[Digite texto] FABIANE CUNHA MAIA E PRISCILLA RIBEIRO DIAZ SUAREZ ANÁLISE PROBABILÍSTICA DA ESTABILIDADE DE TALUDES Artigo apresentado ao curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção de Título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. DSc. Gabriel Jaime Zapata Guerra Brasília 2016 [Digite texto] Artigo de autoria de Fabiane Cunha Maia e Priscilla Ribeiro Diaz Suarez, intitulado Análise Probabilística da Estabilidade de Taludes, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil da Universidade Católica de Brasília, em 16 de novembro de 2016, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: __________________________________________________ Prof. DSc. Gabriel Jaime Zapata Guerra Orientador Curso de Engenharia Civil – UCB __________________________________________________ Prof. Examinador Curso de Engenharia Civil – UCB Brasília 2016 [Digite texto] AGRADECIMENTOS A conquista quando vencida ao lado de pessoas importantes trazem muito mais sentido à nossa vida e geram, ainda, maior gratidão. E em razão disto, redemos, primeiramente, nosso eterno agradecimento à Deus, aquele que sempre se fez presente em nós, mas de maneira especial durantes esse tempo, pois conhecendo-nos como ninguém ofertou tudo aquilo que nos faltava para alcançarmos nosso objetivo. Aos nossos pais agradecemos por ter-nos dado a oportunidade de concretizar esse sonho, com toda certeza neles encontramos nossa alegria e motivação. Gratidão pelo incondicional apoio e paciência que tiveram conosco neste tempo, por tanto acreditarem em nós e por tudo que nos ensinaram. Ao nosso orientador, Prof. DSc. Gabriel Jaime Zapata Guerra, agradecemos por toda orientação, dedicação e conhecimento que nos proporcionou. A ele fica não somente a nossa gratidão, mas, também, um exemplo de ser humano e profissional a ser seguido. Por fim, agradecemos a Deus pela nossa amizade, por todo companheirismo e conhecimento adquirido juntas e, principalmente, por ter-nos feito mais próximo durante esta conquista. “A amizade se expressa na ajuda mútua e na gratidão” Santo Agostinho Sumário 1. INTRODUÇÃO ..................................................................... Erro! Indicador não definido. 1.1. JUSTIFICATIVA ........................................................... Erro! Indicador não definido. 1.2. OBJETIVO ..................................................................... Erro! Indicador não definido. 2. MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................................6 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 7 3.1. ANÁLISES DE ESTABILIDADE DE TALUDES ........................................................ 7 3.2. TIPOS DE ANÁLISES DE ESTABILIDADE DE TALUDES ...................................... 8 3.3. MÉTODOS DE ESTABILIDADE DE TALUDES ...................................................... 12 4. ANÁLISE PARAMÉTRICA ............................................................................................ 13 5. ESTUDO DE CASO ......................................................................................................... 19 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................ 24 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 24 RESUMO A estabilidade é um fator de extrema importância na análise de taludes, sendo esta estudada e calculada com frequência por métodos determinísticos os quais tem por objetivo obter um fator de segurança para o talude baseado nos parâmetros. Além destes, pode-se também determinar a confiabilidade dos taludes por meios probabilísticos os quais incluem em seu cálculo incertezas e variâncias desconsideradas em métodos determinísticos o que o torna mais preciso, pois através deste determina-se também a probabilidade de ruptura do talude, bem como seu índice de confiabilidade. O objetivo do trabalho é aplicar a metodologia probabilística de análise de estabilidade de taludes, mostrar suas vantagens em relação aos métodos convencionais (determinísticos) e aplicar a metodologia em um caso de estudo. Palavras-chave: Fator de Segurança, Estabilidade de Talude, Métodos Probabilísticos, Fosm. ABSTRACT Stability is an essential factor in scopes analyses, being frequently studied and calculated by deterministic methods, which aim to obtain a safety factor for the slope based on parameters. Besides these parameters, it is also possible to determine the reliability of slopes by probabilistic methods, that include in its calculation uncertainties and variances disregarded in deterministic methods, making it more accurate because it is possible to determine the probability of slope rupture, as well as its reliability index. The aim of this study is to apply the probabilistic method for stability analyses of slopes, present its advantages over conventional (deterministic) methods and apply this methodology in a study case. Key words: Safety Factor, Slope Stability, Probabilistic Methods, Fosm. 1 1. INTRODUÇÄO A estabilidade é um fator de extrema importância quando se trata da construção de taludes e por isso deve ser devidamente analisada, definindo-se os fatores variantes que estão presentes no solo. Os fatores presentes na natureza os quais alteram a estabilidade de taludes são variados, entre os quais são: altura, inclinação, planos e zonas de fraqueza, presença de água, comportamento mecânico do terreno – resistência e deformabilidade – ângulo de atrito, coesão, entre outros. Sendo assim, para segurança dos usuários e a fim de se evitar desastres é importante conhecer os parâmetros geotécnicos bem como a sua variabilidade, de maneira a observar como estes afetam o comportamento do fator de segurança. Para que assim, se possa definir um índice de confiabilidade e a probabilidade de ruptura do talude, e, então, realizar uma análise mais segura e econômica da estabilidade em taludes. Diante dessas situações de instabilidades de taludes e execução de projetos realizam-se análises de estabilidade a fim de se estabelecer as medidas de correção ou de estabilização apropriadas para impedir movimentos indesejados. O objetivo destas análises é garantir a segurança do talude. Dessa forma, os métodos utilizados para essas análises podem ser: determinísticos, semi-probabilísticos e probabilísticos. Atualmente, as análises de estabilidade de taludes são comumente realizadas por métodos determinísticos que se baseiam em um determinado fator de segurança (FS), o qual possui um valor sugestivo e fixo a depender do tipo de talude. Estes pressupõem que obter um fator de segurança superior a 1 deve ser suficiente para garantir a segurança da estrutura (Ducan; Wright, 2005). No entanto, esses valores fixos de fator de segurança variam conforme a finalidade a qual aquele talude foi destinado, ou seja, se ele é permanente ou temporário, em situações em que ele é subjacente a estradas de acessos e entre outras. Ou seja, cada situação demanda sua especifica análise e quando se encontra um fator de segurança mínimo deve-se ainda avaliar a probabilidade de ruptura daquele talude a fim de se garantir a segurança. Na Tabela 1 se pode observar algumas dessas situações com seus respectivos fatores de seguranças mínimos bem como probabilidades de ruptura máximas permitidas (Teixeira e Virgili, 1998). 2 Tabela 1: Adoção de probabilidade de colapso em função de suas consequências Valores Aceitáveis Categoria Consequências Probabilidade de Exemplos Fs de Talude da Ruptura ruptura máxima minimo P(FS<1) P(FS<1,5) Bancadas Individuais. Taludes pequenos, 1 Pouco Grave temporários, não 1 0,1 0,2 adjacentes e estradas de acesso 2 3 Mediamente Grave Muito Grave 1,6 0,01 0,1 2 0,003 0,05 Qualquer talude de natureza permanente ou semipermanente Taludes médios ou altos, subjacentes a estradas de acesso ou a instalações permanentes da mina Fonte: (TEIXEIRA E VIRGILI, 1988) Sendo assim, as análises pelos métodos determinísticos dos parâmetros geotécnicos dos solos envolvidos são consideradas fixas, embora possam apresentar uma grande dispersão e não conferir total segurança aos taludes quando avaliados separadamente. Essa variabilidade, por sua vez, influencia na qualidade dos resultados obtidos devido à variedade natural que tais parâmetros apresentam. Dessa forma, a ausência de exatidão das análises determinísticas gerada pela variabilidade dos parâmetros resulta em uma situação desfavorável: a falsa impressão de segurança. Além disso, as análises determinísticas não levam em consideração a probabilidade de ruptura do talude, e tampouco, o índice de confiabilidade, precisamente por esta não considerar a variabilidade de diversos parâmetros geotécnicos. A Figura 1 ilustra duas situações hipotéticas devido à variabilidade dos parâmetros geotécnicos: a distribuição “B”, que apresenta um coeficiente de segurança médio alto (1,5), desvio padrão elevado (0,5) e maior variabilidade, enquanto, a distribuição “A” possui um coeficiente de segurança baixo (1,2), desvio padrão do fator de segurança pequeno (0,1) e uma variabilidade reduzida, indicando que não necessariamente a distribuição “B”, por possuir 3 maior valor de fator de segurança será mais segura que a distribuição “A”. Logo, observa-se que a probabilidade de ruptura é menor no caso “A” (região abaixo da curva com distribuição “A”) quando comparada com a distribuição B (região abaixo da curva com distribuição “B”), apesar do coeficiente de segurança de “B “ser superior ao de “A”. Portanto, constata-se que a probabilidade de ruptura é menor no caso “A” (região abaixo da curva com distribuição “A”) quando comparada com a distribuição B (região abaixo da curva com distribuição “B”), apesar do coeficiente de segurança de “B “ser superior ao de “A”. Figura 1 – Distribuição de frequência de FS Fonte: Apostila Métodos Estatísticos e Probabilísticos em Geotecnia A probabilidade de ruptura (Pr) representa a probabilidade de o fator de segurança ser inferior à uma unidade. Assumindo-se uma distribuição normal para o fator de segurança, a probabilidade de ruptura é representada pela área abaixo da curva de distribuição de frequência (função densidade de probabilidade) do fator de segurança (FS) correspondente a valores de FS inferiores a 1,0. A probabilidade de ruptura é expressa por seu inverso, 1/(Pr). Logo, quando se diz em 1:70, a probabilidade é de 0,0143 (ou 1/70). Outro modo de apresentação é em porcentagem, multiplicando-se o seu valor por 100, ou seja, a probabilidade 0,014 seria expressa por 1,43%. 4 As análises de confiabilidade podem, também, serem efetuadas pela avaliação da segurança do projeto geotécnico através do índice de confiabilidade (β), por vezes também chamado de índice de confiança (COSTA, 2005, p. 84). Este índice representa a quantidade de desvios que distancia a ruptura do coeficiente de segurança médio encontrado. Sendo assim, o valor de β exprime o quanto o fator de segurança é confiável. O Índice de Confiabilidade do coeficiente de segurança () é dado pela Equação abaixo: 𝛽= (𝐸(𝐹𝑠)−1) 𝜎(𝐹𝑠) (1) Portanto, as análises probabilísticas utilizadas nos estudos de estabilidade de taludes, por sua vez, permitem quantificar as incertezas oriundas da variabilidade dos parâmetros geotécnicos, com a determinação de um índice de confiabilidade e de uma probabilidade de ruína. Diante disto, o método de primeira ordem e segundo momento (FOSM) foi o método probabilístico aproximado escolhido para ser utilizado neste trabalho, devido à sua facilidade de aplicação em que parte da suposição de que todas as variáveis (coesão, ângulo de atrito, fator de segurança, etc) possuem funções probabilísticas do tipo gauss. Ou seja, este método considera a variabilidade dos parâmetros geotécnicos, e com base nisso, pode estimar a variabilidade do fator de segurança através da construção da sua função de probabilidade. Este tipo de solução traz certas vantagens, como por exemplo: a obtenção do índice de confiabilidade e a probabilidade de ruptura do talude. 1.1 JUSTIFICATIVA A ocorrência de chuvas intensas associadas a ação humana são fatores responsáveis por gerar problemas na estabilidade de taludes. Por esse motivo, a estabilidade em taludes é um assunto de extrema importância aos profissionais da área devido à elevada variação dos coeficientes e parâmetros geotécnicos, os quais quando não avaliados adequadamente diminuem a segurança dos taludes podendo, assim, gerar danos aos seus usuários. Em virtude da importância dos taludes em obras geotécnicas, é necessário aprofundar o estudo acerca de um método o mais eficaz possível, com maior precisão, para que se possa determinar as condições de projeto que garantam a sua segurança. 5 As análises de estabilidade de um dado talude são realizadas a partir dos métodos de equilíbrio limite por meio de duas abordagens: métodos probabilísticos que se resumem em uma análise quantitativa expressa sob a forma de uma probabilidade ou risco de ruptura e métodos determinísticos que são expressos sob a forma de um fator de segurança (FS). As análises de estabilidade tradicionais são realizadas pelos métodos determinísticos, que por sua vez, utilizam uma média dos parâmetros geotécnicos, podendo apresentar incertezas nestes parâmetros utilizados em virtude da variabilidade existente nos mesmos. Na análise determinística, o fator de segurança estimado não pode quantificar a probabilidade de ruptura ou o nível de risco associado a um projeto. Já os métodos probabilísticos quantificam as incertezas das variáveis de entrada (parâmetros de resistência, principalmente ângulo de atrito e coesão) das análises determinísticas, além de verificar qual a variável afeta mais o resultado, finalizando com a probabilidade de ruptura e a possibilidade de cálculo do risco do projeto. Os níveis aceitáveis de risco em um projeto são estabelecidos pelos impactos sociais e econômicos decorrentes de sua implantação e possível rompimento. Sendo assim, pode-se notar a importância do conhecimento de índices de confiabilidade para obtenção da probabilidade de ruptura (Pr) de um dado projeto. Dessa forma, é de extrema importância a utilização de métodos probabilísticos para construções de taludes, pois as informações estatísticas juntamente com um critério de risco admissível, podem contribuir para a verificação da necessidade de adaptação de um projeto muito antes da sua implantação, atribuindo maior segurança e diminuição de custos para construção da estrutura. 1.2 OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo estabelecer as principais diferenças entre um estudo da estabilidade de taludes baseado no método determinístico e no método probabilístico para se demonstrar a relevância em se fazer uma análise probabilística em obras geotécnicas, tendo em vista os seus parâmetros de variabilidade. Sendo assim, aplicar-se-á um modelo de análise probabilística, método de primeira ordem e segundo momento (FOSM), no qual serão realizadas análises paramétricas no software Geoslope para que se obtenha a probabilidade de ruptura e o índice de confiabilidade do talude em análise. Posteriormente, o modelo será aplicado em uma situação com dados reais e com a utilização do referido software para aplicação de tais métodos. 6 2. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi desenvolvido em uma sequência de atividades as quais dividiram-se em três etapas: revisão bibliográfica, análise paramétrica e estudo de caso. Na primeira etapa, realizou-se uma revisão bibliográfica acerca da estabilidade de taludes analisando-a com a utilização dos métodos determinísticos e probabilísticos. Para o estudo determinístico dos taludes utilizou-se o método de Bishop, enquanto que o estudo probabilístico se baseou no método de FOSM. Esta revisão teve como objetivo entender a funcionalidade, precisão e confiabilidade do método em análise bem como destacar suas vantagens e desvantagens. Posteriormente, realizou-se a segunda etapa a qual foi explicitada uma análise paramétrica de uma situação hipotética sobre a estabilidade de taludes e as variáveis analisadas. Nesta, foi demonstrada a importância da análise como um todo quando se estuda a estabilidade de taludes e não somente a avaliação isolada do fator de segurança. Porquanto, uma análise baseada somente no fator de segurança do talude ainda que este esteja em níveis aceitáveis (FS>1,0) não é suficiente para se concluir que a segurança e a estabilidade estejam em situações confiáveis, pois, tendo-se uma alta variância deste fator em virtude da instabilidade dos parâmetros do solo, a estabilidade e a confiabilidade do talude seriam prejudicadas. Na terceira etapa desenvolveu-se um estudo de caso baseado no aterro localizado no Anel de Contorno de Contorno Viário à 1,6 km do trevo de Içara, no município de Içara/SC (Savi; Clovis e Meller; Heloísa, 2013). Neste estudo aplicou-se no talude do município de Içara/SC o método probabilístico de FOSM, bem como o método determinístico Bishop utilizando-se do software Geoslope. Por conseguinte, as três etapas são apresentadas por meio de um organograma, como se pode observar na figura 2. 7 FIGURA 2 – Organograma das etapas do trabalho 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. ANÁLISES DE ESTABILIDADE DE TALUDES Devido à dificuldade de se incorporar os conceitos estatísticos e probabilísticos nas normas e a falta de conhecimento dos mesmos, a abordagem probabilística ainda é muito pouco utilizada na prática da engenharia. Sabe-se que a maioria dos parâmetros utilizados nas análises geotécnicas é incerta. Sendo as incertezas existentes divididas em (Farrokh Nadim apud Griffiths, 2007): Incertezas aleatórias; Incertezas sistêmica; A incerteza aleatória pode ser exemplificada pela variação espacial de um parâmetro de um solo dentro de uma mesma camada geológica, ou seja, devido à heterogeneidade natural das camadas. Esta incerteza não pode ser reduzida e nem eliminada. A incerteza sistêmica representa a falta de conhecimento de uma variável, que é decorrente de duas outras incertezas: incerteza de medição, em virtude de, por exemplo, imperfeições de um instrumento, falta de qualificação da equipe e incerteza estatística, devido a um número insuficiente de ensaios ou medições. As incertezas sistêmicas podem ser reduzidas e até eliminadas, através de um maior 8 número de informações, melhores técnicas de medição, bem como qualificação das equipes, melhor aferição dos equipamentos, dentre outros. As propriedades incertas de um solo são definidas como as variáveis independentes representadas estatisticamente por sua média, desvio padrão ou coeficiente de variação e distribuição de probabilidade da função. Quando não se dispõe de um número suficiente de ensaios pode-se, a princípio, utilizar coeficientes de variação estimados (desvio-padrão sobre a média), a partir de valores típicos (Usace, 1999). Os métodos probabilísticos conseguem aperfeiçoar as análises geotécnicas, pois contabilizam o grau de incerteza dessas variáveis, tendo como resultado final uma probabilidade de ruptura. A partir das análises determinísticas e probabilísticas é possível avaliar a distribuição probabilística de uma variável dependente (FS) através do conhecimento da distribuição de probabilidade das variáveis independentes (peso especifico, ângulo de atrito, coesão) que geram esta variável dependente. A análise probabilística é um complemento do fator de segurança determinístico quantificando algumas incertezas inerentes a este fator, através do índice de confiabilidade (β), que exprime o quanto este fator é confiável, e da probabilidade de ruptura (PR). Para isto, foram desenvolvidos alguns métodos probabilísticos, onde se determinam estes valores de β e PR, dentre os quais podem ser citados o Método de Monte Carlo, Método FOSM e Método Rosenblueth. 3.2. TIPOS DE ANÁLISES DE ESTABILIDADE DE TALUDES Sabe-se que os métodos determinísticos de análises da estabilidade de taludes estão divididos basicamente em dois grupos: os que se baseiam em análise de deslocamento (tensão x deformação) e os que se fundamentam em estado de equilíbrio de limite. No primeiro grupo destaca-se o método de elementos finitos que é utilizado quando a relação entre as suas grandezas geométricas, extensão e espessura for muito grande. Diante disto, é assumido que a ruptura ocorra pelo deslizamento de um bloco de solo, formando uma superfície de ruptura planar e paralela ao nível do terreno. No segundo grupo a teoria de Equilíbrio Limite é aplicada a vários tipos de análise de estabilidade que são comumente realizados pela aplicação de um dos três seguintes métodos (Gomes, 2011): Método geral – as condições de equilíbrio são aplicadas a toda a massa de solo potencialmente instável, cujo comportamento se admite ser o de um corpo rígido; 9 Método das fatias (aduelas) – a massa de solo potencialmente instável é dividida em fatias, geralmente verticais, e as condições de equilíbrio são aplicadas a cada uma das fatias isoladamente; Método das cunhas – a massa de solo potencialmente instável, dada a sua configuração e características resistentes, é dividida em cunhas, e as condições de equilíbrio são aplicadas a cada zona isoladamente. O método do equilíbrio limite é o mais usual, devido à sua simplicidade e larga aceitação na engenharia. Esta análise tem como fundamento a relação entre as forças resistentes e as forças atuantes de um dado material. Para que se obtenha estabilidade, esta relação deve ser igual ou superior a 1. Os métodos que se baseiam no equilíbrio limite são determinísticos, ou seja, a partir de um conjunto de dados, obtém-se uma média, para então, a partir deste valor se obter um fator de segurança adequado para aquela estabilidade. Os métodos baseados no equilíbrio limite também admitem que as forças que tendem a induzir a ruptura são exatamente balanceadas pelos esforços resistentes. Assim, o fator de segurança é definido como a resultante da relação entre a resistência ao cisalhamento do solo (S) e a tensão cisalhante (τ), como se pode observar na equação 2. S 𝐹𝑠 = τ (2) Onde S, dado em termos de tensão efetiva: 𝑆 = c’ + 'tang (3) c’: Coesão efetiva, baseada na teoria de Mohr-Coulomb ': Ângulo de atrito efetivo, baseado na teoria de Mohr-Coulomb ': Tensão normal efetiva no plano de ruptura Substituindo (3) em (2): 𝐹𝑠 = 𝑐’ + σ𝑡𝑎𝑛𝑔 𝜏 (4) 10 Sabe-se que grande parte das análises de estabilidade de taludes utiliza o método das fatias (aduelas). Assim, em todos os métodos de equilíbrio limite, adota-se uma superfície potencial de ruptura para o cálculo do fator de segurança, o qual é obtido utilizando-se de uma ou mais, das seguintes equações de equilíbrio estático: ∑ Fv = 0 (5) ∑ Fh = 0 (6) ∑ Mₒ = 0 (7) . Dessa forma, o método de equilíbrio limite utiliza algumas ou todas as equações de equilíbrio para calcular valores médios da tensão cisalhante τ e da tensão normal σ ao longo da potencial superfície de ruptura, necessários para estimativa da resistência ao cisalhamento As equações de equilíbrio são aplicadas à massa de solo potencialmente instável, ou seja, a massa de solo delimitada pela superfície do talude e a superfície potencial de ruptura. Este cálculo é repetido até que seja encontrada a superfície potencial que possuir o fator de segurança de menor valor, chamada de superfície crítica. Em alguns métodos determinísticos, as tensões normais e as tensões de cisalhamento podem ser encontradas diretamente pelas equações de equilíbrio estático e utilizadas nas equações para se obter o fator de segurança. O cálculo das equações mencionadas é realizado dividindo o solo acima da linha de rotura em fatias de faces verticais como pode ser observado na Figura 03. Figura 3 – Divisão de taludes em fatias. 11 O método do estado equilíbrio limite se baseia na consideração de equilíbrio de várias aduelas por seções do talude, onde são consideradas forças entre as aduelas adjacentes como pode ser observado na Figura 4. Figura 4 – Forças de interação entre fatias. Dessa forma, o fator de segurança é determinado a partir das forças atuantes nas aduelas juntamente com as equações de equilíbrio. A Figura 5 apresenta uma fatia genérica com as forças que atuam sobre ela. Figura 5 – Forças atuantes em uma fatia genérica. 12 3.3. MÉTODOS DE ESTABILIDADE DE TALUDES Dessa forma, para o estudo em questão foi utilizado o software Geoslope que utiliza o método das aduelas, o qual se configura o estado limite de equilíbrio. Dentre os métodos determinísticos que baseiam o estado de equilíbrio limite estão: Fellenius (1936), Jandu (1954), Bishop (1955), Lowe and Karafiath (1960), Morgenstern e Price (1965), Spencer (1967), Sarma (1973), Corpo de engenheiros (1995), entre outros. Como pode ser observado na tabela 2 o método Spencer satisfaz todas as equações de equilíbrio estático, sendo considerado, portanto, um método rigoroso enquanto o método de Bishop satisfaz o equilíbrio de momento e apenas uma direção no equilíbrio das forças. A Figura 6 apresenta as características dos principais métodos de equilíbrio limite. Figura 6 – Condições de Equilíbrio Estático Satisfeita pelos métodos de Equilíbrio Limite Fonte: http://www.em.ufop.br/deciv/departamento/~romerocesar/Aula3PPT.pdf Portanto, para elaboração do trabalho em questão optou-se por utilizar o método de Bishop simplificado, uma vez que este apresenta resultados mais apurados quando comparados a outros métodos relacionados às derivações do método comum das fatias. 13 O método de Bishop foi apresentado em 1955, baseado no método das fatias. Neste método, o equilíbrio completo de forças e momentos é verificado. A partir deste foi desenvolvido um novo método, que adotou uma nova simplificação, conhecido como o método de Bishop simplificado. Essa nova simplificação considera que as forças de interação entre as fatias são horizontais e se anulam, desconsiderando as forças horizontais entre elas. O equilíbrio das forças é realizado na vertical, fazendo com que o método satisfaça a mais uma condição de equilíbrio, além do equilíbrio de momentos em relação ao centro do ponto médio da base da fatia. Na análise paramétrica e estudo de caso utilizou-se o método probabilístico de primeira ordem e segundo momento-FOSM para determinar a probabilidade de ruptura e índice de confiabilidade. Este método se baseia em truncamentos da série de Taylor para a função da variável dependente. Este por sua vez considera que o valor médio da variável dependente é calculado a partir dos valores médios das variáveis independentes. O desvio padrão é calculado a partir das variâncias dos parâmetros de entrada e das derivadas da variável dependente em relação a cada variável independente. Como vantagens estes métodos possuem uma formulação matemática mais simples; não requerem grandes esforços computacionais e permitem quantificar a influência de cada variável independente na variância da variável dependente. Como desvantagem, não obtêm uma distribuição completa da variável dependente devendo-se adotar hipóteses sobre esta distribuição. O valor da variância do coeficiente de segurança é obtido pela Equação 9. 𝛿𝐹𝑠𝑖 2 𝑉[𝐹𝑠] = Σ ( 𝛿𝑋𝑖 ) 𝑥 𝑉[𝑋𝑖] (9) 4. ANÁLISE PARAMÉTRICA Com a finalidade de se comprovar a importância da análise de diversos parâmetros no estudo da estabilidade de taludes realizou-se, nesta etapa, uma análise paramétrica de dois taludes hipotéticos. Esta análise teve por objetivo demonstrar a importância da análise de diversos parâmetros do solo por meios probabilísticos, e no caso aplicando-se o método de segunda ordem – FOSM. Posto isto, foram analisados dois casos hipotéticos, o primeiro 14 possuindo alto fator de segurança e também alta variabilidade e o outro caso possuindo menor fator de segurança, porém com baixa variabilidade. Primeiramente, definiu-se hipoteticamente que o material que comporia estes taludes seria a argila, e então, definiu-se os intervalos dos parâmetros mínimos e máximos reais de coesão, ângulo de atrito e peso específico. As tabelas 2 e 3 representam intervalos reais dos parâmetros de um solo argiloso (Maragon; M., 1996) Tabela 2 - Definição dos Parâmetros. Consistência Muito Mole Mole Média Rija Dura γ (t/m²) 1,3 1,5 1,7 1,9 >2,0 C (t/m²) 0 - 1,2 1,2 - 2,5 2,5 - 5 5,0 - 15, 0 >15, 0 ф° 0 0 0 0 0 E' (t/m²) 30 – 120 120 – 280 280 – 500 500 – 1500 > 1500 ѵ 0,4 a 0,5 Fonte: Valores UFMG fls. 47 Tabela 3 - Definição dos Parâmetros. Ângulo de atrito - ф ( ° ) IP (%) Kenney IPT - SP 30 - 38 10 30 - 35 26 - 34 20 27 - 32 20 - 29 40 20 - 25 18 - 25 60 15 - 17 Fonte: Valores UFMG fls. 47 Deste modo, para se realizar a análise paramétrica definiu-se características dos parâmetros do solo baseadas nos intervalos reais obtidos pela literatura mencionada para os dois taludes hipotéticos em estudo, os quais denominaremos de caso A e caso B. O caso A será composto de um talude predominantemente de argila com consistência mole, ângulo de atrito igual a 18º, coesão equivalente a 6KPa e peso específico de 13KN/m³. Para o caso B tem-se um talude predominantemente de argila com ângulo de atrito igual a 23º, coesão equivalente a 18KPa e peso específico de 17KN/m³. Vale ressaltar que as definições dos parâmetros do solo para ambos os casos foram baseadas na literatura mencionada com objetivo de se obter parâmetros com considerável variação quando comparados um ao outro. 15 As variâncias dos parâmetros foram, também, definidas hipoteticamente. Consequentemente, tem-se o caso A com baixa variabilidade (15%) em relação ao caso B (50%), como pode-se verificar na caracterização dos parâmetros dos taludes pela tabela 4 e tabela 5. Coesão ( C ) 6 Kpa Tabela 4 - Talude Caso A Ângulo de Atrito ( ф ) Peso Específico ( γ ) 18° 13 KN/m³ Variância 15% Tabela 5 - Talude Caso B Coesão ( C ) 18Kpa Ângulo de Atrito ( ф ) 23° Peso Específico ( γ ) 17 KN/m³ Variância 50% Definidos os parâmetros do solo para cada caso em questão, iniciou-se o estudo calculando o fator de segurança médio/crítico para cada talude pelo método determinístico. Para isto, utilizou-se o software Geoslope 2012 para cada um dos casos, entrando com os valores de coesão, ângulo de atrito e peso especifico no programa e, assim, obtendo-se seus respectivos fatores de segurança médios. Para o caso A, obteve-se um fator de segurança médio equivalente a 1,243, e para o caso B um fator médio de 2,02. Os gráficos abaixo foram gerados pelo software Geoslope 2012 e neles pode-se comprovar a obtenção destes coeficientes. Ou seja, obteve-se um fator de segurança para o talude B aproximadamente 1,63 vezes maior quando comparado ao caso A. Na figura 7 e figura 8 pode-se verificar a obtenção destes coeficientes. 16 Figura 7 - Fator de Segurança Médio para o Talude Caso A Figura 8 - Fator de Segurança Médio para o Talude Caso B Como mencionado, os casos A e B diferenciam-se pela variabilidade em seus respectivos coeficientes. 17 Para tanto, foram seguidas as recomendações do método de FOSM – Sandroni e Sayão -1992 – ou seja, realizou-se incrementos nos parâmetros do solo de 10% e configurou-se três situações distintas para cada caso, isto é, em uma primeira simulação no software variou-se em 10% a coesão mantendo-se fixos os parâmetros de ângulo de atrito e peso especifico. Posteriormente, variou-se em 10% o ângulo de atrito, sendo fixos os demais parâmetros e em seguida variou-se em 10% o peso especifico mantendo sem variação o parâmetro de coesão e ângulo de atrito. Estes procedimentos foram realizados separadamente para cada uma das situações, caso A e caso B. No total foram realizadas três simulações para cada um dos taludes pelo método probabilístico como pode-se observar na tabela 6 e tabela 7. Parâmetros C (Kpa) ø (°) γ (KN/m³) Tabela 6 – Processos no Software Geoslope 2012 – Caso A 1º Rodada - 2º Rodada - 3º Rodada Xi δXi Variação de Variação de Variação de C ø γ 6 0,6 6,6 6 6 18 1,8 18 19,8 18 13 1,3 13 13 14,3 FS novo 1,282 1,334 1,205 Tabela 7 - Processos no Software Geoslope 2012 - Caso B Parâmetros Xi δXi C (Kpa) 18 1,8 ø (°) 23 2,3 γ (KN/m³) 17 1,7 FS novo 1º Simulação Variação de C 2º Simulação Variação de ø 3º Simulação Variação de γ 19,8 23 17 2,104 18 25,3 17 2,157 18 23 18,7 1,947 À vista disto, obteve-se para cada simulação um fator de segurança com sua respectiva variância e pelo somatório destas foi encontrada uma variância total do fator de segurança e seu respectivo desvio padrão em cada um dos casos, expressa pelas tabelas 8 e 9. 18 Tabela 8 - Resultados de Variância e Desvio Padrão para os Taludes – Caso A Xi δXi C = 6KPa ø = 18° γ = 13KN/m³ 0,6 1,8 1,3 δFSi 0,039 0,0650 0,091 0,0506 -0,038 -0,0292 V[Fs] σ[Fs] V[Xi] (δFSi/δXi)² x V[Xi] = V[FS] 0,81 7,29 3,8025 0,0034 0,0186 0,0032 0,0253 0,1591 Tabela 9 - Resultados de Variância e Desvio Padrão para os Taludes – Caso B Xi δXi δFSi C = 18KPa 1,8 0,084 ø = 23° 2,3 0,137 γ = 17KN/m³ 1,7 -0,073 V[Fs] σ[Fs] 0,04667 0,05957 -0,0429 V[Xi] (δFSi/δXi)² x V[Xi] = V[FS] 81 132,25 72,25 0,1764 0,4692 0,1332 0,7789 0,8825 Com os resultados obtidos pôde-se analisar que o caso B possui um desvio padrão de aproximadamente 5,55 vezes maior que o desvio do caso A. Desta forma, deu-se continuidade à análise probabilística gerando-se uma curva gaussiana em função do fator de segurança, como se pode verificar pela figura 9. 19 Figura 9 - Função Gaussiana do Fator de Segurança A partir da curva gaussiana foi calculada a probabilidade de ruptura através da área abaixo da curva do gráfico a qual corresponde a fatores de segurança menores que 1. Assim, a probabilidade de ruptura encontrada nos taludes A e B foi de 8,44% e 11,91%, respectivamente. Conquanto, pode-se observar que o caso B apesar de possuir fator de segurança maior em relação à A possui também maior probabilidade de ruptura, caracterizando uma falsa sensação de segurança. Para se analisar a estabilidade dos taludes calculou-se, também, o índice de confiabilidade expresso pela Equação 1. Como pode-se observar na tabela 10, para o talude A obteve-se um índice de confiabilidade igual a 1,53 e para o talude B um índice equivalente a 1,16. Portanto, conclui-se que o talude A é mais seguro que o talude B, o que comprova a importância da análise de diversos fatores quando se trata da estabilidade em taludes. Tabela 10 - Probabilidade de ruptura e índice de confiabilidade Talude Caso A Caso B Fator de Segurança Médio 1,24 2,02 Índice de Confiabilidade (β) 1,53 1,16 Probabilidade de Ruptura (Pr) 8,44% 11,91% 20 Em vista disto, conclui-se que o caso A, apesar de possuir parâmetros mais baixos e fator de segurança médio menor em relação ao caso B torna-se mais estável por possuir menor variância em seus parâmetros e, consequentemente, menor probabilidade de ruptura. 5. ESTUDO DE CASO O estudo de caso foi realizado no talude rodoviário localizado no Anel de Contorno de Contorno Viário à 1,6 km do trevo de Içara, no município de Içara/SC, seguindo no sentido da rótula da rodovia SC – 444 que liga Criciúma/SC à Içara/SC, correspondendo às coordenadas UTM – Universal Transversa de Mercator E = 663.673,92; N = 6.823.888,74, datum SAD-69. Figura 10 – Localização do Talude em Estudo. Fonte: Retroanálise do movimento de massa em talude – Estudo de Caso (Savi; Clovis. Meller; Heloísa, 2013). O talude em questão possui altura de 65 metros e comprimento de 30 metros, este é composto por materiais distintos: a areia grossa e a areia média. As definições dos parâmetros de ângulo de atrito, peso específico e coesão estão representadas na tabela 11, bem como representação da superfície crítica do talude o qual foi analisado (Savi; Clovis. Meller; Heloísa, 2013). 21 Tabela 11 - Parâmetros do talude Rodavia SC - 444 Material Areia Grossa Areia Média Coesão (KN/m²) 0 7,04 Ângulo de Atrito ( ° ) 32,5 37,7 Peso Específico (KN/m³) 17,17 17,17 Por conseguinte, realizou-se a análise da estabilidade deste por meios probabilísticos, no caso pelo método de segunda ordem (FOSM), pela metodologia de Bishop com o auxílio do software Geoslope – 2012. A princípio, simulou-se o programa entrando com os parâmetros dos solos para que assim se determinasse o fator de segurança médio pelo método determinístico, e então, o fator de segurança médio resultou em FS = 1,52, como pode-se verificar na figura 11. Figura 11 - Fator de segurança médio pelo software Geoslope Para efetuar a análise probabilística fez-se necessário a determinação das variâncias dos parâmetros do solo e estas são obtidas por métodos estatísticos. No estudo de caso analisado, adotou-se as variâncias especificadas na tabela 12 (Assis; André, 2002). 22 Tabela 12- Valores Típicos do Coeficiente de Variação Coeficiente de Parâmetro Variação Coesão ( C ) 40 (20 a 80) Ângulo de Atrito ( ф ) 10 (04 a 20) Peso Específico ( γ ) 03 (02 a 08) Fonte: Métodos Estatísticos Probabilísticos em Geotecnia fl 15 No software Geoslope foram executadas 6 simulações, sendo cada uma delas com a variação de um dos parâmetros dos solos, areia media e areia grossa, como se pode certificar pela tabela 13. Material do Solo Areia Grossa Areia media Parâmetros C1 (Kpa) ø1 (°) γ1 (KN/m³) C2 (Kpa) ø2 (°) γ3 (KN/m³) FS novo Tabela 13 - Processos no Software Geoslope 2012: Talude SC - 444 1º Rodada - 2º Rodada - 3º Rodada - 4º Rodada - 5º Rodada - 6º Rodada Xi δXi Variação de Variação de Variação de Variação de Variação de Variação de C1 ø1 γ1 C2 ø2 γ2 0 0 0 0 0 0 0 0 32,5 3,25 32,5 35,75 32,5 32,5 32,5 32,5 17,7 17,7 17,7 19,47 17,7 17,7 17,7 1,77 7,04 37,7 17,7 0,704 3,77 1,77 7,04 37,7 17,7 1,52 7,04 37,7 17,7 1,519 7,04 37,7 17,7 1,476 7,744 37,7 17,7 1,546 7,04 41,47 17,7 1,697 7,04 37,7 19,47 1,534 Posteriormente, realizou-se o cálculo da variância do fator de segurança, bem como seu desvio padrão para se gerar a curva gaussiana em função do fator de segurança. A tabela 14 representa os valores obtidos para o desvio padrão e a figura 12 demonstra o resultado da curva Gaussiana. Tabela 14 - Talude Rodovia SC - 444 Parâmetro Xi C1 (Kpa) ø1 ( ° ) γ1 C2 ø2 ( ° ) γ2 0 32,5 17,7 7,04 37,7 17,7 δXi δFSi V[Xi] (δFSi/δXi)² x V[Xi] = V[FS] 0,0000 0,0000 0,0000 3,2500 -0,0010 -0,0003 1,7700 -0,0440 -0,0249 0,7040 0,0260 0,0369 3,7700 0,1770 0,0469 1,7700 0,0140 0,0079 V[Fs] σ[Fs] 0,00 10,56 0,50 7,93 14,21 0,50 0,0000 0,0000 0,0003 0,0108 0,0313 0,0000 0,0425 0,2061 23 Figura 12 - Fator de segurança médio pelo software Geoslope A partir da curva probabilística calculou-se a probabilidade de ruptura de 0,8%, sendo esta a área abaixo da curva com fator de segurança menor que 1, tal como seu índice de confiabilidade equivalente a 2,54, o qual foi obtido de acordo com a Equação 1. Estes dados estão representados pela Tabela 15. Tabela 15- Valores obtidos pelo método determinístico Bishop FS 1,52 β 2,52 PR (%) 0,80 Dos resultados da Tabela 15, nota-se que o valor da probabilidade de ruptura depende do método de cálculo do fator de segurança. Isto se justifica pela diferente contribuição relativa de cada parâmetro na probabilidade de ruptura indicada pelo método de cálculo probabilístico utilizado (Método FOSM). Pela Tabela 1 pode-se enquadrar o talude em estudo à categoria 1 por se tratar de um talude rodoviário, ou seja, por possuir um fator de segurança maior que 1,0 e probabilidade de ruptura menor que 10% este atende às especificações recomendadas, uma vez que possui Fs igual a 1,52 e Pr de 0,80%. 24 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Sabe-se que a estabilidade é um fator de extrema importância para construção de um talude. Assim sendo, métodos determinísticos e probabilísticos foram utilizados para a obtenção do fator de segurança, índice de confiabilidade e probabilidade de ruptura do talude, sendo estes fundamentais para que se atinja a segurança em taludes. A análise paramétrica realizada neste trabalho teve como objetivo comparar dois taludes, A e B, onde um continha pouca variabilidade em seus parâmetros e o outro com alta variabilidade, respectivamente. Deste modo, constatou-se que apesar do talude A possuir um fator de segurança médio menor em relação à B, aquele se tornou mais estável por possuir um menor desvio padrão e, assim, menor probabilidade de ruptura e maior índice confiabilidade. Baseado no estudo do comportamento de um talude foi obtido um fator de segurança de 1,52 indicando que o talude em questão está seguro, uma vez que o seu fator de segurança é maior que 1 e sua probabilidade de ruptura menor que 10%, sendo este enquadrado na categoria 1 pela Tabela 1. Sugere-se, portanto, que durante a execução da estrutura seja necessário analisar não apenas o fator de segurança isoladamente, como também as incertezas e variabilidades nos parâmetros do solo, determinando-se a probabilidade de ruptura e o índice e confiabilidade. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, André P.. Métodos Estatísticos e Probabilísticos em Geotecnia. 2002. 189 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, 2002. Cap. 9. Bishop, A. W. (1955) The use of the slip circle in the stability analysis of slopes. Geotechnique, vol. 5, no. 1, 91-128. COSTA, E. A. Avaliação de Ameaças e Risco Geotécnico Aplicados à Estabilidade de Talude. 2005. 159f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Prorama de pós-Grasuação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Dell’Avanzi, E. (1995) Confiabilidade e probabilidade em análises de estabilidade de taludes. Tese de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUCRio, 135 p. Dell’Avanzi, E., SAYÃO, A.S.F.J. (1998) Avaliação da Probabilidade de Ruptura de Taludes, 11o Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, ABMS, Brasília, vol. 2, 1289-1296. 25 GOMES, Romero César (Ed.). Método das Fatias das Análises de Estabilidade. 2005. Disponível em: <http://www.em.ufop.br/deciv/departamento/~romerocesar/Aula3PPT.pdf>. Acesso em: 12 out. 2016. MELLER, Heloisa da Silva; SAVI, Clóvis Norberto. Retroanálise Do Movimento De Massa Em Talude – Estudo De Caso. 2013. Disponível em: <file:///C:/Users/uc12106440/Downloads/Estudo de caso - talude final (1).pdf>. Acesso em: 07 nov. 2016. U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS (1999), Risk-Based Analysis in Geotechnical Engineering for Support of Planning Studies, Engineering Technical Letter ETL 11102-556, Department of the Army, Washington, DC 20314-1000.