∈ I, f (b) − f (a) = f ′ (c). b−a d) Se f ′ (x) < 0 para qualquer x ∈ I, então f é estritamente decrescente em I, ou seja, para quaisquer x, y ∈ I, tal que ou seja, f ′ (x) = 0 para qualquer x ∈ I, António Bento (UBI) se x > y, então f (x) > f (y). se x > y, então f (x) < f (y). Cálculo I 2010/2011 237 / 590 António Bento (UBI) §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Cálculo I 2010/2011 239 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy f (b) − f (a) é o declive da recta que b−a passa nos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)). O que o Teorema de Lagrange nos diz é que existe uma recta tangente ao gráfico de f paralela à recta que passa nos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)). Geometricamente, o quociente Teorema de Cauchy Sejam a e b números reais tais que a < b e f, g : [a, b] → R y funções contínuas em [a, b] e diferenciáveis em ]a, b[. Se b g′ (x) 6= 0 para qualquer x ∈ ]a, b[, f (b) f (a) b então existe b tal que a c x b c ∈ ]a, b[ f (b) − f (a) f ′ (c) = ′ . g(b) − g(a) g (c) Interpretação geométrica do Teorema de Lagrange António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 238 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 240 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Regra de Cauchy quando x → +∞ Regra de Cauchy Sejam a um número real e f, g : ]a, +∞[→ R funções diferenciáveis em ]a, +∞[ e tais que Sejam a e b números reais tais que a < b e f, g : ]a, b[→ R funções diferenciáveis em ]a, b[ tais que g′ (x) 6= 0 para cada x ∈ ]a, b[. Suponhamos que Suponhamos que lim f (x) = lim g(x) = 0 lim f (x) = lim g(x) = 0 x→a+ x→+∞ x→a+ lim |f (x)| = lim |g(x)| = +∞. f ′ (x) Se lim ′ = L, então x→a+ g (x) António Bento (UBI) lim |f (x)| = lim |g(x)| = +∞. x→a+ x→+∞ Se lim x→+∞ f (x) lim = L. + x→a g(x) Cálculo I x→+∞ ou que ou que x→a+ g′ (x) 6= 0 para cada x ∈]a, +∞[. f ′ (x) g′ (x) x→+∞ = L, então f (x) = L. x→+∞ g(x) lim 2010/2011 241 / 590 António Bento (UBI) §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Cálculo I 2010/2011 243 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Observações Observação a) O resultado continua válido se substituirmos O resultado continua válido se substituirmos lim lim x→a+ x→+∞ por por lim− . lim , x→b x→−∞ b) O resultado também é válido quando calculamos o limite em pontos interiores do domínio das funções. sendo neste caso o domínio das funções um intervalo do tipo ] − ∞, a[. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 242 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 244 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Exemplos de aplicação da regra de Cauchy Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação) 1) Como 2) (continuação) Temos de aplicar novamente a regra de Cauchy cos x − 1 0 lim = , 2 x→0 x 0 temos pela regra de Cauchy esen x − ex x→0 sen x − x ′ cos2 x − sen x esen x − ex = lim ′ x→0 [− sen x] (−2 sen x cos x − cos x) esen x + cos2 x − sen x cos x esen x − ex = lim x→0 − cos x −1 + 1 − 1 = =1 −1 lim cos x − 1 (cos x − 1)′ = lim x→0 x→0 x2 (x2 )′ − sen x = lim x→0 2x 1 sen x = lim − x→0 2 x 1 = − .1 2 1 =− . 2 lim António Bento (UBI) Cálculo I Este limite podia ter sido calculado mais facilmente da seguinte forma esen x − ex esen x−x −1 lim = lim ex = e0 .1 = 1. x→0 sen x − x x→0 sen x − x 2010/2011 245 / 590 António Bento (UBI) §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy 3) Vejamos que esen x − ex (esen x − ex )′ cos x esen x − ex 0 lim = lim = lim = . ′ x→0 sen x − x x→0 (sen x − x) x→0 cos x − 1 0 Aplicando novamente a regra de Cauchy vem esen x − ex (cos x esen x − ex )′ lim = lim x→0 sen x − x x→0 (cos x − 1)′ ln x = 0, a > 0. xa lim x→+∞ Como ln x +∞ = , a x→+∞ x +∞ aplicando a regra de Cauchy temos lim 1 ln x (ln x)′ x = lim 1 = 1 = 0. lim = lim = lim ′ a a x→+∞ x x→+∞ (x ) x→+∞ axa−1 x→+∞ axa +∞ − sen x esen x + cos2 x esen x − ex x→0 − sen x 0 = . 0 = lim 2010/2011 247 / 590 Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação) esen x − ex 0 2) Como lim = , usando a regra de Cauchy temos x→0 sen x − x 0 Cálculo I 2010/2011 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação) António Bento (UBI) Cálculo I 246 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 248 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação) Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação) 4) Vejamos como calcular lim+ x→1 lim+ x→1 √ 1 − cotg x = ∞ − ∞. Transformando esta x indeterminação na seguinte 5) Calculemos agora lim x − 1 ln (ln x) = 0 × (−∞). Como √ x − 1 ln (ln x) = lim+ x→1 ln (ln x) −1/2 (x − 1) = x→0 1 1 cos x sen x − x cos x 0 − cotg x = lim − = lim = , x→0 x x→0 x sen x x→0 x sen x 0 ∞ , ∞ lim podemos aplicar a regra de Cauchy. Assim, podemos usar a regra de Cauchy e temos 1/x √ [ln (ln x)] ln x lim x − 1 ln (ln x) = lim+ h i′ = lim+ −3/2 x→1+ x→1 −1/2 x→1 (x − 1) (x − 1) − 2 3/2 2 (x − 1) 0 = lim+ − = . x→1 x ln x 0 ′ António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 249 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy sen x − x cos x (sen x − x cos x)′ = lim x→0 x→0 x sen x (x sen x)′ cos x − cos x + x sen x = lim x→0 sen x + x cos x x sen x = lim x→0 sen x + x cos x 0 = . 0 lim António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 251 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação) Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação) 3/2 (x − 1) 0 4) (continuação) Atendendo a que lim+ = , aplicando x→1 ln x 0 novamente a regra de Cauchy temos 1/2 ′ 3 (x − 1) 3/2 3/2 (x − 1) (x − 1) 2 lim+ = lim+ = lim+ ′ 1 x→1 x→1 x→1 ln x (ln x) x 3x (x − 1)1/2 = lim+ = 0, x→1 2 5) (continuação) Aplicando novamente a regra de Cauchy temos sen x − x cos x (x sen x)′ = lim x→0 (sen x + x cos x)′ x→0 x sen x sen x + x cos x = lim x→0 cos x + cos x − x sen x 0 = 2 = 0 lim pelo que lim+ x→1 o que implica 3/2 √ 2 (x − 1) x − 1 ln (ln x) = lim+ − x→1 x ln x lim x→0 3/2 = lim+ − x→1 António Bento (UBI) Cálculo I 2 (x − 1) x ln x 1 − cotg x = 0. x = 0. 2010/2011 250 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 252 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Índice Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação) 6) Calculemos agora lim+ (sen x)x . x→0 Neste caso temos uma indeterminação do tipo 00 . Atendendo a que x lim (sen x)x = lim eln[(sen x) x→0+ x→0+ ] x→0+ 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Aplicações do cálculo diferencial 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries x→0+ x→0+ x→0+ Funções reais de variável real: generalidades e exemplos = lim ex ln(sen x) , basta calcular lim x ln (sen x). Como lim x ln (sen x) = lim 1 ln (sen x) 0 = , 1 0 x podemos aplicar a regra de Cauchy. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 253 / 590 §3.2 Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 255 / 590 §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Sejam D um subconjunto não vazio de R e Exemplos de aplicação da regra de Cauchy (continuação) f: D →R 6) (continuação) Assim, cos x (ln (sen x))′ sen x lim x ln (sen x) = lim = lim ′ 1 1 x→0+ x→0+ x→0+ − 2 x x x = lim (−x cos x) = 1.0 = 0 x→0+ sen x uma função diferenciável em D. Se f ′ é diferenciável em a ∈ D, então diz-se que f é duas vezes diferenciável em a e a derivada de f ′ em a designa-se por segunda derivada de f em a e representa-se por f ′′ (a) ou e, portanto, d2 f (a) ou ainda D2 f (a) dx2 e é dada por lim (sen x)x = lim+ ex ln(sen x) = e0 = 1. x→0+ António Bento (UBI) ′ Cálculo I 2010/2011 f ′ (x) − f ′ (a) f ′ (a + h) − f ′ (a) = lim . x→a h→0 x−a h f ′′ (a) = f ′ (a) = lim x→0 254 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 256 / 590 §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Exemplos Mais geralmente, se existirem as derivadas de f até à ordem n − 1 e as representarmos por f ′ , f ′′ , . . . , f (n−1) e f (n−1) é derivável em a, então diz-se que f tem derivada de ordem n em a e f (n) f (n−1) (x) − f (n−1) (a) (a) = lim x→a x−a (n−1) f (a + h) − f (n−1) (a) = lim . h→0 h a) A função f : R → R definida por f (x) = xm , m ∈ N, é uma função de classe C ∞ . De facto f (n) (x) = m−n m (m − 1) . . . (m − (n − 1)) x m! 0 se n < m; se n = m; se n > m. Mais geralmente, qualquer polinómio p : R → R dado por p(x) = am xm + am−1 xm−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 é de classe C ∞ . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 257 / 590 António Bento (UBI) §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Cálculo I 2010/2011 259 / 590 §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Uma função f : D → R diz-se de classe C n , e escreve-se Exemplos (continuação) f ∈ C n (D), b) Se se f é n vezes diferenciável em D e a derivada de ordem n, f (n) é contínua em D. p, q : R → R são dois polinómios, então fazendo Por extensão, escreve-se D = {x ∈ R : q(x) 6= 0} 0 f ∈ C (D) ou f ∈ C(D) tem-se que a função f : D → R definida por para designar que f é contínua em D. Se f admite derivadas de todas as ordens em D, então dizemos que f é indefinidamente diferenciável ou de classe C ∞ e usa-se a notação f (x) = e, portanto, f ∈ C ∞ (D). f ∈ C ∞ (D). António Bento (UBI) Cálculo I p(x) q(x) 2010/2011 258 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 260 / 590 §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Exemplos (continuação) e) Do mesmo modo, a função coseno é uma função de classe C ∞ . De facto, se f (x) = cos x, Exemplos (continuação) c) A função exponencial é de classe C ∞ pois fazendo f (x) = ex temos temos f (n) (x) = f (n) (x) = ex . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 261 / 590 §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor − sen x − cos x sen x cos x António Bento (UBI) se se se se n = 4k − 3, k ∈ N; n = 4k − 2, k ∈ N; n = 4k − 1, k ∈ N; n = 4k, k ∈ N. Cálculo I 2010/2011 263 / 590 §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Exemplos (continuação) f ) A função f1 : R → R definida por x2 sen 1 f1 (x) = x 0 Exemplos (continuação) d) A função seno é uma função de classe C ∞ . De facto, fazendo f (x) = sen x, temos f (n) (x) = cos x − sen x − cos x sen x se se se se n = 4k − 3, k ∈ N; n = 4k − 2, k ∈ N; n = 4k − 1, k ∈ N; n = 4k, k ∈ N; o que mostra que a função seno pertence a C ∞ (R). António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 262 / 590 se x 6= 0; se x = 0; é diferenciável, mas a primeira derivada não é contínua. Como ′ 1 1 1 1 1 1 2 2 x sen = 2x sen + x − 2 cos = 2x sen − cos x x x x x x e 1 x2 sen − 0 f1 (x) − f1 (0) 1 ′ x f1 (0) = lim = lim = lim x sen = 0, x→0 x→0 x→0 x−0 x−0 x temos 2x sen 1 − cos 1 se x 6= 0; f1′ (x) = x x 0 se x = 0. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 264 / 590 §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Exemplos (continuação) f ) (continuação) Vimos que 2x sen 1 − cos 1 ′ f1 (x) = x x 0 Fórmula de Taylor (com resto de Lagrange) se x 6= 0; Sejam I um intervalo, se x = 0. Como não existe 1 lim cos , x→0 x ′ a função f1 não é contínua. Assim, f1 é diferenciável, mas não é de classe C 1 . Mais geral, a função fk : R → R definida por x2k sen 1 se x 6= 0; fk (x) = x 0 se x = 0; C n, f: I →R uma função de classe n + 1 vezes diferenciável em int I e a um ponto de I. Para cada x ∈ I \ {a}, existe c estritamente entre a e x tal que f (x) = f (a)+f ′ (a) (x − a) + f (n) (a) f (n+1) (c) f ′′ (a) (x − a)2 +· · ·+ (x − a)n + (x − a)n+1 . 2! n! (n + 1)! tem derivadas até à ordem k, mas não é de classe C k . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 265 / 590 António Bento (UBI) §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor f, g : D ⊆ R → R pn (x) = f (a) + f ′ (a) (x − a) + têm derivada até à ordem n, então os mesmo acontece com f +g e (x) = n X n j=0 j ! resto Lagrange de ordem n da função f em torno de x = a. f (j) (x)g (n−j) (x), onde f (0) = f e g(0) = g. Esta igualdade é conhecida por fórmula de Leibnitz. António Bento (UBI) Cálculo I f ′′ (a) f (n) (a) (x − a)2 + · · · + (x − a)n 2! n! chamamos polinómio de Taylor de grau n da função f em torno de x=aea f (n+1) (c) Rn (x) = (x − a)n+1 (n + 1)! e fg (f + g)(n) (x) = f (n) (x) + g(n) (x) (f g) 267 / 590 A g) Se (n) 2010/2011 §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Exemplos (continuação) e Cálculo I 2010/2011 266 / 590 Se a = 0 a fórmula de Taylor designa-se por fórmula de Mac-Laurin e o polinómio de Taylor designa-se por polinómio de Mac-Laurin. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 268 / 590 §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Ao polinómio de Taylor de grau um de uma função f em torno de a chamamos linearização ou aproximação linear de f em torno de x = a, ou seja, a função dada por Exemplos (continuação) 2) Seja f a função seno. Então L(x) = f (a) + f ′ (a)(x − a) é a linearização de f em torno de x = a. Nestas condições escrevemos f f (x) ≈ f (a) + f ′ (a)(x − a). Ao polinómio de Taylor de grau dois de uma função f em torno de x = a, isto é, à função dada por chamamos aproximação quadrática de f em torno de x = a e escrevemos f ′′ (a) (x − a)2 . 2 f (x) ≈ f (a) + f ′ (a)(x − a) + António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 269 / 590 ( (−1)k+1 0 se n = 2k − 1, k ∈ N; se n = 2k, k ∈ N; e, portanto, x2n+1 x3 x5 + + · · · + (−1)n + R2n+1 (x). 3! 5! (2n + 1)! Assim, neste exemplos as aproximações linear e quadrática são iguais: sen x ≈ x. António Bento (UBI) §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Cálculo I 2010/2011 271 / 590 §3.3 Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Exemplos Exemplos (continuação) 1) Seja f a função exponencial. Atendendo a que f (n) (x) = ex para cada n ∈ N e, portanto, f (n) (0) = e0 = 1, o polinómio de Mac-Laurin de grau n é dado por f (0) n−1 f (0) n f (0) 2 x + ···+ x + x pn (x) = f (0) + f (0) x + 2! (n − 1)! n! x2 xn−1 xn = 1+x+ + ··· + + 2! (n − 1)! n! (n−1) ′′ 3) Se f é a função coseno, então f (n) ′ ex ≈ 1 + x Cálculo I (0) = ( (−1)k 0 se n = 2k, k ∈ N; se n = 2k − 1, k ∈ N; cos x = 1 − x2 x4 x2n + + · · · + (−1)n + R2n (x) 2! 4! (2n)! e temos x2 2 como aproximações linear e quadrática, respectivamente. cos x ≈ 1 e a seguinte aproximação quadrática ex ≈ 1 + x + (n) e, consequentemente, e, por conseguinte, temos a seguinte aproximação linear António Bento (UBI) (0) = sen x = x − f ′′ (a) (x − a)2 , 2 Q(x) = f (a) + f ′ (a)(x − a) + (n) x2 . 2 2010/2011 270 / 590 António Bento (UBI) e cos x ≈ 1 − Cálculo I 2010/2011 272 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R Derivadas: definição, regras de derivação e exemplos Teoremas de Rolle, de Lagrange e de Cauchy Derivadas de ordem superior e fórmula de Taylor Aplicações do cálculo diferencial 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Já vimos que para estudar a monotonia de uma função basta estudar o sinal da primeira derivada. Isso é consequência de corolários do Teorema de Lagrange: Corolários do Teorema de Lagrange Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função diferenciável em I. a) Se f ′ (x) > 0 para qualquer x ∈ I, então f é estritamente crescente em I, ou seja, para quaisquer x, y ∈ I, se x > y, então f (x) > f (y). b) Se f ′ (x) < 0 para qualquer x ∈ I, então f é estritamente decrescente em I, ou seja, para quaisquer x, y ∈ I, se x > y, então f (x) < f (y). António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 273 / 590 António Bento (UBI) §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Cálculo I 2010/2011 275 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Sejam D um subconjunto não vazio de R, f : D → R uma função e a ∈ D. Diz-se que a função f tem um máximo local ou relativo no ponto a ou que f (a) é um máximo local ou relativo da função f se existir um ε > 0 tal que Nesta secção vamos ver aplicações das derivadas em termos de f (x) 6 f (a) qualquer que seja x ∈ ]a − ε, a + ε[ ∩ D. • monotonia de uma função; • extremos locais de uma função; Do mesmo modo, diz-se que a função f tem um mínimo local ou relativo no ponto a ou que f (a) é um mínimo local ou relativo da função f se existir um ε > 0 tal que • convexidade e pontos de inflexão de uma função. f (x) > f (a) qualquer que seja x ∈ ]a − ε, a + ε[ ∩ D. Diz-se que f tem um extremo local ou relativo no ponto a ou que f (a) é um extremo local ou relativo da função f se f tiver um máximo ou um mínimo local no ponto a. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 274 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 276 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial §3.4 Aplicações do cálculo diferencial y b b Teorema de Fermat Seja b f: D ⊆R→R b b uma função diferenciável num ponto a interior a D. Se f (a) é um extremo local de f , então f ′ (a) = 0. b x0 x1 x2 x3 x4 x5 x Os pontos x0 , x2 e x4 são pontos onde a função tem mínimos locais, enquanto que a função tem máximos locais nos pontos x1 , x3 e x5 . A figura sugere que nos pontos x1 , x2 , x3 , x4 a derivada da função é nula. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 277 / 590 António Bento (UBI) §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Cálculo I 2010/2011 279 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial y b A condição f ′ (a) = 0 b b b x0 não é suficiente para a existência de extremo. Por exemplo a função b f : R → R, b x1 x2 x3 x4 x5 definida por x f (x) = x3 , Para a função representada na figura anterior vê-se facilmente que nos pontos x0 , x2 e x4 a função tem mínimos locais e que nos pontos x1 , x3 e x5 a função tem máximos locais. Além disso, em qualquer a ∈ ]x2 , x3 [ a função tem um máximo e um mínimo local. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 278 / 590 tem derivada nula no ponto x = 0, mas f (0) não é extremo local. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 280 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Exemplo Sejam I um intervalo de R e Uma bateria de voltagem fixa V e resistência interna fixa r está ligada a um circuito de resistência variável R. Pela lei de Ohm, a corrente I no circuito é V I= . R+r f :I→R uma função m vezes diferenciável, m > 1, num ponto a interior ao intervalo I. Suponhamos que ′ f (a) = · · · = f (m−1) (a) = 0 e f (m) Se a potência resultante é dada por P = I 2 R, mostre que a potência máxima ocorre se R = r. (a) 6= 0. Então i) se m é ímpar, f não tem qualquer extremo local no ponto a; ii) se m é par, f tem em a um ponto de máximo local ou um ponto de mínimo local, consoante f (m) (a) < 0 ou António Bento (UBI) 2 V V 2R De P = temos P = R= . Assim, o que temos R+r (R + r)2 de fazer é calcular os extremos locais da função I 2 R, P (R) = f (m) (a) > 0. Cálculo I 2010/2011 281 / 590 António Bento (UBI) §3.4 Aplicações do cálculo diferencial V 2R . (R + r)2 Cálculo I 2010/2011 283 / 590 2010/2011 284 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Exemplo (continuação) Derivando a função P (R) = Sejam I um intervalo de R e V 2R temos (R + r)2 V 2 (R + r)2 − 2 (R + r) V 2 R (R + r)4 V 2 (R + r) − 2V 2 R = (R + r)3 V 2r − V 2R = (R + r)3 V 2 (r − R) = (R + r)3 f :I→R P ′ (R) = uma função duas vezes diferenciável num ponto a interior a I com f ′ (a) = 0. Então i) se f ′′ (a) > 0, a é um ponto de mínimo local; ii) se f ′′ (a) < 0, a é um ponto de máximo local. e, portanto, P ′ (R) = 0 ⇔ R = r. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 282 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §3.4 Aplicações do cálculo diferencial §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Exemplo (continuação) b Para verificarmos que R = r é um ponto de máximo local, atendendo a que V 2 (r − R) P ′ (R) = , (R + r)3 (a, f (a)) (b, f (b)) b função côncava podemos fazer o seguinte quadro R A função f diz-se côncava ou que tem a concavidade voltada para baixo em I se para quaisquer a, b ∈ I, com a < b, o gráfico de f em [a, b] está acima da secante que une os ponto (a, f (a)) e (b, f (b)), isto é, r P ′ (R) + 0 P (R) − ր M ց f (x) > f (a) + f (b) − f (a) (x − a) b−a para qualquer x ∈ [a, b]. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 285 / 590 António Bento (UBI) §3.4 Aplicações do cálculo diferencial b (a, f (a)) A função f é convexa em I se para cada a, b ∈ I e para cada t ∈ [0, 1], Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função. Dizemos que f é convexa ou que tem a concavidade voltada para cima em I se para quaisquer a, b ∈ I, com a < b, o gráfico de f em [a, b] está abaixo da secante que une os ponto (a, f (a)) e (b, f (b)), isto é, António Bento (UBI) f ((1 − t)a + tb) 6 (1 − t)f (a) + tf (b). A função f diz-se côncava em I se, para cada a, b ∈ I e para cada t ∈ [0, 1], f ((1 − t)a + tb) > (1 − t)f (a) + tf (b). Obviamente, uma função f é côncava se e só se −f é convexa. f (b) − f (a) (x − a) b−a Cálculo I 287 / 590 Fazendo x = (1 − t)a + tb, t ∈ [0, 1], nas desigualdades que caracterizam as definições de função convexa e de função côncava temos as seguintes definições alternativas: (b, f (b)) função convexa para qualquer x ∈ [a, b]. 2010/2011 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial b f (x) 6 f (a) + Cálculo I 2010/2011 286 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 288 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função diferenciável. Então as seguintes afirmações são equivalentes: Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função diferenciável. Então as seguintes afirmações são equivalentes: a) f é convexa; a) f é côncava; b) a derivada de f é monótona crescente; b) a derivada de f é monótona decrescente; c) para quaisquer a, x ∈ I temos c) para quaisquer a, x ∈ I temos f (x) > f (a) + f ′ (a) (x − a) , f (x) 6 f (a) + f ′ (a) (x − a) , ou seja, o gráfico de f está acima das suas rectas tangentes. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 ou seja, o gráfico de f está abaixo das suas rectas tangentes. 289 / 590 António Bento (UBI) §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Cálculo I 2010/2011 291 / 590 2010/2011 292 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial b b b b b b Função convexa António Bento (UBI) Cálculo I Função côncava 2010/2011 290 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §3.4 Aplicações do cálculo diferencial §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Sejam I um intervalo de R e f : I → R uma função duas vezes diferenciável em I. Então Sejam I um intervalo de R e a) f é convexa em I se e só se f :I→R f ′′ (x) > 0 uma função duas vezes diferenciável. Se a ∈ I é um ponto de inflexão de f , então f ′′ (a) = 0. para qualquer x ∈ I; b) f é côncava em I se e só se f ′′ (x) 6 0 para qualquer x ∈ I. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 293 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 295 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Sejam I um intervalo, a um ponto interior a I e f : I → R. Diz-se que a é um ponto de inflexão de f se existe ε > 0 tal que num dos conjuntos ]a − ε, a[ ou ]a, a + ε[ a função é convexa e no outro é côncava. Assim, podemos usar a informação que as derivadas nos fornecem para fazer o esboço do gráfico de uma função. Para tal devemos estudar y • o domínio da função; • os zeros da função; • a continuidade da função; • a paridade da função; b b b • os intervalos de monotonia da função; • os extremos relativos da função; a0 a1 a2 • as concavidades da função; x • os pontos de inflexão da função; Na figura anterior vemos que a função f é côncava à esquerda de a1 e é convexa à direita de a1 . Logo a1 é um ponto de inflexão. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 294 / 590 • as assímptotas da função. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 296 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação) Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) Calculemos os zeros da primeira derivada Seja f a função real de variável real definida por f (x) = f ′ (x) = 0 ⇔ x2 . x−1 Vamos fazer um estudo completo desta função. Esta função tem como domínio a seguinte função Df = {x ∈ R : x − 1 6= 0} = R \ {1} ⇔ x(x − 2) = 0 ∧ (x − 1)2 6= 0 ⇔ (x = 0 ∨ x = 2) ∧ x 6= 1. Atendendo a que o denominador de f ′ é sempre positivo, temos o seguinte quadro de sinal e como x2 f (x) = 0 ⇔ = 0 ⇔ x = 0 ∧ x 6= 1, x−1 f tem apenas um zero no ponto x = 0. Além disso, a função é contínua pois é o quociente de duas funções polinomiais. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 297 / 590 0 x + 0 f (x) − ր M ց Obviamente, esta função não é par nem é ímpar. A função é diferenciável em todo o domínio e primeira derivada é dada por = = = António Bento (UBI) ND − 0 + ց m ր Além disso, f (0) = 0 e f (2) = 4. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 299 / 590 Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação) A segunda derivada de f é dada por (x2 )′ (x − 1) − x2 (x − 1)′ (x − 1)2 2x (x − 1) − x2 (x − 1)2 2x2 − 2x − x2 (x − 1)2 x2 − 2x (x − 1)2 x(x − 2) . (x − 1)2 Cálculo I ND 2 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação) = 1 f ′ (x) §3.4 Aplicações do cálculo diferencial f ′ (x) = x(x − 2) =0 (x − 1)2 f ′′ (x) = x2 − 2x 2 (x − 1) !′ = h i′ ′ 2 2 x2 − 2x (x − 1) − (x − 1) x2 − 2x 4 (x − 1) 2 2 (2x − 2) (x − 1) − 2 (x − 1) x2 − 2x 2 (x − 1) − 2 x2 − 2x = = 4 3 (x − 1) (x − 1) 2 2x2 − 4x + 2 − 2x2 + 4x = = 3 (x − 1) (x − 1)3 e, portanto, f não tem pontos de inflexão já que a segunda derivada não tem zeros. 2010/2011 298 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 300 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação) Por outro lado, tendo em conta que o domínio de f é R \ {1} e que f é uma função contínua, a única possibilidade para assímptota vertical ao gráfico de f é a recta de equação x = 1. Como Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação) Fazendo um quadro temos 1 x f ′′ (x) f (x) − ∩ ND + ND ∪ lim f (x) = lim x→1+ x→1+ e o que nos permite concluir que f tem a concavidade voltada para baixo em ] − ∞, 1[ e tem a concavidade voltada para cima em ]1, +∞[. x2 1 = + = +∞ x−1 0 x2 1 = − = −∞, 0 x→1− x→1− x − 1 a recta de equação x = 1 é de facto uma assímptota vertical ao gráfico de f . lim f (x) = lim Estamos em condições de esboçar o gráfico de f . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 301 / 590 António Bento (UBI) §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Cálculo I 2010/2011 303 / 590 §3.4 Aplicações do cálculo diferencial Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação) Exemplo – estudo da função f (x) = x2 /(x − 1) (continuação) Quanto a assímptotas, uma vez que f (x) x2 x2 1 = lim 2 = lim 2 = lim =1 x→+∞ x x→+∞ x − x x→+∞ x (1 − 1/x) x→+∞ 1 − 1/x lim 4 e x2 x2 − x2 + x − x = lim x→+∞ x − 1 x→+∞ x−1 x 1 = lim = lim =1 x→+∞ x(1 − 1/x) x→+∞ 1 − 1/x lim f (x) − x = lim x→+∞ 1 −1 a recta de equação y = x + 1 é uma assímptota não vertical à direita do gráfico de f . Do mesmo modo se conclui que esta recta também é assímptota não vertical à esquerda do gráfico de f . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 302 / 590 António Bento (UBI) 1 Cálculo I 2 2010/2011 304 / 590 §4.1 Primitivas imediatas Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas Primitivas imediatas Primitivação por partes Primitivação por substituição Primitivas de funções racionais Sejam I um intervalo e f :I→R uma função. Chama-se primitiva de f em I a toda a função 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) F :I→R tal que F ′ (x) = f (x) para qualquer x ∈ I. Diz-se que f é primitivável em I quando f possui pelo menos uma primitiva. Cálculo I 2010/2011 305 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 307 / 590 §4.1 Primitivas imediatas Índice Exemplos 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas Primitivas imediatas Primitivação por partes Primitivação por substituição Primitivas de funções racionais 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries a) Uma primitiva da função f : R → R dada por f (x) = x é a função F : R → R definida por F (x) = b) Dum modo mais geral, dado n ∈ N, uma primitiva da função f : R → R definida por f (x) = xn é a função F : R → R definida por F (x) = António Bento (UBI) x2 . 2 Cálculo I 2010/2011 306 / 590 António Bento (UBI) xn+1 . n+1 Cálculo I 2010/2011 308 / 590 §4.1 Primitivas imediatas §4.1 Primitivas imediatas Se f e g são duas funções primitiváveis num intervalo I e k ∈ R, então Sejam I um intervalo e uma primitiva de uma função F :I→R Z f (x) + g(x) dx = Z f (x) dx + Z g(x) dx e f : I → R. Z Então, para qualquer c ∈ R, a função kf (x) dx = k Z f (x) dx. Assim, F +c Z é também uma primitiva de f . an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 dx = an Reciprocamente, qualquer outra primitiva de f é da forma xn+1 xn x2 + an−1 + · · · + a1 + a0 x + c. n+1 n 2 F + c, c ∈ R. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 309 / 590 António Bento (UBI) §4.1 Primitivas imediatas Por uma questão de simplicidade de escrita escrevemos apenas Z f (x) dx = F (x) + c. e de um modo mais geral Z António Bento (UBI) f (x) = F (x) = 1 0 se x > 0, se x < 0, ( x+c d se x > 0; se x < 0; e independentemente do valor que se dê a F (0), a função F não é derivável em x = 0, o que contradiz o facto de F ser uma primitiva de f. xn+1 + c. n+1 Cálculo I ( não é primitivável em R, pois se F fosse uma primitiva de f , a restrição de F ao intervalo ]0, +∞[ seria uma função da forma x + c e a restrição de F ao intervalo ] − ∞, 0[ seria da forma d. Assim a restrição de F a R \ {0} seria x2 x dx = +c 2 xn dx = 311 / 590 Nem todas as funções são primitiváveis. Por exemplo, a função f : R → R definida por Tendo em conta o que vimos anteriormente, se F : I → R é uma primitiva de f temos Z f (x) dx = {F (x) + c : c ∈ R} . Z 2010/2011 §4.1 Primitivas imediatas O conjunto das primitivas de uma função f : I → R representa-se por Z f (x) dx. Assim, Cálculo I 2010/2011 310 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 312 / 590 §4.1 Primitivas imediatas §4.1 Primitivas imediatas Já sabemos que para qualquer x > 0 se tem Z 1 (ln x) = x ′ e se x < 0 tem-se xα dx = xα+1 +c α+1 α 6= −1 (−x) −1 1 = = . −x −x x 1 Assim, uma primitiva da função f (x) = em R \ {0} é a função ln |x|. No x entanto, as funções do tipo ln |x| + c [u(x)]α+1 +c α+1 Z u′ (x) [u(x)] dx = Z u′ (x) dx = ln |u(x)| + c u(x) u′ (x) eu(x) dx = eu(x) +c α α 6= −1 ′ ′ [ln (−x)] = 1 não nos dão todas as primitivas de f (x) = . Para obtermos todas as x primitivas de f temos de considerar todas as funções da forma ( ln x + c1 se x > 0; ln (−x) + c2 se x < 0. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 Z 1 dx = ln |x| + c x Z e dx = e +c Z Z sen x dx = − cos x + c Z u′ (x) sen [u(x)] dx = − cos [u(x)] + c Z cos x dx = sen x + c Z u′ (x) cos [u(x)] dx = sen [u(x)] + c 313 / 590 x x António Bento (UBI) §4.1 Primitivas imediatas por ln |x| + c, Z 1 dx = ln |x| + c. x O que foi feito relativamente à função f (x) = 1 x será feito relativamente a todas as funções cujo domínio é a reunião de intervalos disjuntos dois a dois. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 315 / 590 §4.1 Primitivas imediatas Por uma questão de simplicidade passamos a representar todas as funções da forma ( ln x + c1 se x > 0; ln (−x) + c2 se x < 0. ou seja, Cálculo I 2010/2011 314 / 590 Z 1 dx = tg x + c cos2 x Z u′ (x) dx = tg [u(x)] + c cos2 [u(x)] Z 1 dx = − cotg x + c sen2 x Z u′ (x) dx = − cotg [u(x)] + c sen2 [u(x)] Z senh x dx = cosh x + c Z u′ (x) senh [u(x)] dx = cosh [u(x)]+c Z cosh x dx = senh x + c Z u′ (x) cosh [u(x)] dx = senh [u(x)]+c Z 1 √ dx = arc sen x + c 1 − x2 Z Z 1 dx = arc tg x + c 1 + x2 u′ (x) q dx = arc sen [u(x)] + c 2 1 − [u(x)] Z António Bento (UBI) Cálculo I u′ (x) 1 + [u(x)]2 dx = arc tg [u(x)] + c 2010/2011 316 / 590 §4.2 Primitivação por partes Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas Primitivas imediatas Primitivação por partes Primitivação por substituição Primitivas de funções racionais 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Exemplos de primitivação por partes Z a) Calculemos por partes x sen x dx: Z Z x2 x sen x dx = sen x − 2 Z x2 = sen x − 2 x2 ′ (sen x) dx 2 x2 cos x dx. 2 A primitiva que agora temos de calcular é mais complicada do que a inicial. No entanto, trocando os papeis das funções temos Z Z x sen x dx = (− cos x) x − (− cos x) x′ dx Z = −x cos x − (− cos x) dx Z = −x cos x + cos x dx = −x cos x + sen x + c. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 317 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §4.2 Primitivação por partes 2010/2011 319 / 590 §4.2 Primitivação por partes Sejam I um intervalo e f, g : I → R Exemplos de primitivação por partes (continuação) duas funções diferenciáveis em I. Como b) Para primitivarmos a função ln x temos de primitivar por partes: [f (x) g(x)]′ = f ′ (x) g(x) + f (x) g′ (x) tem-se Z f ′ (x) g(x) = [f (x) g(x)]′ − f (x) g′ (x). Assim, f ′ g é primitivável se e só se f g′ o é e Z ′ f (x) g(x) dx = Z ′ [f (x) g(x)] dx − Z ′ f (x) g (x) dx, ou seja, Z f ′ (x) g(x) dx = f (x) g(x) − Z ln x dx = Z 1 . ln x dx = x ln x − Z x (ln x)′ dx = x ln x − Z x = x ln x − Z 1 dx 1 dx x = x ln x − x + c f (x) g′ (x) dx que é a fórmula de primitivação por partes. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 318 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 320 / 590 §4.2 Primitivação por partes §4.2 Primitivação por partes Exemplos de primitivação por partes (continuação) Exemplos de primitivação por partes (continuação) c) Vejamos como primitivar a função arc tg x: e) Primitivando por partes a função sen2 x temos Z arc tg x dx = Z 1. arc tg x dx = x arc tg x − = = = = António Bento (UBI) Z Z 2 sen x dx = x (arc tg x)′ dx 1 dx x arc tg x − x 1 + x2 Z x x arc tg x − dx 1 + x2 Z 1 2x x arc tg x − dx 2 1 + x2 1 x arc tg x − ln 1 + x2 + c 2 Z Cálculo I 2010/2011 321 / 590 Z António Bento (UBI) Z tem-se = x arc sen x − Z 1 x√ dx 1 − x2 o que implica = x arc sen x − Z √ e, portanto, = x arc sen x + Z −2x √ dx 2 1 − x2 = x arc sen x + Cálculo I = − cos x sen x − Z − cos x cos x dx = − sen x cos x + Z cos2 x dx = − sen x cos x + Z 1 − sen2 x dx Z sen2 x dx. Cálculo I e) (continuação) Fazendo I = x (arc sen x)′ dx p − cos x (sen x)′ dx António Bento (UBI) 1 . arc sen x dx = x arc sen x − Z 2010/2011 323 / 590 Exemplos de primitivação por partes (continuação) d) A primitiva de arc sen x calcula-se de forma semelhante: arc sen x dx = = − cos x sen x − §4.2 Primitivação por partes Exemplos de primitivação por partes (continuação) Z sen x sen x dx = − sen x cos x + x − §4.2 Primitivação por partes Z Z x dx 1 − x2 Assim, António Bento (UBI) Z sen2 x dx I = − sen x cos x + x − I 2I = − sen x cos x + x I=− 322 / 590 sen2 x dx em sen2 x dx = − sen x cos x + x − 1 − x2 + c 2010/2011 Z Z sen x cos x x + . 2 2 sen2 x dx = − sen x cos x x + + c. 2 2 Cálculo I 2010/2011 324 / 590 §4.2 Primitivação por partes Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade ex (sen x)′ dx 3 Cálculo diferencial em R ex cos x dx 4 Primitivas Primitivas imediatas Primitivação por partes Primitivação por substituição Primitivas de funções racionais ex (− sen x) dx 5 Cálculo integral em R ex sen x dx 6 Sucessões e séries Exemplos de primitivação por partes (continuação) f ) Primitivemos por partes a função ex sen x: Z ex sen x dx = ex sen x − = ex sen x − Z Z = ex sen x − ex cos x − = ex sen x − ex cos x + = ex sen x − ex cos x − António Bento (UBI) Z Z Z ex (cos x)′ dx Cálculo I 2010/2011 325 / 590 António Bento (UBI) §4.2 Primitivação por partes Z (F ◦ ϕ)′ (t) = F ′ (ϕ(t)) ϕ′ (t) = f (ϕ(t)) ϕ′ (t) ex sen x dx F ◦ ϕ é uma primitiva de (f ◦ ϕ) ϕ′ . Assim, para calcularmos as primitivas de f (x) basta calcularmos as primitivas de f (ϕ(t)) ϕ′ (t) e depois fazer a mudança de variável t = ϕ−1 (x), ou seja, concluímos que 2 Z ex sen x dx = ex sen x − ex cos x Z e, portanto, Z António Bento (UBI) ex sen x dx = f (x) dx = Z f (ϕ(t)) ϕ (t) dt t=ϕ−1 (x) . ′ Para primitivarmos por substituição usamos a notação ex (sen x − cos x) + c. 2 Cálculo I 327 / 590 Sejam I e J dois intervalos de R, f : I → R uma função primitivável e ϕ : J → I uma função bijectiva e diferenciável e tal que ϕ′ (t) 6= 0 para cada t ∈ J. Suponhamos que F : I → R é uma primitiva de f . Como f ) (continuação) De ex sen x dx = ex sen x − ex cos x − 2010/2011 §4.3 Primitivação por substituição Exemplos de primitivação por partes (continuação) Z Cálculo I dx = ϕ′ (t)dt. 2010/2011 326 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 328 / 590 §4.3 Primitivação por substituição §4.3 Primitivação por substituição Exemplos de primitivação por substituição Z p a) Para calcularmos a2 − x2 dx, a > 0, fazemos a substituição Exemplos de primitivação por substituição (continuação) a) (continuação) Assim, Z p a2 x = a sen t e, portanto, dx = (a sen t) dt = a cos t dt − 2 =a x2 dx = a2 ′ e atendendo a que o que dá Cálculo I 2010/2011 cos2 t dt sen t cos t t + a2 + c 2 2 x = a sen t, Z p Z p a2 − x2 dx = a2 − a2 sen2 t a cos t dt Z p = a2 (1 − sen2 t) a cos t dt Z √ a2 cos2 t a cos t dt = Z = a cos t a cos t dt Z = a2 cos2 t dt. António Bento (UBI) Z resulta t = arc sen x a o que dá Z p a2 329 / 590 − x2 dx x ax x a2 cos arc sen arc sen + c = + 2 a 2 a 2 x p 2 a x = a − x2 + arc sen + c 2 2 a António Bento (UBI) §4.3 Primitivação por substituição Cálculo I 2010/2011 331 / 590 §4.3 Primitivação por substituição Exemplos de primitivação por substituição (continuação) a) (continuação) Primitivando por partes Z cos2 t dt = Z = sen t cos t − Z 2 o que implica Z Z Exemplos de primitivação por substituição (continuação) b) Para calcularmos a primitiva Z Z sen t (− sen t) dt 1 − cos2 t dt = sen t cos t + t − e, portanto, cos2 t dt temos cos t cos t dt = sen t cos t + António Bento (UBI) Z Z x2 √ 1 dx 1 − x2 fazemos a substituição x = sen t cos2 t dt o que dá cos2 t dt = sen t cos t + t dx = (sen t)′ dt = cos t dt. cos2 t dt = sen t cos t t + +c 2 2 Cálculo I 2010/2011 330 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 332 / 590 §4.3 Primitivação por substituição §4.3 Primitivação por substituição Exemplos de primitivação por substituição (continuação) Exemplos de primitivação por substituição (continuação) b) (continuação) Assim, d) Calculemos Z 1 √ dx = 2 x 1 − x2 Z = Z = Z 1 √ cos t dt 2 sen t 1 − sen2 t usando a substituição 1 cos t dt 2 sen t cos t dx = (2 tg t)′ dt = p x2 + 4 = 2010/2011 333 / 590 c) Se quisermos calcular a primitiva Z 1 √ dx (1 + x2 ) 1 + x2 = 1 1+ p tg2 t Z x2 √ Z = 1 4 1 dt cos2 t 1 dt cos2 t =− =− x = sen (arc tg x) + c = √ +c 1 + x2 António Bento (UBI) Cálculo I r +1 =2 1 2 = 2 cos t cos t Cálculo I 1 dx = x2 + 4 1 1 2 2 Z cos t cos t = cos t dt = sen t + c r 4 tg2 t 4 tg2 t + 4 2010/2011 335 / 590 Exemplos de primitivação por substituição (continuação) 1 dt, o que dá cos2 t 1 1 q q d) (continuação) Assim, fazemos a substituição x = tg t e, portanto, dx = Z (2 tg t)2 + 4 = §4.3 Primitivação por substituição Exemplos de primitivação por substituição (continuação) + tg2 t = q António Bento (UBI) §4.3 Primitivação por substituição Z 2 dt. cos2 t Além disso, Cálculo I 1 √ dx = 2 (1 + x ) 1 + x2 1 dx, x2 + 4 Então 1 dt sen2 t = − cotg(arc sen x) + c √ 1 − x2 =− +c x Z x2 √ x = 2 tg t. = − cotg t + c António Bento (UBI) Z 2010/2011 334 / 590 António Bento (UBI) 1 2 4 tg2 t cos t Z 2 1 dt = cos2 t 4 cos t sen−2 t dt = Z 1 1 dt sen2 t cos t cos2 t 1 sen−1 t +c 4 −1 1 1 +c=− +c 4 sen t 4 sen (arc tg x/2) √ x2 + 4 +c 4x Cálculo I 2010/2011 336 / 590 §4.3 Primitivação por substituição Índice Exemplos de primitivação por substituição (continuação) e) Calculemos a seguinte primitiva fazendo a substituição Z x2 √ 1 dx, x2 − 1 x = sec t = 1 cos t 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas Primitivas imediatas Primitivação por partes Primitivação por substituição Primitivas de funções racionais 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries e, portanto, dx = Além disso, p x2 − 1 = António Bento (UBI) 1 cos t r ′ dt = sen t dt. cos2 t 1 −1= cos2 t q tg2 t = tg t. Cálculo I 2010/2011 337 / 590 António Bento (UBI) §4.3 Primitivação por substituição f (x) = 1 √ dx = 2 x x2 − 1 Z 1 sen t dt 1 cos2 t tg t cos2 t = Z cos t dt António Bento (UBI) Cálculo I e, portanto, P (x) Q(x) onde P e Q são polinómios e D = {x ∈ R : Q(x) 6= 0}. Assumimos que P e Q não têm zeros (reais ou complexos) comuns. Se o grau de P é maior ou igual do que o grau de Q, então fazendo a divisão de P por Q temos P (x) = D(x)Q(x) + R(x) = sen t + c 1 = sen arc cos x √ x2 − 1 = +c x 339 / 590 Uma função racional é uma função f : D → R definida por e) (continuação) Assim, 2010/2011 §4.4 Primitivas de funções racionais Exemplos de primitivação por substituição (continuação) Z Cálculo I +c P (x) R(x) = D(x) + Q(x) Q(x) onde D e R são polinómios e o grau de R é menor do que o grau de Q. Assim, para primitivarmos as funções racionais basta sabermos primitivar as funções racionais onde o grau do numerador é menor do que o grau do denominador. 2010/2011 338 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 340 / 590 §4.4 Primitivas de funções racionais §4.4 Primitivas de funções racionais Sejam P e Q dois polinómios com o grau de P menor do que o grau de Q e sem zeros (reais ou complexos) em comum. Então n1 Q(x) = (x − a1 ) . . . (x − ak ) onde os zeros reais de Q são a1 , . . . , ak nk h im1 h iml 2 2 (x − α1 ) + β12 . . . (x − αl ) + βl2 com multiplicidades Exemplos de primitivação de funções racionais a) Calculemos Z Fazendo a divisão de x2 por x2 − 1 temos x2 +0x +0 | x2 +0x −1 n1 , . . . , nk , −x2 −0x +1 respectivamente, e os zeros complexos de Q são α1 + β1 i, . . . , αl + βl i com multiplicidades com multiplicidades e, portanto, x2 1 =1+ 2 . 2 x −1 x −1 Agora precisamos de factorizar o denominador. Para isso basta ter em conta que zeros do denominador que são 1 e −1. m 1 , . . . , ml , respectivamente. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 341 / 590 António Bento (UBI) §4.4 Primitivas de funções racionais x2 António Bento (UBI) x2 pelo que Fazendo x = −1 resulta que B = − 1/2 e fazendo x = 1 tem-se A = 1/2, ou seja, i 2010/2011 1 A(x + 1) + B(x − 1) = , −1 (x − 1) (x + 1) A(x + 1) + B(x − 1) = 1. m Cálculo I 1 1 A B = = + −1 (x − 1)(x + 1) x−1 x+1 e, portanto, k X l X i l X Ai,j Bi,j x + Ci,j P (x) X = + h ij . j 2 Q(x) i=1 j=1 (x − ai ) i=1 j=1 (x − α ) + β 2 i 343 / 590 a) (continuação) Então existem números reais A e B tais que Bl,1 x + Cl,1 Bl,m1 x + Cl,ml iml , + ··· + h 2 2 (x − αl ) + βl (x − αl )2 + βl2 n 2010/2011 Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação) P (x) A1,1 A1,n1 = + ··· + + Q(x) x − a1 (x − a1 )n1 Ak,1 Ak,nk + ··· + + +··· + x − ak (x − ak )nk B1,1 x + C1,1 B1,m1 x + C1,m1 im1 + + + ··· + h 2 2 (x − α1 ) + β1 (x − α1 )2 + β12 ou seja, Cálculo I §4.4 Primitivas de funções racionais Além disso, existem números reais A′ s, B ′ s e C ′ s tais que +··· + 1 +0x +1 m 1 , . . . , ml , respectivamente, e α1 − β1 i, . . . , αl − βl i x2 dx. x2 − 1 x2 342 / 590 António Bento (UBI) 1 1/2 1/2 = − . −1 x−1 x+1 Cálculo I 2010/2011 344 / 590 §4.4 Primitivas de funções racionais §4.4 Primitivas de funções racionais Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação) Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação) b) (continuação) Fazendo x = 0 em A x2 + 1 + Bx x2 + 1 + Cx2 x2 + 1 + (Dx + E) x3 = x + 1. a) (continuação) Assim, Z temos A = 1 e fazendo x = i tem-se x2 dx = x2 − 1 Z 1+ = Z −1/2 1/2 + dx 1+ x−1 x+1 Z 1 dx + = 1 dx 2 x −1 1 2 Z (Di + E) i3 = i + 1 ⇔ (Di + E) (−i) = 1 + i ⇔ D − Ei = 1 + i 1 1 dx − x−1 2 o que implica D = 1 e E = −1. Fazendo x = 1 obtemos 2A + 2B + 2C + D + E = 2 ⇔ 2 + 2B + 2C + 1 − 1 = 2 ⇔ B + C = 0 Z e fazendo x = −1 resulta 1 dx x+1 2A − 2B + 2C + D − E = 0 ⇔ 2 − 2B + 2C + 1 − (−1) = 0 ⇔ −2B + 2C = −4 1 1 = x + ln |x − 1| − ln |x + 1| + c. 2 2 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 o que dá o sistema B+C =0 −B + C = −2 345 / 590 António Bento (UBI) §4.4 Primitivas de funções racionais ⇔ −B + C = −2, ⇔ B = −C C + C = −2 ⇔ B=1 C = −1 Cálculo I 2010/2011 §4.4 Primitivas de funções racionais Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação) Exemplos de primitivação de funções racionais (continuação) b) Consideremos a função f definida por x+1 f (x) = 3 2 . x (x + 1) b) (continuação) Assim, 1 1 x+1 1 x−1 = 3+ 2− + 2 x3 (x2 + 1) x x x x +1 pelo que Então temos de ter f (x) = x+1 A B C Dx + E = 3+ 2+ + 2 x3 (x2 + 1) x x x x +1 A x2 + 1 + Bx x2 + 1 + Cx2 x2 + 1 + (Dx + E) x3 x+1 = 3 2 , 3 2 x (x + 1) x (x + 1) o que implica A x2 + 1 + Bx x2 + 1 + Cx2 x2 + 1 + (Dx + E) x3 = x + 1. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 x+1 dx + 1) Z Z Z Z 1 1 1 x−1 = dx + dx − dx + dx 3 2 x x x xZ2 + 1 Z Z Z Z 1 1 2x 1 −3 −2 = x dx + x dx − dx + dx − dx 2 2 x 2 x +1 x +1 x−2 x−1 1 = + − ln |x| + ln x2 + 1 − arc tg x + c −2 −1 2 1 1 2 1 = − 2 − − ln |x| + ln x + 1 − arc tg x + c 2x x 2 Z e, portanto, 347 / 590 346 / 590 x3 (x2 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 348 / 590 §4.4 Primitivas de funções racionais §4.4 Primitivas de funções racionais Para as funções do tipo Tendo em conta a decomposição que obtivemos, para primitivarmos funções racionais basta sabermos calcular as seguintes primitivas Z e Z A (x − a)k Bx + C h (x − α)2 + β 2 fazendo a mudança de variável x = α + βt tem-se dx = βdt e Z dx Bx + C (x − α)2 + β 2 Bx + C dx = (x − α)2 + β 2 = ik dx, Z Z B 2 B = 2 = onde A, B, C, a, α ∈ R, β ∈ R \ {0} e k ∈ N. B (α + βt) + C β dt β 2 t2 + β 2 βBt + αB + C β dt β 2 (t2 + 1) Z Z 2t 1 αB + C dt + dt 2 2 t +1 β t +1 αB + C ln t2 + 1 + arc tg t + c β António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 349 / 590 António Bento (UBI) §4.4 Primitivas de funções racionais A (x − a)k dx = A Z (x − a)−k dx (x − a)−k+1 +c −k + 1 A 1 =− + c. k − 1 (x − a)k−1 =A António Bento (UBI) Cálculo I 2 Cálculo I αB + C x−α + 1 + arc tg +c β β 2010/2011 351 / 590 §4.4 Primitivas de funções racionais A primeira primitiva é bastante simples de calcular pois quando k = 1 temos Z Z A 1 dx = A dx = A ln |x − a| + c x−a x−a e quando k > 1 vem Z B x − α = ln 2 β Usando a mesma mudança de variável x = α + βt, pelo que dx = βdt, vem Z Z Bx + C B (α + βt) + C β dt h ik dx = k 2 (β 2 t2 + β 2 ) (x − α) + β 2 Z βBt + αB + C = β dt k β 2k (t2 + 1) Z Z B 2t αB + C 1 = dt + dt k k 2k−1 2 2 2β 2k−2 β (t + 1) (t + 1) Z Z −k B αB + C 1 2 = 2t t + 1 dt + 2k−1 dt k 2 2β 2k−2 β (t + 1) −k+1 Z t2 + 1 αB + C 1 B = + dt k 2k−2 2k−1 2 2β −k + 1 β (t + 1) e, portanto, temos de saber calcular Z Ik = 2010/2011 350 / 590 António Bento (UBI) 1 (t2 k + 1) Cálculo I dt. 2010/2011 352 / 590 §4.4 Primitivas de funções racionais §4.4 Primitivas de funções racionais Para isso temos Ik = Z 1 dt = 2 (t + 1)k Z t2 + 1 − t2 dt = (t2 + 1)k = Ik−1 − 1 2 Z 1 = Ik−1 − 2 " 1 2 Z 1 dt − 2 (t + 1)k−1 −k 2t t2 + 1 −k+1 t2 + 1 −k + 1 Z 3) decompor a função racional (a que obtivemos na divisão ou a inical, caso não tenha sido necessário fazer a divisão) numa soma de parcelas da forma A1 A2 An−1 An + + ···+ + , (x − a)n (x − a)n−1 (x − a)2 (x − a) por cada factor t dt t− Z −k+1 t2 + 1 −k + 1 1 dt # Z 1 1 t 1 − dt 2 1 − k (t2 + 1)k−1 1−k (t + 1)k−1 1 t 1 = Ik−1 + + Ik−1 2k − 2 (t2 + 1)k−1 2 − 2k 3 − 2k 1 t Ik−1 + = 2 − 2k 2k − 2 (t2 + 1)k−1 = Ik−1 − Primitivação de funções racionais – resumo (continuação) t2 dt (t2 + 1)k o que dá uma fórmula por recorrência para calcular primitivas do tipo Z António Bento (UBI) (x − a)n , n ∈ N que aparece na factorização de Q(x), e da forma B1 x + C1 B2 x + C2 Bm−1 x + Cm−1 Bm x + Cm + , +·· ·+ + 2 2 2 [(x − α)2 + β 2 ]m [(x − α)2 + β 2 ]m−1 (x − α)2 + β 2 [(x − α) + β ] por cada factor m (x − α)2 + β 2 , m ∈ N que aparece na factorização de Q(x) e onde cada Ak , cada Bk e cada Ck é um número real; 1 dt. 2 (t + 1)k 4) primitivar cada uma das parcelas obtidas na decomposição. Cálculo I 2010/2011 353 / 590 António Bento (UBI) §4.4 Primitivas de funções racionais Cálculo I Exemplo de primitivação de uma função racional P (x) , com P e Q polinómios sem Q(x) zeros (reais ou complexos) comuns, devemos fazer o seguinte: Calculemos a primitiva Z Para primitivarmos uma função racional 1) se o grau de P é maior ou igual do que o grau de Q, fazemos a divisão de P (x) P por Q. Deste modo é igual à soma de um polinómio com uma Q(x) função racional em que o grau do numerador é menor do que o grau do denominador; ou (x − α) + β Cálculo I 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 A B Cx + D Ex + F = 2 + + 2 + 2 . x2 (x2 + 1)2 x x (x + 1)2 x +1 Assim, temos A(x2 + 1)2 + Bx(x2 + 1)2 + (Cx + D)x2 + (Ex + F )x2 (x2 + 1) A(x4 + 2x2 + 1) + B(x5 + 2x3 + x) + Cx3 + Dx2 + E(x5 + x3 ) + F (x4 + x2 ) = 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 e, portanto, , (B + E)x5 + (A + F )x4 + (2B + C + E)x3 + (2A + D + F )x2 + Bx + A com n, m ∈ N; António Bento (UBI) Pelo que vimos anteriormente temos de fazer a seguinte decomposição donde (x − α)2 + β 2 , agrupando os factores repetidos de modo que fiquemos com factores diferentes da forma n 2 2 m (x − a) 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 dx. x2 (x2 + 1)2 = 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 2) factorizar Q(x) como o produto de factores da forma ou 355 / 590 §4.4 Primitivas de funções racionais Primitivação de funções racionais – resumo x−a 2010/2011 2010/2011 = 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2. 354 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 356 / 590 §4.4 Primitivas de funções racionais §4.4 Primitivas de funções racionais Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação) Assim, de (B + E)x5 + (A + F )x4 + (2B + C + E)x3 + (2A + D + F )x2 + Bx + A = 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 resulta B+E =3 A+F = 3 2B + C + E = 6 2A + D + F = 6 B=1 ⇔ A=2 pelo que E=2 F =1 C = 2 D=1 B=1 A=2 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 2 1 2x + 1 2x + 1 = 2 + + 2 + 2 . x2 (x2 + 1)2 x x (x + 1)2 x +1 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 357 / 590 Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação) Z 2 Z x + 1 − x2 1 dx = 2 2 dx (x2 + 1) (x2 + 1) Z Z x2 x2 + 1 dx − = 2 2 dx (x2 + 1) (x2 + 1) Z Z −2 1 1 = dx − 2x x2 + 1 x dx 2 x +1 2 " # −1 −1 Z x2 + 1 1 x2 + 1 = arc tg x − x− 1 dx 2 −1 −1 Z 1 x 1 = arc tg x − − 2 + dx 2 x +1 x2 + 1 1 x 1 = arc tg x + − arc tg x + c 2 2 x +1 2 1 x 1 = arc tg x + +c 2 2 x2 + 1 António Bento (UBI) §4.4 Primitivas de funções racionais Cálculo I 2010/2011 359 / 590 §4.4 Primitivas de funções racionais Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação) Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação) Deste modo Z 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 dx x2 (x2 + 1)2 Tendo em conta que = Z =2 2 1 2x + 1 2x + 1 + + 2 + 2 dx x2 x (x + 1)2 x +1 Z + =2 Z x−2 dx + Z Z 1 dx + x 2x dx + x2 + 1 Z Z 2x(x2 + 1)−2 dx + 1 dx x2 + 1 x−1 (x2 + 1)−1 + ln |x| + + −1 −1 Z Z Z (x2 António Bento (UBI) 3x5 + 3x4 + 6x3 + 6x2 + x + 2 dx x2 (x2 + 1)2 Z 2 1 1 + dx + ln |x2 + 1| + arc tg x = − + ln |x| − 2 x x +1 (x2 + 1)2 Z 1 dx + ln |x2 + 1| + arc tg x (x2 + 1)2 Cálculo I 2010/2011 1 1 1 x 2 dx = 2 arc tg x + 2 x2 + 1 + c, + 1) tem-se 1 dx + 1)2 2 1 1 + ln |x| − 2 + dx + ln |x2 + 1| + arc tg x. x x +1 (x2 + 1)2 Falta calcular Z 1 dx. (x2 + 1)2 =− (x2 358 / 590 =− 2 1 1 1 x + ln |x| − 2 + arc tg x + + ln |x2 + 1| + arc tg x + c x x +1 2 2 x2 + 1 =− 2 1 1 x 3 + ln |x| − 2 + + ln |x2 + 1| + arc tg x + c x x + 1 2 x2 + 1 2 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 360 / 590 §4.4 Primitivas de funções racionais Índice Exemplo de primitivação de uma função racional (continuação) Z 1 dx de outro Fazendo a substituição x = tg t, podemos calcular 2 (x + 1)2 1 modo. Assim, tendo em conta que dx = dt, temos cos2 t Z Z Z 1 1 1 1 1 dx = dt = dt 2 2 2 2 2t 2 (x2 + 1)2 cos t (1/ cos t) cos (tg t + 1) Z Z Z Z cos(2t) + 1 1 1 = cos2 t dt = dt = 2 cos(2t) dt + 1 dt 2 4 2 = t sen t cos t t 1 sen(2t) + + c = + +c 4 2 2 2 = sen(arc tg x) cos(arc tg x) arc tg x + +c 2 2 = 1 x 1 + arc tg x + c 2 2 x +1 2 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 361 / 590 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Teorema Fundamental do Cálculo Integração por partes e integração por substituição Aplicações do cálculo integral Integrais impróprios 6 Sucessões e séries António Bento (UBI) Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Teorema Fundamental do Cálculo Integração por partes e integração por substituição Aplicações do cálculo integral Integrais impróprios 6 2010/2011 363 / 590 §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Índice 1 Cálculo I Seja [a, b] um intervalo de R com mais do que um ponto, ou seja, a < b. Chama-se partição de [a, b] a todo o subconjunto P = {x0 , x1 , . . . , xn−1 , xn } com a = x0 < x1 < . . . < xn−1 < xn = b. Sucessões e séries António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 362 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 364 / 590 §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos y Seja f : [a, b] → R m7 m3 uma função limitada. Para cada partição m2 =m4 =m8 m6 m5 P = {x0 , x1 , . . . , xn−1 , xn } b m1 b de [a, b], usa-se a notação mi = mi (f, P ) = inf {f (x) : x ∈ [xi−1 , xi ]} a q x0 e i = 1, . . . , n. Mi = Mi (f, P ) = sup {f (x) : x ∈ [xi−1 , xi ]} , António Bento (UBI) Cálculo I x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x b q x8 Interpretação geométrica das somas inferiores de uma função f : [a, b] → R 2010/2011 365 / 590 §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 367 / 590 §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos y Designa-se por soma inferior da função f relativa à partição P ao número s(f, P ) = n X mi (f, P ) (xi − xi−1 ) . n X Mi (f, P ) (xi − xi−1 ) . i=1 b b Do mesmo modo, chamamos soma superior da função f relativa à partição P ao número S(f, P ) = i=1 a q x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x b q x8 Interpretação geométrica das somas superiores de uma função f : [a, b] → R António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 366 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 368 / 590 §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Exemplos de somas superiores e de somas inferiores a) Consideremos a função f : [a, b] → R a função definida por f (x) = c, c ∈ R. Dada uma partição P = {x0 , x1 , . . . , xn−1 , xn } de [a, b], temos mi (f, P ) = c e Uma função f : [a, b] → R diz-se integrável à Riemann em [a, b] se e só se existir um e um só número A tal que Mi (f, P ) = c e, portanto, s(f, P ) = n X mi (f, P ) (xi − xi−1 ) = i=1 n X =c i=1 e S(f, P ) = n X = c i=1 i=1 s(f, P ) 6 A 6 S(f, P ) para qualquer partição P de [a, b]. c (xi − xi−1 ) O único número A que verifica a desigualdade anterior designa-se por integral de Riemann de f em [a, b] e representa-se por (xi − xi−1 ) = c (b − a) Mi (f, P ) (xi − xi−1 ) = i=1 n X n X n X i=1 Z b f (x) dx. a c (xi − xi−1 ) (xi − xi−1 ) = c (b − a). António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 369 / 590 António Bento (UBI) §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Cálculo I 2010/2011 371 / 590 §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Exemplos do integral de Riemann Exemplos de somas superiores e de somas inferiores (continuação) b) Seja f : [0, 1] → R a função definida por f (x) = ( 0 1 se x ∈ [0, 1] ∩ Q, se x ∈ [0, 1] ∩ (R \ Q) . a) Consideremos novamente a função f : [a, b] → R definida por f (x) = c. Já vimos que para qualquer partição P de [a, b] tem-se Assim, s(f, P ) 6 c (b − a) 6 S(f, P ) para qualquer partição P de [a, b] Dada uma partição P de [0, 1], atendendo a que mi (f, P ) = 0 e Mi (f, P ) = 1, s(f, P ) = 0 e S(f, P ) = 1. s(f, P ) = c (b − a) = S(f, P ). e c (b − a) temos que é o único número real que verifica as estas desigualdades. Logo f é integrável à Riemann em [a, b] e Z b a António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 370 / 590 António Bento (UBI) f (x) dx = c (b − a). Cálculo I 2010/2011 372 / 590 §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Propriedades dos integrais (continuação) Exemplos do integral de Riemann (continuação) c) Se a, b e c são números reais tais que a < c < b e b) Já vimos que para a função f : [0, 1] → R, definida por f (x) = ( 0 1 f : [a, b] → R uma função limitada, então f é integrável em [a, b] se e só se f é integrável em [a, c] e em [c, b]. Além disso, Z b Z c Z b f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx. se x ∈ [0, 1] ∩ Q, se x ∈ [0, 1] ∩ (R \ Q) , se tem a s(f, P ) = 0 e S(f, P ) = 1 a d) Se f, g : [a, b] → R qualquer que seja a partição P de [0, 1]. Portanto, se A ∈ [0, 1] tem-se 0 = s(f, P ) 6 A 6 S(f, P ) = 1 são duas funções integráveis em [a, b] tais que para qualquer partição P de [0, 1], o que mostra que f não é integrável à Riemann em [0, 1]. então f (x) 6 g(x) para cada x ∈ [a, b], Z a António Bento (UBI) Cálculo I c 2010/2011 373 / 590 António Bento (UBI) §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos b f (x) dx 6 Z b g(x) dx. a Cálculo I 2010/2011 375 / 590 §5.1 Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Propriedades dos integrais Sejam a e b números reais tais que a < b. Propriedades dos integrais (continuação) a) Se e) Seja f, g : [a, b] → R são funções integráveis em [a, b], então f + g é integrável em [a, b] e Z b [f (x) + g(x)] dx = a Z b f (x) dx + a Z b g(x) dx. f : [a, b] → R uma função integrável. Então |f | é integrável em [a, b] e Z Z b b f (x) dx 6 |f (x)| dx. a a a b) Se λ é um número real e f : [a, b] → R é uma função integrável em [a, b], então λ f é integrável em [a, b] e Z b λ f (x) dx = λ a António Bento (UBI) Cálculo I Z b f ) Toda a função contínua f : [a, b] → R é integrável em [a, b]. g) Toda a função monótona f : [a, b] → R é integrável em [a, b]. f (x) dx. a 2010/2011 374 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 376 / 590 §5.2 Teorema Fundamental do Cálculo Índice Teorema Fundamental do Cálculo 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Teorema Fundamental do Cálculo Integração por partes e integração por substituição Aplicações do cálculo integral Integrais impróprios 6 Sejam a, b ∈ R tais que a < b e f : [a, b] → R uma função integrável. Então a função F : [a, b] → R definida por F (x) = Z x f (t) dt a é contínua em [a, b]. Além disso, se f é contínua num ponto c ∈ [a, b], então F é diferenciável em c e Sucessões e séries F ′ (c) = f (c). António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 377 / 590 António Bento (UBI) §5.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I 2010/2011 379 / 590 §5.2 Teorema Fundamental do Cálculo Corolário do Teorema Fundamental do Cálculo Se a e b são números reais tais que a < b e f : [a, b] → R No que se segue vamos fazer as seguintes convenções Z a é uma função contínua, então f é primitivável. Além disso, se f (x) dx = 0 a e Z b a f (x) dx = − Z b F : [a, b] → R f (x) dx. é uma primitiva de f , então a Z b a f (x) dx = F (b) − F (a). Esta última igualdade designa-se por fórmula de Barrow. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 378 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 380 / 590 §5.2 Teorema Fundamental do Cálculo §5.2 Teorema Fundamental do Cálculo A fórmula de Barrow costuma usar-se a seguinte notação h F (x) ib = F (b) − F (a). a Vejamos que a fórmula de Barrow é válida em condições mais gerais: Exemplos (continuação) Z π/2 b) Calculemos agora sen x dx. Então Z0 π/2 π/2 sen x dx = − cos x 0 0 π − (− cos 0) 2 = 0 − (−1) = 1. = − cos Fórmula de Barrow Sejam a e b números reais tais que a < b e f : [a, b] → R c) Obviamente também se tem Z π/2 π/2 cos x dx = sen x 0 uma função integrável à Riemann em [a, b] e primitivável em [a, b]. Então, representando por F uma primitiva de f , tem-se Z b h f (x) dx = F (x) a António Bento (UBI) ib a 0 π − sen 0 2 = 1−0 = sen = F (b) − F (a). = 1. Cálculo I 2010/2011 381 / 590 António Bento (UBI) §5.2 Teorema Fundamental do Cálculo Cálculo I 383 / 590 2010/2011 384 / 590 §5.2 Teorema Fundamental do Cálculo Exemplos Exemplos (continuação) a) Calculemos Z 1 d) 2 Z x dx. 1 0 Pelo que vimos anteriormente, para calcularmos o integral dado, basta termos uma primitiva da função 2 1 dx = x3 Z 2 = " x−2 −2 = 1 − 2 2x 2 f (x) = x . Como uma primitiva de f é a função dada por F (x) = temos Z 0 António Bento (UBI) 2010/2011 1 2 x dx = " x3 3 #1 0 Cálculo I x−3 dx #2 1 2 1 1 1 =− − − 2 2.2 2 . 12 1 1 =− + 8 2 3 = 8 x3 , 3 = 1 13 03 1 − = . 3 3 3 2010/2011 382 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §5.2 Teorema Fundamental do Cálculo Índice Exemplos (continuação) e) Z 0 √ 3 1 1 √ dx = 2 2 4−x 1 = 2 = Z Z √ 3 0 Z √ 0 √ 3 0 3 1 p dx 1 − x2 /4 1 dx 1 − (x/2)2 p 1/2 p dx 1 − (x/2)2 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Teorema Fundamental do Cálculo Integração por partes e integração por substituição Aplicações do cálculo integral Integrais impróprios 6 Sucessões e séries √ x 3 = arc sen 2 0 √ 3 0 = arc sen − arc sen 2 2 π π = −0= 3 3 António Bento (UBI) 1 Cálculo I 2010/2011 385 / 590 §5.2 Teorema Fundamental do Cálculo António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 387 / 590 §5.3 Integração por partes e integração por substituição Exemplos (continuação) f) Z 0 √ 3 2 x2 1 dx = 6 4+x 4 = Z √ 3 2 0 12 43 Z x2 1 dx = 6 1 + x /4 4 √ 3 3x2 /2 2 √ 3 0 dx = x2 dx 1 + (x3 /2)2 " x3 3 #√ 2 0 π −0 4 = Cálculo I Integração por partes Sejam a e b números reais tais a < b e f, g : [a, b] → R funções diferenciáveis com derivadas integráveis. Então Z b a 1 [arc tg 1 − arc tg 0] 6 1 = 6 António Bento (UBI) 0 2 1 arc tg 6 2 1+ " # √ 1 ( 3 2)3 03 = arc tg − arc tg 6 2 2 = (x3 /2)2 Z h f ′ (x)g(x) dx = f (x)g(x) ib a − Z b a f (x)g′ (x) dx. π 24 2010/2011 386 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 388 / 590 §5.3 Integração por partes e integração por substituição §5.3 Integração por partes e integração por substituição Exemplos de integração por partes a) Calculemos Z e Exemplos de integração por partes (continuação) ln x dx. Então c) 1 Z e Z ln x dx = 1 e 2 Z 2 x x e dx = 0 1 . ln x dx h = x ln x ie 1 − e = e −0 − h = e− x e x . (ln x)′ dx 1 Z e 1 1 x . dx x 2 = 4 e −2 1 dx 1 ie h = 2 ex 2010/2011 389 / 590 b) x cos x dx = 0 (cos x) x dx h António Bento (UBI) d) Calculemos iπ 0 − Z 0 π (sen x) x′ dx = (sen π) π − (sen 0) 0 − 0 h π Z Z π Z π/2 x ex x 2 i2 0 Z 2 ex x dx 0 − Z 2 i2 0 x ′ e x dx 0 0 = 2 e2 − e0 Z 2 x e dx 0 = 2 e2 −2 Cálculo I π/2 2010/2011 391 / 590 cos x ex dx: cos x e dx = 0 sen x dx 0 sen x π/2 ex 0 − Z π/2 sen x (ex ) dx ′ 0 Z π/2 π π/2 e − sen 0 e0 − sen x ex dx 2 0 " # Z π/2 π/2 π/2 x ′ x = e − − cos x e 0 − − cos x (e ) dx 0 iπ Z π/2 h i π = eπ/2 − − cos eπ/2 − − cos 0 e0 − cos x ex dx 2 0 Z π/2 = eπ/2 −1 − cos x ex dx. 0 = cos π − cos 0 = −1 − 1 = −2. Cálculo I = sen − sen x dx = cos x António Bento (UBI) ex (x2 )′ dx 0 = (sen x) x = 0 Exemplos de integração por partes (continuação) 0 Z 2 §5.3 Integração por partes e integração por substituição Exemplos de integração por partes (continuação) π Z = 4 e −2 e 2 − e 0 − 1 Cálculo I Z h 2 §5.3 Integração por partes e integração por substituição π 0 − = e2 22 − e0 02 − 2 = 1. Z i2 h = e − (e −1) António Bento (UBI) ex x2 dx = ex x2 = e . ln e −1 . ln 1 − Z 2 0 1 Z Z 0 2010/2011 390 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 392 / 590 §5.3 Integração por partes e integração por substituição §5.3 Integração por partes e integração por substituição Exemplos de integração por substituição Z 4 √ 1 √ dx fazendo a substituição t = x. Então a) Calculemos 1 + x 0 Exemplos de integração por partes (continuação) d) (continuação) Acabámos de ver que Z π/2 0 cos x ex dx = eπ/2 −1 − Z π/2 x = t2 , pelo que dx = (t2 )′ dt = 2t dt. cos x ex dx, Além disso, quando x = 0 temos t = 0 e quando x = 4 vem t = 2. Assim, Z 4 Z 2 Z 2 1 t 1 √ dx = 2t dt = 2 dt 1 + t 1 + t 1 + x 0 0 0 Z 2 Z 2 1+t−1 1+t 1 =2 dt = 2 − dt 1+t 1+t 0 0 1+t Z 2 Z 2 2 2 1 dt = 2 t 0 − ln |1 + t| 0 =2 1 dt − 0 0 1+t 0 e, portanto, 2 o que implica Z Z π/2 0 π/2 cos x ex dx = eπ/2 −1, cos x ex dx = 0 eπ/2 −1 . 2 = 2 (2 − 0 − (ln 3 − ln 1)) = 4 − 2 ln 3. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 393 / 590 António Bento (UBI) §5.3 Integração por partes e integração por substituição b) Calculemos Z 1 f : [a, b] → R uma função contínua e uma função diferenciável com derivada integrável e tal que g(c) António Bento (UBI) f (x) dx = c d x = t2 − 3 ′ dx = t2 − 3 Além disso, dt = 2t dt. quando x = 1 vem t = 2 f (g(t))g′ (t) dt. Cálculo I x √ dx. Para isso fazemos a substituição x+3 √ t = x + 3, e, portanto, g([c, d]) ⊆ [a, b]. Z 6 isto é, g : [c, d] → R g(d) 395 / 590 Exemplos de integração por substituição (continuação) Sejam a, b, c e d números reais tais que a < b e c < d, Z 2010/2011 §5.3 Integração por partes e integração por substituição Integração por substituição Então Cálculo I e quando x = 6 temos t = 3. 2010/2011 394 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 396 / 590 §5.3 Integração por partes e integração por substituição §5.3 Integração por partes e integração por substituição Exemplos de integração por substituição (continuação) Exemplos de integração por substituição (continuação) b) (continuação) Assim, c) (continuação) Para calcularmos Z 6 1 x √ dx = x+3 Z 2 =2 = = = = António Bento (UBI) 3 t2 Z 3 2 1 1 A B = + . t(t + 1) t t+1 #3 t3 2 − 3t 3 2 27 8 2 −9− −6 3 3 8 2 6− 3 20 3 Cálculo I Então A(t + 1) + Bt = 1, pelo que quando t = 0 temos A = 1 e quando t = −1 vem B = −1 e, por conseguinte, 1 1 1 = − . t(t + 1) t t+1 2010/2011 397 / 590 §5.3 Integração por partes e integração por substituição c) Para calcularmos 0 1 António Bento (UBI) Z 1 0 x = ln t 1 0 António Bento (UBI) 1 dx = x e +1 Z e 1 1 1 dt = t+1 t Cálculo I Z 1 e 1 dx = x e +1 Z e 1 dt t(t + 1) = Z e 1 1 − dt t t+1 1 1 1 dt. t h = ln |t| − ln |t + 1| Além disso, quando x = 0 temos t = 1 e quando x = 1 vem t = e. Assim, Z 399 / 590 c) (continuação) Assim, o que implica dx = (ln t)′ dt = 2010/2011 Exemplos de integração por substituição (continuação) 1 dx fazemos a substituição x e +1 ex = t, e, portanto, Cálculo I §5.3 Integração por partes e integração por substituição Exemplos de integração por substituição (continuação) Z 1 dt t(t + 1) temos de determinar os números A e B tais que t2 − 3 dt " e Z −3 2t dt t 1 = ln e − ln(e +1) − (ln 1 − ln 2) = 1 − ln 1 dt. t(t + 1) 2010/2011 ie 398 / 590 António Bento (UBI) e +1 . 2 Cálculo I 2010/2011 400 / 590 §5.3 Integração por partes e integração por substituição Índice Exemplos de integração por substituição (continuação) Z 1 1 d) Calculemos dx. Para isso usamos a substituição 2 2 −1 (1 + x ) 1 dt. cos2 t ′ x = tg t, o que implica dx = (tg t) dt = Obviamente, atendendo a que t = arc tg x, quando x = −1 tem-se t = arc tg(−1) = − e quando x = 1 vem t = arc tg(1) = π 4 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Teorema Fundamental do Cálculo Integração por partes e integração por substituição Aplicações do cálculo integral Integrais impróprios 6 Sucessões e séries π . 4 Repare-se que 2 2 2 2 (1 + x ) = (1 + tg t) = António Bento (UBI) 1 cos2 t 2 1 = . cos4 t Cálculo I 2010/2011 401 / 590 António Bento (UBI) §5.3 Integração por partes e integração por substituição Cálculo I 2010/2011 403 / 590 §5.4 Aplicações do cálculo integral Exemplos de integração por substituição (continuação) d) (continuação) Assim, Z 1 −1 1 dx = (1 + x2 )2 Z π/4 Z π/4 = 1 2 1 = 2 −π/4 −π/4 = 1 1 dt = 4 1/ cos t cos2 t 1 cos(2t) + 1 dt = 2 2 sen(2t) +t 2 Z Z π/4 cos2 t dt Nesta secção veremos como aplicar o cálculo integral para −π/4 • calcular a área de regiões planas; π/4 cos(2t) + 1 dt • calcular o comprimento de curvas planas; −π/4 • calcular a área de superfície e o volume de um sólido de revolução. π/4 −π/4 sen(π/2) π sen(−π/2) π + − − 2 4 2 4 1 1 π 1 π π+2 = + − − − = 2 2 4 2 4 4 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 402 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 404 / 590 §5.4 Aplicações do cálculo integral §5.4 Aplicações do cálculo integral Seja f : [a, b] → R uma função integrável tal que existe c ∈]a, b[ tal que f (x) > 0 para qualquer x ∈ [a, c] e f (x) 6 0 para qualquer x ∈ [c, b]. y Seja f : [a, b] → R uma função integrável tal que f (x) > 0 para qualquer x ∈ [a, b]. y f (x) b b c b b a x b A= Z b f (x) dx a a b x A= Z c a António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 405 / 590 António Bento (UBI) §5.4 Aplicações do cálculo integral b A=− Z b b f (x) dx c Cálculo I 2010/2011 407 / 590 Sejam f, g : [a, b] → R uma funções integráveis tal que f (x) > g(x) para qualquer x ∈ [a, b]. f (x) y x b f (x) dx a A= b Z b a f (x) − g(x) dx g(x) b f (x) b b b a António Bento (UBI) Z §5.4 Aplicações do cálculo integral Seja f : [a, b] → R uma função integrável tal que f (x) 6 0 para qualquer x ∈ [a, b]. y a f (x) dx − Cálculo I 2010/2011 406 / 590 António Bento (UBI) b Cálculo I x 2010/2011 408 / 590 §5.4 Aplicações do cálculo integral §5.4 Aplicações do cálculo integral Sejam f, g : [a, b] → R funções integráveis tal que existe c ∈]a, b[ tal que f (x) > g(x) para qualquer x ∈ [a, c] e f (x) 6 g(x) para qualquer x ∈ [c, b]. y Exemplos do cálculo da área de figuras planas a) (continuação) Façamos a representação geométrica da região e calculemos a sua área. Assim, a área do triângulo é f (x) y g(x) 2 b b y=x A= b Z 0 = b Z 0 1 b a c b b x A= c a f (x) − g(x) dx + António Bento (UBI) Z b b c 2010/2011 409 / 590 0 = 2 . 1 − 12 − (2 . 0 − 02 ) = 1. Cálculo I 2010/2011 411 / 590 Exemplos do cálculo da área de figuras planas (continuação) a) Calculemos a área da região plana limitada pelas rectas de equação e b) Calculemos a área da região plana limitada pela recta de equação x = 0. Como nenhuma destas rectas é paralela às outras duas, a região plana de que queremos calcular a área é um triângulo. Calculemos os vértices desse triângulo. Para isso temos de resolver os seguintes sistemas: ( ( ( ( y=x 2−x=x 2 = 2x x=1 ⇔ ⇔ ⇔ y =2−x —— —— y=1 ( ( y=x y=0 ⇔ x=0 x=0 ( ( y =2−x y=2 ⇔ x=0 x=0 Assim, a região plana de que queremos calcular a área é o triângulo de vértices (1, 1), (0, 0) e (0, 2). Cálculo I i1 §5.4 Aplicações do cálculo integral Exemplos do cálculo da área de figuras planas António Bento (UBI) h x António Bento (UBI) §5.4 Aplicações do cálculo integral y = 2−x 2 − 2x dx g(x) − f (x) dx Cálculo I y = x, 1 2 − x − x dx = 2x − x2 y = 2−x 1 Z 1 2010/2011 410 / 590 y =x+2 e pela parábola de equação y = x2 . Comecemos por calcular os pontos de intersecção das duas curvas: ( ( ( y =x+2 x2 = x + 2 x2 − x − 2 = 0 ⇔ ⇔ y = x2 —— —— Como 2 x −x−2=0⇔x= 1± √ 1+8 1±3 ⇔x= ⇔ x = 2 ∨ x = −1, 2 2 os pontos de intersecção são (2, 4) e (−1, 1). António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 412 / 590 §5.4 Aplicações do cálculo integral §5.4 Aplicações do cálculo integral Exemplos do cálculo da área de figuras planas Exemplos do cálculo da área de figuras planas (continuação) b) (continuação) Representemos geometricamente a região do plano de que queremos calcular a área. Assim, a área é y = x2 A= y −1 4 b = = y =x+2 b 2 Z 1 = 2 x -1 = António Bento (UBI) c) (continuação) Representemos geometricamente o triângulo e calculemos a sua área. Z 1 Z 2 A = 2 x + 2 − x dx 0 y 2 x2 x3 + 2x − 2 3 −1 22 23 + 2.2− 2 3 (−1)3 (−1)2 + 2(−1) − − 2 3 8 1 1 2+4− − +2− 3 2 3 9 . 2 Cálculo I 2010/2011 413 / 590 y = −x + 3 2 y = 2x b 2 António Bento (UBI) e y = −x + 3. A região do plano de que queremos calcular a área é um triângulo pois é limitada por três rectas. Calculemos os seus vértices. y = 2x y = x/2 ⇔ y = 2x y = −x + 3 x/2 = 2x —— ⇔ ⇔ x = 4x —— −x + 3 = 2x —— ⇔ ⇔ −3x = 0 —— −3x = −3 —— Z 2 x dx + 3 1 h i h Cálculo I Z 2 1 dx 1 i 2010/2011 415 / 590 ⇔ ⇔ x=0 y=0 x2 + y 2 = r 2 ⇔ y 2 = r 2 − x2 y r ⇔ y=± p r 2 − x2 e, portanto, a curva que limita superiormente a zona sombreada é x=1 y=2 y= rx p r 2 − x2 . Assim, a área do círculo de raio r é dada por Z rp A=4 r 2 − x2 dx. 0 Assim, os vértices do triângulo são (0, 0), (1, 2) e (2, 1). Cálculo I 1 3 x dx − 2 3x + 3 dx 2 d) Calculemos a área de um círculo de raio r. Por uma questão de simplicidade vamos considerar o centro do círculo a origem. Obviamente, basta calcular a área da parte do círculo que está no primeira quadrante e multiplicar esse valor por quatro. Para isso temos encontrar a equação da curva que limita superiormente a zona sombreada da figura. Da equação da circunferência temos y = x/2 −x + 3 = x/2 −2x + 6 = x −3x = −6 x=2 ⇔ ⇔ ⇔ ⇔ y = −x + 3 —— —— —— y=1 António Bento (UBI) 0 1 − x dx 2 2 3 x2 1 3 x2 2 − +3 x 1 2 2 0 2 2 1 3 4 1 3 1 −0 − − + 3 (2 − 1) = 2 2 2 2 2 3 9 = − +3 4 4 3 = . 2 = x Z 1 2 Z 3x dx + 2 −x + 3 − Exemplos do cálculo da área de figuras planas (continuação) c) Calculemos a área da região plana limitada pelas rectas de equação x 2 3 = 2 b 1 1 0 b 1 Z x dx + 2 §5.4 Aplicações do cálculo integral Exemplos do cálculo da área de figuras planas (continuação) y= = x y= 2 §5.4 Aplicações do cálculo integral y = 2x, 2x − 2010/2011 414 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 416 / 590 §5.4 Aplicações do cálculo integral §5.4 Aplicações do cálculo integral Exemplos do cálculo da área de figuras planas (continuação) Z rp d) (continuação) Para calcularmos A = 4 r2 − x2 dx temos de fazer a Seja f : [a, b] → R uma função com derivada contínua. y y = f (x) 0 substituição b x = r sen t b e, portanto, ′ dx = (r sen t) dt = r cos t dt. Além disso, como x r t = arc sen a resulta que e ℓ= π quando x = r temos t = arc sen 1 = . 2 Cálculo I 2010/2011 417 / 590 António Bento (UBI) A = 4 r 2 − x2 dx = 4 0 = 4r Z = 4r 2 π/2 q π/2 p r 2 (1 − sen2 t) cos t dt = 4r 0 Z π/2 Z π/2 = 2r 2 cos2 t dt = 4r 2 Z π/2 0 = πr 2 . António Bento (UBI) sen 0 +0 2 sen(2t) +t 2 Cálculo I 2010/2011 419 / 590 r cos t cos t dt y r cos(2t) + 1 dt 2 h cos(2t) + 1 dt = 2r 2 π sen π + − 2 2 π/2 0 0 Z Cálculo I a) Calculemos o perímetro de uma circunferência de raio r. Para isso consideremos como centro da circunferência a origem. Obviamente basta considerar a parte da circunferência situada no primeiro quadrante. 2 r 2 − (r sen t) r cos t dt 0 0 = 2r 2 Z 1 + [f ′ (x)]2 dx . Exemplos do cálculo do comprimento de curvas planas d) (continuação) Assim, p bq §5.4 Aplicações do cálculo integral Exemplos do cálculo da área de figuras planas (continuação) r Z a §5.4 Aplicações do cálculo integral Z x O comprimento do gráfico de f é dado por quando x = 0 temos t = arc sen 0 = 0 António Bento (UBI) b = 2r 2 iπ/2 rx 0 π 2 2010/2011 418 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 420 / 590 §5.4 Aplicações do cálculo integral §5.4 Aplicações do cálculo integral Exemplos do cálculo do comprimentos de curvas planas (continuação) Exemplos do cálculo do comprimento de curvas planas (continuação) b) Calculemos o comprimento da curva y = x3/2 entre x = 0 e x = 1. Como a) (continuação) Da equação da circunferência x2 + y 2 = r2 , resulta √ y = ± r2 − x2 . Como p ′ x r2 − x2 = − √ , r2 − x2 temos temos r s r2 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 1 4 = 9 Z 421 / 590 ε→0 ε→0 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 423 / 590 Seja f : [a, b] → R uma função contínua. y r−ε 0 Z s r−ε 0 r−ε 2 x dx 1 + −√ r2 − x2 y = f (x) b 1 √ dx 2 r − x2 a 1/r p dx 1 − (x/r)2 0 h x ir−ε = lim+ 4r arc sen ε→0 r 0 r−ε = lim+ 4r arc sen − arc sen 0 ε→0 r π = 4r (arc sen 1 − 0) = 4r = 2πr 2 = lim+ 4r António Bento (UBI) 1 b Z = lim+ 4r ε→0 p 1 + 9x/4 dx §5.4 Aplicações do cálculo integral Exemplos do cálculo do comprimento de curvas planas (continuação) ℓ = lim+ 4 1 " #1 9 4 (1 + 9x/4)3/2 1/2 (1 + 9x/4) dx = 9 3/2 0 4 0 ! √ 3/2 4 2 13 2 3/2 4 2 13 13 2 √ − = − 1 = 9 3 4 3 9 3 4 4 3 √ 8 13 13 = − . 27 27 §5.4 Aplicações do cálculo integral a) (continuação) Assim, Z q 2 √ 1 + 3 x/2 dx = 0 0 1 não está definida em x = r. Para − x2 ultrapassarmos este problema vamos calcular o integral entre 0 e r − ε onde ε é tal que 0 < ε < r e em seguida fazer ε tender para 0+ . só que a função √ Z ℓ= s 2 Z r x x2 ℓ = 4 1 + −√ dx = 4 1+ 2 dx r − x2 r2 − x2 0 0 s Z r Z r r2 − x2 + x2 1 √ dx = 4r dx, = 4 2 − x2 2 r r − x2 0 0 Z ′ 3 3√ x3/2 = x1/2 = x, 2 2 Z Cálculo I b x O volume do sólido de revolução que se obtém rodando em torno do eixo dos xx a região situada entre o gráfico de f e o eixo dos xx é dado por V =π Z b [f (x)]2 dx . a 2010/2011 422 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 424 / 590 §5.4 Aplicações do cálculo integral §5.4 Aplicações do cálculo integral Se f : [a, b] → R é uma função não negativa e com derivada contínua, então a área de superfície do sólido de revolução que se obtém rodando em torno do eixo dos xx a região situada entre o gráfico de f e o eixo dos xx é dada por AS = 2π y Z b a q f (x) 1 + [f ′ (x)]2 dx . y = f (x) b b a António Bento (UBI) x b Cálculo I 2010/2011 425 / 590 Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação) a) (continuação) Já sabemos que temos de a equação da semicircunferência é √ y = r2 − x2 , donde o volume da esfera de raio r é igual a Z r p 2 V = π r2 − x2 dx −r Z r = π r2 − x2 dx −r r x3 2 = π r x− 3 −r 3 r (−r)3 = π r3 − − r2 (−r) − 3 3 3 r = π 2r3 − 2 3 4 3 = πr . 3 António Bento (UBI) §5.4 Aplicações do cálculo integral Cálculo I 2010/2011 427 / 590 §5.4 Aplicações do cálculo integral Volume e área de superfície de um sólido de revolução a) Calculemos o volume e a área de superfície de uma esfera de raio r. Como habitualmente vamos centrar a esfera na origem. Uma esfera de raio r centrada na origem obtém-se rodando em torno do eixo dos xx um semicírculo de centro na origem e de raio r. y António Bento (UBI) Cálculo I a) (continuação) Quanto à área da superfície esférica, atendendo a que p r 2 − x2 ′ = −√ x − x2 r2 temos novamente o mesmo problema que tivemos no cálculo do perímetro de uma circunferência de raio r pois a derivada não está definida em x = r e em x = −r. Este problema será resolvido da mesma forma que o fizemos anteriormente, ou seja, vamos calcular o integral entre −r + ε e r − ε e depois fazer ε tender para 0+ . r x −r Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação) 2010/2011 426 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 428 / 590 §5.4 Aplicações do cálculo integral §5.4 Aplicações do cálculo integral Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação) a) (continuação) Assim, AS = = = = Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação) b) (continuação) O volume é do cone é s 2 x lim 2π 1 + −√ dx ε→0+ r2 − x2 −r+ε s Z r−ε p x2 lim+ 2π r2 − x2 1 + 2 dx ε→0 r − x2 −r+ε s Z r−ε p r2 − x2 + x2 dx lim+ 2π r2 − x2 r2 − x2 ε→0 −r+ε Z r−ε Z r−ε lim+ 2π r dx = lim+ 2πr 1 dx Z ε→0 r−ε −r+ε p r2 − x2 ε→0 −r+ε r−ε = lim+ 2πr x −r+ε = lim+ 2πr (r − ε − (−r + ε)) ε→0 h r 2 x dx h 0 Z πr2 h 2 = 2 x dx h 0 h πr2 x3 = 2 h 3 0 πr2 h3 03 = 2 − h 3 3 V =π ε→0 = = lim+ 2πr (2r − 2ε) = 4πr2 . Z πr2 h 3 ε→0 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 429 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §5.4 Aplicações do cálculo integral 2010/2011 431 / 590 §5.4 Aplicações do cálculo integral Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação) b) Calculemos o volume e a área de superfície de um cone de altura h e raio da base r. Para obtermos este cone basta pormos a rodar em torno do eixo dos xx o segmento de recta que une os pontos (0, 0) e (h, r): y r Volume e área de superfície de um sólido de revolução (continuação) b) (continuação) A área de superfície do cone é s r 2 Z h Z r 2 r r ′ 2πr h AS = 2π x 1+ x dx = x 1+ dx h h 0 h 0 h 2πr = h h x = = É óbvio que a equação do segmento é y = António Bento (UBI) Cálculo I r x com x ∈ [0, h] h 2010/2011 430 / 590 Z 0 h r r2 2πr x 1 + 2 dx = h h 2πr p 2 h + r2 h2 Z h 2πr p 2 h + r2 h2 h2 0 − 2 2 António Bento (UBI) x dx = 0 Z h r x 0 h2 + r 2 dx h2 2πr p 2 h + r2 h2 2 Cálculo I = πr p x2 2 h 0 h2 + r 2 2010/2011 432 / 590 §5.5 Integrais impróprios Índice Suponha-se, no entanto, que 1 2 3 4 5 6 i) f está definida em [a, +∞[ e existe Funções reais de variável real: generalidades e exemplos Funções reais de variável real: limites e continuidade Z ii) f está definida em ] − ∞, b] e existe ainda Cálculo diferencial em R u f (x) dx para cada u ∈ [a, +∞[; ou a Z b t iii) f está definida em ] − ∞, +∞[ e existe Primitivas u→+∞ a ii) Sucessões e séries Z b f (x) dx = lim t→−∞ −∞ iii) Z +∞ f (x) dx = lim u f (x) dx para cada t, u ∈ R. t 2010/2011 433 / 590 a b Z t→−∞ −∞ Cálculo I Z Nestas condições, temos, para cada uma das três situações consideradas, as seguintes definições Z +∞ Z u i) f (x) dx = lim f (x) dx Cálculo integral em R Integral de Riemann: definição, propriedades e exemplos Teorema Fundamental do Cálculo Integração por partes e integração por substituição Aplicações do cálculo integral Integrais impróprios António Bento (UBI) f (x) dx para cada t ∈ ] − ∞, b]; ou f (x) dx t Z c f (x) dx + lim u→+∞ t António Bento (UBI) Z u f (x) dx c Cálculo I §5.5 Integrais impróprios 2010/2011 435 / 590 §5.5 Integrais impróprios Dizemos que os integrais Z Na definição do integral de Riemann de uma função +∞ f (x) dx, a f : [a, b] → R [a, b] fosse fechado e limitado f (x) dx −∞ e Z +∞ f (x) dx −∞ Os integrais considerados designam-se por integrais impróprios de primeira espécie. e que a função f fosse limitada. Na definição iii) não há dependência do ponto c escolhido. Na prática pode-se fazer Z +∞ Z u f (x) dx = lim f (x) dx. −∞ Cálculo I b existem ou que são convergentes quando existirem (finitos) os limites indicados; se o limites não existirem dizemos que o respectivo integral é divergente. exigimos que o intervalo António Bento (UBI) Z 2010/2011 434 / 590 António Bento (UBI) u→+∞ t t→−∞ Cálculo I 2010/2011 436 / 590 §5.5 Integrais impróprios §5.5 Integrais impróprios Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie Z +∞ e−x dx: a) Calculemos 0 Z 0 +∞ e−x dx = lim Z = lim h u u→+∞ 0 u→+∞ = lim u→+∞ e−x dx − e−x iu 0 − e−u −(− e0 ) = lim 1 − e−u u→+∞ = 1 − e−∞ = 1−0 = 1. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 437 / 590 Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação) Z +∞ 1 dx, ou seja, determinemos se b) Estudemos a natureza do integral α x 1 o integral é convergente ou divergente. Comecemos por supor α 6= 1. Então Z +∞ Z u 1 dx = lim x−α dx α u→+∞ x 1 1 −α+1 u x = lim u→+∞ −α + 1 1 −α+1 u 1 = lim − u→+∞ −α + 1 −α + 1 1 se α > 1 = α−1 +∞ se α < 1 António Bento (UBI) Cálculo I §5.5 Integrais impróprios Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação) e−x dx é convergente. O valor 0 b) (continuação) Se α = 1, então deste integral pode ser interpretado como sendo a área da região sombreada da figura seguinte. y = e−x 439 / 590 §5.5 Integrais impróprios Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação) Z +∞ a) (continuação) Assim, o integral 2010/2011 Z +∞ 1 y 1 dx = x = = lim u→+∞ lim u→+∞ Z u 1 1 dx x ln |x| u 1 lim (ln |u| − ln |1|) u→+∞ = ln (+∞) − 0 1 = +∞ x António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 +∞ 1 dx é convergente apenas quando α > 1. Neste α x 1 exemplo também podemos interpretar o integral como uma área. Assim, o integral 438 / 590 António Bento (UBI) Z Cálculo I 2010/2011 440 / 590 §5.5 Integrais impróprios §5.5 Integrais impróprios Critério de comparação Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação) Z +∞ c) Calculemos −∞ Z +∞ −∞ Sejam f, g : [a, +∞[→ R duas funções tais que existe c ∈ [a, +∞[ tal que 1 dx: 1 + x2 1 dx = lim u→+∞ 1 + x2 t→−∞ = lim u→+∞ Z u t h 0 6 f (x) 6 g(x) para qualquer x > c. Então i) se 1 dx 1 + x2 arc tg x então t ii) se f (x) dx também é convergente; Z +∞ f (x) dx é divergente, a então Z = π. António Bento (UBI) +∞ Z a u→+∞ t→−∞ g(x) dx é convergente, a iu = lim (arc tg u − arc tg t) π π = − − 2 2 +∞ Z +∞ g(x) dx também é divergente. a Cálculo I 2010/2011 441 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §5.5 Integrais impróprios Exemplos c) (continuação) A igualdade a) Consideremos o integral impróprio +∞ −∞ 1 dx = π 1 + x2 Z 1 2010/2011 444 / 590 1 √ dx. 1 + x3 1 1 1 6 √ = 3/2 06 √ x 1 + x3 x3 para qualquer x > 1 e que Z +∞ 1 dx é convergente, 3/2 x 1 y y= +∞ Atendendo a que significa que a área da região sombreada na figura seguinte é π. 1 443 / 590 §5.5 Integrais impróprios Exemplos de integrais impróprios de primeira espécie (continuação) Z 2010/2011 1 1 + x2 pelo critério de comparação, alínea i), o integral x Z 1 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 442 / 590 António Bento (UBI) +∞ 1 √ dx também é convergente. 1 + x3 Cálculo I §5.5 Integrais impróprios §5.5 Integrais impróprios Exemplos (continuação) b) Consideremos agora o integral impróprio Z Como 06 +∞ 1 1 √ dx. 1 + x2 Observação Também existem critérios de comparação para os integrais impróprios da forma Z b f (x) dx 1 1 1 1 = p = √ 6 √ 2 2 1+x 1 + 2x + x 1 + x2 (1 + x) −∞ e para qualquer x > 1 e usando o facto de que Z +∞ 1 dx é divergente, 1 + x 1 Z +∞ f (x) dx. −∞ pelo critério de comparação, alínea ii), o integral Z +∞ 1 1 √ dx também é divergente. 1 + x2 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 445 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §5.5 Integrais impróprios Suponhamos agora que f está definida em [a, b[ e que é integrável em qualquer intervalo [a, u] com u ∈ [a, b[. Nesta condições define-se Z b Z u f (x) dx = lim f (x) dx. b) (continuação) Vejamos que de facto o integral impróprio 1 +∞ 1 dx é divergente. 1+x De forma análoga define-se Z b a t→a Z b f (x) dx t Quando f está definida em [a, c[ ∪ ]c, b] para algum c ∈]a, b[ e f é integrável em [a, u] e [t, b] para quaisquer u ∈ [a, c[ e t ∈ ]c, b], define-se Z b Z u Z b f (x) dx = lim− f (x) dx + lim+ f (x) dx. lim [ln |1 + u| − ln |1 + 1|] u→+∞ = +∞ − ln 2 = +∞. Cálculo I f (x) dx = lim+ a quando f é está definida em ]a, b] e f é integrável em qualquer intervalo [t, b] com t ∈ ]a, b]. u→+∞ António Bento (UBI) u→b− a Para isso basta usarmos a definição: Z +∞ Z u 1 1 dx = lim dx u→+∞ 1 1 + x 1+x 1 u = lim ln |1 + x| 1 = 447 / 590 §5.5 Integrais impróprios Exemplos (continuação) Z 2010/2011 a 2010/2011 446 / 590 António Bento (UBI) u→c a Cálculo I t→c t 2010/2011 448 / 590 §5.5 Integrais impróprios §5.5 Integrais impróprios Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie (continuação) a) (continuação) Quando α = 1 temos Z Nos três casos considerados anteriormente o integral b a Z b f (x) dx b 1 dx x − a t b = lim+ ln(x − a) t 1 dx = lim+ x−a t→a Z t→a a = lim+ (ln(b − a) − ln(t − a)) designa-se por integral impróprio de segunda espécie. O integral diz-se convergente se existem e são finitos os limites indicados e diz-se divergente quando tal não se verifica. t→a = ln(b − a) − ln(0+ ) = ln(b − a) − (−∞) = +∞ Assim, Z a António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 449 / 590 a 1 dx = lim+ (x − a)α t→a Z b = lim+ (x − a)−α+1 −α + 1 = lim+ (b − a) −α + 1 t→a t→a António Bento (UBI) t Cálculo I convergente divergente se α < 1; se α > 1. Cálculo I 2010/2011 451 / 590 Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie (continuação) Z b 1 b) Determinemos a natureza de dx. Comecemos por fazer α a (b − x) α 6= 1. Então (x − a)−α dx 1−α (b − a) 1−α = +∞ ( §5.5 Integrais impróprios Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie Z b 1 a) Calculemos dx. Comecemos por supor que α 6= 1. Então α a (x − a) b 1 dx é (x − a)α António Bento (UBI) §5.5 Integrais impróprios Z b Z b b a 1 dx = lim − (b − x)α u→b− Z u = lim− − (b − x)−α+1 −α + 1 = lim− − (b − u)−α+1 (b − a)−α+1 − −α + 1 −α + 1 t u→b (t − a) −α + 1 −α+1 −α+1 − u→b se α < 1 se α > 1 2010/2011 450 / 590 António Bento (UBI) a −(b − x)−α dx 1−α (b − a) 1−α = +∞ Cálculo I u a se α < 1; se α > 1 2010/2011 452 / 590 §5.5 Integrais impróprios §5.5 Integrais impróprios Exercícios Calcule Z +∞ 2 a) xe−x dx Exemplos de integrais impróprios de segunda espécie (continuação) b) (continuação) Para α = 1 vem Z b a 1 dx = lim− − b−x u→b u 1 − dx b−x a u = lim − ln(b − x) a Z c) 0 −∞ u→b− = lim− − (ln(b − u) − ln(b − a)) u→b e) Z g) Z i) Z k) Z 2 0 = − ln(0+ ) − ln(b − a) = − (−∞ − ln(b − a)) π 2 Portanto, 0 −∞ a António Bento (UBI) b 1 dx é (b − x)α ( convergente divergente Cálculo I se α < 1; se α > 1. 2010/2011 1 453 / 590 1 dx 1 + x2 1 p dx |x − 1| 0 = +∞ Z sen x dx 1 − cos x x dx 1 + x4 +∞ 1 dx (1 + x2 ) arc tg x António Bento (UBI) §5.5 Integrais impróprios Também existem critérios de comparação para os integrais impróprios de segunda espécie. Cálculo I 1 d) Z +∞ f) Z 1 h) Z j) Z l) Z 0 arc tg x dx 1 + x2 x ln2 x dx 0 −∞ 0 1 x dx 1 + x2 1 dx x(1 − ln x) 6 x5 ex dx −∞ e +∞ 1 √ dx x ln x − 1 Cálculo I 2010/2011 455 / 590 2010/2011 456 / 590 Índice Observação António Bento (UBI) Z 0 Z +∞ b) 2010/2011 454 / 590 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Sucessões de números reais Séries de números reais Séries de potências António Bento (UBI) Cálculo I §6.1.1 Definição e exemplos Índice 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Séries de potências António Bento (UBI) Uma sucessão é uma correspondência que a cada número natural n faz corresponder um e um só número real. Assim, uma sucessão é uma função real de variável natural, ou seja, uma sucessão é uma função u : N → R. Cálculo I Para designarmos o valor da função em n costuma usar-se a notação un em vez de u(n). 2010/2011 457 / 590 António Bento (UBI) Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Séries de potências António Bento (UBI) 2010/2011 459 / 590 §6.1.1 Definição e exemplos Índice 1 Cálculo I Aos valores u1 , u2 , . . . , un , . . . chamamos termos da sucessão e ao valor u1 chamamos termo de ordem 1 ou primeiro termo da sucessão; ao valor u2 chamamos termo de ordem 2 ou segundo termo da sucessão; Cálculo I ao valor u3 chamamos termo de ordem 3 ou terceiro termo da sucessão; etc À expressão un chamamos termo geral da sucessão. 2010/2011 458 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 460 / 590 §6.1.1 Definição e exemplos §6.1.1 Definição e exemplos Exemplos de sucessões (continuação) Escreveremos b) Consideremos a sucessão de termo geral un = (−1)n . (u1 , u2 , . . . , un , . . .), O primeiro termo desta sucessão é u1 = (−1)1 = −1. O segundo termo desta sucessão é u2 = (−1)2 = 1. ou (un )n∈N , O terceiro termo desta sucessão é u3 = (−1)3 = −1. O quarto termo desta sucessão é u4 = (−1)4 = 1. ou simplesmente (un ) E assim sucessivamente. Podemos concluir que os termos de ordem par são todos iguais a 1 e que os termos de ordem ímpar são todos iguais a −1. Assim, a lista que se segue dá-nos todos os termos da sucessão u(N) = {un : n ∈ N} −1, 1, −1, 1, −1, 1, −1, 1, −1, 1, . . . para indicar a sucessão u. O conjunto e o conjunto dos termos desta sucessão é designa-se por conjunto dos termos da sucessão (un )n∈N . u(N) = {−1, 1} . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 461 / 590 António Bento (UBI) §6.1.1 Definição e exemplos Cálculo I 2010/2011 463 / 590 2010/2011 464 / 590 §6.1.1 Definição e exemplos Exemplos de sucessões a) Façamos isto é, un = 1 para todo o n ∈ N, Exemplos de sucessões (continuação) c) Seja u a sucessão definida por (1, 1, . . . , 1, . . .) é a sucessão constante e igual a 1. Mais geralmente, dado c ∈ R e fazendo vn = c para qualquer n ∈ N, un = n. Então u(N) = N. temos a sucessão constante e igual a c. Neste caso v(N) = {c} . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 462 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §6.1.1 Definição e exemplos Índice Exemplos de sucessões (continuação) 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Séries de potências d) Seja 1 para todo o n ∈ N. n Podemos escrever esta sucessão das seguintes formas: un = ou 1 1 1 1 1, , , , . . . , , . . . , 2 3 4 n 1 n ou , n∈N 1 . n Neste exemplo temos u(N) = António Bento (UBI) 1 :n∈N . n Cálculo I 2010/2011 465 / 590 §6.1.1 Definição e exemplos António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 467 / 590 §6.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Uma sucessão (un )n∈N diz-se limitada se existirem números reais a e b tais que a 6 un 6 b para todo o n ∈ N; Observação O exemplo a) mostra que (un )n∈N ou ainda, se existirem números reais a e b tais que e un ∈ [a, b] para todo o n ∈ N. u(N) Como todo o intervalo [a, b] está contido num intervalo da forma [−c, c], para algum c ∈ R, uma sucessão (un ) é limitada se existir um número real c > 0 tal que são coisas diferentes e que, por conseguinte, não devem ser confundidas. Neste exemplo tem-se (un ) = (1, 1, 1, . . . , 1, . . .), un ∈ [−c, c] para todo o n ∈ N, enquanto que o que é equivalente a existe c > 0 tal que u(N) = {1} . |un | 6 c para todo o n ∈ N. Algo de semelhante acontece no exemplo b). As sucessões que não são limitadas dizem-se ilimitadas. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 466 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 468 / 590 §6.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas §6.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Exemplos (continuação) Exemplos c) A sucessão un = n2 não é limitada. De facto, a) A sucessão de termo geral n un = 4 + (−1) = ( 3 5 u1 = 1; u2 = 4; u3 = 9; u4 = 16; . . . se n é ímpar; se n é par; pelo que a sucessão não é limitada superiormente. d) A sucessão de termo geral vn = −n também não é limitada pois é limitada pois v1 = −1; v2 = −2; v3 = −3; . . . 3 6 un 6 5 para qualquer número natural n. ou seja, esta sucessão não é limitada inferiormente. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 469 / 590 §6.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 471 / 590 §6.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Uma sucessão (un )n∈N diz-se crescente se Exemplos (continuação) un+1 > un para todo o n ∈ N b) Consideremos a sucessão de termo geral e diz-se decrescente se n+2 un = . n Como un+1 6 un para todo o n ∈ N. Equivalentemente, (un )n∈N é crescente se n+2 n 2 2 = + =1+ n n n n un+1 − un > 0 para todo o n ∈ N podemos concluir que e é decrescente se 1 6 un 6 3 para cada número natural n. un+1 − un 6 0 para todo o n ∈ N. Assim, esta sucessão é limitada. Uma sucessão diz-se monótona se for crescente ou se for decrescente. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 470 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 472 / 590 §6.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas Índice Exemplos de sucessões monótonas a) Consideremos a sucessão de termo geral un = un+1 − un 2n − 1 . Como n+1 2(n + 1) − 1 2n − 1 = − (n + 1) + 1 n+1 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R = 2n + 1 2n − 1 − n+2 n+1 4 Primitivas = (2n + 1)(n + 1) − (2n − 1)(n + 2) (n + 1)(n + 2) 5 Cálculo integral em R 2n2 + 2n + n + 1 − (2n2 + 4n − n − 2) (n + 1)(n + 2) 6 = = 2n2 + 3n + 1 − 2n2 − 3n + 2 (n + 1)(n + 2) = 3 >0 (n + 1)(n + 2) Sucessões e séries Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Séries de potências para qualquer número natural n, a sucessão é crescente. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 473 / 590 António Bento (UBI) §6.1.2 Sucessões limitadas e sucessões monótonas 2(n + 1) + 1 2n + 1 − n+1 n 2n + 3 2n + 1 = − n+1 n un+1 − un = A condição é equivalente às condições (2n + 3)n − (2n + 1)(n + 1) = n(n + 1) 2n + 3n − (2n + 2n + n + 1) n(n + 1) = 2n2 + 3n − 2n2 − 3n − 1 n(n + 1) = −1 60 n(n + 1) Cálculo I e un ∈ ]a − ε, a + ε[. Assim, uma sucessão (un ) converge ou tende para um número real a se para qualquer ε > 0, existe N ∈ N tal que a − ε < un < a + ε para cada número natural n > N ; ou se para qualquer ε > 0, existe N ∈ N tal que un ∈ ]a − ε, a + ε[ para cada número natural n > N . para qualquer número natural n. Logo a sucessão é decrescente. António Bento (UBI) |un − a| < ε −ε < un − a < ε, a − ε < un < a + ε 2 = 475 / 590 Dados uma sucessão (un )n∈N e um número real a, dizemos que (un ) converge ou tende para a se para qualquer ε > 0, existe N ∈ N tal que |un − a| < ε para todo o número natural n > N . 2n + 1 , temos n 2 2010/2011 §6.1.3 Sucessões convergentes Exemplos de sucessões monótonas (continuação) b) Para a sucessão de termo geral un = Cálculo I 2010/2011 474 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 476 / 590 §6.1.3 Sucessões convergentes §6.1.3 Sucessões convergentes Geometricamente, uma sucessão un tende para a se dado ε > 0 todos os termos da sucessão estão na “faixa” limitada pela rectas y = a − ε e y = a + ε a partir de determinada ordem. A figura seguinte ilustra esse facto. As sucessões constantes são convergentes. Se un = c para qualquer número natural n, temos |un − c|=0 para cada n ∈ N, pelo que, dado ε > 0, tomando N = 1 vem |un − c| < ε para qualquer n > N . b a+ε b Logo (un ) converge para c. b a b 1 A sucessão de termo geral un = converge para zero. De facto, dado n ε > 0, basta escolher um número natural N tal que N ε > 1 e, por conseguinte, 1/N < ε. Assim, para n > N , temos b a−ε b b b 1 2 3 4 N |un − 0| = 1/n < 1/N < ε, N +1 N +2 N +3 N +4 b o que prova que un → 0. Interpretação geométrica do limite de uma sucessão António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 477 / 590 António Bento (UBI) §6.1.3 Sucessões convergentes Cálculo I 2010/2011 479 / 590 2010/2011 480 / 590 §6.1.3 Sucessões convergentes Qualquer uma das notações lim un = a, n→∞ limn→∞ un = a, Unicidade do limite lim un = a, Sejam (un ) uma sucessão e a e b dois números reais. Se n un → a e un → b, lim un = a, un → a então a = b. é usada para exprimir o facto de que a sucessão (un ) converge para a. Uma sucessão (un )n∈N diz-se convergente se existe um número real a tal que un → a. As sucessões que não são convergentes dizem-se divergentes. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 478 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §6.1.3 Sucessões convergentes §6.1.3 Sucessões convergentes Dadas duas sucessões u = (un )n∈N e v = (vn )n∈N de números reais, define-se a soma de u e v, e designa-se por u + v, a sucessão cujo termo de ordem n é un + vn , isto é, Continuando a usar as sucessões u e v dadas por 1, 4, 9, . . . , n , . . . (u + v)n = un + vn . António Bento (UBI) n 1 1 1 1.1, 4. , 9. , . . . , n2 . , . . . 2 3 n e o quociente 1 4 9 n2 , , ,..., ,... 1 1/2 1/3 1/n un = . vn Cálculo I 2010/2011 481 / 590 1, 4, 9, . . . , n , . . . e 1 1 1 1 + 1, 4 + , 9 + , . . . , n2 + , . . . 2 3 n 1 1 1 1, , , . . . , , . . . , 2 3 n = 1 1 1 1 − 1, 4 − , 9 − , . . . , n2 − , . . . 2 3 n António Bento (UBI) Cálculo I = = (1, 2, 3, . . . , n, . . .) António Bento (UBI) ! = 1, 8, 27, . . . , n3 , . . . . Cálculo I 2010/2011 483 / 590 O produto de um infinitésimo por uma sucessão limitada é um infinitésimo. 9 28 n3 + 1 2, , , . . . , ,... 2 3 n ! Exemplo Para todo o x ∈ R, temos lim n→∞ e a diferença de u e v, u − v, é a sucessão As sucessões que convergem para zero designam-se por infinitésimos. respectivamente, então u + v é a sucessão dada por 1 1 1 1, , , . . . , , . . . , 2 3 n §6.1.3 Sucessões convergentes Assim, se u e v são as sucessões dadas por 2 u é a sucessão v §6.1.3 Sucessões convergentes e e, na hipótese de vn 6= 0 para todo o n ∈ N, u v o produto uv é a sucessão De modo análogo se define a diferença, o produto e o quociente de u e v (este último apenas na hipótese de se ter vn 6= 0 para todo o n ∈ N): (uv)n = un vn (u − v)n = un − vn , 2 ! 1 sen(nx) = sen(nx) n n 7 26 n3 − 1 0, , , . . . , ,... . 2 3 n 2010/2011 482 / 590 sen(nx) = 0. De facto, n é o produto de um infinitésimo por uma sucessão limitada e, portanto, converge para zero. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 484 / 590 §6.1.3 Sucessões convergentes §6.1.3 Sucessões convergentes Álgebra dos limites Seja f é um função com domínio contendo o conjunto dos números naturais. Se lim f (x) = a, Sejam (un ) e (vn ) sucessões tais que lim un = a e lim vn = b. Então a) (un + vn )n∈N é convergente e x→+∞ lim(un + vn ) = lim un + lim vn = a + b; então b) (un − vn )n∈N é convergente e lim f (n) = a. n→+∞ lim(un − vn ) = lim un − lim vn = a − b; c) (un . vn )n∈N é convergente e Exemplo lim(un . vn ) = lim un . lim vn = a . b; un d) se b 6= 0 e vn = 6 0 para todo o n ∈ N, é convergente e vn n∈N lim António Bento (UBI) un vn = Como 2010/2011 485 / 590 1 1+ n n = e. lim António Bento (UBI) §6.1.3 Sucessões convergentes = e, temos n→+∞ Cálculo I x lim x→+∞ lim un a = . lim vn b 1 1+ x Cálculo I 2010/2011 487 / 590 §6.1.3 Sucessões convergentes Suponhamos que un → a e que todos os termos un pertencem ao domínio de uma função f . Se f é contínua em a, então f (un ) → f (a). Como consequência imediata temos a seguinte propriedade. Teorema da sucessão enquadrada Sejam (un ), (vn ) e (wn ) sucessões e suponha-se que existe uma ordem p ∈ N tal que un 6 vn 6 wn para todo o número natural n > p. Se un → a e wn → a, então vn → a. Seja (un ) uma sucessão convergente para a ∈ R e p > 0. Então a) se un → a, então (un )p → ap ; b) se un > 0 para todo o n ∈ N e un → a, então António Bento (UBI) Cálculo I √ p un → √ p a. 2010/2011 486 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 488 / 590 §6.1.3 Sucessões convergentes §6.1.3 Sucessões convergentes Exemplo de aplicação do teorema da sucessão enquadrada Vejamos que r 4+ Como 26 1 4+ 2 6 n r s 1 4+4 + n 1 → 2. n2 2 1 n = s 1 2+ n 2 =2+ 1 n As sucessões monótonas e limitadas são convergentes. e 1 → 2, n pelo teorema da sucessão enquadrada temos de ter 2+ r 4+ António Bento (UBI) 1 → 2. n2 Cálculo I 2010/2011 489 / 590 António Bento (UBI) §6.1.3 Sucessões convergentes Observação O recíproco não é verdadeiro. A sucessão de termo geral un = limitada, mas não é convergente. (−1)n é Todas as sucessões ilimitadas são divergentes. Exemplo Já vimos que a sucessão de termo geral un = n2 não é limitada. Logo não é convergente. Cálculo I 2010/2011 491 / 590 2010/2011 492 / 590 Índice Toda a sucessão convergente é limitada. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 490 / 590 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Séries de potências António Bento (UBI) Cálculo I §6.1.4 Subsucessões §6.1.4 Subsucessões Se (un ) é uma sucessão e (nk ) é uma sucessão de números naturais estritamente crescente, isto é, Teorema de Bolzano-Weierstrass n1 < n2 < . . . < nk < nk+1 < . . . , Todas as sucessões limitadas têm subsucessões convergentes. a sucessão (unk ) = (un1 , un2 , . . . , unk , . . .) diz-se uma subsucessão de (un ). António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 493 / 590 António Bento (UBI) §6.1.4 Subsucessões Exemplo A sucessão de termo geral un = (−1)n é divergente pois tem duas subsucessões que convergem para valores diferentes. Cálculo I 2010/2011 495 / 590 2010/2011 496 / 590 Índice As subsucessões de uma sucessão convergente são convergentes para o mesmo limite da sucessão. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 494 / 590 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Sucessões de números reais Definição e exemplos Sucessões limitadas e sucessões monótonas Sucessões convergentes Subsucessões Infinitamente grandes Séries de números reais Séries de potências António Bento (UBI) Cálculo I §6.1.5 Infinitamente grandes §6.1.5 Infinitamente grandes Existem sucessões divergentes que, pelas propriedades de que gozam, merecem ser estudadas. Essas sucessões designam-se por infinitamente grandes. Exemplos A sucessão de termo geral un = n tende para mais infinito, a sucessão de termo geral Diz-se que uma sucessão (un ) tende para mais infinito ou que é um infinitamente grande positivo, e escreve-se un → +∞, ou vn = −n tende para menos infinito e a sucessão de termo geral lim un = +∞, wn = (−1)n n se para cada L > 0, existe N ∈ N tal que tende para infinito. A sucessão (wn ) é um exemplo de um infinitamente grande que não é nem um infinitamente grande positivo, nem um infinitamente grande negativo. un > L para qualquer natural n > N . António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 497 / 590 António Bento (UBI) §6.1.5 Infinitamente grandes Cálculo I 2010/2011 499 / 590 §6.1.5 Infinitamente grandes Observações Se −un → +∞ diz-se que (un ) tende para menos infinito ou que a sucessão (un ) é um infinitamente grande negativo e escreve-se un → −∞, ou a) Os infinitamente grandes positivos e os infinitamente grandes negativos, são infinitamente grandes. A sucessão de termo geral lim un = −∞. wn = (−1)n n mostra que o contrário nem sempre se verifica. b) Resulta imediatamente da definição que se un → +∞, então (un ) é limitada inferiormente. Diz-se ainda que (un ) tende para infinito ou que (un ) é um infinitamente grande se |un | → +∞ e escreve-se un → ∞ ou c) Da definição resulta imediatamente que se (un ) e (vn ) são duas sucessões tais que lim un = ∞. un 6 vn a partir de certa ordem e un → +∞, então António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 498 / 590 António Bento (UBI) vn → +∞. Cálculo I 2010/2011 500 / 590 §6.1.5 Infinitamente grandes §6.1.5 Infinitamente grandes Observação Sejam (un ) e (vn ) duas sucessões de números reais. Se a) Se un → +∞ e (vn ) tende para a ∈ R ou para +∞, então un → +∞ b) Se un → −∞ e (vn ) tende para a ∈ R ou para −∞, então (+∞) + (−∞); (un + vn ) → −∞. este símbolo designa-se por símbolo de indeterminação. Algo de semelhante acontece com ∞ − ∞. c) Se un → ∞ e (vn ) tende para a ∈ R, então (un + vn ) → ∞. Cálculo I vn → −∞, então nada se pode dizer sobre (un + vn ) pois em alguns casos (un + vn ) é convergente, noutros é divergente. Por isso, não fazemos nenhuma convenção para o símbolo (un + vn ) → +∞. António Bento (UBI) e 2010/2011 501 / 590 António Bento (UBI) §6.1.5 Infinitamente grandes Cálculo I 2010/2011 503 / 590 §6.1.5 Infinitamente grandes Sejam (un ) e (vn ) duas sucessões de números reais. Vê-se assim que pode usar-se a regra do limite da soma desde que se adoptem as convenções a) Se un → +∞ e se (vn ) tende para a > 0 ou tende para +∞, então un .vn → +∞. b) Se un → +∞ e se (vn ) tende para a < 0 ou tende para −∞, então (+∞) + a = +∞ = a + (+∞) (−∞) + a = −∞ = a + (−∞) un .vn → −∞. ∞+a =∞=a+∞ c) Se un → −∞ e se (vn ) tende para a > 0 ou tende para +∞, então (+∞) + (+∞) = +∞ un .vn → −∞. (−∞) + (−∞) = −∞ d) Se un → −∞ e se (vn ) tende para a < 0 ou tende para −∞, então onde a é um número real qualquer. un .vn → +∞. e) Se un → ∞ e (vn ) tende para a ∈ R \ {0} ou tende para ∞, então un .vn → ∞. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 502 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 504 / 590 §6.1.5 Infinitamente grandes §6.1.5 Infinitamente grandes Adoptando as convenções que se seguem, vê-se que se pode usar a regra do limite do produto: (+∞) × a = +∞ = a × (+∞) onde a ∈ Seja (un ) uma sucessão de termos não nulos. a) Se un → ∞, então R+ (−∞) × a = −∞ = a × (−∞) onde a ∈ R+ 1 → 0. un b) Se un → 0, então 1 → ∞. un c) Se un → 0 e un > 0 a partir de certa ordem, então (+∞) × a = −∞ = a × (+∞) onde a ∈ R− (−∞) × a = +∞ = a × (−∞) onde a ∈ R− ∞ × a = ∞ = a × ∞ onde a ∈ R \ {0} 1 → +∞. un (+∞) × (+∞) = +∞ = (−∞) × (−∞) (+∞) × (−∞) = −∞ = (−∞) × (+∞) d) Se un → 0 e un < 0 a partir de certa ordem, então ∞×∞=∞ António Bento (UBI) 1 → −∞. un Cálculo I 2010/2011 505 / 590 António Bento (UBI) §6.1.5 Infinitamente grandes Cálculo I 2010/2011 507 / 590 §6.1.5 Infinitamente grandes A regra do limite quociente pode manter-se desde que se adoptem as seguintes convenções Observação 1 =0 ∞ Não se faz nenhuma convenção para os símbolos 0 × (+∞), 1 = +∞ 0+ 1 = −∞ 0− onde 0+ significa que 0 × (−∞) e 1 =∞ 0 un → 0 e un > 0 a partir de certa ordem 0 × ∞, e 0− significa que pois são símbolos de indeterminação. un → 0 e un < 0 a partir de certa ordem. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 506 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 508 / 590 §6.1.5 Infinitamente grandes §6.1.5 Infinitamente grandes Exemplo (continuação) a) (continuação) Assim, Observação Os símbolos ∞ ∞ e 0 0 n lim a = +∞ 1 se a > 1 se a = 1 0 se −1 < a < 1 não existe são símbolos de indeterminação. se a = −1 se a < −1 ∞ António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 509 / 590 António Bento (UBI) §6.1.5 Infinitamente grandes Cálculo I 2010/2011 §6.1.5 Infinitamente grandes Exemplo (continuação) Exemplo b) Calculemos lim (3n − 2n ). Como lim 3n = +∞ e lim 2n = +∞, temos uma indeterminação do tipo a) Dado a ∈ R, consideremos a sucessão de termo geral un = an . Se a > 1, então temos an → +∞. ∞ − ∞. Quando a = 1, então un = 1n = 1 pelo que a sucessão tende para 1. No entanto, pondo em evidência 3n temos n n n lim (3 − 2 ) = lim 3 Se a < −1, então an → ∞. n n 2n 1− n 3 Para a = −1 obtemos a sucessão (−1) que já vimos anteriormente. Esta sucessão é divergente. = lim 3 Se −1 < a < 1, então an → 0. = +∞ × 1 António Bento (UBI) 511 / 590 Cálculo I 1− n 2 3 = +∞ × (1 − 0) = +∞ 2010/2011 510 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 512 / 590 §6.1.5 Infinitamente grandes Índice Exemplo (continuação) 2n + 5n+1 c) Calculemos lim n+1 . Temos uma indeterminação pois 2 + 5n lim 2n + 5n+1 +∞ + (+∞) +∞ = = . 2n+1 + 5n +∞ + (+∞) +∞ 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Sucessões de números reais Séries de números reais Definição, exemplos e primeiras propriedades Séries de termos não negativos Séries de termos sem sinal fixo Séries de potências Podemos levantar a indeterminação da seguinte forma lim 2n + 5n+1 2n+1 + 5n António Bento (UBI) 2n 5n × 5 + n n 2 +5 ×5 5n 5n = lim n = lim n n 2 × 2 5n 2 ×2+5 + 5n 5n n 2 +5 0+5 5 = lim n = =5 2 0×2+1 ×2+1 5 Cálculo I 2010/2011 513 / 590 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Sucessões de números reais Séries de números reais Definição, exemplos e primeiras propriedades Séries de termos não negativos Séries de termos sem sinal fixo Séries de potências Cálculo I 2010/2011 515 / 590 §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades Índice 1 António Bento (UBI) Paradoxo de Aquiles António Bento (UBI) Cálculo I Numa corrida entre um atleta velocista (Aquiles) e uma tartaruga é dada uma vantagem inicial em termos de distância à tartaruga. Zenão defende que Aquiles jamais alcançará a tartaruga porque quando chegar ao ponto onde a tartaruga partiu, ela já terá percorrido uma nova distância; e quando Aquiles percorrer essa nova distância, a tartaruga já terá percorrido uma nova distância e assim sucessivamente. Este famoso paradoxo foi proposto por Zenão da Elea no século V a.c.. 2010/2011 514 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 516 / 590 §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades 200 m 40 m §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades Se (an ) é uma sucessão de números reais, chamaremos série gerada por (an ) à expressão a1 + a2 + · · · + an + · · · 8m obtida por adição (formal) dos termos da sucessão. Suponhamos que a vantagem inicial que Aquiles dá à tartaruga é 200 m, que a velocidade de Aquiles é 5 m/s e que a velocidade da 200 tartaruga é 1 m/s. Aquiles demora = 40 s para chegar ao ponto de 5 onde a tartaruga partiu. Entretanto, a tartaruga percorreu 40 1 × 40 = 40 m. Em seguida, Aquiles demorou = 8 s para chegar onde 5 a tartaruga estava e a tartaruga andou 1 × 8 = 8 m e assim sucessivamente... A cada série fica associada uma sucessão (sn ), a que se chama sucessão das somas parciais de (an ), definida por s1 = a1 s2 = a1 + a2 s3 = a1 + a2 + a3 .. . sn = a1 + a2 + · · · + an .. . Será que Aquiles consegue alcançar a tartaruga? António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 517 / 590 §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades 2010/2011 519 / 590 A série diz-se convergente ou divergente conforme seja convergente ou divergente a sucessão das somas parciais (sn ). Quando a série é convergente, o limite da sucessão (sn ) designa-se por soma ou valor da série. 200 metros; no ponto seguinte Aquiles percorreu (no total) 200 200 + 5 metros; no terceiro ponto Aquiles percorreu Para representarmos a série (ou a sua soma, quando exista) usam-se os símbolos 200 200/5 200 200 + = 200 + + 2 5 5 5 5 metros; no quarto ponto Aquiles percorreu 200 200 200 + 2 + 3 200 + 5 5 5 metros; e assim sucessivamente. O paradoxo de Aquiles tem por detrás aquela que, provavelmente, foi a primeira série da história! 200 + Cálculo I Cálculo I §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades No primeiro ponto, o ponto inicial da tartaruga, Aquiles percorreu António Bento (UBI) António Bento (UBI) 2010/2011 518 / 590 a1 + a2 + · · · + an + · · · ; ∞ X n=1 an ; X an e o contexto onde se usam estes símbolos indicará se estão a representar a série ou a sua soma. Dizemos que duas séries são da mesma natureza se são ambas convergentes ou ambas divergentes. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 520 / 590 §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades Exemplo (continuação) Observação Em certos casos pode haver vantagem em que o primeiro valor que o índice n toma seja um inteiro diferente de um, o que não traz nenhuma dificuldade na teoria que irá ser exposta. Assim, ∞ X 1 n−1 n=2 De facto, atendendo a que sn = ∞ X 1 n+1 n=0 e = n e portanto 2 = 2. n+1 Conclui-se que a série converge e tem soma s = 2. Cálculo I 2010/2011 521 / 590 §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades ∞ X 2 , representamos abaixo os primeiros termos da n(n + 1) n=1 2 sucessão de termo geral an = e da sucessão (sn ) das somas parciais n(n + 1) 2 s2 b a1 b b b b s10 s9 s8 s7 s6 s5 b s4 b s3 b b Série harmónica A série b a3 b 2 3 a4 b 4 a5 b 5 Cálculo I 2010/2011 523 / 590 ∞ X 1 n n=1 designa-se por série harmónica. Consideremos ainda a respectiva sucessão das somas parciais e tomemos a subsucessão dessa com termos com índice da forma 2k , ou seja, a subsucessão (s2k ): s22 a2 a6 a7 a8 a9 a10 b b b b b 6 7 8 9 10 s23 1 1 > 2 2 1 1 1 1 1 = s2 + + > + 2 × = 2 × 3 4 2 4 2 1 1 1 1 1 1 1 = s22 + + + + > 2 × + 4 × = 3 × 5 6 7 8 2 8 2 k k Em geral temos s2k > . Como lim = +∞, concluímos que lim sn = +∞ e, 2 2 consequentemente, a série harmónica é divergente. Aparentemente a sucessão das somas parciais aproxima-se de 2... António Bento (UBI) António Bento (UBI) s2 = 1 + s1 1 s = lim sn = lim 2 − §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades Exemplo b 2 2 − k k+1 2 2 2 2 2 2 2 + − + − + ···+ − 2 2 3 3 4 n n+1 2 = 2− n+1 designa uma série diferente. Para a série 2 k(k + 1) = 2− ∞ X 1 António Bento (UBI) k=1 n X k=1 designam a mesma série, enquanto que n=6 n X 2 2 2 = − conclui-se que k(k + 1) k k+1 Cálculo I 2010/2011 522 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 524 / 590 §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades Série geométrica Dado r ∈ R, consideremos a série ∞ P r n que habitualmente se designa n=0 por série geométrica. A sucessão (sn )n∈N0 das somas parciais será, neste exemplo, dada por sn = 1 + r + · · · + r n = Isto permite-nos concluir que a série geométrica é ( n+1 1 − r 1−r se r = 1. convergente divergente se |r| < 1, se |r| > 1. Além disso, quando |r| < 1 a sua soma é igual a António Bento (UBI) se r 6= 1 n + 1 Cálculo I X X bn é uma série divergente, então X bn são duas séries divergentes, a an é uma série convergente e X é uma série divergente. Note-se no entanto que, se série X (an + bn ) an e X (an + bn ) pode ser convergente ou divergente. 1 . 1−r 2010/2011 Se 525 / 590 António Bento (UBI) §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades Cálculo I 2010/2011 527 / 590 §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades Exemplos X X Sejam an e bn duas séries convergentes cujas somas são A e B, respectivamente. Então a série X a) A série +∞ X n=1 1 1 + n−1 n(n + 1) 5 +∞ X (an + bn ) n=1 é convergente porque as séries 1 n(n + 1) e n=1 também são convergentes. Além disso, como é convergente e a sua soma é A + B. +∞ X n=1 +∞ X 1 5n−1 +∞ X1 1 2 = , n(n + 1) 2 n(n + 1) n=1 podemos concluir que a sua soma é 1 pois já sabemos que soma da série X Seja an uma série convergente cuja soma é A e seja λ um número real. Então a série X (λan ) é convergente e a sua soma é λA. +∞ X +∞ X n=1 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 526 / 590 +∞ +∞ X 1 X 1 2 é 2. Quanto à série = é uma série geométrica n−1 n(n + 1) 5 5n n=1 n=1 n=0 1 1 5 de razão e a sua soma é = . Assim, a soma da série 5 1 − 1/5 4 1 1 + n−1 n(n + 1) 5 António Bento (UBI) é 1+ 5 9 = . 4 4 Cálculo I 2010/2011 528 / 590 §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades Exemplos (continuação) b) A série +∞ X n=1 7 3n−1 + 1 n Nem sempre é fácil calcular a soma de uma série convergente, não se conhecendo mesmo uma expressão para a soma de algumas séries bastante simples. Assim, no que se segue, vamos estudar critérios que nos permitem saber se uma série é ou não convergente, sem estarmos preocupados com a soma no caso da série ser convergente. é divergente porque a série +∞ X n=1 7 3n−1 = +∞ X n=1 7 n−1 1 3 é convergente e a série +∞ X 1 n n=1 é divergente. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 529 / 590 António Bento (UBI) §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades X 200 +∞ 1 = 200 n 5 5 n=0 n=0 n Se António Bento (UBI) 5 = 250 m. 4 Cálculo I 531 / 590 X an é uma série convergente, então lim an = 0. Assim, se (an ) não converge para 0, a série an é divergente. Por exemplo, a série X n n+1 n converge para um. é divergente porque a sucessão n + 1 n∈N P . 1 1 Como série geométrica de razão é convergente pois < 1 e a sua 5 5 1 5 soma é = , o ponto onde Aquiles ultrapassa a tartaruga é 1 − 1/5 4 200 × 2010/2011 §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades Voltemos ao exemplo inicial de Aquiles e da tartaruga. A série envolvida neste exemplo é +∞ X Cálculo I 2010/2011 530 / 590 No entanto, o recíproco deste teorema não é válido pois a série harmónica X1 n 1 convergir para zero. é divergente apesar da sucessão n n∈N António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 532 / 590 §6.2.1 Definição, exemplos e primeiras propriedades Sejam X an e X §6.2.2 Séries de termos não negativos bn duas séries. Suponhamos que existe N ∈ N tal que Nesta secção Xvamos estudar séries de números reais não negativos, ou seja, séries an tais que an > 0 para cada n ∈ N. an = bn para qualquer número natural n > N. Obviamente, pelo que já vimos anteriormente, a teoria que vamos apresentar mantém-se válida se Então são da mesma natureza. António Bento (UBI) X an e X bn Cálculo I an > 0 a partir de certa ordem. 2010/2011 533 / 590 António Bento (UBI) Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Sucessões de números reais Séries de números reais Definição, exemplos e primeiras propriedades Séries de termos não negativos Séries de termos sem sinal fixo Séries de potências António Bento (UBI) 535 / 590 Critério geral de comparação Sejam a) Se Cálculo I 2010/2011 §6.2.2 Séries de termos não negativos Índice 1 Cálculo I b) Se 2010/2011 534 / 590 X an e X bn é convergente, então X X bn séries de termos não negativos tais que 0 6 an 6 bn a partir de certa ordem. an é divergente, então António Bento (UBI) X X an também é convergente. bn também é divergente. Cálculo I 2010/2011 536 / 590 §6.2.2 Séries de termos não negativos §6.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério geral de comparação a) Consideremos a série ∞ X 1 n=1 n2 Exemplos de aplicação do critério geral de comparação (continuação) . Uma vez que c) A série ∞ X 1 1 2 2 06 2 = 6 para qualquer número natural n n n(2n) n(n + 1) pois e, como vimos anteriormente, a série 06 ∞ X 2 n(n + 1) n=1 n=1 António Bento (UBI) n2 06 e a série 2010/2011 537 / 590 António Bento (UBI) n2 As séries nα António Bento (UBI) ∞ X 1 , α > 2. α n=1 +∞ X 1 é α n n=1 também é convergente quando α > 2. Cálculo I 539 / 590 2010/2011 nα , com α ∈ R, designam-se por séries de Dirichlet. Nos exemplos anteriores já estudámos a natureza destas séries quando α 6 1 e α > 2. Quando 1 < α < 2, a série é convergente. Assim, é convergente, a série X 1 2010/2011 Séries de Dirichlet ∞ X 1 n Cálculo I §6.2.2 Séries de termos não negativos 1 1 6 2 para qualquer n ∈ N e qualquer α > 2 α n n X 1 X1 é divergente. Exemplos de aplicação do critério geral de comparação (continuação) Como 1 1 6 α para cada n ∈ N e para cada α 6 1 n n n §6.2.2 Séries de termos não negativos n=1 é divergente para α 6 1 é convergente. Cálculo I b) Estudemos a série nα e a série é convergente, podemos afirmar que a série ∞ X 1 n=1 538 / 590 António Bento (UBI) ( convergente divergente Cálculo I se α > 1, se α 6 1. 2010/2011 540 / 590 §6.2.2 Séries de termos não negativos §6.2.2 Séries de termos não negativos Critério do limite X X Sejam an e bn séries de termos não negativos com bn 6= 0 para cada n ∈ N. an a) Se lim = ℓ com ℓ 6= 0 e ℓ 6= +∞, então as séries bn b) Se lim c) Se lim X X an e sen ∞ X 1 sen . É óbvio que n n=1 1 >0 e n lim an também é convergente. X e 2010/2011 ∞ X 1 n=1 an também é divergente. Cálculo I 1 > 0 para cada n ∈ N. n Como X an = +∞ e a série bn é divergente, então a série bn António Bento (UBI) b) Consideremos a série bn são da mesma natureza. X an = 0 e a série bn é convergente, então a série bn X Exemplos de aplicação do critério do limite (continuação) 541 / 590 n é divergente, ∞ X sen n=1 António Bento (UBI) §6.2.2 Séries de termos não negativos sen 1 n 1 n =1 1 também é divergente. n Cálculo I 2010/2011 543 / 590 §6.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério do limite a) A série ∞ X 3n2 + 4 é convergente porque 2n4 + 3n + 1 n=1 3n2 +4 >0 e 2n4 + 3n + 1 e Critério de D’Alembert (para séries de termos positivos) Seja 1 > 0 para qualquer n ∈ N, n2 3n2 + 4 4 3n4 + 4n2 3 lim 2n + 3n + 1 = lim 4 = 1 2n + 3n + 1 2 n2 ∞ X 1 n=1 António Bento (UBI) n2 X an uma série de termos positivos tal que a) Se λ < 1, então b) Se λ > 1, então lim X X an+1 = λ. an an é convergente. an é divergente. é convergente. Cálculo I 2010/2011 542 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 544 / 590 §6.2.2 Séries de termos não negativos §6.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério de D’Alembert a) Provemos que a série X 2n n! nn é convergente. É óbvio que Critério de Cauchy (para séries de termos não negativos) 2n n! > 0 qualquer que seja n ∈ N. nn X Seja Como 2 (n + 1)! 2n+1 (n + 1)! nn 2(n + 1)nn (n + 1)n+1 = lim = lim n = lim n n+1 2 n! 2 n! (n + 1) (n + 1)n+1 n n 2nn 2 2 2 = lim = lim = lim < 1, n = (n + 1)n (n + 1)n /nn e (1 + 1/n) an uma série de termos não negativos tal que lim √ n an = λ. n+1 lim an+1 an pelo critério de D’Alembert, a série António Bento (UBI) X 2n n! nn X a) Se λ < 1, então X b) Se λ > 1, então an é convergente. an é divergente. é convergente. Cálculo I 2010/2011 545 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I §6.2.2 Séries de termos não negativos 2010/2011 §6.2.2 Séries de termos não negativos Exemplos de aplicação do critério de D’Alembert (continuação) Exemplos de aplicação do critério de Cauchy b) A série a) Vejamos que a série é divergente. Como X n é divergente. Como e an+1 (n + 1) 3n+1 n+1 = lim = lim 3 = lim 3 an n 3n n 1 1+ = 3 > 1, n pelo critério de D’Alembert a série é divergente. António Bento (UBI) X X n + 1 n2 n3n n3n > 0 para cada n ∈ N lim 547 / 590 n2 > 0 qualquer que seja n ∈ N e √ lim n an = lim n3n Cálculo I n+1 n s n n+1 n n2 = lim pelo critério de Cauchy, a série 2010/2011 546 / 590 António Bento (UBI) n+1 n n n 1 = lim 1 + = e > 1, n X n + 1 n2 Cálculo I n é divergente. 2010/2011 548 / 590 §6.2.2 Séries de termos não negativos §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Exemplos de aplicação do critério de Cauchy (continuação) b) À série X n 3n Critério de Leibniz também podemos aplicar o critério de Cauchy. Como Se (an ) é uma sucessão decrescente convergente para zero, então a série n 3n > 0 para cada n ∈ N e lim √ n an = lim √ n n 3n +∞ X (−1)n an n=1 √ n = lim 3 n = 3 · 1 = 3, é convergente. o critério de Cauchy garante-nos que é divergente. António Bento (UBI) X n 3n Cálculo I 2010/2011 549 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 551 / 590 §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Índice 1 2010/2011 Observações a) Se (an ) é uma sucessão decrescente convergente para zero, então an > 0 para qualquer n ∈ N. b) As séries da forma +∞ X (−1)n an n=1 6 designam-se por séries alternadas. Sucessões e séries Sucessões de números reais Séries de números reais Definição, exemplos e primeiras propriedades Séries de termos não negativos Séries de termos sem sinal fixo Séries de potências António Bento (UBI) Cálculo I c) O critério de Leibniz também é válido para séries da forma +∞ X (−1)n+1 an ou da forma n=1 2010/2011 550 / 590 António Bento (UBI) +∞ X (−1)n an . n=k Cálculo I 2010/2011 552 / 590 §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Exemplos (continuação) Exemplos 1 a) A sucessão de termo geral an = é decrescente pois n 1 1 n − (n + 1) −1 an+1 − an = − = = 60 n+1 n n(n + 1) n(n + 1) c) Estudemos a natureza da série n=1 an+1 − an = 1 1 = = 0. n→+∞ n→+∞ n +∞ Pelo critério de Leibniz, a série = lim an = lim = +∞ X (−1)n n n=1 = 6 Cálculo I 2010/2011 553 / 590 António Bento (UBI) §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo n+2 n+1 − n+1 n (n + 2)n − (n + 1)2 n(n + 1) 2 n + 2n − (n2 + 2n + 1) n(n + 1) −1 n(n + 1) 0 Cálculo I 2010/2011 555 / 590 §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Exemplos (continuação) Exemplos (continuação) +∞ X (−1)n b) Estudemos a natureza da série . Como n2 n=1 c) (continuação) No entanto, como 1 1 n − (n + 1) n − (n + 2n + 1) −2n − 1 − 2 = = = 2 60 (n + 1)2 n n2 (n + 1)2 n2 (n + 1)2 n (n + 1)2 1 para qualquer n ∈ N, ou seja, a sucessão de termo geral an = 2 é n decrescente, e 1 1 1 lim = = = 0, 2 n→+∞ n2 (+∞) +∞ 2 2 2 2 o critério de Leibniz garante-nos que a série António Bento (UBI) n+1 . A n para qualquer n ∈ N. António Bento (UBI) é convergente. (−1)n an com an = sucessão (an ) é decrescente pois para qualquer n ∈ N. Além disso, é convergente. +∞ X +∞ X (−1)n n2 n=1 Cálculo I 2010/2011 554 / 590 lim an = lim n→+∞ n→+∞ n+1 n 1 1 = lim + = lim 1 + = 1, n→+∞ n→+∞ n n n n não podemos aplicar o critério de Leibniz pois lim an 6= 0. Mas se lim an = 1, a sucessão de termo geral (−1)n an é divergente pois a subsucessão dos termos de ordem par converge para 1 e a subsucessão dos termos de ordem ímpar converge para −1. Assim, a série +∞ +∞ X X n+1 é divergente. (−1)n an = (−1)n n n=1 n=1 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 556 / 590 §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Uma série módulos +∞ X §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Exemplos an diz-se absolutamente convergente se a série dos n=1 +∞ X n=1 +∞ X (−1)n é n2 n=1 convergente. Uma outra forma de vermos que é convergente é através da série do módulos: a) Através do critério de Leibniz concluímos que a série |an | é convergente. +∞ +∞ X X (−1)n 1 = . n2 2 n n=1 n=1 As séries absolutamente convergentes são convergentes, ou seja, se +∞ X n=1 então +∞ X +∞ X 1 é uma série de Dirichlet com α = 2 e, portanto, é n2 n=1 convergente. Logo |an | é convergente, Ora a série +∞ X (−1)n n2 n=1 an também é convergente. n=1 é absolutamente convergente e, portanto, é convergente. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 557 / 590 António Bento (UBI) §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Cálculo I 559 / 590 §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Exemplos (continuação) Observação O recíproco do resultado anterior não se verifica. A série +∞ X n=1 b) Estudemos a natureza da série (−1)n n ∈ N, se tem n é convergente, mas a sua série dos módulos +∞ X n=1 +∞ n X 1 (−1) = n n n=1 As séries convergentes cuja série dos módulos é divergente dizem-se simplesmente convergentes, semi-convergentes ou condicionalmente convergentes. Cálculo I 2010/2011 558 / 590 0 6 +∞ X cos n . Como, para qualquer 2 + 2n + 3 n n=1 cos n |cos n| 1 1 = 6 2 6 2 2 n + 2n + 3 n2 + 2n + 3 n + 2n + 3 n +∞ X 1 é convergente, pelo critério geral de comparação, a série n2 n=1 +∞ X cos n n2 + 2n + 3 é convergente. Logo n=1 e a série é a série harmónica que já vimos ser divergente. António Bento (UBI) 2010/2011 +∞ X n=1 n2 cos n + 2n + 3 é absolutamente convergente e, por conseguinte, é convergente. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 560 / 590 §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Exemplos (continuação) c) Consideremos a série +∞ X (−1)n n=1 Para séries de termos sem sinal fixo também temos um critério de d’Alembert e um de Cauchy. n+1 . A sua série dos módulos é n2 + 2 +∞ +∞ X X n+1 n n+1 (−1) 2 = 2 n +2 n=1 e, como n=1 Critério de D’Alembert (para séries de termos sem sinal fixo) n +2 Seja n+1 2 +2 n2 (1 + 1/n) 1 + 1/n n2 + n n lim = lim = lim = lim = 1, 1 n→+∞ n→+∞ n2 + 2 n→+∞ n2 (1 + 2/n) n→+∞ 1 + 2/n n +∞ +∞ X X n+1 1 e , por serem séries de termos pelo critério do limite, as séries 2 n +2 n n=1 n=1 positivos, são da mesma natureza. Como a série harmónica é divergente, a série X an uma série de termos não nulos tal que lim a) Se λ < 1, então b) Se λ > 1, então +∞ X n+1 n=1 n2 + 2 X X |an+1 | = λ. |an | an é absolutamente convergente. an é divergente. também é divergente. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 561 / 590 António Bento (UBI) §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Cálculo I 2010/2011 563 / 590 §6.2.3 Séries de termos sem sinal fixo Exemplos (continuação) c) (continuação) Acabámos de ver que a série dos módulos de +∞ X (−1)n n=1 +∞ divergente. Vejamos, usando o critério de Leibniz, que a série X n=1 convergente. Como n+1 é n2 + 2 n+1 (−1) 2 é n +2 n Critério de Cauchy (para séries de termos sem sinal fixo) Seja X an uma série tal que lim n+1 n(1 + 1/n) 1 + 1/n 1+0 lim = lim = lim = =0 n→+∞ n2 + 2 n→+∞ n2 (1 + 2/n2 ) n→+∞ n(1 + 2/n2 ) +∞(1 + 0) a) Se λ < 1, então e n+2 n+1 n2 + 3n − 1 − 2 = ··· = − 60 2 (n + 1) + 2 n +2 ((n + 1)2 + 2)(n2 + 1) para qualquer n ∈ N, pelo critério de Leibniz a série +∞ X (−1)n n=1 b) Se λ > 1, então X X q n |an | = λ. an é absolutamente convergente. an é divergente. n+1 n2 + 2 é convergente. Assim, esta série é simplesmente convergente. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 562 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 564 / 590 §6.3 Séries de potências Índice Observações 1 Funções reais de variável real: generalidades e exemplos 2 Funções reais de variável real: limites e continuidade 3 Cálculo diferencial em R 4 Primitivas 5 Cálculo integral em R 6 Sucessões e séries Sucessões de números reais Séries de números reais Séries de potências a) Há séries de potências que não começam em zero. Por exemplo, a série +∞ +∞ X 1 n X xn x = n n n=1 n=1 tem de começar em um. Obviamente, tudo o que vamos estudar nesta secção contínua válido para estas séries. b) Uma série de potências pode convergir para determinados valores de x e divergir para outros. c) Quando x = a e n = 0 obtemos (x − a)n = 00 que, apesar de não estar definido, no contexto das séries convencionamos ser igual a 1. d) Para x = a, tendo em conta a observação c), a série é sempre convergente. Aliás, se x = a temos +∞ X an (x − a)n = a0 . n=0 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 565 / 590 António Bento (UBI) §6.3 Séries de potências n=0 an (x − a)n = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + · · · + an (x − a)n + · · · designa-se por série de potências de x − a. Dizemos que a série está centrada em a e que os números an são os coeficientes da série. xn , n! n=0 n (x − 2)n 2 n + 1 n=0 e +∞ X n=0 n(x − π)n Cálculo I 2010/2011 |x|n+1 1+ n + 2 = lim n + 1 |x| = lim n→+∞ n + 2 n→+∞ |x|n 1+ n+1 1 n |x| = 1 . |x| = |x| 2 n +∞ X xn é absolutamente convergente para |x| < 1 e n+1 n=0 é divergente se |x| > 1. e, portanto, a série são séries de potências centradas, respectivamente, em 0, 2 e π. António Bento (UBI) +∞ X xn . Aplicando o critério de n+1 n=0 D’Alembert à série dos módulos +∞ +∞ n X X xn |x| = n + 1 n+1 n=0 n=0 (quando x 6= 0) temos a) Estudemos a série de potências n→+∞ +∞ X 567 / 590 Exemplos de séries de potências lim As séries +∞ X 2010/2011 §6.3 Séries de potências Sejam a0 , a1 , . . . , an , . . . os termos de uma sucessão e a um número real. A série +∞ X Cálculo I 566 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 568 / 590 §6.3 Séries de potências §6.3 Séries de potências Exemplos de séries de potências (continuação) Exemplos de séries de potências (continuação) a) (continuação) Falta ver o que acontece quando |x| = 1. Se x = 1, então obtemos a série +∞ +∞ X X 1 1 = , n + 1 n n=0 n=1 isto é, obtemos a série harmónica que já vimos ser divergente. Para x = −1, temos a série alternada n→+∞ que é convergente (ver os exemplos do critério de Leibniz). Assim, esta série é convergente para x ∈ [−1, 1[ e é divergente para x ∈ ] − ∞, −1[ ∪ [1, +∞[. Cálculo I 2010/2011 569 / 590 +∞ X n=0 lim nxn . Aplicando o critério de Cauchy à n=0 série dos módulos temos ∞ ∞ X X (−1)n (−1)n+1 = n+1 n n=0 n=1 António Bento (UBI) c) Estudemos a natureza da série +∞ X |nxn | = +∞ X n=0 n |x|n q √ n n n |x| = lim n n |x| = 1 . |x| = |x| . n→+∞ Assim, a série é absolutamente convergente para |x| < 1. Para |x| > 1 a série é divergente. Para |x| = 1 a série também é divergente. Portanto, a série +∞ X nxn n=0 converge se x ∈ ] − 1, 1[ e diverge se x ∈ ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[. António Bento (UBI) §6.3 Séries de potências Cálculo I 2010/2011 571 / 590 §6.3 Séries de potências Exemplos de séries de potências (continuação) +∞ n X x b) Consideremos a série de potências . Aplicando o critério de n! n=0 D’Alembert à série dos módulos +∞ n +∞ n X X x |x| = n! n! n=0 n=0 Sejam a0 , a1 , . . . , an , . . . os termos de uma sucessão e a um número real. Então a) existe um número real r > 0 tal que a série de potências +∞ X n=0 (para x 6= 0) tem-se |x|n+1 n! 1 (n + 1)! lim = lim |x| = lim |x| = 0 · |x| = 0, n→+∞ n→+∞ (n + 1)! n→+∞ n + 1 |x|n n! +∞ n X x o que permite concluir que a série é absolutamente convergente n! n=0 para todo o x ∈ R. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 570 / 590 an (x − a)n converge absolutamente quando |x − a| < r e diverge quando |x − a| > r; ou b) a série de potências +∞ X n=0 an (x − a)n converge absolutamente para qualquer x ∈ R. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 572 / 590 §6.3 Séries de potências §6.3 Séries de potências O número r do resultado anterior designa-se por raio de convergência da série de potências +∞ X n=0 an (x − a)n . Observações (continuação) Se estivermos no caso da alínea b) costuma-se fazer r = +∞. b) De forma análoga prova-se, usando o critério de Cauchy, que se O conjunto dos x para os quais a série é convergente designa-se por intervalo de convergência da série de potências +∞ X n=0 lim então r= Note-se que o intervalo de convergência de uma série de potências é um dos quatro intervalos seguintes: ]a − r, a + r[ , [a − r, a + r[ , António Bento (UBI) ]a − r, a + r] ou Cálculo I n n→+∞ an (x − a)n . q |an | = λ, 1 1 = lim p . n n→+∞ λ |an | [a − r, a + r] . 2010/2011 573 / 590 António Bento (UBI) §6.3 Séries de potências Cálculo I 2010/2011 575 / 590 §6.3 Séries de potências Observações |an+1 | 1 = λ, então r = . n→+∞ |an | λ De facto, supondo x 6= a e an 6= 0 para qualquer n ∈ N, como an+1 (x − a)n+1 |an+1 | lim = lim |x − a| = λ |x − a| , n→+∞ n→+∞ |an | |an (x − a)n | a) Do critério de D’Alembert resulta que se lim pelo critério de D’Alembert, a série é absolutamente convergente se Além disso, se 1 λ |x − a| < 1 ⇔ |x − a| < . λ λ |x − a| > 1 ⇔ |x − a| > 1 , λ +∞ X xn e n+1 n=0 provámos que o raio de convergência desta série é r = 1 e que o seu intervalo de convergência é [−1, 1[. a) Já estudamos a natureza da série de potências b) Num exemplo anterior vimos o raio de convergência da série de +∞ X xn potências é r = +∞ e, consequentemente, o seu intervalo de n! n=0 convergência é ] − ∞, +∞[= R. c) Também já vimos que a série a série é divergente. Logo +∞ X nxn tem como raio de n=0 r= António Bento (UBI) Exemplos convergência r = 1 e o seu intervalo de convergência é ] − 1, 1[. 1 |an | = lim . λ n→+∞ |an+1 | Cálculo I 2010/2011 574 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 576 / 590 §6.3 Séries de potências §6.3 Séries de potências Exemplos (continuação) Exemplos (continuação) +∞ X (x − 1)n d) Estudemos a série de potências . Consideremos a série n2 2n n=1 dos módulos +∞ +∞ X (x − 1)n X |x − 1|n = n2 2n n2 2n n=1 n=1 e apliquemos-lhe (para x 6= 1) o critério de D’Alembert n+1 lim n→+∞ |x − 1| n2 2n |x − 1|n+1 (n + 1)2 2n+1 = lim n n→+∞ (n + 1)2 2n+1 |x − 1| |x − 1|n n2 2n 1 |x − 1| |x − 1| = lim = . n→+∞ (1 + 1/n)2 2 2 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 577 / 590 d) (continuação) Quando x = 3 temos +∞ +∞ +∞ X X X (3 − 1)n 2n 1 = = 2 n 2 n n 2 n 2 n2 n=1 n=1 n=1 que é uma série de Dirichlet convergente. Quando x = −1 vem +∞ +∞ +∞ +∞ X X X X (−1 − 1)n (−2)n (−1)n 2n (−1)n = = = , n2 2 n n2 2 n n2 2 n n2 n=1 n=1 n=1 n=1 e esta série é convergente. Para vermos isso podemos usar o critério de Leibniz ou então ver que a sua série dos módulos +∞ +∞ +∞ X X (−1)n |(−1)n | X 1 = = n2 n2 n2 n=1 n=1 n=1 é convergente. Assim, o raio de convergência da série e o seu intervalo de convergência é [−1, 3]. António Bento (UBI) §6.3 Séries de potências 2010/2011 579 / 590 §6.3 Séries de potências Exemplos (continuação) Exemplos (continuação) e) Consideremos a série de potências +∞ X (x − 1)n d) (continuação) Assim, a série é absolutamente n2 2n n=1 convergente quando +∞ X n=1 |x − 1| < 1 ⇔ |x − 1| < 2 ⇔ x − 1 < 2 ∧ x − 1 > −2 2 ⇔ x < 3 ∧ x > −1 ⇔ x ∈ ] − 1, 3[ n (x − 2)n . +1 n+1 |x − 2|n+1 n3 + n2 + n + 1 (n + 1)2 + 1 lim = lim 3 |x − 2| = |x − 2| n n + 2n2 + 2n n |x − 2| n2 + 1 |x − 1| > 1 ⇔ x ∈ ] − ∞, −1[ ∪ ]3, +∞[. 2 concluímos pelo critério de d’Alembert que se |x − 2| < 1, isto é, se x ∈ ]1, 3[, a série converge absolutamente. Se |x − 2| > 1 a série diverge. Falta ver o que acontece quando x = −1 e x = 3. Cálculo I n2 Para cada x ∈ R obtemos uma série numérica cuja série dos módulos +∞ X n associada é |x − 2|n , uma série de termos positivos. Como 2+1 n n=1 e é divergente quando António Bento (UBI) Cálculo I +∞ X (x − 1)n ér=2 n2 2 n n=1 2010/2011 578 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 580 / 590 §6.3 Séries de potências §6.3 Séries de potências Exemplos (continuação) No intervalo de convergência I de uma série de potências e) (continuação) Se x = 3, obtemos a série +∞ X +∞ X +∞ X n n n (3 − 2) = , 2 2 n +1 n +1 n=1 n=1 n=0 que por ser uma série de termos positivos, estudaremos a sua natureza recorrendo ao critério do limite, fazendo a comparação com a série harmónica. Como lim an (x − a)n fica bem definida a função f : I → R dada por f (x) = +∞ X n=0 n/(n2 + 1) n2 = lim 2 =1 1/n n +1 an (x − a)n = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + · · · + an (x − a)n + · · · . concluímos que para x = 3 a série tem a mesma natureza da série harmónica e, portanto, diverge. António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 581 / 590 António Bento (UBI) §6.3 Séries de potências Propriedades da função f (x) = e) (continuação) Além disso, se x = 1 obtemos a série +∞ X n=1 (−1)n n2 n . A +1 n sucessão de termo geral an = 2 é decrescente visto que n +1 n+1 n −n2 − n + 1 − = < 0 para todo o n ∈ N. (n + 1)2 + 1 n2 + 1 (n2 + 2n + 2)(n2 + 1) Seja +∞ X n=0 583 / 590 n 1 1 n lim = lim = lim = =0 2 2 2 2 n→+∞ n + 1 n→+∞ n (1 + 1/n ) n→+∞ n(1 + 1/n ) +∞ podemos concluir pelo critério de Leibniz que, para x = 1, a série converge. Assim, a série converge para x ∈ [1, 3[ e diverge para x ∈ ] − ∞, 1[ ∪ [3 + ∞[. 2010/2011 P+∞ n=0 an (x − a)n an (x − a)n uma série de potências com raio de convergência r e com intervalo de convergência I. Consideremos a função f : I → R definida por Por outro lado, uma vez que temos Cálculo I 2010/2011 §6.3 Séries de potências Exemplos (continuação) António Bento (UBI) Cálculo I f (x) = +∞ X n=0 an (x − a)n . Então a) a função f é contínua em I; b) a função f é de classe C ∞ em ]a − r, a + r[; 582 / 590 António Bento (UBI) Cálculo I 2010/2011 584 / 590 §6.3 Séries de potências Propriedades da função f (x) = P+∞ n=0 c) para cada x ∈ ]a − r, a + r[ tem-se f ′ (x) = +∞ X n=0 §6.3 Séries de potências an (x − a)n (continuação) Exemplos a) Seja f : R \ {1} → R a função dada por [an (x − a)n ]′ , f (x) = Quando estudámos a série geométrica vimos que para cada x ∈ ] − 1, 1[ temos ou seja, f ′ (x) = +∞ X n=1 = +∞ X nan (x − a)n−1 +∞ X (n + 1)an+1 (x − a) n=0 = a1 + 2a2 (x − a) + 3a3 (x − a)2 + · · · + nan (x − a)n−1 + · · · Cálculo I 2010/2011 585 / 590 Propriedades da função f (x) = P+∞ n=0 d) para cada x ∈ ]a − r, a + r[ tem-se f (x) dx = " +∞ X an n=0 a)n+1 (x − n+1 # António Bento (UBI) an (x − a)n (continuação) 2010/2011 587 / 590 Exemplos (continuação) b) Como +C 1 1−x ′ = 1′ (1 − x) − 1(1 − x)′ 0(1 − x) − 1(−1) 1 = = , (1 − x)2 (1 − x)2 (1 − x)2 usando o exemplo anterior e uma das propriedades anteriores, temos, para x ∈] − 1, 1[, 1 = (1 − x)2 ou seja, a função g dada por +∞ X (x − a)n+1 g(x) = an n+1 n=0 = 1 1−x +∞ X ′ 2010/2011 586 / 590 António Bento (UBI) = nxn−1 = n=1 é uma primitiva de f . Cálculo I Cálculo I §6.3 Séries de potências a1 a2 = C + a0 (x − a) + (x − a)2 + (x − a)3 + · · · + 2 3 an n+1 (x − a) + + ··· n+1 António Bento (UBI) 1 = f (x). 1−x Verificamos então que f admite um desenvolvimento em série de potências de x no intervalo ] − 1, 1[. §6.3 Séries de potências Z xn = n=0 n António Bento (UBI) 1 . 1−x Cálculo I +∞ X (xn )′ n=0 +∞ X (n + 1)xn n=0 2010/2011 588 / 590 §6.3 Séries de potências Exemplos (continuação) c) O estudo que fizemos da série geométrica permite-nos concluir, para cada x ∈ ] − 1, 1[, que +∞ +∞ X X 1 1 = = (−x)n = (−1)n xn . 1+x 1 − (−x) n=0 n=0 1 tem-se 1+x +∞ X xn+1 ln(1 + x) = C + (−1)n n+1 n=0 Como ln(1 + x) é uma primitiva de para algum C ∈ R. Como ln(1 + 0) = 0, tem-se C = 0 e, por conseguinte, ln(1 + x) = +∞ X (−1)n n=0 António Bento (UBI) xn+1 para qualquer x ∈ ] − 1, 1[. n+1 Cálculo I 2010/2011 589 / 590 §6.3 Séries de potências Exemplos (continuação) d) Usando novamente a série geométrica, para x ∈ ] − 1, 1[, temos +∞ +∞ X X 1 1 2 n = = (−x ) = (−1)n x2n 1 + x2 1 − (−x2 ) n=0 n=0 e, pelas propriedades estudadas, tem-se para x ∈ ] − 1, 1[ arc tg x = C + +∞ X (−1)n n=0 x2n+1 2n + 1 para algum C ∈ R. Como arc tg 0 = 0, concluímos que C = 0 e, portanto, arc tg x = +∞ X (−1)n n=0 António Bento (UBI) x2n+1 para x ∈ ] − 1, 1[. 2n + 1 Cálculo I 2010/2011 590 / 590