Introdução ao estudo da Sociologia

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INTRODUÇÃO AOS
ESTUDOS DA
SOCIOLOGIA
Professor: Joaldo Dantas de Medeiros
[email protected]
O que estuda a sociologia?
 A Sociologia estuda as relações sociais e a forma de
associação. É uma disciplina que considera as
interações que ocorrem na vida em sociedade: envolve
o estudo dos grupos e dos fatos sociais, das divisões
em classes e camadas, da mobilidade social e da
interação entre as pessoas e grupos que a constituem.
Em síntese, a Sociologia é uma ciência que estuda a
sociedade por meio da observação do comportamento
humano.
O objetivo das Ciências Sociais é ampliar o
conhecimento sobre o ser humano em suas
interações sociais. A Sociologia revela a
sociedade como ela é de fato, não como ela
deveria ser. O propósito da Sociologia é o de
contribuir para uma melhor compreensão a
respeito da sociedade, o que permite que
medidas sejam tomadas para melhorar a vida
daqueles que dela fazem parte.
O estudo sistemático da
sociedade humana se iniciou
na Antiguidade. O grande
filósofo grego Aristóteles
(384-322 a.C.), autor de
Política, afirmou que “o
homem nasce para viver em
sociedade”.
O
famoso
filósofo
Jean-Jaques
Rousseau reconheceu que a sociedade
exerce uma profunda influência sobre o
indivíduo. Em sua célebre obra O
Contrato Social, Rousseau afirmou que
“O homem nasce puro, a sociedade é
que o corrompe”.
Mas foi apenas a partir do século XIX,
através de Augusto Comte, Herbert
Spencer, Gabriel Tarde, Émile Durkheim,
Max Weber e Karl Marx, que o estudo da
sociedade se tornou verdadeiramente
científico.
OS PAIS DA SOCIOLOGIA
Comte foi o criador do
positivismo, no século XIX,
que constituiu a base para o
surgimento do cientificismo.
O cientificismo acredita que
a única forma que existe
para
se
chegar
ao
conhecimento é por meio
da ciência.
 Comte buscava a criação de uma ciência da sociedade
capaz de explicar e compreender todos esses fenômenos
da mesma forma que as ciências naturais buscavam
interpelar seus objetos de estudo. Ele acreditava ser
possível entender as leis que regem nosso mundo social,
ajudando-nos a compreender os processos sociais e
dando-nos controle direto sobre os rumos que nossas
sociedades tomariam, acreditando ser possível dessa forma
prever e tratar os males sociais que nos afligiriam tal como
trataríamos um corpo enfermo.
A expressão ordem e progresso é o lema
político do positivismo, e é uma forma
abreviada do lema de autoria do positivista
francês Auguste Comte: "O
Amor por
princípio e a Ordem por base;
o Progresso por fim”.
Foi Durkheim quem formulou
os primeiros conceitos da
Sociologia. Ele demonstrou
que os fatos sociais têm
características próprias. Para
Durkheim, a Sociologia é o
estudo dos fatos sociais.
O que são os fatos sociais?
De acordo com Durkheim, são o modo
como um grupo social pensa, sente e
age. Para Durkheim, os fatos sociais
existem independentes da vontade de
uma pessoa, antes mesmo de ela nascer,
e são impostos pela sociedade.
Os fatos sociais são basicamente caracterizados por três
características:
 1. Generalidade: o fato social é comum a todos, ou a pelo menos à
maioria, de um grupo de pessoas. Exemplos: a forma de habitação,
de comunicação, de sentidos e moral.
 2. Exterioridade: o fato social existe, não dependendo da vontade do
indivíduo. São as leis, as regras sociais e os costumes que são
impostos de maneira coercitiva.
 3. Coercitividade: os indivíduos se sentem pressionados a adotar o
comportamento estabelecido. As pessoas são obrigadas a viver
conforme as regras da sociedade, independente de sua vontade ou
escolha.
O que são fatos sociais?
 É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou
não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma
coação exterior, ou ainda, que é geral no conjunto de
uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma
existência
própria,
independente
das
suas
manifestações individuais”. Os fatos sociais dariam o
tom da ordem social, sendo construídos pela soma
das consciências individuais de todos os homens e,
ao mesmo tempo, influenciam cada uma.
O que é anomia?
 Nossa sociedade sofre de alguma patologia no sentido de
doença, ausência de normas, valores ou até mesmo do
distanciamento de qualidade de vida, na sociedade –>
desequilíbrio, estresse, desconforto, ansiedade, raiva, violência
na atitudes.
 Os fatos sociais, de acordo com Durkheim, podem ser
classificados por seus estados de normalidade ou patologia
(ausência de regras ou de normas) como qualquer outro
organismo vivo. Portanto, é normal o fato social que,
primeiramente, apresenta-se cristalizado, generalizado aceito
pelo consenso social, apresentando alguma função importante
para a evolução ou adaptação do organismo social.
O estudo do suicídio
 O suicídio é, segundo Durkheim, “todo o caso de morte que resulta,
direta ou indiretamente, de um ato, positivo ou negativo, executado
pela própria vítima, e que ela sabia que deveria produzir esse
resultado”. Conforme o sociólogo, cada sociedade está predisposta a
fornecer um contingente determinado de mortes voluntárias, e o que
interessa à sociologia sobre o suicídio é a análise de todo o
processo social, dos fatores sociais que agem não sobre os
indivíduos isolados, mas sobre o grupo, sobre o conjunto da
sociedade.
 Há três tipos de suicídio, segundo a etimologia de Émile Durkheim, a
saber:
Suicídio Egoísta
É aquele em que o ego individual se afirma
demasiadamente face ao ego social, ou seja,
há uma individualização desmesurada. As
relações entre os indivíduos e a sociedade se
afrouxam fazendo com que o indivíduo não
veja mais sentido na vida, não tenha mais
razão para viver;
Suicídio Altruísta:
 É aquele no qual o indivíduo sente-se no dever de
fazê-lo para se desembaraçar de uma vida
insuportável. É aquele em que o ego não o
pertence, confunde-se com outra coisa que se situa
fora de si mesmo, isto é, em um dos grupos a que o
indivíduo pertence. Temos como exemplo os
kamikazes japoneses, os muçulmanos que colidiram
com o World Trade Center em Nova Iorque, em
2001, etc.;
Suicídio Anômico:
 É aquele que ocorre em uma situação de anomia social, ou
seja, quando há ausência de regras na sociedade, gerando
o caos, fazendo com que a normalidade social não seja
mantida. Em uma situação de crise econômica, por
exemplo, na qual há uma completa desregulação das
regras normais da sociedade, certos indivíduos ficam em
uma situação inferior a que ocupavam anteriormente.
Assim, há uma perda brusca de riquezas e poder, fazendo
com que, por isso mesmo, os índices desse tipo de suicídio
aumentem. É importante ressaltar que as taxas de suicídio
altruísta são maiores em países ricos, pois os pobres
conseguem lidar melhor com as situações.
Tipos de Solidariedade Social
 Solidariedade mecânica - Para ele a solidariedade mecânica
é característica das sociedades ditas “primitivas” ou
“arcaicas”, ou seja, em agrupamentos humanos de tipo
tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos
que a integram compartilham das mesmas noções e
valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas
como em relação aos interesses materiais necessários a
subsistência
do
grupo.
São
justamente
essa
correspondência de valores que irão assegurar a coesão
social.
 Solidariedade orgânica - De modo distinto, existe a
solidariedade orgânica que é a do tipo que
predomina nas sociedades ditas “modernas” ou
“complexas” do ponto de vista da maior
diferenciação individual e social (o conceito deve
ser aplicado às sociedades capitalistas). Além de
não compartilharem dos mesmos valores e crenças
sociais, os interesses individuais são bastante
distintos e a consciência de cada indivíduo é mais
acentuada.
Karl
Marx
foi
um
filósofo,
cientista
político, e socialista
revolucionário
muito
influente em sua época,
até os dias atuais. É
muito conhecido por
seus estudos sobre as
causas sociais.
 Marx percebeu progresso da sociedade na história humana através
da ideia de luta de classes. A noção de materialismo dialético
centra-se, em certo sentido, na luta social entre a classe econômica
dominante e a classe trabalhadora subjugada. Marx viu este sistema
como insustentável e previu que o aparelho econômico do
capitalismo acabaria por entrar em colapso sobre si mesmo, o que
levaria ao socialismo.
 Marx foi um dos primeiros pensadores a reconhecer o impacto
sociológico da economia e estratificação de classes. Ele investigou
os efeitos do sistema capitalista na vida dos trabalhadores, bem
como a profunda relação entre desigualdade e cultura de classe.
 Marx escreveu extensivamente sobre o problema da
alienação, em que trabalhadores, essencialmente desistem
de seu trabalho para o mercado, tendo pouco em troca –
pequenos lucros e nenhum sentimento de realização por
ter feito realmente algo. Marx argumentou que esta
alienação do trabalho, bem como a alienação de estar
preso em uma classe social com pouco controle sobre as
circunstâncias econômicas, elevou-se a uma desconexão
fundamental entre os seres humanos e sua humanidade.
Max Weber foi um importante
sociólogo, jurista, historiador
e economista alemão. Weber
é
considerado
um
dos
fundadores
do
estudo
sociológico moderno. Seus
estudos mais importantes
estão
nas
áreas
da
sociologia
da
religião,
sociologia
política,
administração
pública
(governo) e economia.
Principais Conceitos Weberianos
 Ação Social: uma ação com sentido
 Por Ação Social entende-se a conduta humana (ato,
omissão, permissão) dotada de sentido, ou seja, de uma
justificativa elaborada subjetivamente, isto é, um significado
subjetivo dado de forma racional ou irracional por quem o
executa, o qual orienta seu próprio comportamento, tendo
em vista a ação – passada, presente ou futura –
de outro ou outros.
 O indivíduo é o agente social que dá sentido à sua ação, o sentido é
compreendido através da análise do MOTIVO que leva a pessoa à
ação, mas seus efeitos muitas vezes escapam ao controle e previsão
do agente.
O motivo da ação pode ser de três tipos:
I. Dado pela tradição
II. Dado por interesses racionais
III. Dado pela emotividade
 O sentido da ação é produzido pelo indivíduo através dos
valores sociais que ele compartilha e do motivo que
emprega.
Max Weber elaborou um quadro de tipos “puros” de ação
social:
I. Ação racional com relação a fins;
II. Ação racional com relação a valores;
III. Ação tradicional;
IV. Ação afetiva.
OBRA: A ética protestante e o espírito do capitalismo
 Esse é o título de uma das principais obras de Max Weber, talvez
tenha sido aquela que mais que trouxe fama e prestígio. Nela o autor
buscava compreender a relação entre o protestantismo e um
comportamento típico do capitalismo.
 Weber foi motivado pela análise de dados estatísticos que
evidenciaram a grande participação de protestantes entre os homens
de negócio, entre os empregados bem-sucedidos e como mão-deobra qualificada. A partir daí procurou observar a conexão entre a
doutrina e a pregação protestante e seus efeitos no comportamento
dos indivíduos.
 A doutrina e as pregações mostraram a presença de valores
protestantes tais como: Disciplina, poupança, austeridade, vocação,
dever e propensão ao trabalho. Tais valores formaram a partir da
Reforma Protestante no século XVI uma nova mentalidade – ethos –
propício ao desenvolvimento do capitalismo.
 Nesse trabalho, Max Weber expõe as relações entre religião e
sociedade e desvenda particularidades do capitalismo:
 A relação não se dá por meios institucionais; mas por intermédio de
valores introjetados nos indivíduos e transformados em motivos da
ação social.
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