tipos de discalculia

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DISCALCULIA
A matemática faz parte do cotidiano de todas as pessoas. Ela
está no tempo que passamos, no espaço que ocupamos, na
distância que percorremos e em todas as referências de contagens
e comparações que realizamos junto à sociedade.
Todos esses conceitos devem ser adquiridos na infância e
aperfeiçoados durante o período escolar. Quando isso não
acontece,
encontramos
um
distúrbio
de
aprendizagem:
a
discalculia. A palavra discalculia vem do grego (dis, mal) e do Latin
(calculare, contar) formando: contando mal. Essa palavra calculare
vem, por sua vez, de cálculo, que significa o seixo ou um dos
contadores em um ábaco.
A discalculia é um distúrbio neuropsicológico caracterizado
pela dificuldade significativa no desenvolvimento de habilidades
relacionadas à matemática, desde que não sejam ocasionadas por
deficiência mental, auditiva ou visual, nem por falta ou precariedade
de escolarização.
Crianças que tem discalculia são incapazes de identificar
sinais
matemáticos,
montar
operações,
classificar
números,
entender princípios de medida, seguir sequências, compreender
conceitos matemáticos, relacionar o valor de moedas entre outros.
Além de outras limitações, tais como: a introspecção espacial,
confusão de noções de tempo, memória pobre, e problemas de
ortografia; há indicações de que pode ser congênito ou hereditário.
Pesquisas realizadas em vários países segundo a Wikipédia
(2007) apontam que cerca de 10 a 15% da população mundial é
disléxica, cerca de 60% das crianças disléxicas possuem
dificuldades com números e as relações entre eles, podendo afetar
pessoas de qualquer classe social e de qualquer nível de Quociente
de Inteligência (QI).
A discalculia já pode ser notada a partir da pré-escola, quando
a criança tende a ter dificuldades em compreender os termos já
utilizados, como: igual, diferente, porém somente após a introdução
de símbolos e conceitos mais específicos é que o problema se
acentua e sim já pode ser diagnosticado.
Segundo JOHNSON e MYKLEBUST, terapeutas de crianças
com desordens e fracassos em aritmética, existem alguns distúrbios
que podem interferir nesta aprendizagem:
 Distúrbios de memória auditiva:
- Dificuldade em ouvir os enunciados oralmente, de guardar os
fatos, dificultando a resolução de problemas.
- Reorganização auditiva: reconhece o número quando ouve, mas
tem dificuldade de lembrar com rapidez.
 Distúrbios de percepção visual:
- A criança não lembra da aparência dos números, confundindo-os.
 Distúrbios de escrita:
- Crianças com disgrafia têm dificuldade de escrever letras e
números.
As dificuldades com a Linguagem Matemática são muito
variadas, podendo evidenciar-se já no aprendizado aritmético
básico como, mais tarde, na elaboração do pensamento matemático
mais avançado. Embora essas dificuldades possam manifestar-se
sem nenhuma inabilidade em leitura, há outras que são decorrentes
do processamento lógico-matemático da linguagem lida ou ouvida.
Também existem dificuldades advindas da imprecisa percepção de
tempo e espaço, como na apreensão e no processamento de fatos
matemáticos, em sua devida ordem.
TIPOS DE DISCALCULIA:
Ladislav Kosc identificou a discalculia em 1974 e a descreveu
em seis subtipos, cada um correspondendo a capacidades
específicas e tarefas da matemática, podendo ocorrer individual ou
conjuntamente. Sendo: a discalculia léxica, discalculia verbal,
discalculia
gráfica,
discalculia
operacional,
discalculia
practognóstica e discalculia ideognóstica.

Discalculia léxica: dificuldade na leitura de símbolos
matemáticos;

Discalculia verbal: dificuldade em nomear quantidades,
números, termos e símbolos;

Discalculia gráfica: dificuldade na escrita de símbolos
matemáticos;

Discalculia
operacional:
dificuldade
na
execução
de
operações e cálculos numéricos;

Discalculia practognóstica: dificuldade na enumeração,
manipulação e comparação de objetos reais ou em imagens;

Discalculia
ideognóstica:
dificuldades
nas
operações
mentais e no entendimento de conceitos matemáticos.
CAUSAS DA DISCALCULIA
Estudos apontam que a discalculia pode ser causada por
vários elementos que abrangem áreas de estudo, como a
Neurologia, a Lingüística, a Psicológica, a Genética e a Pedagógica.

Neurológica (imaturidade): O desenvolvimento neurológico
implica na maturação progressiva através das modificações do
sistema nervoso e se caracteriza pelas diferentes funções, que vão
se estabelecendo ordenada, progressiva e cronologicamente. Cada
nível etário de maturação permite desenvolver novas funções
(percepção, espaço temporal, lateralidade, ritmo etc), através de
experiências que produzam estímulos adequados.
São observados, a seguir, três graus de imaturidade:
a) Leve – em que o discalcúlico reage favoravelmente à intervenção
terapêutica;
b) Médio – configura o quadro da maioria dos que apresentam
dificuldades específicas em matemática;
c) Limite – ocorre quando há lesão neurológica, gerada por
diversos traumatismos, provocando um déficit intelectual.

Lingüística: Segundo Cazenave (1972 apud DIAS, 2007), o
discalcúlico apresenta deficiente elaboração do pensamento devido
às dificuldades no processo de interiorização da linguagem, sendo
necessário que o indivíduo desenvolva o nível lingüístico para que
possa dominar a matemática. O simbolismo numérico surge a partir
da correspondência número-quantidade, por isso requer adequado
desenvolvimento da função simbólica. Os alunos com déficit nesta
área
não
correspondem
símbolo
oral,
quantidade
e
sua
representação gráfica. Para Cazenave (1972 apud DIAS, 2007) o
estudante deve entender as palavras e aplicá-las em sentido
aritmético, caso não compreenda o que está lendo, não conseguirá
resolver o problema. A matemática somente será viável se
integrada com habilidades sólidas de linguagem, pois não seria
possível desenvolver uma destas áreas de maneira isolada.

Psicológica:
O
emocional
interfere
no
controle
de
determinadas funções como memória, atenção e percepção, assim
sendo, Indivíduos com alguma alteração psíquica são mais
propensos a apresentar transtornos de aprendizagem.

Genética: Existem explicações, mas não comprovação, da
determinação do “gen” responsável por transmitir a herança dos
transtornos de cálculo, porém há significativos registros de
antecedentes familiares que também apresentaram dificuldades em
matemática.

Pedagógica: Está diretamente vinculada aos fenômenos que
se sucedem no processo de aprendizagem.
SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
Para que o professor consiga detectar a discalculia, é
fundamental que esteja atento à trajetória da aprendizagem de seus
alunos, principalmente quando apresentarem símbolos matemáticos
malformados,
quantidades
demonstrarem
numéricas,
não
incapacidade
de
reconhecerem
os
operar
com
sinais
das
operações, apresentarem dificuldades na leitura de números e não
conseguirem localizar espacialmente a multiplicação e a divisão.
Caso o transtorno não seja reconhecido a tempo, pode
comprometer o desenvolvimento escolar da criança, que com medo
de enfrentar novas experiências de aprendizagem, acaba tornandose agressiva, apática ou desinteressada.
Alguns sintomas potenciais da discalculia podem tornar mais
fáceis a sua investigação e diagnóstico, tais como:

Problemas de diferenciar entre esquerdo e direito;

Falta de senso de direção (para o norte, sul, leste, e oeste);

A inabilidade de dizer qual de dois números é o maior;

Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental, etc;

Dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem do
tempo;

Dificuldade com tarefas diárias como verificar a mudança e ler
relógios analógicos;

Dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de
uma distância;

Inabilidade de apreender e recordar conceitos matemáticos,
regras, fórmulas, e seqüências matemáticas;

Dificuldade de manter a contagem durante jogo;
E ainda As crianças que apresentam este quadro, geralmente têm
as seguintes características:
1- Falhas no pensamento operatório:
• Necessidade absoluta de concretizar as operações;
• Impossibilidade de realizar cálculo mental;
• Falta da compreensão dos conceitos das operações fundamentais
da matemática;
• Dificuldade no manejo da reversibilidade das operações;
• Dificuldade para estabelecer as operações para resolução de
problemas;
2- Dificuldades espaço – temporais:
• Inversão na escrita dos numerais;
• Inversão na posição dos algarismos;
• Falha na ordenação de colunas para montar o algoritmo;
• Operar em ordem inversa (da esquerda para a direita);
• Dificuldades para reconhecer e discriminar figuras geométricas,
3- Déficit de atenção:
• Pular passos de uma operação;
• Errar sinais das operações;
• Repetir um ou mais números numa série numérica;
• Intercalar um ou mais números não pertencente à série (ruptura da
escala);
4- Transtornos das estruturas operacionais:
• Falta de noção do valor posicional do algarismo e a compreensão
dos agrupamentos na base decimal;
• Na multiplicação, mal encolunamento dos subprodutos;
• Começar a operação multiplicando o primeiro número da esquerda
do multiplicador;
• Falhas no algoritmo da divisão;
5- Dificuldades na Resolução de problemas
a) Quanto ao enunciado do problema:
• Dificuldades de leitura;
• Não entende a relação do enunciado com a pergunta do problema.
b) Quanto ao raciocínio:
• Dificuldade de representação mental não permitindo estabelecer
as relações necessárias para a resolução do problema;
c) Quanto ao mecanismo operacional:
• Falhas nas técnicas operatórias;
• Dificuldade de resolver a equação, ou sistema de equações
montado para resolver o problema. Essas dificuldades são comuns
ao discalcúlico e a falta da percepção lógica faz com que cometam
os mesmos erros constantemente.
COMO AUXILIAR A CRIANÇA COM DISCALCULIA
O professor tem um papel fundamental nesta etapa do
desenvolvimento, pois é ele quem vai auxiliar o aluno nas
conquistas e descobertas do conceito que envolve a matemática. É
necessário que o professor esteja preparado para orientar e
trabalhar com essas crianças, observando suas características e
seus comportamentos dentro do ambiente escolar atendendo-as de
forma individualizada, evitando mostrar impaciência ou ressaltando
suas dificuldades, diferenciando-as das demais, bem como corrigir
a criança freqüentemente diante da turma, para não o expô-la, ou
ignorá-la.
O professor deve explicar ao aluno suas dificuldades e deixar
claro que sua função é ajudar a saná-las e uma forma de estimular
a criança, é através de jogos com materiais manipulativos, pois
ajudam na seriação, classificação, habilidades psicomotoras,
habilidades espaciais, contagem. O uso do computador é bastante
útil, por se tratar de um objeto de interesse da criança, um
instrumento que pode ser muito bem aproveitado, especialmente
porque existem muitos sites com jogos educativos que auxiliam na
noção de espaço e forma, como o tangam e outros, que reforçam a
compreensão da matemática.
A criança pode fazer uso no seu dia-a-dia, de calculadora,
tabuada, caderno quadriculado, nos exercícios que envolvem
problemas matemáticos, é importante o professor usar situações
concretas de fácil entendimento, inclusive incentivando o uso de
desenho na resolução dos mesmos. Quando a criança for realizar
provas, estas devem ter questões claras e diretas, reduzindo-se ao
mínimo o número de questões, sem limite de tempo.
O professor deve sempre priorizar e valorizar cada conquista
e cada passo dado em direção ao domínio de suas funções e
aquisições. A participação dos pais e professores deve ser
constante na vida da criança, atenção dispensada durante a vida
escolar, fará toda a diferença no desenvolvimento e na percepção
cognitiva do aluno.
Além do professor, outros profissionais podem atuar junto ao
aluno, um psicopedagogo pode ajudar a elevar sua auto-estima,
descobrindo qual o seu processo de aprendizagem através de
instrumentos que ajudarão em seu entendimento.
Enfim, reconhecer distúrbios, encaminhar aos profissionais
corretos, aceitar o fato de haver uma dificuldade, são alguns
requisitos básicos para pais e professores que atuam diretamente
com a criança, estas atitudes levam o indivíduo a aceitar mais
facilmente suas limitações e aceitar-se como o detentor de suas
próprias conquistas.
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