processos erosivos do solo na região noroeste do paraná

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Anais da XXII Semana de Geografia da FAFIPA - 02 a 06 setembro de 2013
“Ensino e Geografia”
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PROCESSOS EROSIVOS DO SOLO NA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ: UM
ESTUDO DE CASO
Carlos Eduardo Maronez Ganzaroli
Acadêmico 3o Geografia – UNESPAR/Fafipa
[email protected]
Fernanda Perdigão da Fonseca Toniol (orientadora)
Profa. Me. Col. Geografia - UNESPAR/Fafipa
[email protected]
INTRODUÇÃO
Ao decorrer de muito tempo, pesquisadores promovem estudos, para buscar
alcançar o melhor entendimento do processo de formação das ravinas e voçorocas e
os fatores que sobre elas exercem influência.
A formação das ravinas pode ser considerada como um estágio já avançado do
processo erosivo do solo, apresentando feições com profundidade maior que 0,5
metros, que diferenciam-se dos sulcos por não serem “apagadas”pelas operações
normais de preparo do solo. Em geral, ocorrem quando a água do escoamento
superficial escava o solo atingindo seus horizontes inferiores e, em seguida, a rocha.
Além disso, podem também ocorrer movimentos de massa devido ao abatimento de
suas encostas.
É possível compreender a formação de ravinas, em solos arenosos, levando
em consideração que existem limites para a formação da mesma, estabelecendo
parâmetros como a declividade de dois ou três graus, e ainda relacionando a esses
limites fatores como as características hidráulicas de fluxo de água, as formações de
poças e a baixa resistência do cisalhamento decorrente.
Já as voçorocas, se instalam em vertentes sobre o manto intempérico,
sedimentos ou rochas sedimentares pouco consolidadas. O fundo é coberto por
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material desagregado, onde aflora o lençol freático. Originam-se de sulcos gerados
pela erosão linear. Mas, enquanto os sulcos ou ravinas são formados pela ação
erosiva do escoamento superficial concentrado em linhas, as voçorocas são geradas
pela ação da água subterrânea. A ampliação de sulcos pela erosão superficial forma
vales fluviais, em forma de V, com vertentes inclinadas e fundo estreito. A partir do
momento em que um sulco deixa de evoluir pela erosão fluvial e o afloramento do
nível freático inicia o processo de erosão na base das vertentes, instala-se o
voçorocamento. A erosão provocada pelo afloramento do fluxo de água subterrânea
tende a solapar a base das paredes, carregando material em profundidade e
formando vazios no interior do solo. A evolução de sulcos de drenagem para
voçorocas normalmente é causada pela alteração das condições ambientais do
local, principalmente pela retirada da cobertura vegetal, sendo quase sempre
consequência da intervenção humana sobre a dinâmica da paisagem.
É considerada uma das formas mais complexas e destrutivas do quadro
evolutivo da erosão linear. O inadequado uso do solo é considerado fator principal e
decisivo no surgimento das voçorocas. São formas erosivas de difícil controle.
Presentes na região Noroeste do Paraná temos predominância de solos
tipicamente arenosos, oriundos da Formação Arenito Caiuá, uma camada de origem
eólica e fluvial que se depositou sobre o derrame de trapp e deu origem a solos com
baixo teor de argila, com baixa ocorrência de metais pesados e textura arenosa.
Os solos da região apresentam assim como características predominantes,
grande porosidade, muita facilidade de infiltração e percolação de água, o que torna
o processo de retirada de nutrientes mais significativo. Esta perda de nutrientes,
decorrente da retirada de matéria orgânica da camada superficial do solo propicia o
processo erosivo, inclusive de ravinamento e voçorocas, e,conforme destaca
IPARDES (2004), prejudica o potencial agrossilvopastoril destes solos que passam a
apresentar alta susceptibilidade erosiva, necessitando de práticas conservacionistas
adequadas.
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A partir de observações e mensurações realizadas na área de estudo,
localizada no município de Guairaçá, na região Noroeste do Estado do Paraná, o
qual apresenta solos tipicamente arenosos, foi possível compreender e caracterizar
o processo de desenvolvimento das ravinas e voçorocas ali encontradas, bem como
suas conexões com outros processos erosivos existentes.
METODOLOGIA
Em um primeiro momento do trabalho foi realizada uma revisão do referencial
bibliográfico a partir do tema proposto, bem como sobre aspectos específicos
relacionados a área de estudo.
Numa fase posterior, já consistindo na etapa empírica do trabalho, foi realizado
o monitoramento da área de estudo, durante um período de aproximadamente
cinquenta dias, baseado nos métodos propostos por Antonio José Teixeira Guerra
(2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Obedecendo ao método de pesquisa indicado, a área a ser estudada foi
monitorada por um período médio de cinquenta dias, sendo realizadas duas visitas
semanais para a realização de observação dos níveis de degradação do solo e
quais os possíveis fatores causais relacionados.
É relevante destacar que no decorrer da pesquisa, houve um período
relativamente longo de estiagem na região, não ocorrendo, portanto eventos de
precipitação, os quais consistem em um dos fatores intempéricos de maior influência
na formação de processos erosivos do solo.
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Foi ainda constatado que o fator vento, promovendo o que se entende por
erosão eólica, não exerceu grande influência no que tange a degradação do solo,
visto que, no local verifica-se a plantação de muitas árvores que funcionavam como
uma barreira contra o vento, impedindo que este influenciasse diretamente com
grande intensidade nas as áreas de ravinamento e voçorocas. Em contrapartida, foi
constatado que estas árvores acabavam contribuindo de forma significativa para o
aumento do processo de ravinamento já instaurado, já que, dadas as características
do solo bastante arenoso e com facilidade de desagregação de suas partículas, o
peso dessas plantas ocasionava rachaduras no solo, e com a ajuda do vento e das
chuvas essas arvores acabavam sendo arrastadas para dentro da voçoroca
existente promovendo desmoronamento das encostas. Além das arvores, a
presença intensa de animais como bovinos e equinos, ocasionava um grande
pisoteio na área, o que também influenciava no desbarrancamento das encostas.
Foi ainda verificado que as folhas que se depositavam na superfície do solo, e
que serviam como grande fonte de cobertura vegetal e matéria orgânica eram
arrastadas pelo vento, e assim, com a retirada desta cobertura, o solo ficava mais
exposto à ação de ventos, chuvas, raios solares, altas temperaturas, que destroem a
estrutura do solo, facilitando sua erosão.
Durante o período de realização do monitoramento o fator erosivo mais
esperado, que era a chuva, acabou acontecendo, mas não com a intensidade
esperada. Devido ao longo tempo de estiagem, o solo se apresentava muito seco,
portanto, a precipitação ocorrida, que foi de cerca de 35 mm, e logo após sete dias
outra precipitação de 55mm, seguida de chuvas calmas e distribuídas ao longo do
dia, não ocasionaram grandes impactos no experimento, já que o solo conseguiu
absorver toda a chuva, sem causar enxurradas. As estacas instaladas com 3 metros
do barranco, não foram levadas pela chuva, e retomando as medições após a
chuva, a parte oeste da voçoroca, que está representada na Figura 01, apresentou
pouco desmoronamento,ou seja, de até 40 cm por ponto marcado.
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Esse resultado pode estar relacionado ao fato de que esta área possui uma
maior densidade vegetal recobrindo grande parte da superfície do solo, minimizando
assim o impacto da água neste solo.
Já o lado leste da Figura 01, apresenta a área ocupada por eucalipto, que
segundo o proprietário da área foi plantado a aproximadamente um ano atrás,
portanto são plantas novas, e a cobertura vegetal desta área não é densa,
facilitando assim a ação das chuvas no processo erosivo. Assim, as estacas
colocadas do lado leste da voçoroca, apresentaram maior desmoronamento,
chegando até a dois metros em alguns pontos. Também relacionado com a ação
erosiva da chuva, contatou-se o transporte de sedimentos do leito da voçoroca,
aumentando sua profundidade em até um metro.
Figura 01 – Esquema representativo da área de estudo
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme analisado, percebe-se que há uma grande vulnerabilidade do solo da
referida área de estudo, com fácil capacidade de desagregação de suas partículas,
facilitando o processo erosivo que é ainda influenciado pelo relevo local e pelos
agentes intempéricos atuantes, que constituem-se em fatores limitantes para o
tempo de formação de uma ravina.
As medidas a serem tomadas para contenção da formação de ravinas e
voçorocas devem ser preventivas, visto que, dada sua ocorrência, e levando em
consideração suas dimensões, as medidas a serem tomadas podem se tornar
inviáveis para sua contenção.
REFERÊNCIAS
FONSECA, Fernanda Perdigão da. O projeto “Arenito Nova Fronteira” e o
avanço das lavouras temporárias nas terras de pasto. 2006. 188 f. Dissertação
(Mestrado em Geografia), Universidade Estadual do Paraná, Maringá. 2006.
GUERRA, A.J.T. Processos Erosivos nas Encostas. In: (Orgs.). S.B. CUNHA, S. B.;
GUERRA, A.J.T. Geomorfologia - Exercícios, Técnicas e Aplicações. 2. ed. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, p.139-155
IPARDES. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Leituras
regionais: Mesorregião Geográfica Noroeste Paranaense. Curitiba: IPARDES:
BRDE, 2004. CD-ROM.
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