9° CONGRESSO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR AREIA-PB - 27 A 30 DE OUTUBRO DE 2014 Nº ISSN / 0101-756X Curva de crescimento de infrutescências de abacaxizeiro ‘Vitória’ no estado da Paraíba Expedito Cavalcante do Nascimento Neto1, Silvanda de Melo Silva2, Renato Pereira Lima1, Ana Lima Dantas3, Renato Lima Dantas3 1 Universidade federal da Paraíba CCA/UFPB, http://www.cca.ufpb.br/, Graduando em agronomia [email protected], [email protected]; 2Professora, Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais, UFPB/CCA, [email protected]; 3Programa Pós Graduação em Agronomia, [email protected], [email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento de infrutescências do abacaxizeiro ‘Vitória’ nas condições edafoclimáticas do município de Itapororoca-PB e sob adubação mineral. As avaliações foram realizadas aos 44, 61, 75, 88, 104 e 122 dias após a floração em 30 infrutescências em pomar comercial. Nas condições edafoclimáticas em que foram avaliadas houve um ganho diário contínuo de comprimento e diâmetro durante o desenvolvimento de infrutescência de abacaxizeiro ‘Vitória’ que atingiram valores máximos de 109 e 104 mm, respectivamente, ao final do período estudado. Por outro lado, o comprimento da coroa do abacaxi ‘Vitória’ apresentou taxa de crescimento ao longo dos dias após a floração que caracterizaram um padrão de crescimento do tipo sigmoide. PALAVRAS CHAVE: Ananas comosus, Padrão de crescimento, Comprimento. ABSTRACT GROWTH CURVES OF 'VITORIA'PINEAPPLE INFRUCTESCENSES IN THE STATE OF PARAÍBA The aim of this study was to evaluate the development of 'Vitoria' pineapple inflorescences at edaphoclimatic conditions of the municipality Itapororoca-PB and under mineral fertilization. The evaluations were performed at 44, 61, 75, 88, 104 and 122 days after flowering in 30 inflorescences in a commercial orchard. At edaphoclimatic conditions that were evaluated there was a daily gain of length and diameter during development of inflorescence of 'Vitoria' pineapple that reached maximum values of 109 and 104 mm, respectively, at the end of the study period. On the other hand, the length of the crown of 'Vitória' pineapple showed growth rate over days after flowering that characterizes a growth pattern the sigmoid type. KEYWORDS: Ananas comosus; Growth pattern; Length. INTRODUÇÃO O abacaxi ‘Vitória’, além de resistente à fusariose (VENTURA et al., 2009), produz frutos de polpa branca, com excelentes características de sabor, aroma e textura, refletindo numa melhor 9° CONGRESSO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR AREIA-PB - 27 A 30 DE OUTUBRO DE 2014 Nº ISSN / 0101-756X aceitação sensorial comparada a cultivares tradicionais como a ‘Pérola’ e ‘Gold’ (BERILI et al., 2011). Na Paraíba, principal estado produtor de abacaxi, a cultivar ‘Vitória’ está sendo introduzida pelos agricultores na região de Itapororoca, Santa Rita e Araçagi (CUNHA, 2006), sendo essas cidades responsáveis por maior parte da produção de abacaxi no estado (IBGE, 2011). Sabe-se que as infrutescências de abacaxi apresentam padrão de crescimento do tipo sigmoide simples (CHITARRA e CHITARRA, 2005) e que o conhecimento sobre o padrão de desenvolvimento dos frutos auxilia na tomada de decisões e estratégias agronômicas, ao distinguir os estádios de crescimento, e permite um planejamento desde o plantio até a colheita para uma exploração adequada dos frutos. Para as cultivares Pérola, Smooth Cayenne e MD-2, o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo já foi bastante estudado (REINHARDT et al., 1992; SOUZA et al., 2007; RODRIGUES et al., 2010; GUARÇONI e VENTURA, 2011), sobretudo considerando-se as condições ambientais e nutricionais. No entanto, para o abacaxi ‘Vitória’ são poucos os trabalhos dessa natureza, que auxiliam na caracterização e possíveis melhorias no sistema produtivo, com base em dados fenológicos, principalmente para as condições de produção no estado da Paraíba. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento de infrutescências do abacaxizeiro ‘Vitória’ nas condições edafoclimáticas do município de Itapororoca-PB e sob adubação mineral. MATERIAL E MÉTODOS Os frutos foram avaliados em pomar comercial, no município de Itapororoca-PB, cultivados sob as condições adotadas pelo produtor, com plantio disposto em sistema de fileira dupla, em leirões, com espaçamento de 1,20 x 0,40 x 0,30 m. Na adubação foram aplicados 9 g/planta de N, 2,5 g de P2O5 e 12 g de K2O, utilizando as fontes ureia, superfosfato triplo e cloreto de potássio, respectivamente. As doses de P foram aplicadas aos 30 dias após o plantio, em sulcos feitos ao lado das plantas, enquanto que as doses de N e K foram aplicadas na axila das folhas basais e parceladas aos 60, 180 e 270 dias após o plantio. As plantas foram conduzidas sob condição de sequeiro, com irrigação suplementar, por meio de aspersão. A parcela experimental consistiu de um leirão contendo 100 plantas, sendo considerada como área útil as 60 plantas centrais, onde foram marcadas 10 (dez) inflorescências aleatótrias em cada parcela, sendo avaliado três parcelas (Blocos experimentais). A partir dos 44 dias após a floração (DAF) natural passou-se a medir o comprimento e diâmetro das infrutescências e o 9° CONGRESSO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR AREIA-PB - 27 A 30 DE OUTUBRO DE 2014 Nº ISSN / 0101-756X comprimento da coroa na planta. As avaliações foram realizadas aos 44, 61, 75, 88, 104 e 122 DAF. Os dados foram submetidos à análise de variância e análise de regressão não linear para o fator tempo (DAF). A escolha dos modelos de regressão foi feita com base na explicação do fenômeno biológico, significância dos parâmetros de regressão em até 5 % e nos valores de R2. RESULTADOS E DISCUSSÃO O comportamento no desenvolvimento das infrutescências de abacaxi ‘Vitoria’, cultivadas no município de Itapororoca-PB, estão representadas na Figura 1. O comprimento e o diâmetro das infrutescências mostraram comportamento semelhante, aumentando continuamente com os dias após a floração (DAF). As infrutescências apresentam valores máximos para comprimento e diâmetro de 109 e 105 mm, respectivamente, aos 122 DAF. As taxas absoluta e relativa de crescimento com base no comprimento e diâmetro da infrutescência apresentaram comportamento similar, e diminuem continuamente com os DAF, indicando diminuição no ganho de crescimento diário nas infrutescências, até o final do período de crescimento estudado. Dessa forma, o crescimento do abacaxi ‘Vitória’ com base nestas características não acompanha o padrão sigmoide. Essa constatação está de acordo com Reinhardt e Medina (1992) que, avaliando comparativamente o crescimento da planta e a qualidade das infrutescências de abacaxi ‘Pérola’ e ‘Smooth Cayenne’, observaram um padrão não sigmoidal para as infrutescências nas duas cultivares. 1,2 80 Comp. Fruto Diâmetro do fruto 60 Comp. Coroa 40 Comp. Fruto = 116,1/(1+5,3230*EXP(-0,0362*DAF)) Diâmetro fruto = 115,3/(1+5,9437*EXP(-0,0336*DAF)) Comp. Coroa= 124,6/(1+38,2125*EXP(-0,0495*DAF)) 0 TA (mm dia-¹) 44 64 84 104 1,2 1,0 0,02 0,02 0,6 0,01 0,4 TA Diâmetro do fruto 0,2 0,01 TR Diâmetro do fruto 0,0 0,00 44 54 64 74 84 94 104 114 124 Dias após a floração 0,02 0,6 0,01 0,4 TA Comp. Fruto TR Com. Fruto 0,01 0,0 124 0,03 0,8 0,8 0,2 0,00 44 TA (mm dia-¹) 20 0,02 1,0 TR (mm dia-¹ mm-¹) 100 0,03 54 64 74 84 94 104 114 124 1,2 0,03 1,0 0,02 0,8 0,02 0,6 0,01 0,4 TA Comp. Coroa 0,2 0,01 TR (mm dia-¹ mm-¹) 1,4 TA (mm dia-¹) 120 TR (mm dia-¹ mm-¹) Comprimento (mm) 9° CONGRESSO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR AREIA-PB - 27 A 30 DE OUTUBRO DE 2014 Nº ISSN / 0101-756X TR Comp. Coroa 0,0 0,00 44 54 64 74 84 94 104 114 124 Dias após a floração Figura 1. Evolução do comprimento e diâmetro de infrutescência e comprimento da coroa (mm) e suas respectivas taxas absoluta (TA) e relativa (TR) de crescimento de abacaxi ‘Vitória’ durante o desenvolvimento nas condições edafoclimáticas do município de Itapororoca-PB. O comprimento da coroa apresentou comportamento de crescimento do tipo sigmoide, diferindo daquele observado para o comprimento da infrutescência. Esta diferença, no padrão de crescimento, pode ser melhor visualizado quando comparamos o comportamento nas taxas absolutas de crescimento, a partir do modelo logístico ajustado para comprimento e diâmetro da infrutescência e comprimento da coroa. Observa-se que as TAs de crescimento com base no comprimento da coroa, apresentou uma pausa entre os 104 e 112 DAF em média, demonstrando uma fase inicial de ganho contínuo de crescimento que estabilizou e tendeu a diminuir no final do período estudado. A diferença no comportamento de crescimento entre a infrutescência e outras partes da planta do abacaxi, foi observada para as cultivares Pérola e Smooth Cayenne (REINHARDT e MEDINA, 1992). Os autores explicaram que durante o desenvolvimento, a planta do abacaxizeiro reduz a taxa de crescimento como um todo, e paralelamente, seu ganho em massa fresca passa a ser decorrente do desenvolvimento da infrutescência. CONCLUSÃO 9° CONGRESSO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR AREIA-PB - 27 A 30 DE OUTUBRO DE 2014 Nº ISSN / 0101-756X Nas condições edafoclimáticas em que foram avaliadas houve um ganho diário contínuo de comprimento e diâmetro durante o desenvolvimento de infrutescência de abacaxizeiro ‘Vitória’. Os frutos atingiram valores máximos de 109 e 105 mm respectivamente ao final do período estudado por outro lado, o comprimento da coroa do abacaxi ‘Vitória’ apresentou diferenças na taxa de crescimento ao longo dos dias após a floração, caracterizando um padrão de crescimento do tipo sigmoide. REFERÊNCIAS BERILLI, S. S.; ALMEIDA, S. B.; CARVALHO, A. J. C.; FREITAS, S, J.; BERILLI, A. P. C. G.; SANTOS, P. C. Avaliação sensorial dos frutos de cultivares de abacaxi para consumo in natura. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal - SP, Volume Especial, E. p. 592-598, 2011. CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, E.B. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e manuseio. 2ª ed. rev. e ampl. Lavras: UFLA, p. 785. 2005. GUARÇONI, A. M. & VENTURA, J. A. Adubação n-p-k e o desenvolvimento, Produtividade e qualidade dos frutos do Abacaxi ‘gold’ (md-2). Revista Brasileira de Ciência do Solo. vol. 35, n.4, pp. 1367-1376, 2011. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção Agrícola Municipal. 2005. Disponível em: http://www.ibge.gov.br..Acesso em: 07 de fevereiro 2012. MARTINS, L. P. Qualidade de abacaxi ‘Pérola’ submetido à relação N/K e conservação de abacaxi ‘Smooth Cayenne’ tratado com 1-MCP. Tese (Doutorado), Areia, PB: CCA/UFPB, 2009. REINHARDT, D.H.R.C.; MEDINA, V.M. Crescimento e qualidade do fruto do abacaxi cvs. Pérola e Smooth Cayenne. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.27, n.3, p.435-447, mar., 1992. SOUZA, C.B.; SILVA, B.B. & AZEVEDO, P.V. Crescimento e rendimento do abacaxizeiro nas condições climáticas dos Tabuleiros Costeiros do Estado da Paraíba. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 11:134-141, 2007. VENTURA, J. A.; COSTA, H. e CAETANO L. C. S. Abacaxi 'vitória': uma cultivar resistente à fusariose. Revista Brasileira de Fruticultura. v. 31, n. 4, 2009.