Imobilização em formato de oito para o tratamento de fratura em uma Coruja-Suindara (Tyto furcata) Gaby Soares de Freitas, Vanessa Veronese Ortunho, Lúcio de Oliveira e Souza, Gabriela Peres Carvalho, Daniela Domeniconi, Ilha Solteira, FEIS, Zootecnia, [email protected]. Palavras Chave: Imobilização, fratura, coruja-suindara. Introdução A Coruja-Suindara (Tyto furcata) ou coruja-dastorres, alvo deste estudo, é um animal passeriforme, que pertence a ordem Strigiformes e à família Tytonidae, pode ser vista durante o dia, mas comumente apresenta hábitos noturnos e costuma se alojar em torres de igrejas ou galpões, por isso é grande a proximidade desse animal com o homem. É encontrada em todo o território brasileiro, e se alimenta de pequenos roedores, répteis e até insetos. Quando em pesquisa procurando alternativas de tratamento, percebeu-se que a literatura científica é escassa, geralmente, os tratamentos mais utilizados são a amputação do membro fraturado, sendo assim, o animal será privado de voltar a vida livre ou a eutanásia do animal. Outra alternativa encontrada foi a fixação interna, feita através de procedimento cirúrgico, onde um dispositivo de estabilização (pino) é introduzido via intramedular, mostrando resultados positivos (Bennett et al.; 1992)¹. Objetivos O objetivo do presente trabalho foi relatar o tratamento de uma coruja suindara, com fratura no rádio e ulna, para tentativa de relocação à vida livre. Material e Métodos A Coruja-Suindara chegou dia 18 de março de 2014, no Centro Conservação da Fauna Silvestre (CCFS) de Ilha Solteira-SP, levada pelo corpo bombeiros, com fratura no rádio e ulna da asa direita. No dia seguinte, o animal foi anestesiado com xilazina (0,2 mg/kg) via intra-muscular para avaliar sua fratura, fazer a biometria e iniciar o tratamento. O animal foi pesado 360g, observou-se que é um animal jovem. Biometria: medida peito até cloaca: 27 cm, comprimento cauda 14 cm, altura bico 1,6 cm, largura bico 1,3 cm. Asa esquerda: rêmiges completas; Asa direita: fratura rádio e ulna; Retrizes apenas um ausente. Após a palpação foi realizada a imobilização do membro, inicialmente a asa do animal é recolhida XXVI Congresso de Iniciação Científica junto ao corpo, em uma posição de normalidade, coloca-se uma fita crepe em formato de oito (cruzado) que abrange toda a asa do animal (interna e externa), esse procedimento é repetido até que se chegue a uma condição em que a fita esteja revestindo a asa quase que por completo e impossibilitando o animal de mover o membro, que ficará imóvel junto ao seu corpo (Figura 1) por 4565 dias. Figura 1. Imobilização em formato de oito. Foi também admistrado meloxican (0,1mg/kg) na via intramuscular por 7 dias, uma vez ao dia; penicilina (200 mg/kg) na via intramuscular por 7 dias, uma vez ao dia. Após 65 dias: foi retirada a imobilização e observou-se que a fratura estava bem consolidada, durante a retirada da fita algumas penas se quebraram. Seis dias após a retirada da imobilização foi realizada a anestesia via inalatória para a retirada das penas quebradas, procedimento comumente utilizado para que haja uma recuperação mais rápida das penas do animal. Resultados e Discussão Quando em pesquisa não se pode identificar relatos científicos da utilização deste tipo de imobilização no tratamento de aves, sendo essa técnica bastante utilizada para a taxidermia. Logo após a retirada da imobilização o animal apresentava vôo pouco estável, devido a quebra de algumas penas, mas três semanas após a retirada da imobilização o animal já voava no recinto. Cinco semanas após a retirada da imobilização o animal se encontrava em perfeito estado e pode retornar à vida livre. Conclusões Podemos concluir que a imobilização teve ótimos resultados e o animal pôde retornar à vida livre. __________________ BENNETT, R.A.; KUZMA, A.B. Fracture management in birds. Journal of Zoo and Wildlife Medicine, v.23, p.5-38, 1992.¹