Moderna plus Parte I Unidade C Capítulo 7 D esenvolvimento e morfologia das plantas angiospermas biologia biologia dos organismos 2 amabis martho 1 leitura L LEGUMES E VERDURAS egumes e verduras! Essas palavras não têm significado botânico preciso com relação a plantas alimentícias, e quase todas as partes da planta são usadas como legumes ou verduras: raízes (cenoura e beterraba), caules (batata comum e aspargo), folhas (espinafre e alface), talos das folhas (aipo e acelga), brácteas (alcachofra), talos das flores e botões (brócolos e couve-flor), frutos (tomate e abóbora), sementes (feijão) e até mesmo as pétalas (iúca e abóbora-moranga). Grande número de diferentes famílias vegetais nos fornecem legumes e verduras [...]. A família da mostarda, Cruciferaceae [atualmente chamada de Brassicaceae], é particularmente importante, e uma única espécie, Brassica oleracea, fornece-nos grande variedade de verduras que incluem o repolho, a couve comum e belga, a couve-flor, os brócolos e a couve-rábano. Esta última [...] raramente é vista nos mercados. Na couve-rábano, o caule engrossa acima do nível do solo, produzindo um tubérculo comestível. O ancestral das couves era nativo da região mediterrânea, e alguns acham que começou a ser usado por causa das sementes oleosas. A seleção dos agricultores visando obter diferentes partes da planta produziu a diversidade de variedades cultivadas hoje disponíveis. […] www.modernaplus.com.br O rabanete (Raphanus sativus) é outro membro da família da mostarda, proveniente do Velho Mundo, utilizado como alimento. Embora em muitos lugares seja usado apenas como ingrediente de saladas, o rabanete tem papel importante na composição dos alimentos utilizados no Oriente. Variedades de rabanete japonesas chegam a pesar 30 quilos. Essa raiz é cozida e estocada para o inverno. Em partes da Ásia, cultiva-se uma variedade de rabanete especialmente por causa de suas vagens, que podem atingir mais de meio metro de comprimento. De igual ou talvez maior importância por sua contribuição em legumes é a família das cucurbitáceas. Cinco diferentes espécies de abóboras, pertencentes ao gênero Cucurbita, foram domesticadas nas Américas. Algumas delas figuram entre os alimentos mais antigos aqui conhecidos, sendo registradas em depósitos arqueológicos do México datados de 7000 a.C. Como as cucurbitáceas nativas possuem pouca ou nenhuma polpa no fruto, propôs-se a hipótese de terem sido cultivadas por causa das sementes comestíveis. As sementes de abóbora ainda são comidas nos dias de hoje. De acordo com essa teoria, teria havido mutações que levaram à produção de frutos carnosos, e a seleção dos agricultores produziu variedades de frutos com polpa espessa e macia, hoje largamente cultivadas. A abóbora, o milho e o feijão foram levados do México para o norte, tornando-se as principais plantas alimentícias dos índios norte-americanos que praticavam a agricultura. Após a descoberta da América, a abóbora e a abobrinha foram levadas para a Europa e a Ásia, sendo hoje importantes em muitas partes do mundo, como alimento não somente para a espécie humana, mas também para os animais. O Velho Mundo também forneceu plantas alimentícias da família das cucurbitáceas, incluindo-se entre elas o pepino, os melões e a melancia. O pepino e os melões são provenientes de espécies diferentes do gênero Cucumis; a melancia pertence ao gênero Citrullus. [...] Moderna plus Parte I Unidade C Capítulo 7 D esenvolvimento e morfologia das plantas angiospermas biologia biologia dos organismos 2 amabis martho 2 A família das solanáceas, além da batata comum, forneceu-nos diversas outras plantas alimentícias, das quais a mais importante é o tomateiro (Lycopersicum esculentum). O tomateiro era já uma planta cultivada e firmemente estabelecida no México quando os colonizadores espanhóis chegaram. Essa planta foi levada à Europa na primeira metade do século XVI e, não se sabe como, adquiriu a reputação de ser perigosa como alimento; as razões de tal fama não estão inteiramente esclarecidas. Parece provável que o tomate tenha sido reconhecido como membro das solanáceas, temidas pelos europeus da época como uma família de plantas venenosas, das quais exemplos são o meimendro-venenoso, o meimendro-negro e a mandrágora. Conhecem-se tomates amarelos, alaranjados, cor-de-rosa e verdes, além dos tipos vermelhos comuns. Um dos primeiros tipos a chegar à Itália foi uma variedade amarela chamada pomo d’oro (maçã dourada), que resultou em poma amoris (maçã do amor). O nome maçã do amor tornou-se ligado a ele, não devido a qualquer propriedade afrodisíaca real ou imaginária, mas simplesmente devido à tradução do nome italiano alterado. Somente neste século foi que o tomate passou a ser largamente apreciado como o ótimo alimento que é. Resultados notáveis têm sido obtidos pela agricultura experimental na melhoria dos tipos de tomate nos últimos anos. Um desses resultados foi a obtenção de formas com características especiais, possibilitando a colheita mecanizada. www.modernaplus.com.br Outras plantas alimentícias da família das solanáceas são a berinjela e as pimentas doce e ardida. A berinjela, uma espécie do gênero Solanum, ao que parece surgiu na Índia e, como ocorreu com o tomate, foi vista com desconfiança ao chegar à Europa. Um dos nomes dados a ela, nessa época, foi maçã- -da-loucura, pois julgava-se que aqueles que a comessem ficariam loucos. Várias espécies diferentes de pimenta do gênero Capsicum foram domesticadas na América tropical por causa de seus frutos ardidos; essas pimentas passaram a fazer parte da dieta de muitos índios. Nos tempos pós-colombianos, elas foram largamente espalhadas, tornando-se tão importantes em partes do sudeste da Ásia e África quanto em sua terra de origem. Nas zonas temperadas, a pimenta-doce, variedade de Capsicum annuum, que inclui a pimenta-de-caiena e a pimenta-chili, tornou-se mais importante que os tipos ardidos. […] Algumas variedades de beterraba ainda são cultivadas como verduras. A raiz engrossada da beterraba parece ser resultado de seleção feita pelos agricultores depois de seu cultivo como verdura de folha; afinal, a raiz deu à planta a sua maior importância, não como verdura, mas como fonte de açúcar. Verificou-se, na última metade do século XVIII, que a beterraba continha açúcar; seguiu-se então o trabalho de seleção e cultivo científico, que aumentou o conteúdo de açúcar de 2% para 20%. Na primeira metade do século XIX, apesar das críticas, Napoleão incentivou a nova indústria do açúcar de beterraba, compreendendo que ela poderia dar à França uma fonte doméstica, libertando-a da dependência da Inglaterra, que mantinha o monopólio da cana-de-açúcar. A partir daí a beterraba tornou-se uma das principais culturas na zona temperada norte, firmando-se nos Estados Unidos na última metade do século passado. A mecanização de quase todas as operações ligadas ao cultivo e à colheita da beterraba permitiu que o seu açúcar competisse favoravelmente com o da cana, cultura tropical cuja produção ainda emprega grande proporção de trabalho braçal barato. Fonte: Charles B. Heiser Jr. Sementes para a civilização: a história da alimentação humana. Trad. de Sylvio Uliana. São Paulo: Nacional/Edusp, 1977. p. 180-188. (Adaptação dos autores.) Moderna plus Parte I Unidade C Capítulo 7 D esenvolvimento e morfologia das plantas angiospermas biologia biologia dos organismos 2 amabis martho 3 Orientações de leitura www.modernaplus.com.br Nesta Leitura, reproduzida do livro Sementes para a civilização, Charles B. Heiser Jr. discute o uso popular dos termos legume e verdura e as origens de algumas plantas cultivadas, utilizadas como alimento pela humanidade. Para auxiliar a leitura mais aprofundada desse interessante texto, apresentamos algumas sugestões, a seguir. 1 Leia o primeiro parágrafo da Leitura; segundo seu entendimento, por que o autor considera que os termos legume e verdura não têm significado botânico preciso? 2 Leia o segundo parágrafo. De acordo com o texto, como se explica a origem da diversidade de tipos da espécie Brassica oleracea? Quais dos tipos citados você conhece? 3 No quarto parágrafo da Leitura, o que o autor quer dizer com o termo domesticação de espécies? Qual é a hipótese aventada para a origem das variedades comestíveis de abóbora, tendo em vista que as cucur- bitáceas nativas praticamente não possuem polpa no fruto? 4 A partir da leitura do quarto, quinto e sexto parágrafos, indique os locais de origem dos seguintes alimentos: abóbora, feijão, milho, pepino, melão, melancia, tomate, berinjela e pimentas do gênero Capsicum. 5 Nos parágrafos sexto e sétimo, o autor menciona que tanto as plantas do tomate quanto da berinjela foram vistas com desconfiança ao chegarem à Europa. Qual pode ter sido a causa do medo dos europeus em utilizarem os frutos dessas plantas como alimento, na visão apresentada pelo texto? Explique por que o tomate ficou conhecido como pomo d’oro entre os italianos. 6 Leia o oitavo e último parágrafo da Leitura. Responda: de acordo com o texto, o que estimulou os franceses a empreenderem o cultivo em larga escala de variedades melhoradas de beterraba?