309-2 - CNPA 2015

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Bem-estar de matrizes suínas submetidas ao enriquecimento ambiental com inclusão de capim elefante
(Pennisetum purpureum)¹
Carlos Barbosa dos Santos2*, Francisco Darlemberty dos Santos Medeiros3, Francisco Lago dos Santos4,
Nhaira Maia Vilarinho4, Tiago Vieira de Andrade2, Lilian Silva Catenacci5, Marcos Jácome Araújo6,
Leonardo Atta Farias7
1
Parte da trabalho de conclusão de curso do segundo autor.
Mestrando do programa de Pós-Graduação em Zootecnia, bolsista da FAPEPI/CAPES – CPCE/UFPI, Bom Jesus, PI. [email protected]; [email protected]
3
Graduado em Medicina Veterinária CPCE/UFPI, Bom Jesus, PI. [email protected]
4
Mestrandos do programa de Pós-Graduação em Zootecnia – CPCE/UFPI, Bom Jesus, PI. [email protected]
5
Professora Assistente do Curso de Medicina Veterinária/CPCE/UFPI, Bom Jesus, PI. [email protected]
6
Professor Adjunto do curso de Zootecnia/CPCE/UFPI, Bom Jesus, PI. [email protected]
7
Professor Titular do curso de Medicina Veterinária e Zootecnia e do PPGZ /CPCE/UFPI, Bom Jesus, PI. [email protected]
*Autor apresentador.
2
Resumo: O trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar o bem-estar de matrizes suínas após serem submetidas
ao enriquecimento alimentar com a introdução de capim fresco. Utilizaram-se dez matrizes suínas distribuídas em
delineamento experimental o inteiramente casualizado com três tratamentos e dez repetições. Os tratamentos
consistiram em três períodos, no primeiro os animais receberam somente ração farelada, no segundo período, os
animais receberam, além da mesma ração, capim elefante, como forma de enriquecimento ambiental e no terceiro
período, os animais voltaram a receber somente a ração farelada. As variáveis analisadas foram quesitos de um
etograma. Para alguns comportamentos foram observadas alterações com uso do enriquecimento alimentar após o
fornecimento de capim elefante. Observou-se que alguns comportamentos aumentaram e outros diminuíram, isso em
razão do fornecimento do capim influenciar na rotina dos animais. Conclui-se que o enriquecimento ambiental
através do fornecimento de capim elefante influenciou positivamente no bem-estar das matrizes, melhorando o
comportamento mesmo após a retirada do capim.
Palavras-chave: comportamento, estresse, etograma
Welfare of sows submitted to environmental enrichment inclusion of elephant grass (Pennisetum purpureum)
Abstract: The work was carried out to evaluate the sows welfare after they are submitted the food fortification with
the introduction of fresh grass. They used ten distributed sows a completely randomized experimental design with
three treatments and ten repetitions. Treatments consisted of three periods, the first animals received only middlings
in the second period, the animals received the same ration addition, elephant grass, as a form of environmental
enrichment, and in the third period, the animals returned to only receive the mash diet. The variables analyzed were
questions of a ethogram. For some behavior changes were observed with use of food fortification after the supply of
elephant grass. It was observed that some behaviors increased and decreased others that because the grass supply
influence the routine of animals. It is concluded that environmental enrichment by providing elephant grass positive
influence on the well-being of mothers, improving behavior even after the removal of the grass.
Keywords: behavior, stress, ethogram
Introdução
No Brasil, a suinocultura tem se mostrado bastante competitiva no comércio mundial. No entanto, alguns
problemas ainda precisam ser corrigidos. Um tema atual que veio à tona, o bem-estar animal, ainda é pouco
conhecido da sociedade brasileira. Em razão dessas circunstâncias, a única imposição do bem-estar animal na
suinocultura brasileira seria as exigências do mercado externo (MAIA et al., 2013).
O sistema de produção adotado para pratica da suinocultura é o confinamento, com o intuito de maximizar
a produtividade animal, no entanto essa prática trás impactos negativos para o bem-estar animal. Neste contexto é
necessário mediadas que venham contribuir para melhoria do bem-estar animal. Uma alternativa é o enriquecimento
ambiental. Ou seja, consiste em promover melhorias no próprio ambiente em que os animais estão confinamento.
São formas de enriquecimento ambiental o fornecimento de palha, madeira, feno, serragem, turfa,
composto de cogumelo entre outros, que não afetem a saúde dos animais (MAIA et al., 2013). Neste sentido, este
trabalho foi conduzido com o objetivo avaliar o bem-estar de matrizes suínas após serem submetidas ao
enriquecimento alimentar com a introdução de capim fresco.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado no Setor de Suinocultura do Campus Professora Cinobelina Elvas da Universidade
Federal do Piauí em Bom Jesus – PI, no mês de abril do ano de 2012. Foram utilizadas dez matrizes suínas na fase
de pré-gestação da linhagem Agroceres PIC alojadas em baia 40 m2 com piso compacto providas de comedouro e
bebedouros do tipo chupeta.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com três tratamentos e dez repetições,
que consistiram nos animais. Os tratamentos consistiram em três períodos, no qual no primeiro, tratamento um, os
animais receberam ração farelada à base de milho, farelo de soja e farelo de trigo suplementada com minerais e
vitaminas, formulada para atender as exigências dos animais de acordo com recomendações de Rostagno et al.
(2011), no segundo período, tratamento dois, os animais receberam, além da mesma ração, capim elefante
(Pennisetum purpureum), como forma de enriquecimento ambiental e no terceiro período os animais voltaram a
receber apenas a ração farelada do primeiro tratamento.
Os três períodos tiveram duração de três dias cada, onde a ração farelada foi fornecida duas vezes ao dia, às
sete e dezessete horas, na quantidade de 1,5 kg por animal, por turno. As variáveis analisadas foram quesitos de um
etograma elaborado para verificar o comportamento dos animais nos três dias antes e após o fornecimento do capim,
os quais estão descritos a seguir na (Tabela 1). Dois observadores registraram o comportamento dos animais a cada
cinco minutos das oito as dez, catorze a dezesseis e dezoito às vinte horas.
Os dados do etograma do primeiro e terceiro períodos foram analisados pro meio do Teste do Qui Quadrado,
através do programa Assistat Software 7.0 (Assistat, 2012), para verificar se houve alteração do comportamento dos
animais com o enriquecimento ambiental, testando-se as seguintes hipóteses (H): H0:O comportamento dos animais
não é alterado com a intervenção no manejo através do fornecimento de capim elefante; e H 1: Há alteração no
comportamento dos animais com a intervenção no manejo através do fornecimento de capim elefante.
Resultados e Discussão
As observações das variáveis de comportamento de matrizes suínas antes e após o enriquecimento
ambiental através do fornecimento de capim elefante e os valores do Qui Quadrado das variáveis de comportamento
de matrizes suínas antes e após o enriquecimento ambiental através do fornecimento de capim elefante estão
apresentadas na Tabela 01.
Os resultados descritos na (Tabela 1) mostram que os animais antes e após o fornecimento de capim
tiveram uma mudança de comportamento significante por estarem em atividade em quase todos os nove
comportamentos. Dessa maneira, os animais não apresentaram comportamentos agonísticos. De acordo com
Campos et al. (2010) os comportamentos agonísticos são caracterizados por briga, mordedura ou arranhando um ao
outro. Portanto o enriquecimento alimentar atuou de forma positiva, melhorando as condições de bem-estar das
matrizes. Isto porque, os animais, de uma maneira geral, realizaram um maior número de atividades, quando
comparados ao período prévio do enriquecimento, evidenciando o comportamento natural dos suínos, que é explorar
o ambiente em que se encontram. Além disso, observamos que tanto o número, como o tipo de comportamento
aumentou inclusive após a retirada do enriquecimento.
Outro fator importante a considerar, está relacionado às baias coletivas em que as matrizes se encontravam,
esse fator aumenta a incidência de agressão entre os animais prejudicando o bem-estar animal uma vez que,
normalmente, o ambiente não possui enriquecimento ambiental (REMIENCE et al., 2008).
Foi observado no presente trabalho menor frequência dos comportamentos de parada em pé vocalizando,
parada em pé lambendo o piso ou comedouro e parada em pé farejando a parede do recinto, após o enriquecimento
(Tabela 1). Comportamentos como, deitada e vocalizando, deitada realizando pequenos movimentos de mastigação,
deitada com os olhos fechados e com atividade oral, deitada alerta, dormindo, sentada e alerta, obtiveram uma
redução em relação a o período antes do enriquecimento ambiental, evidenciando que o fornecimento de capimelefante contribuiu para essa redução, pois antes não era oferecido nenhum substrato extra, evitando assim, as
estereotipias, que são considerados comportamentos anormais, repetitivos e sem função (CAMPOS et al., 2010).
O enriquecimento ambiental atua de forma positiva no manejo animal, pois contribui para uma melhor
qualidade de vida dos animais em confinamento, pelo fornecimento de estímulos ambientais que favorecem o bemestar psíquico e fisiológico (CAMPOS et al., 2010).
Tabela 1. Observações de comportamento de matrizes suínas antes e após a intervenção e valores do Qui
Quadrado das variáveis de comportamento de matrizes suínas antes e após o enriquecimento ambiental através do
fornecimento de capim elefante
Períodos
Variável
Antes
Após Qui quadrado1
H02
Parada em pé bebendo água
71
62
0,63
Aceita
Parada em pé comendo ração
143
143
0
Aceita
Parada em pé vocalizando
26
10
7,17
Rejeita
Parada em pé realizando pequenos movimentos de mastigação
1
4
1,8
Aceita
Parada em pé lambendo o piso ou comedouro
96
125
4
Rejeita
7
Parada em pé farejando a grade do recinto
0,07
Aceita
14
7
Parada em pé farejando o ar
0,22
Aceita
8
4
Parada em pé farejando a parede do recinto
4,78
Rejeita
13
74
Parada em pé farejando o chão
2,34
Aceita
14
50
Parada em pé em alerta
3,1
Aceita
34
6
Deitada e vocalizando
11,72
Rejeita
25
173
Deitada realizando pequenos movimentos de mastigação
8,28
Rejeita
228
1106
Dormindo
38,92
Rejeita
898
71
Deitada com os olhos fechados e com atividade oral
5,77
Rejeita
102
350
Deitada alerta
11,65
Rejeita
437
50
Sentada e alerta
17,77
Rejeita
16
6
Deitada bebendo água
0,08
Aceita
7
1
P<0,05; 2Hipótese de nulidade
Conclusões
O enriquecimento ambiental através do fornecimento de capim elefante influenciou positivamente no bemestar das matrizes, melhorando o comportamento mesmo após a retirada do capim.
Referências
CAMPOS, J. A.; TINÔCO, I. F. F.; SILVA, F. F.; PUPA, J. M. R.; SILVA, I. J. O. Enriquecimento ambiental para
leitões na fase de creches advindos de desmame aos 21 e 28 dias. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v. 5, n.
2, p. 272-278, 2010.
MAIA, A. P. A.; SARUBBI, J.; MEDEIROS, B. B. L.; MOURA, D. J. Enriquecimento ambiental como medida
para o bem-estar positivo de suínos (Revisão). Revista Eletronica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental,
v.14, n.14. p.2862-2877, 2013.
REMIENCE, V.; WAVREILLE, J.; CANART, B.; MEUNIER-SALAU, N. M. C.; PRUNIER, A. BARTIAUXTHILL, N.; NICKS, B.; VANDENHEEDE, M. Effects of space allowance on the welfare of dry sows kept in
dynamic groups and fed with an electronic sow feeder. Applied Animal Behaviour Science, v.112, p.284-296,
2008.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D.C.;
FERREIRA, A.S.; BARRETO, L.S.T.; EUCLIDES, R.F. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de
alimentos e exigências nutricionais. 3.ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2011. 252p.
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