Seminário Brasil de Economia debate estratégias para a retomada do crescimento econômico Público compareceu em peso ao auditório do Banco Central para assistir à conferência do Economista Marcio Pochmann, que traçou um abrangente painel histórico da economia nacional e internacional Por Fausto Muniz Seminário contou com a participação de nomes de peso da Economia que buscaram analisar caminhos para a volta do crescimento nacional. O que faz o Brasil ser hoje o que ele é? Quais os caminhos da história e da economia trilhados pelo país e decisivos para a construção de sua atual conjuntura? O que pode ser feito para a retomada do crescimento? Esses e outros questionamentos estiveram no centro das discussões durante a realização do 2º Seminário Brasil de Economia, promovido pelo Conselho Regional de Economia (Corecon-PE) no auditório do Banco Central, Recife. O evento trouxe para o público pernambucano o renomado Economista Marcio Pochmann, Professor Titular da Unicamp, Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Fundação Perseu Abramo. Participaram da mesa debatedora a presidente do Corecon-PE, Ana Claudia Arruda; o vice-presidente da entidade, Fernando Aquino; a Economista e Consultora do CEPLAN, Tânia Bacelar; e o presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Júlio Miragaya. A conferência teve início com a fala de Pochmann sobre de que forma a política econômica nacional vem sendo tratada nos últimos anos. “Penso que, de certa forma, o Brasil hoje parece com um presunto ensanduichado porque a perspectiva do Brasil, de certa maneira, está muito limitada. De um lado, pelo predomínio do pensar no cotidiano, no máximo o amanhã, dificilmente nos próximos anos, nas próximas décadas. Ou seja, o país não tem um projeto nacional. Não é uma constatação inédita, recente, é uma marca que carregamos há muito mais tempo, mas é sempre importante registrar que, infelizmente, as interpretações, as proposições, o receituário atualmente envolve estar prisioneiro do ‘curto-prazismo’. Isso é uma grande falha, porque o Brasil tá perdendo sua capacidade de olhar o longo prazo, de construir convergências em cima do amanhã”, declarou. Em um novo momento, o professor analisou criticamente o excesso de valorização da visão de especialistas, em detrimento de uma perspectiva mais abrangente e global da problemática brasileira. “Outra vertente que nos tenciona diz respeito justamente ao predomínio das visões pós-modernas que são visões que trabalham muito mais nas especialidades, na setorialização do conhecimento, e não na totalização, na visão mais ampla, complexa, diversificada, que obviamente um país como qualquer outro possui. Então a economia vem sido pensada somente no curto prazo e numa perspectiva de especialistas”. “Obviamente isso não é uma crítica, mas o reconhecimento que os especialistas, no mundo de hoje, são aqueles que sabem, cada vez mais, de coisa nenhuma. O especialista no olho direito e o olho esquerdo? Nós somos bombardeados continuamente por uma quantidade muito grande de informação e temos uma grande dificuldade de sistematizar informação. Conhecimento, obviamente, não é a quantidade de informações guardadas, mas a capacidade de sistematizar, de compreender o todo, e isso é uma carência crescente que estamos tendo”, comenta. Ele também fez um recorte histórico para destacar que a temática perpassa outras gerações de pensadores. “O Brasil aumentou, nesse início de século XXI, sua presença no ranking de produção pensada, onde obviamente essa produção ocorre descolada da produção de patentes, de ofertas de superação de entrada dos brasileiros. O que um grande estudioso aqui do Nordeste, Gilberto Freyre, já chamou a atenção para uma característica dos doutores do século XIX: a formação de um pensamento descolado das necessidades do país”. CAPITALISMO O pesquisador constatou a presença de dois tipos de “constrangimentos” que marcam a sustentabilidade econômica no atual contexto nacional. Um deles é de ordem externa, o outro, interna, e fez uma leitura temporal sobre como esses desalinhos vêm ocorrendo. “O constrangimento de ordem externa, ao qual não somente o Brasil, mas o mundo também está submetido? Estamos presos, a partir dos anos 80, convivendo com uma segunda onda da globalização. Tivemos os 100 anos da paz britânica, entre 1810 e 1914, um período marcado pela centralidade da Inglaterra, com a industrialização, sua marinha, a partir da sua moeda, a libra esterlina.” Pochmann analisou o modo como o sistema capitalista era organizado em séculos passados para atentar sobre sua influência no hoje. “O capitalismo no século XIX era organizado através de impérios: o império britânico, o império austro-húngaro, império português. A forma de organização do mundo se dava através de impérios. Não há dúvida, especialmente entre 1870 e 1914, nós tivemos uma abertura das economias, sob a ordem liberal, um grande fluxo de capitais, mão de obra, de migrações, comércio. Esta fase praticamente se encerra com a 1ª Guerra Mundial, em 1914, destruindo essa mega ordem mundial que marcava uma certa globalização. Vamos ter duas grandes guerras mundiais que estabelecem essa lógica antiga, essa lógica liberal, e desconstroem a centralidade da Inglaterra”, observou. “A partir da segunda metade dos anos 70 pros dias de hoje, estamos vivendo uma segunda onda de globalização, uma segunda onda de abertura, que obviamente é muito menos abertura para a questão social, de mão de obra, e muito mais para os mercados financeiros, de capitais, para o comércio, que não é mais entre nações, mas entre empresas. Temos um constrangimento que deriva dessa mudança no mundo”, apontou. BRASIL O professor justificou sua atenção especial nesse percurso histórico ao comentar que o Brasil não faz parte do centro dinâmico do capitalismo, um fato que implica sérias consequências ao progresso do país. Segundo seu estudo, o referido centro é organizado a partir de três características principais: 1. A existência de uma moeda de curso internacional, que exerce a unidade de conta, unidade de valor, mas tem um curso internacional. Para ser país de centro dinâmico deve preencher esse requisito. 2. Mais do que ter moeda é necessário ter capacidade de produção e difusão tecnológica. O progresso bélico é a alma do capitalismo. É o que permite a ele inovar, produzir mais barato, diversificar. É o segundo elemento central. 3. Ter capacidade militar. Ter forças armadas, para impor, quando necessário, a força, a vontade desse centro dinâmico. Pochmann relatou que a nação brasileira nunca teve nenhuma dessas características. “Isso não significa que não possamos vir a ter. É preciso ter um projeto que viabilize isso, como os chineses, os americanos, ingleses tiveram. Nossa moeda, no máximo, exerce essas três funções no espaço nacional. A capacidade de produção tecnológica está concentrada em algumas pouquíssimas unidades no Brasil. Petrobrás, Embrapa. São pouquíssimas. E as nossas forças armadas? Nós não temos, por exemplo, satélites próprios. Usamos satélites dos outros. O Obama soube antes de nós todos que ele iria ser eleito. Há pouquíssimos centros de informação e comunicação que dominam a informação no mundo”. E ele acrescentou outras informações à argumentação em torno do tema. “Nós não somos um país do centro dinâmico porque não temos a capacidade de decidir exclusivamente. Claro que nós temos forças internas, mas tem o problema maior que é essa mudança, chamada globalização financeira, que altera a posição dos países, especialmente porque há uma crise na centralidade, especialmente nos EUA”, discorreu. ESTADOS UNIDOS O estudioso foi enfático em suas observações sobre a estrutura econômica norteamericana atual. “Recentemente foi divulgado mais um relatório dos engenheiros daquele país que demonstrou a catástrofe na estrutura do país. O país, que tem saída para dois oceanos, somente 3 portos são capazes de receber navios de grande porte. Os EUA não têm 1 quilômetro de trens de alta capacidade. Obama costuma andar com uma vela no bolso porque no Capitólio apagam a luz elétrica. O país que não fez o dever de casa de enfrentar o problema da estrutura, está envelhecendo. 1% da população detém mais riqueza e renda do que a somatória dos outros 99%. Eles são mais desiguais do que nós, atualmente.”, disse. "Há um dramático problema porque, pela primeira vez, o capitalismo construiu um sistema global de produção industrial e essa conjuntura não está mais no ocidente, se deslocou para o oriente, ainda que, das 500 corporações que governam o mundo, a maior parte são constituídas de empresas dos EUA. O Obama, no seu primeiro mandato, tentou fazer um plano de reestruturação daquele país, mas a principal oposição à reindustrialização foram os próprios industriais. É um país com baixa diversidade”. “Ah, ‘mas não estão falando todo dia que a economia americana está se recuperando...’ É uma catástrofe. Eles trocaram empregos industriais por salários de 120 mil dólares por ano, por empregos de serviços, de 22 mil dólares/ano. Ao receber essa remuneração, os trabalhadores permitem auferir o programa bolsa família de lá, o Stand Foods, que é o maior programa do mundo, superou o Brasil faz tempo. As três principais ocupações que cresceram nos EUA, nesta primeira parte do século são: vendedores, garçons e prestadores de serviços para idosos. Todas elas ocupações recentes. Há uma destruição da classe média americana”. “Se a gente não entender isso, fica com dificuldade de saber por que de repente figuras que defendem o socialismo passam a ter espaço inimaginável naquele país, onde 1/3 dos jovens se declaram socialistas. Eles podem não saber muito bem o que é socialismo, mas o fato de eles usarem essa palavra lá naquele país é inacreditável. Ou o Trump, que diz a mesma coisa que o Sanders em sentido inverso, mas é uma crítica a Wall Street, é uma crítica ao sistema político americano. Dependendo da votação eleitoral, vamos ter uma transformação dramática nos EUA. E, ao mesmo tempo se percebe que isso se dá numa tensão global muito grande com a ascensão chinesa”. NOVA ECONOMIA Ainda analisando o sistema econômico do ponto de vista da disputa no quadro internacional, ele frisou o fato de que “hoje estamos transitando de um capitalismo que mudou dramaticamente o ecossistema de competição”. “O que nós tínhamos era um período de entreguerras. Da primeira década do século XX à penúltima década do século XX nós criamos um espaço para a construção de políticas nacionais e foi aí que se deu a possibilidade de o Brasil se industrializar. Porque política nacional é uma coisa relativamente recente. Políticas públicas nacionais são recentes. Não havia política nacional de saúde, sistema nacional de trabalho, sistema nacional de educação no século XIX. Isso é uma construção do século XX e só foi possível no entreguerra”, relatou. Para Pochmann, o que está acontecendo nos dias atuais é a quebra das barreiras dos sistemas nacionais, o que “fez com que a competição se desse num espaço supranacional”. “E esse espaço supranacional é ocupado pelas grandes corporações, que respondem por 50% do PIB mundial, que responde por 2/3 dos investimentos do progresso técnico”. MODERNIDADE O que é moderno e o que já foi um dia? Foi sobre essa questão, a trajetória da modernidade, que ele deu continuidade. “Aquilo que, anteriormente, no passado, era uma espécie de modernidade, foi justamente a internacionalização das empresas americanas, europeias, que foram as chamadas multinacionais, que, de certa maneira, eram o elemento de modernidade.” No Brasil, a instalação de empresas internacionais foi vista pela população como sinônimo de modernidade e avanço. “Aqui no Brasil, no final da segunda metade dos anos 50, quando se instalam, por vontade nacional, através do plano de metas de Juscelino Kubitschek, grandes empresas estrangeiras, entre elas, automobilísticas, a Wolkswagen, o sonho dos trabalhadores era trabalhar numa empresa estrangeira, porque, de maneira geral, ela representava a modernidade, condições de trabalho melhores, tinha status. Em geral, o salário era superior ao pago pelas empresas nacionais. Tinha plano de cargos e salários, relacionamento com os sindicatos”. No entanto, ele fez, a posteriori, suas ressalvas a respeito. “O fato concreto é que essas novas corporações transnacionais não são mais elementos de modernidade, são, na verdade, elementos de retrocesso, porque não se instalam para produzir modernidade, mas para se adaptar e absorver a regressividade do atraso. Essas grandes empresas se deslocam à medida em que, por exemplo, o país quiser elevar as regras de proteção do trabalho; querem alocar o custo de mão de obra enquanto for o menor possível; preferem os países em que as regras de proteção ambiental sejam as menores possíveis, onde a tributação seja a menor possível”. “Quem governa as nossas cidades, senão as grandes empresas? É o prefeito democraticamente eleito, ou é a máfia da merenda escolar, do transporte, do lixo? Essa nova fase da globalização coloca em xeque a democracia”, pontuou. A SEGUNDA GLOBALIZAÇÃO Ao continuar a definir os “constrangimentos” que caracterizam o Brasil, nesse sentido, ele citou a ordem interna do país. “Foi na segunda onda da globalização que justamente nos perdemos, jogamos fora o principal ativo que foi a industrialização. O Brasil tinha indústria, no final do século XIX, mas não tinha industrialização, que é quando o capital industrial subordina as demais frações do capital. O que nós temos hoje é a evidência de que o capital industrial não tem mais a mesma importância que outrora havia tido”. Para Pochmann, a história do país é marcada por êxitos esparsos e com consequências pouco relevantes dentro do longo prazo. “Sérgio Buarque, no livro Raízes do Brasil, destaca que o Brasil é uma espécie de procissão de milagres, milagres dos ciclos econômicos. Você tem o milagre econômico como a grande oportunidade de convergência nacional, integração e de avanço. A industrialização, na década de 30, década de 60, foi mais um milagre do Brasil. E o que nós temos vivendo é uma decadência do ciclo da industrialização, sem que tenhamos outro ciclo à vista. Entre 1981 a 2016, a renda por habitante cresceu 0.7% ao ano. É muito pouco. É basicamente o que o Brasil crescia na República Velha”. “O capitalismo brasileiro se move através de blocos de investimento e ciclos de consumo. Tivemos três grandes blocos de investimentos, como aquele se inicia com o primeiro governo, com Getúlio Vargas, que basicamente sustenta a indústria nacional, a indústria de base, como a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional, Petrobrás. Tivemos o segundo bloco de investimentos, com o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, que basicamente constitui a industrialização diante de indústria de bens de capital e da indústria de bens consumo durável. E tivemos o terceiro grande bloco de investimentos no governo Geiser, nos anos 70, que consolida uma industrialização do passado, sem nenhuma ligação com a indústria do futuro”. MUDANÇAS A sociedade brasileira vem passando por profundas mudanças estruturais do ponto de vista demográfico que também repercutem no contexto econômico. Marcio indicou o esgotamento da antiga sociedade urbana e industrial, em franco processo de envelhecimento, ao passo que a economia de serviços cresce e substitui a economia industrial. “No início dos anos 80, a indústria brasileira representava praticamente ¼ do PIB brasileiro. Hoje ela representa 7% do PIB brasileiro. Então é uma sociedade de serviços. E essa sociedade de serviços produz uma estrutura social muito diferente”. “A começar pela mudança demográfica que está em curso, da presença de crianças, adolescentes e jovens em toda população. Em 2030 serão 13%. Isso abre novas perspectivas. Você tem menos pressão de crianças entrando no sistema educacional. Poderemos refundar a educação, a educação integral, de qualidade. Isso pode ser uma opção, mas, ao que parece, governadores e prefeitos estão optando por fechar escolas. É fantástico assistir aos estudantes ocupando a escola, resistindo em nome de uma escola pública”. Outra importante mudança verificada pelo pesquisador incide na dificuldade da coesão social no Brasil. “Não se mais a estrutura familiar tradicional, que são as famílias geralmente formadas por dois adultos e duas, três ou quatro crianças. As famílias monoparentais vêm se constituindo muito rápido no Brasil. Um adulto e uma criança. Soma-se a isso a presenças das tecnologias da informação. ‘O meu Facebook só tem amigos do meu lado, os que não pensam igual a mim eu vou limando’. Ou seja, estou formando uma sociedade que não tem a capacidade de ouvir o contrário. Sociedade fascista, das corporações fechadas, sem debates, da violência”. “O segundo aspecto importante deriva da questão etnia racial. Como há uma queda muito rápida na taxa de fecundidade feminina e essa taxa de fecundidade não é homogênea, mulheres brancas, com maior escolaridade, têm em média taxa de fecundidade 0.9, menos de um filho. Já a taxa de fecundidade entre mulheres não brancas continua sendo em redor de 1.8. As políticas de cotas que começamos a fazer, que estão sendo questionadas, elas precisam passar para um outro horizonte, patamar da universalidade. Nós vamos ter uma sociedade muito diferente do ponto de vista étnico-racial”. “Outro aspecto importante é a questão de gênero. Estamos tendo uma profunda revolução sexual em curso. E nós estamos tendo dificuldade em lidar com essa mudança, que é uma mudança que não tem volta. O homem era o provedor. À mulher, cabia a reprodução. Isso foi sendo ressaltado e aprofundado quando se tem uma sociedade agrária, na qual a força física era fundamental. Era preciso ter mais gente, mais produtividade na lavoura, no campo”. “Na sociedade urbano-industrial, ainda que tenha havido uma queda na taxa de fecundidade, ainda permaneceu para a mulher o peso da reprodução humana e, no máximo, ela se insere no mercado de trabalho ocupando os postos de trabalho mais simples. O que eu quero chamar atenção: nós estamos numa sociedade em que a força física não serve mais pra nada. Segundo: nós estamos vivendo uma fase de aumento da longevidade. Estamos saindo de uma sociedade em que se conseguia viver até os 60 anos e hoje chegando aos 100 anos de idade. A mulher vai ter um filho na vida, vai escolher quando ter um filho, e se quiser ter um filho oriundo de uma relação sexual ou não. A mulher é quem mais se destaca no sistema educacional. Tem mais qualificação recentemente. Ainda assim, as mulheres são superiores em escolaridade e recebem em média menos que o homem. As mulheres ocupam os principais postos de trabalho, mas não são de direção”. MUNDO DO TRABALHO As mudanças no mundo trabalho também ganharam espaço. Segundo Poshmann, o trabalho imaterial vem predominando em diversas áreas, em detrimento do trabalho material, que perde espaço em decorrência das tecnologias da informação. “Não é mais o trabalho da construção civil, da agricultura, situações em que o esforço físico do homem e da mulher produzia algo concreto, palpável, tangível. O que predomina é o trabalho imaterial, nos serviços, que não produzem algo concreto, palpável. 80% do valor de uma mercadoria estão no trabalho imaterial. É o design, o marketing, pesquisa”, comentou. “O trabalho imaterial rompeu as fronteiras de trabalhar fora e dentro do local de trabalho. O trabalho material da indústria, da agricultura, só poderia ser exercido no local específico. O trabalho imaterial, com a presença das tecnologias da informação, permite ser realizado em qualquer lugar. Há uma intensificação da jornada de trabalho, que gera uma enorme pressão, o bornout, dentre outras formas diversas de doenças”. A crise de representatividade nas instituições foi outro aspecto ressaltado pelo pesquisador. “O que acontece é que a sociedade não encontra mais instituições que representem seus anseios. Não apenas os sindicatos, mas também partidos, entre outras. As pessoas não aceitam mais o sistema político, em que o político, o deputado, o vereador, o prefeito, sejam os intermediários. Acontece que com a internet, os sistemas de informação, não se precisa mais de intermediário. Você pode conversar direto com o presidente, o ministro, o vereador, o deputado. A empresa tem mais contato com os trabalhadores do que o sindicato”. Após a apresentação do pesquisador, Tânia Bacelar, Economista e Diretora do Ceplan, acrescentou sua opinião sobre os assuntos discutidos. “A riqueza no mundo hoje é gerada muito mais na esfera financeira do que na produtiva da economia. Essa é uma mudança de grande profundidade, alguns estão chamando de articulação financeira. O capitalismo entra numa outra etapa, em que se gera riqueza muito mais na esfera financeira do que na esfera produtiva, isso compromete inclusive a esfera produtiva. Grandes fundos de pensão, grandes agentes financeiros que compram empresas, administram essas empresas na lógica financeira e chegam a matá-las por conta da lógica predominante que é a lógica rentista”, constatou. Julio Miragaya, por sua vez, falou sobre a problemática da tributação brasileira, questionada durante o evento. “A questão principal não é que a carga tributária seja muito elevada ou reduzida. O problema é que nós temos um modelo tributário absolutamente contraditório com a perspectiva de crescimento no país. Nosso modelo tributário é regressivo; penaliza tanto o esforço produtivo quanto o consumo das famílias e de outro lado ele isenta a renda e a riqueza”, declarou. Prof. Marcio Pochmann, Presidente Ana Claudia Arruda, Profa. Tânia Bacelar, Vice-Presidente Fernando Aquino, Conselheiro Rodolfo Regueira, Júlio Miragaya, Presidente do Cofecon > CONFIRA OS VÍDEOS DO II SEMINÁRIO BRASIL NO FACEBOOK E NO SITE DO CORECON: https://www.facebook.com/CoreconPE/videos http://www.coreconpe.org.br/