Da Alquimia à Química Antes de o oceano existir, ou a Terra, ou o firmamento , A natureza era toda igual, sem forma, Caos era chamada, Com a matéria bruta, inerte, átomos discordantes Guerreando em total confusão: Não existia o Sol para iluminar o universo; Não existia a Lua, com seus crescentes que lentamente se preenchem; Nenhuma Terra se equilibrava no ar. Nenhum mar se expandia na beira de longínquas praias. Terra sem dúvida, existia, e ar e oceano também, Mas terra onde nenhum homem pode andar, e água onde Nenhum homem pode nadar, e ar que nenhum homem pode respirar; Ar sem luz, substância em constante mudança, Sempre em guerra: No mesmo corpo, quente lutava contra frio, Molhado contra seco, duro contra macio. O que era pesado coexistia com o que era leve. Até que Deus, ou a Natureza generosa, Resolveu todas as disputas, e separou o Céu da Terra, a água da terra firme, o ar Da estratosfera mais elevada, uma liberação. E as coisas evoluíram, achando seus lugares a partir Da cega confusão inicial. O fogo, esse elemento etéreo, Ocupou seu lugar no firmamento, Sobre o ar; sob ambos, a terra. Com suas proporções mais grosseiras, afundou; e a água Se colocou acima, e em torno, da terra. Esse Deus, que do Caos Trouxe ordem ao universo, dando-lhe Divisão, subdivisão, quem quer que ele seja, Ele moldou a Terra na forma de um grande globo, Simétrica em todos os lados, e fez com que as águas se Espalhassem e elevassem, sob a ação dos ventos uivantes [...] (trecho de Metamorfose, de Ovídio(43 a.C.- d.C.), em Marcelo Gleiser, A dança do universo – Dos mitos de criação ao Big-Bang, São Paulo, Companhia das Letras, 1997, p.32)