Marcelo Jannarelli Urquiza VMI na Cadeia de Suprimentos de Materiais de Construção Brasileira: Considerações sobre o Relativo Atraso na sua Utilização pelo Setor São Paulo 2003 VMI na Cadeia de Suprimentos de Materiais de Construção Brasileira: Considerações sobre o Relativo Atraso na sua Utilização pelo Setor Banca Examinadora: Prof. Orientador Dr. Henrique Luiz Correa Prof. Dr. João Mário Csillag Prof. Dr. Rogério Profeta FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO MARCELO JANNARELLI URQUIZA Engenheiro Civil VMI na Cadeia de Suprimentos de Materiais de Construção Brasileira: Considerações sobre o Relativo Atraso na sua Utilização pelo Setor Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração da FGV/EAESP, como requisito para obtenção do título de mestre em Administração. Orientador: Prof. Henrique Luiz Corrêa São Paulo 2003 URQUIZA, Marcelo Jannarelli. VMI na cadeia de suprimentos de materiais de construção brasileira: considerações sobre o relativo atraso na sua utilização pelo setor. São Paulo: EAESP/FGV, 2003. 133pág. (Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração da EAESP/FGV). Resumo: Mostra a importância que a gestão das cadeias de suprimentos tem alcançado nos meios acadêmicos e empresariais. Expõe os conceitos teóricos da gestão tradicional de estoques e do VMI. Explica como está estruturada a cadeia de suprimentos de materiais de construção no Brasil e estuda a utilização do VMI no setor. Estuda um caso de aplicação de VMI no setor varejista de materiais de construção. Palavras-Chaves: Cadeia de Suprimentos; Administração da Cadeia de Suprimentos; Gestão de Estoques, VMI; Cadeia de suprimentos de materiais de construção civil. À minha esposa Adriana e meus filhos João Pedro e Felipe. AGRADECIMENTOS Ao Professor e Orientador Henrique Luiz Corrêa por inspirar o tema, por colocar-me no rumo certo quando minhas pretensões para este trabalho estavam seguindo desordenadamente e por desafiar-me a ser Autor deste trabalho com letra maiúscula. Aos Srs. João Mário Csillag e Rogério Profeta por participarem da banca examinadora. A todas as empresas e seus funcionários, que dedicaram seu tempo e sua atenção, recursos cada vez mais escassos no mundo empresarial, para me ajudar neste trabalho. A todos os colegas do MPA pela amizade, companheirismo e sabedoria. O MPA não seria tão valioso sem vocês. A meu avô Arceus Jannarelli, o Juca, que, depois de tanto apoio, teve que partir e não pode ver o neto Mestre. A meus pais, Elizabette e Wanderley por sempre acreditarem em mim, por sabiamente incentivarem e apoiarem minhas decisões e por todo amor e carinho que só os pais têm pelos filhos. Finalmente a minha esposa Adriana e meus filhos João Pedro e Felipe que foram forçados a privar-se da minha presença em muitos momentos durante os últimos anos. Nosso amor nunca faltou para amenizar a distância. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS 2 LISTA DE TABELAS 3 LISTA DE QUADROS 4 1- 5 OBJETIVOS 1.11.2- 2- INTRODUÇÃO 2.12.22.3- 3- 5- 6- 56 OBJETIVOS E A METODOLOGIA ADEQUADA ............................................................................. 56 O INSTRUMENTO DE PESQUISA ............................................................................................... 58 O TRATAMENTO DOS DADOS .................................................................................................. 61 VMI NA CADEIA DE SUPRIMENTOS DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO NO BRASIL 63 6.16.26.36.3.16.3.26.3.36.3.46.3.56.3.6- 7- 52 RESULTADOS POSITIVOS ........................................................................................................ 52 METODOLOGIA 5.15.25.3- 17 CONCEITOS DE GESTÃO DE ESTOQUES .................................................................................... 17 A GESTÃO TRADICIONAL DE ESTOQUES ................................................................................. 20 MODELOS DE GESTÃO DE ESTOQUES DE ITENS COM DEMANDA CONSTANTE .............................. 20 MODELOS DE GESTÃO DE ESTOQUES DE ITENS COM DEMANDA VARIÁVEL ................................ 30 OUTROS MODELOS DE GESTÃO DE ESTOQUES ......................................................................... 31 A REPOSIÇÃO CONTÍNUA ...................................................................................................... 32 VMI - VENDOR MANAGED INVENTORY (ESTOQUE GERIDO PELO FORNECEDOR)......................... 33 BENEFÍCIOS........................................................................................................................... 47 ARMADILHAS ........................................................................................................................ 49 A IMPORTÂNCIA DO RELACIONAMENTO CLIENTE X FORNECEDOR ............................................ 50 OS RESULTADOS RECENTES 4.1- 7 AS CADEIAS DE SUPRIMENTOS ................................................................................................. 7 A IMPORTÂNCIA DAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS...................................................................... 9 EFICIÊNCIA OU ESTRATÉGIA? ................................................................................................. 13 CONCEITOS TEÓRICOS DE SISTEMAS VMI 3.13.23.2.13.2.23.2.33.33.43.4.13.4.23.4.3- 4- OBJETIVOS DESTE TRABALHO .................................................................................................. 5 COMO ESTE TRABALHO ESTÁ ESTRUTURADO ............................................................................ 6 O MERCADO ......................................................................................................................... 63 O MACROSSETOR .................................................................................................................. 69 VMI NO VAREJO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL ......................................................... 72 NÍVEL 6: APTIDÃO E CARACTERÍSTICAS DE CATEGORIA DE PRODUTO ...................................... 72 NÍVEL 5: IMPORTÂNCIA ......................................................................................................... 74 NÍVEL 4: PROPRIEDADE E CONFIANÇA ................................................................................... 80 NÍVEL 3: FORMATO DO ACORDO ............................................................................................ 81 NÍVEL 2: FACILITADORES PRIMÁRIOS .................................................................................... 81 RISCO E PROCESSOS DE ADOÇÃO ............................................................................................ 85 COMENTÁRIOS FINAIS 7.17.27.37.47.57.67.7- 89 CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 89 UM PARALELO COM A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA.................................................................. 90 MAIS ESTRATÉGIA ................................................................................................................. 91 CPFR: A EVOLUÇÃO DO VMI ............................................................................................... 93 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ..................................................................................... 94 AS CONTRIBUIÇÕES DESTE TRABALHO .................................................................................... 96 A CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO PARA O AUTOR..................................................................... 97 8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 99 9- ANEXOS 103 1 LIST A DE FIGURAS FIGURA PÁG. Fig.1 Cadeia de Suprimentos Fictícia 8 Fig 2. Fluxo de produtos, serviços e recursos financeiros em uma cadeia 9 de suprimentos fictícia Fig 3 - Dimensões de relações de gerenciamento de estoques entre 11 empresas Fig 4. Modelo de Reposição de Estoque com Ponto de Reposição e Lote 21 Econômico Fig. 5 - Estoque médio 23 Fig 6. Custos totais de um sistema de gestão de estoques 24 Fig 7. Estoque de Segurança para acomodar variação na demanda 25 Fig.8 Modelo de Revisão Periódica 28 Fig 9. Comportamento dos Estoques de Itens de Demanda Variável 30 Fig. 10. Modelo de Suporte a Decisão de Implantação de Sistemas VMI 38 Fig. 11 – Dimensões de Aptidão para determinada tarefa 42 Fig. 12: Formas de Reposição Contínua de Mercadorias 52 Fig. 13 - Faturamento médio mensal por loja 65 Fig. 14 - Características das Lojas por Tamanho 65 Fig. 15 - Características das Lojas por nº de Funcionários 65 Fig. 16 - Características das Lojas por nº de Itens Comercializados 67 Fig. 17 - Grau de Informatização dos Lojistas-Programas Utilizados 68 Fig. 18 – A Cadeia de Suprimentos de Materiais de Construção no Brasil 70 Fig. 19 – Modelo das Cinco Forças de Porter 75 Fig. 20 – Classificação dos adotantes com base no tempo de adoção das 86 inovações 2 LIST A D E TAB EL AS TABELA PÁG Tabela 1 - TPOP sem pressuposto de Demanda projetada constante 31 Tabela 2. Ilustração do Efeito Chicote em uma cadeia de suprimentos 37 fictícia 54 Tabela 3 – Resultados Finais do Estudo da ECR Brasil sobre reposição automática Tabela 4 – Potencial de Melhora 55 Tabela 5 - Classificação do porte das empresas por número de 63 empregados, segundo ramos de atividade Tabela 6 - Distribuição de Lojas por Estados e Capitais 66 Tabela 7 - Grau de Informatização dos Lojistas - Total e por Tamanho de 67 Loja (%) Tabela 8 - Matriz insumo-produto de 1990: consumo intermediário das 71 atividades Tabela 9 – Market Share dos principais setores industriais de materiais de construção 79 Tabela 10 – Quadro comparativo entre CPFR e VMI 94 3 LIST A D E QU AD R OS QUADRO PÁG. Quadro 1 - O Efeito Chicote 35 Quadro 2 - Competência Essencial – HAMEL e PRAHALAD (1995) 39 Quadro 3 - Critérios para classificação do porte de Empresas do 63 Macrossetor de Construção Civil Quadro 4 - Modelo das cinco forças competitivas de Porter 74 Quadro 5 - Market Share dos principais setores industriais de materiais 78 de construção Quadro 6 - Codificação 83 4 1- O B J E T I V O S 1.1- Objetivos deste trabalho Estudar a importância do gerenciamento das cadeias de suprimento, e apontar sua principal aplicação para empresas varejistas do setor de materiais de construção. Apontar uma prática conhecida como estoque gerido pelo fornecedor, ou VMI do original em inglês Vendor Managed Inventory, como uma ferramenta viável para melhorar as trocas de mercadorias e o relacionamento entre dois elos de uma cadeia de suprimentos, o fornecedor e o varejista. Investigar o mercado varejista de materiais de construção no Brasil, observando e propondo razões pelas quais o VMI ainda não é utilizado no setor. 5 1.2- Como este trabalho está estruturado O capítulo 1 define os objetivos deste trabalho e a amplitude do estudo, reservado ao VMI no setor varejista de materiais de construção no Brasil. O capítulo 2 aborda o recente interesse do meio acadêmico e empresarial de atividades ligadas ao gerenciamento de cadeias de suprimentos. Continua mostrando quais atividades são mais relevantes para empresas varejistas em geral e sugere uma atividade, o VMI, como uma alternativa para auxiliar ambos os elos, fornecedores e varejistas, a alcançar melhor desempenho. O capítulo 3 aborda o VMI em detalhes. Começa explicando o funcionamento de um dos grandes vilões das cadeias de suprimento: a amplificação da demanda ou efeito chicote (Bullwhip) identificada por Jay Forrrester em 1963. Depois, aborda os conceitos teóricos de um sistema VMI, seus potenciais benefícios e suas armadilhas. O capítulo 4 descreve um exemplo de utilização de sistemas de VMI, mostrando as possibilidades de melhoria no nível de serviço (conhecido no mercado varejista como ruptura) e no nível de estoques. O capítulo 5 descreve a metodologia utilizada na pesquisa do setor de materiais de construção, os cuidados tomados na construção dos questionários e na escolha dos respondentes, e termina abordando como as informações obtidas serão tratadas. O capítulo 6 descreve o setor de materiais de construção no Brasil, mostrando o potencial para melhora nas relações entre fornecedores e varejistas e as dificuldades de implementação deste tipo de solução, devido à baixa informatização e automação da grande maioria dos varejistas de materiais de construção no Brasil. O capítulo 7 traz os comentários finais sobre o trabalho realizado. 6 2- I N T R O D U Ç Ã O 2.1- As Cadeias de Suprimentos Cadeias de suprimento são intrincadas redes de relacionamentos comerciais entre empresas, com o intuito de disponibilizar um produto ou serviço para o consumidor. “A expressão ‘cadeia de suprimento’ é uma metáfora usada para descrever as empresas que estão envolvidas no fornecimento de um produto ou serviço” (GIANNAKIS, 2001 citado por ABRAMCZUK, 2001). Na verdade, seria mais adequado dizer que uma cadeia de suprimentos é formada por atividades e não somente por empresas. ABRAMCZUK (2001), analisando as definições de cadeias de suprimentos de BEAMON (1998) e Cox et al (2001), propõe uma definição levando em conta os fluxos de “atividades físicas diferenciadas complementares, necessárias para que um produto ou serviço seja criado, elaborado e colocado ao alcance de um cliente final”, bem como os fluxos de agregação de valor e apropriação de valor ao longo destas atividades. A agregação de valor está ligada a transformação, pelas organizações empresariais, de insumos (materiais e serviços) sem nenhuma utilidade para o cliente final em produtos e serviços com utilidade. Cada atividade empresarial que agrega valor a um produto ou serviço, no caminho de sua viabilização para o cliente, termina por apropriar-se de uma parcela do valor como remuneração pelas atividades úteis desenvolvidas. Assim, podemos encontrar duas situações limite para a proposta acima. Na primeira, todas as atividades de transformação seriam realizadas dentro da mesma empresa no que seria chamado de integração vertical completa. Na segunda, o próprio “cliente coordena as ações de várias empresas independentes, cada uma executando uma e apenas uma atividade relevante para a obtenção de um produto ou serviço por ele desejado” ABRANCZUK (2001). 7 Na Fig.1 abaixo, que busca representar uma cadeia de suprimentos fictícia, cada “caixinha” representa uma única atividade de transformação (agregação e apropriação de valor) de um determinado produto ou serviço. As duas condições extremas de existência das cadeias de suprimentos seriam atingidas, no primeiro caso, quando todas as “caixinhas” fizessem parte de uma única empresa e, para o segundo caso, quando cada uma fosse uma empresa Usuário independente. Produção de matéria prima Produção de componentes Produção de submontagens Produção de montagens Montagem do produto Distribuição Varejo Fig.1 Cadeia de Suprimentos Fictícia. CORRÊA (2003) Para completar a visão de uma cadeia de suprimentos, ainda resta considerar, como fundamental, os fluxos de informação dentro da cadeia, que proporcionam dados de entrada para que cada elo (sejam estes pertencentes a uma única empresa ou a diversas empresas) programe suas atividades eficientemente. Como vamos ver ao longo deste trabalho, os fluxos de informação são chave para o funcionamento eficiente das cadeias de suprimento e dos sistemas VMI. 8 2.2- A importância das Cadeias de Suprimentos As redes de suprimentos têm ocupado cada vez mais espaço na agenda das empresas, bem como na agenda de pesquisas sobre administração de empresas. É cada vez maior a urgência em extrapolar os limites da empresa (elo) na criação de valor para os clientes. Excelência em gerenciar marcas, desenvolver produtos e produzir eficientemente já não garantem vantagens duradouras. Este fato pode ser observado com a intensificação das relacionadas com o relacionamento interempresas a partir dos anos 90. Antes disso, a maioria das técnicas mais difundidas em operações visavam apenas a evolução da eficácia dentro da empresa ou do seu nó (CORRÊA, 2003). SIMCHI-LEVI et al (2000) comentam que, nos últimos anos, as empresas perceberam os benefícios que o planejamento e o gerenciamento das redes de suprimentos são capazes de proporcionar, o que aumentou o interesse pela área tanto na indústria quanto nas escolas de administração. Para entendermos os benefícios potenciais da gestão eficiente da cadeia de suprimentos, podemos olhar para a ilustração de uma cadeia de suprimentos de SLACK et al (1997). Imaginemos que, na cadeia ilustrada na Fig 1 abaixo, há um fluxo de materiais e serviços da esquerda para direita e um fluxo de recursos financeiros da direita para a esquerda. ROI Custos $ Fornecedor $ ROI $ Mat $ Custos $ Fabricante ROI $ Mat $ Custos $ Distribuidor Custos ROI $ Mat $ Varejista $ $ Mercado Mat Fig 2. Fluxo de produtos, serviços e recursos financeiros em uma cadeia de suprimentos fictícia. Adaptada de SLACK et al (1997) 9 O único elo que injeta recursos financeiros na cadeia é o Mercado. Cada elo da cadeia retira da mesma uma certa quantidade de recursos financeiros, necessários para cobrir seus custos de produção/operação e remunerar seus investimentos (ROI). Assim, qualquer custo adicional gerado entre os elos da cadeia acaba resultando em prejuízo, na forma de custos mais altos para o mercado. A visão tradicional dos relacionamentos entre empresas fazia com que cada empresa olhasse apenas para dentro de si, preocupando-se apenas com os seus próprios limites. Quando cadeias concorrentes começaram a se tornar mais competitivas e o mercado começou a preferir produtos e serviços de cadeias que ofereciam mais valor, os relacionamentos entre os elos passaram a ser vistos como uma forma de melhorar o desempenho da cadeia como um todo. Apesar desta urgência e da convergência quanto à importância das cadeias de suprimentos, definir os limites de cada nó de uma rede não é tarefa fácil. Uma rede de suprimentos é extremamente complexa e são inúmeras as decisões possíveis para os gestores. CORRÊA (2003) comenta que esta tarefa envolve decisões do tipo comprar ou fazer e decisões pelos conjuntos mais adequados de mecanismos, relacionamentos e tecnologias para suportar o sistema adotado. Muitas empresas “têm preferido delegar a terceiros, parcelas cada vez mais substanciais não só da produção de partes de seus produtos e serviços, mas também do desenvolvimento destas partes”. Em virtude disto, as interfaces entre as empresas – as cadeias de suprimentos - tornaram-se mais complexas, o que passou a demandar atenção especial dos gestores. O modelo abaixo mostra a gama de dimensões identificadas por JAMES et al (2000) em uma relação que envolve a troca de mercadorias entre empresas e seus estoques. A natureza do acordo de fornecimento pode ser simples ou múltipla e o tipo de produto pode ser A, B ou C. A localização física do estoque 10 pode ser em armazéns do cliente, do fornecedor ou de terceiros. A propriedade do estoque pode ficar com o cliente, com o fornecedor, ou pode ser trabalhada através de consignação. O formato de reposição pode usar técnicas de lote econômico ou de revisão periódica. Natureza do acordo de fornecimento Tipo de Produto Comercialização? Localização física do estoque Destino: linha ou estoque Propriedade do estoque Dimensões Possíveis Produtos inspecionados Fonte: estoque ou produção sincronizada Modelos de Comunicação Formato da Reposição Gatilho por transação Gatilho por Decisão Quantidade Freqüência Regularidade Mídia Canal Mensagem Fig 3 - Dimensões de relações de gerenciamento de estoques entre empresas. JAMES et al (2000) Notadamente, as inúmeras combinações possíveis que a gama de decisões em uma relação de troca de mercadorias entre empresas envolve, torna a tarefa de gerenciar esta relação extremamente complexa, o que exige dos gestores atenção, seriedade e conhecimento das práticas e técnicas mais modernas utilizadas pelas empresas atualmente. 11 FINE (1999) entende que equívocos em uma decisão de terceirização pode significar “...um tiro pela culatra, pois a empresa terceirizante corre o risco de perder capacidades essenciais”. 12 2.3- Eficiência ou estratégia? Muitos autores consideram a gerência de redes de suprimentos uma atividade tática, no sentido de reduzir custos e aumentar a eficiência. SIMCHI-LEVI et al (2000) afirmam que o objetivo das redes de suprimentos é ser eficaz e eficiente em custo através de todo o sistema. Custos ao longo de todo o sistema devem ser minimizados, de transportes e distribuição a estoques e matérias primas, colocando ênfase na abordagem sistêmica da gestão das redes de suprimentos. No entanto, não há como negar a natureza estratégica da gestão das redes de suprimentos. Algumas empresas globais desenvolveram cadeias tão eficientes e diferenciadas que esta passou a ser uma vantagem competitiva estratégica para elas. SAAB (2003) conclui que uma cadeia de distribuição é uma combinação particular de atividades e que, portanto (PORTER, 1996), pode conferir a uma empresa posição competitiva única. Em um estudo recentemente publicado, NOHRIA et al (2003), afirmam que as empresas vencedoras devem superar suas concorrentes em 4 práticas primárias de gestão: Estratégia, Execução, Cultura, Estrutura; além de 2 entre 4 práticas secundárias de gestão: Talento, liderança, inovação, fusões e parcerias. Segundo os autores, as 4 práticas primárias de gestão são abrangentes o suficiente, a ponto de suas recomendações não servirem exatamente como uma fórmula de sucesso. Em outras palavras, há muitas maneiras de superar a concorrência, de forma sustentada, nas 4 práticas primárias, nenhuma forma sendo mais recomendável ou mais adequada do que as outras. O gerenciamento das cadeias de suprimento se insere dentro da prática primária, denominada pelos autores como Execução. Por Execução, os autores entendem uma eficiência operacional, em que a entrega sustentada, sem 13 falhas, da proposta de valor da empresa é mais importante do que encantar clientes esporadicamente enquanto falha na proposta básica sistematicamente. NOHRIA et al (2003) afirmam que o sucesso das empresas vencedoras de seu estudo não é necessariamente fruto do quanto estas investiram em gerenciamento da cadeia de suprimentos. Esta é uma afirmação válida pois os autores buscavam generalizar o conceito, ou seja, abranger toda a gama de negócios existentes. No entanto, há empresas, como por exemplo os varejistas, foco deste estudo, cuja atividade principal envolve fortemente as cadeias de suprimento. Como explica PARENTE (2000), “a administração das compras e a gestão dos estoques constituem em setor vital de empresas varejistas. Por um lado, os estoques absorvem enorme volume de recursos e consistem no maior investimento em ativos das empresas, e, por outro, as compras representam a maior conta de despesas do varejista”. Empresas varejistas têm, portanto, sua eficiência operacional fortemente afetada pelas suas relações com fornecedores, ou seja, pela sua cadeia de suprimentos e, conseqüentemente, têm grande interesse em melhorar a produtividade das atividades relacionadas à mesma. Desta maneira, gerenciamento da cadeia de suprimentos passa a ser fundamental para empresas deste tipo terem desempenho exemplar em Execução, uma das práticas primárias de NOHRIA et al (2003). Pelo mesmo motivo, atividades relacionadas à gestão de estoques estão fortemente relacionadas com o desempenho de varejistas, ou seja, com sua Execução. JAMES et al (2000) destacam a classificação de Monden (1993) para atividades que agregam valor e para atividades que apenas geram desperdício, em empresas manufatureiras. Atividades que não agregam valor são aquelas totalmente desnecessárias e que devem ser eliminadas totalmente. Exemplos são perda de tempo, estoque de produtos intermediários (em processo) e duplo manuseio. 14 Atividades que não agregam valor, mas que são necessárias, são aquelas que geram desperdício mas que não podem ser eliminadas nas condições operacionais presentes. Exemplos deste tipo de atividade são o desempacotamento de entregas ou a necessidade de percorrer grandes distâncias para pegar partes e peças. Atividades que agregam valor, por sua vez, são aquelas que envolvem a conversão de matéria-prima ou de produtos semi-acabados em produto final. Podemos fazer uma analogia para varejistas e encontrar atividades que poderiam ser classificadas em: atividades que não agregam valor, atividades que não agregam valor mas são necessárias, e atividades que agregam valor. Atividades que não agregam valor para varejistas podem ser também o desempacotamento de entregas ou as grandes distâncias entre a área de clientes e as áreas de estoque das próprias lojas. Atividades que não agregam valor, mas que são necessárias para varejistas, nas presentes condições, podem ser a arrumação de produtos nas gôndolas. Atividades que agregam valor para varejistas são serviços agregados aos produtos vendidos por eles. Por exemplo, extensões de garantia, instalação, suporte técnico e manutenção, além da qualidade de atendimento e da disponibilidade de produtos. JAMES et al (2000) também destacam sete desperdícios comumente encontrados em empresas manufatureiras, de acordo com o TPS (Toyota Production System). Destes sete, podemos identificar dois aplicáveis às empresas varejistas; Transporte e estoque desnecessário. Transporte está ligado a todo tipo de movimentação que se faz com os produtos. Como a eliminação de toda a movimentação é impossível, busca-se 15 minimizar ou otimizar o transporte necessário para a disponibilização de produtos para os clientes. Estoque desnecessário em empresas manufatureiras, além de aumentar o espaço de estocagem e conseqüentemente os custos de estocagem, esconde problemas de outras naturezas. Em empresas varejistas, altos estoques aumentam a disponibilidade de produtos, porém a um custo muito alto. Além disto podem prejudicar a variedade, ou a composição da oferta, já que o espaço usado para estocar grande quantidade de um único produto, poderia ser usado para estocar maior variedade em menores quantidades. Para auxiliar os gestores a otimizar atividades que envolvam a gestão de estoques e a disponibilidade de produtos para varejistas e de servir como um serviço de valor agregado para os fornecedores destes varejistas, uma técnica conhecida como estoque gerido pelo fornecedor, o VMI do inglês Vendor Managed Inventory, pode ser utilizada. 16 3- C O N C E I T O S T E Ó R I C O S D E S I S T E M A S V M I 3.1- Conceitos de gestão de estoques Para entendermos os conceitos do estoque gerido pelo fornecedor (VMI), vamos inicialmente esclarecer os conceitos da gestão de estoques tradicional. Apesar de amplamente abordados na literatura de administração de empresas, os conceitos de estoques foram mal interpretados a partir da década de 80, o que causou dificuldades estratégicas para muitas empresas. Ao invés de zerar estoques a qualquer custo, o objetivo é “não ter um grama a mais de estoques do que a quantidade estritamente necessária estrategicamente” (CORRÊA, 2001). Estoques são acúmulos de material entre fases de um processo de produção. Estas fases de produção podem se limitar a uma empresa apenas, caso em que os estoques são de matéria-prima ou de materiais semi-acabados que serão usados nas fases seguintes de produção (estoque em processo). Podem, no entanto, extrapolar os limites da empresa, caso em que as fases de produção estão espalhadas por várias empresas. Cada vez mais, este fenômeno faz parte da realidade das empresas, formando cadeias de suprimento cada vez mais complexas. A função dos estoques é dar independência entre duas fases do processo produtivo, no sentido de que interrupções em uma fase não acarretem atrasos na outra (CORRÊA, 2001). O acúmulo de material antes de determinada fase de produção permite que esta etapa seja executada sem depender da fase anterior. Funciona como o tanque de combustível dos automóveis. Como seria fisicamente muito difícil, para não dizer impossível, que carros tivessem uma mangueira ligando seus motores diretamente a uma refinaria de petróleo, somos obrigados a fazer estoques de gasolina no tanque do próprio carro e nos postos de gasolina. Assim, conseguimos andar com o carro 17 independentemente da produção de gasolina na refinaria. Se a refinaria para, ainda temos o estoque de gasolina do tanque para continuar andando. Quando este acaba, recorremos ao estoque dos postos de gasolina. A analogia também pode se estender ao conceito de “quantidade estritamente necessária estrategicamente”. O ideal seria que tivéssemos um tanque grande o suficiente para andarmos toda a vida sem precisar reabastecer o carro. Obviamente, além de outros contratempos engraçados de se imaginar, os recursos financeiros para isto seriam demasiadamente altos para que todos os usuários de automóveis pudessem fazer isto mantendo seu equilíbrio econômico. Da mesma maneira, um tanque muito pequeno resultaria em paradas para abastecer a cada quarteirão. Após anos de amadurecimento no uso dos automóveis, acabamos chegando ao tamanho dos tanques atuais, capazes de proporcionar a autonomia esperada pelos usuários, a um custo economicamente viável e sem causar caos nos postos de gasolina. Temos três principais tipos de estoques. Estoques de matéria-prima que são usados “para regular as diferentes taxas de suprimento – pelo fornecedor – e demanda – pelo processo de transformação” (CORRÊA, 2001). Estoques de material semi-acabado, usados para regular as diferentes taxas de produção entre duas fases de produção subseqüentes. Estas diferentes taxas são ocasionadas por máquinas com velocidades de produção diferentes, ou que exigem manutenção preventiva, ou ainda tempo de ajuste para a produção de diferentes peças. Finalmente, estoques de produto acabado são usados para regular as diferenças entre as taxas de produção e a demanda do mercado. Há algumas razões, no entanto, para que esta “quantidade estritamente necessária” não seja atendida a todo o momento. O motivo básico, como já vimos, é a diferença entre as taxas de consumo e suprimento de determinado item. Mas por que há esta diferença? CORRÊA (2001) aponta as principais como sendo a falta de coordenação, a especulação, a incerteza de previsões e o preenchimento dos canais de distribuição. 18 Pode ser impossível ou inviável coordenar as fases de produção ou de suprimento. Vamos imaginar que uma empresa varejista encontre-se muito distante do local de produção de determinado item. Os custos de transporte poderiam tornar inviável a entrega regular desse item ao varejista. O varejista é obrigado a comprar uma quantidade maior do que sua demanda imediata, e o resultado é estoque deste item em quantidade maior do que a desejável. Outra fonte geradora de estoques é a imprecisão das previsões de consumo. Um varejista típico não trabalha através de pedidos colocados com antecedência. Seus clientes buscam o varejista aleatoriamente, quando surge a necessidade de determinado item, o que causa variação na demanda, mesmo que o varejista conheça muito bem o perfil de consumo dos seus clientes. O varejista é então obrigado a manter estoques dos itens, de maneira não perder vendas pela falta do item. A especulação é outra fonte geradora de estoques. Empresas podem antecipar uma alta de preços de determinado item e decidir por manter um estoque maior deste item, de maneira a lucrar quando o preço subir. A última fonte geradora de estoque, apontada por CORRÊA (2001) é o preenchimento do canal de distribuição. Alguns itens, como produtos de higiene e alimentos, têm consumo contínuo. Para manter a disponibilidade destes itens nos pontos de venda, é necessário que os canais de distribuição estejam preenchidos, de maneira a evitar que a complexidade de movimentação dos itens através dos canais cause falta do item no ponto de venda. 19 3.2- A Gestão tradicional de Estoques Como vimos na seção anterior, independentemente do motivo gerador dos estoques, a questão principal sobre os mesmos resume-se a decidir quanto e quando repor. Para tanto, existem inúmeras técnicas desenvolvidas e amplamente discutidas na literatura especializada, bastando ao gestor escolher a mais adequada para a sua situação específica. E esta não é uma tarefa fácil! O gestor deve olhar com cuidado para as limitações e premissas de cada modelo, de maneira a escolher aquele que mais se aproxime de sua situação particular. É importante também que o gestor interprete corretamente os números decorrentes da aplicação de cada um deles. Os modelos de reposição de estoques podem ser divididos em dois grupos: modelos para demanda constante e modelos para demanda variável. 3.2.1- Modelos de gestão de estoques de itens com demanda constante Na verdade há poucos itens com demanda constante como já vimos na seção 3.1. No entanto, em muitos casos, quando a demanda se dá de maneira mais ou menos estável, podemos assumir demanda constante como uma aproximação da realidade bastante aceitável (CORRÊA, 2001). • Modelo de Ponto de Reposição e Lote Econômico A mais tradicional técnica de reposição (CORRÊA, 2001) é a do modelo de ponto de reposição e lote econômico. Vamos imaginar o comportamento do estoque de determinado item em uma empresa comercial ou industrial. O estoque começa com um certo nível (Estoque Inicial) e vai diminuindo à medida que o item vai sendo consumido. O nível de estoque é monitorado a cada transação e quando atinge o nível 20 denominado Ponto de Reposição, a empresa coloca um pedido (Lote de Reposição) a fim de repor o estoque e manter o nível de serviço. Enquanto o pedido é processado pelo fornecedor, o estoque continua a diminuir até atingir o ponto de Estoque Mínimo, quando, se a coordenação foi perfeita, deve chegar o pedido colocado no ponto de reposição, elevando os estoques ao nível máximo (Estoque Máximo) estabelecido sem que tenha havido falta do item. EIXO DAS QUANTIDADES A figura abaixo mostra o funcionamento do modelo. Estoque Inicial Estoque Máximo Ponto de Reposição Lote de Reposição EIXO DO TEMPO Estoque mínimo Fig 4. Modelo de Reposição de Estoque com Ponto de Reposição e Lote Econômico. Fonte: ECR Brasil (1998). Reposição Contínua de Mercadorias. São Paulo. Precisamos então determinar os parâmetros do modelo para que o mesmo possa ser usado: Tamanho do lote de reposição e Ponto de Reposição (CORRÊA, 2001). A abordagem adotada por CORRÊA, 2001 na determinação destes parâmetros é a de custos. Os custos envolvidos no modelo são os de armazenagem (CA) e 21 o de pedido (CP). A abordagem procura encontrar o ponto de reposição e o tamanho do lote que minimizem o custo total de gerenciamento deste estoque. CT = CP + CA Para a determinação destes parâmetros, no entanto, temos que encontrar primeiramente, os custos abaixo: Cf – custo fixo do processo de colocação de um pedido de reposição. É fixo pois é independente da quantidade solicitada. Ce – custo unitário de estocagem. Inclui todos os custos envolvidos na estocagem de uma única unidade de determinado item. Agora podemos calcular o custo de armazenagem (CA) que vem a ser o custo de armazenagem do estoque médio, ou seja, custo unitário de estocagem multiplicado pelo estoque médio: CA = Ce x L/2 Onde L - lote de reposição Em uma situação de demanda estável, pressuposto deste modelo, o lote médio é igual a metade do lote de reposição. O gráfico abaixo mostra esta afirmação. 22 Nível de Estoque Estoque médio Fig. 5 - Estoque médio. AQUINO, 82 Finalmente, calculamos o custo do pedido (CP), que vem a ser o custo anual de colocação de pedidos, ou seja, é igual à quantidade de pedidos colocados em um ano, obtida dividindo-se a demanda (DA) pelo tamanho do lote de reposição (L), multiplicado pelo custo fixo da colocação de um único pedido (Cf). Portanto: CP = Cf x DA/L Através do gráfico abaixo, podemos verificar que o Lote Econômico ocorre para CA = CP, donde concluímos que o Lote Econômico é igual a: 23 Le = √ 2 x DA x Cf Ce Custo Custo total Custos de armazenagem Custos com pedidos Tamanho de lote Tamanho do lote para mínimo custo do sistema (“lote econômico”) Fig 6. Custos totais de um sistema de gestão de estoques. CORRÊA, 2001 Para obtermos o parâmetro Ponto de Reposição, basta multiplicarmos a taxa de demanda (D), pelo tempo de reposição (LT), na mesma unidade de tempo da demanda e somar o estoque de segurança. PR = D x LT + Eseg Onde Eseg - Estoque de segurança. O estoque de segurança é um estoque adicional mantido por uma empresa, a fim de garantir que as variações de demanda ou dos prazos de reposição pelos fornecedores, como já visto na seção 3.1, acarretem na falta do item. 24 CORRÊA, 2001 explica que existem duas abordagens para a determinação dos estoques de segurança, dependendo de como se define o Nível de Serviço: a abordagem probabilista e a abordagem numérica. A abordagem probabilista define o Nível de serviço como a probabilidade da demanda entre o ponto de pedido e a chegada do lote ordenado, ser maior do que o esperado (a média assumida como a demanda estável). Nível de Estoques Demanda assumida estável LT PR Variação na Demanda Nível de Eseg para a variação na demanda Tempo Fig 7. Estoque de Segurança para acomodar variação na demanda. Adaptado de CORRÊA (2001). AQUINO (1982) mostra que a demanda máxima a ser atendida então é “igual à média da demanda durante o prazo de entrega mais uma certa quantidade de desvios padrões”. Ainda segundo o autor, as distribuições de probabilidade mais freqüentes para bens de consumo são a normal, Poisson e Exponencial negativa. Finalmente então, para determinarmos o estoque de segurança, segundo a abordagem probabilista, precisamos conhecer: FS – fator de segurança, que é função do nível de serviço desejado σ - desvio-padrão estimado para demanda futura 25 LT – prazo de reposição PP – periodicidade à qual se refere o desvio-padrão Eseg = FS x σx √ LT PP O fator de segurança (FS) é obtido através das tabelas estatísticas pertinentes à distribuição que mais se adapta a demanda do caso em questão. Caso a distribuição seja normal, a tabela abaixo relaciona o nível de serviço desejado ao fator de segurança. O desvio padrão é obtido através do estudo do comportamento da demanda passada. Este também vai determinar a distribuição adequada para o caso em estudo. O prazo de reposição é determinista, ou seja, assumido como verdadeiro o prometido pelos fornecedores do item. CORRÊA (2001) mostra que também podemos adotar a abordagem probabilista para a variação do prazo de reposição e, ainda, uma terceira abordagem que considera que ambos os fatores, demanda e suprimento, podem sofrer variações. No entanto, alerta que esta abordagem é controversa e que a prática mais encontrada nas empresas, e mesmo na literatura, considera apenas a demanda como variável. Cabe-nos ainda discutir as limitações do modelo de ponto de reposição e lote econômico. Este modelo parte de alguns pressupostos importantes, sem os quais a aplicação do modelo não é possível. Primeiramente, o modelo assume demanda constante. Se esta condição não for atendida, não podemos assumir mais o estoque médio como a metade do lote de reposição. O resultado prático é que o “lote econômico” calculado nesta situação deixa de ser realmente econômico, ou seja, deixa de ser o lote que minimiza os custo total (CA). 26 Além disto, o modelo assume que se pode determinar com segurança os custos unitários de fazer um pedido e de se manter uma unidade do item em estoque. Na prática, esta determinação é bastante difícil e os gestores acabam por assumir valores que nem sempre correspondem à realidade. Aqui novamente o resultado é que se calcula um “lote econômico” fictício que não minimiza o custo total. Pior ainda é desconhecer esses riscos e acreditar que o seu sistema de gestão de estoques é o mais eficiente. • Modelo de Revisão Periódica Como o próprio nome diz, este modelo baseia-se na revisão periódica do estoque de determinado item. Baseados no nível de estoque encontrado, calculamos o tamanho do lote de reposição de maneira que o estoque atinja o nível máximo. 27 Nível de Estoques Lotes de reposição variáveis Estoque Máximo L1 L2 L3 R3 R2 R1 L4 R4 Tempo P Períodos de revisão fixos Fig.8 Modelo de Revisão Periódica. Fonte: CORRÊA (2001). Os parâmetros a serem determinados para este modelo são: Q = M – ( E + QP ) Q = quantidade a pedir M = Estoque máximo E = Estoque atual QP = Quantidade pendente (já pedida) – eventual Porém, M = D x ( P + LT ) + ES M = Nível máximo de estoques 28 D = Taxa de demanda P = período de revisão LT = Tempo de reposição ES = Estoque de segurança Portanto: Q = D x ( P + LT ) + ES – ( E + QP ) O estoque de segurança para o modelo de revisão periódica é calculado de maneira semelhante ao estoque de segurança do sistema de lote econômico e ponto de reposição, porém, no modelo de revisão periódica, devemos acrescentar à fórmula um componente referente à incerteza da demanda durante o período de revisão e não somente durante o período de reposição. A formulação fica então como segue: Eseg = FS x σx √ (P + LT) PP O sistema de revisão periódica também tem suas limitações. A principal é que pode ocorrer falta do item, já que as revisões se dão a intervalos fixos. Por este motivo, o modelo está associado na prática, a níveis de estoques de segurança e máximos mais altos, de maneira a minimizar a probabilidade de faltas. O modelo, portanto, é mais adequado para gerenciar itens de menor valor e menor custo de armazenagem, de maneira que o impacto de se manter estoque mais elevado não seja significativo no resultado da empresa (CORRÊA, 2001). 29 3.2.2- Modelos de gestão de estoques de itens com Demanda variável Como já comentado anteriormente, itens com demanda variável não podem ser repostos economicamente pelo modelo de ponto de reposição e lote econômico. Acontece que nesses casos não é possível esperar os estoques atingirem o ponto de reposição, pois a demanda do período entre a colocação do pedido e a chegada do lote poderá ser maior do que o estoque de segurança é capaz de suportar. A figura abaixo mostra esta situação. Nível de Estoques Demanda Variável LT Ponto de Reposição LT Eseg Lote de Reposição Falta do item Tempo Fig 9. Comportamento dos Estoques de Itens de Demanda Variável Para contornar este problema a solução é disparar um pedido antes do ponto de pedido (calculado pelo método do ponto de pedido e lote econômico), de maneira que o pedido chegue no exato momento em que o estoque atinja o nível do estoque de segurança. Esta metodologia é conhecida como TPOP (Time-Phased Order Point ou Ponto de Reposição Escalonado no Tempo) (CORRÊA, 2001). A figura abaixo mostra um exemplo de como funciona o modelo. 30 Estoque de segurança = 20 Lote de Ressuprimento = 200 Tempo de Ressuprimento = 3 Demanda prevista Recebimentos programados Estoque projetado Recebimentos planejados Liberação dos pedidos planejados 1 100 120 20 2 70 200 150 3 40 110 0 200 PERÏODOS 4 5 10 40 100 0 60 0 6 70 7 100 8 70 190 200 90 0 20 0 Tabela 1 - TPOP sem pressuposto de Demanda projetada constante. CORRÊA (2001) Para que o modelo funcione adequadamente, no entanto, é necessário conhecer a demanda futura, ainda que a mesma não seja constante. Em um bom sistema de previsões, as de curto prazo são mais confiáveis, já que é menor a chance das condições que determinam a demanda alterarem-se substancialmente. Portanto, um dos parâmetros que devem fazer parte do sistema de gestão de estoques de itens de demanda variável é o horizonte de planejamento, ou seja, qual o limite de tempo, para frente, que podemos planejar reposições sem desperdiçar recursos. Outro parâmetro igualmente importante neste modelo é a periodicidade de planejamento, ou, de quanto em quanto tempo devemos rever o planejamento de reposições com base em novas informações sobre a demanda futura esperada. Os demais parâmetros permanecem os mesmos do modelo de ponto de pedido e lote econômico - lote de reposição, estoques de segurança e ponto de pedido. 3.2.3- Outros Modelos de gestão de estoques Como há grande diversidade na característica da demanda dos inúmeros produtos no mercado, além das restrições impostas pelas características de cada empresa e de produção de cada item, há tantos outros modelos gerenciais, adequados para cada situação. 31 Aquino (1982), descreve nove (9) variações do cálculo de lote econômico para o modelo de gestão de estoques por lote econômico e ponto de reposição, além do já comentado acima, chamado pelo autor de Lote econômico no modelo clássico: • Lote econômico quando faltas são permitidas; • Lote econômico de mínimo custo quando são oferecidos descontos para compras em maior quantidade; • Lote econômico quando existe reposição conjunta; • Lote econômico de máxima rentabilidade e análise de sensibilidade; • Lote econômico com restrição no investimento em estoque; • Lote econômico com restrição no número de ordens de compra; • Lote econômico com restrição na área de armazenagem; • Lote econômico quando existe inflação; • Lote econômico em função do valor de demanda; 3.3- A Reposição Contínua Uma das técnicas apontadas como mais eficientes de reposição de mercadorias é a Reposição Contínua. A técnica procura otimizar os recursos de automação mais modernos, realmente fazendo uso da informação em tempo real proporcionada por sistemas altamente informatizados presentes em muitas empresas. 32 Tradicionalmente, como vimos nas seções anteriores, o fluxo de produtos na cadeia de suprimentos é caracterizado pela abordagem “empurrada” onde as compras são estimadas com base na demanda passada, como se o comportamento da demanda no futuro fosse continuar sempre o mesmo. Como isto não ocorre, os estoques nunca são otimizados. A abordagem recomendada pela ECR Brasil (1998) é a “puxada”, onde as compras são programadas com base na informação real do ponto de venda. “Os pedidos colocados são, portanto, calculados para repor as vendas de um determinado período, e não baseados em previsões. Na verdade, previsões só precisam ser realizadas para antecipar a demanda durante o tempo de reposição”. 3.4- VMI - Vendor Managed inventory (Estoque Gerido pelo Fornecedor) Segundo JAMES et al (2000), sistemas de VMI estão ligados à teoria de competição baseada no tempo de Stalk e Hout (1990). Esta teoria sugere que as empresas devem acrescentar a dimensão tempo às suas estratégias competitivas. Não basta mais fazer o melhor produto, ou atender melhor os clientes, é necessário fazer tudo isto mais rápido que os concorrentes. Os ciclos de desenvolvimento de novos produtos devem ser mais rápidos que os dos concorrentes, de maneira a proporcionar o lançamento de novos produtos mais adequados ao gosto dos clientes, na frente da concorrência. Em uma empresa varejista, competir baseado no tempo significa reabastecer o estoque mais rapidamente e oferecer mais opções de estoque, pelo mesmo capital investido. O VMI é uma técnica que busca possibilitar este tipo de vantagem para seus usuários. Basicamente o VMI é uma “estratégia colaboracionista entre um fornecedor e seu cliente, para otimizar a disponibilidade de produtos através da abordagem de reposição contínua de estoques em uma cadeia de suprimentos” (JAMES et al, 2000). 33 JAMES et al (2000) propuseram a seguinte definição para um sistema VMI: “VMI – uma estratégia colaborativa entre um cliente e um fornecedor para otimizar a disponibilidade de produtos a um custo mínimo para as duas companhias. O fornecedor toma a responsabilidade pelo gerenciamento operacional do estoque dentro de um acordo mútuo de objetivos de resultado, os quais são constantemente monitorados e atualizados criando um ambiente de melhora contínua. O que caracteriza esta técnica de gerenciamento de estoques é a responsabilidade do fornecedor em gerenciar o nível de estoque e o ciclo de reposição”. CORRÊA (2003) acrescenta que o que se pretende com o VMI é “uma redistribuição das atividades necessárias a serem executadas dentro da rede de suprimentos, para elos com maior vocação / competência para fazê-lo”. Os modelos de gerenciamento de estoques usados no VMI são os mesmos que numa gestão tradicional de estoques, mas a decisão final sobre a quantidade e periodicidade a repor fica a cargo do fornecedor e não mais do cliente. No entanto, como alerta CORRÊA (2003), um bem desenhado sistema de VMI necessita de uma “biblioteca de modelos gerenciais de gestão de estoques, previsões de vendas e modelos logísticos, de modo que se possam utilizar diferentes modelos para gerenciar, contingentemente, diferentes situações, clientes, produtos, demandas, etc”. Os benefícios esperados com a adoção do VMI são: 1. Diminuição de custos administrativos com o gerenciamento de estoques 2. Melhora no nível de serviço. 34 Adicionalmente, esperam-se outros benefícios secundários: • Suavização da demanda (efeito chicote) • Redução do espaço de estocagem e do nível de estoque A abordagem de JAMES et al (2000) para o VMI sugere que a técnica deve ser aplicada como uma forma de agregação de valor para o cliente e não somente como uma maneira de reduzir custos ao longo da cadeia e eliminar o efeito Chicote. Embora estes benefícios sejam conseguidos através da implementação de um sistema de VMI, não devem ser encarados como objetivo final, já que a relação resultante desta filosofia não extrairia os benefícios máximos possíveis. Por outro lado, a postura de agregação de valor, ou de um serviço adicional, traz vantagens para a aceitação do sistema pelos clientes e para a relação em si, já que o modelo é baseado em confiança como veremos a seguir. “Uma vez que os benefícios terminam, é grande a probabilidade de que uma relação termine ou seja renegociada” (JAMES et al, 2000). Quadro 1 - O Efeito Chicote – Slack et al (1997) O Efeito Chicote (bullwhip), fenômeno também conhecido como efeito Forrester, foi identificado por Jay Forrester na década de 60 em um artigo clássico chamado Industrial Dynamics (Dinâmica Industrial), publicado na Harvard Business Review. O fenômeno consiste em erros, volatilidades e imprecisões crescentes ao longo de uma cadeia de suprimentos na direção das empresas mais a montante da cadeia. Uma analogia para o fenômeno é a brincadeira infantil conhecida como telefone sem fio (SLACK et al, 1997). Na brincadeira, uma mensagem é cochichada pela primeira criança para a segunda, de maneira que apenas a segunda ouça a mensagem. Tendo entendido ou não a mensagem, a segunda criança cochicha para a terceira, sua interpretação da mensagem. 35 Quadro 1 - O Efeito Chicote – Slack et al (1997) – Cont. Assim sucessivamente até que a última criança apresenta a mensagem em voz alta causando espanto pela diferença para a mensagem original. No caso das empresas, no entanto, as distorções não são causadas apenas por erros, mas pelo desejo de cada elo da cadeia de gerenciar suas operações e seus níveis de estoque de maneira autônoma e independente. A tabela abaixo mostra como a demanda de um item qualquer, é percebida pelo elo mais a montante (fabricante) em uma cadeia fictícia, que poderia ser a cadeia de suprimentos de um item de material de construção, composta por um fornecedor, um distribuidor regional, um distribuidor local e finalmente o varejista. O exemplo assume uma política de manutenção de estoque de 1 período de demanda, o que não é uma aproximação grosseira, já que muitas empresas mantém estoques proporcionais a sua demanda (Slack et al, 1997). Vamos admitir que a demanda percebida pelo varejista ao longo dos períodos anteriores ao período 1, seja de 100 unidades. No período 2, no entanto, a demanda cai para 95. Para retornar o estoque ao nível que represente a nova demanda de 95 (1 período de demanda), o varejista compra 90 unidades do item. O distribuidor local por sua vez, percebe a nova demanda como sendo de 90 unidades/período e não mais de 100, como percebia no período 1. Desta maneira, compra 80 unidades do item de maneira a retornar seus estoques para o nível de 1 período de demanda (90 unidades). A lógica se sucede até o elo Fabricante que, percebe uma demanda de apenas 60 unidades no período 2, quando a demanda real no período foi de 95. Agora observemos a inversão que acontece no período 3. A demanda real continua em 95 unidades, mas o varejista compra desta vez 95 unidades e não mais 90 como no período 2, a fim de retornar seus estoques ao nível de 1 período de estoques (95 unidades). O distribuidor local percebe então uma demanda no período 3 de 95 unidades, maior que a percebida no período 2 (90 unidades). Compra então, 100 unidades do item para terminar o período com 95 unidades no estoque. 36 Fabricante Produção Est. Inic. Est. final 1 100 2 20 3 180 4 60 5 100 6 95 100 100 100 60 60 120 120 90 90 95 95 95 Distribuidor Distribuidor Local Varejista Mercado Regional Compra Est. Inic. Compra Est. Inic. Compra Est. Inic. Demanda Est. final 100 60 120 90 95 95 100 100 100 80 80 100 100 95 95 95 95 95 Est. final 100 80 100 95 95 95 100 100 100 90 90 95 95 95 95 95 95 95 Est. final 100 90 95 95 95 95 100 100 100 95 95 95 95 95 95 95 95 95 100 95 95 95 95 95 Tabela 2. Ilustração do Efeito Forrester em uma cadeia de suprimentos fictícia. Adaptado de Slack et al, 1997 Quadro 1 - O Efeito Chicote – Slack et al (1997) – Cont. A lógica se sucede até que o fabricante percebe, no período 3, uma demanda de 120 unidades e fabrica 180 unidades de maneira a terminar o período com 120 unidades em estoque. Podemos perceber então os efeitos devastadores para o fabricante. A demanda real foi reduzida em apenas 5% em apenas 1 período (observem que a demanda no mercado permanece 95 entre os períodos 2 a 6), mas a demanda para o fabricante variou de 100, no primeiro período, para 60 no segundo período e para 120 no terceiro. Em conseqüência disto, teve que ajustar sua taxa de produção de 100 unidades no primeiro período, para apenas 20 no segundo período e para 180 no terceiro. Esta variação, embora fictícia, reflete a realidade das empresas que têm, em conseqüência, severas dificuldades em seus programas de planejamento de produção (CORRÊA, 2003). Em 1 período têm que reduzir a produção drasticamente, mas deve arcar com custos fixos altos sem a devida remuneração das vendas, já que não é possível demitir funcionários, devolver prédios e máquinas que serão necessários no período seguinte. 37 Quadro 1 - O Efeito Chicote – Slack et al, 1997 – Cont. Neste, as empresas têm que arcar com altos custos de horas extras e de matéria-prima (devido a compras de emergência), de maneira a atender a nova demanda, muito mais alta que no período anterior. Observemos ainda que a estabilidade da cadeia só retorna após 4 períodos, mesmo com a demanda permanecendo estável a partir do segundo período. Agora Imaginemos uma cadeia real, onde há restrições de produção (por exemplo uma máquina que só produz um lote fixo ou diferenças nas políticas de colocação de pedidos e de manutenção de estoques) e as distorções podem ser ainda maiores (Slack et al, 1997). Este modelo é uma ferramenta de suporte à decisão para estabelecer o ambiente e os facilitadores de uma relação eficaz de VMI. Há seis níveis de critérios que devem ser atendidos pelo ambiente em questão, para que os benefícios do VMI sejam duradouros e otimizados. IMPORTÂNCIA: Para o Cliente FORMATO Transparência em custo • • • • Redução de custos administrativos Melhora nos níveis de serviço Suavização da demanda Redução de estoques e de espaços de estocagem FONTE DE SUPRIMENTOS ÚNICA ACORDO CONFIANÇA Transparência de Informação APTIDÃO Tecnologia de Informação CARACTERÍSTICAS DE PRODUTO PROPRIEDADE IMPORTÂNCIA: Para o Fornecedor Fig. 10. Modelo de Suporte a Decisão de Implantação de Sistemas VMI. Fonte: JAMES, RICHARD et al (2000) 38 Os autores classificam os dois primeiros níveis (6 e 5) como qualificatórios. Isto quer dizer que algumas condições devem ser atendidas para que os benefícios esperados sejam alcançados, mas que estas condições não garantem por si só o sucesso do sistema. Em muitos casos ainda, é possível que desvantagens sejam introduzidas para ambas as partes. Nível 6: Aptidão e características de categoria de produto Segundo JAMES et al (2000) os benefícios potenciais de um sistema de VMI, ou seja, de agregação de valor para o cliente, são originados de uma falta de aptidão do cliente com relação a uma determinada categoria de produto. HAMEL e PRAHALAD (1995), descrevem esta situação como uma maneira do fornecedor alavancar uma competência essencial e fornecer um resultado superior ao que o cliente é capaz de atingir no momento. Quadro 2 - Competência Essencial – HAMEL e PRAHALAD (1995) Segundo os autores, as competências essenciais (“core competences”) são “as raízes da competitividade e os produtos e serviços são seus frutos”. As competências essenciais são a “fonte de desenvolvimento de novos produtos e serviços”. Desta maneira, a alta gerência das empresas deveria assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento e estímulo de competências essenciais, como uma maneira de garantir a competitividade da empresa no futuro. Uma competência é um conjunto de habilidades e tecnologias e não uma habilidade ou tecnologia isoladas. Este conjunto de habilidades e tecnologias, trabalhando juntamente e de uma maneira específica, cria uma competência essencial específica daquela empresa, capaz de diferenciá-la no mercado. Em outras palavras, duas empresas com o mesmo conjunto de habilidades e tecnologias podem não ter as mesas competências essenciais, pois a maneira como agregam estas habilidades e tecnologias isoladas é diferente. 39 Quadro 2 - Competência Essencial – HAMEL e PRAHALAD (1995) – Cont. Já sabemos que a alta gerência das empresas deve desenvolver e estimular competências essenciais. Mas, como identificá-las? Esta não é uma tarefa fácil. Alguém poderia facilmente identificar um grande conjunto de habilidades e tecnologias isoladas, mas compreender como elas interagem, formando uma competência essencial, é bem mais complicado. Por outro lado, alguém poderia identificar uma ou duas competências essenciais, o que segundo HAMEL e PRAHALAD (1995) é um nível de agregação demasiadamente amplo para trazer benefícios na compreensão das competências essenciais de uma empresa. Ainda, como identificar quais são realmente essenciais? Quais realmente “contribuem para a prosperidade da organização no longo prazo”? Uma competência essencial deve passar em três testes. Valor percebido pelo cliente. Para ser considerada essencial, uma competência deve proporcionar uma contribuição desproporcional ao valor percebido pelos clientes. O exemplo citado é a capacidade da Honda em fabricar motores e transmissões. Os clientes da Honda valorizam esta competência, traduzida em uma experiência descrita como superior ao dirigir um veículo Honda. Na verdade, os clientes não sabem traduzir exatamente o que os atrai nos motores da Honda, a aceleração, o torque, a economia, a falta de vibração, mas descrevem a experiência de dirigir um Honda como superior. Como os clientes da Honda traduzem esta experiência superior ao dirigir os carros da marca nas qualidades do motor, esta passa a ser uma competência essencial da montadora. Há uma exceção, porém, a esta regra. Competências internas à empresa, em processos e produção, que resultam em redução de custos, não são necessariamente percebidas pelos clientes e, portanto, não são valorizadas. No entanto, a empresa pode escolher por capitalizar esta vantagem de custos, traduzida em maiores margens. 40 Quadro 2 - Competência Essencial - HAMEL e PRAHALAD (1995) – Cont. “Portanto, qualquer conjunto de habilidades que gere uma vantagem significativa em termos de custos para o fornecimento de um determinado benefício ao cliente também pode ser denominado uma competência essencial”. Diferenciação entre concorrentes. “Para ser qualificada como essencial, uma competência deve ser competitivamente única”. Em outras palavras, uma competência essencial deve proporcionar diferenciação entre concorrentes. Não necessariamente deve ser capacidade de uma única empresa do setor, mas definitivamente não deve ser comum a todas as empresas do setor. Vale também o exemplo da Honda. Talvez outras marcas sejam reconhecidas pela qualidade do motor, mas definitivamente, a Ford não foi uma delas, pelo menos nas duas últimas décadas. Por outro lado, algumas competências são pré-requisitos do setor, sem, no entanto, oferecer diferenciação. Sendo assim não podem ser consideradas competências essenciais. HAMEL e PRAHALAD (1995), classificam estas competências como necessárias ao invés de diferenciais. “Não faz muito sentido definir uma competência como essencial se ela for onipresente ou puder ser facilmente copiada pelos concorrentes”. Capacidade de expansão. O último teste das competências essenciais alerta para a tentação de se associar uma competência essencial a um único produto ou serviço. Assim, uma competência essencial deve proporcionar vantagem a todos os produtos e serviços da empresa, existentes ou não, de maneira a permitir “acesso aos mercados do futuro”. Uma competência essencial deve permitir que uma gama de novos produtos ou serviços sejam gerados a partir dela. O exemplo da Honda poderia ser usado novamente. A competência da Honda em fabricar motores seria muito restrita se fosse limitada a motores de carros. Será que a capacidade de produzir motores não poderia ser aplicada para motores de aviões? 41 A oportunidade para o VMI fornecer os benefícios esperados surge então de uma falta de aptidão do cliente com relação a uma categoria específica de produtos. Isto pode ocorrer por uma maior especialização do fornecedor ou por uma aptidão subdesenvolvida do cliente. Esta falta de aptidão poderia ocorrer nas dimensões física ou de informação, bem como estar relacionada com recursos humanos ou de capital. Em outras palavras, o cliente pode estar apto a realizar determinada tarefa, mas não ter os recursos para colocá-la em prática. Ou ainda ter os recursos necessários mas estar inapto do ponto de vista físico (bens de capital, imóveis) ou de informação (sistemas não integrados, simples, etc). Dimensão Capital Informação Trabalho Recursos Física Fig. 11 – Dimensões de Aptidão para determinada tarefa. JAMES et al (2000) Estas dimensões despertam um alerta no sentido de mostrar que a falta de aptidão e, conseqüentemente, os benefícios potenciais de uma relação de VMI, são temporários. O cliente poderia, com o tempo, implantar novos sistemas de informação ou comprar novos equipamentos e imóveis e estar apto a gerenciar seu estoque com a mesma eficiência que seu fornecedor, o que acabaria por determinar o fim da relação. 42 No entanto, pode ser de interesse estratégico nunca possuir esta aptidão, já que o foco deve estar nas competências centrais de cada um (HAMEL e PRAHALAD, 1995; FINE, 1999)., o que abre espaço para o VMI oferecer benefícios duradouros. JAMES et al (2000) afirmam que seu estudo mostrou uma forte correlação entre a presença de algumas características de produto com o potencial para benefícios derivados de uma relação de VMI. Propriedades físicas não usuais – são definidas em termos da fragilidade, tamanho, peso, ou dimensões. Estas características exigem manuseio especial, habilidades especiais e estocagem especial. Estas exigências especiais resultam em custos desproporcionais de manuseio e estocagem. Baixo volume – são itens vendidos ou repostos em unidades, que demonstram demanda independente e são considerados de baixo giro. Baixo volume/custo individual – este critério em conjunto com baixo volume, ressalta o posicionamento tático e não estratégico da categoria de produtos. Em outras palavras, gerentes de estoque destes produtos tendem a focar no nível de serviço e a minimizar os recursos para gerenciar a sua aquisição (custo de transação mínimo). O cliente tende então a considerar esta categoria de produto como de baixa importância e reduz investimentos em recursos para manuseá-los ressaltando o critério de propriedades físicas não usuais no que tange à custos desproporcionais de manuseio e estocagem. CORRÊA (2001) ressalta ainda que produtos deste tipo são normalmente repostos por sistemas do tipo de revisão periódica, onde um volume de estoque mais alto não traz implicações mais sérias. Similaridade visual e vasta gama – estes itens causam problemas específicos para o gerenciamento de estoques. A similaridade visual de alguns produtos causa problemas na seleção dos produtos e muitas vezes, as reposições são 43 feitas de maneira equivocada pelo simples fato de que o selecionador se confunde quando não tem grande familiaridade com a gama de produtos. O impacto é a falta de produto para os clientes, muito embora o produto esteja disponível e aparecendo nos sistemas de gerenciamento de estoques da empresa. Imprevisibilidade estrutural de demanda – este último critério qualificatório difere dos problemas de determinação de demanda apontados por FORRESTER (1958). A imprevisibilidade estrutural de demanda refere-se a produtos que apresentam demanda independente do histórico, visto que são produtos únicos, como livros e roupas de moda. Nível 5: Importância JAMES et al (2000) encontraram em seus estudos uma relação inversa de importância relativa, nos volumes comercializados, entre fornecedores e clientes. Eles acreditam que, para o sucesso do VMI, deve haver uma alta importância relativa para o fornecedor, de maneira que o volume de negócios seja significativo para o mesmo, enquanto que para o cliente a importância deve ser mais baixa. Esta maior importância relativa gera maior interesse em desenvolver aptidão específica e, daí, uma maior possibilidade de diferença de aptidão entre clientes e fornecedores. Os níveis 4 a 2 apresentam critérios vencedores, ou seja, quanto maior for a aderência do acordo aos critérios estabelecidos nestes níveis, maiores serão os benefícios atingidos no nível 1, para ambas as partes. Nível 4: Propriedade e Confiança A propriedade dos estoques afeta o comportamento e a expectativa de ambas as partes em uma relação comercial. Idealmente, como mostra a base do conceito de VMI dos autores, a propriedade do estoque deveria permanecer com a parte que apresentasse os menores custos para carregar o estoque. No 44 entanto, a dificuldade de determinação precisa destes custos, em ambas as partes, cria barreiras à manutenção transparente desta situação ideal. No seu estudo, JAMES et al (2000) verificaram que, na maioria das relações, a propriedade do estoque permaneceu com o cliente que, por conseqüência, acabou tendo papel ativo na manutenção de uma relação saudável entre os parceiros. Este papel foi exercido através da pressão em cima dos fornecedores para melhoria continua dos níveis de estoque ou pela cobrança de resultados através de indicadores de desempenho. Apesar disto, alguns autores, como BERNSTEIN et al (2002), acreditam que a manutenção da propriedade dos estoques com o cliente, cria incentivos para que o fornecedor “empurre” produtos para o cliente, tanto quanto for possível. A confiança entre as partes é outro fator fundamental de sucesso para a relação, já que o cliente deverá disponibilizar informações sensíveis, dentre as quais, vendas diárias nos vários pontos de venda. O nível de confiança de uma relação é refletido formalmente nos acordos contratuais entre as partes, onde delimita os limites de flexibilidade de ambas e, conseqüentemente, o nível de agregação de valor possível por parte dos fornecedores. Nível 3: Formato do acordo O contrato entre as partes é a formalização de todas as etapas anteriores e que, como dito acima, delimita o nível de flexibilidade da relação. A confiança entre as partes tem grande peso no tipo de acordo negociado e, portanto, é o termômetro desta relação. Contratos mais “leves” pressupõem um alto nível de confiança entre as partes e maior é a oportunidade para o fornecedor agregar valor ao fornecimento através do sistema de VMI. Inversamente, quanto mais “duro” for o contrato, menores são as chances do fornecedor agregar valor à relação. Contratos deste tipo, segundo JAMES et al (2000), são oriundos de sistemas de VMI que foram impostos por clientes com grande poder de 45 barganha. Neste formato, o cliente busca transferir os custos de manter e gerenciar estoques para o fornecedor ao invés de otimizar os custos dentro da cadeia. Nível 2: Facilitadores primários Segundo JAMES et al (2000), facilitadores primários são aqueles que, embora não essenciais para o funcionamento do sistema, quando presentes, multiplicam os benefícios conseguidos por um sistema de VMI bem desenhado. O primeiro facilitador primário é a transparência na informação, ou, acesso irrestrito a informação sensível como por exemplo, níveis de estoque, perfis de demanda e previsões de produção. Esta condição não envolve somente a vontade dos elos em colaborar, mas envolve questões técnicas sobre a segurança dos dados disponibilizados e, portanto, torna-se uma questão delicada. O próximo facilitador primário para os autores é transparência de custos. Como a idéia fundamental do VMI é transferir a gerência dos estoques para o elo que tenha os custos mais baixos para fazê-lo, conhecer os custos reais envolvidos na gestão do modelo é fundamental para transferir tarefas para o elo que realmente tenha estes custos mais baixos. Além disto, a falta de transparência na troca de informação sobre custos, pode acarretar impactos na confiança mútua entre os elos, o que colocaria todo o arranjo em risco. O terceiro facilitador citado por JAMES et al (2000) é o uso de tecnologia de informação. Como vimos anteriormente, acesso a informação real, em tempo real e confiável é um importante fator para o sucesso de sistemas de VMI. Este acesso é maximizado, genericamente, através de um link direto do computador do fornecedor para o computador do cliente, possibilitando a troca eletrônica de dados (EDI – Electronic Data Interchange). Atualmente, o uso da Internet tem sido buscado para esta tarefa, tornando-a mais acessível, devido ao relativo baixo custo comparado com o EDI. 46 O facilitador primário final para os autores é a condição de única fonte de fornecimento para determinado produto ou categoria de produto. Na verdade, pelo que se viu anteriormente, esta não seria uma condição absolutamente necessária, mas a sua presença gera economias de escala para o fornecedor, tornando o fornecimento nestas condições tão relevante, que o mesmo procura aumentar ainda mais a gama de serviços de valor agregado fornecidos dentro do VMI. CORRÊA (2003) ainda acrescenta, sem esta denominação, no entanto, mais um facilitador primário à lista. A demanda agregada percebida pelo elo gestor deve ser mais a jusante (mais perto do usuário final) quanto possível, idealmente, da demanda no ponto de venda. Qualquer demanda mais a montante na cadeia, já terá sofrido os efeitos das políticas individuais de gestão de suprimentos mencionadas no texto sobre o efeito chicote. 3.4.1- Benefícios Os benefícios potenciais do VMI devem ser divididos em benefícios para o fornecedor (vendor) e benefícios para o cliente. • Benefícios para o fornecedor O benefício mais óbvio para o fornecedor é a suavização da demanda (suavização do efeito chicote) pela capacidade de enxergar a demanda real do mercado e não a política de reposição do cliente. Em uma cadeia com vários elos entre o fornecedor e o mercado, quando mais a jusante o fornecedor for capaz de enxergar a demanda, maior será a suavização do efeito chicote (CORRÊA, 2003). JAMES et al (2000) apontam benefícios não tão óbvios mas talvez ainda mais relevantes. A relação entre o fornecedor e o cliente resultante da adoção do VMI envolve uma integração muito grande, em vários níveis, entre os dois elos. Esta relação acaba gerando dependência entre ambos, já que o esforço 47 despedido na construção de um sistema eficiente é tão alto que desestimula o cliente a procurar outro fornecedor. Em outras palavras, os custos de troca de fornecedor seriam muito altos. • Benefícios para o cliente O principal benefício para o cliente está na redução dos custos administrativos de gerenciamento de estoques. A eliminação da necessidade de muitos procedimentos que envolvem a compra de produtos e mercadorias, terminam por diminuir significativamente estes custos. Nas relações onde tecnologia de informação está implantada e desenvolvida, os custos são ainda menores (JAMES et al, 2000). Outro benefício importante é o aumento do nível de serviço com a manutenção, e em muitos casos redução, dos níveis de estoque. O aumento do nível de serviço reflete em menor perda de vendas pela indisponibilidade do produto, além de auxiliar a manter ou melhorar um ativo intangível das empresas que é a sua reputação. Adicionalmente, com a redução de estoques vem a redução dos espaços de armazenagem, dos custos de manter o estoque e dos riscos envolvidos na manutenção de estoques: obsolescência, danos e deterioração. Alguém poderia argumentar, no entanto, que os benefícios apontados pelo VMI poderiam ser conseguidos através de um bem desenhado sistema de reposição contínua, sem a necessidade de transferir as decisões sobre a reposição para o fornecedor. BERNSTEIN et al (2002), mostram, porém, que a adoção de um sistema VMI ajuda na coordenação da cadeia de suprimentos e potencialmente reduz custos para todos os elos. Para tanto, os autores estudaram três conjuntos de arranjos possíveis em uma cadeia de suprimentos: um sistema “totalmente centralizado” onde todas as decisões sobre preço no varejo, volumes de venda e todas as decisões de reposição cabem a um único tomador de decisão; um sistema “totalmente descentralizado” onde cada varejista da cadeia toma suas própria decisões 48 sobre as variáveis acima; um sistema “parcialmente descentralizado” operando sob o regime VMI. No estudo, os autores comparam os mecanismos de coordenação de cada arranjo, medidos através de uma relação custo/receita, com o arranjo “totalmente centralizado”. O resultado mostra que, embora o VMI não atinja a coordenação perfeita, ou seja, iguale a relação custo/receita do arranjo “totalmente centralizado”, a diferença para coordenação perfeita é menor do que no arranjo “totalmente descentralizado”. A conclusão dos autores é que a “mera introdução do VMI, ajuda na coordenação da cadeia, mesmo que um dos seus membros (ainda que seja o fornecedor) estabeleça um esquema de preços para otimizar exclusivamente seus próprios lucros” (BERNSTEIN et al 2002). Mais ainda, o estudo confirma que, num arranjo VMI onde o fornecedor arca com todos os custos de produção e distribuição (incluindo os custos de manutenção de estoque), este tem limitada sua habilidade de extrair para si, uma parte substancial dos lucros gerados na cadeia. 3.4.2- Armadilhas Apesar dos potenciais benefícios de um arranjo VMI entre um fornecedor e um cliente, muitas armadilhas podem aparecer no caminho, tornando o arranjo uma fonte de problemas e de ineficiências ainda maiores do que na situação anterior a implementação. Relacionamentos surgidos da posição de dominância do cliente sobre o fornecedor podem empurrar custos adicionais para este último, ao invés de otimizá-los através da execução de atividades pelo elo da cadeia que tem maior vocação para fazê-las (JAMES et al, 2000). O fornecedor acaba sem condições de sustentar esta posição por muito tempo e o arranjo termina. 49 Outra armadilha possível é o aumento da dependência do cliente pelo fornecedor. Ocorre que o VMI aumenta esta dependência, pois a integração exigida entre ambos é tão grande, que torna difícil trocar de fornecedor rapidamente. Como mostra PORTER (1986)2, o fornecedor, nestes casos, tem grande poder de negociação e, portanto, não é interessante estrategicamente manter um arranjo como este. A necessidade de abertura de informação confidencial para o fornecedor é outra fonte de risco para o cliente, principalmente quando o fornecedor também fornece para os principais concorrentes deste cliente (JAMES et al, 2000). Mais uma vez, a importância do relacionamento entre os dois elos surge como um fator fundamental para o sucesso do arranjo. 3.4.3- A importância do relacionamento cliente x fornecedor Apesar dos benefícios potenciais de um sistema VMI, muitas são as dificuldades encontradas no seu desenho, implantação e gerenciamento. Talvez a mais relevante delas, no entanto, seja a questão do relacionamento entre o fornecedor e o seu cliente. A abordagem de JAMES et al (2000) levanta claramente esta importância ao expor os tipos de relacionamentos encontrados em seus estudos e traduzidos na forma dos contratos firmados entre as empresas envolvidas. Segundo os autores, há dois modos de implantação de um sistema de VMI, os quais representam posições extremas de um contínuo de estilos gerenciais. O primeiro foi chamado de dominação e é baseado no poder de barganha do cliente com relação ao fornecedor. Este estilo é visto como uma tentativa do cliente com alto poder de barganha em diminuir estoque e custos, empurrando este fardo para o fornecedor. Segundo JAMES et al (2000), esta prática não é o verdadeiro VMI e tem ajudado a destruir a reputação da técnica. 2 Ver quadro na página 72 50 O outro extremo do contínuo trata do estilo colaborativo, cuja base é a confiança mútua. O catalisador desta relação é um fornecedor inovador tentando oferecer melhores serviços a seus clientes, agregando valor ao negócio destes através de sua especialidade no tratamento de seus produtos. Este tipo de relação está na base do modelo de suporte à decisão criado por JAMES et al (2000). Como vimos anteriormente, para que uma relação VMI seja realmente eficiente, deve haver troca de informações sensíveis entre os dois elos participantes. 51 4- O S R E S U L T A D O S R E C E N T E S 4.1- Resultados positivos Um recente estudo da associação ECR Brasil mostra os benefícios potenciais de arranjos VMI em empresas varejistas. Neste estudo, a associação testa 4 modelos de abastecimento dos quais dois envolvem arranjos VMI e dois envolvem o arranjo tradicional onde o cliente toma as decisões de reposição (RMI – Retail Managed Inventory ou Estoque gerido pelo varejista). Os quatro modelos utilizados neste estudo aparecem no esquema abaixo, junto com dois outros que não foram testados: DSD-VMI, CD-VMI, CD-RMI e crossdocking-RMI. Fig. 12: Formas de Reposição Contínua de Mercadorias Formas de Decisão Formas de Fluxo Físico RMI - Retail Managed Inventory as entregas são feitas diretamente no Ponto-deDSD - Direct Store Venda (PDV) e a decisão de Delivery ressuprimento é tomada pelo varejista Cross Docking as mercadorias passam pelo Centro de Distribuição (CD) e vão diretamente para o PDV e a decisão de reposição cabe ao varejista os produtos são entregues e Via CD - Centro de estocados no CD e o controle de aprovisionamento é feito Distribuição pelo varejista VMI - Vendor Managed Inventory as entregas são feitas diretamente no PDV e a decisão de ressuprimento é tomada pelo fornecedor as mercadorias passam pelo CD e vão diretamente para o PDV e a decisão de reposição cabe ao fornecedor os produtos são entregues e estocados no CD e o controle de aprovisionamento é feito pelo fornecedor Fonte: KLINGLENGERGER (2001). Para medir os resultados de cada um dos modelos foram definidos indicadores de desempenho: Níveis de estoque (No CD, na retaguarda das lojas e nas prateleiras); Falta na loja (prateleira e CD); Freqüência de entrega; Lead-time (ou prazo de reposição) e Fill-rate. Os dois primeiros foram usados para avaliar 52 a evolução dos níveis de estoque e o desempenho da cadeia logística. Os três restantes foram usados para verificar o desempenho dos fornecedores e seu impacto nos estoques de segurança. Foram escolhidas empresas com operações na grande São Paulo e com estrutura para atender os modelos de abastecimento estudados. Além disto, os participantes deveriam ter capacidade de realizar EDI e ter sistemas de informações comerciais integrados e capacidade de desenvolvimento dos algoritmos de reposição contínua. É importante notar que, embora tecnologia de informação seja considerada um facilitador primário, aqui foi tratada como pré-requisito para o estudo. Os participantes fecharam acordos comerciais para permitir que as reposições acontecessem sem interrupções para negociações a cada pedido. Estes acordos envolveram basicamente políticas de descontos por quantidade, políticas relacionadas ao espaço expositor e políticas promocionais. Os produtos participantes foram escolhidos por sua representatividade e por não serem sujeitos a muita sazonalidade. Durante este projeto piloto ocorreram muitas eventualidades, todas relacionadas com a falta de experiência das empresas, que prejudicaram os resultados. No entanto, estas ocorrências foram documentadas e puderam ser analisadas. Os resultados apresentados mostram que o potencial de sucesso do VMI é bastante grande após a eliminação destes problemas operacionais. A tabela abaixo mostra os resultados finais obtidos pelo estudo. 53 Tabela 3 – Resultados Finais do Estudo da ECR Brasil sobre reposição automática. ECR Brasil (1998) Modelos DSD-VMI Cross-Docking-RMI CD-VMI (1) CD-VMI (2) CD-RMI Estoque Médio real (d.d.v.) 11,6 8,5 10,2 17,9 5,5 LOJA CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO Estoque OOS Estoque OOS OOS Médio Médio Médio Médio Estoque Médio OOS Médio Médio real Algoritmo Algoritmo Gôndola Gôndola CD (d.d.v.) CD (%) (%) (d.d.v.) (%) (d.d.v.) (%) 7,8 4,1 1,8 2,5 14,8 2,9 5,1 1,9 1,2 8,6 2,3 4 3,4 1,7 14,7 11,6 4,2 6,4 1 0,2 8 5,1 34 5,2 2,3 6,4 3,4 2,8 16,1 10,3 11,1 Onde: • Estoque Médio Real (d.d.v) – é o estoque médio efetivamente observado pelo varejista, em dias de venda (d.d.v), ou seja, quantos dias médios de venda seriam necessários para consumir os estoques. Estoque médio do período dividido pelo pela venda média do mesmo período; • Estoque Médio Algoritmo – É o estoque ao se eliminar as intervenções manuais no sistema ocorridas no projeto piloto; • O.O.S. Médio Real – falta de produto indicada pela porcentagem em dias de falta dividido pelo total de dias analisados; • O.O.S. Médio Algoritmo – faltas de produto que teriam ocorrido caso não houvesse intervenções manuais. A tabela abaixo mostra a comparação entre os indicadores reais medidos no período do projeto piloto e os indicadores da melhor semana, definida como aquela que apresentou o mínimo de intervenções manuais. 54 Tabela 4 – Potencial de Melhoria. ECR Brasil (1998) Modelos DSD-VMI Cross-Docking-RMI CD-VMI (1) CD-VMI (2) CD-RMI Modelos DSD-VMI Cross-Docking-RMI CD-VMI (1) CD-VMI (2) CD-RMI LOJA Média do Melhor Potencial de Melhoria período Quinzena Redução Redução Estoque Estoque do do Médio Médio estoque estoque (d.d.v.) (d.d.v.) (d.d.v.) (%) 11,6 7 4,6 39,7% 8,5 3,1 5,4 63,5% 10,2 2,1 8,1 79,4% 17,9 10,3 7,6 42,5% 5,5 2,7 2,8 50,9% CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO Média do Melhor Potencial de Melhoria período Quinzena Redução Redução Estoque Estoque do do Médio Médio estoque estoque (d.d.v.) (d.d.v.) (d.d.v.) (%) 11,6 6,9 4,7 40,5% 34 10,8 23,2 68,2% 10,3 4,6 5,7 55,3% Segundo a ECR Brasil (1998), o caso denominado CD-VMI (2) apresentou resultados piores devido a natureza do produto. Por se tratar de um produto de baixo giro e com entrega mínima capaz de suprir a loja muitos dias, o resultado foi um alto nível de estoques. A ECR Brasil (1998) sugere que estes produtos sejam repostos por outro método, por exemplo, o Kanban. Quanto aos demais casos, podemos observar o grande potencial de melhoria proporcionado pelo VMI, especialmente quando observado em conjunto com os níveis de estoque, as taxas de falta de produto na loja, na gôndola e no centro de distribuição. 55 5- M E T O D O L O G I A Agora que já definimos, nos capítulos anteriores, o terreno comum para a comunicação e entendimento desta pesquisa (COOPER e SCHINDLER, 2001), através da exposição teórica dos fundamentos das cadeias de suprimentos, gestão de estoques e do VMI, podemos passar para o desenho da pesquisa propriamente dita. Antes, porém, devemos apontar com clareza seus objetivos, abrangência, instrumentos e limitações. Este capítulo visa dar credibilidade ao trabalho de pesquisa, delimitando o campo de atuação e alertando o leitor sobre as limitações dos possíveis resultados. Ao mesmo tempo, esta seção serve como guia para o próprio pesquisador evitar um julgamento enviesado dos resultados, levando a conclusões sem fundamentos científicos. Inúmeros métodos de pesquisa, denominados científicos, estão disponíveis para estudos de diversos de fenômenos. Estudos de um mesmo fenômeno por diferentes métodos podem chegar a conclusões diferentes. No entanto, estes resultados aparentemente intrigantes não invalidam os estudos, suas conclusões e a própria observação do fenômeno. O que diferencia cada um dos resultados é o objetivo que se pretendia com o estudo e o uso do método adequado para este objetivo. 5.1- Objetivos e a metodologia adequada COOPER e SCHINDLER (2001) usam uma estrutura de categorias para descrever o desenho de uma pesquisa e ajudar o pesquisador a escolher o desenho adequado para seus objetivos. A primeira categoria diz respeito ao objetivo do estudo que pode ser exploratório ou formal. O estudo exploratório tem o objetivo de descobrir tarefas de pesquisa futuras, ou, em outras palavras, de levantar hipóteses que serão respondidas em novas pesquisas. A pesquisa formal tem o objetivo de testar hipóteses ou responder perguntas formuladas. A separação entre as duas chega a ser tênue, já que todo estudo formal não 56 prescinde de certo grau de exploração, mas a distinção de objetivos é bastante clara. Como comenta Magueijo, 2002, um estudo empírico por si só não é capaz de responder nada. A ciência parte da especulação e depois vai para a experimentação. A especulação é que dá a direção e mostra aonde se deve fazer a experimentação. “(...) Por isto a teoria científica deve se iniciar não por recurso a sistemáticas observações descritivas de eventos dispersos no mundo real, mas pelo teste de uma lei geral desenvolvida por raciocínio indutivo.” (COX, 1996; citado por ABRAMCZUK, 2001). No caso desta dissertação, o desenho é de uma pesquisa exploratória, tendo em vista que ela busca entender como o VMI vem sendo aplicado em um setor específico – o varejista de materiais de construção – e levantar questões sobre os modelos de VMI existentes e sua aplicação neste setor. O objetivo é encontrar indícios dos motivos do atraso na aplicação do VMI no setor varejista de materiais de construção, que tem apenas uma empresa investindo na implantação. As hipóteses levantadas por este estudo poderão ser investigadas em estudos futuros mais aprofundados. Para tanto, dividimos o estudo e as entrevistas em dois segmentos. Estudo do setor varejista de materiais de construção através de entrevistas com responsáveis por estoques e logística nas empresas líderes e em seus principais fornecedores; Estudo do setor através de entrevista com a entidade de classe ANAMACO3. O VMI é uma técnica bastante complexa que envolve interações entre empresas, cujo entendimento ultrapassa os limites quantitativos dos indicadores financeiros e não-financeiros, atingindo o nível qualitativo do relacionamento entre estas empresas e entre as pessoas que as representam. O estudo de caso é uma metodologia de enfoque sistêmico, adequado para o 3 ANAMACO: Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção. Entidade de classe onde estão filiados 77% da receita do setor e 50% dos estabelecimentos. 57 estudo de problemas complexos (COOPER e SCHINDLER, 2001) como o que estamos abordando, e foi escolhido para este trabalho. A metodologia não permite tratar dados estatisticamente, nem fazer generalizações, já que a amostra não é capaz de representar o setor. Porém, é extremamente eficiente na sua função exploratória e no seu objetivo de levantar questionamentos sobre o VMI no setor varejista de materiais de construção. 5.2- O instrumento de pesquisa A próxima categoria utilizada por COOPER e SCHINDLER, 2001 diz respeito ao método de coleta de dados. Os autores mencionam duas alternativas: o monitoramento e o estudo interrogativo/comunicativo. Para este trabalho, escolhemos o método do estudo interrogativo/comunicativo, já que procuramos investigar fatores desconhecidos que poderiam estar causando o atraso ou mesmo inviabilizando a utilização do VMI no setor. O monitoramento exigiria perfeita sincronia do estudo com o objeto estudado, ou seja, seria necessário encontrar uma empresa na fase de implantação e observar todo o desenvolvimento do projeto, o que poderia levar mais tempo e consumir mais recursos dos que os disponíveis para este pesquisador, além da dificuldade de se encontrar uma empresa nesta situação. A complexidade dos sistemas VMI envolve o entendimento dos conceitos teóricos usados, por parte dos entrevistados. Um simples questionário respondido autonomamente pelo entrevistado poderia ser incompreendido pelo desconhecimento mais profundo dos conceitos determinantes do VMI. O resultado seria desastroso, pois isto poderia nos levar a conclusões inadequadas. A metodologia escolhida, da entrevista pessoal, possibilita ao pesquisador, a oportunidade de verificar o entendimento do conceito pelo entrevistado e a validade das respostas. 58 Para aprimorar os questionários estruturados e ter certeza que os mesmos serviriam ao propósito para o qual foram criados, os mesmos foram testados em outro ambiente (outro setor, outros respondentes). O objetivo foi testar a clareza das perguntas e o seu entendimento pelos respondentes. Com as observações tiradas deste teste, os questionários foram reescritos. COOPER e SCHINDLER (2001) ainda comentam que um estudo pode ter sua validade reduzida, se as pessoas perceberem que o mesmo está em curso, quando conduzido de maneira dissimulada. Estas podem influenciar o resultado da pesquisa, já que passam a agir de maneira não natural. Os estudos para esta dissertação serão conduzidos de maneira aberta, o que pode ajudar a evitar esta situação. Outra medida para minimizar este problema, será a ocultação dos nomes dos entrevistados e de suas empresas, evitando que seus egos influenciem suas respostas e mostrem resultados mais positivos do que o real, no caso do responsável pela decisão de implantação, ou mais negativos do que o real, no caso de entrevistados sem comprometimento com a decisão de implantação. Ainda para evitar que o ego do respondente influencie os resultados da pesquisa, fazendo com que ele responda de maneira a criar no pesquisador uma impressão de que é inteligente ou competente (CORRÊA, 2003), utilizamos duas técnicas para testar as respostas. Primeiramente, usamos várias empresas do setor, tanto varejistas como fornecedores, além da ANAMACO, com visões diferentes, de maneira a verificar a consistência das respostas. Em segundo, usamos a técnica das perguntas cruzadas (em perguntas chave apenas), onde a mesma pergunta é feita de duas maneiras diferentes em dois momentos distintos do questionário. A consistência entre as respostas também proporciona um teste da sua validade. Usamos ainda um questionário com uma escala do tipo Likert (COOPER; SCHINDLER, 2001), cujo objetivo é verificar o grau de similaridade da situação da empresa com o modelo de James, Francis e Rich. Respostas nos extremos da graduação indicam grande similaridade da situação da empresa com os 59 conceitos definidos pelos autores. Respostas intermediárias mostram ou que a similaridade não é tão forte ou que o entrevistado tem dúvidas sobre a resposta. Estas respostas, portanto, devem ser analisadas com cuidado redobrado. Mais especificamente, o estudo foi desenvolvido através de entrevistas dirigidas, com questionários estruturados, conduzidas ao vivo ou por telefone, com os responsáveis pelas áreas ligadas a utilização do VMI. Os respondentes foram escolhidos com base na ligação com a área de gerência de estoques, para os varejistas, e logística, para o caso dos fornecedores, pois são as áreas que necessariamente teriam envolvimento com a implantação de um sistema VMI, caso esta iniciativa estivesse em curso ou já tivesse sido tentada anteriormente. Foram entrevistadas ao todo 6 empresas, sendo 3 varejistas e 3 fornecedores, todos líderes no setor (aonde esperávamos que surgissem as maiores inovações). O questionário utilizado para as entrevistas, denominado Questionário Viabilidade, pode ser encontrado nos anexos desta dissertação. As empresas varejistas escolhidas encontram-se na categoria de Home Centers e buscam representar o setor varejista de materiais de construção com condições de obter os melhores resultados com o VMI, tendo em vista a presença dos facilitadores primários (ver seções 3.4 e 6.1 desta dissertação) na categoria. Adicionalmente foi realizada entrevista com a ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção) com o intuito de explorar a atual situação de utilização do VMI na cadeia de suprimentos de materiais de construção. O questionário estruturado, denominado Questionário Setor, também pode ser encontrado nos anexos desta dissertação. Como dados sobre o setor varejista de materiais de construção estão disponíveis na própria página da instituição na Internet, o questionário limita-se exclusivamente a informações sobre VMI no setor. 60 Ainda, a qualificação dos entrevistados é fundamental para a validade dos resultados. Assim, os entrevistados devem, obrigatoriamente, ter papel decisório na estratégia de gerência de estoques e, se possível, ter participado de algum processo de implantação e gerenciamento de sistemas VMI. Para evitar que a armadilha da nomeclatura de cargos cause distorções no nível dos respondentes, vamos definir o cargo através do seu nível decisório e da sua efetiva participação na gerência de estoques. Estamos atrás de indícios que mostrem barreiras à implantação de VMI nestas empresas e que poderiam ser barreiras generalizadas do setor (esta generalização deve ser comprovada em estudos futuros com enfoque estatístico). Assim, serão feitas perguntas sobre: • grau de informatização da empresa e sua relação com a implantação de VMI; • testes simples sobre o entendimento do entrevistado com relação ao tema VMI; • postura com relação ao modelo VMI pretendido; • resultados de projetos pilotos; 5.3- O tratamento dos dados As respostas serão comparadas com a teoria existente sobre VMI, abordada neste trabalho, com o intuito de encontrar particularidades na implementação de VMI no setor varejista de materiais de construção e que ainda não haviam sido percebidas até o momento. Como já havíamos mencionado, não é possível fazer generalizações devido às características do estudo e da amostra. Nem este é o objetivo do estudo. No 61 entanto, podemos fazer sugestões para melhorar os resultados da utilização do VMI nas empresas alvo do estudo, tendo em vista a teoria existente. 62 6- V M I N A C A D E I A D E S U P R I M E N T O S D E M A T E R I A I S D E CONSTRUÇÃO NO BR ASIL 6.1- O Mercado O Mercado de construção civil em geral é um dos mais importantes para a Economia brasileira. Parte deste mercado, o varejo de materiais de construção representou, em 2001, uma receita de R$ 32 bilhões e previsões de aumento de 3,35% no ano de 2002, chegando a R$ 33,9 bilhões (fonte: ANAMACO4). O mercado varejista pode ser divido em duas grandes vertentes, com focos de mercado mais complementares do que concorrentes: os Home Centers e as pequenas e médias lojas de materiais básicos. Quadro 3 - Critérios para classificação do porte de Empresas do Macrossetor de Construção Civil Há dois principais critérios para classificação das empresas do macrossetor da construção em grandes, médias, pequenas e micro-empresas. O primeiro critério é o do SEBRAE, que classifica as empresas pelo número de empregados. Porte da empresa Micro Pequena Média Grande Número de empregados Indústria até 19 de 20 a 99 de 100 a 499 500 ou mais Comércio e serviços até 9 de 10 a 49 de 50 a 99 100 ou mais Tabela 5 - Classificação do porte das empresas por número de empregados, segundo ramos de atividade. GARCIA et al (2000) O segundo critério está previsto na Lei 9.317/96, com as alterações da Lei n° 9.732/1998, que institui e regulamenta a cobrança de impostos e contribuições pelo “SIMPLES”. 4 ANAMACO: Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção. Entidade de classe onde estão filiados 77% da receita do setor e 50% dos estabelecimentos 63 Quadro 3 - Critérios para classificação do porte de Empresas do Macrossetor de Construção Civil – Cont. Por este critério, a pessoa jurídica deverá verificar o total da receita bruta acumulada, dentro do ano-calendário, até o próprio mês em que está fazendo a apuração. Segundo esta lei, são consideradas de pequeno porte (EPP), empresas com faturamento anual de até R$ 1.200.000,00. Há ainda, para o caso de São Paulo, outra classificação municipal prevista na lei 11.270 DE 29-11-2002 (DO-SP DE 30-11-2002), que regulamenta a cobrança de impostos e contribuições pelo “SIMPLES MUNICIPAL”. O limite para o Simples Municipal é também de R$ 1.200.000,00, sendo que empresas com faturamento inferior a R$ 150.000,00 são consideradas Micro-empresas. Home Centers: São cadeias de lojas (acima de 15.000 m2 de área: Leroy Merlin, Castorama, C&C, Telha Norte), localizados em corredores das grandes cidades com uma área de influência bastante extensa (principalmente no estado de São Paulo). Este setor representa, segundo a ANAMACO, apenas 4% (MOGLIA, 2002) da receita total do setor e está basicamente voltado para a comercialização de produtos de acabamento, a saber: cerâmica, louças, itens para jardinagem e áreas de lazer, entre outros. Pequenas e Médias Lojas: Estas lojas comercializam materiais básicos como cimento, areia, cal, tijolos, hidráulica e elétrica e atendem apenas as suas redondezas. Com as devidas exceções são, em geral, desorganizadas, sem informatização e apresentam pouca ou nenhuma preocupação com práticas gerenciais já largamente difundidas, como SCM, atividades de marketing, CRM, previsão de vendas, entre outras. No entanto, estas lojas têm uma participação expressiva no mercado varejista de materiais de construção com 96% da receita total do setor. 64 Segundo Cláudio Conz, presidente da ANAMACO (MOGLIA, 2002) das 105 mil lojas de material de construção, que vendem produtos destinados à reforma, ampliação e construção, 56% são consideradas empresas pequenas (até 10 empregados); 40%, médias (entre 11 e 100 empregados); e apenas 4% são grandes (com mais de 100 empregados). O quadro abaixo mostra a distribuição das lojas cadastradas na ANAMACO, por tamanho e por faturamento. Fig. 13 - Faturamento médio mensal por loja. ANAMACO (2001) Base amostra 1352 = 100% NA % Menos de 10.000 Mais de 10 mil a 20 mil 11 Mais de 20 mil a 50 mil 19 Mais de 50 mil a 100 mil Mais de 100 mil a 150 mil Mais de 150 mil a 200 mil 5 Mais de 200 mil a 300 mil 6 Mais de 300 mil Não sabem 92 156 7 264 207 158 72 15 12 83 181 139 13 10 Fig. 14 - Características das Lojas por Tamanho. ANAMACO (2001) Base amostra 1352 = 100% NA % Até 1.000m2 1130 2 2 mais de 1.000m a 9.000m 171 mais de 9.000m2 18 84 13 1 Fig. 15 - Características das Lojas por nº de Funcionários. ANAMACO (2001) Base amostra 1352 = 100% NA % Até 10 funcionários 760 56 de 11 a 100 funcionários mais de 100 funcionários 535 53 40 4 A ANAMACO ter entre estima seus afiliados, cerca de 50% dos estabelecimentos do setor, o que projeta a quantidade total para algo em torno 65 de 100.000 lojas espalhadas por todo o país. Entre os afiliados, a distribuição por estados e capitais é mostrada abaixo. Tabela 6 - Distribuição de Lojas por Estados e Capitais. ANAMACO (2001) UF QUANT. %/TOTAL QUANT. %/ESTADO AC Acre 50 0,10% 42 84,00% AL Alagoas 123 0,25% 72 58,54% AP Amapá 26 0,05% 26 100,00% AM Amazonas 153 0,32% 133 86,93% BA Bahia 1.809 3,72% 611 33,78% CE Ceará 573 1,18% 429 74,87% DF Distrito Federal 423 0,87% 378 89,36% ES Espírito Santo 955 1,97% 140 14,66% GO Goiás 625 1,29% 228 36,48% MA Maranhão 205 0,42% 125 60,98% MT Mato Grosso 306 0,63% 70 22,88% MS Mato Grosso do Sul 302 0,62% 93 30,79% MG Minas Gerais 5.019 10,33% 1.009 20,10% PA Pará 445 0,92% 230 51,69% PB Paraíba 278 0,57% 128 46,04% PR Paraná 1.993 4,10% 426 21,37% PE Pernambuco 721 1,48% 331 45,91% PI Piauí 170 0,35% 106 62,35% RJ Rio de Janeiro 2.843 5,85% 1.377 48,43% RN Rio Grande do Norte 164 0,34% 101 61,59% RS Rio Grande do Sul 2.129 4,38% 373 17,52% RO Rondônia 168 0,35% 53 31,55% RR Roraima 22 0,05% 21 95,45% SC Santa Catarina 1.669 3,44% 64 3,83% \SP São Paulo 27.055 55,70% 10.344 38,23% SE Sergipe 280 0,58% 150 53,57% TO Tocantins 64 0,13% 34 53,13% TOTAL 48.570 100,00% 17.094 35,19% Norte 928 1,91% 539 58,08% Nordeste 4.323 8,90% 2.053 47,49% Centro Oeste 1.656 3,41% 769 46,44% Sudeste 35.872 73,86% 12.870 35,88% Sul 5.791 11,92% 863 14,90% REGIÕES DO BRASIL 66 Infelizmente a grande maioria dos varejistas de materiais de construção (96 % em receita) é de pequenas e médias empresas que tem a estrutura descrita acima. Este fato mostra que a ineficiência do setor em diversos aspectos é enorme. Por outro lado, esta ineficiência significa imenso campo para melhorias. Com empresas varejistas a possibilidade de melhorias com a implementação de sistemas de gestão da cadeia de suprimentos, entre eles o VMI, é ainda mais significativo. Fig. 16 - Características das Lojas por nº de Itens Comercializados. ANAMACO (2001) Base amostra 1352 100% NA % Até 5.000 1052 78 De 5.001 até 14.500 197 15 Acima de 14.501 64 5 No entanto, as dificuldades são também enormes. A característica amadora, da maioria dos varejistas do setor, resulta em desconfiança quando o assunto é técnicas de gestão. Esta desconfiança acaba por se tornar uma importante barreira na implementação de um sistema de VMI, onde um dos fatores críticos de sucesso é a troca de informações confidenciais entre o varejista e o fornecedor, seja ele o distribuidor ou o fabricante. Além disto, a baixa informatização dos varejistas também se apresenta como uma importante barreira à implementação de um sistema VMI eficiente. Como vimos anteriormente, um dos facilitadores primários de um sistema como este (JAMES et al, 2000) é a presença de Tecnologia de Informação capaz de transferir informação confiável de vendas e nível de estoques do varejista para o fornecedor. Há, no entanto, que se fazer uma ressalva com relação a categoria dos Home Centers, pois o nível de automação destes varejistas parece ser bem melhor. Este é um dos pontos que vamos buscar entender melhor durante o estudo do setor, nos capítulos seguintes. Tabela 7 - Grau de Informatização dos Lojistas - Total e por Tamanho de Loja (%). ANAMACO (2001) Total Pequena Média Grande Não Informatizado 2 33 2 0 Informatizado 98 67 98 100 67 Fig. 17 - Grau de Informatização dos Lojistas-Programas Utilizados ANAMACO (2001) Amostra Simples Outros Sistema Próprio Cobol Windows 95 Vican / Vikan Windows 98 DOS Windows (S/E) Não Sabe Nenhum 42 2 2 3 3 3 7 17 12 21 Apesar dos dados da ANAMACO mostrarem um grau de informatização alto (98%) para as suas afiliadas, examinado com maior rigor, o quadro dos programas utilizados pelos varejistas (Fig. 16) mostra que o grau de utilização de programas de computador voltados à gestão é, na verdade, muito baixo, o que nos leva a acreditar que os recursos de informática são voltados a outras atividades. Por exemplo, podemos observar que 33% da amostra ou não sabe qual programa utiliza ou não utiliza nenhum. Outros 13% afirmaram utilizar DOS ou Windows, que são notadamente sistemas operacionais e não programas voltados à gestão. Ainda, como já comentado por CORRÊA (2003), o elo da indústria (fornecedores), único capaz de agir como catalisador na implementação de um sistema VMI, não tem, atualmente, interesse em fazê-lo. Vamos abordar esta questão mais detalhadamente nos capítulos seguintes com a análise nas entrevistas com empresas do setor. 68 6.2- O Macrossetor O Macrossetor da Construção civil pode ser dividido em 6 cadeias de produção: “a cadeia de produtos de madeira (extração, serrarias, etc.); a cadeia de argilas e silicatos (cerâmicas, azulejos, vidros, pedra, areia, etc.) e a cadeia dos calcários (cimento, cal, gesso, concreto, etc.), a qual faz parte da extração de minerais não-metálicos e não-orgânicos; a cadeia de produtos derivados de materiais químicos e petroquímicos (pisos, revestimentos, tubos, conexões, tintas, vernizes, etc.); a de produtos da siderurgia e metalurgia de ferrosos e a cadeia de produtos da siderurgia e metalurgia de não-ferrosos (esquadrias, vergalhões, metais sanitários, etc.)” (GARCIA et al, 2000). A cadeia continua seguindo na direção dos varejistas, com alguns produtos sendo processados por mais ou menos elos, dependendo da sua aplicação pelo mercado consumidor final. Embora a figura mostre um elo de distribuidores e atacadistas, CONZ (2004) afirma que os mesmos são praticamente inexistentes ou inexpressivos. Ainda segundo CONZ (2004), isto se dá pelo processo de dominação do mercado pela indústria através da política de vendas diretas. Alguns fornecedores chegam a ter uma carteira de quase 20.000 clientes. Desta maneira, muitos pequenos varejistas acabam utilizando os Home Centers como fornecedores. A Figura 18, na página seguinte, mostra a cadeia descrita acima: 69 Siderurgia de Aço Siderurgia de Alumínio Siderurgia de Cobre Químicos e Petroquímicos Não-orgânicos Comércio Atacadista de produtos em Natura PVC em forma primária Materiais Plásticos em geral (Pisos, Revestimentos, etc.) Asfalto, Diesel Calcários Argilas e Silicatos Metalurgia (Ferragens, Tubos, etc) Outros Estruturas Metálicas Vergalhões Metais Sanitários Portas e Esquadrias Materiais Elétricos Tubos e Conexões Impermeabilizantes e solventes Fabricação e Fixação de fibras Têxteis Tintas e Vernizes Cal virgem e hidratada e Gesso Cimento, Concreto, Fibrocimento, Gesso e Estuque Cimento Cerâmica Vermelha, Pisos e Azulejos, Louças Sanitárias, Vidro Plano Desdobramentos de Madeira (Serraria) Fig. 18 – A Cadeia de Suprimentos de Materiais de Construção no Brasil. Adaptado de Secon/Sinduscon/SP Extração de Min. Metálicos Extração de Min. não metálicos Extração de Madeira Extração Comércio de Produtos em Natura e Transformação Ar-condicionado Máquinas e Equipamentos para Construção Artefatos de Tapeçaria Transformação de Areia e Pedra Madeira Laminada ou Chapas de Madeira Compensadas, Prensada ou Aglomerada Esquadrias e estruturas de Madeira, Artigos de carpintaria, e Casas de Madeira Pré-fabricadas Aluguel de Máquinas e Equip. Comércio Varejista de Materiais de Construção Comércio e Serviços Intermediação Financeira Construtoras Autoconstrução Construção 70 Comercialização Comércio Atacadista de Materiais de Construção Do produto total gerado pelo Macrossetor da Construção, aproximadamente 45% estão relacionados com a produção intermediária (materiais de construção e serviços). Em 1995, (FIBGE, apud GARCIA et al, 2000) dos R$ 83,978 bilhões de produção total, R$ 38,85 bilhões foram gerados pelo setor intermediário. Apesar do consumo intermediário estar distribuído em vários setores, apenas 16 segmentos concentram praticamente 96% do consumo total. (GARCIA et al, 2000). A Tabela a seguir mostra esta distribuição. Tabela 8 - Matriz insumo-produto de 1990: consumo intermediário das atividades. GARCIA et al (2000) Atividades Produtos minerais não-metálicos Outros produtos metalúrgicos Material elétrico Produtos da construção civil Madeira e mobiliário Artigos de plástico Tintas Serviços prestados às empresas Laminados de aço Produtos da metalurgia de não-ferrosos Fabricação e manutenção de máquinas e equipamentos Outros minerais Outros produtos do refino Óleos combustíveis Outros serviços Serviços financeiros Produtos diversos Produtos da borracha Serviços industriais de utilidade pública Margem de transporte Comunicações Margem de comércio Outros produtos químicos Papel, celulose, papelão e artefatos Aluguel de imóvel Tratores e máquinas de terraplanagem Outros veículos e peças Gasoálcool Alojamento e alimentação Artigos do vestuário Elementos químicos não-petroquímicos Outros produtos têxteis Tecidos artificiais Álcool de cana e cereais Equipamentos eletrônicos Seguros Total Construção Civil Cr$ milhões (%) 745.831 29,0 426.067 16,6 255.505 9,9 211.811 8,2 181.012 7,0 137.400 5,3 104.951 4,1 74.336 2,9 66.391 2,6 58.310 2,3 48.743 1,9 39.766 1,5 33.772 1,3 30.975 1,2 25.421 1,0 24.542 1,0 19.970 0,8 16.286 0,6 8.976 0,3 8.394 0,3 7.831 0,3 7.540 0,3 6.578 0,3 5.616 0,2 5.432 0,2 4.953 0,2 3.129 0,1 3.043 0,1 2.915 0,1 1.915 0,1 1.181 0,0 839 0,0 715 0,0 605 0,0 272 0,0 253 0,0 2.571.276 100,0 Demanda global Cr$ milhões (%) 1.135.249 65,7 1.245.373 34,2 558.610 45,7 497.196 42,6 423.200 42,8 578.532 23,7 331.339 31,7 1.759.556 4,2 510.338 13,0 565.229 10,3 815.503 6,0 323.172 12,3 471.504 7,2 641.302 4,8 551.181 4,6 5.484.136 0,4 307.030 6,5 477.726 3,4 1.279.274 0,7 890.387 0,9 335.239 2,3 479.312 1,6 445.356 1,5 1.195.103 0,5 304.758 1,8 56.534 8,8 1.015.567 0,3 120.742 2,5 272.695 1,1 20.620 9,3 365.669 0,3 230.702 0,4 201.200 0,4 193.169 0,3 354.965 0,1 198.872 0,1 24.636.340 10,4 Podemos observar na tabela, que 29% do produto total refere-se à cadeia das argilas e silicatos e dos calcários (A tabela acima considera tintas e óleos combustíveis fora da classe de minerais não metálicos, portanto os 29% referem-se apenas aos minerais não metálicos não orgânicos). 71 Logo em seguida, com 21,5% vem a categoria dos minerais metálicos (Outros produtos metalúrgicos, Laminados de aço e Produtos da metalurgia de nãoferrosos). “Outros três segmentos industriais importantes são os de material elétrico, de madeira e mobiliário e de produtos plásticos (incluídos material de PVC), os quais totalizam 9,9%, 7,0% e 5,3% respectivamente” (GARCIA et al, 2000). 6.3- VMI no varejo de Materiais de Construção Civil Nesta seção vamos analisar as características do setor de materiais de construção que são relevantes para um sistema VMI. Para esta análise vamos utilizar os conceitos estabelecidos nas seções anteriores, principalmente o modelo de apoio à decisão de JAMES et al (2000) e os dados obtidos através das entrevistas com empresas do setor e também informações disponíveis na ANAMACO. 6.3.1- Nível 6: Aptidão e características de categoria de produto O primeiro critério de análise do modelo é o chamado Nível 6: Aptidão e características de categoria de produto. Como vimos na seção 3.4 deste trabalho, este critério engloba a oportunidade de fornecedores oferecerem serviços de valor agregado para seus clientes, com base nas suas melhores aptidões ou ainda, na falta de aptidão dos seus clientes. Vamos restringir a análise à categoria dos Home Centers, pois é a categoria mais desenvolvida dentro do setor e a que mais apresenta condições de implantação do VMI, como vimos na seção 6.1 deste trabalho. Esta limitação se justifica ainda mais quando observamos que apenas um Home Center, entre todas as empresas do setor, está em processo de implantação do VMI na sua operação. Genericamente, o setor de materiais de construção atende a este nível qualificatório no quesito do baixo volume/custo individual. Embora possa 72 parecer uma afirmação ousada, quando analisamos os volumes envolvidos no setor, notamos que, do ponto de vista do varejista, não são altos quando comparados com o total de itens comercializados. Por exemplo, quando falamos de acabamentos cerâmicos, temos tantas variáveis envolvidas (cor, tamanho, propriedades físicas, lote de fabricação) que cada item acaba se tornando único e apresentando baixo volume na visão no varejista. Os produtos também apresentam características físicas não usuais, principalmente quando olhamos para a gama de produtos comercializados: tubos com seis metros de comprimento que precisam ser estocados em um local ou com mais de seis metros de pé-direito ou com mais de seis metros de comprimento; acessórios pequenos que devem ser acomodados em gôndolas; cimentos e seus derivados, como as argamassas prontas, que têm restrições quanto à umidade e devem ser acondicionados apropriadamente sem contato com o solo. Assim sucessivamente, poderíamos apontar inúmeras características que podem ser consideradas inusitadas e que requerem aptidão especial no manuseio. No entanto, as entrevistas apontaram que os varejistas não consideram esta uma questão importante, já que o manuseio dos produtos é, em muitos casos, realizado pelo fornecedor, independente da adoção de um sistema VMI. Quanto à similaridade visual, também poderíamos apontar inúmeras características que poderiam ser consideradas como tal: modelos parecidos de louças sanitárias; conexões hidráulicas diferenciadas somente pelas bitolas; latas de tinta diferenciadas apenas pela anotação da cor e não pela cor da própria lata, etc. No entanto, pelos mesmos motivos expostos acima, os varejistas não consideram este um fator relevante para o VMI em si. Portanto, ainda que pudéssemos encontrar outras faltas de aptidão nos varejistas de materiais de construção, não citadas por JAMES et al (2000) mas que poderiam também fazer parte do nível 6, a qualificação já foi atendida pela questão do baixo volume relativo apontado acima. 73 6.3.2- Nível 5: Importância O próximo critério de avaliação do modelo de JAMES et al (2000) é o que os autores chamam de Importância. Este critério é semelhante à questão do volume apontada acima, já que a importância relativa dos volumes negociados é maior para a indústria do que para o varejista. Fabricantes que comercializam toda a sua linha de produtos têm grande parte de sua produção comprometida com os grandes varejistas. Apesar desta verdade aparente, a configuração de forças do setor mostra que isto talvez não seja totalmente correto. A própria ANAMACO acredita nisto quando comenta que muitas indústrias têm carteiras imensas de clientes e controlam o mercado de maneira que nenhum cliente seja tão importante (CONZ, 2004) a ponto de exercer exagerado poder de negociação. A indústria é relativamente concentrada, com poucos fabricantes de cada categoria de produtos (veja quadro abaixo). Já o varejo é extremamente pulverizado, com 96% de pequenas e médias empresas. Segundo PORTER (1986), esta configuração aumenta o poder de barganha dos fornecedores, neste caso a indústria de materiais de construção. Quadro 4 - Modelo das cinco forças competitivas de Porter. PORTER (1986) Modelo consagrado de análise de concorrência, o modelo de Michael Porter, criado na década de 1980, nos ajuda a entender a configuração de forças do setor de materiais de construção. Segundo Porter (1986), há cinco forças competitivas básicas na indústria e o conjunto destas determina o lucro final no setor, medido em termos de retorno no longo prazo sobre o capital investido. O objetivo das empresas é conseguir posicionar-se dentro deste modelo através de estratégias específicas, de maneira que a empresa possa “melhor se defender contra essas forças competitivas ou influenciá-las a seu favor”. A figura abaixo mostra as cinco forças introduzidas por Porter (1986): 74 Quadro 4 - Modelo das cinco forças competitivas de Porter – PORTER (1986) – Cont. Entrantes Potenciais Ameaça ede novos entrantes Fornecedores Poder de negociação dos fornecedores Concorrentes na Indústria Poder de negociação dos compradores Compradores Rivalidade entre as empresas existentes Ameaça de produtos ou serviços Substitutos Fig. 19 – Modelo das Cinco Forças de Porter. PORTER (1986) Ameaça de Entrada – “Novas empresas que entram para uma indústria trazem nova capacidade, o desejo de ganhar parcela de mercado e, freqüentemente, recursos substanciais. Como resultado, os preços podem cair ou os custos dos participantes podem ser inflacionados” PORTER (1986). A ameaça de entrada depende das barreiras de entrada. Se as barreiras são altas, a ameaça de entrada é pequena. As seis principais barreiras de entrada são: economias de escala; diferenciação de produto; necessidades de capital; custos de mudança; acesso aos canais de distribuição; e desvantagens de custo independentes de escala. Intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes – é a disputa por posições no mercado. Esta disputa ocorre porque os concorrentes sentemse pressionados a agir para manter suas posições ou por que sentem que há uma oportunidade para ganhar posições. Normalmente, esta disputa assume a forma de guerra de preços, introdução de novos produtos e aumento de serviços, e batalhas de publicidade. 75 Quadro 4 - Modelo das cinco forças competitivas de Porter – PORTER (1986) Cont. Pressão dos produtos substitutos – de uma maneira ampla, todas as empresas de uma indústria competem com indústrias que produzem produtos substitutos. Por exemplo, no caso de materiais de construção, placas acartonadas de gesso são substitutos dos tradicionais tijolos de barro e cerâmica, já que um construtor poderia optar por um ou outro para a construção das paredes de uma residência. Poder de negociação dos compradores – os compradores forçam os preços para baixo, negociando por melhor qualidade ou mais serviços e jogando concorrentes uns contra os outros. O poder de cada grupo de compradores depende da sua situação no mercado e da situação relativa das suas compras em comparação com a indústria. “Um grupo comprador é poderoso se: ele está concentrado ou adquire grandes volumes em relação às vendas do vendedor”; os produtos que ele compra da indústria são padronizados ou não diferenciados; ele enfrenta poucos custos de mudança; ele consegue lucros baixos; são uma ameaça de integração para trás; tem informação; os produtos que compram não são fundamentais para a qualidade de seus produtos. Poder de negociação dos fornecedores – fornecedores poderosos exercem poder de negociação quando aumentam preços ou reduzem a qualidade dos bens e serviços. Se estes custos não puderem ser repassados pela indústria em seus próprios preços, a rentabilidade da indústria será diminuída. Um grupo fornecedor torna-se poderoso quando: é dominado por poucas empresas e é mais concentrado do que a indústria para a qual vende; a indústria não é um cliente importante para o grupo fornecedor; o produto dos fornecedores é importante para o negócio do comprador; os produtos dos fornecedores são diferenciados ou o grupo desenvolveu custos de mudança; é uma ameaça de integração para frente. 76 Como vimos na seção 3.4 deste trabalho, o VMI é uma prática que tem grandes chances de sucesso quando oferecido como um serviço de valor agregado por fornecedores buscando diferenciação em um mercado competitivo. Como a indústria de materiais de construção é concentrada e pouco competitiva, não há incentivo para esta busca por diferenciação e o VMI acaba em segundo plano. As indústrias lutam para que o setor varejista continue pulverizado, pois isto lhes permite manter seu atual poder de barganha frente ao varejo e os mantém em uma situação confortável. O objetivo é evitar o movimento que aconteceu no setor supermercadista, onde o crescimento e a concentração dos varejistas criou empresas tão grandes quanto e, em muitos casos, várias vezes maior que as indústrias, desequilibrando as forças no setor. Um exemplo claro é a política de venda direta da maioria das empresas fabricantes, as quais chegam a ter carteiras de até 20.000 clientes. Esta política visa manter o controle do mercado através do controle de preços pelo método dos descontos por volume de compra. Os descontos são relativamente pequenos mesmo para grandes volumes o que resulta em preços não tão diferenciados entre pequenos e grandes varejistas e impede o crescimento acelerado de ambos. PORTER (1986), explica que uma decisão estratégica importante é a seleção dos compradores. “De uma maneira geral, a empresa deve vender aos compradores que mais a favoreçam, na medida em que possam escolher. A seleção de compradores pode influenciar fortemente o índice de crescimento da empresa e pode minimizar o poder de alterar o equilíbrio dos compradores”. Do outro lado, os varejistas pulverizados também estão confortáveis já que não há nenhum grande concorrente que os coloque em risco atualmente, pois mesmo a líder do setor detém faixa relativamente pequena do mercado. Desta maneira, a indústria não tem incentivos e nem pressão para oferecer melhores serviços aos seus clientes. 77 Quadro 5 - Market Share dos principais setores industriais de materiais de construção. Prêmio Anamaco (2003) Para este estudo, vamos avaliar os segmentos mais importantes dentro do macrossetor de materiais de construção civil, segundo a tabela 6 da secção 6.2 desta dissertação. A Tabela abaixo mostra o segmento, sua participação dentro do mercado de construção civil como um todo e a participação das principais empresas do segmento dentro do ponto de venda. A participação das empresas nos pontos de venda indica em quantos pontos de venda a marca está presente. Os números são ainda mais relevantes, pois dizem respeito apenas a presença nos grandes varejistas, identificados como os Home Centers, foco do nosso estudo. Em alguns casos a soma da participação das empresas do setor ultrapassa 100% indicando que não há exclusividade em alguns pontos de venda. Como exemplo, vamos analisar o segmento de minerais não metálicos, que tem participação de 29% no macrossetor. Segundo a pesquisa do Prêmio Anamaco 2003, o líder do setor de cimentos em geral, por exemplo, conta com um market share nos pontos de venda de 70,8%. O segundo colocado vem muito atrás com apenas 11,5 %. No segmento de Argamassas colantes, o líder tem 64,3%, o segundo colocado 37,6% e o terceiro apenas 6,1 %. Prosseguindo com a análise para os demais macrossegmentos e segmentos, percebemos que o setor é bastante concentrado e tem pouca concorrência. A maioria dos principais segmentos tem uma empresa que domina mais de 50% do mercado e, em alguns casos, mais do que 80%. Também podemos observar que o segundo colocado detém parcela muito pequena do mercado. 78 Tabela 9 – Market Share dos principais setores industriais de materiais de construção. Criação do autor a partir de GARCIA et al, 2000 e do Prêmio Anamaco 2003 MACROSSEGMENTO Produtos minerais nãometálicos PART. SHARE (%) SHARE (%) SHARE (%) SHARE (%) SEGMENTO (%) EMPRESA 1 EMPRESA 2 EMPRESA 3 EMPRESA 4 29 cimento 70,8 11,5 7,5 - Argamassas colantes 64,3 37,6 6,1 - Argamassas para revestimentos 59,1 32,1 - - Cales hidratadas pra massa 31,1 11,7 7,7 - Cerâmicas Lajotas Rústicas 15,6 38,3 37,2 10,7 32 12,6 9 9,4 10,6 - Bacias Sanitárias 65,4 33,1 23,8 - Tubos de PVC 65,8 35,2 10,3 - Conexões de PVC 72 57,3 6,5 4,8 Vergalhões de Aço para Construção 83,9 22,8 6,6 - Tubos Galvanizados 45,3 8,5 - - Metais Sanitários 44,6 31,8 5,6 - Disjuntores residenciais 62,3 28,4 16 - Chuveiros e torneiras elétricas 85 55 40,3 - Interruptores, plugues e tomadas 52,4 27,3 14,3 8,4 Fios e cabos Elétricos 37,6 22,6 23,6 - - - - - - Armários e Acessórios para banheiro 63,4 23,2 17,5 5,9 Assentos sanitários Plásticos 70,4 48,7 26,6 - Pincéis e rolos para pintura 64,8 57,6 13,1 - Tintas Látex Acrílicas 32,4 30,6 4,6 - Tintas Látex PVA 36 26,9 5,6 - Tintas para Pisos vernizes 48,5 12,7 12 6,5 35,3 19,6 17,7 - Esmaltes Sintéticos 34,5 24,7 11,3 - Azulejos Outros produtos metalúrgicos Material elétrico Madeira e mobiliário Artigos de plástico Tintas 16,6 9,9 7 5,3 4,1 79 6.3.3- Nível 4: Propriedade e Confiança O critério seguinte diz respeito à propriedade dos produtos e confiança entre os parceiros. Em relação à propriedade, nada concreto se pode afirmar para o setor de materiais de construção, já que não há nenhum sistema implantado. No entanto, as entrevistas apontam que a intenção dos gestores é que a propriedade fique com o varejista, assim como sugerem JAMES et al (2000). A questão da confiança é bem mais crítica. As empresas têm plena consciência de que confiança mútua é necessária e este é um dos pontos que mais parece atrasar a implementação do VMI no setor. Segundo a ANAMACO, o setor de materiais e construção é fortemente caracterizado por empresas familiares (CONZ, 2004), cujos donos ainda estão à frente dos negócios. Muitos deles têm uma experiência de negociação com os parceiros de muitos anos e sentem forte receio de que o VMI altere a sua forma de trabalhar (CONZ, 2004). Como vimos nos capítulos anteriores, o VMI exige um nível de confiança mútuo entre cliente e fornecedor e a disponibilização de informações sensíveis, que estes gerentes não estão dispostos ou preparados a entregar. Durante a pesquisa com as empresas do setor, a questão da administração familiar foi muito citada como uma barreira à muitas coisas, incluindo o VMI. Ambos os elos da cadeia, tanto o varejista quanto a indústria, foram mencionados como tendo várias empresas familiares. Porém o problema não parece ser a relutância dos controladores destas empresas em aplicar novas práticas gerenciais, sejam eles administradores profissionais ou membros da família dona do negócio, e sim na falta de confiança nos parceiros. A relutância, na realidade, parece estar mais do lado das administrações profissionais, que mostram receio da postura dos administradores familiares. Alguns varejistas, por exemplo, que contam com uma administração profissional, têm receio que o VMI\ seja usado por fornecedores para empurrar 80 produtos em épocas como final de ano e final de mês, que tradicionalmente apresentam demanda maior. 6.3.4- Nível 3: Formato do acordo O próximo critério diz respeito ao formato do acordo firmado entre os parceiros. Aqui, novamente, não é possível afirmar nada concreto, já que não há nenhum acordo firmado no setor para reposição através do VMI. No entanto, este se constitui num alerta importante para as empresas que têm o VMI nos seus planos. Apesar das empresas terem consciência da importância do acordo flexível e da cooperação mútua, a falta de confiança entre os parceiros, apontada no item anterior, pode levar a assinatura de acordos extremamente rígidos, desviando os programas VMI para caminhos perigosos, com possibilidades de fracasso. 6.3.5- Nível 2: Facilitadores Primários O último critério do modelo de JAMES et al (2000) novamente apresenta problemas para a implementação do VMI no setor de materiais de construção. Trata-se dos facilitadores primários, ou seja, fatores que, embora não sejam necessários pelos conceitos principais de um sistema VMI, acabam por inviabilizar a implantação caso não estejam presentes, pois sua falta minimiza os resultados esperados. CONZ (2004) explica que, após crescer nos últimos anos através de aquisições, um varejista veio apenas recentemente a unificar seus sistemas de tecnologia de informação. O próprio varejista aponta esta barreira como principal para a implementação do VMI. Como vimos na seção 3.4, embora sejam consideradas apenas facilitadores, as ferramentas de tecnologia de informação é que possibilitam a um sistema VMI funcionar com a eficiência desejada e, portanto, as empresas relutam em aplicar a técnica sem que estas ferramentas estejam presentes e funcionando perfeitamente. A pesquisa 81 apontou que alguns varejistas já haviam sido procurados pela indústria para a implementação do VMI, mas decidiram esperar até que seus sistemas de informação estivessem funcionando adequadamente. ALBERTIN (2001) explica que estudos apontam uma alta taxa de crescimento anual no mercado de soluções de SCM (Supply Chain Management), dentro do qual o VMI está inserido. As empresas consideram o SCM o próximo passo após os pacotes de gestão conhecidos como ERPs (Enterprise Resource Planning). Ainda segundo ALBERTIN (2001), estes pacotes “prometem integração extrema com o ambiente externo... para, entre outras coisas, viabilizar o SCM”. Portanto, parece plausível que a falta de integração dos sistemas de informação seja uma forte barreira à implementação do VMI nas grandes empresas do setor. Como mostrado na seção 6.1 deste trabalho, a situação é ainda mais crítica no restante das empresas do setor, que apontam grau de informatização muito baixo. ALBERTIN (2001) também aborda o ECR, dentro do qual o VMI também está inserido (ECR Brasil, 1998), sob o contexto do que ele chama comércio eletrônico e explica que os “principais caminhos do ECR são a troca eletrônica de dados, o gerenciamento por categorias e a reposição contínua de mercadorias”. Neste contexto, ALBERTIN (2001) mostra que uma característica fundamental do ECR, é a obtenção em tempo real (on-line) de informações sobre vendas e sobre a posição do estoque, assim como esperado pelo modelo de JAMES et al (2000). Embora não tenha sido apontada como um fator preponderante, o problema da codificação dos produtos (códigos de barra), ligado diretamente a automação e a tecnologia de informação, também ajuda na relutância das empresas em aplicar o VMI imediatamente. O que ocorre é que o setor ainda discute os padrões de uniformização dos códigos de barras (ORSOLON, 2002). Há casos em que o próprio varejista é forçado a etiquetar os produtos dentro das lojas para permitir que os leitores de códigos de barras sejam usados. Esta situação, no entanto, cria uma dissonância entre a entrada dos produtos na loja 82 e sua venda. A venda é perfeitamente automatizada, já que a loja etiqueta os produtos e faz a leitura no caixa na hora da venda. Já a entrada do produto no estoque fica prejudicada, pois a conferência é obrigatoriamente manual. Se as informações de vendas e de nível de estoque não estiverem corretas, um sistema VMI pode até mesmo prejudicar as atividades ao invés de melhorá-las. PARENTE (2000), comenta que a base de construção de todo um movimento do ECR (dentro do qual o VMI está inserido) “é a tecnologia de informação: hardware (scanners, PDVs5, etc.) e software (padrões de identificação de produtos e troca de documentos)”. Um estudo realizado pela ECR Brasil (1998), mostra que problemas na padronização e na confiabilidade dos cadastros das empresas geram erros de identificação nos caixas e erros no entendimento das unidades de medida (troca de unidades por caixas, por exemplo). Como estes erros podem aparecer devido a falta de padronização dos códigos de barras dos produtos, esta se torna uma barreira à implantação do VMI no setor. Quadro 6 - Codificação – EAN Brasil (2004) O Brasil adotou como padrão o sistema EAN-UCC (European Article Numbering). Este sistema é “um conjunto de padrões, que possibilita a gestão eficiente de cadeias de suprimentos globais e multissetoriais, identificando com exclusividade produtos, unidades logísticas, localizações, ativos e serviços. Ele facilita os processos de comércio eletrônico, propondo soluções estruturadas para mensagens eletrônicas viabilizando a total rastreabilidade das operações” (EANBrasil, 2004). Esta identificação é feita através de conjuntos de números exclusivos, representados por códigos de barras, que por sua vez possibilitam a leitura eletrônica (óptica) nos vários pontos de controle por onde passam os produtos. Estes números funcionam como chaves para o acesso de bancos de dados que contém a informação sobre o produto. Além de informações de identificação, os números proporcionam outros dados como, por exemplo, datas de validade, lote, números de série, e outros. 5 PDV – Ponto de Venda 83 Quadro 6 - Codificação – EAN Brasil (2004) - Cont. A base do sistema EAN-UCC é que qualquer item (produto ou serviço) dentro de qualquer cadeia de suprimentos, tenha alocado para si um número de identificação exclusivo denominado número global de item comercial, ou GTIN (Global Trade Item Number). Um GTIN pode ser construído usando quatro estruturas de numeração (explicadas abaixo), dependendo da aplicação exata e da simbologia de código de barras a serem usadas. No entanto, nos bancos de dados, todos os GTIN são exclusivos e não ambíguos quando justificados à direita em um campo de 14 dígitos. • Numeração EAN/UCC-13 - uso geral para todos os itens, que recebem preço e podem ser comercializados pela cadeia de suprimentos. É a identificação básica de todo item. • Numeração EAN/UCC-14 - aplicação freqüente em unidades logísticas, caixas; fardos; containeres; contendo grupo de itens homogêneos. A numeração EAN/UCC-14 identifica grupo de itens contidos numa unidade logística, possibilita o cadastro da descrição dos itens contidos (que são idênticos) e a quantidade deles embalado na caixa ou fardo. • Numeração EAN/UCC-8 - aplicação em unidades de consumo muito pequenas (exceção de aplicação). • Numeração UCC-12 - aplicação em itens exportados para os EUA e Canadá, até jan. de 2005. • SSCC EAN.UCC - O SSCC (Número Serial de Unidades Logística) é um número de identificação padrão EAN.UCC de 18 dígitos, usado na identificação de unidades logísticas. Diferencia-se do GTIN, pois tem função exclusiva na seriação de unidades de cargas para controle de movimentação de paletes, caixas, fardos etc. • GLN EAN.UCC - O GLN (Número Global de Localização) é usado para identificar uma empresa ou organização como pessoa jurídica. Sua estrutura de numeração é baseada num EAN/UCC-13. 84 A indústria se defende argumentando que a maioria dos varejistas não está estruturada para tirar proveito da codificação, pois não possui sistemas modernos de informação e utiliza-se de muitos processos manuais, não tendo incentivo para investir em etiquetas mais resistentes e de melhor visualização (ORSOLON, 2002). Até o início de 2004, o setor, através da formação de grupos de trabalho entre varejistas, indústria, associações de classe (Aremasp6 e ANAMACO) e EAN Brasil7, havia concluído a padronização apenas para o segmento de cerâmicas. Esta iniciativa culminou na criação do Guia de Codificação de Itens Comerciais e Unidades Logísticas do Segmento Ceramista. 6.3.6- Risco e Processos de adoção Embora esta idéia não tenha sido levantada no estudo de campo nem apareça no modelo de JAMES et al (2000), é bastante plausível, merecendo ser comentada. Como a prática do VMI ainda não é usada no setor, embora as empresas reconheçam seus benefícios e tenham intenção de adotá-la, dois fatores são preponderantes no processo de adoção: risco e o próprio processo de adoção. Embora as empresas conheçam o VMI, nunca passaram pelo processo de implantação e desconhecem a fundo a sua operação diária e a sua influência nas demais atividades da organização. Portanto, podemos dizer que é uma prática desconhecida e sua implantação obviamente envolve riscos. Fazendo uma analogia com o comportamento de compra organizacional descrito por KOTLER (1998), quanto maior o risco e/ou os investimentos numa nova implantação, maior o número de pessoas envolvidas, maior a quantidade de informações a ser reunida e maior o tempo para a decisão. 6 7 Associação de Revendedores de Material de Construção (Aremasp) Associação Brasileira de Automação 85 Ainda fazendo um paralelo8 com os conceitos descritos por KOTLER (1998), mesmo sendo um “mercado-alvo” para o VMI, as empresas do varejo de materiais de construção podem apresentar diferentes tempos entre o conhecimento da prática e sua adoção. Isto ocorre devido ao grau de disposição de uma empresa para adotar novas idéias. Alguns indivíduos são os primeiros a adotar novas roupas, novos eletrodomésticos, novos métodos de administração. Outros indivíduos demoram bem mais. ROGERS (1962 apud KOTLER, 2001), “vê os cinco grupos de adotantes como diferentes em termos de orientação sobre valor”. Adotantes imediatos Inovadores Maioria Adotantes imediatos Maioria Adotantes nãoimediatos Retardatários FIG. 20 – Classificação dos adotantes com base no tempo de adoção das inovações. ROGERS, 1962 apud KOTLER, 1998 Os Inovadores estão dispostos a experimentar novas idéias assumindo algum risco. Os Adotantes Imediatos seguem os Inovadores e “antecipam a adoção de novas idéias, embora com cautela” (ROGERS, 1962 apud KOTLER, 2001). A Maioria dos Adotantes Imediatos segue os Imediatos de maneira deliberada e antecipa-se a maioria das pessoas médias (Maioria de Adotantes NãoImediatos) que é cética e aceita uma idéia somente após a grande maioria das pessoas tê-la experimentado. Por fim vem o grupo dos Retardatários, presos à tradição, desconfiados das mudanças e que só adotam uma nova idéia quando esta pode ser chamada de tradicional. No caso do VMI no varejo de materiais de construção, observamos que há um pioneiro claramente identificado e que já está buscando implantar a técnica. Há empresas que adotarão o VMI imediatamente (assim que seus sistemas de TI 8 Embora os conceitos usados nesta seção sejam destinados a consumidores, os mesmos podem ser facilmente aplicados para empresas. Ocorre que empresas são geridas por pessoas que apresentam o comportamento descrito pelo autor. Na medida que as empresas são lideradas por pessoas de uma ou outra característica, a própria empresa irá apresentar algumas destas características no seu comportamento frente a seu mercado e seu ambiente. 86 permitirem). E outras que ainda vão esperar até que os resultados positivos comecem a aparecer nas outras empresas. Algumas características da inovação influenciam a taxa de adoção (KOTLER, 1998). A primeira é a vantagem relativa da inovação, ou seja, o grau pelo qual a inovação parece ser superior aos demais. Quanto maior esta vantagem relativa, mais rápida a sua adoção. No caso do VMI, embora as vantagens sejam muitas, o benefício relativo percebido, de sua implantação para o resultado geral de uma empresa, não implica, necessariamente, na sua adoção imediata. A segunda característica é a compatibilidade da inovação com os valores e experiências dos indivíduos. Quanto maior a compatibilização, maior a taxa de adoção. Novamente, o VMI requer uma relativa quebra de paradigmas com relação à troca de informações sigilosas entre os parceiros, e não pode ser considerada como uma técnica compatível com os valores e experiências atuais dos controladores das empresas. A terceira é a complexidade da inovação, ou seja, “o grau relativo de dificuldade de compreensão ou utilização do produto9”. Percebemos que o VMI, devido a sua complexidade, exibida durante todo este trabalho, terá uma taxa de adoção mais lenta. A quarta é a divisibilidade da inovação, ou seja, o grau de dificuldade de experimentação do produto9 por um período limitado. Para o VMI, isto significa um projeto piloto que envolveria negociação entre os parceiros, investimentos em treinamento, adaptação de sistemas de informação. Toda esta infraestrutura não está disponível instantaneamente e requer esforço considerável das pessoas envolvidas. Portanto, é mais um fator que atrasa a adoção do VMI no setor. 9 Produto aqui é traduzido como a inovação, ou seja, a nova prática de gestão: o VMI. 87 A quinta e última característica é a comunicabilidade da inovação, ou seja, “o grau pelo qual os resultados de uso do produto são observáveis ou descritíveis aos outros” KOTLER (1998). Talvez esta seja a única característica favorável a uma taxa de adoção do VMI mais rápida. Embora não possamos exatamente classificar o VMI como uma técnica de alta comunicabilidade, os resultados no setor varejista de supermercados no Brasil servem como um grande benchmarking para o setor de materiais de construção. KOTLER (1998), ainda cita outros três fatores que podem influenciar a taxa de adoção de uma inovação: custo, risco e incerteza. A incerteza, relacionada à implantação de uma técnica relativamente desconhecida como o VMI, aumenta os riscos de adoção. Os custos de implantação de uma técnica como o VMI, que envolve mudanças estruturais e comportamentais na empresa, também influenciam negativamente a taxa de adoção da prática pelo setor. 88 7- C O M E N T Á R I O S F I N A I S 7.1- Conclusões Quando este trabalho foi idealizado, a idéia principal era estudar profundamente uma aplicação VMI na cadeia de materiais de construção civil. A presença de alguns grandes varejistas no mercado de São Paulo, incluindo alguns grupos multinacionais recém chegados ao país, parecia assemelhar o mercado ao supermercadista, já há algum tempo aplicando soluções VMI com sucesso. Naturalmente, descobrir que nenhuma empresa do setor aplicava a técnica, causo surpresa e excitação. Esta excitação foi resultado da aparente oportunidade de descobrir algum novo fator que estivesse impedindo a aplicação do VMI no setor. O trabalho foi então redirecionado para este objetivo, e mais empresas, tanto varejistas como fabricantes, bem como a associação de classe, foram contatadas para possibilitar uma visão geral do mercado de materiais de construção. Este estudo acabou levantando algumas hipóteses sobre a utilização do VMI no setor, mas nenhuma ligada diretamente às características específicas dos produtos comercializados ou às características de demanda e de logística dos mesmos. O que constatamos é que o VMI não está sendo aplicado, ainda, por questões estruturais do setor. Estas razões acabaram identificando racionalmente, o que os integrantes do setor informalmente convencionaram chamar de atraso, principalmente quando comparado com o benchmarking preferido, o setor supermercadista. Basicamente, encontramos três grandes razões pelas quais o VMI ainda não é aplicado no setor de materiais de construção: falta de infra-estrutura de tecnologia de informação, desconfiança entre os parceiros, e a configuração de forças do setor. Uma quarta hipótese foi ainda levantada, relacionada com o risco e com o processo natural de adoção de novas práticas gerenciais. Por ser uma prática nova no setor, as empresas ainda agem com cautela, esperando os primeiros passos e resultados dos pioneiros. 89 Não obstante, o estudo mostrou que o VMI é uma prática que está nos planos dos líderes das grandes empresas do setor e que deverá ser implantado em breve, logo que os problemas apontados acima forem superados. Embora haja certa desconfiança mútua, há conscientização da importância da questão da postura dos parceiros para o sucesso do VMI e, portanto, há motivos para crer que o VMI no setor será aplicado largamente em um futuro próximo. Alguns varejistas chegaram, inclusive, a ser procurados por fabricantes, para a implantação do VMI, sendo que o problema com a infra-estrutura de tecnologia de informação, do lado do varejista, foi determinante no abandono do projeto, pelo menos neste momento. 7.2- Um paralelo com a Indústria Farmacêutica Fazendo um paralelo com indústria farmacêutica brasileira, podemos observar outros mecanismos capazes de desencadear movimentos de integração das cadeias de suprimentos, e que poderiam se repetir na cadeia de materiais de construção. O mercado farmacêutico sofreu um importante choque no final dos anos 90, com a introdução dos medicamentos genéricos. Antes disso, quando um médico receitava determinado medicamento, o paciente procurava unicamente a marca e o laboratório recomendados pelo médico, até por ser impossível para um leigo identificar um produto similar. Assim, a presença no ponto de venda não era importante para o fabricante, já que o paciente iria percorrer as farmácias até encontrar o medicamento desejado. A indústria voltava seus esforços de marketing então, para os médicos, cujas indicações iriam resultar em vendas. Com a chegada dos genéricos, o comportamento de compra para medicamentos foi alterado, pois mesmo que o médico receite um medicamento de marca, é possível identificar seu genérico e então decidir entre comprá-lo ou comprar o de marca. A indústria farmacêutica passou então a preocupar-se com duas questões: a presença no ponto de venda e o marketing institucional para fortalecer suas marcas e incentivar o consumidor a comprar seu medicamento, mesmo quando o genérico está disponível. A questão dos 90 esforços de marketing é assunto para outro trabalho, mas a presença no ponto de venda é um dos principais focos desta dissertação. Informação sobre o ponto de venda passou a ser cada vez mais relevante no setor, e o VMI, por proporcioná-la, passou a ser ferramenta estratégica fundamental. Em certa escala, materiais de construção podem ser semelhantes a medicamentos na questão da compra por recomendação. Arquitetos, engenheiros e até mesmo a mão-de-obra especializada (pedreiros, pintores, encanadores, eletricistas, azulejistas, entre inúmeros outros) fazem esta função no mercado de materiais de construção, com a diferença de que os “genéricos” deste mercado sempre estiveram presentes. Claro que por não se tratar da vida das pessoas, estas recomendações são muitas vezes negligenciadas. Assim, temos uma situação semelhante à do mercado farmacêutico, guardadas as suas devidas proporções, onde a indústria deve preocupar-se ao mesmo tempo com a presença no ponto de venda e com o fortalecimento das marcas entre os profissionais formadores de opinião. O mercado farmacêutico, que encontrou apenas recentemente esta situação no Brasil, encontrou uma forma de obter rapidamente informação sobre o ponto de venda, através do VMI. O varejo de materiais de construção também encontrou uma fórmula para isto através da quase total eliminação dos distribuidores. Como vende direto, a indústria de materiais de construção conhece a sua presença nos pontos de venda bem melhor do que o farmacêutico conhecia antes do VMI. No entanto, a indústria de materiais de construção ainda tem pouca informação sobre as vendas ao consumidor final e o cenário ainda não está completo. Além do alcance sobre estas informações e dos benefícios já amplamente comentados neste trabalho, ressaltamos a função estratégica do VMI, como mostram as duas seções seguintes. 7.3- Mais estratégia Embora o VMI e a gerência das cadeias de suprimento sejam largamente tratados como questões táticas, ou seja, que buscam apenas aumentar 91 eficiência operacional, o envolvimento necessário entre os parceiros acaba por resultar em relacionamentos muito mais estratégicos - longos, duradouros e fiéis. Mas, alguém poderia argumentar, o relacionamento é resultado da parceria ou a parceria é resultado do relacionamento, já que um é pré-requisito do outro? Se tentarmos adivinhar quem vem primeiro, acabaríamos divagando como no dilema do ovo e da galinha. Importante realmente é que a relação é estabelecida. Na verdade podemos imaginar que o desenvolvimento da relação assemelha-se mais a uma bola de neve, onde o andar do processo aumenta, ao mesmo tempo, a confiança entre os parceiros e o sucesso da parceria. Podemos imaginar os benefícios provenientes desta relação tomando a cadeia hipotética de ABRANCZUK (2001), a qual chamaremos de perfeita, onde cada etapa de produção torna-se elo da cadeia, cujo objetivo é o de maximizar os lucros do elo final. Assemelha-se a uma empresa totalmente verticalizada, com a vantagem de que cada elo, como uma empresa autônoma, é mais eficiente do que uma etapa de produção da empresa verticalizada, pois pode buscar economias de escala, melhores fornecedores e especialização. Outra diferença é que o lucro maximizado da cadeia não seria distribuído entre os elos ao final de cada etapa fiscal, mas sim, apropriado no momento das negociações comerciais entre os elos. Claro que esta configuração exigiria uma postura utópica dos parceiros, capaz de transformar o objetivo capitalista das empresas, de maximização de seus próprios lucros em maximização e distribuição dos lucros da cadeia. A única força capaz de catalisar esta postura é o próprio mercado e a competição. Se imaginarmos uma cadeia real, cada elo tem resultados distintos, ou seja, o lucro final da cadeia não é distribuído proporcionalmente aos esforços de cada um, mas sim de acordo com o poder de negociação frente aos demais elos da cadeia. Uma situação extrema, onde elos com menor poder de negociação unem-se para enfrentar um elo mais poderoso, poderia desencadear uma ação voltada para esta integração. Ou ainda, numa situação em que uma cadeia está perdendo posição de mercado para outra,o líder 92 daquela poderia ser o iniciador desta ação, com intuito de melhorar o desempenho da cadeia como um todo e manter a sua posição. Portanto, como vimos durante o trabalho todo, o potencial estratégico do VMI, pelos seus efeitos diretos e mais ainda pelos efeitos indiretos, é extremamente alto, e as empresas do setor de materiais de construção deveriam acelerar o processo de implantação. 7.4- CPFR: A Evolução do VMI Talvez alguém ache que o foco deste trabalho está ultrapassado, já que muitas empresas estão em busca de uma evolução do VMI para CPFR (Collaborative Planning Forecasting and Replenishment ou Planejamento, Previsão e Reposição Colaboracionistas). No entanto, como comentam VIEIRA et al (sem data) em estudo com um varejista brasileiro, o VMI ó o principal indutor da colaboração entre os parceiros, que depois resulta em evolução para o CPFR. Esta ferramenta vai além do VMI, que numa aproximação simples refere-se apenas ao R de CPFR, buscando uma integração muito maior de atividades entre dois parceiros em uma cadeia de suprimentos. Assim, dentro do CPFR, os mesmos juntam esforços e trocam informações ainda mais sensíveis e sigilosas do que as trocadas no VMI, com objetivos, conseqüentemente, mais ambiciosos. Varejo e indústria passam a combinar estratégias mais amplas e de longo prazo. O quadro abaixo faz uma comparação entre alguns aspectos do CPFR e do VMI. 93 Objetivos Acordo Reposição • • Previsão • Períodos mais longos e prazos de entrega • Cliente • Participação Ativa • Objetivo • Planejar no longo prazo • Indicadores • • • Visibilidade Estoques • • • Acordados em pré-acordos Envolvem previsão, planejamento e reposição Aberta Gerenciamento através de toda a cadeia de suprimentos Direcionados pelo planejamento Sim • • • De muitos para muitos Intra e inter empresas Internet B2B • • • • Plano de Negócios Relacionamento CPFR Colaboracionista Para previsão e venda • • VMI Unilateral Para nível de estoques Períodos curtos ou sem previsão, e prazos de entrega Participação Passiva Pedidos em curto prazo Nível de serviço e reposição somente • • Limitada Baseados no histórico de transações • Não De um para muitos Inter empresas Lotes de Mensagens: por telefone e mensagens eletrônicas Tabela 10 – Quadro Comparativo entre CPFR e VMI. ANDRASKI e CANITZ (2001) Depois do exposto em todo trabalho, fica claro que as empresas do setor de materiais de construção ainda não estão à procura desta evolução pois nem implementaram o original. No entanto, acreditamos que muitas destas empresas certamente irão enveredar por este caminho algum dia. Para tanto, o conceito de colaboração e confiança deve ainda ser trabalhado entre empresas e pessoas envolvidas com o setor, de maneira que as idéias sejam aceitas com maior facilidade e as ferramentas aplicadas com melhores resultados. 7.5- Sugestões para estudos futuros Como vimos nas seções anteriores, há incentivos para novos estudos sobre o VMI no setor de materiais de construção, já que nada indica que a prática seja 94 inadequada para as características das empresas e dos produtos nele comercializados, apesar das condições estruturais que atrasam sua utilização. Como primeira sugestão recomendamos um estudo de caso de aplicação do VMI, assim que as empresas do setor apresentarem resultados que possam ser medidos. A grande vantagem desta situação, para os estudiosos, é que ainda é possível, caso se disponha do tempo e dos recursos necessários, acompanhar todo o processo de implantação. Nos anexos deste trabalho há um questionário criado para um estudo de caso, que não foi utilizado após a constatação de que nenhuma empresa tinha um sistema VMI funcionando adequadamente. Dependendo do objetivo do estudo, o questionário poderá ser usado na integra, ou alterado conforme necessário. Por se tratar de um trabalho exploratório, as conclusões obtidas aqui não podem ser generalizadas. São apenas hipóteses fundamentadas em conceitos conhecidos e aceitos pela comunidade científica e que, portanto, ainda requerem comprovação estatística. Uma sugestão apropriada nestes casos seria o aprofundamento do estudo com trabalhos qualitativos e estatísticos. No entanto, não vemos grande contribuição de um estudo deste tipo sobre as hipóteses aqui levantadas, por uma razão bastante simples: como há indícios de que o VMI será aplicado num futuro próximo no setor de materiais de construção, não há por que continuar estudando os motivos do relativo atraso no uso da técnica. Caso estes indícios não sejam efetivamente constatados e o VMI se torne uma prática sem aplicação no setor, aí sim caberia o aprofundamento do estudo com uma abordagem estatística. Muitos outros estudos podem ser desenvolvidos adicionalmente. Embora muito se fale sobre a melhora no relacionamento entre os parceiros, em virtude do VMI e de outras práticas colaboracionistas, os estudos documentados, como o da ECR Brasil (1998), abordam apenas o nível de estoques e o nível de 95 serviço. Claro que o benefício no relacionamento é muito mais difícil de ser medido, já que os critérios e os indicadores, assim como o próprio benefício, carregam importante característica subjetiva. Assim, critérios de medição adotados para estes estudos seriam criticados por uns e aclamados por outros. Além disto, já que os benefícios apontados como resultado deste relacionamento melhorado são tão genéricos quanto quaisquer outros, seria extremamente difícil desvincular dos demais, os benefícios resultantes exclusivamente do relacionamento. Por exemplo, como afirmar que o aumento de vendas foi resultado do relacionamento melhorado? Da promoção? Da nova embalagem? Da nova posição de exposição? Outro estudo que não está documentado, mas que seria extremamente válido, trata da diminuição dos custos administrativos pela implementação do VMI. Embora este tenha sido apontado como o mais importante benefício da ferramenta para os varejistas, os estudos documentados também não abordam este tema. Como comentado por JAMES et al (2000), esta tarefa pode ser muito difícil em virtude da inexistência de transparência de custos. Segundo os autores, até mesmo contando com a colaboração entre parceiros, pode ser muito difícil determinar estes custos objetivamente. O campo da contabilidade gerencial estuda este assunto largamente e ainda há controvérsias a respeito da melhor maneira de contabilizar custos indiretos em certas atividades. 7.6- As contribuições deste trabalho A grande contribuição deste trabalho é de abordar uma cadeia tão importante para a economia brasileira mas que, no entanto, parece ser negligenciada pelo meio científico. Do VMI ao gerenciamento das cadeias de suprimentos, do marketing aos recursos humanos, a dificuldade de se encontrar textos sobre o setor de materiais de construção é enorme. Não foi possível encontrar um texto científico sequer em nenhuma das fontes de pesquisa disponíveis para este pesquisador, a saber: biblioteca da EAESP da Fundação Getúlio Vargas, biblioteca de dissertações do CAPES, biblioteca 96 virtual da USP, Internet em geral, bibliotecas de publicações eletrônicas como Proquest, Emerald, JSTOR. O único texto de abordagem científica, com informações e dados valiosos para este trabalho, foi encontrado na biblioteca virtual do SEBRAE (informações nas referências bibliográficas). Demais informações foram retiradas das entrevistas e de publicações jornalísticas da ANAMACO. A grande maioria dos textos relaciona-se ao varejo supermercadista e portanto, apesar das similaridades entre os setores, não é possível tirar conclusões sem risco de cometer enganos. Ainda assim, por entrar em um assunto tão pouco estudado, este trabalho torna-se único no Brasil. A esperança é que ele incentive novos estudos sobre o setor varejista de materiais de construção, sejam sobre VMI, cadeia de suprimentos ou qualquer outro assunto de relevância acadêmica. Afinal, investimento em conhecimento é, há algum tempo, considerado o de melhor retorno. Conhecimento este, que poderá ajudar no desenvolvimento de um setor tão importante para nossa economia. 7.7- A contribuição do trabalho para o autor É importante também ressaltar a importância de um trabalho como este para o pesquisador. Claro que há um sentimento de grande satisfação pessoal, de dever cumprido, em chegar a estas últimas linhas. Afinal, não é assim tão simples concatenar idéias de tantos autores em um texto que faça sentido, ainda por cima mantendo o rigor científico exigido para a validade do trabalho. Mas, a satisfação de contribuição para a sociedade, colocando lado a lado conhecimento sobre VMI, cadeias de suprimento e mercado de materiais de construção no Brasil, é ainda maior. Mais um comentário pessoal sobre os efeitos do rigor científico sobre a mente deste pesquisador. E aqui me dou o direito de deixar a formalidade de lado. Ao iniciar este trabalho, apesar até de alguns elogios anteriores, meus textos eram ruins, com muitas partes sem fundamentação e sem objetivo. Após escrever e reescrever, ser “martelado” pelo Henrique (Corrêa, Mestre e sábio Orientador) 97 com pedidos por metodologia e fundamentação, finalmente o trabalho começou a fluir. Não sem razão, agradeço ao Henrique por evitar a via fácil de me “conduzir pelas mãos” através do trabalho e me desafiar a encontrar meu próprio assunto, meus próprios objetivos, meu próprio estilo. Ao escrever os últimos capítulos e conclusões, já podia sentir a diferença na facilidade de construção do pensamento através dos textos. Espero que esta diferença não seja notada e que todo o texto pareça coeso, claro e interessante de se ler. 98 8- R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S ABRAMCZUK, ANDRÉ A. Os Relacionamentos na cadeia de Suprimento Sob o Paradigma da Desintegração Vertical de Processos: Um Estudo de caso. 2001.193 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo. ALBERTIN, ALBERTO LUIZ. Comércio Eletrônico: Modelo Aspectos e Contribuições de sua Aplicação. São Paulo. Editora Atlas, 2001. ANDRASKI, JOE e CANITZ HANK. CPFR: Collaborative Planning, Forecasting and Replenishment – A necessite for trading Partners. 2001. Disponível em < http://www.ecrbrasil.com.br/busca.asp > Acesso em Março de 2004. BERNSTEIN, FERNANDO et al. Vendor Managed Inventories and Supply Chain Coordination: The Case with One Supplier and Competing Retailers. EUA, Fevereiro de 2002. BRASIL. Lei n° 9.317/1996, com as alterações da Lei n° 9.732/1998. Dispõe sobre o regime tributário da microempresa no território brasileiro. Diário Oficial da União, Brasília. BRUCE, ROBERT e IRELAND, RON. What’s the difference: VMI, CoManaged, CPFR?. V.C.C. 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Universidade de São Paulo – Departamento de Engenharia de Produção. Sem data. Disponível em < http://www.ecrbrasil.com.br/busca.asp > Acesso em Março de 2004. 102 9- A N E X O S Questionário VIABILIDADE Identificação do respondente Empresa: Nome: Cargo: Tempo na empresa (em anos): Tempo de experiência no cargo (em anos): Tempo de experiência com VMI (em anos): Por favor, responda as perguntas abaixo, baseado nas afirmações correspondentes. Utilize a graduação abaixo nas suas respostas. 1 CONCORDO TOTALMENTE 2 CONCORDO 3 NEUTRO 4 DISCORDO 5 DISCORDO TOTALMENTE 1. Nossa empresa utiliza largamente o VMI (Vendor Managed Inventory). 1 2 3 4 5 Comentário: 2. VMI (Vendor Managed Inventory) é um produto financeiro largamente utilizado nas empresas varejistas. 1 2 3 4 5 Comentário: 103 3. Nossa empresa também utiliza uma técnica de gestão de estoques, onde, genericamente, a responsabilidade da gestão de estoques é delegada ao fornecedor de cada produto ou categoria de produtos. 1 2 3 4 5 Comentário: 4. Apesar de conhecer os benefícios do VMI, nunca pensamos em aplicá-lo em nossa empresa, pois temos outras prioridades. 1 2 3 4 5 Comentário: 5. Nossa empresa ainda não está preparada para a utilização do VMI. Dentre as principais barreiras à sua implantação, podemos apontar a, ainda em discussão, padronização dos códigos de barras pela indústria e pelos varejistas do setor de materiais e construção. 1 2 3 4 5 Comentário: 6. Nossa empresa ainda não está preparada para a utilização do VMI. Dentre as principais barreiras à sua implantação, podemos apontar a ainda recente profissionalização da administração, já que os tradicionais acionistas e controladores sempre se mostraram céticos com relação a novas técnicas de gestão. 1 2 3 4 5 Comentário: 7. Nossa empresa ainda não está preparada para a utilização do VMI. Dentre as principais barreiras à sua implantação, podemos apontar a informalidade que domina as pequenas empresas varejistas do setor. Estas empresas têm grande interesse em manter esta informalidade e a automação necessária para o VMI seria um risco para esta situação. Como o mercado das pequenas empresas é muito grande, as indústrias não têm incentivo para desenvolver o VMI apenas para minha empresa. 1 2 3 4 5 104 Comentário: 8. Nossa empresa ainda não está preparada para a utilização do VMI. Dentre as principais barreiras à sua implantação, podemos apontar a, ainda recente, automação da empresa, que só recentemente implantou um ERP moderno e integrou todos os seus sistemas e bancos de dados. 1 2 3 4 5 Comentário: 9. Nossa empresa ainda não está preparada para a utilização do VMI. Dentre as principais barreiras à sua implantação, podemos apontar a falta de recursos de tecnologia de informação (EDI, Internet) em nossos parceiros, o que inviabilizaria o acesso ao nível do estoque e aos padrões de consumo no varejo. 1 2 3 4 5 Comentário: 10. Dentre as vantagens proporcionadas pelo VMI, podemos citar, como mais importante, a melhora nos custos administrativos de gerenciamento dos estoques (custos de pedidos, de estocagem, de manuseio, etc). 1 2 3 4 5 Comentário: 11. Dentre as vantagens proporcionadas pelo VMI, podemos citar, como mais importante, a redução nos níveis de estoque. 1 2 3 4 5 Comentário: 12. Dentre as vantagens proporcionadas pelo VMI, podemos citar, como mais importante, a transferência de custos para o fornecedor. 105 1 2 3 4 5 Comentário: 13. Dentre as vantagens proporcionadas pelo VMI, podemos citar, como mais importante, a suavização da demanda para o fornecedor. 1 2 3 4 5 Comentário: 14. Já procuramos nossos parceiros para tentarmos a implantação de um sistema VMI, mas nenhum deles mostrou interesse, pois temem que a troca acentuada de informações sigilosas entre fornecedor e cliente possa ser prejudicial para seus negócios. 1 2 3 4 5 Comentário: 15. Nas discussões que tivemos na empresa sobre o VMI, a alta direção sempre esteve envolvida e sempre apoiou a tentativa de implantação do sistema junto a nossos parceiros. 1 2 3 4 5 Comentários: 16. Já realizamos um projeto piloto de VMI com alguns parceiros, porém os resultados foram insatisfatórios. 1 2 3 4 5 Comentários: 17. Acreditamos que o VMI não é uma técnica adequada ao setor de materiais de construção, pois o mesmo tem características muito especiais. 106 1 2 3 4 5 Em caso afirmativo, explique que características são essas com relação às dimensões solicitadas abaixo: Características de Produto: Relacionamento cliente x fornecedor: 18. Quando implantação do sistema VMI na minha empresa, Troca decogitamos informaçõesasigilosas: pretendíamos que a propriedade do estoque ficasse com: Características de demanda: Minha empresa Outras: Parceiro Comentários: 19. Qual das afirmações abaixo se aproxima mais da relação pretendida entre a sua empresa e o parceiro com o qual você realizaria o VMI? a) Nossa relação com nossos parceiros VMI é caracterizada pela confiança total e mútua. Estamos dispostos a fazer sempre mais do que está expressamente determinado no contrato em nome do relacionamento que temos com os parceiros. Nosso contrato com os parceiros de VMI é bastante simples para permitir flexibilidade e os problemas são sempre negociados de maneira a aumentar os ganhos mutuamente. b) Nossa relação com nossos parceiros de VMI está detalhada no contrato. Esperamos que nossos parceiros cumpram os objetivos ali detalhados, sob o risco de incorrerem em penalidades, incluindo-se o do término do contrato. Comentários: 20. No contrato que sua empresa pretendia fechar com os parceiros VMI haveria cláusulas restringindo quais aspectos abaixo? 1. Restrições Operacionais Espaço máximo de estocagem alocado 107 Perfis de demanda Perfis das entregas Período de notificação Tamanho mínimo de lote Janelas de entrega 2. Medidas de performance Nível de serviço (incluindo previsão de demanda e variações) Propriedade do estoque pelo cliente Nível de estoque Giro de estoque 3. Responsabilidades Seguro Obsolescência Deterioração e danos 4. Critério de terminação Comentários: 21. Acreditamos que o VMI não seria uma técnica adequada de reposição para nossa empresa, pois os produtos dentro do sistema VMI não teriam um fornecedor exclusivo. 1 2 3 4 5 Comentários: 108 Caso sua empresa não tenha participado de um projeto piloto de implantação de VMI, o questionário encerra-se aqui! Caso contrário, responda as perguntas a seguir conforme a orientação abaixo: Se estiver respondendo como varejista, prossiga somente até a pergunta 27. Se estiver respondendo como fornecedor, responda somente as questões 22. Após a implementação do VMI, percebemos sensível redução de custos administrativos como resultado da eliminação de uma série de transações formais. (Por exemplo, o recebimento e processamento de uma única fatura mensal) 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição 23. Após a implementação do VMI, percebemos aumento significativo no nível de serviço e disponibilidade dos produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição 24. Após a implementação do VMI, percebemos redução significativa no espaço de armazenagem necessário para os produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição 25. Após a implementação do VMI, percebemos redução significativa nos níveis de estoque dos produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição 109 26. Após a implementação do VMI, percebemos as vantagens pela utilização de ativos específicos e recursos humanos do fornecedor. Caso contrário, teríamos que fazer investimentos de capital, com impactos nos índices financeiros da empresa. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição 27. Após a implementação do VMI, percebemos as vantagens da utilização do conhecimento e especialização do fornecedor na administração dos estoques dos produtos ou categorias de produtos transacionados pelo sistema. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição 28. Após a implementação do VMI, percebemos suavização na demanda dos produtos ou categorias de produtos transacionados pelo sistema. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição: 29. Após a implementação do VMI, percebemos um aumento na nossa flexibilidade operacional, resultante da possibilidade de alterar prazos e volumes de entrega de acordo com a demanda "real" percebida sem prejudicar o nível de serviço e disponibilidade para o cliente. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição: 30. Após a implementação do VMI, percebemos um benefício estratégico na nossa relação com os clientes, pois os atuais altos custos de mudança de fornecedor criam uma barreira à entrada de novos fornecedores. 1 2 3 4 5 110 Descreva os indicadores utilizados para esta medição: 31. Após a implementação do VMI, percebemos um benefício estratégico na nossa relação com os clientes, pois o nível de informação que obtemos atualmente nos proporciona uma melhor posição durante a renegociação de contratos. 1 2 3 4 5 Comentários 111 Questionário CLIENTE Identificação do respondente Empresa: Nome: Cargo: Tempo na empresa (em anos): Tempo de experiência no cargo (em anos): Tempo de experiência com VMI (em anos): Por favor, responda as perguntas abaixo baseado nas afirmações correspondentes. Utilize a graduação abaixo nas suas respostas. Considere apenas produtos ou linhas de produtos cujo fornecedor tem uma relação VMI com sua empresa. 1 CONCORDO TOTALMENTE 2 CONCORDO 3 NEUTRO 4 DISCORDO 5 DISCORDO TOTALMENTE 1. O VMI foi escolhido como técnica de reposição, pois proporciona primordialmente melhora nos custos administrativos de gerenciamento dos estoques (custos de pedidos, de estocagem, de manuseio, etc). 1 2 3 4 5 Comentário: 2. O VMI foi escolhido como técnica de reposição, pois proporciona primordialmente redução nos níveis de estoque. 1 2 3 4 5 Comentário: 112 3. O VMI foi escolhido como técnica de reposição, pois é uma técnica que permite transferir custos para o fornecedor. 1 2 3 4 5 Comentário: 4. A iniciativa da implantação do VMI partiu da nossa empresa, pois não havia interesse dos fornecedores numa relação VMI. 1 2 3 4 5 Comentário: 5. Os fornecedores foram escolhidos com base no tamanho dos estoques de seus produtos na minha empresa e na possibilidade de redução nos custos de estoque. 1 2 3 4 5 Comentário: 6. Os produtos escolhidos para fornecimento através de VMI são considerados produtos C numa curva ABC. 1 2 3 4 5 Comentários: 7. Alguns dos produtos escolhidos para fornecimento através de VMI em minha empresa foram assim escolhidos, pois era impossível para nós, prever sua demanda. Por outro lado, o conhecimento do nosso fornecedor sobre estes produtos propiciava previsões mais corretas. 1 2 3 4 5 Comentários: 8. Temos a participação de vários departamentos da empresa no processo de implantação e gerenciamento do VMI e não somente da área de compras. 113 1 2 3 4 5 Comentários: 9. Propriedades físicas não usuais podem ser definidas em termos de fragilidade, tamanho, peso ou dimensões. Propriedades físicas não usuais requerem habilidades de manuseio e estocagem muito diferentes das que sua empresa está acostumada a usar na maioria dos seus produtos. Estas propriedades não usuais resultam em custos e manuseio desproporcionais aos praticados nos demais produtos comercializados pela sua empresa. Os produtos repostos pelo VMI na minha empresa apresentam propriedades físicas não usuais. 1 2 3 4 5 Comentários: 10. Os produtos considerados para a implementação do VMI na minha empresa são produtos de baixo volume, isto é, produtos que são vendidos ou repostos em uma única unidade, que demonstram demanda independente ou são considerados de "baixa venda" (baixo giro de estoque). 1 2 3 4 5 Comentários: 11. Os produtos considerados para a implementação do VMI na minha empresa são produtos de baixo custo/volume unitário. 1 2 3 4 5 Comentários: 12. Os produtos considerados na implementação do VMI na minha empresa têm uma clara conotação tática, isto é, são produtos onde a gerência de estoque prioriza a eficiência (nível de serviço) e busca minimizar os recursos usados na sua aquisição (baixos custos de transação). 1 2 3 4 5 114 Comentários: 13. A categoria dos produtos considerados na implementação do VMI na minha empresa apresenta similaridade visual e ampla gama, isto é, são freqüentemente confundidos entre si, o que causa problemas durante o "picking" ou o abastecimento de prateleiras/gôndolas. 1 2 3 4 5 Comentários: 14. Os produtos considerados na implementação do VMI na minha empresa apresentam imprevisibilidade estrutural de demanda (exemplos são livros "best-seller", moda) e o fornecedor tem melhores condições de gerenciá-la. 1 2 3 4 5 Comentários: 15. Os produtos considerados na implementação do VMI na minha empresa são de grande importância para o meu fornecedor, ou seja, representam uma fatia significativa da sua receita. 1 2 3 4 5 Comentários: 16. No sistema VMI da sua empresa, quem detém a propriedade do estoque, sua empresa ou o fornecedor? Minha empresa Fornecedor Comentários: 17. Qual das afirmações abaixo se aproxima mais da relação entre a sua empresa e o fornecedor com o qual você realiza o VMI? 115 a) Nossa relação com nossos fornecedores VMI é caracterizada pela confiança total e mútua. Estamos dispostos a fazer sempre mais do que está expressamente determinado no contrato em nome do relacionamento que temos com os fornecedores. Nosso contrato com os fornecedores de VMI é bastante simples para permitir flexibilidade e os problemas são sempre negociados de maneira a aumentar os ganhos mutuamente. b) Nossa relação com nossos fornecedores de VMI está detalhada no contrato. Esperamos que nossos fornecedores cumpram os objetivos ali detalhados, sob o risco de incorrerem em penalidades, incluindo-se o do término do contrato. Comentários: 18. No contrato entre sua empresa e o fornecedor há cláusulas restringindo quais aspectos abaixo? 1. Restrições Operacionais Espaço máximo de estocagem alocado Perfis de demanda Perfis das entregas Período de notificação Tamanho mínimo de lote Janelas de entrega 2. Medidas de performance Nível de serviço (incluindo previsão de demanda e variações) Propriedade do estoque pelo cliente Nível de estoque 116 Giro de estoque 3. Responsabilidades Seguro Obsolescência Deterioração e danos 4. Critério de terminação Comentários: 19. Meu fornecedor é único nas categorias de produto ou produtos que temos dentro do sistema VMI. 1 2 3 4 5 Comentários: 20. Nosso fornecedor, nas categorias de produto ou produtos dentro do sistema VMI, tem acesso livre e em tempo real à informações sigilosas de vendas e nível de estoque. 1 2 3 4 5 Comentários: 21. Usamos, nas nossas relações de VMI, algum tipo de tecnologia de informação (EDI, Internet) que nos permita acesso ao nível do estoque e aos padrões de consumo. 1 2 3 4 5 Comentários: 117 22. Nosso fornecedor tem uma biblioteca de algoritmos para diversos modelos de gestão estoque que se adaptam a cada situação de demanda de cada produto. 1 2 3 4 5 Comentários: 23. Nosso fornecedor desenvolve os próprios algoritmos para gerenciamento de estoques, especificamente para situação de demanda de cada produto, e os adaptam conforme aprendem mais profundamente sobre a demanda deste produto. 1 2 3 4 5 Comentários: 24. Depois do período inicial de implantação do sistema VMI, nunca mais fizemos intervenções nos pedidos sugeridos pelo fornecedor, salvo em situações especiais de variação da demanda, como por exemplo, promoções. Não revisamos cada pedido. 1 2 3 4 5 Comentários: 25. Após a implementação do VMI, percebemos sensível redução de custos administrativos como resultado da eliminação de uma série de transações formais. (Por exemplo, o recebimento e processamento de uma única fatura mensal) 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição 26. Após a implementação do VMI, percebemos aumento significativo no nível de serviço e disponibilidade dos produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição 118 27. Após a implementação do VMI, percebemos redução significativa no espaço de armazenagem necessário para os produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição 28. Após a implementação do VMI, percebemos redução significativa nos níveis de estoque dos produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição 29. Após a implementação do VMI, percebemos as vantagens pela utilização de ativos específicos e recursos humanos do fornecedor. Caso contrário, teríamos que fazer investimentos de capital, com impactos nos índices financeiros da empresa. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição: 30. Após a implementação do VMI, percebemos as vantagens da utilização do conhecimento e especialização do fornecedor na administração dos estoques dos produtos ou categorias de produtos transacionados pelo sistema. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição: 119 Questionário FORNECEDOR Identificação do respondente Empresa: Nome: Cargo: Tempo na empresa (em anos): Tempo de experiência no cargo (em anos): Tempo de experiência com VMI (em anos): Por favor, quando aplicável, responda as perguntas abaixo, baseado nas afirmações correspondentes. Utilize a graduação abaixo nas suas respostas. Considere apenas os clientes com os quais você tem um a relação VMI. 1 CONCORDO TOTALMENTE 2 CONCORDO 3 NEUTRO 4 DISCORDO 5 DISCORDO TOTALMENTE 1. O VMI foi escolhido como técnica de reposição, pois proporciona primordialmente suavização da demanda. 1 2 3 4 5 Comentário: 2. O VMI foi escolhido como técnica de reposição, pois proporciona primordialmente melhora nos índices de nível de serviço nos clientes. 1 2 3 4 5 Comentário: 3. A iniciativa da implantação do VMI partiu da nossa empresa, pois havia muito interesse em fornecer uma solução VMI como um serviço de valor 120 agregado para nossos clientes, que fosse capaz de reduzir custos e melhorar o desempenho da cadeia de suprimentos. 1 2 3 4 5 Comentário: 4. Os fornecedores foram escolhidos com base no tamanho dos estoques de seus produtos na minha empresa e na possibilidade de redução nos custos de estoque. 1 2 3 4 5 Comentário: 5. Os produtos escolhidos para fornecimento através de VMI são considerados, em nossos clientes, produtos C numa curva ABC. 1 2 3 4 5 Comentários: 6. Temos a participação de vários departamentos da empresa no processo de implantação e gerenciamento do VMI e não somente da área de logística/suprimentos. 1 2 3 4 5 Comentários: 7. Propriedades físicas não usuais podem ser definidas em termos de fragilidade, tamanho, peso ou dimensões. Propriedades físicas não usuais requerem habilidades de manuseio e estocagem muito diferentes das que seus clientes estão acostumados a usar na maioria dos seus produtos. Estas propriedades não usuais resultam em custos e manuseio desproporcionais aos praticados nos demais produtos comercializados pelos seus clientes. Os produtos repostos pelo VMI apresentam propriedades físicas não usuais. 1 2 3 4 5 121 Comentários: 8. Os produtos considerados para a implementação do VMI nos meus clientes, são produtos de baixo volume, isto é, produtos que são vendidos ou repostos em uma única unidade, que demonstram demanda independente ou são considerados de "baixa venda" (baixo giro de estoque) para o cliente. 1 2 3 4 5 Comentários: 9. Os produtos considerados para a implementação do VMI nos meus clientes, são produtos de baixo custo/volume unitário. 1 2 3 4 5 Comentários: 10. Os produtos considerados na implementação do VMI em meus clientes têm uma clara conotação tática, isto é, são produtos onde a gerência de estoque do cliente prioriza a eficiência (nível de serviço) e busca minimizar os recursos usados na sua aquisição (baixos custos de transação). 1 2 3 4 5 Comentários: 11. A categoria dos produtos considerados na implementação do VMI nos meus clientes apresenta similaridade visual e ampla gama, isto é, são freqüentemente confundidos entre si, o que causa problemas durante o "picking" ou o abastecimento de prateleiras/gôndolas. 1 2 3 4 5 Comentários: 122 12. Os produtos considerados na implementação do VMI nos meus clientes apresentam imprevisibilidade estrutural de demanda (exemplos são livros "best-seller", moda) e minha empresa, como fornecedor, tem melhores condições de gerenciar esta atividade. 1 2 3 4 5 Comentários: 13. Os produtos considerados na implementação do VMI nos meus clientes são de grande importância para o minha empresa, ou seja, representam uma fatia significativa da minha receita. 1 2 3 4 5 Comentários: 14. No sistema VMI da sua empresa, quem detém a propriedade do estoque, sua empresa ou o cliente? Minha empresa Cliente Comentários: 15. Qual das afirmações abaixo se aproxima mais da relação entre a sua empresa e o cliente com o qual você realiza o VMI? a) Nossa relação com nossos clientes VMI é caracterizada pela confiança total e mútua. Estamos dispostos a fazer sempre mais do que está expressamente determinado no contrato em nome do relacionamento que temos com os clientes. Nosso contrato com os clientes VMI é bastante simples para permitir flexibilidade e os problemas são sempre negociados de maneira a aumentar os ganhos mutuamente. b) Nossa relação com nossos clientes de VMI está detalhada no contrato. Esperamos que nossos clientes cumpram os objetivos ali detalhados, sob o risco de incorrerem em penalidades, incluindo-se o do término do contrato. Comentários: 123 16. No contrato firmado entre sua empresa e o cliente, há cláusulas restringindo quais aspectos abaixo? 1. Restrições Operacionais Espaço máximo de estocagem alocado Perfis de demanda Perfis das entregas Período de notificação Tamanho mínimo de lote Janelas de entrega 2. Medidas de performance Nível de serviço (incluindo previsão de demanda e variações) Propriedade do estoque pelo cliente Nível de estoque Giro de estoque 3. Responsabilidades Seguro Obsolescência Deterioração e danos 4. Critério de terminação Comentários: 124 17. Somos o único fornecedor de nossos clientes nas categorias de produto ou produtos que temos dentro do sistema VMI. 1 2 3 4 5 Comentários: 18. Temos, em clientes cujas categorias de produto ou produtos estão dentro do sistema VMI, acesso livre e em tempo real à informações sigilosas de vendas e nível de estoque. 1 2 3 4 5 Comentários: 19. Usamos, nas nossas relações de VMI, algum tipo de tecnologia de informação (EDI, Internet) que nos permita acesso ao nível do estoque e a padrões de consumo. 1 2 3 4 5 Comentários: 20. Temos uma biblioteca de algoritmos para diversos modelos de gestão estoque que se adaptam a cada situação de demanda de cada produto. 1 2 3 4 5 Comentários: 21. Desenvolvemos nossos próprios algoritmos para gerenciamento de estoques, especificamente para situação de demanda de cada produto, e os adaptamos conforme aprendemos mais profundamente sobre a demanda deste produto. 1 2 3 4 5 Comentários: 125 22. Depois do período inicial de implantação do sistema VMI, o cliente nunca mais fez intervenções nos pedidos sugeridos por nós, salvo em situações especiais de variação da demanda, como por exemplo, promoções. Nosso cliente não revisa cada pedido. 1 2 3 4 5 Comentários: 23. Após a implementação do VMI, percebemos suavização na demanda dos produtos ou categorias de produtos transacionados pelo sistema. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição: 24. Após a implementação do VMI, percebemos um aumento na nossa flexibilidade operacional, resultante da possibilidade de alterar prazos e volumes de entrega de acordo com a demanda "real" percebida sem prejudicar o nível de serviço e disponibilidade para o cliente. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição: 25. Após a implementação do VMI, percebemos um benefício estratégico na nossa relação com os clientes, pois os atuais altos custos de mudança de fornecedor criam uma barreira à entrada de novos fornecedores. 1 2 3 4 5 Descreva os indicadores utilizados para esta medição: 26. Após a implementação do VMI, percebemos um benefício estratégico na nossa relação com os clientes, pois o nível de informação que obtemos atualmente nos proporciona uma melhor posição durante a renegociação de contratos. 1 2 3 4 5 Comentários 126 Questionário SETOR 1. A ANAMACO tem conhecimento de uso de VMI entre os seus associados? 2. Em caso positivo, descreva o atual cenário de implantação de sistemas de VMI nas empresas varejistas de materiais de construção brasileiras. 3. Alguma das estatísticas abaixo está disponível? %, em faturamento, de mercadorias comercializadas através de VMI. %, de empresas com sistemas VMI em funcionamento. Porte de empresas com sistemas de VMI em funcionamento Estatísticas funcionamento sobre os resultados dos sistemas VMI em Regiões do Brasil com maior número de empresas com VMI em funcionamento Grau de informatização de empresas com VMI em funcionamento Meios para transmissão de dados (Internet, EDS, e-mail, outros) 4. Existe algum programa de divulgação de sistemas VMI para os associados da ANAMACO? 5. Há algum programa voltado para o ensino dos conceitos de VMI aos associados da ANAMACO? 6. A ANAMACO procura incentivar o uso de VMI pelos seus associados? 7. A ANAMACO já foi procurada por fornecedores ou associações de fornecedores, com o intuito de facilitar a implantação de sistemas VMI nos seus associados? 8. Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelas empresas na implantação de sistemas VMI? 9. Quais os resultados alcançados pelas empresas que adotaram VMI como técnica de reposição? 10. Comentários livres 127