ITECNE A Neuropsicologia e a docência da matemática na escola de ensino fundamental CURITIBA 2016 Adriana do Nascimento Makara A Neuropsicologia e a docência da matemática na escola de ensino fundamental Artigo entregue à conclusão do curso de pósgraduação de Neuropsicologia. Prof.º Orientadora: Vivian Gatz CURITIBA 2016 Resumo As crianças têm aprendido muito na escola. Já sabem desde cedo, que uma dezena tem 10 unidades, sabem trabalhar com décimos e virgulas e tal, mas muitas vezes não sabem quando “se eleva” um número ou quando pede “emprestado”. Outras vezes, os sinais de “mais”, “menos”, “maior”, pode até parecer um bicho de sete cabeças. Mas, o problema não está na criança, e sim, nos professores ou na metodologia da escola que não se adapta ao aluno. Se a criança não entende o que aprende, a cada isso tende a piorar. O desenvolvimento da criança é adquirido gradativamente ao longo de meses ou anos. Muitas vezes a dificuldade pode ser apenas da pessoa, e com o passar dos anos isso melhora. Ou pode-se tratar de um transtorno conhecido como discalculia (a discalculia é causada por má formação neurológica, provocando dificuldade em aprender tudo o que está relacionado a números como: operações matemáticas; dificuldade em entender os conceitos e a aplicação da matemática; seguir sequências; classificar números… É importante esclarecer que, a discalculia não é causada por má escolarização, deficiência mental, déficits visuais ou auditivos), e não comodismo ou preguiça como alguns podem pensar. A cada ano que passa a Neurociência tem contribuído para a formação do profissional no atendimento às crianças com dificuldades gerais de aprendizagem. Esses conhecimentos auxiliam e orientam sobre atitudes e procedimentos que se deve adotar das condução intervenções psicopedagógicas. Entendemos que em todas elas podemos recorrer aos conceitos básicos encontrados em neurociência e neuropsicologia. Pois essas crianças acabam não expressando suas dificuldades diante de atividades que supostamente consideramos simples. INTRODUÇÃO Atualmente, o número de alunos com dificuldades, relacionadas à capacidade de resolver problemas matemáticos e certas habilidades com cálculos vem crescendo a cada dia. Um dos maiores desafios enfrentados pelos educadores está relacionado com os alunos que não aprendem. Alguns estudiosos comprovam em pesquisas o porquê de muitas crianças fracassarem em matemática. O conhecimento lógico-matemático segundo Piaget (1978), é uma construção que resulta da ação mental da criança sobre o mundo, construído a partir de relações que a criança elabora na sua atividade de pensar o mundo, e também das ações sobre os objetos. A não aquisição de êxito dos estudantes nas aprendizagens pode estar associada, à carência de recursos biológicos e psicológicos. O presente estudo tem o objetivo de propor estratégias de ensino para estudantes portadores do distúrbio discalculia na aprendizagem matemática. Os saberes do professor de matemática têm que ir muito além dos conhecimentos algébricos. Devemos pensar na formação de professores de matemática e entender que são promovidos por sua formação acadêmica muitas vezes limitada. Piaget ainda afirma que o ensino deveria formar o raciocínio, conduzir à compreensão e não a memorização. Palavras-chave: Discalculia, matemática, didática. DISCALCULIA O que vem a ser a discalculia? Hoje em dia já é visto com outros olhos, mas trata-se de um transtorno da aprendizagem que acaba limitando alguns de nossos alunos durante o período escolar. Este transtorno matemático, ganha destaque, pois afeta as condições de desenvolvimento da capacidade cognitiva do aluno, impedindo que tenha melhor construção de ações que possam facilitar sua aprendizagem. TIPOS DE DISCALCULIA A discalculia é causada por má formação neurológica, provocando dificuldade em aprender tudo o que está relacionado a números como: operações matemáticas; dificuldade em entender os conceitos e a aplicação da matemática; seguir sequências; classificar números. a) Discalculia Verbal – dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações; b) Discalculia Practognóstica – dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens, matematicamente; c) Discalculia Léxica – dificuldades na leitura de símbolos matemáticos; d) Discalculia Gráfica – dificuldades na escrita de símbolos matemáticos; e) Discalculia Ideognóstica – dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos; e f) Discalculia Operacional – dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos. Diante dessa dificuldade, a discalculia, e a analisando o dia a dia em sala de aula, observou-se que dentro da sala de aula interesse pelo funcionamento cerebral surgiu desde os primatas do desenvolvimento do homem. Daí em diante, muitas hipóteses foram lançadas e discutidas. Mais recentemente, com o surgimento das neurociências e com o aparato tecnológico, muito se avançou em termos de conhecimento sobre o cérebro e suas funções. A Neuropsicologia é como uma disciplina cientifica mais diferenciada, sendo o termo “Neuropsicologia” primeiramente empregado por Hebb (1949), com o objetivo de distinguir um estudo científico que mais identificasse o mérito comum pelo funcionamento cerebral compartilhado pelos neurologistas e pelos psicólogos da época. Não obstante, pesquisas científicas da relação cérebromente principiaram nas últimas décadas do século XIX, investigações que forneceram bases para as abordagens metodológicas que surgiram posteriormente (Cagnin, 2010). A Neuropsicologia é a ciência da organização cerebral dos processos mentais humanos. O objetivo é a investigação neuropsicológica, que permite aprofundar o conhecimento dos processos psíquicos, por meio da análise das correlações entre as condutas e determinadas zonas corticais. DESEMPENHO MATEMATICO O oficio de professor é adquirido em uma articulação entre as situações vividas e as teorias que tentam explica-las através de processos cotidianos. As formações que tem como eixo conceitos teóricos não apoiados verdadeiramente na realidade fazem com que o futuro professor não possa retomar tais conceitos posteriormente quando ele se situa em sua pratica. O fato de ser professor e ensinar a matemática requer atributos notáveis. Todos reconhecem a relevância desta área de conhecimento, que é vista como facilitadora para a aprendizagem em outras áreas ou domínios e para a resolução dos mais diversos problemas, contextos ou situações da vida social e profissional. A identificação de fatores ou funções neuropsicológicas envolvidas na atividade matemática, estão associadas as funções cognitivas necessárias. A atividade matemática não constitui um sinônimo de realizar cálculos aritméticos; diz respeito ao conhecer os sistemas matemáticos de representação utilizados como ferramentas, ao possuir uma forma específica de conceituar e de representar o mundo, ao estabelecer relações entre a realidade e a sua representação e entre os diversos elementos desta realidade, ao ser capaz de operar sobre situações, ao estabelecer relações numéricas e espaciais. Todos reconhecem a relevância desta área de conhecimento, que é vista como facilitadora para a aprendizagem em outras áreas ou domínios e para a resolução dos mais diversos problemas ou situações da vida social e profissional. Uma aula enriquecida com pré-requisitos é mágica, envolvente e dinâmica. O uso de uma estratégia assertiva onde conhecimentos neurocientíficas e educação caminham lado a lado tem resultados assertivos. Como por exemplo: * estabelecer regras para que haja um convívio harmonioso na sala de aula, fazendo com que os alunos sejam responsáveis pela organização, limpeza e utilização dos materiais. Eles se sentirão responsáveis; * fazer o uso de materiais diversificados, faz com que a criatividade aflore, além de explorar todos os sentidos. Visual: mural, cartazes coloridos, filmes, livros, filmes educativos.... * trabalhar o mesmo conteúdo de várias formas possibilita aos alunos oportunidades de vivenciarem a aprendizagem de acordo com suas possibilidades neurais. Vale lembrar que, a resolução de operações simples ou complexas ressalta a coexistência de duas modalidades de memória. A primeira, consiste em utilizar sistemas de contagem mais ou menos sofisticados. A segunda, recupera diretamente memória de longo prazo, o resultado associado a um determinado par. Centrar o aprendizado da matemática na aquisição de mecanismos conduz não somente a obstaculizar a utilização dos esquemas conceituais que as crianças constroem, como também a desvirtuar o conhecimento matemático em si. Não podemos ainda determinar em detalhes quais são as estratégias didáticas mais adequadas para colaborar com as crianças em seus esforços para compreender o sistema, e não podemos fazê-lo porque ainda é pouco o que se sabe sobre o processo que elas utilizam para apropriar-se desse complexo objeto de conhecimento que é nosso sistema de numeração. Porém, temos certeza de que não é ensinando a repetir definições e a aplicar mecanismos não compreendidos que as ajudaremos a conduzir o funcionamento do sistema. NEUROPSICOLOGIA NA MATEMÁTICA A Neurociência e a Psicologia se preocupam em entender a aprendizagem, mas têm diferentes focos. A Neuro faz isso através de experimentos comportamentais e o uso de aparelhos como os de ressonância magnética, tomografia, que permitem observar as alterações no cérebro durante o seu funcionamento. Já a Psicologia, sem desconsiderar o papel do cérebro, foca os significados, se pautando em evidências indiretas para explicar como os indivíduos percebem, interpretam e utilizam o conhecimento adquirido. As duas áreas permitem entender de forma abrangente o desenvolvimento da criança. Por exemplo, sabemos, julgam-se incapazes de trabalhar com esses alunos, pois não, possuem uma capacitação específica para entender o processo pelo qual essas crianças aprendem de forma significativa vinculada a sua realidade. Embora sejam muitos os desafios é possível promover o conhecimento a alunos com discalculia, por meio de jogos que podem ser confeccionado com a ajuda do próprio sujeito mostrando assim, que ele é capaz de construir seu conhecimento por meio de seus esforços. Embora existam os desafios, também surgem as oportunidades de auxiliar o crescimento e o desenvolvimento de alunos com discalculia, atendendo as necessidades fundamentais do sujeito. Enfim nota-se a importância do professor na construção e na formação do sujeito. A neuropsicologia é a área específica da Psicologia que tem como objetivo a investigação do papel de sistemas cerebrais individuais em formas complexas de atividades mentais. Mas o grande desafio dos educadores é viabilizar uma aula que ‘facilite' esse disparo neural, as sinapses e o funcionamento desses sistemas, sem que necessariamente o professor tenha que saber se a melhor forma de seu aluno lidar com os objetos externos é: auditiva, visual ou tátil. A aprendizagem do seu aluno, (e isso não está longe de termos na formação de nossos educadores) o professor saberá quais estratégias mais adequadas utilizar e certamente fará uso desse grande meio facilitador no processo ensino – aprendizagem. Se definimos o “bom professor” como aquele que tem como eixo de suas ações o aprendizado e que, desse modo, torna-se o elemento detonador de uma transformação do aluno em seu encaminhamento pessoal, é desejável que a formação inicial seja organizada nesse mesmo sentido, favorecendo uma análise das situações de formação. A formação não pode ser percebida como uma lista de aquisições, cuja soma equivale ao todo. Pelo fato de compreender um conjunto de tarefas complexas e exigir saberes experimentais, esse oficio é ensinado mais do que tudo em uma relação com essa complexidade e na organização personalizada de aprendizados nessa rede de tarefas; trata-se de valorizar as atitudes que dao conta da globalidade do oficio de ensinar, mais do que a soma de competências múltiplas. Todos reconhecem a relevância desta área de conhecimento, que é vista como facilitadora para a aprendizagem em outras áreas ou domínios e para a resolução dos mais diversos problemas, contextos ou situações da vida social e profissional. Devemos deixar bem claro que, existem causas neurológicas e nãoneurológicas para as dificuldades matemáticas. Causas neurológicas: discalculia Causas não-neurológicas: TDAH, Sindrome de Turner, baixo peso, etc. As causas não neurológicas são consequências de fatores escolares e sociais. A neurociência ~e uma grande aliada do professor, ajuda a identificar o indivíduo como ser único, que aprende de uma maneira toda sua, única e especial. A neurociência disponibiliza ao educador moderno (neuroeducador) uma base sólida para ajudar cada indivíduo a pensar corretamente (cada um pensa de uma maneira diferente), mas pensar e concretizar sem perder o foco e o objetivo do estudo. Considerações finais Para cada ser pensante, existe uma maneira de avaliar. Os caminhos são vários, porém o destino e o foco é o mesmo, o resultado. Se cada professor que atua em sala de aula, tiver o entendimento da neuropsicologia, estaremos mais aptos com nossos alunos para poder ajudar a evoluir. Certamente, os transtornos comportamentais e da aprendizagem passaram a ser mais facilmente compreendidos pelos educadores. Esse estudo teve como objetivo explicar a importância da neuropsicologia na compreensão da estrutura e funcionamento cerebral para desvendar o mistério as dificuldades ou distúrbios de aprendizagem escolar apresentada pelos aprendizes. É importante perceber a importância de relacionar os conhecimentos da neuropsicologia com os problemas de aprendizagem que encontramos no dia a dia. Referências Bibliográficas ALMEIDA, C. S. Dificuldades de aprendizagem em Matemática e a percepção dos professores em relação a fatores associados ao insucesso nesta área. Trabalho de conclusão de curso de Matemática da Universidade Católica de Brasília – UCB, 2006. PIAGET, Jean. O desenvolvimento do pensamento: equilibração das estruturas cognitivas. Lisboa: Dom Quixote, 1977 ROMAGNOLLI, G. C. Discalculia: um desafio na Matemática. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialista em Distúrbios de Aprendizagem) Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem (CRDA), São Paulo, 2008. SIQUEIRA, C. M. & Giannetti, J. G. (2011). Mau desempenho escolar: uma visão atual. Rev Assoc Med Bras, v. 57, n.1, 78-87. TABAQUIM, M. L. M. (2003). Avaliação Neuropsicológica nos Distúrbios de Aprendizagem. In: Distúrbio de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. Org. Sylvia Maria Ciasca. São Paulo: Casa do Psicólogo VYGOTSKY, L. S, Luria, A.R. & Leontiev, N. A. (1988). Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Icone/EDUSP