formas de transmissão do conhecimento da cultura e língua

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FORMAS DE TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO DA CULTURA E
LÍNGUA ARMÊNIAS DE GERAÇÃO A GERAÇÃO, ENTRE
DESCENDENTES ARMÊNIOS RESIDENTES NA CIDADE DE SÃO PAULO
Fernando Januário Pimenta
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, SP
Objetivos
Estudar a manutenção da identidade
cultural do povo armênio em diferentes
gerações de descendentes, na cidade de São
Paulo. Perscrutar, assim, o que esses jovens,
adultos e idosos pensam sobre a futura
transmissão desse conhecimento da própria
cultura e língua maternas. Se mantém-se-lhes
vivo o interesse em passar aos membros mais
novos de suas famílias o que sabem de sua
história. Relaciona-se um objetivo secundário,
que é sondar a opinião desses descendentes
sobre a questão do Genocídio Armênio e como
– isto é, se – esse fato ainda afeta a própria
noção de identidade armênia.
Métodos/Procedimentos
O livro Um Genocídio em Julgamento revela o
processo, que resultou em absolvição, de
Salomon Teilirian, assassino confesso do exministro turco Talaat Paxá, e auxilia na
descrição do genocídio e da diáspora, em
conjunto com os livros Massacre de Armênios,
de Nubar Kerimian, e Passagem Para Ararat,
de Michael J. Arlen, este último focando em
muito da cultura e história armênias. Esta
pesquisa também utiliza obras teóricas de
identidade cultural, do genocídio, e da diáspora
armênia no Brasil. Foram realizadas 15
entrevistas, conduzidas oral e presencialmente,
com gravador, transcritas e analisadas pelo
presente pesquisador. Foi feita seleção de
informantes de ambos os sexos e de diferentes
gerações.
Resultados
Constatou-se, por meio das entrevistas,
acentuadas diferenças entre as famílias, no
que tange à conservação do imagético
identitário armênio e a importância que essas
famílias lhe dão. As marcadas diferenças entre
as
gerações
mostram-se
essenciais.
Apresentou-se também o quadro de uma
comunidade relativamente "fechada", isto é,
circunscrita a seus membros étnicos. Ela hoje
tem em seu círculo mais assíduo os membros
mais idosos, quando, no passado, o que se via
era a ativa participação dos jovens e adultos
armênios
recém-chegados
ao
Brasil,
organizando e manejando a comunidade. Hoje,
depara-se com a reduzida participação e
mesmo quase total distanciamento de grande
parte dos jovens e adultos.
Conclusões
A identidade cultural dos membros de uma
comunidade sofre transformações de magna
importância com o passar das gerações.
Porção majoritária dos primeiros a chegarem
ao Brasil mostrava-se resoluta em que os
armênios casassem-se somente entre si, mas
nas gerações seguintes isso não se manteve e
é baixa a incidência de casamentos de armênio
com armênio, passados cerca de 98 anos das
grandes levas de imigrantes que aqui
começaram a aportar. O resgate da identidade
nacional de seus antepassados pode ocorrer
ou não pelas gerações jovens; o que se vê, em
última instância, é um passado familiar que só
adquire importância e significado a partir de
uma decisão intransferível e individual de cada
informante,
independentemente
do
zelo
coletivo de seus antepassados para a
manutenção da memória de seu povo.
Referências Bibliográficas
GRÜN, Roberto (1992). Negócios & Famílias:
Armênios em São Paulo. São Paulo, Editora
Sumaré.
PINHEIRO, P. S. (1994). Um genocídio em
julgamento: O processo Talaat Paxá na
República de Weimar. Rio de Janeiro, Paz e
Terra. Tradução de Erlon Paschoal, prefácio de
Paulo Sérgio Pinheiro.HALL, Stuart (2006). A
identidade cultural na pós-modernidade. Rio
de
Janeiro.
DP&A
Ed.,
11ª
ed.
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