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IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA ÁREA DE INFLUENCIA DO
ATERRO CONTROLADO “LIXÃO” DE ALFENAS - MG.
Rômulo José da Silva1
Geraldo Borges da Silva2
Marta F. Marujo Ferreira3
[email protected]; [email protected]; [email protected]
discentes do curso de Geografia, Universidade Federal de Alfenas – Unifal-MG
Professor adjunto IV do curso de Geografia, Universidade Federal de Alfenas – Unifal-MG
1, 2
3
RESUMO
Este trabalho teve como finalidade analisar os impactos sócios ambientais na área de
influência do aterro controlado, situado em um trecho da sub-bacia do córrego do
Pântano, município de Alfenas. O aterro, localiza-se na estrada para o sítio do
cascalho, no trecho jusante da sub-bacia com ocorrência de várias nascentes e
próximas ao Lago de Furnas. A área encontra-se na interface urbano e rural
intensificando a problemática dos resíduos sólidos urbanos, com a produção de
chorume à céu aberto formando pequenas lagoas e aumentando o risco de
contaminação do solo. O trabalho foi realizado através de pesquisa de campo,
visitações frequentes ao local, coletas de dados e informações bibliográficas, além da
aplicação de questionário com a população da zona rural e da área urbana.
Palavras Chaves: aterro controlado; impactos socioambientais; sub-bacia hidrográfica.
1. Introdução
Em todo mundo, e especialmente no Brasil, o lixo tem se tornado um grave
problema ambiental, no que se refere à maneira como é depositado e na quantidade
de lixo produzido. Grande parte dos municípios brasileiros carecem de locais próprios
para a deposição de resíduos produzidos pela sociedade. De acordo com Pereira Neto
(2007), o chorume é um dos graves problemas produzidos pelo lixo.
O presente trabalho tem o propósito de analisar os impactos sócioambientais
na área de influência do aterro controlado de Alfenas, que se localiza na sub-bacia do
ribeirão do Pântano, sistema fluvial que deságua no reservatório de Furnas. Espera-se
com este trabalho, alertar a sociedade sobre a importância de se ter um local
adequado aos meios e fins que se destinam os resíduos da cidade de Alfenas,
separando os residenciais, de orgânicos, industriais e dos hospitalares, que muitas
vezes são encontrados misturados aos domésticos.
2. Objetivos
Este trabalho teve como objetivo principal, levantar e analisar os impactos
sócio-ambientais na área de influência do aterro controlado de Alfenas por meio de
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entrevistas e aplicação de questionário aos moradores residentes em bairros próximos
ao aterro
3. Fundamentação Teórica
Segundo LIMA (1991), lixo é todo e qualquer resíduo que resulte das atividades
diárias do homem na sociedade. Estes resíduos compõem-se basicamente de sobra
de alimentos, papéis, papelões, plásticos, trapos, couros, madeiras, latas, vidros,
lama, gases, vapores, poeiras, sabões, detergentes e outras substâncias descartadas
pelo homem no meio ambiente.
Conforme descrito por Almeida Filho (1999), os resíduos sólidos dispostos a
céu aberto favorecem a proliferação de mosquitos, moscas, baratas e ratos, os quais
são vetores de inúmeras doenças ao homem, tais como a febre tifóide, salmonelose,
desinterias e outras infecções. O chorume é um dos graves problemas produzidos
pelo lixo, onde os despejos a céu aberto (lixões), em qualquer quantidade, poluem o
ar, o solo e as águas, comprometendo ambiente natural.
4. Material e Método
4.1 A área de estudo
A área compreende o município de Alfenas, sul de Minas Gerais, que reúne
uma população de 71.628 habitantes, segundo o IBGE (2008). Segundo Garófalo e
Ferreira (2013) o maior problema na sub-bacia do ribeirão do Pântano está na rede de
água pluvial, no destino final do esgoto e do lixo e na falta de conservação das matas
ciliares ao longo dos cursos fluviais. A rede hidrográfica de Alfenas está composta por
afluentes das sub-bacias dos rios Cabo Verde (rios São Tomé, Muzambo e afluentes,
entre eles o córrego do Pântano e o córrego da Pedra Branca) e Sapucaí (rio Machado
e afluentes menores). A área do presente estudo está inserida na bacia do ribeirão do
Pântano, trata-se do aterro controlado de Alfenas, localizado próximo ao Distrito
Industrial, Residencial Oliveira, Por do Sol II, Jardim América II, Vista Grande e Lago
de Furnas.
4.2. Procedimentos Metodológicos
O levantamento e a revisão dos materiais bibliográfico e cartográfico compõem
etapas
importantes
para
o
desenvolvimento
e
evolução
da
pesquisa.
No
desenvolvimento da pesquisa, foi elaborado questionário contendo questões fechadas
com a finalidade de verificar como os moradores próximos ao aterro percebem e
avaliam os impactos decorrentes de sua localização. A aplicação do questionário foi
realizada com uma amostra de 30 entrevistados, distribuídos nos bairros próximos ao
aterro controlado. Os dados gerados foram tabulados e expressos em gráficos para
melhor compreensão da percepção dos moradores sobre o aterro.
3. Resultados e Discussão
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Com a finalidade de estudar a relação do homem com o ambiente no contexto
urbano, este trabalho apresenta resultados da aplicação de questionário que avalia a
influencia e os impactos exercidos pelo aterro controlado aos moradores que se
situam próximo ao aterro. Foram realizadas 30 entrevistas em diversos bairros, além
do terminal urbano de circular Os bairros relacionados são: Residencial Oliveira, Pôrdo-Sol II, Vista Grande, Jardim São Carlos e Jardim América II.
A aplicação da pesquisa foi mais intensa nos bairros mais próximos ao aterro
controlado, devido ao nível de influência que os mesmos percebem por estarem dentro
da área afetada. Através da aplicação do questionário foi possível entrevistar
proprietários de pequenos sítios que se encontram localizados no entorno do aterro.
Verifica-se na figura 1 a localização do aterro controlado (lixão) nas
proximidades da ETE – Estação de Tratamento de Esgoto de Alfenas. Fontes pontuais
de poluição podem conter cargas elevadas de matéria orgânica e nutrientes, bem
como uma série de poluentes como surfactantes, hidrocarbonetos halogenados, agroquímicos e metais pesados (RÖRIG et al., 2007). A sobrecarga de nutrientes como o
nitrogênio e o fósforo originado das atividades antrópicas, como por exemplo, o uso de
fertilizantes na agricultura, pode resultar em eventos de eutrofização e seus
conseqüentes efeitos sobre a biota aquática (CONLEY et al., 2009).
Figura 1: Localização do “lixão” próximo a ETE. Ao fundo, nota-se o Reservatorio de Furnas.
Fonte: RÔMULO J. SILVA (2011).
Para compreender a percepção dos moradores sobre o aterro, quando
indagados se sabem o que é o aterro controlado (Figura 2), 90% responderam que
conhecem, e apenas 10% disseram que não. Como o aterro controlado é visível e
próximo aos moradores da área de influência, a resposta esperada sobre a pergunta
foi em grande parte positiva. Entretanto, a maioria utiliza o termo “lixão”, os que
responderam negativamente, não conhecem a palavra e tampouco associaram ao
termo lixão.
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Figura 2 - Nível de conhecimento sobre o que é aterro controlado.
Quando indagados sobre quais tipos de poluição são mais impactantes, mais
de 50% apontam o odor exalado do lixão e a qualidade da água no entorno como de
grande impacto negativo, seguido pela prática de queimadas (Figura 3). O impacto
maior está relacionado às doenças respiratórias e a irritação dos olhos. Outro ponto
destacado pelos entrevistados, é a ocorrência de uma nascente, cercada por mata
ciliar no bairro Por do Sol II. Segundo relato de um morador, “antigamente costumava
pegar água naquele local para beber, depois de algum tempo deixaram de tomá-la
devido à contaminação do lençol freático pela proximidade com o aterro”.
Figura 3 - Principais tipos de poluição segundo os entrevistados.
Quando perguntados sobre as soluções para minimizar os problemas advindos
do aterro, a Figura 4 mostra que há insatisfação com relação ao poder público, que
não propicia infraestrutura adequada ao despejo do lixo produzido em Alfenas.
Mencionaram também a falta de conscientização da população com o lixo produzido
(quase 50%), pois descartam em locais impróprios, como terrenos baldios, rios e
margem de rios. Por outro lado, algumas pessoas, não sabiam ou não tinham ideia
sobre que tipo de solução propor para diminuição da poluição, as respostas mais
habituais foram: não atear fogo em mato nos terrenos baldios e manter as ruas limpas.
Figura 4 – Principais soluções para minimizar os problemas do lixo
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As águas do ribeirão do Pântano são utilizadas para abastecimento público
(apenas na sua nascente). Segundo estudos efetuados na sub-bacia do ribeirão do
Pântano por Almeida Rodrigues (2012), os altos níveis de Pb foram evidenciados em
todo o corpo d’água no período de chuvas, inclusive na mina d’água utilizada para
abastecimento público.
4. Conclusões
O desenvolvimento deste trabalho mostrou a falta de iniciativa do poder público
quanto a mitigação dos impactos sócio-ambientais do aterro controlado de Alfenas. A
ausência de investimento, planejamento e educação ambiental, é revelado no decorrer
da pesquisa através da percepção que os moradores têm sobre a influência negativa
exercida pelo “aterro”. Atualmente, o local estudado encontra-se desativado, a área
esta cercada com arame farpado e é utilizada como pastagem para animais, há uma
cobertura vegetal de pequeno e médio porte, composta principalmente por mamonas e
alguns arbustos rasteiros.
Segundo o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a área deverá
ser inutilizada por no mínimo 10 anos, sendo assim, a população que vive em torno do
“aterro controlado”, sejam sitiantes ou dos bairros, terão que conviver com a incômoda
fumaça que ainda provém dos amontoados de lixo, que não estão totalmente cobertos.
A implantação do Novo Aterro Sanitário é um marco positivo que proporciona conforto
à população urbana e rural de Alfenas, demonstrando a necessidade cada vez maior
de melhorar a infraestrutura urbana e o saneamento básico.
5. Referências Bibliográficas
ALMEIDA RODRIGUES, L. C. Toxicidade da Água e Sedimento do Córrego do
Pântano, Alfenas MG: Um Estudo Temporal e Espacial. Dissertação de Mestrado,
Alfenas: Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG, 2012.
GARÓFALO, D.F. E FERREIRA, M.F.M. Análise geoambiental de bacias hidrográficas
situadas em áreas de transição urbano-rural: uma aplicação na bacia do ribeirão do
Pântano, Alfenas (MG). Revista Geografia, Rio Claro, v. 38, no. 1, p. 141 – 155, 2013.
LIMA, L. M. Q. Tratamento de Lixo. 2ª ed. Editora Hemus, São Paulo – SP. 242 p.,
1991.
PEREIRA NETO, João Tinoco. Gerenciamento do Lixo Urbano: aspectos
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