40 Anais da XXII Semana de Geografia da FAFIPA - 02 a 06 setembro de 2013 “Ensino e Geografia” ____________________________________________________________ UMA REVISÃO SOBRE A COLONIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PARANAVAÍ - PR Angela Magalhães Ferrari Acadêmica – Geografia - UNESPAR/Fafipa ferrarimagalhã[email protected] Jéssica Oliveira Acadêmica – Geografia - UNESPAR/Fafipa [email protected] Vanda Maria Silva Kramer (orientadora) Profa. Dra. Col. Geografia - UNESPAR/Fafipa [email protected] INTRODUÇÃO O município de Paranavaí, noroeste do Paraná, tem grande parcela da sua economia baseada no agronegócio e desde a predominância das lavouras de café organizadas em pequenas propriedades, que o zoneamento rural obedece a um modelo agrário. Este modelo remonta da chegada das companhias colonizadoras, que ocuparam áreas de vários municípios do norte e noroeste do Estado criado no início do século XX. O objetivo deste trabalho é realizar uma análise da ocupação do espaço durante a colonização da região de Paranavaí, baseados em fontes literárias e dados históricos. METODOLOGIA Os procedimentos que permitiram a realização desta pesquisa foram baseados em pesquisa bibliográfica sobre o contexto histórico do município de Paranavaí, baseando-se em duas obras clássicas, sendo a _________________________________________________________________ Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR - Campus Paranavaí 41 Anais da XXII Semana de Geografia da FAFIPA - 02 a 06 setembro de 2013 “Ensino e Geografia” ____________________________________________________________ História de Paranavaí: Um Estudo de Caso, de autoria de José Carlos Alcântara e História de Paranavaí, de Paulo Marcelo Soares da Silva. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com Alcântara, o planejamento para a colonização do noroeste do estado do Paraná deu-se no final do século XIX. A história da colonização inicia-se na fase da titulação de terras do noroeste do Paraná. Através do Decreto n° 10.432, de novembro de 1889, do governo imperial, baseado no decreto n° 816 de 10 de julho de 1855. Permitindo que o Dr. João Teixeira Soares utilizasse as estradas de ferro por 90 anos, recebendo sem custos terras devolutas nacionais e uma faixa de terra ao lado da via férrea, afim que o mesmo construísse uma estrada de ferro ligando Itararé-SP a Santa Maria-RS, para ligar as províncias do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná aos centros econômicos mais desenvolvidos do país, tais como São Paulo e Rio de Janeiro. Contudo às terras devolutas deveriam ser colonizadas no prazo de 50 anos, sob pena de perda das mesmas. O Dr. José Teixeira Soares fez algumas transferências da concessão das terras devolutas do Governo do Paraná e a concessão passou para a Companhia Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande (CEFSPRG) controlada pela Brazil Railway Company. Estas medidas foram tomadas pois o governo não tinha recursos para construir ferrovias sendo comum a concessão de grandes áreas de terras na forma de pagamento. Em seguida surgiu a Companhia Brasileira de Viação e Comércio (BRAVIACO), como sucessora da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande, assumiu os direitos da concessão de terras pertencentes a CEFSPRG, que passou a demarcar as terras e promover a povoação e _________________________________________________________________ Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR - Campus Paranavaí 42 Anais da XXII Semana de Geografia da FAFIPA - 02 a 06 setembro de 2013 “Ensino e Geografia” ____________________________________________________________ colonização das mesmas. Onde todos os direitos e deveres estavam vinculados à construção do ramal Guarapuava e arredores. COLONIZAÇÃO DE PARANAVAÍ Através do projeto de colonização oficial do Governo do Estado do Paraná a partir de 1931, iniciou-se a colonização do município de Paranavaí. A agricultura era de subsistência, em pequenas propriedades nas quais a economia principal era a produção de café, algodão e milho. Os colonos eram de maioria nordestinos, que cuidavam das lavouras de café e eram impedidos de abandonarem o local pelos jagunços da Fazenda Brasileira. A partir de 1925 a BRAVIACO começou a colonização da “Gleba Pirapó”, conhecida como Fazenda Brasileira, onde ocorreram muitos conflitos sociais. Atualmente sua parte central é o perímetro urbano da cidade de Paranavaí. Em homenagem ao Padre Jesuíta Antonio Ruiz Montoya que catequizou os índios da localidade, a região foi batizada como Montoya. De acordo com Alcântara, a Fazenda Brasileira estava isolada do restante do estado, onde o acesso era difícil e realizado por picadas no mato, a comunicação com o restante do Paraná era realizada pela cidade de Presidente Prudente, por meio do trem até o município de Ourinhos e seguindo de cavalo até Tibagi. A região estava se desenvolvendo. A população era de aproximadamente 6.000 habitantes e 1.400 famílias. Segundo o mesmo autor, em 1930 o Governo Federal retomou a concessão de terras, na Gestão de Getúlio Vargas, com atos revolucionários que visavam cancelar todas as concessões de terras a _________________________________________________________________ Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR - Campus Paranavaí 43 Anais da XXII Semana de Geografia da FAFIPA - 02 a 06 setembro de 2013 “Ensino e Geografia” ____________________________________________________________ empresas estrangeiras, pois o pr incip al obje t ivo e ra o pr o ce sso de o cu pa çã o e po vo a m e nt o d as á re a s. Consequentemente todos os atos decorrentes do contrato foram anulados. Em 1934 este Decreto transferiu ao domínio do Estado 748.100 hectares de terras devolutas, pertence às antigas concessões. A Companhia BRAVIACO recorreu ao Supremo Tribunal Federal da decisão, que manteve a sentença. Em consequência destes atos, a Fazenda Brasileira foi sendo abandonada e após 1932, desocupada, quando esteve na mesma o Tenente Coronel Palmiro, da Polícia Militar do Estado do Paraná e com ele se retirou Landulfo Alves de Almeida, diretor da BRAVIACO. Houve uma debandada geral, casa e ranchos foram quase todos destruídos e incendiados. Decadência total, casas invadidas pelo mato e plantações perdidas. (ALCANTARA,1988, p. 38) Posteriormente o General Mario Tourinho assinou o Decreto n° 800, de 08 de abril de 1931, a fim de findar os problemas com a colonização, através de título de venda das terras devolutas, estipulando em no máximo 200 hectares. De toda a população da Fazenda Brasileira, após a anulação do contrato, permaneceram na região apenas quatro famílias e três peões, aproveitando-se das instalações e plantações abandonadas, na condição de posseiras das terras ocupadas. Conforme Silva, o Tenente Telmo Ribeiro, foi uma figura importantíssima para a colonização de nossa região, vindo morar em Paranavaí no ano de 1938, foi incumbido pelo Interventor Manoel Ribas de refazer a picada que ligava a Fazenda Brasileira à Rolândia no Paraná, concluída em 1939. Então foi contratado para abrir a estrada de Porto São José à Maringá inaugurada em 1941. Após sua inauguração, esta estrada foi marco inicial do povoamento da vasta região que vai desde a divisa com terras da Companhia de Terras do Norte do Paraná, até o rio Paraná, entre o rio Paranapanema e lvaí, como disse Ulisses Faria Bandeira, Região denominada Paranavaí. _________________________________________________________________ Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR - Campus Paranavaí 44 Anais da XXII Semana de Geografia da FAFIPA - 02 a 06 setembro de 2013 “Ensino e Geografia” ____________________________________________________________ Posteriormente a colonização da região deu-se de maneira rápida, embora este período seja marcado pela tentativa de grilagem e conflitos sangrentos pela posse de terras. Com a contribuição da iniciativa privada de figuras como o engenheiro Francisco Beltrão, Carlos Antônio Franchello, fundador de Querência do Norte e Enio Pepino, fundador de Terra Rica, para colonizar a área do Gleba em 1946, mostrando que a região não era formada somente de terras devolutas. Paranavaí deixou de ser colônia e tornou-se Distrito de Mandaguari em 1947, atingindo 25.520 habitantes cerca de três anos depois. Sendo elevado a Município, em 14 de dezembro de 1951 e fundada através da Lei Estadual n° 790 do mesmo ano, desmembrando-se do Município de Mandaguari. Após dois anos foi elevada a categoria de Comarca pela Lei n° 1542, de dezembro de 1953, instalando-se em 1 de março de 1954. Tendo pertencido anteriormente aos Municípios de Tibagi, Londrina, Rolândia, Apucarana e Mandaguari. A partir de 1970 houve um estímulo governamental para a erradicação dos cafezais o que acarretou a concentração fundiária, a implantação da pecuária extensiva, e a modernização agrícola. Estes processos ocasionaram as migrações internas com esvaziamento do campo e o inchaço populacional na área urbana, onde a população foi submetida aos processos de exploração capitalista. Comprometendo a biodiversidade da localidade, expondo a região à redução da cobertura florestal que atrelada ao uso inadequado dos solos causaram um aumento dos processos erosivos no município, reduzindo a fertilidade dos solos agrícolas, e poluindo e assoreando os cursos d’água. Entre 1960 e 1970, com as drásticas mudanças na agricultura ocorreu à primeira concentração de população urbana. A partir deste momento o processo de urbanização foi crescente (Tabela 1). _________________________________________________________________ Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR - Campus Paranavaí 45 Anais da XXII Semana de Geografia da FAFIPA - 02 a 06 setembro de 2013 “Ensino e Geografia” ____________________________________________________________ Tabela 1: Evolução da população de Paranavaí. Censo Habitantes Zona Urbana Zona Urbana % Zona Rural 1930 6.000 1941 50 500 1944 1950 25.520 1.874 1960 63.189 25.028 1970 57.387 39.309 1980 65.290 54.666 1991 71.052 64.354 2000 75.663 70.245 2010 81.595 77.733 Fonte: IBGE – Censo Demográfico 7,3 39,6 68,5 87,7 90,57 92,84 95,27 Zona Rural % 23,646 38.161 18,078 10.624 6.698 5.418 3.862 92,7 60,4 31,5 16,3 9,43 7,16 4,73 C O NS I D E R AÇ Õ E S F I N AI S Fo i o a g ro n e g ó c io e a d i v e r s i f i c a ç ã o d e c u l t u ra s q u e f a c i l it o u o desenvolvimento regional, promoveu o êxodo rural vindo a alterar o crescimento demográfico e com este a concentração de população em área urbana. REFERÊNCIAS ALCÂNTARA, José Carlos. História de Paranavaí: um estudo de caso. Paranavaí, 1988. SILVA, Paulo Marcelo Soares da. História de Paranavaí. Paranavaí: Prefeitura Municipal, 1988. _________________________________________________________________ Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR - Campus Paranavaí