54º Congresso Brasileiro de Genética 195 Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Estudo do cromossomo Y em macacos brasileiros da família Atelidae (Platyrrhini) por microdissecção cromossômica Gifalli-Iughetti, C1; Teixeira, RHF2; Nunes, ALV2; Pessutti, C2; Koiffmann, CP1 Centro de Estudos do Genoma Humano, Departamento de Genética e Biologia Evolutiva, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo/SP, Brasil 2 Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, Sorocaba/SP, Brasil [email protected] 1 Palavras-chave: Microdissecção cromossômica, Hibridação in situ fluorescente, Cross-FISH, Atelinae, Cromossomo Y As relações na família Atelidae, composta pelas subfamílias Atelinae (Ateles, Lagothrix e Brachyteles) e Alouattinae (Aloautta) não estão claramente estabelecidas. Várias filogenias agrupam estes quatro gêneros de maneiras diferentes. Uma comparação entre os complementos cromossômicos dos três gêneros que compõem a subfamília Atelinae, Ateles (2n = 32-34), Lagothrix (2n = 62) e Brachyteles (2n = 62), indica que houve uma redução no número diplóide durante a evolução de Ateles, com Lagothrix e Brachyteles mantendo os 62 cromossomos. O menor número cromossômico de Ateles resultou de inúmeros rearranjos cromossômicos complexos. Com a finalidade de identificar o cromossomo Y no cariótipo de espécies do gênero Atelinae, utilizamos a técnica de microdissecção cromossômica, uma vez que este cromossomo não é hibridado pela biblioteca humana do Y. Células obtidas de cultura de linfócitos de Brachyteles arachnoides (2n = 62) foram pingadas sobre lamínula e coradas. A raspagem dos cromossomos foi feita com micro-agulha, com auxílio do Micromanipulador Transferman NK2 (Eppendorf ) acoplado a um microscópio invertido (Axiovert S100, Zeiss). Os três cromossomos Y microdissecados foram amplificados por DOP-PCR (“Degenerate OligonucleotidePrimed PCR”), que consiste de 8 ciclos de baixa estringência com “primers” degenerados seguidos por 30 ciclos de alta estringência. Para a utilização do material amplificado na Hibridação in situ fluorescente (FISH), a marcação foi feita tanto por PCR (usando o produto da DOP-PCR como molde de DNA) com o mesmo perfil e “primers” dos ciclos de alta estringência da DOP-PCR com nucleotídeos conjugados a biotina (Biotin 16-dUTP, Roche, USA) quanto por “nick translation” (DIG-Nick translation mix, Roche, USA). A sonda produzida foi hibridada em metáfases do próprio Brachyteles arachnoides, para confirmar a eficácia da microdissecção, em metáfases do gênero congenérico, Lagotrhix lagothricha (2n = 62), e em metáfases do terceiro gênero que forma a subfamília Atelinae, Ateles belzebuth marginatus (2n = 34). A detecção da marcação foi feita com Avidina-FITC ou Antidigoxigenina-Rodamina. As lâminas foram analisadas em microscópio Zeiss Motorizado (Axiophot 2) e as metáfases capturadas por vídeo-câmara CCD de alta resolução com auxílio do programa ISIS (MetaSystems). Visualizamos uma marcação no cromossomo Y das três espécies e nenhuma homeologia foi identificada nos demais cromossomos, mostrando a exatidão da microdissecção. Sabemos que poucas sondas produzidas pela microdissecção são capazes de revelar homeologia entre espécies de diferentes taxa. Mesmo após várias tentativas de hibridação desta sonda do Y em metáfases de espécies da subfamília Aloauttinae, não obtivemos resultados. O uso de caracteres citogenéticos-moleculares pode proporcionar informações valiosas para a elucidação das relações filogenéticas na subfamília Atelinae. Os nossos dados mostram que o cromossomo Y nesta subfamília compartilha uma história comum, devendo mostrar o mesmo padrão filogenético, corroborando a separação da família Atelidae nas subfamílias Atelinae e Alouattinae. Apoio Financeiro: FAPESP, CEPID/FAPESP, CNPq.