Volume 13 • nº 4 Outubro/Dezembro 2001 ISSN 0103-507X NESTA EDIÇÃO Editorial Crescendo aos poucos, chegamos lá Artigo Impacto Psicológico da Internação na Unidade de Terapia Intensiva Artigo Prognóstico de Pacientes Oncológicos em uma Unidade de Tratamento Intensivo Artigo Original Em Busca de um Instrumento Técnico-assistencial para Fundamentar a Estimativa de Receita de uma Unidade de Tratamento Intensivo Artigo Características físicas e funcionais de um ventilador pulmonar mecânico manual Pediatria Early Administration of Inhaled Nitric Oxide to Pediatric Acute Respiratory Distress Syndrome Patients and Its Effects on Oxygenation and Ventilator Settings: Prospective Preliminary Report of Ten Patients Artigo de Revisão Hipercapnia Permissiva Índice Geral do Volume 13 Prêmio Fundação BYK premiará com US$ 10 Mil Dólares, o melhor trabalho desenvolvido no Brasil no campo da Medicina Intensiva. O trabalho vencedor será conhecido no X Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva que acontecerá no Rio de Janeiro em abril de 2002. Veja como participar na pág. 136 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 Fundada em 1980 SUMÁRIO Diretoria para o Biênio 2000-2001 Presidente Cid Marcos Nascimento David Vice-Presidente Norberto Antonio Freddi 1º Secretário Roberto Lúcio de Gusmão Verçoza Editorial “Meninos eu vi, meninos eu vi...” Cleovaldo T. S. Pinheiro 91 Artigo Impacto Psicológico da Internação na Unidade de Terapia Intensiva 92 Psychological Impact of the Internment in the Unit of Intensive Therapy Geraldo R Rodrigues Jr1, José Luiz G do Amaral2 2º Secretário José Maria da Costa Orlando Artigo Prognóstico de Pacientes Oncológicos em uma Unidade de Tratamento Intensivo 1º Tesoureiro Rosa Goldstein Alheira Rocha Outcome oncologic patients under intensive care 2º Tesoureiro Marcelo Moock Associação de Medicina Intensiva Brasileira Rua Domingos de Moraes, 814 Bloco 2 – Conj. 23 Vila Mariana – CEP 04010-100 São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 5575-3832 [email protected] Indexada na base de dados Lilacs A REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA reservase todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção PanAmericana e da Convenção Internacional sobre os Direitos Autorais. Os trabalhos publicados terão seus direitos autorais resguardados pela AMIB, que em qualquer situação agirá como detentora dos mesmos. 99 Cleovaldo T. S. Pinheiro1 , Luciano de Brito2 Artigo Original Em Busca de um Instrumento Técnico-assistencial para Fundamentar a Estimativa de Receita de uma Unidade de Tratamento Intensivo 104 Escore de Gravidade APACHE II x Receita: Há relação ou não? Jacques Édison Jacques* Artigo Características físicas e funcionais de um ventilador pulmonar mecânico manual 108 An evaluation of the physical and functional characteristics of a manually operated pulmonar mechanical ventilator Jefferson Guimarães de Resende* Pediatria Early Administration of Inhaled Nitric Oxide to Pediatric Acute Respiratory Distress Syndrome Patients and Its Effects on Oxygenation and Ventilator Settings: Prospective Preliminary Report of Ten Patients. 114 Inhaled Nitric Oxide in Pediatric ARDS José R. Fioretto, Rossano C. Bonatto, Sandra M.Q. Ricchetti, Mário F. Carpi, Marcos A. de Moraes and Carlos R. Padovani1. Artigo de Revisão Hipercapnia Permissiva Luiz Felipe Ferreira da Silva 123 Índice Geral do Volume 13 137 General Index Volume 13 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 87 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NESTA REVISTA RBTI REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA Editor Cleovaldo T. S. Pinheiro (RS) Secretário Luciano de Brito Editor Associado Werther Brunow de Carvalho (SP) Conselho Editorial Álvaro Réa Neto (PR) Antonio Nuno da Conceição (BA) Cid Marcos Nascimento David (RJ) Edson Stefanini (SP) Eliezer Silva (SP) Fernando Osni Machado (SC) Flávio de Barros Maciel (SP) Gilberto Friedman (RS) José Luiz Comes do Amaral (SP) José Luiz do Amorin Ratton (MG) José Raimundo de A. Azevedo (MA) Odin Barbosa da Silva (PE) Paulo César Ribeiro (SP) Paulo Gabriel Bastos (RJ) Paulo Sérgio S. Beraldo (DF) Rosane Goldweisser (RJ) Sayonara de Fátima F. Barbosa (SC) Vera Regina Fernandes (SC) Jornalista Responsável Marcelo Sassine - Mtb 22.869 Diretora de Arte Anete Salviano A Revista Brasileira de Terapia Intensiva é publicada trimestralmente (março, junho, setembro a dezembro) em um único volume anual, editada pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e destina-se a publicar artigos originais, conferências, editoriais, notas prévias, resumos selecionados, temas de atualização e de revisão, relatos de casos, notas sobre novas técnicas e novos aparelhos, condensação de teses, cartas ao editor e outras matérias concernentes à terapia intensiva e especialidades correlatas. Os textos devem ser inéditos, escritos preferencialmente em português. Serão aceitos os trabalhos escritos em inglês ou em espanhol, quando os mesmos forem realizados em serviços estrangeiros de língua inglesa ou espanhola, ou quando forem escritos por experts convidados. Todos os trabalhos deverão ser acompanhados de um Abstract (resenha condensada), necessariamente em inglês, com 150 a 300 palavras para artigos maiores, e até 150 para menores, a fim de oferecer aos leitores estrangeiros ampla idéia do tema estudado. O texto deve se fazer seguir de um resumo na língua em que foi escrito (resumo, summary, resumen). O texto deve ser digitado em espaço duplo e apresentado na seguinte ordem: Página de rosto, Título em inglês, Abstract, Key Words, Introdução (deve ser feita, mas o título “Introdução” deve ser omitido), Material e Métodos, Resultados, Discussão, Resumo, Unitermos, Agradecimentos, Referências, Tabelas, Figuras, Legendas das Tabelas e das Figuras. A Página de Rosto deve ocorrer: Título de artigo; Nome(s) do(s) autor(es) e respectivos títulos; Nome do Serviço ou Instituição em que foi realizado o trabalho; Nome e endereço do autor principal para correspondência (a sair publicado); Telefone do autor para contato com o editor de texto; Fonte de patrocínio (bolsas, subvenções, ofertas de produtos). Abaixo do resumo na língua em que foi escrito, enumerar, até um máximo de cinco, as palavras ou expressões indicativas do conteúdo do artigo (Unitermos), de preferência com base no Index Medicus, para maior facilidade na indexação. Os trabalhos deverão ser enviados em três vias e em disquete (sendo o texto salvo em Word, letra Times New Roman, tamanho 12 e espaço 1,5). Não deverão ultrapassar 15 páginas digitadas, salvo casos autorizados pelo Conselho Editorial. Esses trabalhos serão apreciados pelo Conselho Editorial que se reserva o direito de recusá-los e de fazer sugestões quanto à sua estrutura ou à sua redação. As Referências devem incluir o material estritamente necessário, realmente citado no texto. As revistas devem ser referidas de forma abreviada, segundo critérios internacionais. As citações no texto devem ser feitas por números índices, correspondendo às respectivas referências listadas por ordem cronológica, não-alfabética. Os livros devem ser referidos pelo autor, título, cidade-sede da casa editora, nome da casa editora, número da edição (a partir da 2ª), volume, ano da impressão, e páginas inicial e final citadas. Se se tratar de capítulo de livro, fazer constar: autor do capítulo, título do capítulo, a palavra In (grifada), dois pontos, nome dos editores indicando com a abreviação eds., título do livro (grifado), cidade da editora, nome da editora, nº da edição (a partir da 2ª), volume, ano da publicação, páginas citadas. Quando o artigo tiver mais de três autores deverão ser citados os três primeiros seguidos de et al. EXEMPLOS: Referências 1. Leppänieme A,Haapiainen R,Kiviluoto T, et al. Pancreatic trauma: acute and late manifastations. Br J Surg 1988; 75: 165-7. 2. Carter DC. Pancreatitis and the biliary tree: the continuing problem. Am J Surg 1988; 155: 10-7. 3. Buchler M, Malfertheiner P, Berger HG. Correlation of imaging procedures, biochemical parameters and clinical stage in acute pancreatitis. ln: Malfertheiner P, Ditschuneir H. eds. Diagnostic procedures in pancreatic disease. Berlin: Springer-Verlag 1986; 123-9. 4. Crystal RG. Interstitial lung disease. In: Wyngaarden JB, Smith LH. eds. Cecil textbook of medicine. Philadelphia: WB Saunders & Co., 18th ed., 1988; 421-35. Para fim desta Revista, tabelas e quadros correspondem à mesma coisa e são convencionados sob o nome Tabelas, numeradas em arábicos. Figuras, também em arábicos, incluem desenhos, fotografias, esquemas e gráficos. À margem de cada Tabela ou Figura, ou no verso, devem ser grafados a lápis sua numeração, título do trabalho e nome do autor, ou outras indicações que facilitem sua absoluta clareza. Cada Tabela e cada Figura devem estar montadas ou feitas em folhas separadas (uma para cada elemento) e também em disquetes. As legendas das Tabelas e das Figuras devem ser digitadas com claras indicações a que se referem. Esta Revista deve ser referida com as seguintes abreviações: Rev Bras Terap Intens. Capa ImageBank A correspondência para publicação deve ser endereçada para: Projeto Gráfico e Produção Editorial MWS Design Fone: (11) 3399-3028 www.mwsnet.com.br 88 RBTI - Revista Brasileira de Terapia Intensiva AMIB Rua Domingos de Moraes, 814 – Bloco 2 – Conj. 23 Vila Mariana – CEP 04010-100 – São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 5575-3832 Email:[email protected] Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva EDITORIAL “Meninos eu vi, meninos eu vi...” ecentemente, em um fórum sobre o exercício profissional e uma Assembléia de Representantes da AMIB, realizados simultaneamente em Porto Alegre, a discussão sobre as maneiras de concessão de títulos de especialistas em Medicina Intensiva voltou novamente à baila. Os argumentos foram os mesmos de sempre, defendidos pelos mesmos personagens. Estou na AMIB desde o seu nascimento, isto é, desde a reunião de fundação, realizada no início dos anos oitenta num respeitoso anfiteatro do Hospital das Clínicas de São Paulo. Alguns participantes ainda estavam presentes nessa última reunião da AMIB. Lá se vão vinte e um anos! Época de maioridade... Mas não o foi o que se viu em Porto Alegre. Sob minha óptica, alguns progrediram, outros ficaram como sempre estiveram e outros regrediram. Esses movimentos evolutivos, estacionários ou involutivos ocorreram de forma previsível. Os estados que trabalharam forte, criteriosamente e com os olhos voltados para a qualificação dispararam e apresentam hoje soluções locais bem estabelecidas. Vejase o caso de Santa Catarina, para citar um estado pequeno e não se argumentar que seria o poder econômico o determinante dessa evolução. Florianópolis é hoje um centro formador de alta qualidade, com intensivistas participando das decisões da saúde do estado, tanto no nível profissional quanto no nível acadêmico: um colega nosso de especialidade foi secretário estadual da saúde, um é diretor geral do Hospital Universitário da UFSC e uma colega diretora clínica da mesma instituição. Outros locais, ao contrário, passaram a interpretar de forma diferente o mesmo problema. Alguns tentaram resolver o problema criado por colegas mais velhos que no início do movimento de criação da especialidade não levaram fé no que acontecia, perdendo o bonde da história, ficando sem titulação e, ao se darem conta estavam em risco de perderem suas posições de chefia, recorreram ao casuísmo para recuperar o privilégio. Outros assumiram a defesa de outros que se recusaram a fazer formação especí- R Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 fica em intensivismo, optando por outras especialidades e, que pressionados pelo mercado, terminaram dando plantão em uma unidade e que agora, por contingência das portarias ministeriais, necessitam o diploma. O valor do diploma passou a resumir-se em si mesmo, não refletindo uma diferenciação profissional. O que se viu nessas duas décadas foi que os estados que optaram pelas últimas alternativas presenciaram um desfile de médicos temporários nos serviços de Terapia Intensiva, vindo quando o orçamento assim mandava e iam quando a vontade e a vocação podia prevalecer sem mais necessidade do salário. Os antigos, tão laboriosamente defendidos por muitos, nem sequer compareceram para pegar seus documentos obtidos por proficiência ou não compareceram para a prestação de prova quando permitido. Como diria Tomasi di Lampedusa “mudouse para continuar tudo do modo que sempre foi”. Uma moeda tem valor quando é rara ou quando tem seu lastro em ouro... Distribuir-se diplomas apenas pela prestação de provas continua um viés perigoso e pensar assim não significa desconhecer e não respeitar as diferenças regionais. Arrumar-se um modo mais fácil para titular-se os plantonistas do Hospital Geral de Cacimbinhas do Sul (aqui vai um exercício retórico, uma vez que tal cidade, penso eu, não existe) não qualificará o hospital, o município, a equipe médica ou o próprio médico, mas desqualificará o título. Medicina se faz com pedigree: Dr. Fulano é treinado por Dr. Sicrano, que foi treinado por Dr. Beltrano. Não existe autodidatismo em Medicina. Daqui mais vinte anos, e, acreditem, não estou querendo ser profético, pois não tenho tal vocação, e pretendo já estar gozando merecida aposentadoria, o senhores estarão testemunhando a mesma lamúria dos mesmos locais, talvez com pessoas diferentes, mas com as mesmas teses. Se estiver vivo poderei dizer “meninos eu vi, meninos eu vi...” Dr. Cleovaldo T. S. Pinheiro Editor Chefe 91 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO Impacto Psicológico da Inter nação na Internação Unidade de T erapia Intensiva Terapia Psychological Impact of the Internment in the Unit of Intensive Therapy Geraldo R Rodrigues Jr1, José Luiz G do Amaral2 ABSTRACT While it studying sedation in serious ill patients, they were going interviewed, after discharge of the unit, 54 patient who not sedated and interned in the Surgical Intensive Care Unit in the UNIFESP’s, about the internment and considered unpleasant experiences quality. They were going excluded patient that remained less than 24 hours or without indispensable exams for the gravity index calculation (Apache II). The sedation was going found in 37,4% of the patients, likely with most authors that relate founded sedation in 30 and 50% of the interned patients. Between sedation indications are the psychiatric nature causes, like delirium, agitation, fear and anxiety, besides mechanical ventilation installation and maintenance. As well as in current reports, forty-five (83,3%) of the 54 patient interviewees tolerated well the internment in Intensive Care Unit, considering her good or pleasant. In spite of this, when asked about unpleasant occurrences in the internment, spontaneous or suggested, they were recalled: immobility (59%), presence of the tracheal or nasograstric tube (50%), pain, fear and anxiety (42%), sleep absence (40%), excessive noise (39%) and tracheal suctioning or aspiration (38%). It concludes that the sedation is frequent therapeutic resource in Intensive Care Unit, usually used to facilitate the artificial ventilation and to treat the psychiatric nature problems. However, doesn’t do necessary like routine, because the internment seems to be well tolerated by the patients’ majority. KEY WORDS – Sedation, critical care patients, intensive care therapy, humanization Estudo realizado na UTI Cirúrgica da Disciplina de Anestesiologia, dor e terapia intensiva cirúrgica do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/EPM 1. Professor Assistente doutor do Departamento de Anestesiologia da UNESP - Botucatu –SP. Especialista em Terapia Intensiva pela AMIB/AMB. 2. Professor Titular da Disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva Cirúrgica do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/EPM. Especialista em Terapia Intensiva pela AMIB/AMB. Endereço para correspondência: Geraldo R Rodrigues Jr Departamento de Anestesiologia da F.M.B. - UNESP Bairro Rubião Júnior - Caixa Postal 530 - 18618-970 - Botucatu –SP e-mail: [email protected] 92 avanço científico e tecnológico, nas últimas décadas, faz-se sentir com intensidade na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Equipamentos e drogas de última geração tornam-se preocupação constante dos especialistas na área. Este avanço espetacular e impressionante, da ciência médica, fez com que a ênfase do tratamento intensivo ficasse voltada para objetivos terapêuticos mas, muitas vezes, sem alma, desumanizados. Neste ponto ficou esquecida a arte médica, baseada em aspectos científicos e humanos que faz o médico em especialização perceber que uma pessoa, fragilizada pela enfermidade, espera atenção e carinho no seu tratamento, não somente medicamentos e sondas. Com a expressão: Do moribundo aprenderei a vida, Ninos (1988) 1 , parafraseando inscrição latina, comumente presente em salas de necropsia, descreve a importância da formação humanista e ética no ambiente da terapia intensiva. Apesar dos esforços de humanização das unidades, o objetivo primário do tratamento intensivo tornou-se, através de sofisticados recursos de monitorização e terapêutica, qualificar, quantificar e controlar ampla variedade de fenômenos biológicos. Tais preocupações fazem, amiúde, esquecer que sob curativos e bandagens, na outra extremidade dos tubos, cabos e drenos, atrás de alarmes e restrito ao leito encontra-se um ser humano. A rotina da UTI é caracterizada por ritmo ininterrupto e atividade constante, luzes, ruídos e aparelhos estranhos. A relativa imobilidade que alguns sistemas sensíveis de monitorização exigem requer paciência e colaboração além dos limites impostos pelas enfermidades graves. É pouco provável que uma pessoa possa tolerar tal ambiente sem que seja instituído algum tratamento antiansiedade, além do indispensável alívio da dor 2. O sofrimento psíquico dos egressos dessas unidades é dificilmente avaliável e é, há muito, preocupação dos especialistas da área 2, 3. Gomes & Santos O Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva vine novas psicoses 10 - 12. Por conseguinte, a humanização dos cuidados e capacidade adaptativa desses enfermos podem amenizar sua experiência na unidade de terapia intensiva13. Portanto, busca-se, neste estudo, avaliar e quantificar possíveis seqüelas psíquicas provocadas pela estadia na terapia intensiva e a necessidade de uma rotina de sedação. 3. Experiências consideradas desagradáveis durante a permanência na UTI, dentro de relação de ocorrências da internação (imobilidade, presença de tubo traqueal, sonda nasogástrica, medo e ansiedade, dor, ausência de sono, ruído excessivo, aspiração traqueal, punção arterial, acesso venoso central, luz excessiva, falta de repouso, máscara facial, ventilação artificial, sonda vesical e fisioterapia). Todos os pacientes foram comparados em relação a sexo, idade e gravidade inicial conforme o índice APACHE II. Foram excluídos os pacientes que permaneceram menos de vinte e quatro horas internados, o que não permite o cálculo do APACHE II, e outros que não puderam ser submetidos à esta avaliação por ausência de exames indispensáveis. A Avaliação de Fisiologia Aguda e Saúde Crônica (APACHE Acute Physiology and Chronic Health Evaluation) é resumida em 12 medições fisiológicas e estado de saúde antes da admissão, sendo atribuídos valores em pontos para classificar os pacientes pela gravidade da doença e predizer o resultado da internação 14. MATERIAL E MÉTODO Imediatamente após a alta da UTI, foram entrevistados, aleatoriamente, 54 pacientes que não houvessem recebido qualquer forma de agentes sedativos durante sua estadia. Na oportunidade foram interrogados seqüencialmente sobre: 1. Qualidade geral da internação sendo a eles apresentadas as opções agradável, regular ou desagradável. 2. Experiência considerada a mais desagradável durante a permanência na UTI. Procurou-se nesta questão evocar lembrança de fatos sem oferecer opções. RESULTADOS Os 54 pacientes não sedados ficaram distribuídos por sexo em 33 homens e 21 mulheres, sendo a média de idade em 53 anos. A média da gravidade inicial (APACHE II) ficou em 16 (Tabela 1). Quarenta e cinco (83,3%) dos 54 pacientes entrevistados toleraram bem a internação (Figura 1) considerando-a agradável. Os restantes cinco (9,3%) e quatro (7,4%) pacientes se declararam regularmente satisfeitos com a internação ou disseram ter sido uma experiência desagradável, respectivamente. Figura 1. Classificação da internação pelos pacientes (1997) 4 informaram que a maioria de 57 pacientes admitidos em UTI considerou o tratamento dispensado pela equipe agradável (81%), tendo como maior queixa os procedimentos realizados em si (21%) e como maior preocupação a família (28%). Elpern et al (1992) 5 entrevistaram 84 pacientes adultos internados e 76% destes pacientes consideraram como positiva sua experiência. Turner et al (1990) 6 estudaram recordações de 100 pacientes, e para 94% a atmosfera da UTI foi descrita como amigável ou relaxante. Tomlin, 19777, refere que apenas 0,5% dos internados guardam problemas psiquiátricos importantes. Todavia, Benzer et al (1983) 8 consideram que nenhum egresso dessas unidades é isento de algum distúrbio psicológico. Medo e ansiedade constituem relevante estresse psíquico e podem levar a síndrome, descrita genericamente como “psicose de UTI”, com incidência variável entre 14% e 72%9. A eliminação da tríade ansiedade, dor e insônia, pela sedação, pre- ARTIGO Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 93 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO As piores lembranças espontâneas citadas foram tratamento inadequado da dor (18,5%), presença de tubo traqueal (16,6%) e de máscara facial (9,2%). O ruído excessivo produzido na unidade durante a rotina usual foi citada por 9,2%, imobilidade ou restrição ao leito e presença de sonda vesical por 7,4%. Para 5,5% desses doentes, a ausência de um período de sono foi determinante para tornar sua estadia desagradável e para 3,7% a presença de sonda nasogástrica, medo e ansiedade foram citados entre as piores lembranças. Acesso venoso central nas veias jugular interna ou subclávia, exposição demasiada a claridade e aspiração traqueal incomodaram, cada um separadamente, 1,8% desses pacientes (Figura 2). Quando foi proposto, a cada paciente, uma série de eventos a que poderiam ter sido submetidos, consideram como lembranças mais desagradável a imobilidade ou restrição ao leito, que foi a mais citada (59%). A presença de tubo traqueal ou de sonda nasogástrica desagradaram 50%, sendo essa última presente em apenas 34 dos 54 pacientes. Medo, ansiedade e dor foram reclamadas como as piores recordações por 42%, ausência de sono por 40%, ruído excessivo por 39% e aspiração traqueal por 38%, sendo que somente 50 pacientes experimentaram essa ocorrência. A punção arterial diária para coleta de exames e gasometria incomodaram 33% dos pacientes, enquanto acesso venoso central nas veias jugular interna ou subclávia foram lembrados por 32% de 44 enfermos. A exposição demasiada a claridade foi o martírio de 29% e o não favorecimento ou ausência de período de sono foi o de 29%. A presença de máscara facial durante o período de internação foi recordada incomodamente por 26% e a submissão ao ventilador artificial por 25% de 48 doentes. Por fim, presença de sonda vesical incomodou significativamente 20% de 50 pacientes e a fisioterapia realizada duas vezes ao dia em 9% de todos os entrevistados. (Figura 3). DISCUSSÃO Apesar das experiências negativas, o relato de diversos pacientes entrevistados após a alta, demonstra impacto menor do que o esperado. O efeito psicológico da internação em Terapia Intensiva não é previsível. Delírio e agitação raramente ocorrem associados à psicose verdadeira 10 . A expressão “psicose de UTI” é descrição simplista e inespecífica dos distúrbios de comportamento resultantes da perda de contato com a realidade9. Eles são influenciados por fatores genéticos e experiências prévias (próprias ou de conhecidos). A ansiedade pode resultar em desorganização psicológica, expressa por desilusão, pânico, sensação de abandono e até mesmo psicose10, 15. Uma equipe amigável e um ambiente acolhedor (controle de ruído, luminosidade e temperatura), evita esta seqüência devastadora. As visitas de familiares e amigos, reforça sobremaneira o apoio recebido da equipe médica e paramédica4, 13. Figura 2. Piores lembranças relatadas pelos pacientes 94 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 ARTIGO RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva Figura 3. Lembranças desagradáveis escolhidas, pelos pacientes, de uma lista por ordem de importância. Nos dias atuais é cada vez mais freqüente, o estabelecimento de medidas destinadas a humanizar o tratamento intensivo, que substitui com vantagens as intervenções farmacológicas. Portanto, a humanização é escopo fundamental da medicina intensiva 4, 13, 16 - 19. Contudo, a sedação tem seu lugar, sendo indicada em cerca de 30% a 50% dos enfermos 13, 20, indicados, em maior parte, para adaptar o paciente à ventilação mecânica, para controle de delírio e agitação, para realização de alguns procedimentos desconfortáveis e, também, para reduzir o metabolismo ou promover o sono 4, 13, 16, 17, 21. Entretanto, as drogas sedativas são mais prescritas, amiúde, para silenciar o ambiente das suas unidades, ou prover condições convenientes para a prática de enfermagem, do que em resposta a necessidades dos pacientes 15. Apesar disso, Schroeder (1971) encontrou em 58% de 332 pacientes, a descrição de facilmente suportável a estadia na Terapia Intensiva 22. Bion & Ledingham (1987) 23 investigaram um grupo de pacientes que receberam sedação com narcóticos e benzodiazepínicos. Destes 33% consideraram agradá- 96 vel sua estadia e 45% tolerável 23. Turner et al (1990) 6 estudaram recordações de 100 pacientes após sua saída da UTI. Estes pacientes tinham diversas crenças, variados níveis educacionais e ocupacionais, além de variadas raças. A média do índice APACHE. II foi de 12,3, sendo que 68% dos pacientes foram ventilados artificialmente. A atmosfera da UTI foi descrita como amigável ou relaxante, por 94% destes pacientes. A mais freqüente experiência desagradável foi a punção para colheita de sangue arterial (48% dos pacientes) e aspiração traqueal (30 de 68 pacientes ventilados artificialmente). Apenas 6% dos pacientes queixaram-se das discussões ao redor do leito. Este estudo enfatizou a necessidade de uma melhor comunicação, pela equipe, com os pacientes. Sugeriram também, que a instituição de linhas arteriais ou oximetria de pulso poderiam ser usadas para evitar colheitas freqüentes de sangue arterial e que a aspiração traqueal deveria ser realizada com maior cuidado6. Objetivando determinar a influência de uma recente experiência de internação em terapia intensiva numa provável preferência, destes pacientes, pela UTI em pos- síveis internações futuras, foram entrevistados 84 pacientes adultos internados, nessa unidade, num período compreendido entre junho e agosto de 1990 5. Cerca de 76% destes pacientes consideraram como positiva sua experiência. Outro estudo foi realizado com o objetivo de determinar se a idade afetaria as atitudes de pacientes na terapia intensiva 24. Os autores administraram um questionário para 57 pacientes que foram hospitalizados em sua unidade coronariana e terapia intensiva geral. Responderam ao questionário 28 homens e 29 mulheres variando entre 20 e 92 anos (média 58,4 anos). A intensidade e gravidade dos tratamentos foram similares nos dois grupos. A maioria dos pacientes, jovens e velhos, ficou satisfeito com o tratamento e a recuperação, e expressou o desejo por um tratamento similar no futuro, caso necessário. Somente 5 pacientes se manifestaram insatisfeitos com o tratamento: dois eram maiores de 70 anos, os outros tinham 27, 62, e 65 anos. Apesar deste resultado, que não mostra relação entre idade e estresse na UTI, os autores concluíram que, por causa do número de pacientes que respondeu ao questionário, faz-se necessário um novo estudo para conclusões definitivas 24. Todos disseram preferir a unidade de tratamento intensivo, caso precisassem de tratamento médico 5, 6, 24. Tomlin (1977) refere que somente 0,5% dos internados em UTI guardam, problemas psiquiátricos significantes 3 . Por outro lado, outros autores 8, consideram que nenhum egresso de tais unidades é isento de algum distúrbio ou deficiência seja de pensamento, humor ou comportamento 8. Os resultados do presente estudo assemelham-se aos dados da Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO Tabela 1. Distribuição dos pacientes conforme sexo, idade e APACHE II. MÉDIA (m) Idade Apache ii 53 15 Literatura e revelam menor impacto psicológico do que se pressupunha. Dos 54 pacientes entrevistados, não submetidos à sedação, 83,3% consideraram sua internação como boa ou agradável, 9,3% como regular e 7,4% como ruim ou desagradável. Na avaliação subjetiva desses pacientes, com variados graus de instrução, percebia-se uma certa sensação de alívio e sucesso por estarem deixando a unidade. Tal fato, juntamente com o desejo de não desagradar o entrevistador, possivelmente, influenciaram as avaliações, inclusive de pacientes que demonstravam visível desconforto, quando se encontravam no ambiente da UTI. É difícil determinar a intensidade do desconforto na UTI 25. Dor e insônia foram problemas comumente observado 26 - 29. Foram também referidos colheita de sangue arterial (queixa de 48 entre 100 pacientes) e aspiração traqueal (30 de 68 pacientes ventilados mecanicamente 6. Cerca de 100 pacientes foram interrogados em uma UTI cirúrgica, acerca de suas impressões sobre a internação 27. Suas respostas foram comparadas com os resultados de uma pesquisa similar realizada no mesmo hospital 10 anos antes. Muitos pacientes acharam agradável a internação porém, a despeito de estarem internados em quartos individuais, a dificuldade em dormir e descansar foram, ainda, queixas comuns (27% dos casos) 27. Dentre ocorrências listadas como desagradáveis por 60 pa- Sexo MASCULINO - 62% feminino – 38% cientes internados em UTI, foram destaques 30 : ansiedade, em 78% deles; dor, em 67%; falta de repouso em 63%; sede, em 60%; presença do tubo traqueal (50 pacientes), em 57%; máscara facial, em 52%; tubo nasogástrico, em 47%; fisioterapia, em 33%; cateter urinário, em 17%; náuseas, em 12%; e paralisia, em 100% de 16 pacientes30 . Surpreendentemente, no presente estudo, a imobilidade ou restrição ao leito, recordada por 59% dos entrevistados, foi responsável por impacto mais intenso do que esperado, provavelmente devido a disposição dos leitos da unidade, que favorecia uma visão global dos leitos e do ambiente exterior. Portanto, muitos doentes observaram toda movimentação frenética da unidade, inclusive óbitos. Procedimentos rotineiros e incômodos foram realizados, sem que tivessem escolha ou fossem consultados. A soma disso pode ter levado a sensação de impotência, que, acentuada pela restrição ao leito, marcou a internação da maioria dos entrevistados. CONCLUSÕES A sedação não se faz necessária, como rotina, para amenizar a estadia na terapia intensiva, classificada como desagradável por apenas 7,4% dos pacientes. Todavia, quando indicados, são, geralmente, para adaptar o paciente à ventilação mecânica e para problemas de natureza psiquiátrica, como delírio e agitação. As ocorrências mais lembradas no período de internação foram Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 consideradas desagradáveis, como dor, presença do tubo traqueal, imobilidade, presença da sonda nasogástrica, medo e ansiedade. A importância da dor é, ainda, minimizada e seu tratamento insuficiente na UTI. RESUMO Com o intuito de estudar sedação em pacientes graves, foram entrevistados, após a alta, 54 pacientes, não sedados e internados na Unidade de Terapia Intensiva Cirúrgica da Disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva Cirurgia da UNIFESP, sobre a qualidade da internação e experiências consideradas desagradáveis. Foram excluídos pacientes que permaneceram menos de 24 horas ou sem exames indispensáveis para o cálculo do índice de gravidade (APACHE II). A sedação foi encontrada em 37,4% dos pacientes, comparavelmente com a maioria dos autores que relatam-na entre 30 e 50% dos pacientes internados. Entre as indicações de sedação estão as causas de natureza psiquiátrica, como delírio, agitação, medo e ansiedade, além de instalação e manutenção de ventilação mecânica. Assim como em relatos atuais, quarenta e cinco (83,3%) dos 54 pacientes entrevistados toleraram bem a internação em Terapia Intensiva, considerando-a boa ou agradável. Apesar disto, quando perguntados sobre ocorrências desagradáveis na internação, espontâneas ou sugeridas, foram as mais lembradas: imobilidade (59%), tubo traqueal e sonda nasogástrica (50%), dor, medo e ansiedade (42%), ausência de sono (40%), ruído excessivo (39%) e aspiração traqueal (38%). Conclui-se que a sedação é recurso terapêutico freqüente em Te- 97 ARTIGO rapia Intensiva, comumente utilizada para facilitar a ventilação artificial e tratar os problemas de natureza psiquiátrica. No entanto, não se faz necessária como rotina. UNITERMOS – Sedação, pacientes graves, terapia intensiva, humanização. REFERÊNCIAS: 1. Ninos NP. Humanism and thechnology. Editorial. Crit Care Med 1988; 16:1252-1253. 2. Crippen DW. The role of sedation in the ICU patient with pain and agitation. Crit. Care Clin 1990 6:369-2. 3. Dobb G.J & Murphy DF. Sedation and analgesia during intensive care. Clin Anaesth 1985; 3:1055-1083. 4. Gomes AMCG & Santos PAJ. Humanização em Medicina Intensiva. 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Patients: We studied 137 consecutive patients hospitalized in the ICU of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre; patients who stayed less than 24 hours in the ICU, and patients in the post-operative period of cardiovascular surgery were excluded. Interventions: None. Measurements: The patients identification data, clinical data, and the APACHE II score were registered in the first 24 hours of internation in the ICU. The study factor was the presence of an oncologic disease histologicaly diagnosticated, and the outcome , the mortality rate. The patients were also classified according the value of APACHE II score: less than 25, or equal or more than 25. Conclusions: Oncologic patients under intensive care presented greater mortality rate when compared to non-oncologic patients under the same conditions. The rate was significantly greatter when the score was less than 25, and equal when the APACHE II was equal or more than 25, indicating that in the former condition, the underlying disease could be more important in determining the outcome, and in the latter, could be the acute disfunctions. Key words: Oncologic patients, intensive care, outcome, mortality, APACHE II, ICU, critical care. 1 Professor do Departamento de Medicina Interna da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Chefe do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Rua Ramiro Barcelos 2350. Porto Alegre. RS. Fone: (51)3316-8632, Fax: (51)33168630, e-mail: [email protected] 2 Acadêmico de Medicina. Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 acientes portadores de doença maligna em unidades de terapia intensiva têm sido um assunto controverso e de debate há longo tempo 3,4,5,6,7 por causa dos altos custos,8 utilização extensiva de recursos materiais, 9 longas estadas e baixas taxas de sobrevida.10,11 Todavia, pacientes oncológicos povoam as unidades de terapia na maioria dos hospitais 12,13 por apresentarem inúmeras complicações agudas decorrentes da doença e dos métodos terapêuticos utilizados,14,15,16,17,18,19 ficando a decisão de internar ou não na fronteira entre o útil e o fútil,20 tornando necessário um grande grau de discernimento dos médicos responsáveis pela indicação do tratamento intensivo.21 Nesse nível, a ação deve ser sempre norteada pelos quatro princípios bioéticos propostos por Beauchamp e Childress22 e pelas perguntas por eles geradas: Beneficência: qual é a probabilidade de que uma vida de razoável qualidade e duração seja restabelecida pelo tratamento intensivo? Não-maleficência: quanto de estresse, de risco e de indignidade estarão possivelmente associados à terapia intensiva? Autonomia do paciente: informado do balanço destas probabilidades, qual é a preferência do paciente? Justiça: o benefício esperado a um indivíduo justifica o custo e recursos impostos à comunidade? As duas primeiras questões são técnicas para o médico, dependendo do prognóstico com ou sem terapia intensiva. A disponibilidade de dados preditivos poderosos como o APACHE II diminui as desculpas para a tomada de decisões.23 As duas últimas são pessoais e sociais e, infelizmente, raramente merecem a atenção dos médicos.24 Os fatos expostos nos obrigam a uma contínua avaliação desta subpopulação, a dos pacientes oncológicos, cujos processos de tratamento e taxas de cura estão sempre em evolução. O presente estudo foi idealizado para avaliar as taxas de mortalidade de pacientes oncológicos submetidos à terapia intensiva CTI-HCPA (unidade de 33 leitos para P 99 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO mente através de uma análise univariada, tendo-se como nível de significância um p < 0,05. mortalidade significativamente maior do que os não portadores dessa doença, com um risco relativo igual a 2,43 (intervalo de confiança de 95% de 1,56-3,78). Quando estratificados pelo APACHE II, observou-se que os pacientes com escores inferiores a 25 apresentavam maior mortalidade quando portadores de neoplasia, mas, quando o escore foi maior do que o ponto de corte, não houve diferença significativa entre os dois subgrupos (Tabela 3). RESULTADOS Foram avaliados 137 pacientes: 81 homens (59%) e 56 mulheres (40,9%), com idade média de 53,6 anos (± 19,6 anos); mediana da idade = 54 anos. Vinte e nove pacientes (21,2%) possuíam doença neoplásica, sendo 5 pacientes portadores de doença hematológica. O APACHE II médio da amostra foi de 16,4 (± 8,8) (Tabela1). Dentre os pacientes estudados, faleceram no CTI 38 (27,7%), e mais 5 no período de internação após terem tido alta do CTI, perfazendo uma mortalidade total de 32,4% (Tabela 2). Os pacientes portadores de neoplasias apresentaram uma taxa de DISCUSSÃO A internação de pacientes portadores de doenças neoplásicas em unidades de terapia intensiva, principalmente quando a causa da internação é devida a uma complicação da doença básica continua um assunto de debate devido às altas taxas de mortalidade de subgrupo de pacientes. Nosso estudo apresentou taxas de mortalidade significativamente maiores para os pacientes portadores de doenças malignas do que os pacientes sem câncer: 60,7% contra 25,0%. Esses dados praticamente reproduzem os dados de Hauser, Tabak e Baier, que encontraram taxas de 55% (22/40) e 17 (118/864).8 A pe- Tabela 1: Dados demográficos e APACHE II da população estudada. Pacientes sem neoplasia Pacientes com neoplasia p 108 29 - 47 (43,5) 9 (31,0) NS Média de idade (desvio padrão) 52,9 (19,7) 56,0 (19,4) NS APACHE II médio (desvio padrão) 15,7 (8,9) 19,1 (9,9) NS Número N° de mulheres (%) NS = não significativo. pacientes com mais de 12 anos, situada num hospital universitário terciário de 780 leitos), comparando-as às taxas de mortalidade de pacientes não-oncológicos nas mesmas condições clínicas. MATERIAL E MÉTODO Os pacientes elegíveis para o estudo foram aqueles internados consecutivamente no CTI-HCPA durante o período de estudo, tendo sido excluídos os pacientes em pós-operatório de cirurgias cardíacas e os que permaneceram internados por menos de 24 horas. Os pacientes foram divididos em dois grupos: um grupo de estudo, constituído por aqueles portadores de uma doença neoplásica, diagnosticada histologicamente, e um grupo controle, constituído pelos pacientes sem doença neoplásica. Nas primeiras 24 horas de internação no CTI, foram colhidos os dados de identificação, informações clínicas e realizado o cálculo do escore APACHE II. Os pacientes eram então seguidos de forma prospectiva pelos investigadores até a ocorrência dos desfechos: alta ou óbito. Por outro lado, criou-se uma estratificação arbitrária em dois subgrupos de gravidade diferentes, tendo-se como ponto de corte o valor do APACHE II de 25, para efetuar-se a comparação das taxas de mortalidade entre os dois subgrupos, estudo e controle, nesses dois estratos classificados pelo escore. Os resultados foram tratados estatistica- 100 Tabela 2: Taxas de mortalidade dos pacientes estudados Tipo de pacientes Óbitos (%) Sobreviventes Com neoplasia 17 (60,7) 11 (39,8) Sem neoplasia 27 (25,0) 81 (75,0) Total 44 (32,4) 92 (67,6) P < 0,001. Risco relativo = 2,43 (1,56-3,78) Tabela 3: Freqüência e taxas de mortalidade dos pacientes com e sem neoplasia, quando estratificados pelo valor do escore APACHE II. Tipo de pacientes APACHE II < 25 * APACHE II ³ 25 ** Com neoplasia (%) 10 (45,5) 6 (85,7) Sem neoplasia (%) 10 (11,0) 12 (85,7) * p < 0,001. Risco relativo = 4,14 (1,97-8,69). ** p > 0,05. Risco relativo = 1,21 (0,79-1,87). Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva quena diferença existente se deve ao fato de que a maioria de nossos pacientes são encaminhados com disfunções orgânicas, principalmente insuficiência respiratória. Os mesmos autores encontraram uma mortalidade de 75% para pacientes com câncer e insuficiência respiratória; contra uma taxa de 25% para pacientes com insuficiência respiratória, mas sem câncer e de 25% para pacientes com câncer, mas sem insuficiência respiratória. Influenciam independentemente nesse desfecho, piorando-o, além da presença da insuficiência respiratória, a idade dos pacientes25 , a natureza hematológica de algumas neoplasias26 e os valores mais altos do escore APACHE II.27 Nosso grupo de paciente, no que tange à idade não diferia dos pacientes não-oncológicos. Por outro lado, havia poucos pacientes com doença maligna hematológica, fato que não deve ter pesado muito no desfecho. Todavia, os resultados obtidos após a estratificação pelo escore APACHE II mostrou que os pacientes menos graves — com APACHE II < 25 — apresentaram, quando neoplásicos, uma taxa de mortalidade significativamente maior do que a taxa dos pacientes não-neoplásicos. Essa diferença, contudo, desapareceu quando o APACHE II foi igual ou maior do que 25. E pode ser atribuída ao fato de que, quando a situação clínica aguda não é muito grave, predominam os efeitos deletérios da doença básica, mas quando a situação aguda, que desencadeia a necessidade de tratamento intensivo é severa, predominam, como determinantes do desfecho desfavorável, as disfunções orgânicas, independentemente da doença de base. Essa opinião é compartilhada por Azoulay e colaboradores, quando diz “a mortalidade em 30 dias é melhor estimada pela avaliação da disfunção orgânica do que pelas características da doença ma- ligna de base”11 Neste particular, assumem papel relevante os pacientes com doenças hematológicas, que parecem se comportar como um grupo mais grave, mas cujo prognóstico também é fortemente influenciado pelo número de disfunções.18 Esse prognóstico muito mais reservado deve-se provavelmente ao fato de que tais pacientes, quando referenciados para uma internação numa UTI já se apresentam demasiadamente disfuncionados. Outro aspecto a ser considerado, embora não focalizado no presente estudo, é a sobrevida a longo prazo, essa sim, muito dependente da doença básica.28 Pacientes portadores de doenças neoplásicas, depois de resolvidas suas disfunções orgânicas, ainda permanecem com a doença básica na maioria das vezes, o câncer esse fato é definitivo para se traçar prognóstico. Portanto, se por um lado, o paciente oncológico apresenta características especiais, isso não significa que deva ser deixado sem assistência especializada quando isso se tornar necessário. 29 Talvez a solução mais adequada seria a criação de unidades específicas destinadas a tais pacientes.30 CONCLUSÕES Pacientes oncológicos referenciados para tratamento intensivo permanecem com maior mortalidade intra-hospitalar quando comparados a pacientes não-oncológicos. A taxa mortalidade, todavia, é diferente nos pacientes com valores de escore APACHE II inferiores a 25, prevalecendo, possivelmente, a natureza da doença básica. Nos pacientes com valores de escore iguais ou superiores a 25, a taxa de mortalidade não foi significativamente diferente entre os dois subgrupos, sinalizando que, nessas situação, prevalece como maior determinante do desfecho, as disfunções orgânicas agudas. Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 ARTIGO RESUMO Objetivos: avaliar a taxa de mortalidade de pacientes oncológicos submetidos à terapia intensiva e compará-la à taxa de mortalidade dos pacientes não- oncológicos, com o mesmo nível de gravidade, medido pelo APACHE II. Delineamento: estudo de coorte, contemporâneo. Local: Centro de Tratamento Intensivo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre: (CTI-HCPA), uma unidade de 33 leitos em um hospital terciário, universitário de 780 leitos. Pacientes: foram estudados 137 pacientes internados consecutivamente no CTI-HCPA, sendo excluído aqueles com período de internação menor do que 24 horas e pacientes em pós-operatório de cirurgias cardíacas. Intervenção: nenhuma. Medidas: os dados de identificação, detalhes clínicos e o APACHE II dos pacientes foram registrados nas primeiras 24 horas de internação no Centro de Tratamento Intensivo. O fator de estudo foi a presença de uma doença neoplásica, diagnosticada histologicamente e o desfecho foi a taxa de mortalidade hospitalar. Os pacientes também foram divididos em dois subgrupos: um de pacientes com valores do escore APACHE II menores do que 25 e outro de pacientes com valores iguais ou maiores do que 25. Resultados: a taxa de mortalidade dos pacientes oncológicos foi de 60,7% contra 25,0% dos não-oncológicos (p < 0,001); risco relativo = 2,43 (intervalo de confiança de 95% = 1,56-3,78). Os pacientes oncológicos com valores do escore APACHE II menores do que 25 apresentaram uma taxa de mortalidade de 45,5%, que foi significativamente maior do que a taxa de mortalidade dos pacientes não-oncológicos com o mesmo nível de APACHE II: 11,0% (p ,001); risco relativo = 4,14 (1,97-8,69). 101 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO Conclusões: Pacientes oncológicos em terapia intensiva apresentaram maior taxa de mortalidade do que pacientes não-oncológicos nas mesmas condições. A mortalidade foi significativamente maior nos pacientes com menos gravidade da condição aguda, avaliada pelo APACHE II e estatisticamente igual nos grupos com escore APACHE II maior, indicando que nesses últimos casos talvez prevaleça a condição aguda como determinante maior do desfecho, enquanto nos anteriores, deva prevalecer a doença básica. Palavras chave: Pacientes oncológicos, terapia intensiva, prognóstico, mortalidade, APACHE II, UTI, tratamento intensivo. 7 8 9 10 11 12 CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 1 2 3 4 5 6 TURNBULL AD, CARLON G, BARON R, SICHEL W, YOUNG C, HOWLAND W. The inverse relationship between cost and survival in the critically ill cancer patient. Crit Care Med 1979;7:20-3. BAYER R, CALLAHAN D, FLETSCHER, et al. The care of terminally ill: morality and economics. N Engl J Med 1983;309:1490-4. ERSEK MT. The adult leukemia patient in the intensive care unit. Heart and Lung 1984;13:183-93. FASSOULAKI A, PAVLOU H. A general ICU in na anticancer institute: does it work? Intens Care Med 1988;15:63-4. KLASTERSKY J. Intensive care support in oncology: a contraindication? Support Care Cabcer 1995;3:88. SCAPIRA DV, STUDINICKI J, BRADHAM DD, WOLFF P, JARRET A. Intensive care, survival, and expenses of treating critically ill cancer patients. 102 13 14 15 16 17 JAMA 1993;269:783-6. KONGSGAARD EU, MEIDELL NK. 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Rotinas em Terapia Intensiva. 3ª ed. Porto Alegre. Artes Médica. 2001. 28 ALKIRE K. SHELTON BK. Creating critical care oncology beds. Semin Oncol Nurs 1994;10:208-21. Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO ORIGINAL Em Busca de um Instrumento Técnicoassistencial para Fundamentar a Estimativa de Receita de uma Unidade de T ratamento Intensivo Tratamento Escore de Gravidade APACHE II x Receita: Há relação ou não? Jacques Édison Jacques* OBJETIVO – Testar se apenas o conhecimento do perfil de gravidade das internações de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), através do Escore de Gravidade APACHE II, serviria para fundamentar a estimativa de receita a ser percebida pela Unidade. MÉTODOS - De Fevereiro até Agosto de 2000, foram selecionados 53 pacientes que constituíram a amostra objeto do estudo. A composição desse grupo estudo foi realizada por pesquisa quantitativa, “ex-post-facto” e retrospectiva. Todos os casos obtiveram pontuação APACHE II entre 10 e 14 – praticamente a mesma gravidade. Foram internações clínicas, não evoluíram ao óbito, e eram adquirentes de um único plano de saúde. As patologias que constituíram o grupo estudo foram: AVE, BCP em DBPOC, Sepse e Hematêmese. A receita média diária gerada por cada caso – variável dependente, foi obtida junto ao Faturamento Assistencial do Hospital. RESULTADOS – As ferramentas de análise estatística utilizadas evidenciaram não haver relação entre a mesma gravidade das diferentes patologias, e a receita gerada por cada uma delas. CONCLUSÃO – Considerando que pacientes com a mesma gravidade mensurada pelo Escore de Gravidade APACHE II geram receitas significativamente diversas, esse indicador, apenas, não é fidedigno para que a Alta Administração de um Hospital utilize-o para o orçamento de receita de uma UTI. Infere-se, que sejam as patologias, as reais responsáveis pela geração de receita. *Médico Cardiologista e Intensivista Supervisor Técnico do CTI do Hospital Mãe de Deus Porto Alegre, RS Correspondência e-mail: [email protected] 104 A Empresa de Saúde, em sentido específico, é uma Instituição Econômica destinada a atender a necessidade da população com produtos e serviços compatíveis com o contexto social no qual está inserida. A importância de um Orçamento Anual para uma Empresa de Saúde, conduz ao amplo problema da relação entre: Produção realizada, Receita gerada, Custos e Preços. Assim, o Planejamento Orçamentário, de modo geral, contempla examinar a demanda e a capacidade de atender, aplicada aos recursos e ao tempo estimado, monitorizando os custos em comparação ao orçado. Ficando sob a responsabilidade dos Gestores das Áreas a busca pelos resultados, que traduzam, além da qualidade assistencial, a eficácia econômica. Nossa preocupação foi com a necessidade que as Empresas de Saúde têm em fundamentar suas Estimativas de Receita para que atendam fidedignamente ao Orçamento, visto que esse, deverá orientar a Alta Administração a atingir seus objetivos empresariais e a tomar decisões pertinentes. Sempre tendemos a relacionar a gravidade dos pacientes com a receita. Somos estimulados a pensar que se maior for a gravidade do paciente, maior será a receita gerada, e viceversa. Assim, não podemos fugir da inferência de que gravidades semelhantes produzam receitas semelhantes. Considerando essas prerrogativas, indagamos se há realmente uma correlação satisfatória entre a gravidade do paciente e a receita produzida. Nesse estudo, a gravidade dos pacientes foi mensurada através do Sistema de Escore APACHE II (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation), escore esse, amplamente utilizado pelas UTIs para retratar o perfil de gravidade dos seus pacientes. A coleta de dados referente a Receita gerada por cada paciente, foi realizada no Setor de Faturamento Assistencial do Hospital. O objetivo do presente estudo, foi portanto testar se pacientes com escores de gravidade APACHE II pratica- Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva mente iguais, embora com doenças bem diferentes, podem fundamentar uma Estimativa de Receita para o Orçamento de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). METODOLOGIA DA PESQUISA Delineamento da Amostra Nosso grupo de pacientes observados, foi constituído a partir de pesquisa quantitativa e “ex-post-facto”, retrospectiva, da coleta de dados obtidos dos controles de internação (indicadores demográficos e de qualidade), de uma Unidade de Tratamento Intensivo Adultos de um Hospital Geral Privado. Unidade com modelo assistencial “tipo aberto”. Os 53 casos que constituíram a amostra, estiveram internados entre os meses de Fevereiro e Agosto de 2000. Não participaram da amostra: os pacientes cirúrgicos, os pacientes queimados, os pacientes cardiopatas, os pacientes que permaneceram menos de 48 h na Unidade, e os pacientes que evoluíram ao óbito. Todos os pacientes inclusos no grupo estudado pontuaram gravidades praticamente iguais, entre 10 e 14 pontos do Escore de Gravidade utilizado. Escolhemos essa classe de gravida- de por ter a maior freqüência. Todos os seus integrantes possuíam o mesmo Convênio. O APACHE II foi o instrumento utilizado para estratificar a gravidade dos pacientes da amostra. A pontuação do escore é baseada na premissa de que a gravidade (risco de óbito) é determinada pela doença, pela reserva fisiológica do paciente, e pela alteração fisiopatológica que a doença causa. Doze alterações fisiopatológicas levantadas do exame clínico e de dados laboratoriais são medidas e pontuadas conforme cada anormalidade. A esse valor, é somado um valor obtido da idade do paciente (ajuste da idade), e outro valor obtido em cima de doenças prévias à doença que motivou a internação (morbidade crônica). Ao todo, o paciente poderá atingir de 0 a 71 pontos. A amostra de 53 pacientes, com pontuação APACHE II praticamente igual, foi representativa de um grupo heterogêneo de patologias, pois foi composta pelos seguintes diagnósticos de internação: Acidentes Vascular Encefálico Isquêmico e Hemorrágico, Broncopneumonia em DBPOC, Hematêmese, e Sepse. Portanto, houve a formação de 5 subgrupos conforme ilustrado no Gráfico abaixo. ARTIGO ORIGINAL COLETA DE DADOS RELATIVOS A RECEITA Após a seleção dos casos elegíveis em acordo com os critérios de inclusão, coletamos os dados referentes ao tempo de permanência e à receita gerada por cada um. Para apurarmos a receita individual dos casos, somamos o valor gerado por cada um dos seguintes itens: receita com medicações, receita com materiais médicohospitalares, receita com gasoterapia, receita com serviços de Enfermagem, receita com o uso de aparelhos médicos, receita com diárias, e receita com dietoterapia. A receita média diária de cada caso foi obtida dividindo-se a receita total gerada por cada caso pelo seu número de dias internados na UTI. ANÁLISE ESTATÍSTICA Com o objetivo de definir a relação entre gravidade e receita, somente pacientes com escore de gravidade praticamente iguais foram então selecionados para compor a amostra. E a receita individual, apurada após as suas altas da Unidade de Tratamento Intensivo. Considerando que os casos tinham gravidades bem semelhantes, esperava-se que não houvesse grande variação na receita gerada. Todavia, vejamos as Estatísti- Figura 1. Distribuição percentual dos subgrupos da amostra. Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 105 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO ORIGINAL cas Descritivas e as Ferramentas de Análise Estatística utilizadas para a análise das 53 observações consideradas no estudo (Tabela 1). Para um grupo homogêneo em relação a gravidade (todos com escore entre 10 e 14), um desvio-padrão de R$ 240,53 na receita média diária gerada por um paciente, pode ser considerado muito grande. A amplitude de variação foi superior de R$ 1.000,00. Considerando um intervalo de confiança de 95% (nível de significância alfa de 0,05), e valores críticos para teste bi-caudal de 1,96, para a receita média diária gerada por um paciente, chegamos ao intervalo de R$ 696,35 a R$ 828,50. Portanto, na amostra analisada, uma variação da receita média diária superior a R$ 1.000,00 (média de R$ 762,42), infere que é significativa a probabilidade de um evento “receita média diária” qualquer localizar-se em zona crítica numa distribuição normal Gaussiana. As correlações entre as diferentes variáveis “APACHE”, “Tempo de permanência” e “Receita média diária”, foram também analisadas através do coeficiente de Spearman. A tabela a seguir, construída no software SPSS 8.0, apresenta a matriz de correlação entre as três variáveis e as respectivas significâncias de cada coeficiente. Ressaltamos, que optamos pelo coeficiente de Spearman devido ao tamanho da amostra e, principalmente, pelo fato de que a variável APACHE assumiu apenas cinco valores, e valores consecutivos. Conforme evidenciado na Tabela 2, nenhuma correlação significativa foi detectada entre as diferentes variáveis. Dentro dessa faixa de variação do Escore APACHE II de gravidade, a variável que simboliza a gravidade está muito fracamente relacionada (praticamente não há a correlação) tanto ao Tempo de permanência, como principalmente à Receita média diária. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Partimos da premissa de que um gru- po heterogêneo de pacientes, embora balizados pelo mesmo perfil de gravidade, devam reverter receitas diárias muito semelhantes para a Unidade de Tratamento Intensivo. Se por um lado a mostra de 53 observações foi constituída por pacientes com patologias diferentes, por outro lado todos esses pacientes possuíam praticamente a mesma medida de gravidade. Todavia, podemos observar que houve uma variação significativa entre as receitas médias geradas. Assim, como houve um caso, pontuando um certo escore de gravidade e produzindo uma receita média diária de R$ 392,77, também houve outro, pontuando com o mesmo escore de gravidade e produzindo uma receita média diária de R$ 1.499,89, ou seja, de aproximadamente 4 vezes superior. Ou dizendo de outro modo, casos praticamente iguais em gravidade e que produziram receitas bem diferentes. A significativa variabilidade do conjunto das receitas médias diárias, está muito provavelmente relaciona- Tabela 1 – Estatísticas Descritivas Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Limite Inferior* Limite Superior* Tempo de permanência (dias) 2 12 5,23 2,55 4,53 5,93 Receita total (R$) 785,55 13.031,90 4.067,09 2.662,62 3.335,61 4.798,57 Receita média diária (R$) 392,77 1.499,89 762,42 240,53 696,35 828,50 Intervalo de confiança 95% Tabela 2 – Matriz de Correlação APACHE Tempo de permanência Receita média diária 106 APACHE Tempo permanência Receita média diária Correlation Coeficient Sig. (2-tailed) N 1,000 0,131 0,147 — 53 0,350 53 0,294 53 Correlation Coeficient Sig. (2-tailed) N 0,131 1,000 0,133 0,350 53 — 53 0,344 53 Correlation Coeficient Sig. (2-tailed) N 0,147 0,133 1,000 0,294 53 0,344 53 — 53 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva do às diferenças existentes entre as prescrições de cada caso observado, visto que, o montante apurado, é gerado em cima do registro derivado da Prescrição Médica e de Enfermagem. Considerando, que houve 5 subgrupos de patologias – AVE Isquêmico, AVE Hemorrágico, BCP em DBPOC, Hematêmese, e Sepse, no grupo estudo, é lógico perceber que patologias diferentes motivaram prescrições diferentes. Analisando as prescrições do grupo estudo, sem categorizar por patologia de ingresso na Unidade, percebemos, por exemplo, que alguns casos receberam dietoterapia por sonda nasoentérica e outros não, que alguns casos utilizaram determinado tipo de armamentário (monitorização) e outros não, que alguns casos foram à ventilação mecânica e outros não, que alguns casos receberam antibioticoterapia e outros não. Sem nunca esquecer, que todos ele pontuaram com praticamente o mesmo escore de gravidade APACHE II quando internaram na UTI. Poderíamos inferir à partir daí, que a receite média gerada, nessa classe estudada do Escore de Gravidade APACHE II, entre a pontuação 10 e 14, deverá estar relacionada à doença que motivou a internação na UTI. É a doença que orienta a utilização dos recursos hospitalares a serem usufruídos pelo paciente (por ex.: mat.- méd., gasoterapia, serviços de Enfermagem) através das Prescrições Médicas e de Enfermagem. Estudos neste sentido deverão ser propostos. Ressaltamos, que outra causa do grau de dispersão da amostra composta pelas receitas médias diárias, poderá ter sido ocasionada pelo modelo assistencial do Hospital onde o estudo foi realizado. A UTI do referido Hospital trabalha sob regime “aberto” de internação, ou seja, os casos foram prescritos por um grupo muito heterogêneo de médicos – clínicos gerais, especialistas, intensivistas. Outra ressalva a fazer, é que nesse estudo foi oportunizado vir à tona a confusão existente entre “gravidade e complexidade”, palavras erroneamente utilizadas como sinônimo para expressarem o estado de um paciente. A gravidade está mais relacionada ao risco de óbito, enquanto a complexidade está mais voltada ao volume de recursos de armamentário utilizados pelo paciente. Aqui, mais uma vez, casos com a mesma mensuração de gravidade podem ter complexidades variáveis e portanto promoverem procedimentos operacionais diversos. Concluímos, que a mensuração de gravidade pelo Escore APACHE II, principalmente no intervalo de pontuação entre 10 e 14, não é um parâmetro fidedigno onde possa se apoiar uma previsão de receita a ser percebida pela Unidade. Não está tecnicamente correto fundamentar uma Estimativa de Receita para um Orçamento de uma UTI, apenas no conhecimento do perfil de gravidade dos pacientes. REFERÊNCIAS 1. Civetta JM, Hudson-Civetta JÁ, Nelson LD. 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Does it make sense to correlate TISS points to ICU costs? Acta Anaesth Scand 1998; 112: 195-196. 8. Franklin C, Rackow EC, Mamdani B, Burke G, Weil MH. Triage considerations in medical intensive care. Arch Intern Med 1990; 150: 1455-1459. 9. Gyldmark M. A review of cost studies on intensive care units: Problems with the cost concept. Crit Care Med 1995; 23: 964-972. 10. Hamel MB, Phillips RS, Teno JM, Lynn J, Galanos NA, Davis RB, Connors Af Jr, Oye RK, Desbiens N, Reding DJ, Goldman L. Seriously ill hospitalized adults: do we spend less on older patients? Support investigators. Study to understand prognoses and preference for outcomes and risks of treatments. J Am Geriatr Soc 1996; 44: 1043-1048. 11. Hunter DJ, Fairfield G. Disease management. British Med Journal 1997; 315 50-53. 12. Johnson M, Corbert M, Fitzgerald F. Evaluation of prognostic stratification in medical intensive care unit patients using clinical judment compared with APACHE, a severity of disease classification. 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Special Article in NEJM 2000; 342, no 19. 107 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO Características físicas e funcionais de um ventilador pulmonar mecânico manual An evaluation of the physical and functional characteristics of a manually operated pulmonar mechanical ventilator Jefferson Guimarães de Resende* Abstract: Objective: to evaluate the physical and functional characteristics of the CFR, a manually operated pulmonar mechanical ventilator, both models, according with the ASTM F920 standard. Method: the tests were performed using one Respiratory Profile Monitor model CO2SMO Plus DX 8100 connected to an “airway” compound by a kink of faucet that can change the airway resistance, and a “T” piece that was used to connect a FiO2 Monitor OXITRACK OX 500. Linked to the “airway” it has a Lung Simulator LS2000. A compressed air source was produced by an oilless compressor, that was connected to a water filter and to a regulatory valve that permits that the compressed air goes to the flowmeter in a 3.5 Kgf/cm2 pressure. The oxygen was provided by a cylinder, linked to a flowmeter but using a similar regulatory valve that permits to define the gas pressure in 3.5 Kgf/cm2 before going to the flowmeter. The Respiratory Rate, the I/E ratio, the compliance, the airway resistance and the peak inspiratory flow was read at the monitor display after 10 minutes from the beginning of each test. The tests were realized after the devices had been storaged in two different temperatures (22ºC negative and 60ºC positive), had been dropped on a concrete floor, had been deep in water and used with simulated vomitus. Results: During the storage at –22ºC, the pressure monitor broke: the inside safety valve opened, losing its function, and the monitor internal mechanism change and was not possible to be fixed. After the drop on the concrete floor, the neo/ child CFR kneaded the cover of the PIP valve, that cause in it a very little mark, without any change in its structure that could compromise its function. After the use of the “vomitus”, the CFR works normally; the material goes out through the several holes of the PIP valve. The CFR works well in different conditions of resistance and compliance, in different respiratory rates and gas-afferent flow; it was always possible to achieve the minimal requirements of Vt. Conclusion: According with the realized tests, the CFR performance and the physical characteristics, of both models, were in accordance with the ASTM F920 requirements. Key words: mechanical ventilator manually operated; pulmonary ventilation with intermittent positive pressure; ventilation at resuscitation. *Médico Intensivista Neonatal Assistente da Unidade de Neonatologia do Hospital Regional da Asa Sul, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Trabalho realizado em Brasília-DF, em laboratório especialmente montado pelo autor. Endereço para correspondência: Jefferson Guimarães de Resende SHIN QL 10, conjunto 1, casa 14 – Lago Norte – 71.525-015 – Brasília-DF Telefone (61) 368-4665 – e-mail: [email protected] 108 ertamente a utilização da ventilação pulmonar mecânica ciclada manualmente é a mais freqüente modalidade de assistência ventilatória mecânica. Ela se fez necessária em 8,35% dentre os 4.451 recém-nascidos em uma maternidade de nível secundário no Estado de São Paulo, Brasil, de acordo com dados de Almeida e cls1. Este percentual subiu para 46% na série de 89 prematuros nascidos de parto pélvico em estudo de Draque e cls2. E certamente é utilizada nas salas de emergência, nos centros cirúrgicos, nas ambulâncias, dentre outros. O equipamento de assistência ventilatória manual utilizado na maioria das vezes é a bolsa auto-inflável, inclusive por pessoal para-médico. Estes instrumentos requerem uma elaborada técnica de utilização já que, como serão capazes de permitir a geração de pressão intrapulmonar, bem como serão os veículos para impor um volume de gases nos pulmões do paciente, com concentração variável de oxigênio, poderão beneficiar ou causar danos a esse paciente. A literatura nos aponta alguns dados preocupantes. Em uma extensa revisão de Barnes3 é fácil perceber a diversidade de resultados na geração de volumes pulmonares que serão liberados para os pulmões, a depender do tamanho das mãos do operador, do tempo inspiratório imposto, da utilização de máscaras faciais com ou sem coxim, para citar algumas variáveis que resultariam em bons ou maus resultados para o paciente que está em situação agônica. Em um estudo de Connors4, fica a preocupação com a qualidade de bolsas auto-infláveis produzidas nos Estados Unidos, aprovados pelo FDA para uso em recém-nascidos, qualidade essa medida por ela à luz de alguns standards internacionais. Existem alguns tipos de equipamentos comercializados no Brasil para promover ventilação pulmonar mecânica, de ciclagem manual. Os mais conhecidos são, evidentemente, as bolsas auto-infláveis. C Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva A legislação brasileira exige que todos tenham Registro no Ministério da Saúde. Para se obter esse registro imagina-se necessário que os equipamentos apresentem performance que demonstre efetividade e segurança. Mas as Normas brasileiras que definem requisitos mínimos de eficácia e segurança somente existem para ventiladores automáticos, com uma fonte eletro-eletrônica de ciclagem5. Nos Estados Unidos, o FDA (Food and Drug Administration) exige que estes dispositivos de ventilação manual atendam aos requisitos mínimos do ASTM F920, da American Society for Testing and Materials6. No Brasil, como alternativa às bolsas auto-infláveis e na expectativa de se agregar mais segurança e eficácia, foi desenvolvido o CFRContinuous Flow Reviver 7, que é um equipamento para ventilação pulmonar mecânica, de ciclagem manual, portátil, pequeno, com modelos para uso em crianças e adultos, que usa fluxo contínuo de gases com até 100% de oxigênio, que permite limitar níveis de pico de pressão de insuflação pulmonar (PIP), permite definir pressão positiva no final da expiração (PEEP), ciclagem com apenas uma das mãos, que permite ser desmontado para proceder limpeza, dentre outras facilidades. Os estudos elaborados no Laboratório de Anestesiologia da Universidade de Brasília 7 que demonstraram, em modelos analógicos, que o CFR é capaz de impor pressão e volume ao paciente de acordo com a regulagem do aparelho, bem como o que demonstrou sua segurança em relação à eliminação de CO2 8 foram apresentados à comunidade científica nos canais competentes. Este aparelho vem sendo utilizado em praticamente todo o Brasil, já em um número expressivo de ser- viços. Existem aproximadamente 1.000 destes aparelhos espalhados pelo país até o início de 2001, de acordo com a empresa que o produz, a Schinköeth Equipamentos Médico-hospitalares Ltda., Brasília, Brasil. O objetivo do presente trabalho é divulgar alguns requerimentos mínimos exigidos pelo ASTM F920, que em suma é a exigência do FDA para estes equipamentos, demonstrar a performance do CFR, tanto o modelo adulto quanto o modelo infantil/neonatal frente a este standard, e chamar a atenção para este importante tópico de segurança no trato com os pacientes que cuidamos em nosso dia a dia, fornecendo elementos que nos permitam analisar melhor os produtos que adquirimos, forçando os fabricantes a produzirem aparelhos que tragam benefícios para os pacientes e não danos evitáveis. ABREVIATURAS UTILIZADAS: PIP= pico de pressão inspiratória; PEEP= pressão positiva no final da expiração; FiO2= fração inspirada de oxigênio; FAG= fluxo aferente de gases; PIF= pico de fluxo inspiratório; VC= volume corrente; SARA = Síndrome do Desconforto Respiratório do Adulto. MATERIAL E MÉTODOS Os testes foram feitos utilizando um Monitor de Perfil Respiratório CO 2SMO+, da Novametrix Medical Systems Inc. que no Brasil, é produzido pela Dixtal Biomédica Ind. e Com. Ltda., São Paulo, modelo CO 2 SMO Plus DX 8100, conectado a uma “via aérea” composta por um registro que permite dificultar de modo progressivo a passagem de gases através deste, alterando, portanto, a resistência, por uma peça “T” em que se adicionou um oxímetro ambiental Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 ARTIGO OXITRACK OX 500, produzido pela Digicare, que usa um sensor de oxigênio Class R – 17 MED, Sensor Technologies da Teledyne Analytical Instruments (CA-USA). Ligado à “via aérea”, foi instalado o simulador pulmonar Lung Simulator LS2000 produzido no Brasil por Intermed Ltda., São Paulo. Usando este monitor e o simulador pulmonar conectado a essa “via aérea” é possível simular e aferir diversas situações, com diferentes resistências e complacências pulmonares, permitindo, assim, avaliar a performance do CFR diante de diversas “situações clínicas”. A fonte de ar comprimido era um compressor isento de óleo, conectado a um filtro de água e a uma válvula reguladora de pressão de rede, que permitia que o ar comprimido fosse liberado ao fluxômetro a 3,5 Kgf/cm2. A fonte de oxigênio, um produto White Martins, São Paulo, Brasil, provinha de um cilindro, ligado a uma válvula reguladora de pressão que, também, permitia que o oxigênio fosse liberado ao fluxômetro a 3,5 Kgf/cm2. O simulador pulmonar permitia definição de diferentes complacências alterando a tensão de diversas molas. Durante os testes, a freqüência respiratória, a relação I/E, a complacência, a resistência da via aérea, e o PIF eram lidos no display do monitor após 10 minutos do início de cada teste, anotando-se o número mais estável possível. Por exigência do standard, o CFR (ambos os modelos) foi colocado em duas diferentes temperaturas antes dos testes, 22º C abaixo de zero e 60ºC, dois deles foram deixado cair no chão de concreto de uma altura de um metro (na pior posição possível que pudesse permitir danos ao aparelho), outros dois foram mergulhados em uma 109 ARTIGO caixa de água de 1.000 litros e também foram utilizados após serem invadidos por uma mistura de sopa de bebê aquecida simulando vômito. Foi decidido proceder algumas alterações nos testes, porém sem comprometer a lógica dos mesmos devido impossibilidades operacionais. Por exemplo, para conhecer a resistência inspiratória (item 7.4 a e 7.4 b do standard) não tínhamos um fluxômetro para medir o fluxo de uma fonte de vácuo colocada na saída da via do paciente. Assim, um fluxo aferente era introduzido pela via de entrada normal do CFR, o manômetro era colocado em sua inserção habitual e a via de saída expiratória era hermeticamente fechada de sorte que, com a via do paciente aberta, media-se a pressão acusada no manômetro em diferentes fluxos aferentes de gases, de acordo com o modelo de CFR usado, expressando assim a dificuldade que o gás teria para deixar o CFR pela única via aberta, a via do paciente. Para medir a resistência expiratória a nível da via do paciente (7.3 a e 7.3 b do standard), a válvula PEEP foi mantida aberta o máximo possível, a via de entrada de gases e o orifício de conexão do manômetro foram fechados. O fluxo aferente de gases era imposto na via do paciente e um monitor de pressão era conectado entre a fonte de gases e a via do paciente, de sorte a medir o nível de dificuldade que haveria para o gás passar de fora para dentro do CFR, ou seja, do “paciente” para dentro do CFR. Para aferir a FiO2 do gás que deixava o CFR através da via de saída para o paciente, foi utilizado apenas oxigênio como gás aferente (conforme preconiza o standard). Com o instrumental utilizado para executar os testes solicitados pelo ASTM F920 não foi possível 110 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva alcançar em todas as vezes os valores de complacência ou resistência que o standard definia. Não houve possibilidade técnica para realizar estudos em ambientes com temperaturas controladas de –18ºC e +50ºC. Não conseguimos medir o espaço morto do equipamento com o método solicitado no standard. Em Brasília, local da realização dos testes, a altitude é de 1.000 metros acima do nível do mar e, à época da realização dos testes, a umidade relativa do ar variou de 33% a 61% e a temperatura variou entre 23º C a 28º C. Não tivemos possibilidade de controlar umidade relativa do ar e nem temperatura ambiente durante os testes. RESULTADOS Usando a definição do standard, número 3.1.1.5, o CFR-Continuous Flow Reviver (figura 1) é um ressuscitador que gera pressão pela força de uma fonte de gás externa (gas-powered ressuscitator), ciclado manualmente. É de fluxo contínuo, ciclado a tempo, manualmente, e pressão limitado. A conexão do paciente, em ambos os modelos, tem dimensões de 15 mm e 22 mm de diâmetros interno e externo, respectivamente, para se adaptar máscaras faciais e conexão de tubo endotraqueal, de acordo, portanto, com ISO 5356-1 e especificação F 1054, ambas exigências do ASTM F920. A via expiratória do equipamento tem uma válvula PEEP, ou seja, permite impor determinado nível de PEEP, e não é possível instalar nesta via a outra válvula, a de definição de PIP, devido sua dimensão diferente. As máscaras faciais que acompanham o CFR, ambos os modelos, têm, também, conexões de 15mm ou 22 mm de diâmetro, também atendendo as especificações ISO 5356-1 e 1054. Um dos monitores de pressão não suportou a temperatura de 22º C abaixo de zero: a válvula de proteção abriu, perdendo sua função e ocorreu estouro do fole, tornandoo irrecuperável. Após a queda de um metro de altura sobre o piso de concreto, o CFR modelo infantil/ neonatal amassou de leve a borda da tampa da válvula PIP, sem modificar sua função; um dos manômetros desregulou, porém permitiu nova regulagem ao ponto zero através da fenda apropriada. O fato de mergulhar ambos os CFR em água e, de acordo com o standard, sacudi-lo durante 10 segundos antes de realizar os testes, não modificou em nada seu funcionamento. Após introduzir o “vômito” dentro do CFR, ambos os modelos, a mistura foi expulsa de dentro dos mesmos através dos orifícios da válvula PIP, ao se ocluir a válvula exalatória em um movimento de ciclagem dos aparelhos, havendo apenas uma pequena porção (certamente menor que 0,5 ml) de “vômito” dentro do pulmão teste; após a limpeza prevista no standard, os equipamentos funcionaram normalmente. Nos testes para se avaliar a resistência inspiratória da via de saída do paciente, seja com 5 l/min, no caso do modelo infantil/neonatal, seja com 50 l/min no modelo adulto, obteve-se resultado zero. Nos testes para avaliar a resistência expiratória, o resultado foi zero, utilizando-se 5 l/min no modelo infantil/neonatal, e um valor maior que zero e menor que 1 cm de H2O, utilizando-se 50 l/min no modelo adulto. Um dos testes exige medir o pico de fluxo inspiratório que o modelo adulto é capaz de liberar para o paciente, estando conectado a um fluxômetro com FAG de 40 l/ min, estando o equipamento regulado para promover uma pressão de Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva distensão de 20 cm de água. O CFR foi capaz de liberar um PIF de 59 litros por min nas condições do teste. Aqui, este PIF seria suficiente para fornecer um VC de 983,33 ml em 1 segundo, certamente suficiente para promover freqüência respiratória de até 20 ciclos por minuto em uma relação 1:2, em um paciente com essa demanda de VC. No teste de trava de válvula de segurança, a válvula PIP não travou após ventilar o modelo adulto com FAG de 30 l/min, complacência de 20 e resistência de 20, em uma freqüência de 12 ciclos/min, produzindo um VC de 629 ml. Foram feitos dois testes com ambos os modelos para se verificar a FiO2 do gás eferente e, nas quatro situações a FiO2 foi 100%, situação que motivou deixar de repetir o teste nas outras vezes solicitadas pelo standard. Em outra situação prevista no standard, os aparelhos são montados e remontados sem possibilidade de erro, já que suas conexões proíbem que uma peça se encaixe em local que não sua sede. Os resultados discriminados dos testes julgados mais importantes estão demonstrados nas Tabelas 1, 2 e 3. CONCLUSÕES Os testes para avaliar resistência exalatória, no modelo adulto, resultaram em um número maior que zero, porém menor que 1; certamente dentro do preconizado pelo ASTM, que permite até 5 cmH2O. É nossa opinião que a impossibilidade de se atingir exatamente os valores de Complacência Pulmonar e Resistência na Via Aérea, definidos no standard, em todas as situações, de forma nenhuma invalidam este estudo já que os limites aqui estudados estão em acordo com situações clinicas habitualmente encontradas em pacientes ARTIGO normais ou com patologia das vias respiratórias. Na Tabela 1 observa-se o comportamento dos equipamentos com relação ao PIF, ou seja, se o Pico de Fluxo Inspiratório seria suficiente para atender às de demandas de VC no tempo que o paciente reservar para a inspiração, considerando-se a complacência pulmonar. Por exemplo, com o PIF de 5,1 litros/ min., o paciente conseguiria atingir 20,1 ml de VC em 0,236 segundo, que é o tempo inspiratório mais que suficiente para pacientes do peso previsto (recém-nascidos) em que via de regra se usa tempo inspiratório de 0,5 segundo. Assim, há folga de PIF para atender as demandas de VC. É de se observar, também, que neste caso especifico que estamos analisando, foi utilizada uma complacência de 2, apenas um pouco maior do que a complacência de um recém-nascido prematuro com Doença de Membrana Hialina, que varia de 0,5 a 1 ml/ cmH2O9. Nas outras situações demonstradas na Tabela 1, consi- derando-se o PIF e o VC alcançado, o tempo inspiratório necessário variou de 0,69 a 0,72 segundos, ampliando, como era de se esperar, na medida em que amplia a complacência pulmonar. De toda maneira, como o fluxo de admissão de gases, no CFR, é comandado pelo operador, que detém a possibilidade de aumentar o fluxo no fluxômetro, o tempo inspiratório poderá sempre ser atendido se houver a conjugação de uma alta complacência e necessidade de freqüência respiratória muito elevada. Na Tabela 2 os resultados mostrados em relação ao modelo adulto apontam para um PIF de 44 litros para encher um pulmão com complacência de 50, que é a complacência habitual em um adulto com SARA- 43,48 ml/cmH 2O a 172,41 ml/cmH2O - 10, com 609 ml de VC, indicando um tempo inspiratório de até 0,83 segundos, tempo geralmente menor que o habitual no adulto. Vale lembrar, de novo, que as demandas de fluxo aferente para o paciente poderão Tabela 1 – PIF e VC - Modelo infantil/neonatal. Classificação (de acordo com Complacência Complacência a complacência desejada conseguida a utilizar) (ml/ cmH2O) (ml/ cmH2O) FAG (L/min) VC PIF alcançado (L/min) (ml) C 50 50 45,7 15 18,5 222 C 20 20 19 10 13 150 C 10 10 7,1 10 12,4 148,5 C1 1 2 5 5,1 20,1 Classificação (de acordo com Complacência Complacência a complacência desejada conseguida a utilizar) (ml/ cmH2O) (ml/ cmH2O) FAG (L/min) VC PIF alcançado (L/min) (ml) C 50 50 50 30 44 609 C 20 20 25 20 28 501 C 10 10 10 20 26 367 C1 1 6 20 24 235 Tabela 2 – PIF e VC - Modelo adulto Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 111 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO ser sempre atendidas pelo operador, que será o responsável pela adequação deste fluxo. Por exemplo, se um adulto jovem, com complacência normal, entre 80 e 100 ml/cmH 2 O 11 , necessitar fluxo aferente maior na hipótese de necessitar ser ventilado com freqüência respiratória alta, certamente a demanda de fluxo inspiratório se elevarão, sendo suficiente, nesta hipótese, ampliar a oferta de gases através do fluxômetro. Na Tabela 3 está demonstrado, para um paciente hipotético de 40 Kg, complacência de 68 e resistência de 2, ventilando a uma FR de 20, relação I/E 1:2, que se atenderia suas demandas de VC em até 637 ml, Se, no entanto, houvesse necessidade de aumentar-se a FR, a alternativa seria ou aumentar o FAG ou usar uma relação I/E 1:1; ambas, com este equipamento, são situações comandáveis pelo operador. Em ambas as tabelas (1 e 2), observa-se que, à medida que a complacência reduz, há redução também do VC conseguido. Ao se utilizar um equipamento volumétrico, como uma bolsa autoinflável, o operador terá que ampliar a força para conseguir ampliar o volume. Com o CFR o operador poderá aumentar o PIP. Além do mais, como o CFR permite definir um nível de PEEP, a proteção aos pulmões poderá ser melhor conseguida, níveis melhores de oxigenação serem atingidos, com menores necessidades de VC. A Tabela 3 mostra que sempre houve possibilidade de superar os requerimentos mínimos de VC, possibilitando concluir que a performance de ambos os modelos de CFR indica sua adequação para ser um instrumento seguro para ventilar pacientes de diversos pesos e condições de complacência e resistência de vias aéreas, pelo menos frente às complacências e resistências conseguidas, nas FR, relação I/E e demais parâmetros utilizados.Além disso, é preciso lembrar que o VC poderá ser alterado, para mais ou para menos, nas circunstâncias de complacência e resistências definidas nos testes, pela simples alteração do PIP. Durante os testes foi observado escape pela Válvula que regula o PIP, fluxo esse que não tivemos condições técnicas de medir. O standard admite a possibilidade de ocorrência deste escape. Se no entanto, este escape for expressivo, poderá haver prejuízo do VC. Podemos, no entanto, concluir, observando-se a Tabela 3, que não houve prejuízo no atendimento do VC nas diversas situações simuladas. Foram feitos dois testes com ambos os modelos para se verificar a FiO2 do gás eferente e, nas quatro situações a FiO2 foi 100%. A liberação de uma FiO 2 elevada é uma característica de suma importância para os reanimadores pulmonares uma vez que está preconizado que se utilize concentrações o mais próximo possível de 100% de oxigênio durante o tratamento da parada cárdiorespiratória. Não houve possibilidade técnica para realizar estudos em ambientes com temperaturas controladas de –18ºC e +50ºC; não temos como prever o funcionamento dos equipamentos nessas condições extremas. Porém, vale lembrar, os materiais utilizados na construção do CFR, a saber, alumínio, latão, PVC e aço inox, não costumam modificar muito suas características físicas nestes extremos de temperatura. De toda forma, como o CFR é um equipamento que permite regulagem, esta poderá ser feita de acordo com a situação encontrada. Não se conseguiu medir o espaço morto do equipamento com o método solicitado no standard. De toda forma, o espaço morto físico do CFR, ambos os modelos, é de 5 ml e, se utilizado com FAG adequado, não é causa de retenção de CO 2, conforme já demonstrado Tabela 3 – VC com alterações na resistência/complacência/FR Os Volumes Corrente conseguidos, usando as condições listadas na Tabela 3, usando os métodos descritos no item A1. 5.13 do standard foram: Classificaçã Complacência -kg desejada/ conseguida (ml/ cmH2O) Resistência, cmH2O/(L/s) FAG (L/min) Relação I/E +/- 20% Freqüência +/- 10% VC mínimo desejado VC encontrado CFR usado <5 10/10 40 5 1:1 60 20 50 Inf/Neo 5 to 10 100/80 2 10 1:2 25 150 190 Inf/Neo 15 100/80 2 15 1:2 25/26 225 383 Inf/Neo 30 200/80 2 20 1:2 20 450 452 Adult >40 200/68 2 30 1:2 20 >600 637 Adult 112 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva anteriormente para o recémnascido 4. No caso da assistência ventilatória pulmonar mecânica manual para assistência ao recém-nascido na sala de parto, por exemplo, é admitida a utilização tanto das bolsas auto-infláveis, quanto das bolsas fluxo-infláveis (Sistemas de Mapleson) bem como o sistema em T 12. O CFR é um sistema T único, pois, mesmo portátil e de ciclagem manual, tem válvulas para definir não somente a pressão de insuflação pulmonar máxima como também a PEEP. Estudo muito recente13 feito na Austrália demonstra que há nítida melhora na oxigenação quando se utiliza PEEP durante a ventilação de cordeiros prematuros recém-nascidos. A intenção do presente estudo foi chamar a atenção para a performance do CFR frente ao standard, ao tempo em que se pretendeu divulgar o standard da ASTM. Sugere-se que se analise com profundidade o equipamento que vamos utilizar nos pacientes, pois, conforme demonstra Barnes em seus estudos, muitas vezes não estamos atendendo às demandas de VC para o nosso paciente, que em situação agônica, tem um fim muitas vezes previsível. Por outro lado, fica a sugestão para que o Brasil também adote controles rígidos que permitam que também nossa população seja atendida por equipamentos que atendam padrões mínimos de segurança e eficácia na ventilação pulmonar mecânica manualmente operada. RESUMO Objetivo: avaliar as características físicas e funcionais do CFR, modelo adulto e modelo infantil/ neonatal, frente a requerimentos exigidos pelo ASTM F920. Método: Os testes foram feitos utilizando um Monitor de Perfil Respiratório CO 2SMO+, conectado a uma “via aérea” composta por um registro que permite dificultar de modo progressivo a passagem de gases através deste, alterando, portanto, a resistência, por uma peça “T” em que se adicionou um oxímetro ambiental OXITRACK OX 500. Ligado à “via aérea”, foi instalado o simulador pulmonar Lung Simulator LS2000. Foi utilizado ar comprimido isento de óleo e oxigênio, ambos com pressão de saída de 3,5 Kgf/cm 2. A FR, a relação I/E, a complacência, a resistência da via aérea e o PIF eram lidos no display do Monitor após 10 minutos do início de cada teste. Os testes foram realizados com os aparelhos previamente colocados nas condições previstas: 22 o C negativos, 60ºC positivos, após queda de 1 metro de altura, após mergulhar em água e após serem preenchidos com material simulando vômito. Resultados: um dos monitores de pressão não suportou a temperatura de 22 oC negativos, ou seja, sua válvula de segurança interna abriu, perdendo sua função, assim como seu mecanismo interno alterou de sorte a ser impossível sua recuperação. Houve um pequeno amassado na válvula do modelo infantil/neonatal após a queda, que não comprometeu a função da válvula. O “vômito” foi expulso de dentro dos aparelhos sem dificuldade. Nas condições realizadas, ambos os modelos atenderam sempre às demandas de volume corrente. Conclusões: a performance do CFR, ambos os modelos, atende ao estabelecido pelo ASTM F920, tanto do ponto de vista físico quanto funcional, nos testes realizados. Unitermos: Ventilação pulmonar mecânica manual; ventilação com pressão positiva intermitente; ventilação em reanimação. Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 ARTIGO REFERÊNCIAS: 1- Almeida MFB,Yada M, Guinsburg R, e al. Manobras necessárias na reanimação neonatal em sala de parto. Congresso Brasileiro de Perinatologia, 1996, Resumo 145. 2- Draque CM, Carvalho PF, Oliveira ACA, e al. Manobras necessárias na reanimação de recém-nascidos pré-termo pélvico na sala de parto. Congresso Brasileiro de Perinatologia, 1996, Resumo 144. 3- Barnes, TA. Emergency Ventilation Techniques and related equipment. Respiratory Care. 1992;37(7)673-94. 4- Connors, R, Kisson N, Tiffin N, Frewer T. An evaluation of the physical and functional characteristics of infant resuscitators. Pediatrics Emergency Care 1993; 9(2)104-7 5- Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR IEC 601-1 Equipamento eletro-médico – Parte 1 – Prescrições gerais para segurança, 1994. 6- Standard Specification for Minimum Performance and Safety Requirements for Resuscitators Intended for use with Humans. American Society for Testing and Materials, Annual Book of ASTM Standards. F920-93. 7- Resende, JG. CFR – um novo equipamento para ressuscitação respiratória. J.Pediat (Rio)1994;70(6)354-8 8- Resende, JG, Andrade JMR. Medida da retenção de CO2 em um novo equipamento de assistência ventilatória manual. J.Pediat(Rio)1993;69(4)227-9 9- Carlo, WA e Martin, RJ: Princípios de Ventilação Assistida. Clinicas Pediátricas da América do Norte. 1986; 1:233-50. 10- Barbas, CSV e Amato, MBP, Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo, Permanyer Publications, 1998, pag.33. 11- Amato, MBP e Barbas, CSV, Princípios da Ventilação Mecânica, Permanyer Publications, 1998, pag.10. 12- Kattwinkel, J; Niermeyer, S; Nadkarni, V; Tibballs, J; Phillips, B; Zideman, D; Van Reempts, P e Osmond, M, An Advisory Statement from the Pediatric Working Group of the International Liaison Committee on Resuscitation. Pediatrics, Vol. 103(4), 1999. 13- Dargaville, PA; Probyn, ME, Hooper, SB; Harding, R; McCallion, N; Morley, CJ; Bag Resuscitation vs Volume Ventilation for Resuscitation in Preterm Lambs. 2001 Pediatric Academic Societies Annual Meeting, April 28-May 1, 2001, Baltimore Convention Center, Baltimore, Maryland, US, Abstrat 1788, 2001. 113 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva PEDIATRIA Early Administration of Inhaled Nitric Oxide to Pediatric Acute Respiratory Distr ess Syndr ome Distress Syndrome Patients and Its Ef fects on Oxygenation and Effects Ventilator Settings: Pr ospective Pr eliminary Prospective Preliminary Report of T en Patients. Ten Inhaled Nitric Oxide in Pediatric ARDS José R. Fioretto, Rossano C. Bonatto, Sandra M.Q. Ricchetti, Mário F. Carpi, Marcos A. de Moraes and Carlos R. Padovani1. Abstract Aim: To establish a protocol for the early introduction of inhaled nitric oxide (iNO) therapy in pediatric acute respiratory distress syndrome (ARDS) patients and to assess its acute and sustained effects on oxygenation and ventilator settings. Patients and methods: Ten children with ARDS aged 1 to 132 months (median, 11 months) with arterial saturation of oxygen < 88% while receiving a fraction of inspired oxygen (FiO2) ³ 0.6 and a positive end-expiratory pressure of ³ 10 cm H2O were included. The acute response to iNO was assessed in a fourhour dose-response test, and positive response was defined as an increase in the PaO2/FiO2 ratio of 10 mm Hg above baseline values. Conventional therapy was not changed during the four-hour test. In the following days, patients who had shown positive response continued to receive the lowest iNO dose. Hemodynamic, PaO2/FiO2, oxygenation index (OI), gas exchange, and methemoglobin levels were obtained when needed. Inhaled nitric oxide withdrawal followed predetermined rules. Results: At the end of the four-hour test, all the children showed significant improvement in the PaO2/FiO2 ratio (63.6%) and the OI (44.9%) from the baseline values. Prolonged treatment was associated with improvement in oxygenation, so that FiO2 and peak inspiratory pressure could be quickly and significantly reduced. No toxicity from methemoglobin or nitrogen dioxide was seen during the study. Conclusions:1- The iNO causes acute and sustained improvement in oxygenation without adverse effects; 2 - There is an early reduction in ventilator settings during iNO treatment; 3) iNO administration to pediatric patients is safe. Key words: inhaled nitric oxide, acute respiratory distress syndrome, arterial oxygenation, mechanical ventilation. Department of Pediatrics, São Paulo State University, Botucatu Medical School, São Paulo, Brazil 1 Department of Biostatistics, Botucatu Institute of Biosciences, São Paulo State University, Brazil Correspondence to: José Roberto Fioretto UNESP - Faculdade de Medicina de Botucatu – Departamento de Pediatria 18.618-970 - Botucatu, São Paulo - Brasil – Caixa Postal: 530 Telefone: 55-14-68026274 / 55-14-68026083 – Fax: 55-14-68220421 e-mail: [email protected] 114 A cute respiratory distress syndrome (ARDS) is the most severe manifestation and the end spectrum of acute lung injury. It has been associated with high mortality rate, despite better understanding of its pathophysiology and recent therapeutic advances(1). There is an inflammatory process that causes a disruption of the alveolar-capillary barrier with consequent interstitial and alveolar edema. A refractory hypoxemia caused by ventilation/perfusion (V/Q) mismatching and intrapulmonary shunting, and a decrease in lung compliance can be seen(2). There is also an increase of pulmonary vascular resistance (PVR) which has a quick onset persisting even after correction of hypoxia. The PVR level is correlated with the severity of lung injury and mortality(3). Right ventricular (RV) failure and low cardiac output may be consequences of pulmonary hypertension (PH)(4). Treatment of underlying infections and ventilatory support are the major tools for ARDS clinical management. Although arterial oxygenation may be effectively improved by mechanical ventilation (MV), it does not reduce PH. More aggressive ventilatory strategies using high tidal volume (VT) and peak inspiratory pressure (Pip) also induce alveolar overdistention and cyclic reopening of collapsed alveoli, extending inflammatory structural injury to well-ventilated lung areas(5). The ARDS pathophysiology suggests that positive effects can be achieved with the therapeutic use of vasodilators. However, systemic vasodilator therapy has been limited by its inability to reduce PVR without adversely affecting systemic blood pressure. In addition, it can worsen gas exchange by increasing the perfusion of underventilated lung regions(6). In the late 1980’s, nitric oxide (NO) was identified Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva Table 1 - Study inclusion and exclusion criteria Inclusion criteria A. ARDS defined according to the American-European Consensus Conference15 as: 1- A PaO2/FiO2 ratio ≤ 200 (regardless of the amount of Peep) 2- Bilateral infiltrates on the frontal chest radiograph 3- No clinical evidence of left atrial hypertension B. Immediately before enrollment: SaO2 < 88% with FiO2 ≥ 0.6 and Peep ≥ 10 cm H2O C. Ventilator settings: VT and Pip limited to 8mL/Kg and to ≤ 35 cm H2O, respectively D. Hemodynamic stability Exclusion criteria A. Congenital cardiac disease B. Chronic lung disease ARDS, acute respiratory distress syndrome; FiO2, fraction of inspired oxygen; Peep, positiveend expiratory pressure; SaO2, arterial saturation of oxygen; VT, tidal volume; Pip, peak inspiratory pressure. as the endothelial derived relaxing factor (7,8) , and its physiological effects were first presented in 1992(9,10). Because of its high affinity for hemoglobin, inhaled nitric oxide (iNO) is rapidly and very specifically inactivated in the blood(11) and does not vasodilate the systemic circulation. The rationale for its use in ARDS is that the iNOinduced vasodilation of pulmonary vasculature adjacent to well-ventilated alveoli increases blood flow to these lung areas and preferentially shunt blood away from poorly ventilated regions, matching V/Q and reducing intrapulmonary shunt. This results in improved oxygenation, and reduction of PVR and RV afterload(12). Improving V/Q matching, iNO may allow less aggressive MV, minimizing the risk of ventilator-induced lung injury and morbidity(13). There is, however, little information about the appropriate time for iNO introduction, dosage, side effects, and weaning in children(14). The aims of this prospective study performed in pediatric ARDS patients were: 1) to establish a protocol for the early introduction of iNO associated with conventional therapy, 2) to determine the acute and sustained effects of iNO on some oxygenation indexes and ventilator settings, 3) to analyze the weaning process, and 4) to assess the safety of NO inhalation. METHODS This study was approved by the Human Research and Ethics Committee of the University Hospital of Botucatu Medical School. Written informed consent was obtained from the parents or guardians of each child before enrollment. Patients, inclusion, and exclusion criteria Children with ARDS(15), aged between one month and 12 years admitted to the Pediatric Intensive Care Unit (PICU) at Botucatu Medical School in 1999, were considered potential subjects for this study. Initial ventilatory management was performed with time-cycled pressure-limited ventilators. Positive end-expiratory pressure (Peep) was increased incrementally to recruit lung volume and maximize oxygenation, while avoiding clinical and radiographic signs of lung hyperinflation. Tidal volume and Pip were limited to < 8 mL/Kg and to ≤ 35 cm H20, respectively, permitting hyper- Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 PEDIATRIA capnia if necessary and accepting arterial saturation of oxygen (Sa02) between 88-90%. The choice of ventilator was in accordance with the ventilation protocol established by the PICU, depending on the children’s weight (less than 10 Kg: Sechrist IV-100B, Sechrist Industries; Anaheim, USA; more than 10 Kg: Inter 5, Intermed; São Paulo, Brazil). Eligibility required Peep of ≥ 10 cm H2O to guarantee minimally “open” alveoli, the so-called “open lung approach”(16), and hemodynamic stability. Only the patients with Sa02 less than 88%, despite the already mentioned ventilator settings, and a fraction of inspired oxygen (Fi02) ≥ 0.6 were immediately assigned to the treatment protocol. The exclusion criteria included patients with congenital cardiac diseases and chronic lung diseases. The inclusion and exclusion criteria are summarized in Table 1. Routine procedure of ARDS management included treatment of the underlying diseases and sedation with continuous intravenous (IV) infusion of midazolam and/or fentanyl. The patients were paralyzed by the continuous IV infusion of atracurium when necessary. Optionally, prone positioning was used as part of conventional treatment(17). Hemodynamic support included the optimization of intravascular fluid volume guided by central venous pressure monitoring and administration of catecholamines (dopamine, dobutamine, and norepinephrine). The patients were monitored according to standard pediatric intensive care protocol. All the children had a radial artery catheter for continuous monitoring of systolic, diastolic, mean arterial pressure (MAP), and for blood gas sampling. Arterial blood gas was drawn from indwelling catheter for measurement of PaO2, PaCO2 and SaO2 as needed. Other biochemical values to 115 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva PEDIATRIA Table 2 –Clinical characteristics of the patients. Pt. no. Age (months)/ Sex LIS ARDS etiology Other MOSF PRISM score/ (mortality risk) Inotropic support Outcome 1 84/F 3.0 Trauma CV 20 (49%) DA; Dob Survived 2 11/F 2.6 Pneumonia - 19 (37%) - Survived 3 2/M 3.0 Pneumonia - 18 (38%) - Survived 4 1/F 3.3 Pneumonia - 21 (41%) - Survived 5 24/F 2.6 Trauma - 15 (35%) - Survived 6 8/F 3.6 Septic shock CV;C;K;GI 29 (52%) DA; Dob; NE Died 7 30/M 3.6 Septic shock CV;K; C 22 (42%) DA;Dob; NE Survived 8 11/M 3.6 Septic shock CV;C 27 (53%) DA; Dob Survived 9 132/F 3.3 Pneumonia CV 28 (50%) Dob Survived 10 3/F 3.6 Septic shock CV;C 23 (42%) DA; Dob Survived Pt., patient; LIS, lung injury score; ARDS, acute respiratory distress syndrome; MOSF, multiple organ system failure; PRISM, pediatric risk of mortality; F, female; M, male; CV, cardiovascular; C, coagulopathy; GI, gastrointestinal; K, kidney; DA, dopamine; Dob, dobutamine; NE, norepinephrine. calculate pediatric risk of mortality (PRISM) score and to assess coexisting multiple organ system failure (MOSF) were obtained from central venous line. Lung function status was assessed by the oxygenation index (OI: mean airway pressure × FiO2 × 100 / PaO2; cm H2O/mm Hg) and the PaO2/FiO2 ratio (mm Hg). The OI was used both as a measure of oxygenation and as an indicator of aggressiveness of mechanical ventilatory support. Methemoglobin (MetHb) concentration was measured immediately before and at each arterial blood gas analysis after the beginning of iNO therapy. Diagnosis of MOSF was based on the criteria proposed by Wilkinson et al. (18) modified by Fioretto et al.(19). Sepsis and septic shock were defined according to the American College of Chest Physicians/Society of Critical Care Medicine Consensus Conference(20). The PRISM (21) and lung injury score (LIS) (22) were calculated for each patient at enrollment. Inhaled nitric oxide administration Inhaled nitric oxide administration 116 followed the guidelines and techniques previously described(23-25). Briefly, NO blended with nitrogen was obtained from 20-L tanks connected to a pressure regulator (AGA Medical S.A., São Paulo, Brazil). The concentration in the tanks was certified by the suppliers as 300 parts per million (ppm) of nitric oxide in nitrogen. The NO was continuously delivered to the patients via flowmeter, directly into the inspiratory limb of the ventilator circuit, distal to humidifier from a point 30 cm distal to the patients’ tracheal tube. Inhaled nitric oxide and nitric dioxide (NO2) concentrations were measured using an electrochemical sensor (J P Moryia Ind & Com Ltda, São Paulo, Brazil) from samples of circuit gas obtained as close as possible to the tracheal tube via Y-piece. The NO/ NO 2 electrochemical sensor gas analyzer was calibrated before use every day. Audio-visual alarms were calibrated at a dose of 1 ppm above the iNO administered dose and at a maximum level of 3 ppm NO2 concentration. The delivery system was flushed thoroughly before use. Study design Patients were enrolled in the study within 1 hour of reaching entrance criteria (Table 1). Baseline measurements (time zero; T0) were made at steady-state pressure control ventilation immediately before starting iNO administration. The iNO was administered at a dose-response test of 20 ppm for 30 minutes under the previously mentioned ventilator settings. Respiratory and hemodynamic measurements were then performed (time 30 minutes; T30min). Regardless of the response, the concentration was reduced to 10 ppm and after 30 minutes to 5 ppm. This latter dose was maintained for 3 more hours to complete the 4-h trial (time 4 hour; T4h). At the end of each period, the data were again obtained. According to the protocol, conventional therapy and ventilator settings should not be changed during the 4h dose-response test. Positive response was defined as an increase in Pa02/Fi02 ratio of 10 mm Hg(26) above the baseline value with 20 ppm dose at T30mim or 5 ppm dose at T4h. If the patient did not match the criteria for success, a new trial Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva was attempted with a starting dose of 40 ppm. If the patient did not respond to this, a trial with a dose of 20 ppm was performed every day. Based on a positive response to the dose-response test, iNO was continued at a 5 ppm iNO dose until Sa02 ≥ 88% with Fi02 < 0.6 was achieved. The iNO therapy was then withdrawn at gradual decreases of 1 ppm per hour over 6-12 h. If withdrawal caused a decrease in Pa02, requiring an increase of Fi02 by 20% or more, iNO was reintroduced at the previous dose. The aim of this study was to maintain iNO at the lowest dose associated with an improvement in oxygenation. The mean iNO dose and the Fi02 and Pip levels from the end of the 4-h dose-response test to the end of the day of the beginning of iNO treatment (d0) and from the following days (d1, d2, d3....) were assessed. Statistical Analysis Normally and non-normally distributed data are expressed as mean ± SD and median (ranges), respectively. Friedman Repeated Measures of Variance Test was used to PEDIATRIA compare the different evaluation times for each variable(27). Differences were considered significant at a P < 0.05. rapy was 12 hours (1 to 48 hours). The patients had received MV for 1 to 216 hours (median, 24.5 hours) before enrollment. RESULTS Acute response to iNO therapy (Table 3) Immediately before the beginning of iNO therapy, the patients had marked impaired oxygenation demonstrated by the median of the Pa02/Fi02 ratio of 64.6 mm Hg (32.1 to 106) and OI of 29.95 cm H2O/mm Hg (20.5 to 75). All but one patient had a positive response to the initial trial with 20 ppm iNO dose at T30min increasing 10 mm Hg in Pa02/Fi02 ratio, according to the protocol. At T4h, all patients showed significantly improved oxygenation indexes. The mean percentage improvement in Pa02/Fi02 ratio from baseline was 63.6% and in OI was 44.9%. During the 4-h dose-response test, the heart rate (HR), MAP, and PaCO2 did not show any significant variation. Partial arterial pressure of carbon dioxide values as high as 82 mm Hg (10.9 kPa) were observed using permissive hypercapnia approach. The conclusion of this 4-hour study allowed the PICU staff to continue iNO administration beyond the dose-response test period in all children. Patients Two hundred and forty-two patients were admitted at the PICU during this study. Ten children fulfilled the previous criteria to be enrolled at the iNO treatment protocol. The patients’ clinical characteristics are shown in Table 2. The median age was 11 months (1 to 132 months), including seven girls and three boys. Infections, such as sepsis/septic shock and pneumonia, were the most common ARDS etiologies. The patients had severe lung injury with mean LIS of 3.22 ± 0.4, and mean PRISM score 22.2 ± 4.6, predicting a mean mortality risk of 43.9% ± 6.6%. The MOSF was diagnosed in six cases when catecholamines were used. Inhaled nitric oxide therapy was introduced as early as possible; the median duration between the time of ARDS diagnosis and initiation of iNO the- Table 3 – Acute effect of iNO on the oxygenation indexes, gas exchange, and hemodynamic variables during the four-hour dose-response test. Test times T0 T30min (20 ppm) T4h (5 ppm) 64.6 (32.1-106) 95 * (42.7-165.1) 105.7 * (65.5-176) 29.9 (20.5-75) 19.4 * (10.1-43.4) 16.5 * (8-32) PaC02 (mmHg) 49.5 (35.3-82.5) 53 (24.6-71.5) 50.3 (21.3-81.7) HR (bpm) 152 (130-165) 150 (126-166) 147.5 (126-162) MAP (mmHg) 53.5 (45-65) 51 (46-60) 55 (44-66) Pa02/Fi02 (mmHg) OI (cmH2O/mmHg) Data expressed as median (ranges); iNO, inhaled nitric oxide; T0, data from baseline; T30min, data at 30 min; T4h, data at four hour; ppm, parts per million OI, oxygenation index (mean airway pressure x FiO2 x 100 / PaO2); HR, heart rate; MAP, mean arterial pressure; mm Hg, millimeters of mercury; cm H2O, centimeters of water; bpm, beats per minute; *p < 0.05 compared with T0 (Friedman’s test). Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 Sustained response to iNO therapy The time course of the OI over four days of treatment is shown in Figure 1. The iNO therapy caused sustained improvement in the OI over the following days of treatment. Also, the ventilator settings indicating risk of ventilator-induced lung injury could be significantly decreased (Table 4). The FiO2 levels were significantly reduced from d0 to d1, and subsequently from d1 to d2 and from d2 to d3. Also, Pip levels were reduced from d1 to d2 and from d2 to d3. As part of the ARDS therapeutic strategy, Peep did not 117 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva PEDIATRIA Table 4 – Ventilator settings during iNO treatment Days of treatment d0 d1 d2 d3 # Fi02 1 (0.65-1) 0.8 * (0.55-1) 0.575 * (0.5-1) 0.5 *#‡ (0.4-0.7) Pip (cmH2O) 30 (25-35) 29.2 (26-35) 27 *# (22-35) 25 *#‡ (20-30) Peep (cmH2O) 12 (10-14) 12 (9-13) 11 (7-16) 10.1 (6-15.5) Data expressed as median (ranges); iNO, inhaled nitric oxide; d0, period from the end of dose-response test to the end of the day of the beginning of iNO therapy; d1, d2 and d3 indicate the days of treatment FiO2, fraction of inspired oxygen; Pip, peak inspiratory pressure; Peep, positive end-expiratory pressure *p < 0.05 compared with d0; #p < 0.05 compared with d1; ‡p < 0.05 compared with d2 (Friedman’s test). change significantly during the first days of treatment (Table 4). The mean iNO treatment period was 3.3 ± 1.83 days; the mean dose used 2.63 ± 1.03 ppm; and the mean time of MV 14.2 ± 3.8 days. There were no serious adverse events during iNO administration: methemoglobin levels did not rise over 1% of total hemoglobin in any child, and the maximum NO2 concentration was 1.5 ppm. Discontinuation of iNO caused “rebound” which increased hypoxemia in two children (Figure 1, patients 7 and 8). Reintroduction of iNO promptly corrected this manifestation, and the therapy could be withdrawn 24 hours later. The only fatal outcome (Table 2, patient 6) was caused by septic shock due to an intestinal infection (E. coli). This patient developed disseminated intravascular coagulation (DIC), which did not respond to blood factor replacement therapy. DISCUSSION Since its first description(28), ARDS is still a therapeutic challenge in pediatric intensive care. The iNO local effects on oxygenation, inflammation, pulmonary hypertension (RV afterload), edema, and capillary permeability may account for its use in ARDS. 118 Rossaint et al. (29) first demonstrated in 10 adult ARDS patients that iNO decreases intrapulmonary shunting and improves arterial oxygenation. In newborn babies, iNO seems to be an advance in the management of hypoxemic respiratory failure and primary pulmonary hypertension(30,31). This has opened the possibility that iNO can also be an important therapy for older children with ARDS. In 1994, Abman et al(32) described beneficial effects of iNO on oxygenation and pulmonary hypertension in 10 pediatric ARDS patients. This is the first report in Brazil aiming to establish a strict protocol for the early use of iNO in children with ARDS. Patients’ clinical characteristics Despite the small number of patients in this study, the major etiologies and children’s ages (Table 2) are similar to those in other studies(33-37). All subjects showed evidence of uniformly severe lung involvement in radiographic exam and had LIS as high as 3.6(38,39). In relation to the severity of the disease, Demirakça et al. (40) found MOSF in all their patients. Also, the mean PRISM score was 28.4 ± 6.1, predicting a mean mortality risk of 54% ± 15%. In our report, MOSF was observed in more than half of the patients. The mean PRISM score and mortality risk on admission were also similar to that found by these authors(40). Administration protocol and patients’ selection In view of the lack of consensus regarding what should be taken as an acute positive response to iNO therapy, and according to many authors who state that in a critically hypoxemic patient even a small improvement in oxygenation may be of clinical benefit(41,42), a 10 mm Hg increase in Pa02/Fi02 ratio was considered to be a positive response. The use of this wider criterion instead of a stricter one (20% increase in Pa02/ Fi02 ratio, ref. 43) permitted that more patients could be considered responsive to iNO therapy. It has also been recommended that the dose-response test results should be considered at 4 h, since patients may have a response at that time that was not present at 30 minutes(23). One of the children did not fulfill our criterion for acute positive response at the first 30 minutes, but achieved it at 4 h. Therefore, patients’ response to a dose-response test should be postponed to the end of the trial. There is a strong trend to use iNO doses lower than 40 ppm in ARDS, since higher concentrations may worsen oxygenation (33-40,44) . Presumably, when higher doses are used, penetration occurs in less aerated portions of the lung with a loss of iNO physiological benefits (45). Therefore, according to our protocol, the maximum iNO dose would be 40 ppm during the dose-response test. In our cases, however, it was not necessary to use higher doses than 20 ppm. Ventilator settings The administration of iNO results in macro and microselectivity ef- Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva PEDIATRIA Figure 1 - Time course of oxygenation index during the four-hour dose-response test and prolonged inhaled nitric oxide (iNO) therapy for each patient, and the mean curve. Sustained improvement could be seen in all patients. Two children (patients 7 and 8) developed “rebound” during the weaning process. T0, baseline values; T30mim, at 30 min with 20 ppm dose of iNO; T4h, end of the test with 5 ppm dose of iNO; d0, period from the end of dose-response test to the end of the day of the beginning of iNO therapy; d1....d4, the days of treatment. fects on the pulmonary vasculature(40). While the macroselective effect is obtained through direct vasodilation of pulmonary arteries, microselectivity is achieved by the inhalation route that limits the administration of NO to aerated lung regions. This selective vasodilation directs the blood flow from unventilated shunted areas to ventilated but underperfused areas, matching V/Q and improving oxygenation, the so-called “steal phenomenon”(46). However, it has been shown that responsiveness to iNO may be significantly influenced by the application of sufficient Peep(44,47). According to recent recommendation(23), the clinical use of iNO therapy in ARDS must be limited to patients who are optimally ventilated with appropriate levels of Peep, which seems to recruit additional alveoli for gas exchange. Therefore, it is fundamental that a clearly defined level of Peep be incorporated into any study that attempts to evaluate iNO therapy. In our protocol, the minimal level of Peep was 10 cm H2O, but levels as high as 16 cm H2O were needed (Table 4). In addition, as a protective lung approach, VT and Pip were limited, permitting high levels of PaCO2. Acute and sustained response to iNO therapy Our results show that iNO causes acute improvement in oxygenation indexes in children, as reported in literature(33,34,40,44,48). The same results were also found in adults(42,43,4951) . However, there are a few reports on oxygenation indexes over time in pediatric ARDS patients. It would be expected that the acute positive response could be sustained during the entire iNO therapy, which has been very difficult to demonstrate(33,37,43,50). Dobyns et al.(48) observed sustained response to iNO versus placebo therapy at 72 h only in subgroups of patients (OI > 25 and in the immunocompromised group). These authors explained that iNO therapy did not sustain the improvement in oxygenation in all patients because they were enrolled in the Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 study in later stages of the disease, as mentioned in other reports(14,41). Experimental studies(51,52) have supported the idea that early iNO treatment can be more effective. While studying adult patients and starting iNO administration within three days of ARDS diagnosis, Dellinger et al(49) observed an improvement in oxygenation index over the first four days. Michael et al(50) started iNO therapy in some patients up to 25 days after ARDS diagnosis and observed that improvement in oxygenation was not sustained after 24 hours. These authors reported that the lack of response after 24 h might be due to the fact that the same mechanisms account for the oxygenation improvement with iNO or conventional therapy and that iNO may only bring them into play earlier. It is important to mention, however, that patients with severe disease, who were not responding to standard therapy, were identified in their inclusion criteria(50). Differently from previously mentioned reports, we included iNO 119 PEDIATRIA as part of our therapeutic approach by starting its administration as soon as possible (median, 12 hours) after ARDS diagnosis. In addition to the acute positive response in the 4-h dose-response test, we observed a sustained improvement in oxygenation during four days (Figure 1). We also demonstrated an early decrease in the ventilator settings indicating high risk of baro/volutrauma, oxygen toxicity (Pip and Fi02), and a consequent reduction in MV aggressiveness (Table 4). This was also observed in other studies(37,40). Our findings may be explained by the early start of iNO administration and the clearly defined criterion for Peep utilization prior to NO inhalation. Another important aspect is that the response to iNO is better with primary (pneumonia) than secondary (sepsis/septic shock) ARDS(43). The reasons for this different response are not fully known(43,53,54). Primary and secondary pulmonary injuries were the main etiologies identified in our study. We were not able to demonstrate any differences in response to iNO therapy between these groups because of the small number of cases. In summary, there are many factors interfering with sustained response to iNO: iNO dose, differences between patients, severity of underlying lung diseases, different definitions of significant clinically response, length of respiratory failure before treatment, level of alveolar recruitment during MV, and primary versus secondary ARDS. Difficulties in demonstrating a sustained beneficial effect of NO inhalation may be related to these factors, which are not easily controlled in clinical trials. Lack of demonstrable iNO effect on mortality rate in ARDS patients have been observed in many studies(35,44,48,49,51). This could mean that 120 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva iNO therapy is worthless. However, it should be considered that the improvement in oxygenation promoted by NO inhalation therapy may contribute to decrease MV intensity. This, in turn, may reduce ventilator-induced lung injury, facilitate the use of new ventilator strategies, including permissive hypercapnia(13), and then have a positive effect on morbidity. We agree with Petros et al(55) in relation to the replacement of mortality by morbidity as an end point to evaluate the role of a new therapy in intensive care environment. Our study was not designed to assess the effects of iNO therapy on mortality rate. However, it is important to mention that only one fatal outcome was observed. Therefore, the early administration of iNO therapy, reducing morbidity in patients with ARDS, may lead to a decrease in mortality. This hypothesis needs verification in larger controlled trials. Inhaled NO weaning and side effects It has been shown that the abrupt withdrawal of NO inhalation produces severe pulmonary vasoconstriction, known as “rebound” phenomenon (43,56). Therefore, it has been recommended that iNO therapy should be slowly decreased to 1 ppm before withdrawal and patients should be strictly monitored during the weaning procedure(35,43,56,57). Demirakça et al(40) used as a predictor of successful weaning an OI of < 5 cm H20/mm Hg. Two of our children showed “rebound” and we had to increase Fi02 and restart the iNO during the weaning process. Toxicity The iNO toxicity is mainly related to the formation of N02 and MetHb. Nitrogen dioxide is produced spon- taneously from NO and oxygen and contaminates ambient air, producing oxidative damage in terminal bronchioles and proximal alveoli(56). Nitrogen dioxide production rate depends on the iNO dose, Fi02, length of treatment with iNO; the amount of NO2 formed being 1.14% of the NO dose(58). The administration of the lowest dose of iNO for the shortest period in our protocol did not increase N02 levels more than 1.5 ppm, according to several studies performed in children(37-39,44,48). The reaction of NO with hemoglobin produces MetHb. The MetHb level above 2% of total hemoglobin can impair the unloading of oxygen and worsen tissue hypoxia. Doses of iNO far higher than those clinically used are not expected to cause significant methemoglobinemia in adults (59). Only two reports have been published on significant methemoglobinemia during iNO therapy in neonates(60,61). We did not observe MetHb levels higher than 1% of total hemoglobin as seen in other studies in children (35-40,44,48). This suggests that iNO is safe for children when used in low doses and with careful monitoring. It has also been described that iNO therapy can interfere with platelet function and increase bleeding time only in the presence of coagulopathy(62). The importance of this iNO therapy effect remains unclear. In this study, the only child who died had septic shock with refractory DIC, and it was not possible to assess the influence of iNO on coagulopathy. Study limitations The main limitation of our study is the small number of cases and lack of control group. However, our main purpose was to establish a protocol for the early use of iNO together with other current treatments in pediatric ARDS patients. Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva CONCLUSIONS In this study, we demonstrated acute and sustained response to iNO therapy in pediatric ARDS patients and observed a decrease in MV intensity during four days. If this interferes with morbidity and/or mortality is to be confirmed. We have also concluded that iNO administration did not cause any serious adverse effect on our patients. In view of the complexity of ARDS pathophysiology, it can be assumed that it will be very difficult to find a single therapy for the management of this syndrome. In contrast, iNO therapy must be used in conjunction with other standard therapeutic approaches for better results. We believe that further randomized controlled trials should concentrate on the early treatment of ARDS, using iNO as part of a routine standard protocol. REFERENCES 1 2 3 4 5 6 McIntyre Jr RC, Pulido EJ, Bensard DD, Shames BD and Abraham E. Thirty years of clinical trials in acute respiratory distress syndrome. Crit Care Med 2000; 28:3314-31 Sessler CN. Mechanical ventilation of patients with acute lung injury. In: Tharratt RS ed. Critical Care Clinics. Mechanical ventilation. Philadelphia (PA):Saunders; 1998:707-29. Young JD, Brampton WJ, Knighton JD and Finfer SR. Inhaled nitric oxide in acute respiratory failure in adults. Br J Anaesth 1994;73:499-502. 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Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ARTIGO DE REVISÃO Hiper capnia Permissiva Hipercapnia Luiz Felipe Ferreira da Silva Em pacientes com grave comprometimento da complacência pulmonar a limitação do pico de pressão implica na redução do volume corrente e portanto aumento da PaCO2 a valores não convencionais. As conseqüências da retenção aguda do CO2 estão relacionadas às variações do pH intracelular, resultando em disfunção do sistema nervoso central, hipertensão intracraniana, fraqueza neuromuscular, depressão cardiovascular e aumento da sobrecarga ao ventrículo direito. Quando instalada progressivamente, a hipercapnia pode ser tolerada como acontece nos pacientes com doença pulmonar crônica. Nestes pacientes a hipercapnia tem sido interpretada como mecanismo adaptativo no sentido de reduzir o trabalho respiratório. Em estudo retrospectivo em pacientes com SARA os autores demonstraram que a estratégia de baixo volume e hipercapnia foi favorável na evolução clínica de pacientes graves, observando as pressões, pH e volume corrente adequado a cada paciente. O melhor uso da hipercapnia, sem dúvidas só trará benefícios ao paciente. *End: Rua das Fiandeiras, 90 – Apto 152 CEP: 04545-000 São Paulo – SP Fone: 30452042 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 ENERALIDADES A hipercapnia permissiva também denominada de hipoventilação mecanicamente controlada, vem sendo utilizada como alternativa na estratégia da ventilação mecânica de pacientes portadores de diversas patologias pulmonares. Seu valor recentemente é reconhecido com o acúmulo de evidências sobre a presença de graves lesões pulmonares causada pela hiperdistensão dos pulmões1,2,3,4,5. A utilização de altos valores de volume corrente (VC) 10 a 15 ml/Kg preconizados durante a instituição de suporte ventilatório baseou-se principalmente nas evidências de que estes minimizariam o surgimento de atelectasias além de prevenir a deterioração da oxigenação6. Esta estratégia pode determinar altos níveis pressóricos nas vias aéreas para transporte destes volumes e manutenção de um estado de normocapnia principalmente em pacientes com lesão pulmonar onde a complacência pulmonar é baixa. WEBB & TIERNEY, (1974)7, mostraram o possível papel da ventilação mecânica na gênese da injúria ao parênquima pulmonar, utilizando altas pressões nas vias aéreas (45 cm de água) em ratos mecanicamente ventilados. Os autores observaram o desenvolvimento de extenso edema alveolar, redução da complacência e hipoxemia grave causando morte dos animais após uma hora; Por outro lado, os ratos ventilados com baixas pressões não apresentaram estas alterações. DREYFUSS et al (l985)8 encontraram resultados similares, somados a alterações histológicas após 5 minutos de ventilação, semelhantes àquelas vistas na Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) em humanos. Estas alterações tornaram-se mais intensas após 20 minutos de ventilação mecânica. Uma vez que nestes experimentos foram utilizadas altas pressões nas vias aéreas, acompanhadas de altos volumes correntes, criou-se uma dúvida: qual o fator determinante na gênese da injúria pulmonar. Para discernir se as lesões pulmonares encontradas haviam sido causadas pelas altas pressões alveolares ou pela hiperdistensão dos alvéolos, dois estudos experimentais foram realizados3, utilizou ratos submetidos a cinco diferentes modos de ventilação mecânica: (1) um grupo controle, com animais ventilados com baixa pressão de vias aéreas e baixos volumes correntes (2) um G 123 ARTIGO DE REVISÃO grupo ventilado de animais com altas pressões e altos volumes (3) outro grupo de animais ventilado com regime de altas pressões e baixos volumes (conseguido através de bandagem torácica) (4) um quarto grupo submetido a baixas pressões e altos volumes (com pressão negativa) e (5) um quinto grupo ventilado altas pressões e altos volumes, associado ao uso de pressão positiva expiratória final (PEEP) de 10 cm H2O. Os autores não encontraram diferenças significativas entre o grupo controle (baixa pressão, baixos volumes) e o grupo ventilado com alta pressão e baixos volumes correntes. Por sua vez, todos os grupos ventilados com altos volumes desenvolveram acentuado edema pulmonar por aumento da permeabilidade capilar. HERNANDEZ et al. (l989) 9 , utilizando coelhos imaturos, submetidos à restrição da parede torácica, ou seja, com alta pressão nas vias aéreas porém com baixo volume corrente, encontrando redução nas lesões induzidas pela ventilação mecânica. Estes estudos sugerem que em modelos agudos há uma maior importância da hiperdistensão pulmonar causada pelos altos níveis de volume corrente do que os altos picos de pressões alveolares, na geração da lesão pulmonar induzida pelo suporte ventilatório mecânico. Por este motivo, esta lesão foi denominada de volutrauma. Também a aplicação de PEEP (Pressão Positiva Expiratória Final) de 10 cm H 2O, determinou certa proteção contra lesão mecânica induzida pela ventilação. Outros autores, utilizando modelos experimentais de lesão pulmonar por ácido oléico, em coelhos e cães, reforçam a estreita relação entre hiperdistensão pulmonar e as lesões pulmonares detectadas 10 , CORBRIDGE et al. (1990). 124 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva TSUNO et al., (1991)11, realizando experimentos em porcos, ventilando-os mecanicamente com picos de pressão inspiratória (PIP) de 40 cm H2O, mantidos por 22 ± 11 horas, observaram mudanças histopatológicas caracterizadas por hemorragia alveolar com infiltração de macrófagos, neutrófilos e linfócitos, congestão intersticial, proliferação de pneumócitos tipo II e formação de membrana hialina, similares àquelas encontradas nas fases iniciais da Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). Num segundo grupo, os animais foram ventilados por um período adicional de três a seis dias através de parâmetros convencionais de ventilação mecânica (volume corrente de 15 ml/Kg e pressão parcial de CO2 arterial (PaCO2) de 40 mm Hg), o exame histológico demonstrou os mesmos achados do trabalho anterior, associados a uma organização do exsudato semelhante ao encontrado nas fases tardias da SRDA. O grupo controle ventilado com picos de pressão inspiratória de 18 cm H2O não demonstrou lesões histopatológicas significativas. O suporte ventilatório mecânico pode também ser responsável por um agravamento da hiperdistensão pulmonar como nos casos de pneumopatias infecciosasl, doenças pulmonares obstrutivas severas12,13 e na SDRA14. Todas estas patologias têm como denominador comum à perda da homogeneidade do parênquima pulmonar. GATTINONI et al. (1987)15, em estudos dirigidos para análise da SDRA, demonstraram haver nesta condição um comprometimento heterogêneo das alterações pulmonares, com áreas de parênquima relativamente normais entremeadas por áreas de edema intersticial e alveolar resultando em uma redução do volume fisiológico do pulmão. Nestas condições, a exposição do parênquima normal, com complacência preservada, a altas pressões inspiratórias determina um aumento exagerado do volume alveolar ocasionando hiperdistensão destas unidades13, além de um aumento do volume expiratório final 2, devido a um insuficiente tempo expiratório12. Estas alterações levam, por sua vez, a uma piora hemodinâmica com má distribuição da relação ventilação/perfusão, com desvio da perfusão para áreas pobremente ventiladas e aumento no risco de ocorrência de volutrauma. Baseados nestes estudos, iniciou-se uma reavaliação da necessidade de manter-se a normocapnia em pacientes submetidos à ventilação mecânica, onde teoricamente a PaCO 2 ótima deverá ser a resultante do balanço entre as necessidades de manutenção de uma adequada oxigenação arterial e a energia despendida para a ventilação16, 17,18. Como alternativa para evitar ou corrigir a excessiva distensão pulmonar, foi advogada a hipoventilação alveolar, que, por sua vez, determina hipercapnia e acidose respiratória. Os primeiros estudos clínicos utilizando hipercapnia permissiva foram realizados em pacientes portadores de episódios agudos de asma sob ventilação mecânica19, onde o pico de pressão inspiratória (PPI) foi reduzido através da diminuição do volume corrente, causando acidose respiratória, com o uso concomitante de grandes quantidades de bicarbonato de sódio para a manutenção do pH. DARIOLI & PERRET (1984)20, estudando 34 pacientes com crise asmática que necessitavam de ventilação mecânica, utilizaram freqüências respiratórias reduzidas (6 a 10 rpm) e volumes correntes baixos 8 a Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva 10 ml/Kg para manter o pico de pressão inspiratória abaixo de 50 cm H2O, com essa estratégia não houve relato de barotrauma, cuja ocorrência era comum em pacientes asmáticos submetidos à ventilação mecânica. Os níveis de PaCO2 chegaram a 90 mm Hg por períodos superiores há 24 horas, sem que fossem utilizadas intervenções terapêuticas sobre a acidose respiratória. Todos os pacientes sobreviveram, representando uma importante redução da mortalidade esperada. Resultados favoráveis também foram relatados em pacientes com SDRA submetidos a hipercapnia permissiva: HICKLING et al., (1990) 21 publicaram estudo prospectivo de 50 pacientes portadores de SDRA de grau severo, em que o pico de pressão inspiratória foi limitado em valores de 30 a 40 mm Hg com ventilação ciclada a volume em modo SIMV (ventilação mandatória intermitente sincronizada) e volumes correntes baixos (até 5 ml/Kg). Todos os pacientes tinham pontuação para injúria pulmonar, de 2,5 ou maior22, média da relação pressão parcial de O2 arterial e fração inspirada de O2 (PaO2/ FIO2) de 94 mm Hg e o nível médio de PaCO 2 era de 62 mm Hg chegando a 129 mm Hg; nenhum tratamento específico foi realizado no sentido de reduzir a acidose respiratória instalada. A mortalidade encontrada foi significativamente mais baixa do que a predita pelo “Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II”23, (16% vs 39,6%). Apesar dos resultados deste trabalho terem sido criticados pela ausência de grupo controle, eles indicam para a possibilidade de uma ventilação protetora do pulmão, conseguida pela hipercapnia permissiva, assim como uma ação benéfica na recuperação de pacientes com SDRA. Novas técnicas têm sido aplica- das em conjunto com a hipercapnia permissiva para permitir a retirada de CO2, como a remoção extracorpórea de CO2 (ECCO2R)24, cuja utilização tem o inconveniente de necessitar de uma ampla infra-estrutura para sua execução além dos altos custos envolvidos. Outras duas técnicas utilizadas para incrementar a retirada de CO 2 são: 1) a ventilação de alta freqüência que também tem sido proposta como potencialmente benéfica na limitação das pressões das vias aéreas, embora estudos controlados aleatórios não tenham conseguido demonstrar vantagens significativas sobre os métodos de ventilação convencional, principalmente na SDRA25,26. 2) a insuflação traqueal de gases (TGI) utilizada como técnica adjunta tem apresentado resultados alentadores, possibilitando uma redução dos níveis de hipercarbia através de um aumento da depuração de CO2 e redução do espaço morto27,28,29,30,31,32. CONSEQÜÊNCIAS FUNCIONAIS NO USO DA HIPERCAPNIA PERMISSIVA Os benefícios da limitação da pressão nas vias aéreas, nos casos de falência respiratória aguda, resultando Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 ARTIGO DE REVISÃO em hipercapnia e acidose respiratória devem ser pesados em relação aos potenciais custos fisiológicos que podem advir das alterações provocadas na homeostase do gás carbônico (CO2). Uma complexa interrelação entre os efeitos diretos da molécula de CO2 e indiretos mediados por via humoral ou neurológica são observados, tanto a nível celular quanto em diversos órgãos e sistemas. Citamos a seguir as principais conseqüências decorrentes da hipercarbia e da acidose respiratória no organismo: Efeitos da Hipercapnia Sobre a Célula O dióxido de carbono uma vez no plasma é lentamente hidratado formando H2CO3- que se dissocia para formar HCO3- e H+, este último por sua vez é tamponado pelas proteínas plasmáticas. O CO2 penetra no interior dos eritrócitos, parte liga-se com a hemoglobina, formando a carbamino hemoglobina e o restante é hidratado dissociando-se rapidamente em reações mediadas pela anidrase carbônica para formar HCO3- e H+.O íon H + é tamponado pela hemoglobina e pelo HCO3- que se move para fora da célula e determina a entrada de cloro para manutenção da neutralidade elétrica33: 125 ARTIGO DE REVISÃO sendo, AC = Anidrase Carbônica HbCO2 = Carbamino hemoglobina HHB = Tampão / Hemoglobina Devido ao equilíbrio do íon bicarbonato mais lento através da membrana celular em relação ao equilíbrio molecular do CO2, mais difusível, ocorre uma redução nos níveis do pH intracelular acelerada pela grande quantidade de anidrase carbônica no citosol34. Esta acidose intracelular resultante será a principal responsável pelos efeitos deletérios da hipercebia na célula. Os limites do pH citosólico, nas células de mamíferos, são considerados normais entre 6,9 e 7,235; sua manutenção dependerá da efetividade dos mecanismos contra-reguladores. Três mecanismos em geral são responsáveis pela regulação do pH intracelular: 1 – Tamponamento físico-químico 2 – Consumo de ácidos orgânicos 3 – Modificações das trocas iônicas transmembrana O primeiro mecanismo é imediato, enquanto o segundo e o terceiro são completados em cerca de 90% nas primeiras três horas após instalada a hipercapnia36, podendo este período ser bastante aumentado em casos de hipoxemia grave e em alterações da perfusão tecidual37. A ação dos mecanismos de tamponamento do pH intracelular em condições de oxigenação normais são bastante eficientes, como comprovados através de experimentos com diferentes espécies animais, utilizando-se medidas “in vivo” do pH intracelular com 31P/NMR (Nuclear Magnetic Ressonance)38,39,40. Embora o pH estimado pela fórmula de Henderson-Hasselbach para uma concentração de bicarbonato intracelular de 10 mM/L com uma PaCO2 de 200 mm Hg fosse em tor- 126 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva no de 6,32; vários estudos encontraram um pH intracelular acima de 6,80, demonstrando assim a capacidade dos mecanismos compensatórios em limitar os efeitos deletérios da hipercapnia38,39,41,42. Diversas anormalidades podem ser causadas em decorrência da instalação da acidose intracelular. a) alterações no transporte de eletrólitos através da membrana celular43; b) disfunção do metabolismo da glicose com inibição da fosfofrutoquinase, levando a uma diminuição de carbonos no ciclo de Krebs e um aumento na deaminação oxidativa, decorrente da depleção parcial de aminoácidos, causando acúmulo de NH3 e glutamina. Apesar destas alterações os níveis de ATP estão preservados mesmo na presença de importante acidose intracelular, como demonstrado no sistema nervoso central39,44,45,46,47, e no miocárdio48. c) inibição em várias etapas do acoplamento excitação-condução, influenciando no transporte de cálcio aos miofilamentos, devido a uma diminuição da corrente de cálcio, redução da liberação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático e diminuição do potencial de ação49. Efeitos da Hipercapnia Sobre o Músculo Liso nas Vias Aéreas Diferentes resultados são descritos em relação aos efeitos da hipercapnia sobre a musculatura lisa das vias aéreas. Em estudos realizados em segmentos isolados de brônquios de cães a hipercapnia acarreta relaxamento50, porém em experimentos “in vivo” utilizando cães adultos 51 , neonatos52, e gatos53,54, predominam os efeitos constritores, decorrentes de reflexos centrais mediados pelo nervo vago. DEAL et al.(1986)53, demonstrou que estruturas próximas a área intermédia na superfície ventral do bulbo tem influência na resposta colinérgica neural causando constricção em seg- mentos de traquéia secundária a elevações dos níveis de CO2. Moderada broncoconstricção, também é referida em cobaias, induzida pela endotelina I55. Pesquisas em humanos normais e asmáticos demonstram diferentes respostas quando submetidas a moderada hipercapnia, com ausência de efeitos56, diminuição57, ou aumento58, da resistência nas vias aéreas. Efeitos da Hipercapnia Sobre o Transporte de Oxigênio A hipercapnia produz um desvio para a direita na curva de dissociação da hemoglobina e esta procede-se através de dois mecanismos: o primeiro e mais importante é secundário a elevação na concentração de íons hidrogênio decorrente da hidratação das moléculas de CO2 com formação de ácido carbônico, conforme abaixo demonstrado: H2O + CO2 HCO3- + H+ O segundo mecanismo é devido a formação de compostos carbaminos que reagem com o aminoácido N-terminal das cadeias de hemoglobina. Ambos mecanismos promovem uma elevação da P50 o que representa uma redução da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, promovendo maior liberação deste a nível tecidual e menor captação a nível dos capilares alveolares, alterações estas que podem tornar-se significativas nos casos de pneumopatias acompanhadas de hipoxemia. Efeitos da Hipercapnia Sobre o Sistema Endócrino Distintos resultados são descritos em experimentos animais, com relação aos efeitos da hipercarbia sobre os níveis de renina plasmática variando com a espécie estudada. Em cães, foram observados aumentos59, enquanto em ratos não foram demons- Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva tradas mudanças significativas60. Na medula adrenal, sob hipercapnia ocorre liberação maciça de epnefrina e norepinefrina61,62. Sob hipercapnia moderada (PaCO2 < 100 mmHg) ocorre um aumento proporcional e linear dos níveis plasmáticos de epinefrina e norepinefrina liberados pela medula adrenal, porém com níveis de hipercapnia intensa (PaCO2 > 200 mm Hg) apenas a epinefrina prossegue elevando sua liberação enquanto a norepinefrina mantém seus níveis prévios de elevação63. Aumentos de ACTH, cortisol e aldosterona também foram encontrados em resposta a condição hipercárbica, embora em relação ao fator natriurético atrial (FNA) foram referidos aumentos64, ou ausência de efeitos65. Em estudos realizados em humanos, portadores de pneumopatias crônicas foi evidenciada uma ação mínima da hipercapnia sobre a liberação de hormônios pela hipófise anterior66. Efeitos da Hipercapnia Sobre o Sistema Cardiovascular A deterioração da função cardíaca, causada por um regime de hipercapnia, é descrita desde o início do século em preparações utilizando corações isolados de sapos e tartarugas67, e posteriormente confirmada em modelos de coração e pulmão isolados68, e em músculo papilar isolado de gato69. Modelos experimentais, “in vivo”, com cães anestesiados70, evidenciaram, em resposta a hipercapnia aguda, uma redução da contratilidade cardíaca com aumento paralelo dos volumes término-sistólico e diastólico de ventrículo esquerdo. O débito cardíaco elevou-se em decorrência de um aumento da freqüência cardíaca. Após bloqueio beta adrenérgico, os mesmos níveis de hipercapnia determinam uma piora da contratilidade acompanhada de uma maior elevação do volume términosistólico. Estes dados confirmam trabalhos anteriores71,72,73,74,75,76, em que o bloqueio destes receptores causam uma importante depressão das curvas de função ventricular. Administração de drogas estimulantes dos receptores beta adrenérgicos previnem ou revertem a deterioração da função cardíaca em preparações de corações isolados77,78. Em cães anestesiados submetidos a altas concentrações de PaCO2 (496 ± 12 mm Hg), o uso de isoproterenol evitou a morte assim como a depressão cardíaca em relação ao grupo controle (CORKLIN et al., 1983). Os mecanismos responsáveis pela depressão miocárdica ainda não estão totalmente elucidados, acredita-se que a rápida difusão de CO2 para o interior do miócito e conseqüente acidose intracelular que se instala INGOLANI et al.,197079,80,81, seria a principal responsável por este efeito como demonstrado através de medidas realizadas por microeletrodos em músculo cardíaco de mamíferos82. A acidose intracelular ocasiona uma inibição em várias etapas nas vias do acoplamento exitação-contração, alterando a sensibilidade dos miofilamentos ao cálcio assim como seu transporte para a troponina49. A reversibilidade desta condição é descrita por diversos autores83,84. A recuperação da contratilidade pode ocorrer de diversas formas incluindo a correção espontânea do pH intracelular pelos diversos sistemas tampão38 e mudanças na dinâmica do cálcio, resultante de progressivo aumento do cálcio transitório no citosol85,86,87,49. Diferindo dos resultados encontrados de redução da contratilidade miocárdica em preparações de músculo cardíaco e corações isolados 2,67,88,89, experimentos em animais intactos sugerem que a acidose Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 ARTIGO DE REVISÃO respiratória não é depressora cardíaca90,73,91,92, exceto quando altos níveis (PaCO2 > 350 mm Hg) são alcançados73. Esta aparente discrepância resulta da ampla atividade simpática77,93, associada a um incremento na liberação63,94, e síntese de catecolaminas95,73, além da inibição dos reflexos autonômicos parassimpáticos96. Embora haja uma depressão real da função cardíaca, com aumento do consumo de oxigênio97, o débito cardíaco, o trabalho ventricular minuto e a curva de função de ventrículo esquerdo estarão elevados devido à coexistência de vários mecanismos: 1) estímulo de reflexos beta adrenérgicos cardíacos61,62; 2) redução das pós carga devido ao efeito vasodilatador da acidose respiratória98,91; 3) aumento da pré carga70; 4) aumento da freqüência cardíaca99. Esta resposta representa na verdade o balanço dos efeitos estimulantes do sistema nervoso simpático associado as catecolaminas liberadas, contra os efeitos diretos depressores do CO2 sobre o desempenho mecânico. Na circulação pulmonar a acidose respiratória induz a uma vasoconstricção100, causando hipertensão pulmonar com elevação das pressões e do volume diastólico final de ventrículo direito, podendo precipitar falência desta câmara em corações que já possuam comprometimento prévio da função sistólica101,102. Por sua vez, na circulação sistêmica, a acidose é um potente vasodilatador98,91,l03,71. ADMINISTRAÇÃO BICARBONATO DE SÓDIO A tolerância a acidose respiratória não hipóxica tem sido alvo de diversos estudos em animais e humanos, demonstrando que mesmo quando submetidos a grandes elevações de PaCO2 por períodos variáveis de 127 ARTIGO DE REVISÃO tempo raramente sobrevêm a morte e que a reversibilidade do quadro é completa. Em cães anestesiados submetidos a ventilação mecânica com fração inspirada de CO2 (FICO2) de 30 a 40% houve uma boa tolerância por um período de até quatro horas104, e as arritmias cardíacas graves (ex: fibrilação ventricular) apenas foram descritas em experimentos em que ocorreu abrupta retirada da ventilação mecânica105, pois nestes casos além da rápida queda do CO2 a provável hipoxemia que se instalou foi a principal determinante na gênese destas arritmias61. Grande tolerância também foi demonstrada em experimentos utilizando-se cães os quais foram expostos a FICO2 de 70% correspondendo a uma PaCO2 de 500 mm Hg e um pH de 6,2106, assim como em modelos de ventilação apneica 107, ou insuflação traqueal com baixos fluxos de oxigênio108. As arritmias cardíacas que se instalam no início da acidose respiratória não hipóxica geralmente são benignas e são suprimidas espontaneamente, provavelmente devido a uma menor sensibilidade do miocárdio às catecolaminas, em decorrência da grave acidose que se instala. Outras espécies animais também têm demonstrado grande capacidade em tolerar altas concentrações de PCO2 como o macaco Rhesus109 e ratos45. Em seres humanos exposições durante anestesias evidenciou uma grande tolerância à greve acidose respiratória (pH < 7,0 e PaCO2 > 160 mm Hg)110. Em casos de hipercapnia extrema acidental com PaCO2 de 248 a 300 mm Hg a recuperação ocorreu sem seqüelas após cerca de 24 horas111,112. Em virtude da grande capacidade do organismo em suportar graves estados de acidose respiratória, tem 128 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva sido alvo de discussão a necessidade de se intervir através do uso de soluções tampões nesta condição, durante o uso de suporte ventilatório associado a hipercapnia. A utilização de agentes alcalinizantes foi inicialmente proposta nos casos de broncoespasmo acentuado19, sendo apontado um potencial benefício na ação broncodilatadora dos agentes β 2 adrenérgicos113, e na prevenção de seus efeitos adversos durante a acidose114,115, porém esta abordagem não é universalmente aceita116,117. Com a utilização mais ampla da hipercapnia permissiva como estratégia na ventilação mecânica em pacientes críticos, a utilização de bicarbonato de sódio, o agente alcalinizante de uso mais difundido na prática médica, vem sendo advogada no intuito de evitar os efeitos deletérios da acidose. Na correção da acidose intramiocárdica decorrente da hipercarbia, a administração intracoronariana de bicarbonato de sódio demonstrou uma depressão transitória da função contrátil relacionada com o estado de acidose intracelular paradoxal em decorrência da rápida difusão de CO2 para dentro da célula118, seguida de uma rápida recuperação, chegando a um estágio supranormal da contratilidade, provavelmente devido a elevação do pHa despeito do aumento dos níveis de CO2 o que sugere ser a acidose e não a concentração de CO2 a responsável pela depressão miocárdica119. Na+ + HCO3- + H – Tampão H+ + HCO3- Estudo este concordante com a resposta bifásica demonstrada anteriormente por outros autores120,121. A correção do pH sangüíneo através do uso de bicarbonato de sódio durante períodos de hipercapnia aguda em ovelhas, induziu a atenuação da elevação do débito cardíaco, pressão intracraniana (PIC) e do fluxo sangüíneo para as artérias carótidas, mesentérica superiores e renais sem efeitos hemodinâmicos adversos122. Esta atenuação deve-se provavelmente ao antagonismo direto causado pela correção do pH extracelular e pela abolição do aumento da atividade do sistema nervoso simpático. Estes resultados confirmam estudos prévios onde a administração de bicarbonato de sódio atenuou a liberação de catecolaminas62, o aumento do fluxo cerebral foi reduzido123, e houve inibição da atividade dos quimiorreceptores periféricos e centrais124,125. A infusão de bicarbonato de sódio isotônico e trometamol (THAM) isotônico na correção da acidose hipercárbica em porcos também demonstrou melhora hemodinâmica acompanhada de melhora na sobrevida dos animais, quando submetidos a regime de hipercapnia hipóxica126. Apesar destas vantagens encontradas o uso de bicarbonato de sódio permanece controverso na hipercapnia permissiva, pois seu efeito é transitório127, e sua administração causa um aumento imediato na produção do CO 2 não metabólico118,128,129,130,131,132,133,134,135,136,137,138: Na+ + Tampão- + H2CO3 H2O + CO2 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva Além desta alteração a infusão endovenosa de soluções hipertônicas, como o bicarbonato de sódio, pode estar associada a tromboses139, hiperviscosidade sangüínea 140, e aumento na incidência de hemorragias intracranianas141. A incapacidade do bicarbonato de sódio em elevar o pH sangüíneo na acidose respiratória deve-se a várias razões: 1) pode-se deduzir pela equação de HendersonHasselbach que a sensibilidade do pH à concentração de bicarbonato, varia inversamente em relação ao PCO2; 2) a dependência dos valores prévios de bicarbonato e do grau de expansão do volume de líquido total no organismo, uma vez que até 40% do bicarbonato administrado pode ser perdido, a curto prazo, através da diurese127; 3) devido a reduzida ventilação alveolar durante o regime de hipercapnia permissiva levando a uma incapacidade de remoção efetiva do CO2 não orgânico gerado132,142; 4) a hipertonicidade da solução infundida, envolvendo a diluição do bicarbonato extracelular132; 5) soluções de bicarbonato de sódio causam um fluxo osmótico com perda de água do eritrócito para o plasma elevando a concentração de hemoglobina e potássio intraeritrocitários, causando em incremento nas forças iônicas. Um dos resultados destas alterações é a de que hemoglobina, maior tampão eritrocitário e também um ácido fraco, se dissocia mais rapidamente, como referido na teoria de Debye-Hück, ácidos fracos aumentam sua constante de dissociação menor que seus pKa em proporção da raiz quadrada de suas forças iônicas143. Semelhante a relação demonstrada para o ácido carbônico144, a hemoglobina é responsável também pela liberação de prótons em resposta a elevação das forças iônicas, conforme apresentado nas fórmulas: H-Tampão Forças iônicas H+ + Tampão- H+ + HCO3- H2CO3 H2O + CO2↑ Em pacientes portadores de cardiopatias a infusão de bicarbonato de sódio isotônico acarreta piora na oxigenação arterial além de reduzir o consumo e extração de oxigênio miocárdico e sistêmico. A redução na utilização do oxigênio associa-se a uma elevação dos níveis de lactato provindo de um incremento do metabolismo anaeróbico podendo acarretar isquemia miocárdica transitória129. A incapacidade de uma solução de bicarbonato de Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 ARTIGO DE REVISÃO sódio de corrigir fisiologicamente a acidose respiratória é evocada por diversos autores131,132, sendo apresentada como opção o uso de outras soluções alcalinizantes como o carbicarb, uma mistura de carbonato de sódio e bicarbonato em concentrações iguais de 0,33 M. Devido ao superior pKa desta solução (9,6) em relação ao sistema CO2/ácido carbônico/bicarbonato (6,1) os prótons são preferencialmente tamponados pelo ânion carbonato, não produzindo CO2 e bicarbonato133,137. Sua efetividade superior é relatada em diversos modelos experimentais137,145; assim como ausência de depressão miocárdica, ocasionada pela acidose paradoxal que é descrita durante a administração de bicarbonato de sódio118,134,135,136,146. Outra substância capaz de corrigir a acidose respiratória é o Tris (hidroximetil) aminometano (THAM), trata-se de um agente alcalinizante orgânico147, biologicamente inerte, considerado uma base fraca que distribuise primariamente no espaço extracelular. Seu mecanismo de tamponamento é demonstrado nas reações: O produto desta reação, THAM ionizado, é eliminado sem modificações pelos rins, resultando em concomitante perda de íons hidrogênio148. O THAM foi inicialmente utilizado “in vivo” por149 e sua capacidade em elevar o pH e reduzir a PaCO2 citada em diversos estudos150,151, porém este decréscimo da PaCO2 pode levar a depressão do centro respiratório causando hipoventilação152,153, outros efeitos deletérios evidenciados foram a hiperosmolaridade151, hipercalemia154, hipoglicemia155, e desvio da curva de dissociação da oxihemoglobina para a esquerda156. Intervenções não famacológicas também são apontadas como opções para redução da hipercapnia e correção da acidose respiratória. A insuflação traqueal de gás (TGI) tem sido utilizada como técnica ventilatória adjunta que melhora a eficiência da eliminação de CO2157,158,159,160161. Esta técnica consiste na introdução de gás próximo à carina diluindo o CO2 existente no final da expiração, reduzindo o espaço morto anatômico proximal a ponta do cateter. Como conseqüência uma menor quantidade 129 ARTIGO DE REVISÃO de CO2 é enviado para os alvéolos durante a fase inspiratória subseqüente27,28,29,30,32,31,162,163. Outra técnica também advogada para este fim é a utilização de dispositivos extracorpóreos para a remoção de CO2 como os oxigenadores de membrana (ECMO)164, e a remoção extracorpórea de CO2 (ECCO2R)24, seus resultados ainda são discordantes, sendo relatada diferenças não significativas entre o seu uso e as formas de ventilação convencionais164,165, assim como um importante decréscimo da mortalidade com o uso destes24. Sua utilização ainda carece de maiores esclarecimentos, devido as dificuldades e custos envolvidos em sua aplicação. INJÚRIA PULMONAR AGUDA PELO ÁCIDO OLÉICO Dentre as principais causas de insuficiência respiratória aguda encontra-se a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) que foi descrita inicialmente como entidade clínica por 166 , como uma síndrome de falência respiratória aguda, associada a quadros septicêmicos, traumas e intoxicações por determinadas drogas. Caracteriza-se por hipoxemia grave refratária a oxigenioterapia, edema pulmonar não cardiogênico, redução da complacência pulmonar e infiltrado pulmonar difuso ao raio X. A SDRA é na realidade, uma manifestação clínica de um processo fisiopatológico de auto-agressão, causada por uma amplificação incontrolável de uma resposta inflamatória inicial que tem como base fisiopatológica o aumento da permeabilidade alvéolo-capilar com subseqüente invasão de líquido no interstício e alvéolo. Vários modelos experimentais são descritos para causar injúria aguda pulmonar semelhantes as alterações encontradas na SDRA, incluindo aspiração de ácido clorídrico167, admi- 130 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva nistração de endotoxinas168, microembolização com vidro169, e injeções endovenosas de ácido oléico (ácido cis-9 octadecenóico)170,171,172,173,174. A patogênese da lesão pulmonar aguda causada por ácidos graxos livres inicialmente descrita por166,175,176, onde os autores descrevem um aumento da permeabilidade capilar, edema e por vezes morte celular. Estes estudos pioneiros utilizaram o ácido oléico devido a presença de grande quantidade deste nos ácidos graxos dos triglicérides humanos. Os elementos tóxicos do ácido oléico podem ser neutralizados pela albumina177 e sua ação tóxica sobre a membrana capilar apenas se manifesta uma vez excedida a capacidade de transporte da mesma; como a concentração plasmática da albumina é variável a quantidade a ser administrada para que se cause a injúria pulmonar também é altamente inconstante. A indução à injúria pulmonar aguda pelo ácido oléico é causada primariamente pelo efeito tóxico direto sobre a parede endotelial. O mecanismo envolvido é a inibição pelo ácido oléico da bomba de cálcio e da (Na + K) – ATPase178,179, causando disfunção da membrana celular, estudos realizados com microscopia eletrônica revelaram sinais de degeneração do endotélio tais como edema e aspecto vacuolar180. Mediadores como a fosfolipase A ou metabólitos da cicloxigenase, aumento de leucócitos180,181 e aumento da agregação plaquetária182, podem contribuir para a patogênese desta injúria183,184. Estudos em cães185,186, e em ra187 tos , demonstraram melhora na sobrevida com o uso de corticosteróides após a lesão pulmonar com o ácido oléico. Em ovelhas foi demonstrado que a fisiopatologia da lesão pulmonar não é afetada pela profunda depleção de leucócitos ou plaquetas e que não é influenciada por intervenções farmacológicas como a administração de ibuprofem e metilprednisolona174, distintamente do que ocorre nas injúrias causadas por endotoxinas188, e microembolismos 189, cujas alterações são mediadas por leucócitos. Hemodinamicamente, as injeções de ácido oléico causam hipertensão arterial pulmonar, atribuída a hipoxemia que se instala durante a evolução da injúria ou causada pela liberação de produtos do metabolismo do ácido aracdônico174. Disfunção ventricular esquerda é freqüentemente relatada em associação a injúria pulmonar pelo ácido oléico190. PREWIT &WOOD, (1981b)172, e também em corações isolados de ratos e coelhos perfundidos com soluções contendo ácido oléico sem albumina191,192. Esta diminuição da contratilidade pode ser atribuída a várias causas como: a elevação da resistência vascular sistêmica172, acidose que se instala concomitante a injúria193, a um efeito intrínseco do ácido oléico sobre o miocárdio ou resultante de mediadores liberados pela própria lesão pulmonar 190, ação do fator ativador de plaquetas194, e do leucotrieno D produzido pelas células intersticiais pulmonares195. A ausência de mudanças histopatológicas consistentes no miocárdio, apesar da significativa redução da contratilidade, indica que distintamente da lesão pulmonar 196, a disfunção cardíaca não é mediada por lesão ou obstrução vascular190,191. CONCLUSÃO A finalidade das trocas gasosas é o adequado fornecimento de Oxigênio para os tecidos. Portanto, existe uma relação estreita entre a captação de 02 pelos pulmões e o estado hemodinâmico do paciente. Para o transporte desse 02 até as células, é necessário um adequado débito car- Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva díaco, além de uma taxa normal de hemoglobina. Fica claro que, não adianta lançarmos mão de técnicas ventilatórias que possam até melhorar a PaO2 mas que, por outro lado, comprometam a função cardíaca, neurológica ou muscular do paciente. O uso da hipercapia permissiva é benéfico se soubermos indicar, observarmos a evolução do paciente, adequando volume corrente e procurando manter sempre equilíbrio ácido-básico e normocapia. 9. 10. 11. 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. ALBELDA, S.M.; GEFTER, W.B.; KELLEY, M.A.; EPSTEIN, D.M.; MILLER, W.T. - Ventilator-induced subpleural air cysts: clinical radiographic, and pathologic significance. Am. Rev. Resp. Dis., 127: 360-365, l983. 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BINDER, A.S.; KAGELER, W.; PEREL, A.; FLICK, M.R.; STAUB, N.C. – Effect of platelet depletion on lung vascular permeability after microemboli in sheep. J. Appl. Physiol., 48: 414-420, 1980. 190. SCHUSTER, D.P.; PEREZ, J.E.; TRULOCK, E.P.; WILLIAMSON, J.R.; BIELLO, D.R.; KENZORA, J.L.; AMUNDSEN, T.; LANGE, L.G. – Cardiac dysfunction during acute lung injury induced by oleic acid in dogs. Am. Rev. Respir. Dis., 133: 519-525, 1986. 191. SEVEREID, L.; CONNOR, W.E.; LONG, J.P. – The depressant effect of fatty acids on the isolated rabbit heart. Proc. Soc. Exp. Biol. Med., 131: 1239-1243, 1969. 192. WILLEBRAND, A.F.; TASSERON, S.J.A.; TER WELLE, H.F.; VAN DAM, R.T. – Effects of oleic acid and oxygen restriction followed by re-oxygenation on rhythm and contractile activity of the isolated rat heart; protective action of glucose. J. Mol. Cell Cardiol., 8: 375-389, 1976. 193. SCHARF, S.M. & INGRAM, R.H.Jr. – Effects of decreasing lung compliance with oleic acid on the cardiovascular response to PEEP. Am. J. Phisiol., 233: H635-H641, 1977. 194. KENZORA, J.L.; PEREZ, J.E.; BERGMANN, S.R.; LANGE, L.G. – Effects of acetyl glyceryl ether of phosphoryl choline (platelet activating factor) on ventricular preload, afterload, and contractility in dogs. J. Clin. Invest., 74: 11931203, 1984. 195. MICHELASSI, F.; LANDA, L.; HILL, R.D. – Leucotriene-D: a potent coronary artery vasoconstrictor associated with impaired ventricular contraction. Science, 217: 841-843, 1982. 196. KING, E.G.; WAGNER, W.W.; ASHBAUGH, D.G.; LATHAM, L.P.; HALSEY, D.R. – Alterations in pulmonary microanotomy after fat embolism. Chest, 59: 524-530, 1971 a. 135 PREMIO RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva BYK investe em pr ojeto de projeto estímulo ao estudo científico na ár ea de Medicina Intensiva área Byk Química e Farmacêutica, tradicional empresa de saúde atuando no Brasil há mais de 48 anos, através do seu produto PANTOZOL® Endovenoso, idealiza mais uma edição do Prêmio Fundação BYK Qualidade em Saúde. Este prêmio, oferecido pela Fundação BYK, premiará em 2002, o melhor trabalho desenvolvido no Brasil na área de Medicina Intensiva. Serão distribuídos no total US$ 18 mil dólares ao trabalho vencedor, sendo US$ 10 mil dólares ao(s) médico(s) que desenvolveram o trabalho, e mais US$ 8 mil dólares para a universidade de Medicina, hospital ou entidade que abrigou o trabalho. O trabalho vencedor será conhecido no X Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva que será realizado no Rio de Janeiro em abril de 2002. Atendendo a solicitação da diretoria da AMIB, a data para envio dos trabalhos foi prorrogada, ficando definido como a data limite para postagem dos trabalhos com endereçamento para a BYK Química, o dia 31/01/2002. Veja abaixo o regulamento correto do concurso e BOA SORTE! A Regulamento Premiação: O Prêmio Fundação BYK Qualidade em Saúde na Medicina Intensiva se destinará ao(s) autor(es) do melhor trabalho - *US$ 10.000,00 (dez mil dólares) – e à instituição que abrigou o seu desenvolvimento - *US$ 8.000,00 (oito mil dólares). A escolha do vencedor e a cerimônia de premiação ocorrerão durante o X Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva, entre os dias 26 e 30 de abril de 2002, na cidade do Rio de Janeiro. Inscrição: Os candidatos ao Prêmio Fundação BYK Qualidade em Saúde na Medicina Intensiva devem ser médicos formados, membros de uma instituição brasileira de caráter científico, particular ou governamental. A pesquisa deverá necessariamente ser conduzida, em sua totalidade, no Brasil. • Poderão ser inscritos trabalhos sobre qualquer tema, de área básica ou assistencial, aplicado à Medicina Intensiva, desde que tenham sido finalizados nos últimos 2 (dois) anos, ainda que publicados em revista nacional ou estrangeira. A pertinência do tema à área de Medicina Intensiva será avaliada como critério de inscrição por uma comissão instituída pelo presidente da AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira). • A ficha de inscrição deverá ser solicitada à Fundação Byk ou a um representante da Byk Química e Farmacêutica Ltda. Esta ficha deverá estar acompanhada de 4 (quatro) cópias 136 digitadas do trabalho científico, em língua portuguesa, sem qualquer identificação do(S) autor(es). Além destas 4 (quatro), deverão ser anexados mais uma cópia do trabalho (esta com identificação do autor) e o curriculum vitae resumido do(s) autor(es) com informações sobre a atual ocupação, cargo e nome do superior imediato, assim como a instituição onde foi realizado o trabalho. • O envelope, lacrado e subscrito, contendo as 5 (cinco) cópias do trabalho, o curriculum vitae e a ficha de inscrição preenchida, deverá ser encaminhado à Fundação Byk – Rua Estilo Barroco, 721 – CEP 04709 – 011 – Santo Amaro – São Paulo – SP. • As inscrições serão aceitas quando postadas até o dia 31/01/2002. A Fundação Byk confirmará o recebimento dos trabalhos mediante o envio de recibo. Seleção: O presidente da AMIB – Dr. Cid Marcos N. David irá instituir e presidir as duas Comissões Julgadoras, cada uma composta por, pelo menos, 03 (três) membros, que não poderão ter qualquer relação direta ou indireta com os trabalhos inscritos. A primeira Comissão Julgadora selecionará os 4 (quatro) melhores trabalhos entre os inscritos. Estes serão reavaliados pela segunda Comissão, por apresentação, defesa e argumentação oral de 20 (vinte) minutos, no decorrer do X Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva, em uma sessão exclusiva, a qual fará parte do programa oficial do evento. Serão considerados como critérios de seleção dos 4 (quatro) melhores trabalhos para a fase final e do vencedor: • a relevância do tema • sua contribuição ao conhecimento da Medicina Intensiva • a metodologia empregada • a apresentação e redação do texto • a revisão da literatura • a discussão com base nos conhecimentos existentes sobre o assunto e, entre os finalistas, • a apresentação e argumentação oral. Não caberão recursos de nenhuma natureza das decisões do júri. Haverá apenas um vencedor. A participação no Prêmio Fundação Byk Qualidade em Saúde na Medicina Intensiva pressupõe a total aceitação das normas deste regulamento. Os trabalhos inscritos poderão ser publicados na revista Brasileira de Medicina Intensiva. Propriedade Intelectual: O(s) autor(es) tem propriedade intelectual dos trabalhos inscritos. * Os valores em dólares americanos são referência e serão convertidos em reais ao câmbio oficial do dia da avaliação final. Para obter mais informações sobre o regulamento: Fundação BYK, tel.: (11) 5188-4426, com a Sra. Luciana. Por e-mail: [email protected] Site: www.byk.com.br Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ÍNDICE GERAL ÍNDICE DO VOLUME 13 I - Índice das Matérias -AA Comunicação não Verbal com o Paciente no Cotidiano da Enfermagem Intensivista .............................................. 13(3): 114 A Direção de um Trabalho Multidisciplinar .............................. 13(3): 119 A Duração da Insuflação ë Importante para o Recrutamento Alveolar na Lesão Pulmonar Aguda? .................................. 13(3): 96 A eficácia da associação de betabloqueador e inibidor de angiotensina no tratamento do coronariopata e suas implicações para a assistência de enfermagem .................. 13(3): 93 A Hipotensão Arterial Sistêmica Como Preditor da Disfunção do Ventrículo Direito em Pacientes com Embolia Pulmonar ............................................................. 13(3): 107 A informática aplicada a Medicina Intensiva ............................ 13(3): 115 A Pressão Capilar Pulmonar e suas Implicações nos Parâmetros Oxi-Hemodinâmicos ........................................ 13(3): 97 A Utilidade do Eletrocar-diograma Como Indicador da Disfunção do Ventrículo Direito em Pacientes com Embolia Pulmonar ............................................................. 13(3): 127 Abordagem Psicológica em UTI - Um caminho para Humanização ..................................................................... 13(3): 123 Acidose Metabólica na Insuficiência Renal Crônica .............. 13(2): 63-70 Avaliação da Alteração da Pressão Intracraniana e do Consumo de Oxigênio via Cateter de Bulbo de Jugular durante a Cinesioterapia Passiva .......................... 13(3): 117 Avaliação da evolução de pacientes internados em uma UTI pelo Sistema QuaTI .................................................... 13(3): 108 Avaliação do Uso de Produtos Hemoterápicos em Terapia Intensiva ................................................................. 13(3): 94 Avaliação dos Fatores de Estresse do Paciente e das Principais Necessidades da Família em Unidade de Terapia Intensiva ............................................................... 13(3): 120 Avaliação metodológica da determinação da pressão inspiratória máxima, em pacientes com via aérea artificial .................................................................... 13(3): 100 -BBanco de Dados Personalizado de uma UTI de Pós-Operatório .................................................................. 13(3): 126 Broncoscopia em pacientes submetidos à ventilação mecânica em unidade de terapia intensiva de um hospital universitário de grande porte ............................... 13(3): 113 -C- Acompanhando uma paciente terminal: discussão de um caso clínico ................................................................. 13(3): 123 Características físicas e funcionais de um ventilador pulmonar mecânico manual ....................................... 13(4): 108-113 Algumas Contribuições da Antropologia Médica: Um Estudo Sobre a Prática dos Profissionais de Centro de Tratamento Intensivo .................................................... 13(3): 110 Caracterização da Clientela na Unidade Intensiva de um Hospital Universitário ........................................................ 13(3): 124 Alterações hemodinâmicas durante a anastomose láterolateral da veia cava inferior no transplante hepático. .......... 13(3): 98 Cardioversão Elétrica na Fibrilação Atrial: Análise Comparativa do Nível de reversibilidade sob administração de diferentes cargas .................................. 13(3): 121 Análise Comparativa entre Bloqueio Peridural Torácico Contínuo com Analgesia Controlada pelo Paciente (BPTCACP) x Bloqueio Peridural Torácico Intermitente (BPTI), no Contexto da Cirurgia Cardíaca ......................... 13(3): 103 Cinética do TNF-a em Pacientes com Choque Séptico - Uso de Imunoglobulina Policlonal Humana x Placebo ............. 13(3): 101 Análise Comparativa entre Cloridrato de Dexmedetomidina x Hidrocloreto de Remifentanil, no Contexto de Analgesia e Sedação, em Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca ........ 13(3): 105 Comparação de Três Métodos para Diagnóstico de Distúrbios Ácido-Básicos em Pacientes com Choque Séptico ................................................................... 13(3): 93 Análise de um Sistema de Monitoração para CTI pela Engenharia Clínica ............................................................. 13(3): 118 Complicações de infecções relacionadas a utilização de Cateteres Venosos Centrais – Relato de um caso ............. 13(3): 125 Anastomose porto-cava de urgência no manejo da hemorragia digestiva em cirrótico: o renascimento de um antigo conceito. ...................................................... 13(3): 121 Complicações laringotraqueais pós-extubação em crianças .................................................................... 13(1): 29-34 Aplicação de Ventilação Não-Invasiva com Pressão Positiva em Pós-Operatório de Gastroplastia Redutora ................. 13(3): 124 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 Comparação de Escores Prognósticos em 929 pacientes admitidos em Terapia Intensiva ........................................... 13(3): 94 Contusão cardíaca ................................................................. 13(1): 43-46 Crise convulsiva de Difícil Controle – Relato de Caso .............. 13(3): 122 137 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ÍNDICE GERAL -D- Infecções Respiratórias Nosocomiais: Um Desafio na Assistência de Enfermagem .............................................. 13(3): 110 Desempenho de Dois Modelos Prognósticos para Pacientes com Câncer que Necessitam de Ventilação Mecânica ........ 13(3): 95 Insuficiência Hepática Aguda Provocada pelo Vírus da Hepatite B Complicado por uma Pancreatite Aguda: Outra Manifestação Extra-hepática do Vírus da Hepatite B ............................... 13(3): 121 Desempenho de Modelos Prognósticos Gerais em Pacientes Criticamente Enfermos com Neoplasia ............................... 13(3): 95 Intervenção Coronária Primária no Choque Cardiogênico ....... 13(3): 108 -E- -M- Early Administration of Inhaled Nitric Oxide to Pediatric Acute Respiratory Distress Syndrome Patients and Its Effects on Oxygenation and Ventilator Settings: Prospective Preliminary Report of Ten Patients. Inhaled Nitric Oxide in Pediatric ARDS ............................................. 13(4): 114-122 Mecânica e histologia pulmonares após o uso de amiodarona . 13(3): 95 Em Busca de um Instrumento Técnico-assistencial para Fundamentar a Estimativa de Receita de uma Unidade de Tratamento Intensivo ............................... 13(4): 104-107 Estudo Exploratório sobre a Importância da Lavagem das Mãos durante a Conduta Fisioterápica em Unidade de Terapia Intensiva ............................................ 13(3): 110 Estudo observacional de adesão à lavagem das mãos em uma unidade de terapia intensiva médico-cirúrgica ............ 13(3): 99 -F- Mecânica e histologia pulmonares em presença de diferentes bloqueadores neuromusculares ........................................ 13(3): 114 Metabolismo na Pancreatite Aguda Grave Aferido por Calorimetria Indireta .......................................................... 13(3): 128 Modelo Prognóstico para Pacientes Críticos ........................... 13(3): 113 Mortalidade, Tempo de Internação e Custo Hospitalar dos Pacientes que desenvolveram Fibrilação Atrial Aguda (FAA), no Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca ................. 13(3): 104 -NNíveis Glicêmicos à Internação em Unidade Coronariana ........ 13(3): 123 -O- Facilitando o Processo de Morte do Paciente em Terapia Intensiva: Uma Abordagem Psicológica junto à Família ... 13(3): 119 O Brincar como Recurso Terapêutico em uma ........................ 13(3): 116 Fatores Correlacionados à Incidência de Fibrilação Atrial Aguda (FAA) no Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca ....... 13(3): 126 O comportamento do médico intensivista brasileiro diante da decisão de recusar ou suspender um tratamento ..... 13(1): 21-28 Fatores de Exclusão do Uso de Fibrinolíticos no Acidente Vascular Encefálico Agudo. ............................................... 13(3): 127 O Cotidiano da Emergência Definindo a Atuação do Enfermeiro ......................................................................... 13(3): 113 Fibrilação Atrial Aguda em octagenários internados na UTI .... 13(3): 111 O Desafio do Cuidar no Cotidiano do Enfermeiro de CTI Cardíaco ............................................................................ 13(3): 102 -GGrupo de Apoio à Família: Uma intervenção Hospitalar ........... 13(3): 120 O Paciente com Dor Torácica na Sala de Emergência: Estratégia Educacional sobre sinais e sintomas precoces no Infarto Agudo do Miocárdio .......................... 13(3): 122 -H- O Psicólogo como Facilitador do Desenvolvimento do Apego em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal ............ 13(3): 111 Hipercapnia Permissiva ..................................................... 13(4): 123-135 O Uso da Ventilação Não Invasiva na Prevenção da Intubação Oro Traqueal de Pacientes Portadores de Guillian-Barré .. 13(3): 117 -IImpacto Psicológico da Internação na Unidade de Terapia Intensiva ............................................................ 13(4): 92-98 Importância do isolamento de Cazndida sp. do LBA em meio de cultura específico versus não específico para fungos, e seu impacto prognóstico em pacientes críticos ................................................................ 13(3): 99 O Uso de Inibidor da Glicoproteína IIb/IIIa em Pacientes Submetidos a Angioplastia Primária ................................. 13(3): 107 O Uso do Corticosteróide na Fase Precoce da Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo Interfere no Remodelamento Pulmonar? ................................................ 13(3): 96 Obstrução das Vias Aéreas Pós-Extubação Endotraqueal: Estratificação do Risco ...................................................... 13(3): 105 Importância do Teste de Permeabilidade para prever Cornagem Pós-extubação ................................................. 13(3): 111 Os Marcadores de Necrose Miocárdica como Preditor de Mortalidade em Pacientes com Embolia Pulmonar ........... 13(3): 107 Imunoglobulina Policlonal Humana em Choque Séptico Altera o SOFA em 24 Horas ............................................... 13(3): 101 -P- Incidência de colonização de cateteres arteriais inseridos pelas vias femoral e radial-estudo comparativo ................ 13(3): 128 Parada Cardíaca em Transporte em UTI Móvel. Importância da Desfibrilação ................................................................... 13(3): 97 Índice de Barthel – Uma Possibilidade para Avaliação da Melhora Funcional do Paciente Internado em UTI ............ 13(3): 126 Perfil Clínico e Epidemiológico dos Pacientes com Acidente Vascular Encefálico ........................................................... 13(3): 127 138 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ÍNDICE GERAL Perfil Demográfico e Marcadores Prognósticos de Cirurgia Cardíaca em Hospital Terciário Público ............................. 13(3): 106 Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo em Crianças: Incidência, Mortalidade e Trocas Gasosas ..................... 13(2): 58-62 Pesquisa de “Outcomes” – Buscando as Expectativas do Paciente Atendido no Departamento de Emergência ........ 13(3): 100 Síndrome HELLP com rotura hepática: relato de caso ............ 13(3): 115 Pneumonia Associada a Via Aérea Artificial ............................... 13(3): 93 Pneumonia Eosinofílica Aguda ................................................. 13(3): 116 Pneumonia Nosocomial (PN) em Pacientes Submetidos à Cirurgia Cardíaca: Características e Marcadores Diagnósticos e de Risco .................................................... 13(3): 103 Pós-Operatório (PO) de Cirurgia Cardíaca (CC): Predição do Tempo sob Ventilação Mecânica (TVM) ............................ 13(3): 125 Predição de Custos Hospitalares em Cirurgia Cardíaca (CC): Avaliação do Valor de Fatores Pré, Per e Pós-Operatórios Imediatos .......................................................................... 13(3): 103 Prevalência, Limiar Transfusional e Prognóstico de Pacientes que Receberam Transfusão de Concentrado de Hemácias em Terapia Intensiva ......................................... 13(3): 112 Prevenção de apoptose e ativação de células endoteliais em cultura através da transferência do gene A1, da família Bcl-2 ...................................................................... 13(3): 100 -TTempo de Permanência e Custos Hospitalares em Pacientes Submetidos à Extubação Oro-Traqueal, em Ambiente de Centro Cirúrgico, no Contexto da Cirurgia Cardíaca (CC) . 13(3): 102 Terapêutica Vasopressora na Ressuscitação Cardiorrespiratória ......................................................... 13(1): 35-42 TNF-a e Sua Relação com o Metabolismo Glicídico no Choque Séptico ................................................................. 13(3): 101 Transporte de Pacientes Portadores de Insuficiência Coronariana Aguda em UTI Móvel .................................... 13(3): 116 Traqueostomia Percutânea Dilatável (TPD) como Primeira Opção após Intubações Oro-Traqueais Prolongadas: Experiência Inicial .............................................................. 13(3): 105 Tromboembolismo Pulmonar em Idosos em Terapia Intensiva ....... 13(3): 98 Tromboembolismo Pulmonar Maciço. Diagnóstico precoce e uso de Trombolíticos ...................................................... 13(3): 128 Problemas com o Fornecimento da Dieta Enteral numa Unidade de Pós-operatório – a propósito de um caso ...... 13(3): 120 Trombose Venosa Profunda na Faixa Etária Pediátrica ......... 13(1): 15-20 Prognostic Value of Blood Lactate and Apache II in Septic Patients .......................................................................... 13(2): 81-85 -U- Prognóstico de Pacientes com Pneumonia à Admissão na Terapia Intensiva ........................................................... 13(3): 112 Um Conflito Onde Doar Não Significa Ganhar ...................... 13(2): 71-76 Prognóstico de Pacientes Oncológicos em uma Unidade de Tratamento Intensivo ............................................... 13(4): 99-102 Projeto de Atendimento Integrado a Pacientes e Famílias (P.AI.P.F.) ............................................................. 13(3): 122 -RReabilitação Pulmonar na Unidade de Terapia Intensiva em Pacientes Oportadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Cronica Agudizada ........................................... 13(3): 124 Registro EMEP: Perfil Clínico e Epidemiológico dos Pacientes com Embolia Pulmonar ..................................... 13(3): 106 Troponina I Cardíaca em Pediatria: atualização ..................... 13(2): 77-80 Uma nova substância na terapêutica da Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo ....................................... 13(3): 114 Uma Possibilidade no Atendimento Fisioterapêutico do Paciente Internado em UTI – As Bolas Suíças como mais um Recurso .............................................................. 13(3): 127 Unidade de Terapia Intensiva Cirúrgica (UTIC) de Pacientes Submetidos à Cirurgia Cardíaca (CC): Marcadores do Tempo de Permanência (TP) ............................................. 13(3): 102 Unidades de Terapia Intensiva do Município de São Paulo: diferenças entre pacientes dos núcleos regionais de saúde e dos hospitais governamentais e não governamentais .......................... 13(1): 06-14 Uso de Hemoderivados em Pacientes Submetidos a Cirurgia Cardíaca ............................................................... 13(3): 108 Registro EMEP: Perfil da Abordagem Diagnóstica e Terapêutica dos Pacientes com Embolia Pulmonar .......... 13(3): 106 Uso do Balão Intra-Aórtico (BIA): Marcadores de Mortalidade ...... 13(3): 104 Relato de Caso: Craniectomia descompressiva ....................... 13(3): 117 UTI Móvel. O Papel do Técnico de Enfermagem no Transporte de Pacientes Graves ............................................................ 13(3): 97 Relato de caso: Mucormicose na cetoacidose diabética .......... 13(3): 119 Relato de um caso de apnéia obstrutiva do sono na criança ... 13(3): 115 Relato de um caso de meningoencefalite por Herpes Vírus .... 13(3): 121 Representações Maternas do Ambiente de Cuidados Intensivos Neonatais ......................................................... 13(3): 111 Revascularização Miocárdica Cirúrgica (RM): Cinética do Fator Inibidor de Migração de Macrófagos (MIF): Proteína C-Reativa titulada (PCR-t) e C3a Séricos ............ 13(3): 104 -SSíndrome do Desconforto Respiratório Agudo de Etiologia Pulmonar e Extra-pulmonar: Efeitos do Corticosteróide ..... 13(3): 96 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 Utilização do “Strong Ion Difference” como Fator de Prognóstico em Pacientes Críticos ..................................... 13(3): 99 -VValidação de Modelo Preditivo para Pacientes com Câncer Admitidos em Terapia Intensiva .......................................... 13(3): 94 Valor Preditivo dos Gases Arteriais e Índices de Oxigenação no Desmame da Ventilação Mecânica ............................ 13(2): 50-57 Ventilação Mecânica e Entubação Traqueal Em UTI Móvel. Experiência de Um Serviço Privado de Medicina Pré-Hospitalar. ............... 13(3): 98 Ventilação prona em Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo após Embolia Pulmonar Gordurosa – Relato de um caso ............................................................................. 13(3): 125 139 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ÍNDICE GERAL II - Índice dos Autor es Autores -A- -C- Desanka Dragosavac .................. 13(1): 35-42, A. Volschan ............................ 13(3): 100, 121 C. Clare ........................................... 13(3): 100 Deyse C. Santoro ..................... 13(3): 93, 110 A.S. Martins ................................... 13(3): 128 C. Ferran ......................................... 13(3): 100 Doris B. Ribeiro .............................. 13(3): 122 Ademar Poltronieri Filho ................ 13(3): 108 C. Gonçalez .................................... 13(3): 122 Douglas Ferrari ............................... 13(3): 115 Adriana Becker ............................ 13(1): 29-34 Candida M. Souza .......................... 13(3): 122 Adriana M. H. R. Pinto ................... 13(3): 115 Carina D. Ruiz .................................. 13(3): 99 -E- Adriano Dantas ............................ 13(1): 21-28 Carla A. Silveira .............................. 13(3): 108 E. Maccariello ................................. 13(3): 100 Adriano M. Nogueira Jr .......... 13(3): 108, 128 Carlos A. Alves ............................... 13(3): 126 E. Rocha ......................................... 13(3): 100 Adriano R. Campagnoli .................. 13(3): 125 Carlos A. de Lima ....................... 13(3): 97, 98 E. Tinoco ........................................ 13(3): 100 Alba B Souza .................................... 13(3): 96 Carlos E. Frederico ........................... 13(3): 97 E.T. Mesquita .......................... 13(3): 121, 122 Alessandra S.Rodriguez ................. 13(3): 123 Carlos Henrique Falcão .......... 13(3): 107, 108 Edmea Endson ................................. 13(3): 98 Alex Bousquet ................................ 13(3): 108 Carlos R. Padovani .................. 13(4): 114-122 Edna E. C. Freitas ............................. 13(3): 93 Alexandra G. S. Vasconcellos ......... 13(3): 116 Carmen Penido ................................. 13(3): 99 Eduardo Rocha ............... 13(3): 106, 107, 128 Alexandra Vasconcelos .................. 13(3): 119 Carmen Reis ................................... 13(3): 105 EEM Rocha ....................................... 13(3): 97 Alexandre Aguiar .............................. 13(3): 98 CCR Cimini ....................................... 13(3): 97 Elaine Araújo .................................... 13(3): 99 Alexandre Cerqueira ................. 13(3): 98, 121 César Amorim ............ 13(3): 94, 95, 112, 113 Elaine Cristina Dias ..................... 13(2): 50-57 Alexandre G. Carvalho ........... 13(3): 103, 104, Charles André ................................. 13(3): 117 Elaine G.P.Araújo ............................ 13(3): 122 105, 106 Charles de O.Batista ....................... 13(3): 110 Eliezer Barreiro ............................... 13(3): 114 Allan Castro .................................... 13(3): 115 Christiane SC Cunha ........................ 13(3): 96 Elizabeth Balbi .......................... 13(3): 98, 121 Allex J. Fonseca ............................... 13(3): 99 Cid M. David ................... 13(3): 101, 108, 123 Elizabeth Bilevicius ...................... 13(2): 81-85 Álvaro C. P. S. Pontes .................... 13(3): 106 Cíntia Fernandes ..................... 13(3): 126, 127 Elnara Negri ...................................... 13(3): 96 Amir Szklo ...................................... 13(3): 113 Clarissa N. Leal ...................... 13(3): 119, 120 Emanuel Salgueiro ................. 13(3): 106, 107 Ana C. G. Câmara ........................... 13(3): 106 Claudemir Q.de Jesus ...................... 13(3): 97 Emanuela Moraes ............................ 13(3): 99 Ana Carolina P. Magalhães ............. 13(3): 120 Cleópatra Gringauz ..................... 13(3): 97, 98 Emídio Jorge Santos Lima .......... 13(1): 43-46 Ana P Lacerda ........................ 13(3): 106, 107 Cleovaldo T. S. Pinheiro ............ 13(4): 99-102 Emmanuel Salgueiro ........................ 13(3): 93 Ananias, M ....................................... 13(3): 97 Clério F. Azevedo Fº ........................ 13(3): 105 Eric Perecmanis ............................. 13(3): 122 Anderson C. Silva ............................. 13(3): 97 Cristiane F. Marques ....................... 13(3): 124 Ernesto Catharino .................. 13(3): 107, 127 Anderson José ............................ 13(2): 50-57 Cristiane R. Magalhães .................... 13(3): 99 Estevão de Lima ............................... 13(3): 97 Andre M Japiassú ............ 13(3): 93, 101, 123 Cristiane S Nascimento .............. 13(3): 95, 96 Evandro C. S. Cosme ....................... 13(3): 97 André Volschan .............. 13(3): 106, 107, 127 Cristiane S. C. da Cunha ................ 13(3): 114 Evandro C.C.Souza ........................... 13(3): 98 Andréa D. Porto ............................ 13(3): 103, Cristina O. Menezes ......................... 13(3): 98 Evandro Tinoco Mesquita ............... 13(3): 127 Andréia M. Silva ....................... 13(3): 98, 116 -D- -F- Anelise Nigel .................................. 13(3): 119 D. Stroka ........................................ 13(3): 100 F.G. Miranda ................................... 13(3): 128 Antonio Carlos Arruda Souto ...... 13(2): 77-80 Daniel J. Silva Fº .................... 13(3): 103, 104, F.Silva ............................................. 13(3): 121 Antônio Luiz Eiras Falcão ............ 13(1): 35-42 105, 125, 126 Fabiana Gonçalves de Souza .......... 13(3): 113 AP. Pinheiro .................................... 13(3): 100 Daniel P. de S. Baptista .................. 13(3): 116 Fábio Gomes ............................ 13(3): 99, 121 Aquiles Mamfrim ............................ 13(3): 127 Daniela Gadelha ........................ 13(3): 94, 95, Felipe S M da Silva ......................... 13(3): 119 -B- 112, 113 Felippe Felix ............................ 13(3): 115, 121 Darwin A. Prado ..................... 13(3): 115, 128 Fenando O. Dias Rangel ......... 13(3): 107, 108 Beatriz Brandão .............................. 13(3): 121 David Szpilman .............................. 13(3): 116 Fernanda S. Santos e Souza .......... 13(3): 128 Bianca L. Bass ................................ 13(3): 117 Debora G Xisto ........................... 13(3): 95, 96 Fernando A. Bozza ............................ 13(3): 93 Brandão ML ...................................... 13(3): 98 Débora S Faffe .................... 13(3): 95, 96, 114 Fernando A. Pacheco ............. 13(3): 107, 127 Bráulio S. Júnior ............................ 13(3): 106 Denise B. Bernardes ....................... 13(3): 111 Fernando G. Aranha .............. 13(3): 102, 104, Bruno S Guida ................................ 13(3): 119 Denise P. Momesso ........................ 13(3): 114 105, 125, 126 Bruno S. Ferreira .............................. 13(3): 93 Denise Tiemi Noguchi ................. 13(1): 15-20 Fernando Martins Gomes ............... 13(3): 118 104, 105, 126 140 13(2): 81-85 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ÍNDICE GERAL Leonardo S. Monteiro .............. 13(3): 98, 116 Fernando Osni Machado ............. 13(1): 21-28 -J- Flávia B. Santos ................................ 13(3): 95 J. Mahiou ....................................... 13(3): 100 Lídia Maria A. Carvalho ............... 13(1): 29-34 Flavia Fontes .............. 13(3): 94, 95, 102, 113 Jacira Doralice Paccez ................ 13(1): 15-20 Lúcia Sanguedo ............................. 13(3): 119 Flávia Nardes .............. 13(3): 94, 95, 112, 113 Jacques Édison Jacques ......... 13(4): 104-107 Luciana L Farias ............................... 13(3): 96 Flávio E. Nácul .................................. 13(3): 99 Janaina Rocha ................................ 13(3): 124 Luciana R. Moraes ......................... 13(3): 113 Flávio Guedes ................................. 13(3): 118 Januário G. M. Lima ................... 13(3): 95, 96 Luciana Valansi .............................. 13(3): 111 Flávio L. Moreira ......................... 13(2): 58-62 Jaqueline Alves Carvalho ............... 13(3): 128 Luciano de Brito ........................ 13(4): 99-102 Flávio M. Medina .............................. 13(3): 99 Jaqueline S. Perottoni ................. 13(1): 29-34 Luciene S. Araújo ........................... 13(3): 120 Flávio O. Marins ............................... 13(3): 97 Jefferson G. Resende .............. 13(4): 108-113 Lucio F. P. Moreira .................... 13(3): 98, 121 Francesco A. Muto ..................... 13(3): 97, 98 Joana Dantas ............. 13(3): 94, 95, 112, 113 Luis Antônio F. Carvalho ........ 13(3): 107, 108 Francisco Cardoso ......................... 13(3): 108 João A. L. Sales Jr .................... 13(3): 97, 98, Luis E. F. Drummond .............. 13(3): 102, 103 Francisco Fagundes ............... 13(3): 102, 103 115, 116, 128 Luis F. Camilles ................ 13(3): 99, 106, 107 Fúlvio A. Pessoa ..................... 13(3): 115, 128 João A.L.S.Jr. Precoce ..................... 13(3): 97 Luiz A. Campos ..................... 13(3): 102, 103, -G- João Pantoja .......................... 13(3): 106, 127 104, 105, 125, 126 Joaquim D.Silva ............................. 13(3): 123 Luiz Felipe F. Silva ................... 13(4): 123-135 G. Bastos ........................................ 13(3): 100 Joaquim Ribeiro ............................... 13(3): 98 Luiz G. Soares ........................ 13(3): 103, 105 G. Trancoso .................................... 13(3): 121 Joceir S.Lima ................................... 13(3): 97 Luiz Rodrigo de C. Santos ............. 13(3): 116 Gabiela Addor ......................... 13(3): 115, 128 Joelma Dominato ........................... 13(3): 128 Lyvia Cristina C. Kalil ...................... 13(3): 116 Gabriela Santiago ........................... 13(3): 128 Jorge Dias de Matos ................... 13(1): 21-28 Gabrielle P. Rebello ........................ 13(3): 116 Jorge E. S. S. Pinto ....................... 13(3): 101, Geová A. Santos ............................... 13(3): 97 104, 123, 126 M F. Muiño ..................... 13(3): 100, 121, 122 Geraldo R Rodrigues Jr .............. 13(4): 92-98 Jorge I. Lain ........................... 13(3): 115, 128 M. Araujo ....................................... 13(3): 122 Giane Elias Mesko ....................... 13(1): 29-34 Jorge Sabino ......................... 13(3): 103, 104, M. Guimarães ................................. 13(3): 100 Giesela F. Ferrari .......................... 13(2): 58-62 105, 125, 126 Marcelo Enne ........................... 13(3): 98, 121 Girlana C. Marano .................. 13(3): 126, 127 Jorge Vianna .................................... 13(3): 97 Marcelo I. Bittencourt .... 13(3): 102, 103, 104 Glaucia Maria M. Oliveira ............... 13(3): 111 José Antônio Felix .......................... 13(3): 115 Marcelo Lugarinho ................. 13(3): 106, 107 Gleison M Guimarães ..................... 13(3): 113 José C. Nascimento ......................... 13(3): 97 Marcelo Magalhães ................ 13(3): 106, 107 GMM Oliveira ................................... 13(3): 98 Jose EP Oliveira ..................... 13(3): 101, 123 Marcelo Scofano Diniz ................... 13(3): 127 Godoy PH ......................................... 13(3): 98 José Henrique Leite ......................... 13(3): 96 Marcelo Tavares ............................... 13(3): 98 Guilherme Aguiar ................... 13(3): 106, 107 José I. Nascimento .......................... 13(3): 97 Marcelo V Gomes ............ 13(3): 99, 106, 119, Guilherme Alves ............................. 13(3): 111 José Luiz G do Amaral ................ 13(4): 92-98 120, 124, 121, 127 Gustavo Nobre ....................... 13(3): 106, 107 José Manoel Martinho ................... 13(3): 121 Márcia Barbosa de Freitas .............. 13(3): 128 Gustavo Pereira .............................. 13(3): 117 José Mauro da Silva ....................... 13(3): 108 Márcia Freitas ................................. 13(3): 108 Gustavo Salgado ............................ 13(3): 115 José R. Fioretto .......................... 13(2): 58-62, Márcio M. Q. Guimarães .................. 13(3): 93 13(4): 114-122 Márcio Soares ...................... 13(3): 93, 94, 95 José R. Rocco ..................... 13(3): 93, 94, 95, Marco A. Fernandes .............. 13(3): 102, 103, Fernando O D. Rangel .................... 13(3): 106 -H- Leonel Pereira .................................. 13(3): 98 -M- Halina C. Ferreira ............................ 13(3): 114 111, 112, 113 104, 105, 125, 126 Hans Dohmann ............. 13(3): 102, 103, 104, Juan C R Verdeal .................... 13(3): 119, 123 Marco O. Py ................................... 13(3): 117 105, 107, 108, 125, 126 Juliana Delamônica ........................ 13(3): 111 Marcos A. de Moraes .............. 13(4): 114-122 Helena C. Veiga Rey ............... 13(3): 107, 108 Juliana V. Morgado ................ 13(3): 103, 104 Marcos Gonçalves .......................... 13(3): 102 Helena M. V.Barros .......................... 13(3): 98 Julienne Martins ............................. 13(3): 115 Marcos Knibel ........................ 13(3): 107, 127 Heloisa Franca ................................ 13(3): 124 Júlio C.O. Ambrósio ......................... 13(3): 97 Marcos P.A.Ávila .............................. 13(3): 97 Horácio José Ramalho ................ 13(2): 63-70 -K- Marcus Vinicius Maciel .................. 13(3): 108 103, 104, 125, 126 K B. Andrade .................. 13(3): 100, 121, 122 Maria Cláudia M. Silva ................ 13(1): 06-14 Humberto Melo .............................. 13(3): 121 Katya M. Kitajima ................... 13(3): 119, 120 Maria Cristina E Santana .................. 13(3): 96 -I- Kelly F. Simões ....................... 13(3): 119, 120 Maria F. P. S. Junqueira .................. 13(3): 116 -L- Maria Emília Negreiros ........... 13(3): 126, 127 I. A. de Aveiro ................. 13(3): 100, 121, 122 Isabela Pimenta .............................. 13(3): 124 Leny Batista ................................... 13(3): 124 106, 107 Izilda Esmênia M. Araújo ............. 13(1): 35-42 Leonardo C. de Souza .................... 13(3): 100 Maria Regina H. N. Trotto .............. 13(3): 123 Hugo T. F. Mendonça Fº ................. 13(3): 102, Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001 Maria Cecília Olivaes ...................... 13(3): 115 Maria L. Toscano ....................... 13(3): 94, 95, 141 RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva ÍNDICE GERAL Márica Pinto ..................................... 13(3): 99 Rachel A Menezes .......................... 13(3): 110 Sandra R. Pereira ........................... 13(3): 120 Mário F. Carpi ............................. 13(2): 58-62, Rachel Duarte Moritz .................. 13(1): 21-28 Sania Dragosavac ....................... 13(2): 81-85 13(4): 114-122 Rafael A Cadete ........................ 13(3): 96, 114 Scyla M. S. Reis ............................. 13(3): 119 Marjory Weiss ................................ 13(3): 124 Rafael C Alves ................................ 13(3): 121 Sebastião Araújo ........................ 13(1): 35-42, Martha S. Nassar ............................. 13(3): 98 Regina Márcia C. Sousa .............. 13(1): 06-14 13(2): 81-85 Mauro Bellece ................................ 13(3): 115 Renata Gonçalves .......................... 13(3): 124 Serafim G S Junior ......................... 13(3): 127 Mauro Luiz Kaufmann ................. 13(2): 71-76 Renata S Contador ........................... 13(3): 96 Sérgio V. Paes ............................ 13(3): 97, 98 Milene M. Sedrez ........................ 13(1): 29-34 Renato G.G. Terzi ....................... 13(1): 35-42, Sergio Zaidhaft ............................... 13(3): 122 Miranda, FG ...................................... 13(3): 97 13(2): 81-85 Sérvio Paixão ................................. 13(3): 115 Moana C. C. Mattos ............... 13(3): 126, 127 Renato V. Gomes ................... 13(3): 102, 103, Silva de Souza ................ 13(3): 102, 114, 124 Monica C Freire ...................... 13(3): 106, 107 104, 105, 106, 126 Silvana B Oliveira ........................... 13(3): 121 Moyzés D. P. Damasceno ....... 13(3): 125, 128 Ricardo A. Garcia ........................... 13(3): 122 Simone Leite .................................... 13(3): 98 -N- Ricardo LM Duarte ......................... 13(3): 113 Simone Noúer .......................... 13(3): 99, 103 Ricardo Morilhe Rocha .......... 13(3): 107, 108 Sonia R. Oliveira ............. 13(3): 102, 114, 124 Nájela S. V. Nunes .......................... 13(3): 128 Ricardo Reis ................................... 13(3): 118 Stela M. Francenchi ........................ 13(3): 124 Nelson Durval de Mattos ........ 13(3): 107, 108 Roberto Esporcatte ................ 13(3): 107, 108 Suzana A. Silva ............................... 13(3): 104 Nicolau T. Boechem ........................ 13(3): 114 Roberto Gaetano .................... 13(3): 106, 107 Suzani M. P. Duarte ........................ 13(3): 119 Nicole Castilho ............................... 13(3): 124 Roberto Visser ............................... 13(3): 128 Nilson M.Souza ................................ 13(3): 97 Rodolfo E. A. Espinosa ............. 13(3): 94, 112 -T- -O- Rodrigo C. Rito .............................. 13(3): 105 Tatiane F. Florencio ......................... 13(3): 110 Rodrigo M do Lago ........................ 13(3): 119 Tavares, Marcelo .............................. 13(3): 97 Odilon N. Barbosa .......................... 13(3): 106 Rogéria Moraes .............................. 13(3): 105 Odymar V. Lima ................................ 13(3): 97 Rogério C. Figueira ......................... 13(3): 114 -V- Otavio S. Paris ............................... 13(3): 116 Ronaldo A O C Gismondi ....... 13(3): 115, 121 V. Abrahão ...................................... 13(3): 128 -P- Ronaldo V. e Souza ........................ 13(3): 106 V. dos Santos ................................. 13(3): 122 Ronaldo Vegni ....................... 13(3): 102, 103, V. Zadra .......................................... 13(3): 121 104, 105, 125 Valdênia P. Souza ........................... 13(3): 128 Rosa C. S. Vianna ........................... 13(3): 122 Vera Capelozzi .................................. 13(3): 96 Rosa M. A. Mitre ............................ 13(3): 116 Vera E. G. Moraes .......................... 13(3): 114 Rosalice Miecznikowski ................... 13(3): 98 Vera LG Moraes ............................. 13(3): 101 Rosana C. Almeida ........................... 13(3): 98 Vera Lúcia A. Santos ................... 13(2): 50-57 Rosana Farina ....................... 13(3): 103, 104, Verônica L Sant’Anna ..................... 13(3): 113 105, 125, 126 Vinicius Medeiros ........................... 13(3): 121 Rosane Charneski .......................... 13(3): 119 Vitor M. Soares .............................. 13(3): 117 Paloma F. Cariello ....... 13(3): 94, 95, 112, 113 Patrícia Marques .............................. 13(3): 99 Patrícia R. M. Rocco .......... 13(3): 95, 96, 114 Patrícia V. Fernandes ...................... 13(3): 117 Paula V. Pinto ............................. 13(3): 97, 98 Paulo Antonio Chiavone .............. 13(2): 50-57 Paulo AS Mourão ............................. 13(3): 96 Paulo C de Souza .................. 13(3): 106, 115, 125, 127, 128 Paulo Henrique Brum ..................... 13(3): 124 Paulo Martins ................................. 13(3): 119 Paulo N. Filho ................................. 13(3): 117 Pedro Aniceto N. Neto ............ 13(3): 108, 128 Pedro M. Nogueira ................ 13(3): 102, 103, Rosane Kupfer ............................... 13(3): 121 Rosângela A. M. Noé ...................... 13(3): 113 Rosângela C. Gomes ...................... 13(3): 113 Rose Bem Pivoto ............................ 13(3): 124 Rosilane Nascimento ..................... 13(3): 124 -WWagner P. Santos ............................. 13(3): 97 Walter A Zin ....................... 13(3): 95, 96, 114 Wânia V. Freitas .................. 13(3): 97, 98, 116 Werther B. Carvalho .................... 13(2): 77-80 104, 105, 125, 126 Rossano C. Bonatto ................... 13(2): 58-62, 13(4): 114-122 Pedro M.P. Kurtz ............................ 13(3): 125 RS Rosenfeld ................................... 13(3): 97 William S. Neves ......................... 13(2): 63-70 Pedro T. Rocha ................................. 13(3): 99 Plínio N. Gomes ............................. 13(3): 120 -S- -Y- Policarpo Blanco Lopez ............... 13(1): 29-34 S. M. Moura ................................... 13(3): 100 Yvana M. Pereira ............................ 13(3): 120 -R- Sandra Doria ............................... 13(1): 15-20 -Z- R.S. Rosenfeld ............................... 13(3): 128 142 Sandra M. Q. Richetti ................. 13(2): 58-62, 13(4): 114-122 Wiedemann H ................................... 13(3): 98 Zaida J A Scoralick ......................... 13(3): 117 Volume 13 - Número 4 - Outubro/Dezembro 2001