CRIAÇÃO DAS IDEIAS: ORDEM OU CAOS? (1) Bruna de Souza Souza(2), Gabriel Sausen Feil(3) (1) Trabalho executado no Grupo de Pesquisa T3XTO, coordenado pelo Dr. Gabriel Sausen Feil na Universidade Federal do Pampa, Campus São Borja - RS. (2) Estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA; São Borja, Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected] (3) Dr. Gabriel Sausen Feil; Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA; São Borja. Palavras-Chave: Deleuze; Guattari; Ordem; Caos. INTRODUÇÃO A todo momento estamos expondo ideais, opiniões, pensamentos, etc. Na maioria das vezes, ao nos depararmos com o momento de construção/formação de uma ideia, o fazemos de maneira automatizada, optando quase sempre pelo já elaborado. Isso pode ocorrer por não termos o conhecimento de outra possibilidade de construção, onde sempre foi indicado o pensamento pronto, então por qual razão não utilizá-lo? Diante tal pensamento nossa pesquisa faz-se pertinente e necessária em função de acreditar que com a conscientização, ou ao menos possibilidade de visualização de outro movimento no processo de construção das ideias, podemos nos tornar mais ativos e presentes em nossas construções comunicacionais. E assim usarmos esse outro possível movimento de construção a nosso favor para explorarmos novas criações e descansarmos das ideias já postas. Tendo isso em mente esta pesquisa aborda o conceito de ordem e caos que foram articulados por Gilles Deleuze e Félix Guattari (1992) no capítulo conclusão “Do caos ao Cérebro”, da obra intitulada O que é filosofia?. Como objetivo fundamental e gerador desta pesquisa, nos colocamos a compreender como se dá o processo da ordem e do caos no que diz respeito a criação e captura das ideias. METODOLOGIA Para contemplar nosso objetivo de compreender como se dá o processo da ordem e do caos no que diz respeito a criação e captura das ideias, bebemos de Gilles Deleuze e Félix Guattari (1992) no capítulo conclusão “Do caos ao Cérebro”, do livro intitulado O que é a filosofia?, para nos aproximar dos conceitos ordem e caos, articulados pelos dois autores. Com isso o percurso metodológico que perpassa nosso trabalho está embasado na pesquisa bibliográfica, visto que abordamos conceitos encontrados na obra de Deleuze e Guattari, O que é filosofia? (1992). A pesquisa bibliográfica, pelo estilo deste trabalho, ocorre durante todo o processo de pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÃO A busca por opiniões prontas ocorre para evitar o devaneio no universo infinito de possibilidades, com elas estabelecemos um plano, uma referência, uma lógica, onde tudo deve passar e basear-se por esta, ou a partir desta. Esse plano de referência é o que permite a impressão de comunicação inteligível, compreensiva e viável, onde o A refere-se ao A e não ao B, tudo isso determinado, formatado e aplicado nos indivíduos, para que nenhum deles precise questionar a razão de A ser A e não por vezes B. Com essas referências estabelecidas, não precisamos ficar em devaneios compondo nosso entendimento de A. Para evitar esse delírio, utilizamos do viés já estabelecido para isso, e assim podemos passar para as outras letras sem questioná-las ou precisar compreendê-las no ínfimo, contentando-se cada vez mais com o pronto. Essa ordem nas ideias ocorre justamente por tudo ao redor ter predominância de ordem, a busca por ela está em tudo, inclusive na bandeira brasileira: “Ordem e Progresso”. Essa ordem é o nosso anticaos (lembrando que se trata apenas de um esforço, pois o anti caos ainda é caos), como um remédio que precisamos tomar todo o dia para evitar a loucura. Com esse remédio aceitamos a ordem estabelecida, e assim fazemos parte dela e ela de nós. Com a medicação em dia, nosso pensamento compreenderá e concordará com a ordem estabelecida, assim facilitando o entendimento do entorno. O entendimento, ao ver ou pensar determinado objeto, será o mesmo daqui a dez anos (ao menos em termos representacionais/referenciais). Esse entendimento é o que irá garantir a eficácia da medicação, que não deixará romper com a ordem estabelecida. Uma vez essa comunicação definida, essa será o ponto de referência para seu corpo perante as demais situações semelhantes, o pensamento sempre irá buscar o Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa entendimento padronizado para tê-lo como resposta. De acordo com Deleuze e Guattari (1992), o caos é o que faz com que nossas ideias caiam em um universo infinito, de modo que ora são uma coisa ora são outra. Essa constante mutação das ideias faz com que recebamos apenas relâmpagos do pensamento primário, visto que nossas ideias perdem o molde, o contorno, a linha guia que nos permite puxá-la para o externo, para a concretização do pensamento. Nesse caos não há regras, não há conduta, apenas livre fluxo, um fluxo rizomático sem início e fim. Nesse fluxo não sabemos nada de ordem, nem o que precede o que, modo que a ordem reprime, por quebrar e permitir qualquer via, acesso ou possibilidade. No caos nada se perde, tudo se dissolve e renova-se, fazendo do cérebro um ponto de mutação constante. O conhecimento não se estabelece como no modelo arborizado e sim como um modelo rizomático, onde seus fluxos interconectam-se de modo indissociável. Não há como apontar um único caminho, um processo linear para a construção dos saberes. Isso ocorre por meio das várias afetações, provocadas constantemente em nossas interações com o mundo. O caos está escondido pela facilidade da geração de opiniões, mas ele tornasse mais sensível se considerarmos os processos criadores e contemplações que ele proporciona, ser afetado pelo caos é ser provocado a movimentações. CONCLUSÕES Mesmo com a paz estabelecida entre as coisas e o pensamento com a ajuda da ordem, há quem prefira o caos ao pacífico. Nisso contamos com a arte, a ciência e a filosofia, que traçam seus planos sobre o caos, para enxergar o desconhecido e perderem-se no infinito com o intuito de recortar um pedaço desse fluxo rizomático para conservar o instante. É isso que a filosofia, ciência e arte querem e também esperam de nós, que possamos ir de encontro ao caos, na busca pelo desconhecido, para assim deixar de lado as opiniões prontas que constantemente são embutidas para o estabelecimento da ordem nos pensamentos. Que o encontro com o caos permita experiências e intensidades, e não o que um pensamento de segunda mão (o já pensando do pensamento) julga ter. Pois com a padronização de pensamento, opinião, a ordem é o que irá nos proteger dessa conversa com o caos. Uma vez utilizada as opiniões prontas, não há questionamentos, nem embate com o caos. REFERÊNCIAS a. Livro: DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Fêlix. O que é a filosofia?. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa