A PSICOLOGIA E A ARTETERAPIA NO CONTEXTO HOSPITALAR INFANTIL Diego da Silva1 - UFPR Grupo de Trabalho – Educação, Saúde e Pedagogia Hospitalar Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente artigo tem por objetivo apontar as aproximações teóricas entre Psicologia e Arteterapia no contexto hospitalar infantil. Para tanto, foi realizada pesquisa bibliográfica em literatura científica especializada. A pesquisa será guiada pelo método dedutivo, que parte de conclusões gerais, para chegar a particulares. Quanto à abordagem do problema, pode ser definida como qualitativa, porque elege como necessária a descrição e interpretação do fenômeno a ser estudado. Estudar sobre Psicologia Hospitalar Infantil e Arteterapia é de extrema relevância social e científica, no sentido de que podem colaborar com os profissionais da saúde no atendimento humanizado e adequado dos pacientes infantis hospitalizados. Relativamente aos objetivos pretendidos, define-se como exploratória. A Psicologia Hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento, pois o adoecer pode provocar alterações psicológicas, como angústia, ansiedade, medo, insegurança e depressão. Espera-se que o psicólogo hospitalar seja capaz de desenvolver ações de assistência, ensino e pesquisa. A assistência consiste em prestar atendimento a pacientes internados ou ambulatoriais e seus familiares, e assessorar as equipes hospitalares na definição de condutas e tratamentos. A Arteterapia é um modo de trabalhar utilizando a linguagem artística como base da comunicação cliente-profissional. Sua essência seria a criação e a elaboração artística em prol da saúde física, mental e social. Em uma possível atuação do psicólogo e do arteterapeuta que trabalham com as crianças hospitalizadas, muitas pesquisas sugerem os recursos lúdicos nesta intervenção. O trabalho no hospital deve ser multidisciplinar, e é importante que os profissionais saibam interagir entre si 1 Possui graduação em Gestão de Recursos Humanos pela Faculdade de Tecnologia Camões (2008). Graduado em Psicologia pela Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras (2013). Especialista em Arteterapia pelo Instituto Tecnológico e Educacional de Curitiba - ITECNE (2015). Atualmente é aluno de PósGraduação em Psicologia da Saúde e Hospitalar pelas Faculdades Pequeno Príncipe (FPP). Mestrando em Medicina Interna e Ciências da Saúde (Conceito CAPES 5) pela Universidade Federal do Paraná. Membro da comissão de Psicologia Hospitalar do Conselho Regional de Psicologia do Paraná. Colaborador da pesquisa de doutorado da psicóloga Cláudia Lúcia Menegatti, no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Pesquisador do Ambulatório de Dermatologia do Hospital de Clínicas da UFPR, com a pesquisa "Indicadores de Ansiedade, Depressão e Qualidade de Vida em Mulheres com Melasma". Psicólogo clínico autônomo em consultório particular no Centro de Curitiba, Paraná. Possui experiência em Psicologia Social, Políticas Públicas, Saúde Mental, Psicologia Organizacional, Psicologia Clínica e Necessidades Especiais. Número de CRP/08: 20229. Email: [email protected]. ISSN 2176-1396 33004 para que o paciente seja melhor atendido e acompanhado. Acredita-se que a ludicidade, os brinquedos, os recursos artísticos facilitam a expressividade infantil, principalmente das crianças hospitalizadas. Por fim, foi sugerida a mandala como uma possível forma de intervenção com crianças hospitalizadas unindo Psicologia/Arteterapia. Palavras-chave: Psicologia. Arteterapia. Infância. Hospitalização. Introdução Tanto a Psicologia como a Arteterapia são consideradas excelentes recursos para a minimização do sofrimento humano. Se por um lado elas contribuem para a melhoria na qualidade de vida das pessoas, por outro também auxiliam nos relacionamentos interpessoais. Expressar os conteúdos emocionais que desorganizam o sujeito como um todo, ainda que nos dias atuais, necessitam ser mais bem compreendidas. Este paradigma fica mais complexo no sentido de que o ambiente hospitalar infantil causa uma série de questionamentos e de pensamentos na equipe toda de como poder trabalhar com as crianças de forma a minimizar o sofrimento delas em relação à hospitalização e sua estadia no hospital de um modo geral. Dentro deste contexto, surge o problema: Quais as aproximações teóricas entre a Psicologia e a Arteterapia no contexto hospitalar infantil? Sob o aspecto metodológico, a pesquisa será guiada pelo método dedutivo, que parte de conclusões gerais, para chegar a particulares. Quanto à abordagem do problema, pode ser definida como qualitativa, porque elege como necessária a descrição e interpretação do fenômeno a ser estudado. Relativamente aos objetivos pretendidos, define-se como exploratória, uma vez que assumirá a forma de levantamento bibliográfico, incluindo, desta forma, como procedimento técnico, a utilização de material já publicado. Leituras analíticas e interpretativas gerarão deduções ou inferências, para a obtenção de resultados. Estudar sobre Psicologia Hospitalar Infantil e Arteterapia é de extrema relevância social e científica, no sentido de que podem colaborar com os profissionais da saúde no atendimento humanizado e adequado dos pacientes infantis hospitalizados. A hospitalização pode causar algum tipo de sofrimento, angústia, medo e qualquer tipo de alteração psicológica em decorrência da quebra de rotina e da homeostase em relação à saúde, desta forma a Psicologia e a Arteterapia podem colaborar para a minimização destas alterações e permitir que o paciente passe pela experiência da hospitalização com um pouco mais de conforto. O desenvolvimento da exposição que leva aos achados da pesquisa, a respeito do tema em destaque, tem início com a necessária análise de alguns conceitos, tais como a descrição 33005 da Psicologia Hospitalar Infantil, da Arteterapia no contexto hospitalar infantil e de alguma estratégia de intervenção que possa unir as duas. A Psicologia Hospitalar Infantil Segundo Simonetti (2006) e Speroni (2006) a Psicologia Hospitalar é o campo de tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento visando à minimização do sofrimento provocado pela hospitalização. Alguns autores, como Moreira, Martins e Castro (2012), Silva, Assis, Silva, Rodrigues, Souza, Masieiro e Silva (2012) apontam que a Psicologia Hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento, pois o adoecer pode provocar, na maioria das vezes, alterações psicológicas, como, por exemplo, angústia, ansiedade, medo, insegurança e depressão. Essas alterações acometem tanto o paciente, quanto seus familiares e a equipe multiprofissional. Deve, ainda, ajudar na humanização do hospital ao perceber o paciente como um todo, na junção da sua dimensão biopsicossocial. Rodríguez-Marín (2003) citado por Castro e Bornholdt (2004) esclarece que a Psicologia Hospitalar é o conjunto de contribuições científicas, educativas e profissionais que as diferentes disciplinas psicológicas fornecem para dar melhor assistência aos pacientes no hospital. O psicólogo hospitalar reúne esses conhecimentos e técnicas para aplicá-los de maneira coordenada e sistemática, visando à melhora da assistência integral do paciente hospitalizado. Seu trabalho é especializado no que se refere ao restabelecimento do estado de saúde do doente ou, ao menos, ao controle dos sintomas que prejudicam seu bem-estar. Santos e Vieira (2012) colocam que a inserção do psicólogo nos hospitais tem importância para o paciente diante da enfermidade, minimizando o sofrimento provocado pela perda da saúde, pelo isolamento familiar e sua relação biopsicossocial. As possibilidades de intervenções envolvidas formam um entrelaçamento com outras profissões da área de saúde trazendo como compreensão o indivíduo como um todo: universal, integral e único. Waisberg, Veronez, Tavano e Pimentel (2008) relatam que cabe ao setor de Psicologia Hospitalar fornecer assistência psicológica preventiva e terapêutica aos pacientes e familiares, regularmente matriculados na instituição, garantindo seu desenvolvimento psicossocial. Suas principais tarefas englobam a recepção do paciente e sua família, análise do caso, orientações e encaminhamentos. De acordo com Tonetto e Gomes (2007) espera-se que o psicólogo hospitalar seja capaz de desenvolver ações de assistência, ensino e pesquisa. A assistência consiste em 33006 prestar atendimento a pacientes internados ou ambulatoriais e seus familiares, e assessorar as equipes hospitalares na definição de condutas e tratamentos. Há instituições que incluem nas tarefas desse profissional, tanto atividades administrativas (recursos humanos) quanto atendimento a funcionários, ensino e pesquisas. Cantarelli (2009) menciona que o hospital caracteriza-se, principalmente por ser um ambiente frio, impessoal e ameaçador, uma opção feita por necessidade e muitas vezes em caráter de emergência, sob um clima de expectativas e medo. Implica em uma interrupção do ritmo comum de vida, seja por curto ou longo prazo, sendo normal e esperado que, seja qual for o motivo da internação, poderá gerar no paciente, seus familiares e até na equipe multiprofissional uma série de pensamentos e sentimentos acerca das expectativas relacionadas à doença ou ao procedimento a ser realizado, sua recuperação e desfecho final. Para Gomes e Pergher (2010) independente da razão médica pela qual uma pessoa é hospitalizada, isso poderá ser para ela uma experiência de incertezas e apreensão, deixando vulneráveis o paciente e sua família. A quebra da rotina, o afastamento das pessoas próximas e queridas, o contato com o ambiente desconhecido e marcado por regras próprias, assim como a dependência de cuidados alheios e a suspensão dos projetos de vida caracteriza a hospitalização como uma situação ameaçadora e geradora de ansiedade. Esta condição por si só é fonte suficiente de mudanças comportamentais que geram desconforto. Desta forma, Costa, Barbosa, Francisco, Estanislau, Wanderley, Bastos e Morais (2009) apontam que o papel do psicólogo hospitalar está voltado à promoção e manutenção da saúde física e emocional, tendo como um dos principais objetivos buscar a minimização do sofrimento do paciente e sua família, decorrente do binômio doença-hospitalização. Segundo Tonetto e Gomes (2007) a intervenção psicológica no hospital pode ser de apoio, orientação, psicoterapia, atenção, compreensão, suporte ao tratamento, clarificação dos sentimentos, esclarecimentos sobre a doença e fortalecimento dos vínculos familiares. Os objetivos são os mais diversos: avaliar o estado emocional do paciente; esclarecer sobre dúvidas quanto ao diagnóstico e hospitalização; amenizar angústias e ansiedades em situações desconhecidas; trabalhar vínculo mãe-bebê, trabalhar aspectos da sexualidade envolvidos na doença e no tratamento; preparar para cirurgia; promover adesão ao tratamento; auxiliar na adaptação à nova condição de vida imposta pela doença; orientar os pais sobre maneiras mais adequadas de informar as crianças sobre a hospitalização ou morte de um familiar; e facilitar o enfrentamento de situações de morte e de luto. 33007 De acordo com Moreira, Martins e Castro (2012) a atuação do psicólogo hospitalar viabiliza oportunidades para que o paciente expresse suas emoções, descubra a melhor maneira de lidar com as limitações impostas pela doença/hospitalização, dê significado à sua doença dentro do seu contexto de vida e trabalhe suas questões emergenciais, onde o objetivo principal é o reconhecimento do paciente como um todo. Partindo deste pressuposto, Almeida e Malagris (2011) afirmam que o espaço físico (setting) não é privativo ao atendimento psicológico, como o valorizado na teoria e modelo de consultório. O atendimento pode ser interrompido a qualquer momento por médicos, enfermeiros e técnicos, que estão cumprindo seus deveres e suas funções. Além disso, pode ser necessário atender o paciente no meio de outros vários pacientes, se for em uma grande enfermaria, por exemplo. Entre os autores Soares, Moura e Prebianchi (2003), Soares e Bomtempo (2004), Soares, Sabião e Orlandini (2009), Berto e Abrão (2009), Mota e Enumo (2010) é unânime que para o psicólogo atuar com crianças hospitalizadas, ele precisa utilizar o brinquedo e demais recursos lúdicos. A hospitalização pode constituir uma oportunidade para que a criança adquira padrões comportamentais mais adaptativos. Pode ser considerada uma ocasião para que ela tenha oportunidade de aprender mais sobre a doença e o funcionamento de seu organismo, adquira habilidades de enfrentamento e torne-se um participante mais ativo quanto às decisões clínicas relacionadas à sua enfermidade e ao tratamento. O brinquedo tem sua função de diversão estendida à possibilidade de elaboração de sentimentos e aprendizagem de novos comportamentos. Entre os benefícios de brincar, estão a distração do medo, preocupação ou estresse, a promoção de uma relação terapêutica e de ajuda entre a criança e o adulto e a possibilidade de manutenção de um aspecto da vida normal. A Arteterapia Hospitalar Infantil Para Coqueiro, Vieira e Freitas (2010) a Arteterapia é um dispositivo terapêutico que absorve saberes transdisciplinares, visando processos de autoconhecimento e mudanças de comportamento. A Arteterapia é um processo predominantemente não verbal, por meio das artes, que acolhe o ser humano com toda sua complexidade e dinamicidade. A Arteterapia pode possibilitar aos pacientes a vivência de suas dificuldades, conflitos, medos e angústias de um modo menos sofrido. Pode ser um meio eficaz para canalizar, de maneira positiva, as variáveis do adoecimento mental em si, assim como os conflitos pessoais e com familiares. Nota-se que há uma minimização dos fatores negativos de ordem afetiva e emocional que naturalmente surgem com a doença, tais como: angústia, estresse, medo, agressividade, 33008 isolamento social, apatia, entre outros. O cliente torna-se sujeito ativo do processo terapêutico. A Associação Brasileira de Arteterapia a define como um modo de trabalhar utilizando a linguagem artística como base da comunicação cliente-profissional. Sua essência seria a criação estética e a elaboração artística em prol da saúde (arteeterapia.com.br, 2009). Segundo Elmescany (2010) a Arteterapia favorece que os indivíduos conheçam melhor a si mesmos através do seu próprio fazer artístico e, reconheçam a doença como uma oportunidade de novas aprendizagens. Essas experiências podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes hospitalizados. O recurso artístico possibilita experiências de transformação dos materiais e, por conseguinte, de si mesmo, do cotidiano, proporcionando vivências do criativo. O trabalho com arte pode auxiliar na descoberta de novas formas de se atuar diante dos problemas e do enfrentamento das doenças. A Arteterapia pode favorecer o desenvolvimento da introspecção, do relacionamento, da iniciativa, do humor, da criatividade, da organização do cotidiano, resiliência, entre outros. Em relação às crianças hospitalizadas, Valladares e Silva (2011, p. 444), apontam o seguinte: A Arteterapia é uma ferramenta de auxílio ao ser humano que almeja a produção de imagens, a autonomia criativa, o desenvolvimento da comunicação, a valorização da subjetividade, a liberdade de expressão, o reconciliar de problemas emocionais, entre outros. A Arteterapia pode, então, oferecer à criança hospitalizada oportunidade para lidar melhor com essa situação desfavorável e com isso facilitar sua adaptação às rotinas hospitalares, seja estimulando seu desenvolvimento saudável, seja restabelecendo o equilíbrio emocional. No caso das crianças, o adoecimento promove alterações na sua vida como um todo, que podem, muitas vezes, desequilibrar seu organismo interna e externamente, e, em consequência disso, bloquear seu processo de desenvolvimento saudável, especialmente se a doença for duradoura (VALLADARES E SILVA, 2011, P. 444). Ainda, Valladares e Silva (2011) colocam que nas artes e nos recursos lúdicos, as crianças se expressam mais e deixam aflorar seu contexto social, suas percepções sobre o mundo, sua identidade, seus sentimentos e sua imaginação. A Arteterapia, pode colaborar com o desenvolvimento da autonomia, criatividade e dinamicidade, capacidade motora e gestos, capacidade cognitiva da criança, propiciando-lhe uma nova forma de aprendizagem, maior liberdade de expressão, alivio de tensão, de ansiedade e de dor. É um processo natural por meio do qual a criança comunica o que sente, o que pensa e a maneira como vivencia e percebe o mundo, processo que ocorrerá de acordo com seu desenvolvimento emocional, mental, psíquico e perceptual. 33009 De acordo com Valladares e Carvalho (2006) nas intervenções de Arteterapia, a predominância é do não-verbal, isto é, a abordagem e as formas de intervenção destinam-se ao confronto com conteúdos emocionais dos pacientes. O arteterapeuta, na intervenção, utiliza a palavra durante o desenrolar dos processos expressivos, não de forma abusiva. Após o término das atividades plásticas, a palavra poderá ser mais produtiva, com o objetivo de melhor expor as experiências e sentimentos, de maneira mais profunda. A Arteterapia não é mero entretenimento, mas, sim, uma forma de linguagem que permite à pessoa comunicar-se com os outros. Desse modo, possibilita à criança não só a liberdade de expressão, mas também sustenta sua autonomia criativa, ampliando o seu conhecimento sobre o mundo e proporcionando seu desenvolvimento tanto emocional, como social. Ainda para Valladares e Carvalho (2009) no caso das crianças, o adoecimento favorece alterações na sua vida, como um todo, podendo, muitas vezes, desequilibrar seu organismo interna e externamente, o qual, em consequência disso, gerará um bloqueio no seu processo de desenvolvimento e comportamento saudável, especialmente se a doença for longa. A Arteterapia pode ser um meio para canalizar, de maneira positiva, as variáveis do desenvolvimento da criança hospitalizada e neutralizar os fatores negativos de ordem afetiva que, naturalmente, surgem com o adoecer e a hospitalização, como o estresse, angústia, agressividade e apatia; agindo preventivamente no sentido de evitarem a instalação de algumas disfunções que venham atrapalhar seu crescimento normal. Vasconcellos e Giglio (2007) colocam que o processo de Arteterapia se baseia no reconhecimento de que os pensamentos e os sentimentos mais fundamentais do homem, derivados de seus comportamentos encobertos, encontram sua expressão em imagens e não em palavras. As técnicas da Arteterapia se baseiam no conhecimento de que cada indivíduo, treinado ou não em arte, tem uma capacidade latente de projetar seus conflitos emocionais em forma visual. De maneira geral, o alcance da Arteterapia é bastante amplo, pois como intervenção visa desenvolver recursos físicos, cognitivos e emocionais, propiciar o desenvolvimento de habilidades e de potencialidades, favorecendo a utilização de recursos internos na resolução de conflitos, e estimular a livre expressão, portanto, poderia ser mais utilizada no ambiente hospitalar para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, sejam adultos ou crianças. 33010 Estratégia de Intervenção Para o Ambiente Hospitalar Infantil Unindo Psicologia e Arteterapia O presente tópico tem por objetivo indicar uma estratégia de intervenção que possa unir a Arteterapia e a Psicologia no ambiente hospitalar infantil. Conforme visto anteriormente, ao se trabalhar com crianças, o recurso lúdico se faz importante na atuação do profissional, desta forma, no presente trabalho, a mandala é o recurso apontado como colaborador do processo psicológico e arteterapêutico com o público alvo mencionado. De acordo com Rafaelli (2009) a mandala tem origem sânscrita e significa “círculo”. Trata-se de figuras geométricas formadas a partir do centro de um círculo ou de um quadrado, configurando um espaço. Essas formas podem ser usadas como instrumentos de concentração, para acalmar a ansiedade, etc, podendo ser moldadas em areia, desenhadas, pintadas ou configuradas através de alto-relevo em madeira ou metal. Podem, ainda, ser igualmente expressas por meio dos movimentos e da dança, individual ou coletiva, em coreografias circulares. Segundo Chiesa (2012) a mandala pode permitir um encontro com si mesmo, uma centralidade, um direcionamento e a expressão para questões conflitantes do indivíduo. As mandalas expressam conteúdos significativos que poderiam estar obscuros no entendimento das pessoas, organizando tais conteúdos que nem sempre são colocados através da palavra. A arte permite esta expressão através do desenho, da dança, da música, entre outros. A intervenção apontada no presente trabalho pode acontecer da seguinte forma: Ao ser chamado para atender uma criança hospitalizada, o profissional deve apresentar-se e iniciar o rapport com a mesma. O recurso lúdico deve ser oferecido, que neste caso trata-se da mandala. Provavelmente, a criança não saberá o que é uma mandala, sendo assim, o profissional deverá explicar para ela, e se possível levar uma foto com um exemplo. Deve-se tomar cuidado para não interferir na imaginação da criança e para que ela não copie a imagem apresentada. O objetivo é que ela crie sua própria mandala e se expresse da forma como desejar. São, então, apresentados papéis, tintas guache, lápis de cor, giz de cera, canetinhas, entre outros e deixa-se o paciente livre para criar. Quando a criança finalizar, é interessante conversar com ela sobre sua criação, perguntando de forma clara e objetiva o que ela fez, o que pensou sobre, como se sentiu, entre outros. Abaixo fotos de mandalas retiradas da internet como exemplo. Figura1: exemplo de mandalas. 33011 Fonte: site WWW.mandalas.colorir.com. Considerações Finais Considera-se que a hospitalização pode causar certo sofrimento ao paciente devido à mudança de rotina, ao desconforto e a falta de autonomia que o ambiente hospitalar fornece. Tratando-se de crianças, este desconforto é potencializado, uma vez que o entendimento de mundo delas é diferente do entendimento de mundo dos adultos, sendo as crianças mais espontâneas e imaturas. O ambiente hospitalar pode causar uma série de comportamentos como angústia, ansiedade, medo, insegurança, estresse, agressividade, isolamento social, apatia, entre outros, sendo a Psicologia e a Arteterapia elementos fundamentais para trabalhar com tais comportamentos. Elas podem permitir que os pacientes, dentre eles as crianças, sejam mais autônomos, mais criativos, maior capacidade motora e cognitiva, alívio da dor, expressão livre dos sentimentos, a descobrir uma melhor maneira de lidar com as limitações impostas pela doença/hospitalização, possibilitar aos pacientes a vivência de suas dificuldades, conflitos, medos e angústias de um modo menos sofrido, entre outras. É unânime na literatura que para o profissional atuar com crianças hospitalizadas, ele precisa utilizar o brinquedo, recursos lúdicos e artísticos. O trabalho no hospital será multidisciplinar, e é importante que os profissionais saibam interagir entre si para que o paciente seja mais bem atendido e acompanhado. Por fim, a mandala é um recurso para se trabalhar as questões emocionais da criança no hospital melhorando seu sofrimento psíquico, acalmando e permitindo que ela se expresse aliviando seus sintomas. 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