PROPAGAÇÃO DO TAMARINDEIRO - BDTD

Propaganda
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FITOTECNIA
GLÊIDSON BEZERRA DE GÓES
PROPAGAÇÃO DO TAMARINDEIRO (Tamarindus indica L.) E DA
PITOMBEIRA (Talisia esculenta Raldk) POR ENXERTIA
MOSSORÓ-RN
2011
GLÊIDSON BEZERRA DE GÓES
PROPAGAÇÃO DO TAMARINDEIRO (Tamarindus indica L.) E DA
PITOMBEIRA (Talisia esculenta Raldk) POR ENXERTIA
Dissertação
apresentada
à
Universidade Federal Rural do
Semiárido, como parte das exigências
para obtenção do título de Mestre em
Agronomia: Fitotecnia.
ORIENTADOR:
PROF. D. SC. VANDER MENDONÇA
MOSSORÓ-RN
2011
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da
Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA
G598p
Góes, Glêidson Bezerra de.
Propagação do tamarindeiro (Tamarindus indica L.) e da pitombeira (Talisia
esculenta Raldk) por enxertia. / Glêidson Bezerra de Góes. – Mossoró, RN:
2011.
73f.: il.
Dissertação (Mestrado em Fitotecnia: Área de concentação:
Fruticultura) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de
Pós-Graduação.
Orientador: Prof.º Dr. Sc. Vander Mendonça
1. Produção de muda. 2. Frutíferas exóticas e nativas. 3. Qualidade de
mudas. I. Título.
CDD: 634.46
Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo
CRB-5/1033
GLÊIDSON BEZERRA DE GÓES
PROPAGAÇÃO DO TAMARINDEIRO (Tamarindus indica L.) E DA
PITOMBEIRA (Talisia esculenta Raldk) POR ENXERTIA
Dissertação
apresentada
ao
Programa de Pós-Graduação em
Fitotecnia da Universidade Federal
Rural do Semiárido – UFERSA,
como parte dos requisitos para a
obtenção do Grau de Mestre em
Agronomia: Fitotecnia.
APROVADA EM: 04/02/2011.
Aos meus pais, José Basílio (in
memoriam) e Maria Salete, que me
ensinaram
a
importância
da
responsabilidade,
persistência
e
humildade, indispensáveis para minha
formação como ser humano.
Dedico
Aos meus irmãos Silvia, Cilene e
Gilton, que sempre incentivaram e
apoiaram incondicionalmente meu
desenvolvimento.
Ofereço
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelas oportunidades que me foram dadas na vida, pelos dons e
habilidades confiados a mim;
À Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) e ao curso de Pósgraduação em Fitotecnia, e a todos os seus funcionários; pelas oportunidades
concedidas para meu desenvolvimento pessoal e profissional;
Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), pela concessão da bolsa de
Mestrado;
À minha família, em especial a minha mãe Maria Salete Bezerra de Góes,
por todo amor e carinho que me dedicou no decorrer da minha vida, pelo estímulo
e apoio incondicional desde a primeira hora; pela paciência e sensatez com que
sempre me ajuda, exemplo de garra, fé, doação e humildade;
Às minhas irmãs Silvia Bezerra e Antônia Cilene, por todo o carinho,
preocupação, incentivo e suporte que tem me dedicado; exemplos de força,
trabalho e inteligência;
A meu irmão Gilton Bezerra e minha cunhada Danila, pelos estímulos e
apoio que me concederam;
Às minhas sobrinhas Marina e Maíra, pela alegria que trouxeram às nossas
vidas;
À minha namorada Isabel Giovanna por todo o amor, compreensão e apoio;
Aos funcionários do setor de produção de mudas, em especial ao Juruna e
ao senhor João; pelo auxílio na realização deste trabalho, conhecimento
compartilhado e amizade;
Ao professor D. Sc. Vander Mendonça pela orientação, amizade,
conselhos, ensinamentos, preocupação e tempo que tem me dedicado durante essa
fase;
Ao D. Sc. Oscar Mariano Hafle, pela participação na banca examinadora
deste trabalho e pelas valiosas considerações e sugestões;
Ao D. Sc. Eudes Almeida Cardoso, pelas contribuições, sugestões e
atenção dispensada à realização deste trabalho;
Aos colegas da pós-graduação, pela excelente relação pessoal, pelas
conversas e momentos de descontração, pela espontaneidade e alegria na troca de
informações, cujas lembranças me acompanharão ao longo de minha vida;
Ao Professor Neyton Miranda pela amizade, ensinamentos e incentivos que
tem me dedicado;
Aos amigos Romeu, Widjaime, Django, Mauro, Eugênia, Wallace, Jean
Declyer, Wigder Junior, Fernando, Carlos Jonethyson, pelo companheirismo, pelos
momentos de descontração e incentivos;
Aos colegas de trabalhos de pesquisas, em especial aos que fazem o grupo
de pesquisa em fruticultura da UFERSA, pela contribuição na formação científica,
pelo companheirismo, incentivo e votos de confiança que tem me dado;
Enfim, agradeço a todos os que contribuíram, direta ou indiretamente, na
minha formação pessoal e profissional.
Muito Obrigado!
“Deus dará a vida eterna aos que, com
perseverança em fazer o bem, procuram
glória, honra e incorrupção”
Romanos 2:7
RESUMO GERAL
GÓES, Glêidson Bezerra de. Propagação do tamarindeiro (Tamarindus indica
L.) e da pitombeira (Talisia esculenta Raldk) por enxertia. 2011. 73f.
Dissertação (Mestrado em Agronomia: Fitotecnia) – Universidade Federal Rural do
Semiárido (UFERSA), Mossoró-RN, 2011.
Devido às amplas perspectivas de mercado para as culturas do tamarindeiro e
pitombeira, torna-se indispensável a avaliação de métodos que permitam a
propagação em escala comercial. Diante disso, foram desenvolvidos dois
experimentos em casa de vegetação, localizada no Campus da Universidade
Federal Rural do Semiárido – UFERSA, situada na cidade de Mossoró-RN, no
período de janeiro de 2009 a junho de 2010, com o objetivo de determinar o melhor
método de enxertia para a produção de mudas de tamarindeiro e de pitombeira.
Foram estudados os tipos de enxertia: garfagem no topo em fenda cheia, garfagem
no topo à inglesa simples, garfagem no topo à inglesa complicada, garfagem em
fenda lateral e borbulhia em placa. O delineamento utilizado nos experimentos foi
o de blocos casualizados, com cinco tratamentos (tipos de enxertia). O experimento
com tamarindeiro foi constituído por sete repetições, sendo cada parcela composta
por 14 mudas, num total de 98 por tratamento, perfazendo 490 no experimento.
Foram avaliadas as variáveis: percentagem de pegamento dos enxertos,
comprimento da parte aérea, comprimento do sistema radicular, comprimento de
ramos, número de folhas, número de ramos, diâmetro do colo, matéria seca da
parte aérea, matéria seca do sistema radicular, matéria seca total. Os dados obtidos
foram submetidos à analise de variância e comparados através do teste de Tukey ao
nível de 5% de significância utilizando o software SISVAR. Os índices de
pegamento dos enxertos foram submetidos à transformação angular do arcsen
√x/100, e os dados de número de ramos em √x + 0,5. Para fins da realização da
estatística, o tratamento de borbulha em placa foi desconsiderado, tendo em vista
que este tratamento apresentou índice zero de pegamento. Os métodos garfagem no
topo em fenda cheia, garfagem no topo à inglesa complicada e garfagem no topo à
inglesa simples são, respectivamente, os melhores métodos de enxertia para o
tamarindeiro. O ensaio com pitombeira foi realizado com quatro repetições sendo
cada parcela composta por vinte mudas, num total de 400 mudas no experimento,
no qual foi verificado índice zero de pegamento dos enxertos.
Palavras-chave: Produção de muda. Frutíferas exóticas e nativas. Qualidade de
mudas.
GENERAL ABSTRACT
GÓES, Glêidson Bezerra de. Propagation of tamarind (Tamarindus indica L.) and
pitombeira (Talisia esculenta Raldk) by grafting. 2011. 73f. Dissertation (Master in
Agronomy: Plant Science) – Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA),
Mossoró, RN, 2011.
Due to the broad market prospects for crops in tamarind and pitombeira, it becomes
essential the evaluation of methods that permit the propagation on a commercial
scale. Considering this, two experiments were organized in a greenhouse, located
in the Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA, located in the town of
Mossoró, RN, from January 2009 until June 2010, with the objective of
determining the best grafting method for the production of seedlings of tamarind
and pitombeira. We studied the types of grafting: grafting in top cleft, cleft grafting
in the top “simple English way”, grafting in the top “complicated English way”,
grafting budding side and plate cleft. The design used in the experiments was a
randomized complete block with five treatments (grafting types). The experiment
with tamarind had seven repetitions; each parcel consisted of 14 seedlings, a total
of 98 per treatment, adding 490 in the experiment. Variables were evaluated:
percentage of grafting success, shoot length, root length, branch length, number of
leaves, number of branches, stem diameter, shoot dry matter, root dry matter, Total
matter dry. The data were subjected to analysis of variance and compared through
the Tukey test at 5% significance using the software SISVAR. The rates of graft
takes were submitted to angular transformation of arcsen √ x/100, and data on the
number of branches in √ x + 0.5. In order to promote the statistic, treatment of
pimple on board was disregarded, considering that this treatment has zero index of
plant take. The grafting methods in top cleft, cleft grafting in the English top
grafting complicated and simple English way in the top, are respectively the best
methods of grafting for the tamarind. The test was conducted with pitombeira with
four replications and each plot was composed of twenty seedlings in a total of 400
seedlings on the experiment, in which was observed zero rate of grafting take.
Keywords: Plant seedling production. Exotic and native fruit. Plant seedlings
quality.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1- Quadrados médios da análise de variância para percentagem de
pegamento (% pegamento); comprimento da parte aérea (CPA); comprimento
de sistema radicular (CSR); comprimento de ramo (CRM); número de folhas
(NF); número de ramos (NR); diâmetro de caule (DC); massa seca da parte
aérea (MSPA); massa seca do sistema radicular (MSSR) e massa seca total
(MST) de mudas enxertadas de tamarindeiro. UFERSA, Mossoró-RN, 2010. ...... 46
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Percentagem de pegamento (% pegamento) em função dos
métodos de enxertia inglesa simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia
(FC) e garfagem lateral (GL), na produção de mudas enxertadas de
tamarindeiro. Mossoró-RN, 2010 ........................................................................ 47
FIGURA 2 - Número de ramos por muda (NR) em função dos métodos de
enxertia inglesa simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e
garfagem lateral (GL), na produção de mudas enxertadas de tamarindeiro.
Mossoró-RN, 2010. ............................................................................................. 49
FIGURA 3 - Comprimento da parte aérea (CPA) em função dos métodos de
enxertia inglesa simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e
garfagem lateral (GL), na produção de mudas enxertadas de tamarindeiro.
Mossoró-RN, 2010. ............................................................................................. 51
FIGURA 4 - Número de folhas (NF) em função dos métodos de enxertia inglesa
simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e garfagem lateral (GL),
na produção de mudas enxertadas de tamarindeiro. Mossoró-RN, 2010. .............. 53
FIGURA 5 - Diâmetro de caule (DC) em função dos métodos de enxertia
inglesa simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e garfagem
lateral (GL), na produção de mudas enxertadas de tamarindeiro. Mossoró-RN,
2010.................................................................................................................... 54
FIGURA 6 - Massa seca do sistema radicular (MSSR) em função dos métodos
de enxertia inglesa simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e
garfagem lateral (GL), na produção de mudas enxertadas de tamarindeiro.
Mossoró-RN, 2010.............................................................................................. 55
SUMÁRIO
CAPITULO 1 - PRINCIPAIS ASPECTOS RELACIONADOS À
PRODUÇÃO DE MUDAS DE TAMARINDEIRO E PITOMBEIRA........... 14
1 INTRODUÇÃO GERAL......................................................................... 14
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................ 16
2.1 CULTURA DO TAMARINDEIRO ......................................................... 16
2.1.1 Taxionomia e origem do tamarindeiro .................................................... 16
2.1.2 Descrição Morfofisiológica .................................................................. 16
2.1.3 Utilidades ........................................................................................... 17
2.1.4 Clima e solo ....................................................................................... 18
2.2 CULTURA DA PITOMBEIRA ............................................................... 18
2.2.1 Origem e Taxionomia .......................................................................... 18
2.2.2 Descrição Morfofisiológica .................................................................. 18
2.2.3 Utilidades ........................................................................................... 19
2.2.4 Clima e solo ....................................................................................... 19
2.3 PROPAGAÇÃO .................................................................................... 20
2.4 PROPAGAÇÃO SEXUADA .................................................................. 20
2.5 PROPAGAÇÃO ASSEXUADA .............................................................. 21
2.6 ENXERTIA .......................................................................................... 23
2.7 METODOS DE ENXERTIA ................................................................... 25
2.7.1 GARFAGEM...................................................................................... 26
2.7.2 GARFAGEM NO TOPO EM FENDA CHEIA ....................................... 26
2.7.3 GARFAGEM NO TOPO À INGLESA SIMPLES ................................... 27
2.7.4 GARFAGEM NO TOPO À INGLESA COMPLICADA .......................... 27
2.7.5 GARFAGEM EM FENDA LATERAL .................................................. 28
2.7.6 BORBULHIA ..................................................................................... 28
2.7.8 BORBULHIA EM PLACA .................................................................. 29
2.8 PROPAGAÇÃO DO TAMARINDEIRO .................................................. 30
2.9 PROPAGAÇÃO DA PITOMBEIRA........................................................ 30
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 31
CAPITULO 2 - MÉTODOS DE ENXERTIA NA PRODUÇÃO DE MUDAS
DE TAMARINDEIRO (Tamarindus indica L.)............................................ 37
RESUMO .................................................................................................. 37
ABSTRACT .............................................................................................. 38
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 39
2 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 41
2.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA .............................. 41
2.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS ...................... 41
2.3 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO ........................................................ 41
2.4 CARACTERÍSTICAS AVALIADAS ...................................................... 43
2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA...................................................................... 44
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 45
4 CONCLUSÕES ...................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 58
CAPITULO 3 - MÉTODOS DE ENXERTIA NA PRODUÇÃO DE MUDAS
DE PITOMBEIRA (Talisia esculenta Raldk) .............................................. 63
RESUMO .................................................................................................. 63
ABSTRACT .............................................................................................. 64
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 65
2 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 66
2.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA .............................. 66
2.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS ...................... 66
2.3 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO ........................................................ 66
2.4 CARACTERÍSTICA AVALIADA .......................................................... 68
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 69
4 CONCLUSÃO ........................................................................................ 71
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 72
CAPÍTULO 1
PRINCIPAIS ASPECTOS RELACIONADOS À PRODUÇÃO DE MUDAS
DE TAMARINDEIRO E PITOMBEIRA
1 INTRODUÇÃO GERAL
O Nordeste brasileiro apresenta condições climáticas favoráveis ao cultivo de
diversas espécies frutíferas de clima tropical, o que é demonstrado pela expressiva
diversidade de espécies nativas e exóticas encontradas na região.
Algumas espécies, pelas quais o interesse por parte da indústria vem
aumentando, como o tamarindeiro e a pitombeira, no entanto, ainda são exploradas
através do extrativismo ou em pomares domésticos, sem utilização de tecnologia.
Ainda são escassos na literatura estudos relacionados às principais técnicas
agronômicas a ser empregadas no cultivo comercial dessas espécies, entre elas a
produção de mudas, que é um fator de fundamental importância, por influenciar em
todo o período de exploração da cultura.
Um dos maiores problemas encontrados nos viveiros de plantas frutíferas é o
alto custo de produção das mudas. Isso se deve, em parte, ao tempo de
desenvolvimento das plantas e, consequentemente, ao elevado gasto com insumos
(defensivos e fertilizantes), mão de obra e equipamentos.
A produção de mudas de qualidade, sadias e bem desenvolvidas é um fator
de extrema importância para qualquer cultura, principalmente para aquelas que
apresentam caráter perene, como é o caso do tamarindeiro e da pitombeira. Quando
esta etapa é bem conduzida, tem-se uma atividade mais sustentável, com maior
produtividade e menor custo, constituindo um dos principais fatores de sucesso na
formação de um pomar.
A propagação das plantas pode ser realizada através de sementes ou
vegetativamente, que é a forma mais recomendada para plantas frutíferas, pois
possibilita a manutenção das boas características de produção, qualidade do fruto,
precocidade e sanidade das plantas.
14
A propagação por sementes em frutíferas é usada quando os meios de
propagação vegetativa não são possíveis, como para o coqueiro; ou quando não
traz muitos problemas ao seu cultivo, como para o mamoeiro e o maracujazeiro.
A propagação vegetativa apresenta como peculiaridade a possibilidade da
produção de mudas de plantas matrizes com características agronômicas de grande
interesse, e que dificilmente seriam reunidas em uma cultivar propagada por
sementes.
Entre os métodos de propagação vegetativa, a enxertia destaca-se pela
possibilidade de: perpetuar clones que não podem ser facilmente propagados por
outros métodos, obtenção de benefícios do portaenxerto, mudança de cultivar em
plantas adultas, substituição do portaenxerto, vigor da planta, precocidade da
produção, qualidade de frutos, produtividade (JACOMINO, 2008).
Assim, objetivou-se com este trabalho buscar informações a respeito dos
principais métodos de enxertia, que permitissem viabilizar a produção de mudas de
tamarindeiro e pitombeira em escala comercial, determinando o melhor método de
enxertia na produção de mudas daquelas culturas.
15
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CULTURA DO TAMARINDEIRO
2.1.1 Taxionomia e origem do tamarindeiro
O tamarindeiro, também chamado tamarineiro – pertence à classe
Dicotyledoneae, família Leguminosae, tem nome científico Tamarindus indica L.
Originário da Savana da África, o tamarindeiro se dispersou por todas as
regiões tropicais, sendo cultivado, explorado e exportado principalmente pela
Índia. Os indivíduos que crescem nos trópicos derivam de sementes coletadas ao
acaso na África e na Índia, as quais são, portanto, destituídas de melhoramento
genético. Ainda assim, o tamarindeiro desponta como cultura atrativa e de grande
futuro comercial (SEAGRI, 2010).
No Brasil, as plantas foram introduzidas a partir da Ásia, mostrando-se
naturalizadas e subespontâneas em vários estados, além de serem cultivadas em
quase todos. Mesmo não sendo nativo do Nordeste, o tamarindeiro, devido à sua
grande adaptação, é considerado como planta frutífera típica dessa região, mas, em
termos técnicos, pouco se conhece do cultivo no Nordeste e em outras regiões
cultiváveis (PEREIRA et al., 2007).
2.1.2 Descrição Morfofisiológica
É uma árvore frutífera e bastante decorativa, de crescimento lento e de
longa vida, sua altura pode alcançar 25 m. Seu tronco apresenta circunferência de
7,5 m, divide-se em numerosos ramos curvados, formando copa densa, ornamental,
com diâmetro de coroa de 12m. As folhas são sensitivas (fecham por ação do frio),
com coloração verde-clara, compostas, pinadas, alternas, glabras, consistindo em
10 a 18 pares de folíolos oblongos opostos de 12 a 25 mm. As flores são
hermafroditas, de coloração quase branca ou amarelada, agrupadas em pequenos
cachos axilares; nos ápices dos ramos possuem pedúnculos pequenos, dotados de
cinco pétalas (duas reduzidas) amarelas ou levemente avermelhadas (com estrias
rosadas ou roxas). Os botões florais são distintamente cor-de-rosa, devido à cor
exterior de quatro sépalas que são escorridas quando a flor se abre (SEAGRI, 2010;
16
PEREIRA et al., 2007).
O fruto é uma vagem indeiscente, achatada, oblonga nas extremidades, reta
ou curva, com 5 a 15 cm de comprimento, com casca pardo-escura, lenhosa e
quebradiça e cor castanho escura (TRZECIAK et al., 2007). As sementes, em
números de 3 a 8, estão envolvidas por uma polpa parda e ácida, a qual contém
açúcares (33%), ácido tartárico (11%), ácido acético e ácido cítrico (SEAGRI,
2010).
2.1.3 Utilidades
Difundido e cultivado há séculos no Brasil, o tamarindeiro é uma árvore
que, devido à grande beleza e produção de sombra, é muito apreciada como
ornamental e para urbanização, nas cidades e estradas (TRZECIAK et al., 2007).
Praticamente todas as partes da planta possuem utilidade na medicina
popular, e apresentam inúmeras aplicações terapêuticas em humanos, dentre elas o
uso como digestivo, calmante, laxante, expectorante e tônico sangüíneo
(KOMUTARIN et al., 2004).
O tamarindeiro possui polpa agridoce e de textura fibrosa, a qual é usada
no preparo de doces, sorvetes, licores, refrescos, sucos concentrados e ainda como
tempero para arroz, carne, peixe e outros alimentos (SOUSA, 2008).
As sementes, ricas em aminoácidos sulfurados, são fonte de proteínas,
podendo ser utilizadas como componentes de um regime protéico à base de cereais.
No entanto, sua baixa digestibilidade dificulta sua utilização na alimentação
humana. Ao natural, servem de forragem para animais domésticos; e, quando
processadas, são utilizadas como estabilizantes de sucos, de alimentos
industrializados e como goma (cola) para tecidos ou papel. O óleo extraído delas é
alimentício e de uso industrial (TRZECIAK et al., 2007).
O cerne da madeira é de excelente qualidade e pode ser usado para
diversas finalidades; forte e resistente à ação de cupins, presta-se bem para
fabricação de móveis, brinquedos, pilões, e preparo de carvão vegetal (SEAGRI,
2010).
17
2.1.4 Clima e solo
A planta se desenvolve bem nos mais diferentes tipos de solos, mesmo nos
mais degradados. Contudo, o período sem produção dura por volta de 12 anos e o
tamarindeiro sobrevive por um século ou mais (PATHAK et al., 1991).
Quanto ao clima, a planta pode ser cultivada em regiões tropicais úmidas
ou áridas; a temperatura média anual deve estar em 25ºC, e as chuvas anuais entre
600 e 1500 mm. A planta requer boa intensidade de luz e é sensível ao frio; adaptase melhor em solos profundos, bem drenados, com pH entre 5,5 e 6,5, e de
preferência areno-argilosos. Devem ser evitados solos pedregosos e sujeitos a
encharcamento (SEAGRI, 2010).
2.2 CULTURA DA PITOMBEIRA
2.2.1 Origem e Taxionomia
A pitombeira (Talisia esculenta, Raldk) – árvore da família das
sapindáceas, nativa da região amazônica – é encontrada no Brasil, Colômbia, Peru,
Paraguai e Bolívia, e também é chamada de pitomba-da-mata e olho-de-boi. O
nome pitombeira se aplica também a outras espécies do mesmo gênero, como T.
cerasina, T. cupularis e T. acutifolia, todas originárias da Amazônia (BIOMANIA,
2009).
2.2.2 Descrição Morfofisiológica
A pitombeira é uma árvore de 5 a 15m de altura, muito frondosa, fuste
cilíndrico, estriado, acinzentado ou escurecido, com ramos cilíndricos e estriados
(GUARIM NETO, 2003; SILVA, 1994). Folhas alternas, paripenadas, compostas
de folíolos glabros, oblongos, flores perfumadas, brancas, e dispostas em cachos
terminais, abrem-se de agosto a outubro. A frutificação de T. esculenta ocorre de 5
a 10 anos após o plantio. Os cachos, com uma média de 10 a 20 frutos,
18
amadurecem a partir de dezembro. A colheita se concentra entre janeiro e março.
Cada fruta madura tem até 2,5 cm de diâmetro, com um ou dois caroços. O fruto é
uma drupa pequena, globosa, glabra, de casca amarelo-acinzentada, dura e
quebradiça, caroço grande e oblongo, coberto de arilo branco, agridoce, saboroso,
muito apreciado (GOMES, 2007). Sementes alongadas, testa avermelhada in vivo,
escura quando seca, envolvida por um arilo róseo-esbranquiçado, comestível,
cotilédones espessos, quase iguais, superpostos (GUARIN NETO et al., 2003).
2.2.3 Utilidades
Da pitombeira, são usados tanto os frutos como as cascas, folhas e a
madeira. Os frutos dessas plantas têm grande aceitação entre a população
nordestina. Essa frutífera não possui, porém, cultivo organizado, sendo a sua
produção oriunda de quintais ou concentrações de plantas em ambientes naturais. A
polpa é utilizada in natura, e na fabricação de compotas, geléias e doces (SILVA et
al., 1994). A colheita ocorre nos meses de março e abril, quando a comercialização
proporciona valorização e divulgação da pitomba nas feiras livres, nos mercados,
supermercados e nas ruas, uma vez que é uma espécie cujo valor econômico é
considerável para as regiões Norte e Nordeste do país (SILVA et al., 2004). É
indicada para o plantio em áreas degradadas de preservação permanente. Segundo
Lorenzi (1992), a madeira é empregada para obras internas na construção civil,
como forros, molduras, batentes, tábuas para assoalho, para carpintaria e caixotaria.
As cascas e folhas contêm tanino, e a seiva é ictiotóxica (CORRÊA, 1974).
Segundo Prance e Silva (1975), as sementes são tidas como antidiarréicas e
usadas como adstringentes. O chá das sementes é utilizado para amenizar os
problemas de desidratação. Por outro lado, o chá das folhas é indicado para as
“dores de cadeira” e para os problemas renais (GUARIM NETO, 1987; 1996).
2.2.4 Clima e solo
19
A pitombeira cresce bem em zonas de clima quente e temperado-quente,
úmidos. A temperatura média anual oscilando em torno de 19ºC e 25ºC, conforme
altitude, com pluviosidade média anual superior a 1000 mm. Trata-se de uma
árvore extremamente rústica, pouco exigente quanto a solos. Cresce bem em solos
profundos, permeáveis e bem drenados (GOMES, 2007).
2.3 PROPAGAÇÃO
A propagação é a multiplicação controlada das plantas pelos métodos
sexuais e assexuais, com a finalidade de aumentar o número de indivíduos e
preservar as características desejáveis (FRANCO et al., 2009). A propagação
vegetativa ou assexuada é de grande importância quando se deseja multiplicar um
genótipo que é altamente heterozigoto, e que apresenta características consideradas
superiores, as quais se perdem quando propagadas por sementes (PAIVA E
GOMES, 2001).
A propagação por sementes, apesar de aumentar a variabilidade nas
progênies resultantes (importante para o melhoramento e sobrevivência das
espécies), é a mais eficiente e mais utilizada nas espécies cultivadas de cereais,
olerícolas e florestais. A propagação vegetativa deve ser usada na maioria das
fruteiras perenes, especialmente naquelas de polinização cruzada (SOUZA et al.,
1999). Cada planta, individualmente produzida por meio vegetativo, é, na maioria
das vezes, geneticamente idêntica à planta-mãe, constituindo-se, assim, o motivo
da aplicação desse método (PAIVA E GOMES, 2001).
Para obter sucesso na propagação, é fundamental conhecer importantes
aspectos da planta, tais como: manipulações mecânicas e procedimentos técnicos,
ou seja, como enxertar ou preparar estacas; compreender a estrutura e a forma de
desenvolvimento da planta através da botânica, horticultura, genética e fisiologia
da planta; e entender as diferentes espécies vegetais e os distintos métodos pelos
quais é possível viabilizar a sua propagação (ARAÚJO et al., 2000).
2.4 PROPAGAÇÃO SEXUADA
20
Este método de propagação envolve a união do gameta masculino (o grão
de pólen) com o gameta feminino (o óvulo), a fim de formar a semente (PAIVA E
GOMES, 2001). O processo baseia-se na divisão celular meiótica, na qual o
número de cromossomos das células reprodutivas é reduzido à metade, para formar
os gametas: oosfera e o grão de pólen. A divisão meiótica é de fundamental
importância para a geração da variabilidade, por meio da divisão reducional e
independente dos cromossomos e por meio de Crossing over. Durante a divisão
meiótica, os cromossomos homólogos pareados trocam pares entre si, aumentando
a variabilidade genética (BORÉM, 1998).
A propagação de plantas normalmente é realizada através de sementes, por
ser um método mais simples e seguro, formando-se plantas vigorosas e de maior
longevidade, dotadas de sistema radicular abundante e profundo. Essas plantas
inicialmente são livres de doenças, permitindo-se assim a obtenção de novas
variedades, formação de bancos de germoplasma, gerando mudas de baixo custo de
produção (MANICA et al., 2003). No entanto, por esse método não se tem a
certeza de que os indivíduos formados, devido à recombinação gênica, mantenham
as mesmas características selecionadas das plantas parentais; acarretando, desse
modo: grande variabilidade nas plantas e nos frutos, ocorrência de árvores com
vigor excessivo e maior altura, retardamento da produção (devido ao longo período
improdutivo causado pela juvenilidade), além de produtividade irregular, colheita
difícil, demorada e de elevado custo.
Muitas plantas, entretanto, devem ou podem ser propagadas por sementes,
mas quase sempre é desvantajoso. A propagação via sementes é realizada na
produção de mudas do tipo pé-franco ou portaenxertos, quando os meios de
propagação vegetativa não são possíveis, e em programas de hibridação visando à
obtenção de novas variedades.
2.5 PROPAGAÇÃO ASSEXUADA
A propagação assexuada baseia-se na totipotencialidade das células
somáticas, ou seja, na capacidade de cada célula conter toda a informação genética
21
para gerar um novo indivíduo, e na capacidade de regeneração dos tecidos vegetais
baseados exclusivamente na mitose. Por essas razões, na propagação assexuada não
ocorre segregação genética, o que garante a transmissão fiel de todos os caracteres
da planta-matriz (ARAÚJO et al., 2000).
A totipotência não se manifesta da mesma maneira em todas as espécies de
plantas, sendo mais ou menos intensa nos diferentes tipos de células, e sendo
ativada por diferentes condições, dependendo da espécie. A excepcional
capacidade de regeneração dos tecidos vegetais permite também que se unam
partes de dois indivíduos para formar um indivíduo completo: colocando-se as duas
partes em contato íntimo, de modo que os tecidos em regeneração se unam a fim de
formar uma única planta (FLORIANO, 2004).
A propagação assexuada é de grande importância quando se deseja
multiplicar um genótipo que é altamente heterozigoto, e que apresenta
características consideradas superiores, as quais se perdem quando propagadas por
sementes. Cada planta, individualmente produzida por meio vegetativo, é, na
maioria das vezes, geneticamente idêntica à planta-mãe, constituindo-se, assim, o
motivo da aplicação desse método (PAIVA E GOMES, 2001).
Por isto, os
métodos de propagação assexuada são preferidos na propagação comercial de
espécies frutíferas, resultando em plantios mais uniformes, produtivos, precoces e
com melhor qualidade nos produtos obtidos (ARAÚJO et al., 2000).
A propagação vegetativa pode ser efetuada utilizando-se processos naturais
ou artificiais. Os processos naturais são aqueles que utilizam estruturas
naturalmente produzidas pelas plantas, com a finalidade de propagação. Estas
estruturas são todas vegetativas, isto é, não foram formadas pela fusão de gametas
e, consequentemente, originam plantas idênticas à planta-mãe (YAMAZOE;
VILAS BOAS, 2003).
Os processos naturais de propagação vegetativa acontecem através dos
bulbos, rizomas, tubérculos, raízes tuberosas, estalões ou estolhos, bulbilhos
aéreos, rebentos e filhotes, folhas e esporos. Estão englobados entre os processos
artificiais aqueles que não ocorrem frequentemente na natureza. O homem,
utilizando-se da capacidade regeneradora dos tecidos vegetais, desenvolveu várias
22
técnicas para facilitar a plena realização deste fenômeno, possibilitando, assim, que
pedaços de caules, de folhas e de raízes venham a regenerar plantas completas
(YAMAZOE; VILAS BOAS, 2003).
Vários são os métodos de propagação vegetativa, tais como: estaquia,
mergulhia, alporquia, enxertia, propagação por meio de raízes especializadas,
dentre outros. A sua utilização depende do objetivo e da espécie vegetal que se
pretende propagar. Todos os descendentes de uma planta matriz obtidos através de
clonagem apresentam as mesmas características genéticas da planta-mãe
(FRANCO et al., 2009).
A estaquia é o processo de propagação vegetativa no qual ocorre a indução
ao enraizamento adventício em segmentos destacados da planta matriz, os quais,
submetidos a condições favoráveis, originam uma muda (BASTOS, 2005).
A mergulhia consiste num método de propagação vegetativa em que se
mergulha um ramo de uma planta no solo até enraizar, quando então é separado da
planta mãe, transformando-se em uma muda (FLORIANO, 2004).
A alporquia é denominada mergulhia aérea, pois o substrato é levado até o
ramo.
2.6 ENXERTIA
A enxertia é uma forma de propagação assexuada de vegetais superiores,
na qual se colocam em contato duas porções de tecido vegetal, de maneira que
essas porções se unam e posteriormente se desenvolvam, originando uma nova
planta (HARTMANN et al., 1997).
A enxertia constitui-se em prática mundialmente consagrada na
fruticultura, sendo usada em larga escala nas principais espécies frutíferas de
regiões de clima temperado e de clima tropical; sua utilização permite a reprodução
integral do genótipo que apresenta características desejáveis. Como vantagem
adicional, a propagação por enxertia possibilita que as plantas entrem em fase de
produção mais cedo (CARVALHO et al., 2000).
23
Para Zecca (2010), a grande importância da enxertia deve-se ao fato de
que, na verdade, são conjugados os aspectos favoráveis (vigor, tolerância a fatores
bióticos e abióticos adversos, produtividade, entre outros) de duas ou mais plantas,
as quais podem ser de uma mesma espécie ou de espécies (e até mesmo gêneros)
diferentes.
Segundo Hartman et al. (1997), a enxertia assegura a manutenção do
genótipo dos indivíduos assim propagados, e tende a encurtar a fase vegetativa das
plantas. Além disso, a enxertia apresenta como objetivos: maior vigor e
produtividade, resistência às enfermidades e pragas, modificação do porte das
plantas, restauração de indivíduos em produção (caso estejam perdendo a
vitalidade), criação de variedades, floração e frutificação precoces, melhor
qualidade, e maior produção de frutos e sementes (GOMES, 1990).
A produção de mudas através de sementes apresenta algumas
desvantagens, como a grande variabilidade entre as plantas e sua produção,
frutificação baixa e mais tardia, baixa qualidade dos frutos, elevado porte das
plantas, entre outros (FRANZON et al., 2008).
Uma planta propagada por enxertia é composta basicamente pelo enxerto
ou garfo e pelo portaenxerto (FACHINELLO et al., 1994).
Na enxertia, à planta receptora dá-se o nome de hipobioto, popularmente
conhecido como portaenxerto, o qual em virtude de estar enraizado num substrato,
desempenha as funções de absorção e fixação (Mattos, 1976 citado por Paiva e
Gomes, 2001); devendo, no entanto, reunir as características de imunidade à
doença que se pretende controlar (quando este for o objetivo da enxertia), boa
resistência aos demais patógenos do solo, vigor e rusticidade, boa afinidade com a
cultivar enxertada, condições morfológicas ótimas para a realização da enxertia
(tamanho do hipocótilo, consistência etc.), e não afetar desfavoravelmente a
qualidade dos frutos; além de ser vigoroso, fazendo com que a planta enxertada
também seja vigorosa, o que permite diminuir a densidade de plantio, sem que haja
prejuízos à produção (PEIL, 2003).
24
O enxerto, denominado epibioto ou também garfos, por sua vez,
desempenhará as funções do caule: condução, fotossíntese, florescimento, etc.
(MATTOS, 1976 citado por PAIVA E GOMES, 2001).
Para que a enxertia seja bem sucedida, é importante que os garfos tenham o
mesmo diâmetro dos portaenxertos na região do enxerto, e que as plantas sejam
compatíveis, ou seja, as duas plantas diferentes, unidas pela enxertia, devem
apresentar a capacidade de conviverem satisfatoriamente, como uma única planta
(GONZÁLEZ, 1999). Além desses, entre os fatores que influenciam no êxito da
enxertia destacam-se a luminosidade, temperatura, umidade, condições vegetativas
do portaenxerto e do enxerto, época, tipo e local de enxertia, espécie, procedência,
árvore enxertada e até a habilidade do enxertador (MORA et al., 2010).
A incompatibilidade de enxertia é definida como a incapacidade de formar
a perfeita união entre o portaenxerto e o garfo, ou ainda a incapacidade de uma
planta enxertada crescer normalmente, levando à ocorrência da morte prematura do
enxerto, devido a algum tipo de intolerância fisiológica em nível celular (MOORE,
1986; HARTMANN ET AL., 1990; SALAYA, 1999). Segundo González (1999),
a incompatibilidade se manifesta, normalmente, com o baixo índice de
sobrevivência do enxerto, amarelecimento das folhas, desfolhação e falta de
crescimento, enrolamento das folhas e morte imediata da planta, diferenças
marcantes na velocidade de crescimento entre portaenxerto e cultivar; crescimento
excessivo do ponto de enxertia, ou na zona próxima a este, além de ruptura do
ponto de enxertia.
2.7 MÉTODOS DE ENXERTIA
Existem inúmeros métodos e técnicas de enxertia de plantas, sendo os mais
comuns a encostia, a borbulhia e a garfagem (com suas variações conforme a
planta, pois cada espécie se adapta a um tipo de garfagem). Devem ser
consideradas, na escolha do método de enxertia, além da espécie, as vantagens e
desvantagens de cada método, e relacioná-las com a realidade do produtor de
mudas, em função da praticidade, da eficiência e da época de enxertia. Na seleção,
25
recomenda-se o método que permita a rápida restauração dos tecidos (LEDO,
1991), e que proporcione melhor contato das áreas cambiais do portaenxerto e do
enxerto (LINDSAY, 1972).
A técnica de enxertia que utiliza garfos é chamada de garfagem, e a que
usa apenas uma gema é chamada de borbulhia.
2.7.1 GARFAGEM
É um processo de enxertia que consiste em soldar um pedaço de ramo
destacado (garfo) de uma planta que se deseja propagar (matriz) sobre outro
vegetal (portaenxerto), de maneira a permitir o seu desenvolvimento (FLORIANO,
2004). Os garfos devem ser provenientes de plantas sadias e sem ataque de brocas,
pois estas deixam toda a parte interna do caule/ramo oca, os garfos também devem
estar com gemas bem salientes, para que possam brotar depois da enxertia. Os
ramos, que devem estar desfolhados, precisam ser selecionados de ponteiras com
tecido jovem e em crescimento (RIBEIRO et al., 2000).
Existem variações nos métodos de realizar os enxertos através da
garfagem; entre essas variações destacam-se a garfagem no topo em fenda cheia,
garfagem no topo à inglesa simples, garfagem no topo à inglesa complicada,
garfagem em fenda lateral e borbulhia em placa.
2.7.2 GARFAGEM NO TOPO EM FENDA CHEIA
Este tipo é o mais recomendado quando enxerto e portaenxerto estão no
estágio de crescimento vegetativo. Consiste na inserção de um garfo de 8 a 12 cm
de comprimento, desfolhado, retirado de um ramo adulto de uma planta, o qual,
depois de ser cortado em forma de cunha na parte proximal (basal), é inserido e
amarrado com fita plástica em uma fenda cheia, efetuada na base do caule do
portaenxerto (SOUZA et al., 1999). A cunha e a fenda devem apresentar de 2 a 4
cm, tendo diâmetros coincidentes, e sua junção deve ser realizada com fita plástica,
26
evitando deixar espaços vazios e qualquer entrada de água nos cortes (MORA et
al., 2010). A fita plástica será retirada depois do completo pegamento do enxerto.
Para evitar o ressecamento do garfo, deve-se revesti-lo com um saco
plástico, o qual deve ser retirado após a emissão das primeiras folhas.
Em experimentos realizados com a propagação vegetativa da cajazeira,
umbucajazeira, umbuzeiro e cajaraneira, os métodos de enxertia por garfagem em
fenda cheia e em fenda lateral foram os que mais se destacaram com percentagem
de pegamento dos enxertos superior a 80%, rápido desenvolvimento das mudas e
com quase todas elas aptas para o plantio em campo. Esses resultados foram
obtidos aos 50 dias depois da realização das enxertias (SOUZA et al., 1999).
Segundo Franzon (2008), na cultura da pitangueira, a enxertia de garfagem
em fenda cheia proporcionou melhores percentuais de pegamento dos enxertos
(60,0%) do que a garfagem em fenda dupla (44,2%).
2.7.3 GARFAGEM NO TOPO À INGLESA SIMPLES
A enxertia por garfagem à inglesa simples consiste na união de um garfo
com 8 a 15 cm de comprimento (retirado de um ramo adulto de planta) a um
portaenxerto de mesmo diâmetro, após ambos terem sido cortados em forma de
bisel de aproximadamente 3 a 4 cm. Realiza-se a justaposição (encaixe) das
superfícies cortadas do garfo e do portaenxerto, e promove-se o contato com o
tecido cambial em pelo menos um dos lados, amarra-se a fita de enxertia de baixo
para cima (a fim de evitar a penetração de água e o ressecamento), e, em seguida,
recobrem-se as superfícies com saco plástico, o qual deve ser retirado após a
emissão das primeiras folhas (LEDO et al., 1996).
Segundo Bezerra et al. (1999), os processos de enxertia dos tipos garfagem
no topo em fenda cheia e garfagem à inglesa simples, realizados em portaenxertos
com 9 e 12 meses de idade, foram os métodos mais eficientes na propagação da
pitangueira, alcançando-se com esses processos 77,5% de pegamento do enxerto.
2.7.4 GARFAGEM NO TOPO À INGLESA COMPLICADA
27
A garfagem à inglesa complicada é um método que facilmente atinge
índices acima de 95% de pegamento. Esse método consiste em efetuar um corte em
bisel, tanto na base do garfo como no portaenxerto, seguido de uma incisão no
terço superior de ambos. Juntam-se as duas partes sobre os planos inclinados de
maneira que os biséis se unam, tendo sempre o cuidado de que os câmbios fiquem
em contato íntimo (DRIESSEN; SOUZA, 1986).
Simões; Carvalho (2006) concluíram que a garfagem à inglesa complicada
apresentou maiores porcentagens de pegamento e brotação, não diferindo do
método garfagem no topo no que diz respeito à variável pegamento. Eles
verificaram ainda que o método de borbulhia lenhosa não é recomendado para a
sobre-enxertia em macieira.
2.7.5 GARFAGEM EM FENDA LATERAL
A enxertia por garfagem em fenda lateral consiste na inserção de um garfo
com 8 a 12 cm de comprimento, retirado de um ramo adulto de planta, o qual, após
ser cortado em forma de cunha na parte proximal (basal), é inserido na base do
caule do portaenxerto, e amarrado com fita plástica em uma fenda lateral com 2 a 3
cm de profundidade, feita de cima para baixo, sem que a parte aérea do
portaenxerto seja decepada (SOUZA et al., 1999).
Moreira Filho (2009), trabalhando com a cultura do camu-camu, concluiu
que os melhores resultados foram obtidos pelos métodos de garfagem em fenda
lateral (89,3%) e lateral com lingueta (79,3%), quando comparados com as
garfagens no topo em fenda cheia (51,6%) e garfagem à inglesa complicada
(31,5%).
2.7.6 BORBULHIA
É o método através do qual se consegue soldar uma gema ou borbulha
sobre outro vegetal, de maneira a permitir o seu desenvolvimento.
28
A borbulhia apresenta inúmeras vantagens em relação a outros processos
de enxertia: pode ser executada em pleno sol, facilitando o processo de aclimatação
da muda, o portaenxerto pode ser reaproveitado no caso de insucesso do primeiro
enxerto; pode ser realizada no período seco; permite (graças à disponibilidade do
material propagativo) a oferta de mudas no período chuvoso; reduz o tempo de
formação de muda enxertada em pelo menos 30 dias, e promove maior rendimento
do que a enxertia convencional por garfagem. Além disso, a técnica de enxertia por
borbulhia viabiliza a substituição da copa de plantas jovens e adultas (EMBRAPA,
2003).
Segundo Kavati (1992); Tokunaga (2000), a enxertia das anonáceas tem
apresentado bons resultados quando realizada pelos métodos de borbulhia ou
garfagem.
2.7.8 BORBULHIA EM PLACA
Nesse método, são feitas no portaenxerto duas incisões transversais e duas
longitudinais, de modo a liberar a região a ser ocupada pela borbulha. A borbulha
é retirada do garfo, praticando-se também duas incisões transversais e duas
longitudinais no ramo, de modo a obter um escudo idêntico à parte retirada do
cavalo (SIMÃO, 1998). A seguir, a borbulha é embutida no retângulo vazio e deve
ficar inteiramente em contato com os tecidos do portaenxerto. Depois disso, o
enxerto é amarrado.
A borbulha deverá ser cortada com o mesmo formato do corte feito na
árvore, na qual deverá se encaixar perfeitamente e, em seguida, ser amarrada
cuidadosamente com fitas plásticas (HILL, 1996).
O método de borbulhia em placa em janela aberta destacou-se (em
comparação com a garfagem no topo em fenda cheia e a garfagem no topo à
inglesa simples) entre os métodos de enxertia estudados em aceroleira, com índice
de pegamento de 86,7% (GONZAGA NETO et al., 1996).
29
2.8 PROPAGAÇÃO DO TAMARINDEIRO
Poucos
estudos
abordam
aspectos
relacionados
à
propagação
do tamarindeiro, mencionando-se que esta ocorre por semente e vegetativamente;
por enxertia, estaquia (ramos verdes, ramos semimaduros e ramos maduros), e
alporquia, com predominância da via sexuada (EL-SIDDIG et al., 2006). A planta
originada por enxertia apresenta, no entanto, maior produtividade (com início entre
3 a 4 anos), além de aumento na resistência a doenças (PEREIRA et al., 2007).
Para a utilização de qualquer método, é de fundamental importância a
escolha de material vegetativo (galhos e ramos) livre de doenças, pragas e danos.
Os galhos e ramos com cores das folhas diferentes do verde devem ser evitados
(PEREIRA et al., 2007).
Hoje em dia, a propagação do tamarindeiro é sexuada, ou seja, através de
sementes, e os estudos ainda são poucos em relação à propagação vegetativa.
2.9 PROPAGAÇÃO DA PITOMBEIRA
Sua propagação se dá através de sementes, as quais apresentam curta
longevidade, sendo necessária a semeadura logo após a extração dos frutos; é
também considerada recalcitrante, ou seja, a redução da umidade pode ocasionar
danos, prejudicando sua viabilidade e vigor, resultando até em sua morte
(LORENZI, 2002). A emergência em T. esculenta ocorre entre 15 e 30 dias após
semeio, e a taxa de germinação geralmente é elevada. Ainda são escassos estudos
relacionados à propagação de pitombeira por meio de via assexuada (LORENZI,
2000).
30
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, I. A.; FRANCO, C. F. O.; SANTOS, E. S. Influência de tipo e época de
enxertia na propagação da mangabeira (Hancornia speciosa Gomes). Revista
Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 22, n. 2, p. 291-293, 2000.
BASTOS, D. C. Propagação da caramboleira por estacas caulinares e
caracterização anatômica e histológica da formação de raízes adventícias.
2005. 65f. Tese (Doutorado em Fitotecnia). Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, Piracicaba, 2005.
BEZERRA, J. E. F.; LEDERMAN, I. E.; FREITAS, E. V.; SANTOS, V. F.
Método de enxertia e idade de portaenxerto na propagação da pitangueira (Eugenia
uniflora L.). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 21, n. 3, p. 262265, 1999.
BIOMANIA.
Frutas
comestíveis:
pitomba.
Disponível
em:
<http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1876>. Acesso em: 07 mar.
2009
BOREM, A. Melhoramento de plantas. 2. ed. São Paulo: UFV, 1998. 453f.
CARVALHO, J. E. U.; RIBEIRO, M. A. C.; NASCIMENTO, W. M. O.;
MULLER, C.N. Enxertia da gravioleira (Annona muricata L.) em
portaenxertos dos gêneros Annona e Rollinia. Belém-PA: Embrapa Amazônia
Oriental, 2000. 4p. (Comunicado Técnico, 27).
CORRÊA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil. Rio de Janeiro. v. 5, p.
280-281, 1974.
DRIESSEN, A. C.; SOUZA FILHO, J. J. C. Produção de mudas. In: EMPASC.
Manual da cultura da macieira. Florianópolis: EMPASC, 1986. cap. 8, p. 202223.
EL-SIDDIG. K.; GUNASENA. H. P. M.; PRASAD. B. A.; PUSHPAKUMARA.
D. K. N. G.; RAMANA. K. V. R.; VIJAYANAND. P.; WILLIAMS.
31
J.T. Tamarind (Tamaridus indica L.). Southampton International Centre for
Underutilized Crops, Southampton. 2006. 188f.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Enxertia por
borbulhia.
2003
Disponível
em:
<http://www.todafruta.com.br/portal/icNoticiaAberta.asp?idNoticia=1399> Acesso
em: 14 out. 2010.
FACHINELLO, J. C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J. C.; KERSTEN, E.;
FORTES, G. R. L. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. 2. ed.
Pelotas: UFEPEL, 1994. 178f.
FLORIANO, E. P. Produção de mudas florestais por via assexuada. Santa RosaRS: ANORGS, 1. ed. Santa Rosa-RS, 37f. (Caderno Didático n. 3).
FRANCO, C. F. O.; SILVA, F. C. P.; BARREIRO NETO, M.; JOSÉ, A. R. S.
REBOUÇAS, T. N. H.; FONTINÉLLI, I. S. C. Melhoramento e propagação do
urucuzeiro.
Disponível
em:
<http://www.emepa.org.br/inform/urucum_melhoramento.htm>. Acesso em: 07
mar. 2009.
FRANZON, R. C.; GONÇALVES, R. S.; ANTUNES, L. E. C.; RASEIRA, M. C.
B. Propagação da pitangueira através da enxertia de garfagem. Revista Brasileira
de Fruticultura, Jaboticabal, v. 30, n. 2, p. 488-491, 2008.
GOMES, R. P. Fruticultura brasileira. 13. ed. São Paulo: Nobel, 2007, 446f.
GOMES, R. P. Fruticultura brasileira. 11. ed. São Paulo: Nobel, 1990. 446 f.
GONZAGA NETO, L.; AMARAL, M. G.; SAUERESSIG, M. E. Enxertia por
garfagem e borbulhia em acerola sob telado. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 31, n. 9, p. 635-638, set. 1996.
GONZÁLEZ, J. El injerto en hortalizas. In: VILARNAU, A.; GONZÁLEZ, J.
Planteles: semilleros, viveros. Reus: Ediciones de Horticultura, 1999. cap. 9, p.
121-128.
32
GUARIM NETO, G. Plantas medicinais do Estado de Mato Grosso. Brasília,
ABEAS. 1996. 72f.
GUARIM NETO, G. Plantas utilizadas na medicina popular do estado de Mato
Grosso. Brasília: MCT/CNPq. 1987. 58f.
GUARIM NETO, G.; SANTANA, S. R.; SILVA, J. V. B. Repertório Botânico da
“Pitombeira” (Talisia esculenta (A. ST.-HIL.) RADLK. - SAPINDACEAE). Acta
Amazônica, v. 33, n. 2, p. 237-242, 2003.
HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E.; DAVIES, F. T. Theoretical aspects of
grafting and budding. In:_____. Plant propagation. 5th. ed. Englewood Cliffs:
Prentice Hall, 1990. p. 305-348.
HARTMAN, H. T.; KESTER, D. E., DAVIES JUNIOR., F. T.; GENEVE, R. L.
Plant propagation: principles and practices. 6. ed. New Jersey: Prentice Hall,
1997. 770p.
HILL, L. Segredos da propagação de plantas. São Paulo: Nobel, 1996.
JACOMINO, A. P. Enxertia de plantas frutíferas. Disponível em:
<www.esalq.usp.br/departamentos/.../Aula%20Enxertia%202008.pdf>. Acesso em:
07 mar. 2009.
KAVATI, R. O cultivo da atemóia. In: Fruticultura tropical. Jaboticabal:
FUNEP, p. 39-70. 1992.
KOMUTARIN, T.; AZADI, S.; BUTTERWORTH, L.; KEIL, D.;
CHITSOMBOON, B.; SUTTAJIT, M.; MEADE, B. J. Extract of the seed coat of
Tamarindus indica inhibits nitric oxide production by murine macrophages in vitro
and in vivo. Food and Chemical Toxicology, v. 42, p. 649-658, 2004.
LEDO, A. Resposta de três gravioleiras (Annona muricata L.) a dois métodos
de enxertia. 1991. 52 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa, 1991.
33
LEDO, A. S.; MIRANDA, E. M.; ALMEIDA, N. F. Recomendação técnica para
produção de mudas enxertadas de manga em Rio Branco – Acre. Rio Branco,
AC: EMBRAPA, 1996. p. 1-4. (Comunicado Técnico n. 68).
LINDSAY, D. W. The physiology of grafting. 1972. 170 f. Tese (PhD) –
University of Edinburg, Faculty of Science, Edinburg, 1972.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas do Brasil. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. 368p. v. 1.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil. 3. ed. São Paulo - SP: Plantarum, 2000.
MANICA, I.; ICUMA, I. M.; JUNQUEIRA, K. P.; OLIVEIRA, M. A. S.;
CUNHA, M. M. da; OLIVEIRA JUNIOR, M. E.; JUNQUEIRA, N. T. V.;
ALVES, R. T. Frutas Annonáceas: ata ou pinha, atemóia, cherimólia e
graviola: tecnologia de produção, pós-colheita e mercado. Porto Alegre - RS:
Cinco Continentes, 2003. 596f.
MORA, A. L., BERTOLOTI, G., HIGA, A. R. Guia prático: Propagação
vegetativa de pinus por enxertia. Série (Circular Técnico, n. 42). Disponível em:
<www.ipef.br/publicacoes/ctecnica/nr042.pdf >. Acesso em: 25 out. 2010.
MOREIRA FILHO, M.; FERREIRA, S. A. N. Clonagem do camu-camu arbustivo
em portaenxertos de camu-camu arbustivo e arbóreo. Revista Brasileira de
Fruticultura. 2009. On-line, v. 31, n. 4, p. 1202-1205.
MOORE, R. Graft incompatibility beteween pear and quince: the influence of
metabolites of Cidonia oblonga on suspension cultures of a Pyrus communis.
American Journal of Botany, Saint Louis, v. 73, p. 1-4, 1986.
PAIVA, H. N.; GOMES, J. M. Propagação vegetativa de espécies florestais.
Viçosa-MG: UFV, 2001. 46p. (Cadernos Didáticos, 83).
PATHAK, R. K.; OJHA, C. M.; DWIVEDI, R. Adopt patch-budding for quicker
multiplication in tamarind. Horticulture, v. 36, n. 3, p. 17, 1991.
34
PEIL, R.M. A enxertia na produção de mudas de hortaliças. Ciência Rural, Santa
Maria, v. 33, n. 6, p. 1169-1177, nov./dez, 2003
PEREIRA, P. C.; MELO, B.; FRANZÃO, A. A.; ALVES, P. R. B. A cultura do
tamarindeiro
(Tamarindus
indica
L.).
2007.
Disponivel
em:
<http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/tamarindo.htm>. Acesso em: 25 out. 2010.
PRANCE, G. T.; SILVA, M. F. Árvores de Manaus. Manaus: CNPq/INPA. 1975.
312p.
RIBEIRO, J. F.; BRITO, M. A.; SACLOPPI JUNIOR, E. J.; FONSECA, C. E. L.
Araticum (Annona crassiflora Mart.). Jaboticabal: Embrapa Cerrados, 2000. 52p.
SALAYA, G. F. G. Fruticultura: el potencial productivo. 2. ed. México:
ALFAOMEGA, Ediciones Universidad Católica de Chile, 1999. 342 p.
Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI - BA. A cultura
do tamarindeiro. Disponível em: <http://www.seagri.ba.gov.br/Tamarindo.htm>.
Acesso em: 26 out. 2010.
SILVA, E. E.; NASCIMENTO, L. C.; FELIX, L. P.; BRUNO, R. L. A.; SOUTO,
F. M.; VIEIRA, R. M. Avaliação da influencia de microorganismos sobre a
germinação de sementes de jaracatiá incubadas sob diferentes temperaturas. In:
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PATOLOGIA DE SEMENTES. 8. 2004. João
Pessoa, PB. Anais.... João Pessoa: COPASEM. 2004. p. 227.
SILVA, J. A.; SILVA, D. B.; JUNQUEIRA, N. T. V.; ANDRADE, L. R. M.
Frutas nativas do cerrado. Planaltina: EMBRAPA/CPAC, 1994. 166 p.
SIMÃO, S. Tratado de fruticultura. Piracicaba: Fealq, 1998. cap. 2, p. 67-121.
SIMÕES, F.; CARVALHO, R.I.N.; Avaliação de diferentes métodos de sobreenxertia na substituição da cultivar de macieira (Malus domestica Borkh.) Gala por
Princesa. Acta Scientia Agronômica, Maringá, v. 28, n. 4, p. 493-498, out./dez.,
2006.
35
SOUSA, D. M. M. Estudos morfo-fisiológicos e conservação de frutos e
Sementes de Tamarindus indica L. 2008. 90f. Dissertação (Mestrado em
Agronomia) - Universidade Federal da Paraíba - Centro de Ciências Agrárias,
Areia, PB. 2008.
SOUZA, F. X.; INNECCO, R.; ARAÚJO, C. A.T. Métodos de enxertia
recomendados para a produção de mudas de cajazeira e de outras fruteiras do
gênero spondias. Fortaleza-CE: Embrapa Agroindústria Tropical. dez./1999, p. 18 (Comunicado Técnico n. 37)
TOKUNAGA, T. A cultura da Atemóia. Campinas: CATI, 2000. 80p. (Boletim
Técnico, 233)
TRZECIAK, M. B.; NEVES, M. B.; VINHOLES, P. S.; VILLELA, F. A.
Tratamentos para superação de dormência em sementes de Tamarindus indica L.
In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 16.; ENCONTRO DE PÓSGRADUAÇÃO, 9., 2007, Pelotas. Pesquisa e responsabilidade ambiental:
resumos... Pelotas: UFPel: Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel,
2007. Documento
online. Disponível
em:
<http://www.ufpel.tche.br/cic/2007/cd/pdf/CA/CA_01976.pdf>. Acesso em: 25
out. 2010.
YAMAZOE, G.; VILAS BÔAS, O. Manual de pequenos viveiros florestais. São
Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica, São Paulo, 2003, 120p.
ZECCA,
A.
G.
D.
Produção
de
mudas.
Disponível
em:
<http://www.cesnors.ufsm.br/professores/zecca/fruticulturaefl/producaodemudas.d
oc>. Acesso em 06 dez. 2010.
36
CAPÍTULO 2
MÉTODOS DE ENXERTIA NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE
TAMARINDEIRO (Tamarindus indica L.)
RESUMO
Com o objetivo de determinar o melhor método de enxertia para a produção de
mudas de tamarindeiro, foi realizado um experimento em casa de vegetação,
localizada no Campus da Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA,
Mossoró-RN, no período de janeiro de 2009 a junho de 2010. O delineamento
utilizado foi o de blocos casualizados, constituído por cinco métodos de enxertia
(garfagem no topo em fenda cheia, garfagem no topo à inglesa simples, garfagem
no topo à inglesa complicada, garfagem em fenda lateral e borbulhia em placa),
com sete repetições sendo cada parcela composta por 14 mudas, num total de 98
por tratamento, perfazendo 490 no experimento. Foram avaliadas as variáveis:
percentagem de pegamento dos enxertos, comprimento da parte aérea,
comprimento do sistema radicular, comprimento de ramos, número de folhas,
número de ramos, diâmetro do colo, matéria seca da parte aérea, matéria seca do
sistema radicular, matéria seca total. Os dados obtidos foram submetidos à análise
de variância, e comparados através do teste Tukey ao nível de 5% de significância,
utilizando o software SISVAR. Os dados da percentagem de pegamento dos
enxertos foram submetidos à transformação angular do arcsen √x/100 e os dados de
número de ramos em √x + 0,5. Para fins da realização da estatística, o tratamento
de borbulhia em placa foi desconsiderado, tendo em vista que este tratamento
apresentou índice zero de pegamento. Os métodos garfagem no topo em fenda
cheia, garfagem no topo à inglesa complicada e garfagem no topo à inglesa
simples, são, respectivamente, os melhores métodos de enxertia para o
tamarindeiro.
Palavras-chaves: Tamarindus indica L., Frutífera exótica. Propagação. Qualidade
de mudas.
37
GRAFTING METHODS IN THE PRODUCTION OF TAMARIND
SEEDLINGS (Tamarindus indica L.)
ABSTRACT
Aiming to determine the best grafting method for the production of plant seedlings
of the tamarind, an experiment was conducted in the greenhouse, located in the
Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA, Mossoró, RN, from January
2009 until June 2010. The design used was a randomized complete block,
consisting of five grafting methods (grafting in top cleft, cleft grafting in the top
“simple English way”, grafting in the top “complicated English way”, grafting and
budding side cleft plate) with seven replicates and each plot with 14 plant
seedlings, a total of 98 per treatment, totaling 490 in the experiment. Variables
evaluated were: percentage of grafting take, shoot length, root length, branches
length, leaves number, branches number, stem diameter, shoot dry matter, root dry
matter, Total dry matter. The data were subjected to variance analysis and
compared by Tukey test at 5% significance, using SISVAR software. The data of
the percentage of grafting take were submitted to angular transformation of the
arcsen √ x/100 and data on the number of branches in √ x + 0.5. For purposes of
performing the statistical, treatment of bubble plate was disregarded, given that this
treatment has zero index of plant take. The methods grafting in top cleft, grafting in
the top “complicated English way” and grafting in the top “simple English way”,
are, respectively, the best grafting methods for the tamarind.
Keywords: Tamarindus indica L., Exotic Fruit, Propagation. Plant Seedling
quality.
38
1 INTRODUÇÃO
O tamarindeiro, originário da África Equatorial e da Índia, está bem
aclimatado no Brasil, mostrando-se naturalizado em vários Estados, além de ser
cultivado em quase todos, sendo considerado como planta frutífera típica da região,
mas pouco se conhece tecnicamente a respeito do fruto no Nordeste e em outras
regiões cultiváveis (PEREIRA et al., 2007).
Sua cultura é de importância especial para a região Nordeste; devido ao seu
agradável aroma e ao sabor, o fruto maduro é muito utilizado na indústria caseira,
principalmente, com a utilização da polpa na fabricação de alimentos, na forma de
refrescos, picolés, sorvetes, pastas, doces, licores, geléias, sucos concentrados,
xaropes, e também como ingrediente em condimentos e molhos (PEREIRA et al.,
2007), além de possuir utilidade nas áreas ornamentais, da construção civil,
farmacêutica e na medicina popular.
A propagação passa pela produção de mudas, que é um dos meios para a
exploração técnica e comercial, e os erros cometidos no processo de produção de
mudas, com toda certeza poderão provocar consequências danosas por todo o
período de exploração da cultura.
A enxertia é uma forma de propagação assexuada de vegetais superiores,
na qual se colocam em contato duas porções de tecido vegetal, de tal maneira que
se unam e posteriormente se desenvolvam, originando uma nova planta
(HARTMANN, 1997).
Entre os métodos de propagação vegetativa, a enxertia destaca-se por
apresentar certos benefícios, como por exemplo: a possibilidade de perpetuar
clones que não podem ser facilmente propagados por outros métodos, obtenção de
benefícios do portaenxerto, mudança de cultivar em plantas adultas, substituição do
portaenxerto, vigor da planta, precocidade da produção, qualidade de frutos,
produtividade (JACOMINO, 2008).
O tamarindeiro pode ser propagado vegetativamente por estaquia,
enxertia e mergulhia aérea e subterrânea. No entanto, a planta produzida por
39
enxertia apresenta maior produção, com início entre 3 a 4 anos, além de um
aumento na resistência a doenças (PEREIRA et al., 2007).
Diante disso, objetivou-se avaliar qual seria o melhor método de enxertia
para propagação de tamarindeiro (Tamarindus indica L.).
40
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
O trabalho foi realizado com o tamarindeiro em casa de vegetação,
localizada no Campus Central da Universidade Federal Rural do Semiárido
(UFERSA).
O viveiro onde foi montado o experimento está inserido nas coordenadas
geográficas 5o11' de latitude sul, 37o20' de longitude W. Gr. e 18 m de altitude,
com uma temperatura média anual em torno de 27,5°C, umidade relativa de 68,9%,
nebulosidade média anual de 4,4 décimos, e precipitação média anual de 673,9
mm. Segundo classificação climática de Köppen, o clima de Mossoró-RN é do tipo
BSwh', ou seja, quente e seco, tipo estepe, com estação chuvosa no verão
atrasando-se para o outono (CARMO FILHO et al., 1987).
2.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS
O delineamento utilizado no experimento foi o de blocos casualizados,
com cinco tratamentos (tipos de enxertia) e sete repetições. Cada parcela foi
composta por quatorze mudas, num total de 98 mudas por tratamento, perfazendo
490 mudas para o experimento.
Foram estudados os tipos de enxertia: garfagem no topo em fenda cheia,
garfagem no topo à inglesa simples, garfagem no topo à inglesa complicada,
garfagem em fenda lateral e borbulhia em placa.
2.3 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO
As mudas foram cultivadas em viveiro com cobertura de sombrite com
passagem de 50% de luminosidade, e irrigação com sistema de microaspersão
instalada a 2,0 m da superfície do solo. A lâmina de água aplicada foi suficiente
para manter o substrato sempre úmido.
41
As sementes foram provenientes de frutos de uma única planta adulta,
situada no campus da UFERSA, na safra de 2008. Os frutos foram despolpados
manualmente e as sementes passaram pelo procedimento de lavagem em água
corrente para a retirada de restos de polpa. Em seguida, foram postas para secar à
sombra sob jornal, por um período de 24 horas.
Foram semeadas, na profundidade média de 2 cm, três sementes por saco
de polietileno, cada saco tinha capacidade era de 2,5 litros, e continha substrato
com proporção 2:1 (v/v) de solo e esterco bovino; fertilizou-se o solo com
superfosfato simples e cloreto de potássio, nas dosagens 10 kg m-3 e 2,0 kg m-3,
respectivamente. Quando as mudas atingiram cerca de 5 cm de altura, foi realizado
o desbaste, cortando-se as mudas com auxílio de uma tesoura, deixando-se apenas
uma por saco.
As mudas foram enxertadas quando apresentaram diâmetro de colo com
aproximadamente 5 mm, o que ocorreu por volta de dez meses após a semeadura.
Os garfos e as borbulhas foram coletados em planta matriz situada no Campus
Central da UFERSA.
Os garfos empregados foram obtidos de planta adulta, sadia e vigorosa,
com idade aproximada de doze meses; tendo sido colhidos na periferia da copa da
planta matriz, e mediam aproximadamente 13 cm de comprimento e 5 mm de
diâmetro, com quatro a cinco gemas.
Os portaenxertos foram decapitados, com aproximadamente 13 cm de
altura, a partir da região do coleto.
As garfagens foram realizadas adaptando-se as metodologias de Hartmann
et al., (1990); Hill (1996), que sugerem que, na coleta dos garfos, escolha-se um
galho com cerca de 13 cm de comprimento e a espessura de um lápis ou menos,
dependendo do tipo de enxerto que se planeja.
A garfagem no topo em fenda cheia foi realizada mediante a inserção de
um garfo cortado em forma de cunha na parte proximal (basal), em uma fenda
cheia, efetuada na base do caule do portaenxerto. A cunha e a fenda tinham cerca
de 2 a 4 cm.
42
Para a realização do método de garfagem no topo à inglesa simples, os
garfos foram cortados em forma de bisel, com aproximadamente 3 a 4 cm;
realizando-se a justaposição das superfícies cortadas do garfo e do portaenxerto.
O método de garfagem no topo à inglesa complicada consistiu em efetuar
um corte em bisel tanto na base do garfo como no portaenxerto, seguido de uma
incisão no terço superior de ambos.
No método de garfagem em fenda lateral, os garfos foram cortados em
forma de cunha na parte proximal (basal), inseridos e amarrados em uma fenda
lateral de 2 a 3 cm de profundidade, feita de cima para baixo, sem que fosse
decepada a parte aérea do portaenxerto na base do caule.
A borbulhia foi feita através do encaixe de uma gema em uma incisão em
forma de placa, realizada no portaenxerto.
Os enxertos foram amarrados com fita de polietileno, de aproximadamente
2 x 40 cm, de modo a ajustar ao máximo as partes; desamarram-se os enxertos 45
dias após a enxertia, período em que foi observado o pegamento dos enxertos. Para
evitar a desidratação dos garfos, foi colocado, logo após a realização do enxerto,
um saco de polietileno transparente (com dimensões 5 x 20 cm) sobre os garfos, o
saco foi retirado ao iniciar a brotação das gemas.
Como tratos culturais, foram realizados, a cada 45 dias, o controle
fitossanitário com o fungicida Dacobre® na dosagem 7g/20L, e a fertilização em
cobertura com uréia na dosagem 2000 mg dm-3. O controle das ervas daninhas foi
realizado manualmente sempre que necessário, deixando-se as plantas livres das
invasoras. A retirada dos brotos abaixo dos locais de enxertia foi realizada por
ocasião de seu surgimento.
2.4 CARACTERÍSTICAS AVALIADAS
Foram avaliadas, aos 150 dias após a realização da enxertia, as variáveis:
percentagem de pegamento dos enxertos, comprimento da parte aérea (cm),
comprimento do sistema radicular (cm), comprimento de ramos (cm), número de
43
folhas, número de ramos, diâmetro do colo (mm), matéria seca da parte aérea
(g/muda), matéria seca do sistema radicular (g/muda), matéria seca total (g/muda).
A variável percentagem de pegamento caracterizou-se pela relação do
número de plantas que, além de brotar, emitiram número maior de folhas no
período estudado.
Na determinação do comprimento da parte aérea da muda, do sistema
radicular e dos ramos, foi utilizada uma régua graduada em milímetros. Para a
parte aérea, mediu-se a distância entre o colo e o ápice da muda; para o sistema
radicular, mediu-se a distância do colo até o ápice da raiz, e o comprimento dos
ramos foi determinado a partir da inserção do ramo na haste principal até o ápice.
Um paquímetro digital, com valores expressos em mm, foi utilizado na
determinação do diâmetro do colo.
A avaliação do número de folhas foi realizada contando-se todas as folhas
que apresentaram tamanho superior a 3 cm.
A matéria seca da raiz e da parte aérea foi obtida após secagem em estufa
de circulação forçada de ar a 60ºC, até atingirem peso constante, procedendo na
pesagem em balança analítica. Com a soma da matéria seca da parte aérea e da raiz
foi obtida a matéria seca total.
2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias
dos dados foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%, conforme recomendações
de Gomes (2000). A análise foi realizada pelo programa computacional Sistema
para Análise de Variância – SISVAR (FERREIRA, 2000). Os índices de
pegamento dos enxertos foram submetidos à transformação angular do arcsen
√x/100 e os dados de número de ramos em √x + 0,5, conforme recomendações de
Steel; Torrie (1980). Para fins da realização da estatística, o tratamento de borbulha
de placa foi desconsiderado, tendo em vista que este tratamento apresentou índice
zero de pegamento.
44
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os métodos de garfagem no topo em fenda cheia (FC), inglesa simples
(IS), inglesa complicada (IC) e garfagem lateral (GL) apresentaram, ao nível de
p<0,01, diferenças significativas em termos de: percentagem de pegamento,
número de ramos, comprimento da parte aérea, número de folhas, diâmetro de
caule e massa seca do sistema radicular; já para as variáveis comprimento do
sistema radicular, comprimento de ramo, massa seca da parte aérea e massa seca
total, não foram verificadas diferenças significativas ao nível de p<0,05 (TABELA
1). Por outro lado, foi observada inviabilidade da enxertia de mudas de
tamarindeiro por borbulhia de escudo (BP), a qual apresentou índice zero de
pegamento.
45
46
TABELA 1- Quadrados médios da análise de variância para percentagem de pegamento (% pegamento); comprimento da parte
aérea (CPA); comprimento de sistema radicular (CSR); comprimento de ramo (CRM); número de folhas (NF); número de ramo
(NR); diâmetro de caule (DC); massa seca da parte aérea (MSPA); massa seca do sistema radicular (MSSR) e massa seca total
(MST) de mudas enxertadas de tamarindeiro. UFERSA, Mossoró-RN, 2010.
Fonte de
%
G.L.
CPA
CSR
CRM
NF
NR
DC
MSPA
MSSR
MST
Variação
pegamento
Métodos
3
1790,22** 713.80** 46.91ns 86.03ns 2958.57** 0,54** 7,89** 15,79ns 127,44** 74,83ns
Bloco
6
518,99**
255.34ns 43.57ns 66.58ns 769.20ns
0,03ns 2,08ns 45,61ns
8,55ns
89,44ns
Erro
18
140,56
149.87
38.66
46.58
481.93
0,09
1,55
24,63
8,19
50,40
Total
27
C.V.(%)
17,37
18,10
13,86
27,72
37,39
13,56
15,11
35,46
36,47
32,51
ns – não significativo; ** - significativo ao nível de p<0,01 através do teste F
Os índices dos enxertos pegos referentes aos métodos de enxertia são
apresentados na Figura 1.
a
a
a
45
40
% Pegamento
35
b
30
25
20
15
10
5
0
IS
IC
FC
GL
Método de enxertia
FIGURA 1 - Percentagem de pegamento (% Pegamento) em função dos métodos
de enxertia inglesa simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e
garfagem lateral (GL), na produção de mudas enxertadas de tamarindeiro.
Mossoró-RN, 2010.
A maior percentagem de pegamento foi observada quando se utilizou o
método de garfagem no topo em fenda cheia (43,81%), o método, porém, só
apresentou, em relação ao método de garfagem em fenda lateral (25,37%),
diferenças significativas ao nível p<0,01.
Esses resultados corroboram os de Ramirez et al. (1987), que compararam
métodos de enxertia em tamarindeiro, em Piura, no Peru; e verificaram que a
enxertia à inglesa simples e inglesa em fenda dupla atingiram os maiores
percentuais de pegamento: 61,3% e 65,3%, respectivamente; enquanto a enxertia
por borbulhia apresentou resultado de 9,3%. Souza et al. (2002) obtiveram, para a
cajazeira, maior percentual de pegamento (82%), com o método de garfagem em
fenda cheia, tendo este diferido estatisticamente da garfagem em fenda lateral, que
47
teve 78% de pegamento. Araújo et al., (2002); Ledo et al., (1996); Bezerra et al.
(1999) verificaram que a garfagem em fenda cheia e à inglesa simples
apresentaram os maiores índices médios de pegamento em umbuzeiro, mangueira e
pitangueira, respectivamente. Pereira et al., (2002a) e Pereira et al. (2002b)
avaliaram métodos de enxertia em mudas de mangabeira e pequizeiro,
respectivamente; e observaram inviabilidade da enxertia por borbulhia de escudo
com lenho, que apresentou índice zero de pegamento. Esses trabalhos supracitados
ratificam os resultados encontrados no presente estudo, no qual, os métodos de
garfagem apresentam maior viabilidade para produção de mudas de tamarindeiro,
quando comparados ao método de borbulhia.
Por outro lado, Lederman et al. (1994) observaram que, em gravioleira, os
métodos de borbulhia estudados mostram superioridade quando comparados aos
processos de garfagem. Gonzaga Neto et al. (1996) verificaram que a borbulhia de
placa em janela aberta destacou-se entre os métodos de enxertia estudados, com
índice de pegamento de 86,7%.
Hartmann et al. (1990) evidenciam que ocorre diferença entre espécies e
cultivares quanto ao pegamento nos diversos métodos de enxertia, e que a variação
está relacionada com a habilidade de produzir calo a partir de parênquima,
essencial para o sucesso da união.
Essas diferenças em relação aos métodos de enxertia podem estar
relacionadas aos propágulos, já que os garfos possuem maior quantidade de
reservas (carboidratos) em relação à borbulha, o que auxilia a cicatrização e
brotação do enxerto (CELANT et al., 2010).
48
Na Figura 2, são apresentados os valores para o número de ramificações.
3
a
ab
2,5
ab
NR (muda)
b
2
1,5
1
0,5
0
IS
IC
FC
GL
Método de enxertia
FIGURA 2 - Número de ramos por muda (NR) em função dos métodos de enxertia
inglesa simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e garfagem lateral
(GL), na produção de mudas enxertadas de tamarindeiro. Mossoró-RN, 2010.
O maior número de ramificações foi obtido no método de garfagem no
topo à inglesa simples (2,54), e o método da garfagem em fenda lateral apresentou
a
menor
média
(1,87);
aqueles
métodos,
no
entanto,
não
diferiram
significativamente da garfagem no topo à inglesa complicada e da garfagem no
topo em fenda cheia. Resultados semelhantes foram encontrados por Simões
(2006), que verificou, em estudo com macieira, que o método de enxertia por
garfagem à inglesa complicada apresentou maior percentagem de brotação em
relação à borbulhia lenhosa, porém não diferiram significativamente quando
aplicados à garfagem de topo e à garfagem de meia fenda esvaziada. Por outro
lado, Gomes et al. (2010), trabalhando a cultura do cajuí, verificaram que, entre as
garfagens, a enxertia inglesa simples apresentou o mais baixo número de estacas
brotadas e de sobrevivência dos enxertos, contrariando os resultados encontrados
neste estudo. Souza (2010); Espíndola et al. (2004) não encontraram diferenças
significativas para o número de ramos entre os métodos de enxertia em umbuzeiro;
49
no entanto, o método de enxertia à inglesa simples apresenta um melhor
desempenho, tanto no número de brotos pegos como no desenvolvimento da planta
enxertada.
Celant et al. (2010) verificaram que a percentagem de brotação média para
o método de garfagem proporcionou incremento de 71,8% de brotação dos
enxertos em comparação à média da enxertia por borbulhia, avaliada em três
períodos. Porém, Araújo et al. (2003) verificaram que, em mangabeira, a borbulhia
de placa em janela aberta apresentou os melhores resultados no tocante ao
pegamento e à brotação de gemas.
O resultado para o número de ramos encontrados ratifica, neste trabalho, a
boa soldadura dos enxertos, reafirmando os resultados para as percentagens de
pegamento encontradas, tendo em vista que a intensa atividade cambial e
disponibilidade de reservas no material propagado poderão ter favorecido tanto o
processo de ligação cambial quanto o desenvolvimento das brotações.
Com relação ao comprimento dos ramos (TABELA 1), não foi verificada
diferença significativa ao nível de 5%; observou-se, no entanto, que o método de
garfagem no topo em fenda cheia apresentou o maior valor médio (29,01 cm),
seguido dos métodos de enxertia à inglesa simples (25,76 cm) e à inglesa
complicada (22,53 cm), para o comprimento de ramo. Almeida (2009), estudando
os métodos de enxertia de atemóia em espécies de Rollinia, verificou que os
portaenxertos exercem influência na escolha do método de enxertia, observando
que o método fenda lateral conferiu o maior comprimento de ramo sobre o
portaenxerto araticum-de-terra-fria e em biriba, o método de enxertia que induziu
maior comprimento de ramo foi a enxertia à inglesa simples. Souza et al. (2010)
verificaram que houve diferença significativa entre as modalidades de enxertia,
quanto ao comprimento dos ramos; com a enxertia inglesa simples apresentando o
maior comprimento em relação aos métodos de garfagem em fenda cheia e
garfagem em fenda lateral, que não diferiram entre si.
Os resultados para o comprimento da parte aérea encontram-se na Figura 3.
Verifica-se maior crescimento da parte aérea de mudas quando realizada a enxertia
através do método fenda cheia, que apresentou uma altura média de 77,00 cm; não
50
foram observadas, entretanto, diferenças significativas quando se comparou esse
método com os métodos de enxertia à inglesa simples e à inglesa complicada, que
apresentaram valores médios de 67,63 e 72,28 cm, respectivamente. O método de
garfagem lateral, por outro lado, diferiu significativamente, apresentando os
menores comprimentos: 53,61 cm.
80
a
a
ab
70
b
CPA (cm)
60
50
40
'
30
20
10
0
IS
IC
FC
GL
Métodos de enxertia
FIGURA 3 - Comprimento da parte aérea (CPA) em função dos métodos de
enxertia inglesa simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e garfagem
lateral (GL), na produção de mudas enxertadas de tamarindeiro. Mossoró-RN,
2010.
Estes resultados confirmam os encontrados por Vieira (2007), que
verificou que o comprimento da parte aérea de mudas de cupuaçuzeiro, quando
realizadas as enxertias pelos métodos de garfagem no topo em fenda cheia e
garfagem à inglesa simples não apresentaram diferenças estatísticas entre si,
embora as médias para a garfagem no topo em fenda cheia tenham sido
ligeiramente superiores.
Kageyama; Ferreira (1975) observaram maior crescimento de mudas de
araucária quando utilizado o método de enxertia por garfagem, na comparação com
o método de borbulhia em janela aberta, que apresentou menores valores. Celant et
al. (2010) verificaram um incremento de 29,3 cm no comprimento médio de
51
enxertos quando realizados através da garfagem em fenda dupla em comparação à
borbulhia em placa.
Reis et al. (2010) verificaram um crescimento linear para a altura de mudas
de umbuzeiro, em estudo avaliando estágios de desenvolvimento de mudas de
umbuzeiros propagadas por enxertia em fenda cheia. Barbosa et al. (1998),
trabalhando com a formação rápida de mudas vigorosas de pêra, enxertadas em
portaenxerto oriental ‘Taiwan Nashi-C’, verificaram que o processo de enxertia por
garfagem propicia o desenvolvimento do enxerto com maior vigor, sendo obtidas
mudas com maior tamanho e em tempo reduzido. Os resultados desses trabalhos
encontrados na literatura ratificam os que foram verificados neste trabalho, no qual
se constatou que os métodos de garfagem apresentaram diferenças entre si, tendo
se destacado entre eles o método garfagem em fenda cheia.
O método garfagem em fenda lateral destacou-se por apresentar um menor
número médio de folhas (28,29), o que o distinguiu dos demais métodos realizados
(FIGURA 4). O maior número médio de folhas foi verificado nos métodos de
enxertia em fenda cheia (72,71), à inglesa complicada (69,29) e à inglesa simples
(64,57), respectivamente. Esses métodos não apresentaram diferenças significativas
entre si ao nível p<0,01. Resultado semelhante foi relatado por Prado Neto (2006),
em trabalho avaliando a germinação de sementes e a enxertia de jenipapeiro, no
qual observou que o número médio de folhas foi significativamente menor em
plantas enxertadas por garfagem em fenda lateral com corte dos portaenxertos, em
comparação com a garfagem no topo em fenda cheia.
52
80
a
70
a
a
60
NF
50
40
b
30
20
10
0
IS
IC
FC
GL
Métodos de enxertia
FIGURA 4 - Número de folhas (NF) em função dos métodos de enxertia inglesa
simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e garfagem lateral (GL), na
produção de mudas enxertadas de tamarindeiro. Mossoró-RN, 2010.
Os resultados do número de folhas em função do método de enxertia estão
de acordo com os encontrados por Souza (2007), para a cultura da videira, onde o
método que se destacou foi a enxertia de fenda cheia. Os resultados, por outro lado,
divergem do resultado encontrado por Almeida (2009), que verificou que o método
de enxertia em fenda lateral proporcionou maior número inicial de folhas.
O diâmetro de caule é a característica mais marcante para determinar se a
muda está em condições de ser enxertada. Neste trabalho, o maior diâmetro de
caule foi verificado no método de garfagem em fenda lateral, este não diferiu
significativamente do método de enxertia à inglesa complicada, entretanto este
último não diferiu dos métodos de garfagem no topo à inglesa simples e garfagem
no topo em fenda cheia (FIGURA 5).
53
a
10
9
ab
b
8
b
DC (mm)
7
6
5
4
3
2
1
0
IS
IC
FC
GL
Métodos de enxertia
FIGURA 5 - Diâmetro de caule (DC) em função dos métodos de enxertia inglesa
simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e garfagem lateral (GL), na
produção de mudas enxertadas de tamarindeiro. Mossoró-RN, 2010.
Segundo Franzon et al. (2008), em plantas lenhosas, à medida que o
diâmetro do tronco aumenta, maior é o estado de lignificação do lenho, e maior é a
dificuldade de cicatrização e união entre enxerto e portaenxerto, este fator pode ser
a explicação para a menor percentagem de pegamento no método de garfagem
lateral, encontrada nesse estudo. O método de garfagem à inglesa complicada, por
outro lado, alcançou resultados satisfatórios com relação a essas variáveis,
decorrentes da maior área de contato entre o enxerto e o portaenxerto.
De acordo com Celant et al. (2010), , em cultivares de marmeleiro, o
método de garfagem tipo fenda dupla proporciona maior comprimento e maior
diâmetro médio dos enxertos, quando comparados aos propagados pelo método de
borbulhia. O resultado corrobora os encontrados neste estudo, tendo em vista que
não houve pegamento quando empregado o método de borbulhia. Gomes et al.
(2010) verificaram, trabalhando com cajuí, que a característica diâmetro do
portaenxerto apresenta diferença estatística entre todos os tipos de enxertia, sendo
54
que o tipo fenda cheia apresentou maiores valores. Resultado que contraria os
obtidos nesse estudo para cultura do tamarindeiro.
Na Figura 6, verificam-se os resultados encontrados para os métodos de
enxertia em relação à massa seca do sistema radicular.
a
16
MSSR (g/muda)
14
12
10
8
b
b
b
6
4
2
0
IS
IC
FC
GL
Métodos de enxertia
FIGURA 6 - Massa seca do sistema radicular (MSSR) em função dos métodos de
enxertia inglesa simples (IS), inglesa complicada (IC), fenda cheia (FC) e garfagem
lateral (GL), na produção de mudas enxertadas de tamarindeiro. Mossoró-RN,
2010.
Ledo (1991) observou melhor desempenho de matéria seca em enxertos de
diferentes variedades de graviola enxertadas na própria graviola pelo método
enxertia à inglesa simples. Pio (2010) verificou que a massa seca da cultivar de
pêra Seleta apresentou melhores resultados quando enxertada pelo método de
garfagem em fenda cheia, em comparação com a borbulhia de placa. Os resultados
destes trabalhos contrariam os observados para o tamarindeiro, onde o método de
garfagem em fenda lateral apresentou massa seca do sistema radicular superior aos
demais métodos.
A massa seca da parte aérea e a massa seca total não variaram
significativamente, ao nível de p<0,05, em função dos métodos de enxertia. No
55
entanto, os valores médios dessa variável, quando realizada a enxertia do tipo fenda
cheia, apresentaram uma ligeira superioridade em comparação aos demais.
Resultados semelhantes foram verificados por Vieira (2007) para o cupuaçuzeiro,
que observou as maiores médias para massa seca quando realizada a garfagem no
topo em fenda cheia, que não apresentou diferença estatística em relação à
garfagem inglesa. Silva et al. (2005) verificou que, para a matéria seca da raiz de
enxertos de maracujazeiros, não houve diferença estatística significativa entre os
métodos fenda cheia com o garfo do ponteiro dos ramos, à inglesa simples com o
garfo do ponteiro dos ramos, fenda cheia com o garfo da parte mediana dos ramos,
à inglesa simples com o garfo da parte mediana dos ramos, corroborando o
resultado encontrado nesse trabalho para o tamarindeiro.
56
4 CONCLUSÕES
Os métodos garfagem no topo em fenda cheia, garfagem no topo à inglesa
complicada e garfagem no topo à inglesa simples são, respectivamente, os
melhores métodos de enxertia para o tamarindeiro.
Não são viáveis para a produção de mudas de tamarindeiro os métodos de
propagação por garfagem em fenda lateral e de borbulhia em placa.
57
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, L. F. P. Propagação por enxertia de araticum (Annona crassiflora
Mart.) e atemoia (Annona squamosa L. x Annona cherimola Mill.) em
diferentes portaenxertos de Annonaceae. 2009. 109f. Dissertação (Mestrado em
Fitotecnia) – Universidade de Brasília/Faculdade de Agronomia e Medicina
Veterinária, Brasília, 2009.
ARAÚJO, F. P.; CASTRO NETO, M. T. Influência de fatores fisiológicos de
plantas-matrizes e de épocas do ano no pegamento de diferentes métodos de
enxertia do umbuzeiro. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal - SP, v.
24, n. 3, p. 752-755, dez. 2002.
ARAÚJO, I. A.; FRANCO, C. F. O.; SANTOS, E. S.; BARREIRO NETO,
M.Influência de Tipo e Época de Enxertia na Propagação da Mangabeira
(Hancornia speciosa Gomes). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A
CULTURA DA MANGABA. 2003. Aracaju, SE. Anais... Aracaju: EMBRAPA
SEMIÁRIDO, dez. 2003. CD-ROM.
BARBOSA, W.; CAMPO DALL'ORTO, F. A.; OJIMA, M.; MARTINS, F. P.;
CASTRO, J. L.; MARTINS, A. L. M.; SANTOS, R. R. Formação rápida de mudas
vigorosas de pêra com porta-enxerto oriental. O Agronômico, Campinas, v. 47-50,
n. 1, p. 28-31, 1998.
BEZERRA, J. E. F; LEDERMAN, I. E.; FREITAS, E. V.; SANTOS, V. F. Método
de enxertia e idade de portaenxerto na propagação da pitangueira (Eugenia uniflora
L.). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 21, n. 3, p. 262-265, 1999.
CARMO FILHO, F.; ESPÍNOLA SOBRINHO, J.; AMORIM, A. P. Dados
meteorológicos de Mossoró: janeiro de 1898 a dezembro de 1986. Mossoró:
ESAM/FGD, 1987. 325p. (Coleção Mossoroense v. 341).
CELANT, V. M.; PIO, R.; CHAGAS, E. A.; ALVARENGA, A. A.; DALASTRA,
I. M.; CAMPAGNOLO, M. A. Armazenamento a frio de ramos porta-borbulhas e
métodos de enxertia de cultivares de marmeleiro. Ciência Rural, Santa Maria, v.
40, n. 1. jan./fev., 2010.
58
ESPÍNDOLA, A. C. M.; ALMEIDA, C. C. S.; CARVALHO, N. S. G.; ROZA, M.
L. A. Diâmetro do caule e método de enxertia na formação de mudas de umbuzeiro
(Spondias tuberosa Arr. Câm.). Revista Brasileira Agrociência, Pelotas, v. 10, n.
3, p. 371-372, 2004.
FERREIRA, D. F. Análise estatística por meio do SISVAR (Sistema para Análise
de Variância) para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO
BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45,
2000, São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCar, 2000. p. 255-258.
FRANZON, R. C.; GONÇALVES, R. S.; ANTUNES, L. E. C.; RASEIRA, M. C.
B. Propagação da pitangueira através da enxertia de garfagem. Revista Brasileira
de Fruticultura, Jaboticabal, v. 30, n. 2, p. 488-491, 2008.
GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. 14 ed. Piracicaba, USP, 2000.
477p.
GOMES, J. G.; OLIVEIRA, N. C. C.; LOPES, P. S. N.; CARNEIRO, P. A. P.;
Enxertia do cajuí (Anacardium othonianum Rizz.) no Norte de Minas Gerais. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. 21., 2010. Anais...Natal:
Sociedade Brasileira de Fruticultura. 2010.
GONZAGA NETO, L.; AMARAL, M. G.; SAUERESSIG, M. E. Enxertia por
garfagem e borbulhia em acerola sob telado. Pesquisa Agropecuária Brasileira.
Brasília, v. 31, n. 9, p. 635-638, set. 1996.
HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E.; DAVIES, F. T. Theoretical aspects of
grafting and budding. In:_____. Plant propagation. 5th ed. Englewood Cliffs:
Prentice Hall, 1990. p. 305-348.
HILL, L. Segredos da propagação de plantas. São Paulo: Nobel, 1996.
JACOMINO. A. P. Enxertia de plantas frutíferas. Disponível em:
<www.esalq.usp.br/departamentos/.../Aula%20Enxertia%202008.pdf>. Acesso em:
07 mar. 2009.
KAGEYAMA, P. Y.; FERREIRA, M. Propagação vegetativa por enxertia em
araucaria angustifolia Bert. IPEF - ESALQ – USP, Piracicaba, n. 11, p. 95-102,
1975.
59
LEDERMAN, I. E.; SILVA, da M. F. F.; BEZERRA, J. E. F.; PEDROSA, A. C.
Influência da idade do portaenxerto e do tipo de enxertia na propagação da
gravioleira (Annona muricata) In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA, 13, 1994. Salvador, BA. Anais... Salvador, BA: SBF, 1994, v.
2, p. 593-594.
LEDO, A. Resposta de três gravioleiras (Annona muricata L.) a dois métodos de
enxertia. 1991. 52 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal
de Viçosa, Viçosa, 1991.
LEDO, A. S.; MIRANDA, E. M.; ALMEIDA, N. F. Recomendação técnica para
produção de mudas enxertadas de manga em Rio Branco – Acre. Rio Branco –
AC: EMBRAPA, 1996. p. 1-4. (Comunicado Técnico n. 68).
PEREIRA, A. V.; PEREIRA, E. B. C.; FIALHO, J. F.; JUNQUEIRA, N. T. V.;
GOMES, A. C. Avaliação de Métodos de Enxertia em Mudas de Pequizeiro.
Planaltina, DF: EMBRAPA CERRADOS, 2002b. (Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento n. 51).
PEREIRA, E. B. C.; PEREIRA, A. V.; CHARCHAR, M. J. D.; PACHECO, A. R.;
JUNQUEIRA, N. T. V.; FIALHO, J. F. Avaliação de Métodos de Enxertia em
Mudas de Mangabeira. Planaltina, DF: EMBRAPA CERRADOS, 2002a.
(Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento n. 50).
PEREIRA, P. C.; MELO, B.; FRANZÃO, A. A.; ALVES, P. R. B. A cultura do
tamarindeiro
(Tamarindus
indica
L.).
2007.
Disponivel
em:
<http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/tamarindo.htm>. Acesso em: 25 out. 2010.
PIO, R.; SEIFERT, K. E.; CELANT, V. M.; CHAGAS, E. A.; CAMPAGNOLO,
M. A.; DALASTRA, I. M. Produção de mudas de Pêra por dupla-enxertia em
interenxertos de marmeleiro utilizando o portaenxerto ‘japonês’. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. 21. 2010. Natal, RN. Anais... Natal: SBF,
2010.
PRADO NETO, M. Germinação de sementes e enxertia de Jenipapeiro. 2006.
Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias) – Universidade Federal da Bahia
Cruz das Almas, BA, 2006.
60
RAMIREZ, L.; MONTESINOS, A.; GUZMAN, L. Uma comparação de métodos
de enxertia na propagação assexuada de tamarindo (Tamarindus indica L.), em
Piura,
Peru.
Disponível
em:
<http://agris.fao.org/agrisearch/search/display.do?f=1987/XL/XL87003.xml;XL8700013>. Acesso em: 25
out. 2010.
REIS, R. V.; FONSECA, N.; LEDO, C. A. S.; GONÇALVES, L. S. A.;
PARTELLI, F. L.; SILVA, M. G. M.; SANTOS, E. A.. Estádios de
desenvolvimento de mudas de umbuzeiros propagadas por enxertia. Ciência
Rural, Santa Maria, v.40, n. 4, p. 787-792, abr. 2010
SIMÕES, F.; CARVALHO, R. I. N.; Avaliação de diferentes métodos de sobreenxertia na substituição da cultivar de macieira (Malus domestica Borkh.) Gala por
Princesa. Acta Scientia Agronômica, Maringá, v. 28, n. 4, p. 493-498, out./dez.,
2006.
SILVA, F. M.; CORRÊA, L. S.; BOLIANI, A. C.; SANTOS, P. C.Enxertia de mesa
de Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deg. sobre Passiflora alata Curtis, em
ambiente de nebulização intermitente. Revista Brasileira de Fruticultura.
Jaboticabal, v. 27, n. 1, abr., 2005.
SOUZA, E. P.; MENDONÇA, R. M. N.; SILVA, S. M.; ESTRELA, M. A.;
SOUZA, A. P.; SILVA, G. C. Enxertia da cajazeira. Revista Brasileira de
Fruticultura. Jaboticabal, v. 32, n. 1, mar., 2010.
SOUZA, F. X.; INNECO, R.; ROSSETI, A. G. Influência de portaenxerto e de
método de enxertia no pegamento de enxertos de cajazeira. Revista Agrotrópica,
Ilhéus, v. 14, n. 13, p. 85-90, 2002.
SOUZA, J.; BOTELHO, R. V.; SCHREIDER, E. Avaliação dos Métodos e Épocas
de Enxertia em Videira ‘Niagara Rosada’ (Vitis labrusca) sobre o portaenxerto ‘4343’ (V. Vinifera XV. rotundifolia). In: Encontro Paranaense de Fruticultura. 2007.
Paraná. Anais... Paraná: UNICENTRO, 2007. 176p.
STEEL, R.G.D.; TORRIE, J.H. Principles and procedures of statistics: with
reference to the biological sciences. New York: McGraw-Hill Book Company,
Inc., 1980. 633p.
61
VIEIRA, E. S. Propagação vegetativa do cupuaçuzeiro por enxertia e estaquia.
2007. 45f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas. 2007.
62
CAPÍTULO 3
MÉTODOS DE ENXERTIA NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE
PITOMBEIRA (Talisia esculenta Raldk)
RESUMO
Com objetivo de avaliar qual melhor método de enxertia na produção de mudas de
pitombeira, foi realizado um experimento em casa de vegetação, localizada no
Campus da Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA, Mossoró-RN, no
período de abril de 2009 a maio de 2010. Foi utilizado o delineamento em blocos
casualizados, com quatro repetições sendo cada parcela composta por vinte mudas.
Os tratamentos foram constituídos por cinco métodos de enxertia (garfagem em
fenda lateral, no topo à inglesa simples, no topo à inglesa complicada, no topo em
fenda cheia e borbulhia em placa em janela aberta). As enxertias foram realizadas
um ano após a semeadura, quando as mudas apresentaram diâmetro de caule de
aproximadamente 5 mm. Os garfos e borbulhas foram retirados de planta matriz,
cuja idade aproximada era de 25 anos, em período de frutificação. Foi verificado
índice zero de pegamento para métodos de enxertia de pitombeira avaliados.
Palavras-chave: Talisia esculenta Raldk. Frutífera nativa. Propagação.
63
GRAFTING METHODS IN THE PRODUCTION OF PITOMBEIRA
SEEDLINGS (Talisia esculenta Raldk)
ABSTRACT
In order to evaluate which would be the best grafting method for the production of
pitombeira seedlings, an experiment was conducted in the greenhouse, located in
the Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA, Mossoró, RN, from
April 2009 to May 2010. The design used was randomized complete block, with
four replications and each plot was composed by twenty seedlings. The treatments
had five grafting methods (side cleft grafting, grafting on the top “simple English
way”, grafting on top “complicated English way”, grafting on the top cleft plate
and budding open window). The grafts were performed one year after planting,
when the plant seedlings showed stem diameter of about 5 mm. The forks and
bubbles were removed from the mother plant, aged approximately 25 years in
fruiting period. Was registered zero rate of plant seedling take for methods of
grafting of pitombeira evaluated.
Keywords: Talisia esculenta Raldk. Native Fruit. Propagation.
64
1 INTRODUÇÃO
O Brasil possui considerável área de mata nativa, com grande diversidade
de árvores frutíferas ainda pouco estudadas; muitas delas com potencial de
aproveitamento pouco explorado e carência de estudos que permitam a implantação
de pomares comerciais (KOHAMA et al., 2006).
Entre essas frutíferas encontra-se a pitombeira, que é uma planta frutífera
da família das Sapindáceas, que se desenvolve tanto no interior da mata primária
densa como em formações secundárias, porém sempre em várzeas aluviais e fundos
de vales dos ecossistemas do Cerrado, Mata Atlântica e Floresta Amazônica. Os
frutos, de polpa carnosa e adocicada, são popularmente apreciados nas regiões
Norte e Nordeste do País, sendo consumidos in natura. A madeira vem sendo
utilizada para obras internas na construção civil, como forros, molduras, tábuas
para assoalho, na carpintaria e para confecção de caixas. Sua propagação é por via
sexuada, através de sementes, as quais apresentam curta longevidade, sendo
necessária a semeadura logo após a extração dos frutos; é também considerada
recalcitrante, ou seja, a redução da umidade pode ocasionar danos, prejudicando
sua viabilidade e vigor, resultando até em sua morte (LORENZI, 2002).
Deste modo, para maiores avanços na expansão do cultivo, é necessário
encontrar alternativas viáveis para a propagação vegetativa. A propagação
vegetativa, por meio da enxertia, tem sido uma técnica bastante utilizada na
fruticultura, garantindo a formação de pomares com populações de plantas
homogêneas (FACHINELLO et al., 2005).
A enxertia pode constituir o primeiro e decisivo passo para a domesticação
dessas espécies, e possibilitar sua incorporação ao processo produtivo da região,
em bases agronômicas capazes de atender aos interesses dos consumidores e
agricultores.
Diante disto, objetivou-se avaliar qual método de enxertia possibilita
viabilizar a produção de mudas de pitombeira em escala comercial.
65
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
O experimento foi realizado em casa de vegetação, com sombrite de 50%
de passagem de luz, do Departamento de Ciências Vegetais da Universidade
Federal Rural do Semiárido (UFERSA), inserido nas coordenadas geográficas 5o11'
de latitude sul, 37o20' de longitude W. Gr. e 18 m de altitude, com uma temperatura
média anual em torno de 27,5°C, umidade relativa de 68,9%, nebulosidade média
anual de 4,4 décimos e precipitação média anual de 673,9 mm. Segundo
classificação climática de Köppen, o clima de Mossoró-RN é do tipo BSwh', ou
seja, quente e seco, tipo estepe, com estação chuvosa no verão atrasando-se para o
outono (CARMO FILHO et al., 1987).
2.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS
O experimento foi realizado em delineamento em blocos casualizados, com
cinco tratamentos (métodos de enxertia), e com quatro repetições, sendo cada
parcela composta por vinte mudas.
Os tratamentos consistiram dos métodos de enxertia: garfagem em fenda
lateral, garfagem no topo à inglesa simples, garfagem no topo à inglesa
complicada, garfagem no topo em fenda cheia e borbulhia em placa em janela
aberta.
2.3 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO
Foram produzidos portaenxertos através de sementes de pitombeira,
provenientes de frutos comercializados no mercado local, os quais foram, antes da
semeadura, despolpados manualmente, e colocados para secar à sombra.
Foram semeadas três sementes por saco de polietileno com capacidade de
2,5 litros contendo substrato com proporção 2:1 (v/v) de solo e esterco bovino,
66
fertilizado com superfosfato simples e cloreto de potássio nas dosagens 10 kg m-3 e
2,0 kg m-3, respectivamente. Quando as mudas atingiram cerca de cinco
centímetros de altura, foi realizado, com auxílio de uma tesoura, o desbaste,
deixando-se apenas uma por saco.
Os tratos culturais realizados foram: capina, sendo realizada sempre que
necessário, e a irrigação através do sistema de microaspersão, instalado a 2,0 m da
superfície do solo, com uma lâmina de água suficiente para manter o substrato
sempre úmido.
Quando as mudas apresentaram aproximadamente 5 mm de diâmetro de
caule, foram realizadas, na região do colo, as enxertias de garfos e borbulhas que
foram previamente coletadas em planta matriz, com idade aproximada de 25 anos,
em fase de frutificação, situada no município de Mossoró-RN.
Os garfos e borbulhas foram coletadas no mês de abril de 2010, os quais
foram retirados de ramos com aproximadamente um ano, que apresentavam gemas
salientes, com bom aspecto fitossanitário, os quais foram desfolhados e mantidos
úmidos ate a realização das enxertias.
Para o preparo dos propágulos voltados à realização da enxertia, foi
utilizado um canivete afiado, que cortava os garfos e borbulhas dos ramos de
acordo com os tratamentos, de forma a obter melhor justaposição daqueles com os
portaenxertos. Os enxertos apresentavam aproximadamente 5 mm de diâmetro, e os
garfos tinham cerca de 13 a 15 cm de comprimento, apresentando em média 4
gemas.
As enxertias foram realizadas a aproximadamente 13 cm de altura a partir
da região do coleto, conforme metodologia proposta por Hartmann et al., (1990).
Para auxiliar a união do garfo com o portaenxerto, foi utilizada fita vedarosca (politetrafluoretileno), amarrando as partes a ser unidas.
Logo após a
realização do enxerto, foram colocados sacos plásticos transparentes sobre os
garfos, a fim de manter o micro clima. Por ocasião de seu surgimento, foi realizado
o desbaste dos brotos que surgiam abaixo dos locais de enxertias.
67
2.4 CARACTERÍSTICA AVALIADA
A cada 15 dias, após a realização da enxertia, foi avaliada a variável
percentagem de pegamento, que se caracterizou pelo brotamento e emissão de
maior número de folhas no período estudado.
68
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi verificado índice zero de pegamento de enxertos nos métodos de
enxertias realizados em pitombeira. Isto pode ser atribuído à ocasião da coleta dos
garfos e borbulhas, realizada no mês de abril de 2010, período em que a planta
matriz se encontrava na fase de frutificação, levando possivelmente os enxertos a
terem baixos níveis de reservas essenciais para induzir o calejamento e a
diferenciação dos tecidos, prejudicando o pegamento do enxerto. No entanto,
outros estudos devem ser realizados para elucidar mais precisamente o que
interfere no pegamento de enxertos em pitombeira.
Já são conhecidos alguns fatores que interferem no pegamento de enxertos
de espécies, entre eles a compatibilidade entre espécies enxertadas, o método de
enxertia, a época do ano para a coleta e realização da enxertia, o tamanho e o
diâmetro do propágulo utilizado no enxerto (tendo em vista que estes estão
relacionados à quantidade de reservas existentes na porção de ramo utilizada como
enxerto), a habilidade do enxertador e a qualidade das ferramentas utilizadas.
Segundo Hartmann et al. (2002), a época de realização e os métodos de
enxertia encontram-se entre os fatores externos que afetam ou que podem afetar o
desenvolvimento dos enxertos. Normalmente, espécies lenhosas caducifólias, como
as frutíferas de clima temperado, apresentam ótimos índices de desenvolvimento
quando os enxertos são realizados em período de repouso vegetativo, e através de
garfagem.
A retirada de garfos para a enxertia durante não é recomendada durante as
fases de crescimento reprodutivo (floração e frutificação), pois, nessa época, a
planta destina suas reservas para a formação dos órgãos de reprodução, ficando o
tecido cambial com baixa disponibilidade de carboidratos para a cicatrização do
ferimento ocasionado pela operação. Além dos aspectos relacionados com a
atividade celular, existe ainda a situação hormonal da planta, modificada durante as
diferentes fases fenológicas, podendo favorecer ou não a cicatrização da enxertia
69
(Hartmann et al., 2002). Para Simão (1998), a época para realização da enxertia
deve ser quando os vegetais estão em plena atividade vegetativa.
Sasso et al. (2010) confirmou, em estudo da propagação de jabuticabeira,
que a utilização de garfos retirados de plantas em frutificação deve ser evitada, pois
ocorre inibição da brotação dos enxertos. Entretanto, existem na literatura estudos
relatando que o percentual de pegamento de enxertos não é influenciado pela época
em que são coletados os propágulos para realização da enxertia, a exemplo do que
verificaram Souza et al. (2010) para cajazeira e Araújo; Castro Neto (2002) para
umbuzeiro; o que evidencia que, para essas espécies, os propágulos para realização
da enxertia podem ser coletados em qualquer época do ano.
Entre os fatores que também podem ter influenciado o pegamento dos
enxertos está a compatibilidade entre o enxerto e o portaenxerto. Ledo (1995)
observou, em estudos, que ocorre variação de pegamento de enxerto dentro do
mesmo gênero e espécie, o que corrobora os resultados verificados neste estudo,
tendo em vista que as enxertias foram realizadas com enxertos de mesma espécie.
Moraes e Franco (1983) comentam que, na enxertia, a amarração que
mantém unidos enxerto e portaenxerto é normalmente realizada por meio de fita
plástica chamada de mastique, que é enrolada, cobrindo as duas partes por meio de
um nó feito com as duas pontas da fita. Independente do material a ser usado para
união da enxertia, aquele deve ser flexível, para se expandir com a planta à medida
que ela for crescendo, a fim de evitar rachaduras (HILL, 1996). Neste estudo foi
utilizada fita veda-rosca (politetrafluoretileno), que é um material que se enquadra
nas recomendações encontradas na literatura, podendo não ser, no entanto, fator de
influência nos resultados encontrados.
Entretanto, sabendo-se que cada espécie pode responder de diferentes
formas à realização da enxertia, novos estudos são necessários a fim de obter
sucesso na realização de enxertias, permitindo a determinação do melhor método
de enxertia, e a viabilização da produção de mudas de pitombeira em escala
comercial.
70
4 CONCLUSÃO
Foi verificado índice zero de pegamento para métodos de enxertia de pitombeira
avaliados, o que inviabilizou a indicação de um método de enxertia para
pitombeira.
71
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, F. P.; CASTRO NETO, M. T. Influência de fatores fisiológicos de
plantas-matrizes e de épocas do ano no pegamento de diferentes métodos de
enxertia do umbuzeiro. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal - SP, v.
24, n. 3, p. 752-755, dez. 2002.
CARMO FILHO, F.; ESPÍNOLA SOBRINHO, J.; AMORIM, A. P. Dados
meteorológicos de Mossoró: janeiro de 1898 a dezembro de 1986. Mossoró:
ESAM/FGD, 1987. 325p. (Coleção Mossoroense v. 341).
FACHINELLO, J. C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J. C. Propagação de
plantas frutíferas. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. 221 p.
HARTMANN, H. T.; KESTER, D. E.; DAVIES, F. T. Theoretical aspects of
grafting and budding. In:_____. Plant propagation. 5th. ed. Englewood Cliffs:
Prentice Hall, 1990. p. 305-348.
HARTMAN, H. T.; KESTER, D. E., DAVIES JUNIOR., F. T.; GENEVE, R. L.
Plant propagation: principies and pratices. 7. ed. New Jersey: Prentice Hall,
2002. 880p.
HILL, L. Segredos da propagação de plantas. São Paulo: Nobel, 1996.
KOHAMA, S.; MALUF, A. M.; BILIA, D. A. C.; BARBEDO, C. J. Secagem e
armazenamento de sementes de Eugenia brasiliensis Lam. (grumixameira).
Revista Brasileira de Sementes, Pelotas, v. 28, n. 1, p. 72-78, 2006.
LEDO, A. Resposta de três gravioleiras (Annona muricata L.) a dois métodos
de enxertia. 1991. 52f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa, 1991.
LEDO, A. S. Evaluation of three varieties of soursop and two grafting methods ‘in
Cerrados’, Central Brazil. Fruits, Paris, v. 50, n. 4, p. 299-303, ago. 1995.
72
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas do Brasil. 4.ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. 368p. v. 1.
MORAES, M. V.; FRANCO, C. M. Método expedito para enxertia em café.
GERCA. Folheto de divulgação, 1983.
SASSO, S. A. Z.; CITADIN, I.; DANNER, M. A. Propagação de Jabuticabeira por
enxertia e alporquia. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 32, n. 2,
2010.
SIMÃO, S. Tratado de fruticultura. Piracicaba: Fealq, 1998. cap. 2, p. 67-121.
SOUZA, E. P.; MENDONÇA, R. M. N.; SILVA, S.M.; ESTRELA, M.A.;
SOUZA, A.P.; SILVA, G.C. Enxertia da cajazeira. Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal, v. 32 n. 1. 2010.
73
Download