A Monitoramento da adequação calórico-proteica da terapia nutricional enteral exclusiva em pacientes internados em hospital privado da cidade de São Paulo Artigo Original Monitoramento da adequação calórico-proteica da terapia nutricional enteral exclusiva em pacientes internados em hospital privado da cidade de São Paulo Monitoring of protein-calorie adequacy of exclusive enteral nutritional therapy inpatient in private hospital of São Paulo city Fabiana Ruotolo1 Ariane Nadólskis Severine2 Ana Lúcia Chalhoub Chediác Rodrigues3 Paulo Cesar Ribeiro4 Érika Suiter5 Adriana Yamaguti5 Mairy Jussara Poltronieri6 Andrea Lemos7 Fabiana Josefa Xavier de Souza7 Monica Venturineli Ferreira8 Unitermos: Terapia Nutricional. Nutrição Enteral. Desnutrição Proteico-Calórica. Pacientes. Keywords: Nutritional Therapy. Enteral Nutrition. Protein-Energy Malnutrition. Patients. Endereço para correspondência: Fabiana Ruotolo Sociedade Beneficente de Senhoras - Hospital Sírio Libanês Rua Dona Adma Jafet, 91 – Cerqueira Cesar – São Paulo, SP, Brasil – CEP 01308-050 E-mail: [email protected] Submissão: 15 de junho de 2014 Aceito para publicação: 21 de agosto de 2014 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. RESUMO Introdução: Pacientes internados, em uso de dieta enteral, recebem um valor calórico-proteico inferior às suas necessidades nutricionais. Essa situação pode ocorrer devido a diferentes razões, como intolerância gastrointestinal e pausa para procedimentos. Objetivo: Neste estudo, propomos monitorar a porcentagem calórico-proteica do volume infundido em relação à meta estabelecida (> 70%) e investigar os motivos de interrupção da administração. Método: Trata-se de um estudo transversal observacional analítico realizado em hospital privado do município de São Paulo, Brasil, no período de janeiro a dezembro de 2009. Participaram do estudo os pacientes de ambos os sexos, internados nas Unidades Críticas, Semicríticas e de Internação, sob terapia nutricional enteral exclusiva por, no mínimo, 7 dias, sendo acompanhados durante o período de internação por, no máximo, 20 semanas. Resultados: Foram avaliados 201 pacientes de ambos os sexos, com média de idade de 75,46±16,69 anos. Em relação à evolução nutricional, 58% mantiveram, 24% recuperaram e 18% pioraram o estado nutricional. A porcentagem de adequação calórico-proteica variou entre as diversas unidades de internação analisadas. Piora clínica, diarreia e exames foram os principais motivos para a pausa de infusão enteral. A porcentagem de adequação encontrada superou as porcentagens relatadas em estudos envolvendo monitorização de Terapia Nutricional Enteral (TNE). Conclusão: A meta de adequação preestabelecida de 70% foi atingida na média semanal dos pacientes, todavia, houve menor porcentagem nas Unidades Críticas. Esses achados demonstram que se faz necessário intervenção para melhor aporte calórico e proteico dos pacientes, evitando desfechos negativos. ABSTRACT Introduction: Enteral nutrition inpatients receive lower protein-calorie values than their nutritional needs. This situation may be due to different reasons, such as gastrointestinal intolerance and/or need for pausing for procedures. Objective: In this study, we aimed to monitor the protein-calorie percentage for adequately infused volume in relation to the preestablished standard (>70%) and investigate the reasons behind discontinuing the regiment. Methods: This is a cross-sectional observational, analytical study conducted at a private hospital in São Paulo, Brazil, from January to December 2009. This study included patients (both genders) who were admitted to critical, semicritical, and hospitalization units while under exclusive enteral nutritional therapy for at least seven days. The mean percentage of protein-calorie adequacy was observed in the patients, where they were followed during their hospitalization stay for at most 20 months. Results: We evaluated 201 patients with mean age of 75.46±16.69 years old. Regarding nutritional evolution for the patients evaluated, nutritional status remained the same in 58%, recovered in 24%, and worsened in 18%. The percentage for protein calorie adequacy varied between the different hospitalization units analyzed. Clinical worsening, diarrhea, and exams were the main reasons behind pausing enteral nutrition infusion. The adequacy percentage values found exceeded those reported in studies monitoring enteral nutritional therapy (ENT). Conclusion: The preestablished adequacy standard (>70%) was reached in the weekly mean for the patients, however, there was a lower percentage in the critical units. This finding supports the idea that intervention is necessary for better patient calorie and protein status, avoiding negative outcomes. Nutricionista da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil. Nutricionista, Gerente do Serviço de Alimentação do Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil. Nutricionista, Coordenadora do Serviço de Alimentação do Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil. Médico responsável pela Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital Sírio LIbanês, São Paulo, SP, Brasil. Nutricionista da Educação Continuada do Serviço de Alimentação do Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil. Enfermeira, coordenadora de Desenvolvimento da Enfermagem do Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil. Estagiária de nutrição do Serviço de Alimentação do Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil. Nutricionista clínica do Serviço de Alimentação do Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 221-5 221 Ruotolo F et al. INTRODUÇÃO A resposta metabólica ao estresse, conhecida como resposta de fase aguda, é uma das principais causas de catabolismo e mobilização de proteínas, tendo como principal consequência o déficit nutricional, independentemente da condição antecedente à internação. Outros fatores, como idade avançada, condição socioeconômica, desnutrição preexistente e imobilização no leito, podem agravar o estado nutricional do paciente1. Por essa razão, é fundamental identificar a desnutrição no ambiente hospitalar, para evitar ou minimizar sua repercussão na evolução clínica dos doentes, como a associação com maiores complicações, maior permanência hospitalar, aumento da mortalidade, aumento dos custos para a instituição2 e diminuição da qualidade de vida dos pacientes3,4. No Brasil, cerca de 15 a 20% dos pacientes internados são desnutridos devido à doença de base, precárias condições socioeconômicas e sistema de saúde pouco equipado. Por outro lado, inadequados procedimentos e avaliações, além das intervenções nutricionais inapropriadas, contribuem para a piora do estado nutricional durante a hospitalização5. Com a depleção do estado nutricional, há também um agravamento na resposta imunológica e, dessa maneira, ocorre piora no processo de cicatrização, funções de órgãos vitais, infecções diversas, aparecimento de úlceras por pressão, prejuízo na recuperação perioperatória e nos aspectos emocionais6. Em pacientes mais graves, em estado hipercatabólico, como na sepse e Systemic Inflamatory Response Syndrome (SIRS), o suporte nutricional torna-se essencial, sendo a via enteral uma das mais importantes: menos onerosa, mais fisiológica e segura que a via parenteral7, porém, a instabilidade hemodinâmica, a necessidade de uso de drogas vasopressoras e a própria condição clínica do paciente, que oscila muito nessas condições de gravidade, podem ser fatores determinantes na tolerância à terapia nutricional8. Por isso, frequentemente os pacientes internados recebem um valor calórico e proteico muito inferior às suas necessidades biológicas. Dentre os fatores que colaboram para essa irregularidade, estão: intolerância à dieta (vômitos, diarreia, resíduo gástrico, distensão abdominal, etc.), os associados às práticas de rotina de enfermagem (manipulação do paciente, administração de medicamentos, etc.) e outras rotinas (procedimentos, exames), ou seja, fatores previsíveis e imprevisíveis, determinando aumento do déficit nutricional e morbidade desses pacientes1,8. Pesquisas demonstram que, ao redor do mundo, a adequação calórico proteica nas UTIs gira em torno de 50% a 60%, valores pouco aceitáveis para os padrões atuais de necessidades calóricas e proteicas. O sucesso depende da monitorização rotineira e da interação entre todos os profissionais envolvidos5. A American Society Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN)9 indica o uso de protocolos para prover melhor infusão da terapia nutricional enteral, a fim de atingir os requerimentos de energia e nutrientes nos pacientes críticos5. Dessa forma, identifica-se, portanto, a necessidade de monitorização da porcentagem de adequação do volume infundido, frente à meta estabelecida para infusão da dieta (> 70%), nos pacientes internados nas diversas unidades de um hospital da cidade de São Paulo, bem como identificar os motivos de interrupção da administração da fórmula enteral prescrita. MÉTODO Trata-se de um estudo transversal observacional analítico realizado em hospital privado do município de São Paulo, no período de janeiro a dezembro de 2009. Participaram do estudo os pacientes de ambos os gêneros, internados nas Unidades Críticas, Semicríticas e de Internação, sob terapia nutricional enteral exclusiva por, no mínimo, 7 dias. Foram acompanhados durante o período de internação, estendendo-se, no máximo, a 20 semanas. Foram excluídos do estudo os pacientes menores de 18 anos, gestantes, pacientes que apresentaram piora clínica, em cuidados paliativos ou os que recebiam simultaneamente alimentação oral ou parenteral. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa processo nº 2009/16, sem necessidade de aplicação de Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Procedimento Todos os dados demográficos e nutricionais foram coletados uma vez por semana do prontuário, no impresso de Cuidados Nutricionais, sendo armazenados posteriormente em planilha Excel. As necessidades nutricionais foram calculadas pelos nutricionistas clínicos e reavaliadas entre 7 e 10 dias. As variáveis utilizadas foram: idade, gênero, unidade de internação, diagnóstico nutricional, tempo de internação, porcentagem de calorias recebidas em relação ao total prescrito, porcentagem de proteínas recebidas em relação ao total prescrito, média semanal da porcentagem de adequação calórico-proteica em relação às necessidades nutricionais estimadas, porcentagem de pacientes que atingiram ≥70% tanto em calorias quanto em proteínas ao longo do tempo e evolução nutricional. A definição dessas necessidades nutricionais foram calculadas pelo peso atual e, nos casos de edema, utilizado o peso habitual referido. As recomendações nutricionais foram Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 221-5 222 Monitoramento da adequação calórico-proteica da terapia nutricional enteral exclusiva em pacientes internados em hospital privado da cidade de São Paulo baseadas nos Guidelines de ASPEN9 e European Society Parenteral and Enteral Nutrition (ESPEN)10, que estão inseridos nas Recomendações Nutricionais do Serviço de Alimentação. Tabela 1 – Características demográficas e clínicas dos 201 pacientes avaliados. Características demográficas (N= 201) Para o diagnóstico nutricional, foram utilizados os parâmetros antropométricos: peso atual e estatura classificados pelo IMC (Índice de Massa Corporal), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)11, para adultos e Organização Panamericana de Saúde (OPAS)12 para idosos, além dos exames bioquímicos, exame físico e evolução clínica. Nas reavaliações subsequentes, foram utilizados os mesmos parâmetros da avaliação nutricional e os seguintes critérios de avaliação de classificação: manutenção, recuperação ou piora do estado nutricional. Valor ou N (%) Idade, anos Intervalo Média±DP Mediana 18 a 102 75,46±16,69 80 Gênero (N=201) Feminino 89 (44,3) Masculino 112 (55,7) Unidade de internação no HSL As formulações das dietas enterais foram escolhidas de acordo com a afecção de base, situação diagnóstica atual e necessidades específicas de nutrientes. Em relação à forma de administração, os pacientes receberam a dieta enteral de forma cíclica em bomba de infusão, num período de 14 a 20 horas, dependendo da estabilidade clínica e intercorrências gastrointestinais. UCG 46 (22,9) UTI 76 (37,8) 3º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º ou 11º andares 41 (20,4) Semi-Intensiva 30 (14,9) UCC 8 (4) Diagnóstico nutricional Análise estatística Inicialmente, os dados foram tabulados em planilha Excel e, posteriormente, analisados por meio do pacote MedCalc, versão 11.3.3.0 (Mariakerke, Bélgica), utilizando-se tabelas de frequência absoluta e relativa, juntamente com resultados de medidas de tendência central (média e mediana), medidas de dispersão (desvio padrão) e intervalo. Comparou-se as variáveis categóricas pelo teste exato de Fisher ou pelo teste do Qui-quadrado, conforme apropriado. O p<0,005 foi considerado estatisticamente significante. Eutrofia 85 (42,3) Desnutrição 64 (31,8) Edema 13 (6,4) Obesidade 17 (8,5) Sobrepeso 22 (11) Tempo de internação, dias Intervalo Média±DP Mediana 2 a 770 63,11±107,67 38 N= número; DP = Desvio Padrão; UGC = Unidade Crítica Geral; UCC= Unidade Crítica Cardiológica RESULTADOS Foram avaliados 201 pacientes de ambos os gêneros durante período de internação, estendendo-se no máximo em 20 semanas de acompanhamento. Nem todos os pacientes completaram 20 semanas de nutrição enteral exclusiva, por motivos de alta hospitalar, suspensão da terapia nutricional ou óbito. A média de idade foi de 75,46 ± 16,69. A Tabela 1 mostra as principais características demográficas desses pacientes. Em relação à evolução nutricional, 58% mantiveram, 24% recuperaram e 18% dos pacientes pioraram o estado nutricional. Pode-se verificar que, com o passar do tempo, houve tendência para o aumento da porcentagem de pacientes com ingestão calórica e proteica dentro da faixa de adequação. A adequação da ingestão calórica e proteica pode ter possível associação com as semanas avaliadas. A partir da semana 8, o número de pacientes diminui de forma representativa, devido a alta, início de alimentação via oral e/ou parenteral e óbito - as demais semanas não foram utilizadas para essa análise. Nesse caso, não foi verificada associação estatisticamente significativa entre a porcentagem de adequação da ingestão calórica e proteica e o tempo, conforme a Tabela 2. A variável idade foi categorizada de acordo com a mediana e demonstrou associação estatisticamente significativa com a porcentagem de adequação da ingestão calórica e protéica após uma semana de nutriçao enteral, conforme Tabela 3. As demais variáveis mostradas nessa mesma tabela não mostraram associação estatisticamente significativa. Foram avaliados somente os pacientes que utilizaram nutrição enteral nas semanas 4 e 8 (N=30), levando-se em consideração que o número de pacientes após esse período diminuía de forma considerável, impossibilitando a análise estatística. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 221-5 223 Ruotolo F et al. adequação calórico-protéica foi de 76,5% e 81,2%, respectivamente. Na Unidade Crítica Cardiológica, Semi-Intensiva e demais Unidades de Internação, a média de porcentagem de adequação calórico-proteíca foi de 93,9 e 101,3%. Tabela 2 – Ingestão calórica e protéica adequadas de acordo com a semana. Semanas Adequada Valor ou N (%) Inadequada Valor ou N (%) 1 109 (54,2) 92 (45,8) 2 96 (50) 96 (50) 3 79 (45,2) 96 (54,8) 4 72 (41,8) 100 (58,1) 5 65 (39,1) 101 (60,8) 6 50 (40) 75 (60) 7 29 (87,9) 4 (12,1) 8 27 (90) 3 (10) p* DISCUSSÃO As paradas na infusão de dietas enterais são comuns na rotina hospitalar e partem de diversos motivos, previsíveis ou imprevisíveis. Contudo, essa atitude, dependendo das consequências que ela possa trazer, é motivo de grande preocupação e exige intervenções precoces, para se evitar complicações. 0,613 A literatura refere que os maiores motivos de pausa constatados são desde jejum para procedimentos (exames, cirurgias, repassagem de sondas) até intolerâncias, como náuseas, vômitos e distensão abdominal13. *Qui-quadrado para tendência. Foi possível verificar que não existe associação estatisticamente significativa entre as variáveis de porcentagem de ingestão calórica – mediana, Intervalo interquartil (IIQ), na semana 4, de 83,15% (76 - 96,5%) e, na semana 8, de 87,35% (80,4 - 94,2%), (p=0,482). Em relação à ingestão protéica, a mediana, Intervalo interquartil (IIQ), na semana 4, de 91,6% (71,6 - 100%) e, na semana 8, de 94,95% (84,4 - 100,8%), (p=0,284), de acordo com as semanas de nutrição enteral. No presente estudo, o motivo da não oferta observada em maior número na infusão de dieta enteral foi por piora clínica, diarreia e realização de exames. Ao analisar a porcentagem de adequação calóricoproteica de acordo com as Unidades de Internação, verificouse que a e média da porcentagem de adequação nas UTIs foi inferior à média em geral, atingindo 70,8% das calorias e 75,4% das proteínas. Na Unidade Crítica Geral, a média de Para manter e garantir o atendimento nutricional dos pacientes, é necessária a utilização de protocolos de assistência. A utilização de protocolos de nutrição enteral, levando-se em consideração a situação clínica do paciente, pode possibilitar que a infusão da TNE seja adequada para suprir as necessidades As adequações encontradas neste estudo (>70%) estão acima das relatadas em grande parte dos estudos sobre a monitorização da TNE14 e essa monitorização de sinais clínicos diretos e indiretos de tolerância, como avaliação de resíduo gástrico, distensão abdominal e diarreia, pode ser utilizada para a progressão ou não da oferta calórica8. Tabela 3 – Fatores possivelmente associados à adequação calórico-proteica dos pacientes nas semanas 1, 4 e 8. Semana 1 Fatores Adequada Inadequada Valor ou N (%) Valor ou N (%) Semana 4 p* Adequada Inadequada Valor ou N (%) Valor ou N (%) Semana 8 p* Adequada Inadequada Valor ou N (%) Valor ou N (%) p* Idade < 80 anos 41 (38,3) 55 (59,8) ≥ 80 anos 66 (61,7) 37 (40,2) Feminino 47 (43,1) 42 (45,6) Masculino 62 (56,9) 50 (54,4) 0,004 32 (45,1) 47 (47) 39 (54,9) 53 (53) 32 (44,4) 47 (47) 40 (55,6) 53 (53) 31 (43,1) 38 (38,8) 23 (31,9) 35 (35,7) 4 (5,5) 9 (9,2) 0,925 11 (40,7) 2 (66,7) 16 (59,3) 1 (33,3) 12 (44,4) 1 (33,3) 15 (55,6) 2 (66,7) 10 (37) 2 (66,7) 0,806 Sexo 0,828 0,860 0,806 Diagnóstico Nutricional Eutrofia 49 (45,4) 34 (37,3) Desnutrição 38 (35,2) 26 (28,6) Edema 3 (2,8) 10 (11) Obesidade 8 (7,4) 9 (9,9) 7 (9,7) Sobrepeso 10 (9,2) 12 (13,2) 7 (9,7) 0,108 10 (37) 0 3 (11,1) 0 8 (8,1) 1 (3,7) 1 (33,3) 8 (8,1) 3 (11,1) 0 *Qui-quadrado. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 221-5 224 0,861 0,205 Monitoramento da adequação calórico-proteica da terapia nutricional enteral exclusiva em pacientes internados em hospital privado da cidade de São Paulo energético proteicas dos pacientes. Por meio da conscientização da importância na recuperação e manutenção do estado nutricional, redução das taxas de mortalidade, diminuição do risco de infecções e melhora da resposta imunológica, é mister estudar as formas como esse protocolo pode ser otimizado15. Em um estudo realizado com 886 pacientes críticos sob ventilação mecânica, verificou-se que a nutrição ótima definida por metas de energia e proteína esteve associada à queda de cerca de 50% na mortalidade em 28 dias, enquanto a ingestão satisfatória apenas de calorias não se associou à redução de mortalidade16. CONCLUSÃO Pelos resultados obtidos, observou-se que a meta de 70% de infusão calórico-proteica foi atingida considerando-se o valor da média semanal dos pacientes, mas se ressalta a necessidade de intervenções imediatas, tendo em vista a suma importância do recebimento adequado de calorias, proteínas e, consequentemente, micronutrientes, evitando, dessa maneira, uma possível piora no quadro nutricional e clínico do paciente, com consequente aumento no período de internação e custo do tratamento. No presente estudo, notou-se que a meta nutricional foi menor, especialmente nas UTIs e Unidades Crítica Geral, em comparação às outras unidades de Internação, o que reforça a importância de um monitoramento maior para minimizar desfechos negativos. A utilização do protocolo de assistência em Terapia Nutricional Enteral é primordial, já que otimiza a terapia nutricional e melhora a saúde do paciente, com significativa redução no tempo de tratamento de doenças e diminuição de custos, pela aproximação da prescrição dietética às necessidades calóricoproteicas, melhorando, com isto, o aporte de calorias e proteínas recebidas pelos pacientes. Como ação de melhoria, foi revisada a meta do indicador para 80% das necessidades calórico-proteicas (ILSI, 2010)17 que atualmente vigora no serviço, o que demonstra maior preocupação em relação à oferta nutricional como fator adjuvante ao tratamento clínico. Além disso, realizou-se um acompanhamento mais criterioso, por meio de treinamento e orientações in loco. Ressalta-se a importância de toda equipe de assistência envolvida com o cuidado ao paciente e da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN), a qual assegura a viabilização e o seguimento do protocolo, com consequentes benefícios. REFERÊNCIAS 1.Teixeira ACC, Caruso L, Soriano FG. Terapia nutricional enteral em unidade de terapia intensiva: infusão versus necessidades. Rev Bras Ter Intensiva. 2006;18(4):331-7. 2.Waitzberg DL, Ravacci GR, Raslan M. Desnutrición hospitalaria. Nutr Hosp. 2011;26(2):254-64. 3.National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, Division of Nutrition Health and Physical Activity. Obesity at a Glance: Halting the Epidemic by Making Health Easier. Atlanta, GA: Centers for Disease Control; 2011 [Accessed Jan 4, 2012]. Available at: http://www.cdc.gov/chronicdisease/resources/ publications/aag/obesity.htm 4.National Alliance for Infusion Therapy and the American Society for Parenteral and Enteral Nutrition Public Policy Committee and Board of Directors. Disease-related malnutrition and enteral nutrition therapy: a significant problem with a cost-effective solution. Nutr Clin Pract. 2010;25(5):548-54. 5.Araújo-Junqueira L, De-Souza DA. Enteral nutrition therapy for critically ill adult patients; critical review and algorithm creation. Nutr Hosp. 2012;27(4):999-1008. 6.Klek S, Sierzega M, Szybinski P, Szczepanek K, Scislo L, Walewska E, et al. Perioperative nutrition in malnourished surgical cancer patients - a prospective, randomized, controlled clinical trial. Clin Nutr. 2011;30(6):708-13. 7.Siqueira-Batista R, Gomes AP, Velasco CMMO, Araújo JNV, Vitorino RR, Roque-Rinco UG, et al. Nutrição na sepse. Rev Bras Clin Med. 2012;10(5):420-6. 8.Petros S, Engelmann L. Enteral nutrition delivery and energy expenditure in medical intensive care patients. Clin Nutr. 2006;25(1):51-9. 9.McClave SA, Martindale RG, Vanek VW, McCarthy M, Roberts P, Taylor B, et al.; A.S.P.E.N. Board of Directors; American College of Critical Care Medicine; Society of Critical Care Medicine. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support Therapy in the Adult Critically Ill Patient: Society of Critical Care Medicine (SCCM) and American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.). JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2009;33(3):277-316. 10.Kreymann KG, Berger MM, Deutz NE, Hiesmayr M, Jolliet P, Kazandjiev G, et al.; DGEM (German Society for Nutritional Medicine), Ebner C, Hartl W, Heymann C, Spies C; ESPEN (European Society for Parenteral and Enteral Nutrition). ESPEN Guidelines on Enteral Nutrition: Intensive care. Clin Nutr. 2006;25(2):210-23. 11.World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of the WHO Consultation on Obesity. Geneva: World Health Organization; 1998. 12.Organização Pan-americana de saúde - OPAS. O Projeto SABE no Município de São Paulo: uma abordagem inicial [Acesso 20 Out 2011]. Disponível em: http://www.opas.org.br/sistema/arquivos/l_ saber.pdf 13.Fujino V, Nogueira LABNS. Terapia nutricional enteral em pacientes graves: revisão de literatura. Arq Ciênc Saúde. 2007;14(4):220-6. 14.Aranjues AL, Teixeira ACC, Soriano FG, Caruso L. Monitoração da terapia nutricional enteral em UTI: indicador de qualidade? Mundo Saúde. 2008;32(1):16-23. 15.Campos DJ, Silva AFF, Souza MH, Shieferdecker ME. Otimização do fornecimento calórico-protéico na terapia de nutrição enteral em unidade de terapia intensiva com o uso de protocolo. Rev Bras Nutr Clin. 2006;21(1):2-5. 16.Weijs PJ, Stapel SN, de Groot SD, Driessen RH, de Jong E, Girbes AR, et al. Optimal protein and energy nutrition decreases mortality in mechanically ventilated, critically ill patients: a prospective observational cohort study. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2012;36(1):60-8. 17.Força-Tarefa Nutrição Clínica ILSI Brasil. Indicadores de Qualidade em Terapia Nutricional: Aplicação e Resultados; 2010 [Acesso 13 ago 2012]. Disponível em: www.ilsi.org/brasil/documents/ relatorio_nutricao_2010.pdf Local de realização do trabalho: Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 221-5 225