Eugenol como anestésico para Tilápias-do-Nilo João Marcos Monteiro Batista1*, Antônio Hosmylton Carvalho Ferreira 2, Fernando Silva Araújo2, Johnny Martins de Brito3, Hermógenes Almeida Santana Júnior4, Guilherme Augusto Dhermer5, Vamilla Rafaella Silva Mariano5, Gilmar Lima dos Santos5 1 Acadêmico do curso de Zootecnia da Universidade Estadual do Piauí/ Campus Corrente, Parte da dissertação do terceiro autor, [email protected] 2 Prof. Dr. do curso de Agronomia da Universidade Estadual do Piauí/ Campus de Parnaíba. 3 Mestrando em Zootecnia na Universidade Federal do Piauí, Campus de Bom Jesus-Piauí, Bolsista CAPES. 4 Prof. Dr. do curso de Corrente da Universidade Estadual do Piauí/ Campus de Corrente. 5 Acadêmico (a) do curso de Agronomia da Universidade Estadual do Piauí/ Campus de Parnaíba. Resumo: A utilização de anestésico na piscicultura pode reduzir o estresse e a mortalidade durante o manejo. Foram utilizados 26 Tilápias-do-Nilo adultas. Os resultados demonstram que os peixes de peso até 65 g apresentam um período de indução bastante próximo dos peixes acima de 65 g. Tanto a indução quanto a recuperação não passaram de 5 minutos. A concentração de 5 mL eugenol + 95 mL álcool etílico p.a proporcionou melhorias no manejo de Tilápias-do-Nilo adultas independente da faixa de peso avaliada. Palavras-chave: aquicultura, manejo, óleo de cravo, Oreochromis niloticus Eugenol as anesthetic for Nile tilapia from Abstract: The use of anesthetic in fish farming can reduce stress and mortality during handling. 26 Nile tilapia adult were used. The results show that the weight up to 65 g fish have an induction time of fish very close above 65 g. Both induction and recovery were no more than five minutes. The concentration of eugenol 5 mL + 95 mL ethyl alcohol pa provided improvements in the management of Nile tilapia independent of adult weight range evaluated. Keywords: aquaculture, clove oil, management, Oreochromis niloticus Introdução A piscicultura no Brasil tem a Tilápias-do-Nilo (Oreochromis niloticus), como espécie em destaque, devido possui crescimento rápido, por se alimentarem de itens básicos da cadeia trófica e desenvolverem uma boa conversão alimentar, além de possuírem carne com boas características organolépticas, indicada para processamento industrial para obtenção de filés sem espinhas e de grande versatilidade industrial e culinária (FURUYA, 2010). Observa-se nos atuais sistemas intensivos de criação de peixes um grande estresse nos animais provocado pelo o manejo inadequado que comprometer o desempenho ou ocasionar uma alta mortalidade manejo inadequado dos animais. A utilização de anestésico na piscicultura pode reduzir o estresse e a mortalidade durante o manejo, contudo há poucas informações sobre as concentrações que devem ser utilizados para as diferentes espécies de peixes cultivados no Brasil. Como cada anestésico exige uma concentração diferente para induzir ao estágio anestésico desejado, é necessário testar várias concentrações antes do tratamento definitivo para não ocorrer mortalidade dos animais expostos ao fármaco (FAÇANHA e GOMES, 2005). Objetivou-se avaliar o tempo de resposta da anestesia e da recuperação de Tilápias-do-Nilo (Oerochromis niloticus) adultas em função de dois grupos de diferentes pesos. Material e Métodos O experimento foi realizado na área experimental de Piscicultura, do setor de Agroecologia da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, do Núcleo de Estudo, pesquisa e extensão em Agropecuária – NEA-CAJUI, localizado no município de Parnaíba – PI. Foram utilizados 26 Tilápias-do-Nilo adultas, separados em dois tratamentos, sendo duas faixas de peso (abaixo de 65 g e acima de 65g), e distribuídos em três caixas d’água de 500 L, com aeração constante. Os ensaios foram realizados em baldes plásticos de 10 L, sendo que os peixes foram anestesiados em solução de óleo de cravo (solução estocada: 5 mL eugenol + 95 mL álcool etílico p.a.), com 0,5 mL da solução estocada para cada litro de água. Sendo expostos ao anestésico de forma individual, para se observar o tempo de indução a cada estágio, em segundos. Após a observação do decúbito lateral e redução dos movimentos operculares, determinou-se o peso e o comprimento total. Tabela 1. Definição dos estágios de anestesia Estágio de Anestesia Evento comportamental I Perda de reação a estímulos II Perda parcial de equilíbrio III Perda total do equilíbrio IV Redução dos batimentos operculares V Parada dos batimentos operculares VI Parada cardíaca e morte FONTE: Modificado de HIKASA et al. (1986) por VIDAL et al. (2008). Uma vez anestesiados, foram feitas a biometria, em seguida as Tilápias foram colocadas em um balde de recuperação até obter total recuperação do equilíbrio e capacidade normal de natação, indicada pelo estágio V dos critérios estabelecidos por Hikasa et al. (1986), modificado por Vidal et al. (2008) (Tabela 2). Tabela 2. Estágios de recuperação anestésica Estágio de Resposta comportamental Recuperação I Reaparecimento dos movimentos operculares II Retorno parcial do equilíbrio e da capacidade de natação III Recuperação total do equilíbrio IV Natação e reação a estímulos externos ainda vacilantes V Total recuperação do equilíbrio e capacidade normal de natação FONTE: Modificado de HIKASA et al. (1986) por VIDAL et al. (2008). Cada peixe foi colocado individualmente no balde para aferir as seguintes variáveis: tempo de anestesia (em segundos), tempo de biometria (em segundos) e tempo de recuperação (em segundos). Para a aferição dos tempos foi utilizado um cronômetro digital sendo rigorosamente seguido. Para a realização da biometria foi determinado o peso e o comprimento dos animais. Em seguida os animais, retornavam para as suas respectivas caixas d’água para então avaliar a taxa de sobrevivência dos animais durante 72 horas. Foi avaliado a qualidade da água por meio das seguintes variáveis: oxigênio dissolvido (mg.L-1), pH e temperatura (°C). Todos os dados foram submetidos a análise de variância e utilizado o teste F para a comparação de médias a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Não houve diferença significativa (P>0,05) na concentração de oxigênio dissolvido, temperatura, pH, condutividade elétrica e amônia na água de cultivo. A concentração testada de eugenol foi capaz de induzir a Tilápias-do-Nilo ao estágio IV de anestesia (tabela 1), caracterizada peça ausência de reação a estímulos, mantendo constante o batimento do opérculo (MEDEIROSSILVA et al., 2014). Tabela 3. Tempo de anestesia e sobrevivência com o uso de eugenol em Tilápias-do-Nilo Variáveis (em segundos) Faixa de Peso (g) Valor de P Até 65 Acima de 65 Tempo de Anestesia 149,39±48,13 123,95±42,71 P>0,05 Tempo de Biometria 107,25±22,86 108,63±29,23 P>0,05 Tempo de Recuperação 48,39±16,26 38,55±37,30 P>0,05 Sobrevivência após 72 horas (%) 100 100 O eugenol foi eficiente para anestesia em Tilápias em ambas faixas de peso, ou seja, atingiram completamente o estágio IV (tabela 1). Os peixes apresentaram reação de hiperatividade ao primeiro contato com o anestésico, evidenciada pela rápida movimentação no balde, que foi diminuindo à medida que o anestésico começava a fazer efeito. No tempo de anestesia, não houve diferença estatística (P>0,05) entre as faixas de peso testadas. Os resultados demonstram que os peixes de peso até 65 g apresentam um período de indução bastante próximo dos peixes acima de 65 g. Nenhuma mortalidade foi observada durante a exposição do anestésico e nem durante o descanso (72 horas contadas após o experimento) dos animais. A anestesia proporcionada pelo eugenol facilitou o manejo dos peixes, o que pode ser observado pelo tempo de biometria que não houve diferença estatística (P>0,05), além de não apresentar efeitos adversos aparente à saúde dos animais e dos manipuladores. Nenhuma mortalidade foi observada durante a exposição do anestésico e nem durante o descanso (72 horas contadas após o experimento) dos animais. A anestesia proporcionada pelo eugenol facilitou o manejo dos peixes, o que pode ser observado pelo tempo de biometria que não houve diferença estatística (P > 0,05), além de não apresentar efeitos adversos aparente à saúde dos animais e dos manipuladores. A sobrevivência dos peixes após as 72 horas foi de 100% nos dois grupos de animais. Conclusão A concentração de 5 mL eugenol + 95 mL álcool etílico p.a proporcionou melhorias no manejo de Tilápiasdo-Nilo adultas. Referências FAÇANHA, M.F.; GOMES, L.C.A eficácia do mentol como anestésico para tambaqui (Colossoma macropomum, characiformes: Charadidae). Acta Amazônica, v.35, n.1, p.71-75, 2005. FURUYA, W.M. Tabelas brasileiras para nutrição das Tilápias. Toledo: GFM, p.100, 2010. HIKASA, Y.; TAKSE, K.; OGASAWARA, T.; OGASAWARA, S. Anesthesia and recovery with tricane methanesulfonate, eugenol and thiopental sodium in the carp, Cyprinus carpio. Nippon Juigaku Zasshi, v.48, p.341-351, 1986. MEDEIROS-SILVA, R.M.; LIMA, E L.R.; SANTOS NETO, M.A S.; ANDRADE, H.A. Engenol na anestesia da Tilápias-do-Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Agrarian, v.7, n.26, p.590-597, 2014. VIDAL, L.V.O.; ALBINATI, R.C.B.; ALBINATI, A.C.L.; LIRA, A.D.; ALMEIDA, T.R.; SANTOS, G.B. Eugenol como anestésico para a Tilápias-do-Nilo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 43, n. 8, p. 1069-1074, 2008.