UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA LILIANE OLIVEIRA DA SILVA A UTILIZAÇÃO DO ENDOMARKETING COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE GESTÃO Estudo de caso numa empresa do ramo imobiliário de Feira de Santana FEIRA DE SANTANA 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA LILIANE OLIVEIRA DA SILVA A UTILIZAÇÃO DO ENDOMARKETING COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE GESTÃO Estudo de caso numa empresa do ramo imobiliário de Feira de Santana Monografia apresentada à Universidade Estadual de Feira de Santana como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Pereira Vieira MsC Rodrigo FEIRA DE SANTANA 2010 LILIANE OLIVEIRA DA SILVA A UTILIZAÇÃO DO ENDOMARKETING COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA DE GESTÃO Estudo de caso numa empresa do ramo imobiliário de Feira de Santana Monografia apresentada para obtenção do título de Bacharel em Administração. Aprovado em _________________ de __________ BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Prof. MsC Rodrigo Pereira Vireira Universidade Estadual de Feira de Santana ________________________________________________________ Prof. Rubislan Oliveira Passos Universidade Estadual de Feira de Santana ________________________________________________________ Prof. MsC José Gileá de Souza Universidade Estadual de Feira de Santana Feira de Santana - BA Dedico este trabalho aos meus pais, Solange e Rene: minha essência. À Marcos Vinícius, meu namorado: meu amor. Ào meu irmão, Léo: minha metade. Ao meu avô, Pedro: meu exemplo de vida. À minha vovó Tieta: retrato de fé e coragem. Agradecimentos Agradeço, em primeiro lugar, ao meu bom Deus, aquele que me dá sempre forças para lutar fazendo com que jamais desista dos meus objetivos. “É Dele a vitória alcançada em minha vida!” Aos meus pais, Solange e Rene, que são a base da minha vida. A Marcos Vinícius, meu MV, pela presença constante, carinho, amor, paciência e apoio incondicional durante todo o curso. Ao meu irmão, Leonardo, por me ensinar a ter mais paciência. A todos os meus familiares, em especial, aos meus avôs, Antonieta e Pedro por me ensinarem a ter fé e coragem, desistir jamais! Ao meu professor orientador, Rodrigo Vieira, por toda a dedicação e auxílio até quando ainda não era sua orientanda. Aos ausentes, meus eternos agradecimentos por deixarem seus ensinamentos, verdadeiros exemplos a serem seguidos. A todos aqueles que participam da minha vida de forma positiva com a amizade e contribuíram para o meu crescimento. ‘’Tudo é do Pai, toda honra e toda a glória, é Dele a vitória alcançada em minha vida’’ (Pe. Fábio de Melo) RESUMO O presente trabalho tem a finalidade de chamar atenção para um fator de relevância importante nas organizações, que, por vezes, não é tratado de forma adequada: a valorização dos funcionários. A busca incessante pela competitividade e posicionamento no mercado, faz com que os gestores, na maioria das vezes, esqueçam que o principal recurso para vencer a concorrência é o seu público interno. Esse trabalho aborda, além do Endomarketing, outros fatores que contribuem para a prática eficaz dessa ferramenta como a Comunicação Interna, o gerenciamento do fluxo de informações e o desenvolvimento organizacional. Além disso, percebe-se a contribuição que o marketing interno tem na construção da marca de uma empresa e na formação de sua imagem. O estudo de caso tem como finalidade reforçar a importância do Endomarketing para a gestão empresarial e demonstrar as dificuldades das empresas no entendimento ou implantação do marketing interno. Palavras-chaves: Endomarketing, Desenvolvimento Organizacional, Comunicação Interna, Marketing, ABSTRACT The present paper has the purpose to draw the attention to an important relevance factor in organizations wich sometimes is not treated so appropriate: the enchancement of employees. The incessant search for competitiveness and market position, makes the managers,most often, forget that the main resource to win the competition is its internal public. This paper addresses, beyond Endomarketing, others factors that contribute to the effective practice of this tool as the Internal Communication, managing the flow of information and organizational development. Moreover, we find the contribution that internal marketing has on brand building and the formation of its image. The case study aims to reinforce the importance of Endomarketing to business management and demonstrate the difficulties of companies understanding or implementation of internal marketing. Keywords: Endomarketing, Internal Communication, Marketing, Organizational Development. LISTA DE GRÁFICOS, ILUSTRAÇÕES E QUADROS GRÁFICOS Gráfico 1 – Respondentes à pesquisa.........................................................62 Gráfico 2 – Conhecimento a respeito da missão, objetivos e princípios da empresa............................................................63 Gráfico 3 – Motivações para trabalhar na empresa....................................64 Gráfico 4 – Programa de Valorização e Reconhecimento dos funcionários...............................................................................65 Gráfico 5 – Meios de comunicação mais utilizados na empresa..............66 Gráfico 6 – Meios de Comunicação que deveriam ser implantados na empresa.................................................................................67 Gráfico 7 – Endomarketing é uma importante ferramenta de gestão.....68 Gráfico 8 – Grau de Satisfação em relação à empresa.............................69 QUADROS QUADRO 1 - Diferenciação entre bem físico e serviço.............................45 ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - A pirâmide organizacional e a informação............................32 FIGURA 2 – Respostas para a insatisfação com o trabalho....................37 FIGURA 3 – Cinco fatores de satisfação no trabalho...............................40 FIGURA 4 – Conceitos centrais de Marketing...........................................41 FIGURA 5 – Sistema de Marketing simples...............................................42 FIGURA 6 - Quadro-resumo das diferenças entre os compostos de Marketing eEndomarketing.......................46 FIGURA 7 – Triângulo de serviços.............................................................45 FIGURA 8 – Processo de branding............................................................49 FIGURA 9 – Quadro contextual para aplicação de Endomarketing em serviços................................................53 SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................10 Apresentação........................................................................................................12 Estrutura do trabalho.............................................................................................12 Capítulo 1 - Endomarketing 1.1. Origem e Conceituação do Endomarketing.........................................15 1.2. Importância do endomarketing............................................................18 1.3. Objetivos Gerais do Endomarketing....................................................20 1.4. Endomarketing como Estratégia de Gestão........................................22 Capítulo 2 - Comunicação Interna Comunicação 2.1. Interna e Endomarketing...............................................28 2.5. O Gerenciamento de informações.......................................................31 2.6. Desenvolvimento Organizacional........................................................34 Capítulo 3 – Marketing e Endomarketing 3.1. Uma breve introdução ao Marketing.....................................................41 3.2. Endomarketing, Marketing e Setor de Serviços....................................43 3.3. Gestão da Marca e Endomarketing.....................................................47 3.4. Endomarketing e Imagem Corporativa................................................50 3.5. Processo de implantação do Endomarketing......................................51 Capítulo 4 - Estudo de Caso 4,1. Análise do Endomarketing numa empresa do ramo imobiliário de Feira de Santana..............................................58 4.2. Coleta de Dados..................................................................................60 4.3. Apresentação e Análise dos resultados..............................................60 Considerações Finais...........................................................................................69 Referências Bibliográficas....................................................................................72 Anexos........................................................................................................................76 9 INTRODUÇÃO A crescente competitividade do mercado requer que as empresas busquem meios, que não o preço dos produtos, como fator diferencial para garantia da sobrevivência no ambiente que está inserida. No mercado é muito comum ouvir falar o quão importante é ter uma marca e imagem consolidadas, que traduzam credibilidade e confiança e atenda às necessidades dos clientes. Por outro lado, poucas organizações se preocupam em trabalhar o seu público interno visando alcançar esses objetivos. As empresas devem construir bons relacionamentos com os clientes e o público interno é a chave para isso, pois a relação da empresa com o seu empregado tem grande influência na relação da mesma com o consumidor final. Esse trabalho avalia a importância do processo de Endomarketing na gestão empresarial, ressaltando seus benefícios e avaliando as ações que contribuem para uma prática eficiente dessa ferramenta. O conceito de Endomarketing propõe a utilização de técnicas de marketing no ambiente interno das organizações buscando maior produtividade por parte dos empregados para que se atinjam melhores resultados. O marketing interno traz resultados positivos para o ambiente organizacional assim como auxilia na conquista de mercados e na sobrevivência da empresa em vista à competitividade. Funcionários motivados e comprometidos com a organização vendem melhor o seu produto ou prestam um melhor serviço ao cliente. As estratégias do Endomarketing consistem em ter conhecimento das potencialidades dos funcionários, investir em capacitação, treinamento e dar condições de crescimento pessoal e profissional. Tudo isso acorda para a valorização do capital humano nas empresas, levando-se em conta que estamos na era do conhecimento e as pessoas devem ser reconhecidas e incentivadas no trabalho, afinal, são elas que constituem o motor de funcionamento de uma organização e representam o principal recurso das mesmas. A discussão inserida nesta pesquisa gira em torno da seguinte problemática: “De que forma o Endomarketing se alinha às estratégias da organização?”. Para isso, considera-se que a prática do Endomarketing proporciona a construção de um ambiente de trabalho favorável à concepção de idéias visando melhores resultados para a organização e a comunicação interna fortalece relacionamentos e facilita o 10 entendimento e conquista dos objetivos organizacionais. Analisa-se também as influências que o Endomarketing pode causar na construção da marca e da imagem empresarial no sentido de reter relacionamentos com clientes. O presente trabalho tem como objetivo principal evidenciar a importância do uso estratégico do Endomarketing como fator diferencial para o alcance de metas organizacionais. Utilizando como linha mestra esse objetivo, procura-se secundariamente, analisar a influência da comunicação interna para a prática do Endomarketing e verificar como essa ferramenta pode ser utilizada como diferencial competitivo no processo de definição do marketing. Justifica-se a escolha do tema da pesquisa pelo fato de ter afinidade pelo mesmo e trabalhar numa organização onde existem muitas dificuldades em relação ao acesso de informações e tem um sistema de comunicação interna falho. Após analisar os perfis e posturas dos funcionários desenvolveu-se o interesse por estudar o Endomarketing nesse trabalho. Vê-se que a satisfação e motivação dos funcionários é fundamental para a garantia de uma imagem empresarial que represente confiança para seus clientes e significa um passo para uma organização que quer se manter competitiva no mercado. O tema escolhido é de grande relevância para a administração, uma vez que os gestores até o compreendem, mas tem dificuldades em colocá-lo em prática, como demonstra a empresa estudada. A contribuição para as áreas de Recursos Humanos e Marketing é demonstrada através das pesquisas realizadas. A carência de livros que discutam especificamente o marketing interno surgiu como um obstáculo para o desenvolvimento da pesquisa. Ao mesmo tempo, a importância do tema e a necessidade de sua conscientização pelas empresas surgiram como estímulo para a construção do trabalho. Em Feira de Santana, o setor imobiliário tem crescido gerando uma acirrada competitividade entre as empresas do ramo. Sendo assim, verifica-se a importância desse trabalho, uma vez que, no setor de serviços, a escolha do cliente e sua fidelização se pauta pela percepção do valor que ele tem da empresa. APRESENTAÇÃO A metodologia utilizada no trabalho tem como base, quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa bibliográfica. De acordo com Gil (2002), esse 11 tipo de pesquisa possibilita que o investigador desenvolva a sua pesquisa com base em material já elaborado, permitindo ao pesquisador uma ampla base de conhecimento a respeito do tema proposto. Pesquisou-se em livros, teses, dissertações, monografias, artigos e revistas científicos. Também se utilizou alguns materiais científicos disponíveis em sites da internet. A pesquisa bibliográfica resulta de um apanhado de todo o material já existente, a exemplo de livros, jornais e revistas. Uma das características desse tipo de pesquisa é que o tema de estudo pode ser encontrado desde publicações avulsas, jornais, revistas, sites científicos até livros, teses e monografias e meios de comunicação orais (MARCONI; LAKATOS, 2006). Quanto aos objetos, ainda de acordo com Gil (2002), a pesquisa tem caráter exploratório, propondo maior familiaridade na investigação do problema envolvendo levantamentos bibliográficos e estudo de caso. Gil (2002) afirma que o estudo de caso é um método de estudo profundo que permite um amplo e detalhado conhecimento acerca do tema estudado. Durante todo o período da pesquisa atentou-se para a observação participante e as conversas informais, que muito informaram à respeito da satisfação dos funcionários, para então elaborar-se o questionário visando retratar a visão dos funcionários a respeito da empresa estudada. ESTRUTURA DO TRABALHO Essa monografia é composta de quatro capítulos. O primeiro capítulo faz uma revisão da literatura sobre o tema proposto: Endomarketing. Identifica-se a sua origem, conceitos, importância, objetivos e sua consideração como uma ferramenta de gestão. Este capítulo foi desenvolvido de forma introdutória visando abordar de uma maneira geral o assunto facilitando o seu entendimento e importância. O segundo capitulo tem como foco a Comunicação Interna. O capitulo discute a questão da importância da clareza da comunicação para uma organização bem como das informações que são transmitidas e como isso tem impacto no processo de Endomarketing. Nesse contexto, também são feitas considerações sobre o Desenvolvimento Organizacional evidenciando a importância que os funcionários tem na organização e a influencia do seu comportamento e comprometimento com a mesma através da motivação e satisfação no trabalho. 12 O terceiro capítulo trata de um tema amplamente discutido: Marketing. O capítulo começa com uma breve introdução a esse tema de forma a entender a importância da satisfação das necessidades e entrega de valor para os clientes, fatores que influenciam na manutenção de relacionamentos duradouros. Da área mercadológica, dois subtemas foram estudados devido à relação direta com o trabalho apresentado. Primeiro, abordou-se a questão da gestão da marca e em seguida considerou-se a imagem corporativa. As duas abordagens tratam de processos influenciados pela prática do Endomarketing, levando-se em conta que o sucesso delas depende dessa ferramenta. O capitulo ainda traz os passos a serem seguidos para uma implantação eficaz do Marketing Interno nas empresas. O quarto e último capítulo aborda o estudo de caso feito numa empresa do ramo imobiliário de Feira de Santana. Nessa parte procura-se identificar as deficiências no uso do Endomarketing e como ele pode contribuir para uma melhor eficácia na consecução de objetivos. A história da empresa é tratada de forma breve para conhecimento da formação de sua estrutura. Quanto aos métodos de coleta de dados foi utilizado um questionários com diversas questões que, de uma forma geral, buscam atender aos objetivos e questões propostos pela pesquisa. Foi desenvolvido apenas um para funcionários, estagiários e corretores. Vale ressaltar que o questionário elaborado teve seus dados tratados de maneira a não identificar os respondentes. Por se tratar de um trabalho que visa estabelecer um diagnóstico em relação às dificuldades da organização quanto à execução do Endomarketing e as precariedades da Comunicação Interna, o nome da empresa foi preservado. Após o estudo de caso, encerra-se o trabalho com as suas considerações finais, onde é feito um apanhado geral de todo o estudo assim como de seus resultados e contribuições. 13 1 Endomarketing 1.1 Origem e conceituação do termo Endomarketing Segundo Bekin (2004), Endomarketing constitui um processo interno, explicitado na própria formação da palavra. “Endo” deriva da palavra grega “éndon” e quer dizer “ação interior ou movimento para dentro”, sendo assim o Endomarketing quer dizer “marketing para dentro”. Endomarketing ou marketing interno consiste na utilização de conceitos de Marketing voltados para o público interno das organizações. Grönroos (1995) afirma que toda organização tem um mercado interno, composto de empregados, que deve receber a primeira atenção, e, a não ser que isso seja feito adequadamente, o sucesso das operações da empresa em seus mercados externos finais será colocado em risco. Segundo Bloom & Kotler (2002), foram os japoneses que deram inicio à prática do endomarketing através do conceito de gestão participativa. No Brasil, o marketing interno só foi adotado nos meados da década de 70, tendo como pioneiro Saul Bekin e vindo a se efetivar em 1990. Brum (2000, p. 31), afirma que “quando surgiu no Brasil o Endomarketing era utilizado por empresas do segmento industrial, na ânsia de serem mais competentes que os sindicatos na comunicação com os funcionários”. Ao perceber que o marketing interno era uma poderosa ferramenta para conquista e retenção de clientes, os órgãos públicos e setores de serviços começaram a investir na capacitação dos seus funcionários. Para Brum (2000), o endomarketing é formado por um conjunto de ações que a empresa deve utilizar de forma adequada para vender a sua imagem aos 14 funcionários e seus familiares. Segundo a autora, o marketing interno objetiva tornar comum, entre funcionários de uma mesma empresa, objetivos, metas e resultados, enfatizando os processos de comunicação interna. Marketing interno é a "tarefa de contratar, treinar e motivar funcionários que desejam atender bem aos clientes" Kotler (2000, p.44). A concepção de endomarketing exige dos gestores que treinem seus empregados para que incorporem os objetivos da organização e procurem satisfazer seus clientes. O marketing interno é uma base para o marketing externo e deve precedê-lo. O Endomarketing funciona como um processo gerencial holístico que visa assegurar que todos os empregados da empresa compreendam e vivenciem o negócio, e conheçam as suas várias atividades voltadas para o cliente e, ainda, que lhes possibilite uma preparação e motivação para que possam atuar com foco no serviço a este cliente (Grönroos,1995). Para Bekin (2004), endomarketing é a extensão da função do marketing voltada para dentro da organização, são ações de marketing voltadas para o público interno a fim de promover entre funcionários e departamentos, valores para melhor servir ao cliente e assumir uma posição no mercado. Endomarketing é um processo cujo foco é sintonizar para implementar e operacionalizar a estrutura de marketing da empresa ou organização que visa ação para o mercado. As ações de Endomarketing devem ser gerenciadas visando obter algum resultado, com enfoque mercadológico. (BEKIN, 2004) O marketing interno é um conjunto de práticas introduzidas e aprimoradas na organização, e que tem por objetivo obter, ou elevar, o comprometimento dos seus funcionários (CERQUEIRA,1994). Isso inclui mudanças nas atitudes e comportamentos que se refletem, positivamente, tanto no público interno, quanto no externo. O endomarketing surgiu da necessidade de as empresas proporcionarem aos seus funcionários o entendimento dos programas de marketing para atrair clientes. A empresa deve tratá-los como clientes internos satisfazendo-os e motivando-os (BRUM, 2010). É necessário conhecer a empresa, sua história, gestão, produtos, serviços e metas e construir estratrégias com base em objetivos individuais e organizacionais. Para Brum (2000), marketing interno é dar ao funcionário educação e atenção, além de torná-lo bem preparado e informado para que possa tornar-se 15 também uma pessoa criativa, feliz, que tenha capacidade de surpreender, encantar e entusiasmar o cliente. Funcionários motivados e que acreditam no produto que trabalham, estão mais aptos a convencer o cliente a comprá-los. No caso de serviços, o endomarketing cria um valor visível para o cliente e contribui para a formação da imagem da empresa. O marketing interno consiste em toda ação de marketing voltada para a satisfação do público interno com o intuito de melhor atender aos clientes externos (SILVA, 2006). Portanto, endomarketing é uma estratégia de gerenciamento e gestão e deve ser uma ferramenta de comunicação e integração permanente para que todos na organização se conscientizem de suas obrigações e possam cumprir suas tarefas de forma eficaz. Castro (2007) vê o endomarketing como a utilização de estratégias de mercado externo no ambiente interno objetivando ganhos e motivações tanto para a empresa como para o cliente interno. Para ele, à medida que há nível de satisfação, o funcionário trabalhará mais feliz, o que constitui um importante diferencial de competitividade para as empresas, pois ele será mais criativo e contribuirá de forma mais eficaz com a empresa. Segundo Grönroos (2009), a orientação dos trabalhadores para o marketing e foco no cliente de modo que promova a eles satisfação têm de ser disseminadas por toda a organização, para todos os departamentos e grupos de trabalho. O endomarketing procura aproximar empregados e empregadores de forma a construir relacionamentos sólidos em todos os níveis da organização. Marketing interno é a filosofia que trata funcionários como clientes. Eles devem sentir-se satisfeitos com seu ambiente de trabalho e com os relacionamentos com seus colegas de trabalho em todos os níveis hierárquicos, bem como o relacionamento com seu empregador como organização. (GRÖNROOS, 2009, P.341). Brum (2010, p. 199) define o Endomarketing como “tudo aquilo que estimula positivamente os sentidos dos funcionários e permite que a empresa estabeleça com eles relacionamentos saudáveis, duradouros e, sobretudo, produtivos.” Os conceitos de Endomarketing enfatizam a idéia de preparação e conscientização da empresa e de seus funcionários de que os últimos têm papel 16 fundamental no relacionamento com o cliente e na manutenção desse relacionamento com a empresa. 1.2 Importância do Endomarketing De acordo com Cerqueira (1994), o endomarketing visa uma nova cultura através da valorização e reconhecimento das pessoas para obter maior produtividade e qualidade contribuindo para a boa funcionalidade do empreendimento. Para Grönroos (2009), o marketing interno surge como elemento de ligação entre os funcionários da organização e sua relação com os clientes seja na venda de produtos ou fornecimento de serviços. O funcionário torna-se um aliado, alimentando a idéia de que o seu sucesso está ligado ao sucesso da empresa. Para isso, eles devem assumir responsabilidades e iniciativas, conhecendo todas as rotinas de serviço da empresa onde atuam para que tenha segurança no atendimento ao cliente e não passe informações erradas. O marketing interno constitui um elo entre o cliente, o produto, o serviço, a empresa e o funcionário. Essa atitude estratégica visa dar aos funcionários uma noção da importância de um serviço orientado para atender aos clientes, fazendo-os ter a capacidade de responder qualquer dúvida que surja dentro da companhia, e isso inclui envolvimento, comprometimento, valorização e, principalmente, qualificação do funcionário. (GRÖNROOS, 2005) O Endomarketing apóia-se na idéia de que uma boa imagem solidificada junto ao cliente interno aumenta a chance de sucesso nas ações de Marketing com o público externo (BEKIN, 2004). O marketing interno sugere que a empresa deve ver o seu funcionário como um cliente ou o seu primeiro mercado fazendo-o com que acredite em seu produto para que tenha mais chances de que o mesmo conquiste o cliente externo. O Endomarketing começa com a noção de que os empregados constituem o primeiro mercado para as organizações. Durante os últimos quinze anos o conceito de marketing interno ou endomarketing emergiu primeiro na literatura de marketing de serviços e, depois, na literatura de gerência de serviços, (GRÖNROOS, 2005, p. 337). 17 O marketing interno é um processo para adequar a empresa a um mercado orientado para o cliente. A participação dos empregados nos processos estratégicos de tomada de decisão da empresa possibilita a construção de um ambiente onde o trabalho em equipe obtém resultados satisfatórios para a organização. (KOTLER, 2000). Os funcionários são fonte de pesquisa para as empresas que desejam satisfazer seus clientes, pois para enfrentar a competitividade não basta apenas vender produtos e sim, prestar serviços eficientes. Segundo Grönroos (2005), a idéia é que todos são clientes na empresa e isso motiva os empregados. Brum (2010) acrescenta conceituando o endomarketing como forma de motivar os colaboradores através de programas internos. De acordo com Bekin (2004), o endomarketing é uma ferramenta de extrema importância, pois sintoniza e sincroniza todas as pessoas que trabalham na empresa, na implementação e operacionalização de ações mercadológicas. Para o autor, o que os gestores buscam são construções e fortalecimentos de relacionamentos, de modo que os objetivos da empresa sejam compartilhando e auxilie no fortalecimento das relações, inserindo a noção de que todos são clientes dentro da empresa. É uma ferramenta que auxilia a empresa no entendimento da percepção do seu produto no mercado, pois, se nem os funcionários o compram fica difícil convencer o público externo. Marketing interno consiste ao mesmo tempo na formação de um ambiente organizacional que favoreça a concepção de idéias assim como a sua promoção e de projetos e valores que sejam favoráveis à empresa e uma forma de tratar os empregados como clientes internos buscando entender as suas necessidades e desejos e direcioná-los aos objetos da organização (BEKIN, 2004). A opinião do público interno influencia no público externo. Funcionários desmotivados e insatisfeitos não conseguem passar uma boa imagem do local que trabalham. Parte-se da premissa de que o endomarketing atua diretamente na excelência do clima organizacional, refletindo no índice de satisfação interna e na melhoria do fluxo de comunicação entre os diversos níveis da organização (SILVA, 2008). O Endomarketing visa adequar a empresa às necessidades do mercado e por isso a torna mais competitiva. Brum (2010) diz que empresas que querem crescer, 18 conquistar mercados, manter os índices que já possuem ou garantir a sobrevivência nos próximos anos precisam investir no marketing externo. Os funcionários sentem-se motivados ao ver que a empresa lhes proporciona um clima agradável de trabalho, um salário satisfatório, oportunidades constantes, acesso a informações que facilitem o desempenho de suas atividades e liberdade de expressão (BRUM, 2010). As organizações devem utilizar linguagens simples e claras, que envolvam seus empregados e os conscientizem do compromisso com a mesma. A autora completa afirmando que a utilização do endomarketing desperta na empresa a importância da comunicação e envolve ações no nível da cultura organizacional, pois só assim pode-se construir um ambiente atrativo que estimule a criatividade e a inovação. 1.3 Objetivos do Marketing Interno Brum (2010) ressalta que o principal objetivo do marketing interno é fazer com que toda a empresa trabalhe com uma visão compartilhada em busca dos mesmos objetivos. Para isso, a empresa deve “trabalhar” seus funcionários e estimulá-los á criatividade fazendo com que se mobilizem na competitividade organizacional. Para Kotler (2000), o objetivo do Endomarketing é tratar os empregados como um grupo de clientes. O funcionário deve saber a importância do lugar onde trabalha e da sua própria importância, pois só assim ele poderá ter um bom ambiente de trabalho e equipe. Funcionários comprometidos criam um clima de parceria e confiança. Isso gera produtividade, resultados financeiros positivos e fidelização por parte dos clientes, fortalecendo a imagem da empresa. Para Bekin (2004) o Endomarketing é um instrumento que completa o esforço de Marketing de uma organização, mobiliza seu público interno e aprimora a cultura interna para prestar bom serviço. Segundo o autor, o objetivo final da empresa é criar um produto ou serviço cuja qualidade corresponda às necessidades, aos desejos e às expectativas do consumidor, e para que isso seja possível é indispensável que todos os departamentos tenham conhecimento desse objetivo final e estejam envolvidos e comprometidos com ele. Percebe-se que o objetivo final 19 da empresa está totalmente ligado com o objetivo final do Marketing que é atender e satisfazer o cliente. “O Endomarketing hoje é visto como um meio de diminuir o isolamento departamental, reduzindo atritos internos e superando resistências a mudanças.” (BEKIN, 2004, p. 51). Bekin (2004) ainda diz que o objetivo do Endomarketing é fazer com que os diversos departamentos e seus funcionários compartilhem os valores e objetivos da empresa fazendo surgir um processo de coesão e comunicação no ambiente interno, resultando em atração e retenção de clientes internos e externos. Para ele, o objetivo do Endomarketing é difundir conhecimento e criar espaço apropriado para a inovação. O autor acrescenta que os objetivos da organização devem ser passados para os funcionários de forma clara, no intuito de harmonizar o objetivo do empregado com o objetivo global da empresa. Segundo Cerqueira (2005), o Endomarketing visa à existência de um clima ideal e valorização e reconhecimento dos colaboradores, sendo assim, busca a obtenção de índices maiores de produtividade, qualidade e redução de custos, além da apropriação correta dos veículos de comunicação a fim de eliminar conflitos na comunicação e reduzir as insatisfações dos colaboradores. Grönroos (2009, p. 342) diz que o objetivo principal do marketing interno é “criar, manter e promover relacionamentos internos entre as pessoas da organização, independente da sua posição como profissionais de contato com o cliente”. Secundariamente, ele visa motivar e treinar pessoas através da implantação de programas de marketing interno. O Endomarketing tem dois objetivos gerais. Primeiro, ele busca gerenciar as pessoas, mais especificamente seu desempenho, e implementar programas de motivação. O segundo é implantar o marketing interno e atender o primeiro objetivo: atrair e manter bons funcionários. (GRÖNROOS, 2009) Para Brum (2010), o Endomarketing objetiva criar uma consciência empresarial da visão, missão, princípios e procedimentos da organização para que o empregado seja um facilitador na consolidação da imagem da empresa e no posicionamento da sua marca no mercado. A autora avalia que o Endomarketing tem por finalidade fazer com que todos os colaboradores da empresa tenham uma visão compartilhada sobre a organização em relação às suas metas, resultados, produtos e serviços. Ela evidencia a importância do ser humano na empresa no sentido de 20 que os resultados positivos da mesma são provenientes da satisfação e motivação deles, que facilita a consolidação da imagem empresarial e o aumento do valor da empresa perante o mercado. 1.4 Endomarketing como estratégia de Gestão As empresas hoje não mais só produzem e vendem seus bens ou fornecem serviços, mas desejam proporcionar aos seus empregados um grau de satisfação interna que se reflita na conquista e fidelização de clientes, (BRUM, 2010). Segundo a autora, o marketing interno exerce a função de fazer com que o empregado sintase valorizado pela participação no sucesso da empresa e tenha orgulho em representá-la. A autora ainda diz que “Endomarketing é, portanto, uma das principais estratégias de gestão de pessoas nas empresas que buscam não apenas sucesso em termos de mercado, mas a perenização.” Para ela, a gestão de pessoas eficaz, é responsável pela excelência das organizações bem-sucedidas. (BRUM, 2010, p. 22). Segundo Bekin (2004), no século XXI, empresas focadas em serviços precisam ser bem estruturadas, ter iniciativa, se basear em informações além de ter cooperação e integração em todos os níveis. Para ele, se a empresa não se mobilizar a concorrência buscará informações sobre mudanças de mercado e resgatará clientes insatisfeitos. O autor defende que o resultado final para a empresa é tornar-se mais eficiente e mais competitiva. “O Endomarketing hoje é visto como um meio de diminuir o isolamento departamental, reduzindo atritos internos e superando resistências a mudanças” (BEKIN, 2004. P.51). O autor revela que o marketing interno auxilia a empresa em atingir suas estratégias, diminuindo conflitos e melhorando a comunicação interna. Do ponto de vista estratégico, o Endomarketing visa adequar a empresa a um mercado orientado para o cliente e não pode ser visto separadamente do marketing. Assim como o marketing realiza as pesquisas de mercado, o Endomarketing deve pesquisar os funcionários. (BEKIN, 2004). Para o mesmo autor: “Enquanto o marketing atrai e retém clientes, o Endomarketing atrai e retém funcionários, que, por sua vez, retêm clientes”. Para Bekin (2004), empresas que incorporam o Endomarketing à gestão, a direção se compromete com a valorização dos funcionários e clientes, o 21 conhecimento se torna parte integrante da organização, os funcionários conhecem os objetivos da empresa e se esforçam para alcançar as suas metas, os funcionários estão sempre motivados pois a realização de treinamentos é contínua, a comunicação e a informação são permanentes e acessíveis a todos e as necessidades e expectativas dos funcionários são conhecidas pelos gestores e atendidas gerando um ambiente de confiança mútua. Tavares (2010) também reforça a idéia de que o Endomarketing deve anteceder ao marketing. Enfim, como o princípio de marketing está em identificar necessidades e desejos dos consumidores e clientes, e, a partir daí, desenvolver ações para saná-los, o Endomarketing deve preceder este princípio, identificando as necessidades e os desejos do público interno e também saná-los, pois o público interno constitui, além da mola propulsora dos produtos e serviços de uma organização, o elo com o ambiente externo da mesma. (TAVARES, 2010, p.47) Segundo o mesmo autor, a gestão organizacional deve considerar o capital humano, pois o funcionário contribui de forma relevante para o desenvolvimento de pesquisas, processos, produtos e serviços, além de assumir papéis de propagandista, influenciador e consumidor da organização em que trabalha. Para Mendes (2004), as relações existentes entre a empresa e o empregado completam o relacionamento da mesma com os clientes externos e é fundamental o compromisso dos funcionários para com a empresa quando se busca oferecer serviço de qualidade. Grönroos (2009) afirma que o marketing interno é uma estratégia gerencial, pois funcionários que não recebem treinamento de maneira adequada se comportam de forma indevida diante dos clientes levando ao insucesso da organização. O autor completa dizendo que de nada adianta investir dinheiro e esforço no marketing interno se a alta administração não compreende a importância do Endomarketing como uma ferramenta gerencial que exige suporte ativo e continuo. O mesmo autor discute que marketing interno quando não administrado adequadamente ou for inexistente na empresa, o cliente externo perceberá a falta de qualidade através do contato com o funcionário e o marketing externo estará comprometido. Mendes (2004), afirma que praticar Endomarketing é o mesmo que saber ouvir os funcionários, oferecer condições propícias de trabalho, atrair e conservar 22 profissionais de talento reconhecendo-os e recompensando-os pelos serviços prestados além de ter uma gestão transparente. Para a autora, esses fatores são fundamentais para a fidelização de relações dentro da empresa e a promoção de motivação e comprometimento no sentido de oferecer serviços de qualidade ao público externo e demonstrar satisfação e orgulho pela em presa em que trabalham. Para Silva (2007) o Endomarketing exerce a sua importância estratégica no momento em que leva a empresa a se adequar a um mercado voltado para o cliente, cumprindo as exigências do marketing, pois, segundo ele, “se cada empregado for multiplicador da boa imagem da empresa, os produtos fabricados por ela também serão bem aceitos pelos seus clientes”. Neto (2009) reforça a idéia de que o Endomarketing faz parte da estratégia empresarial como elemento de organização, evolução e comercialização de produtos. O autor acrescenta dizendo que “Empresas que buscam diferencial no mercado por meio da valorização das pessoas apostam na intensa comunicação de seus objetivos para a força de trabalho”. Para ele, faz-se necessário enxergar o empregado como cliente e criar um sistema de propaganda interna mostrando a qualidade do produto ou serviço oferecido pela empresa primeiro ao seu funcionário. Para Brum (2010), a empresa deve pensar em se posicionar não só para fora como para seu empregado para que se tenha uma relação de credibilidade entre ambos. O ideal, segundo a autora, é que a empresa mantenha sua imagem e oferta na mente do seu cliente interno. Grönroos (2009, p. 341) evidencia que “o marketing interno significa dois tipos de processos de gerenciamento: gerenciamento de atitudes e gerenciamento de comunicações”. Para ele, em primeiro lugar, atitudes e motivação dos empregados devem ser gerenciados no sentido de conscientizá-los sobre os clientes e serviço a ser realizado como forma de desenvolvimento de diferencial competitivo em alguns casos. Em segundo lugar, o autor coloca a necessidade da comunicação e da disseminação de informações como um meio de expor as tarefas a serem executadas, discutir as características do bens ou serviços e esclarecer os objetivos da empresa quanto à campanhas publicitárias e tratamento dado ao cliente, por exemplo. 23 De acordo com Rubio et. AL (2008, p. 30) o Endomarketing difunde uma linguagem cultural para toda a empresa, através do estabelecimento de valores e do comprometimento dos funcionários, visando: a) A prática dos valores estabelecidos como base da nova cultura; b) A manutenção de um clima ideal de valorização e reconhecimento das pessoas; c) A obtenção de índices maiores de produtividade e qualidade, com a conseqüente redução de custos; d) O estabelecimento de canais adequados de comunicação interpessoal, que permitirão a eliminação de conflitos e insatisfação, que possam afetar o sistema organizacional; e) A melhoria do relacionamento inter-pessoal; f) O estabelecimento da administração participativa; g) A implantação de ações gerenciais preventivas. Bekin (2004) considera que o Endomarketing admitiu ser mais que um novo conceito e passou a ser visto como uma nova postura, uma ferramenta que corresponde a uma abordagem diferenciada de mercado e de construção da estrutura organizacional. O mesmo autor também concorda e evidencia que a utilização estratégica do marketing interno exige uma necessidade de mudanças nas empresas. A Revista Exame1 realiza uma publicação anual que apresenta um ranking das melhores empresas para se trabalhar, pois são destaque na gestão de pessoas. Segundo a publicação de 2010, as empresas consideradas exemplos de gestão tem características similares na execução da política de Recursos Humanos, como investimento no recrutamento e qualificação dos funcionários, manutenção de um ambiente motivador e inspirador, investimento em treinamento e desenvolvimento e 1 Você s/a|Exame. 150 melhores empresas para você trabalhar. Edição Especial 2010. 24 retenção de talentos não só dos funcionários como dos líderes, fortalecer a comunicação e manter uma equipe engajada comprometida com os valores da empresa e dispostas a alcançar as metas estabelecidas e preparação para inovações e mudanças em um cenário globalizado e competitivo como o atual. A mesma publicação enfatiza que os desejos de manter uma cultura de valorização e especialização dos funcionários de forma a elaborar estratégias e políticas de crescimento das empresas não é desejo apenas de organizações médias e grandes, mas também, das pequenas que observam que para acompanhar o ritmo do mercado precisam inovar seus processos de gestão, manter um clima empresarial satisfatório e investir na profissionalização dos seus empregados. De acordo com matéria publicada no Jornal Gazeta do Povo 2, o Endomarketing é capaz de: • Fornecer melhores condições de trabalho aos colaboradores, assim como mostrá-los o quanto a empresa se preocupa com eles; • Minimizar o negativismo de algumas decisões que porventura a empresa precisa tomar; • Esclarecer problemas e crises; • Garantir o bom fluxo de informações dentro da empresa. O que é pertinente a quem; • Valorizar o trabalho de áreas e colaboradores; • Bonificar os colaboradores em datas específicas. Segundo o mesmo Jornal, o marketing interno é uma forma de convencer aos funcionários de que a empresa é boa para se trabalhar. A organização também deve se conscientizar que campanhas de conscientização podem ser feitas a todo o 2Coluna Talento em Pauta. Jornal Gazeta do Povo. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml? tl=1&id=1006643&tit=Endomarketing > Acesso em 03 de Novembro de 2010 < 25 momento, desde que os gestores achem necessário propor mudanças e melhorias na empresa. O Endomarketing deve ser coerente ou estar de acordo com a gestão da empresa, com as atitudes assumidas pelos seus diretores, com a imagem da sua marca, produto ou serviço oferecido e com o nível cultural e social dos funcionários. (BRUM, 2010). 2 Comunicação Interna 2.1 Comunicação Interna e Endomarketing De forma breve, “comunicação interna é a comunicação existente entre a empresa e o público interno” (TAVARES, 2010, p. 15). Portanto, comunicação interna representa a comunicação entre os diversos órgãos e departamentos da empresa, entre as pessoas que compõem essas unidades, entre os chefes e entre funcionários e sua chefia. Brum (2010, p. 41) diz que comunicação interna é a “ação de tornar comum: objetivos, estratégias e resultados”. A autora define os objetivos como o “patamar que a empresa deseja chegar”, a estratégia como os deveres de todos para que “a empresa chegue a esse patamar” e os resultados como a comemoração dos resultados alcançados. Segundo o mesmo autor, uma empresa é composta de fluxos de informações que vão desde a comunicação entre funcionários de um mesmo setor à comunicação entre funcionários que pertencem a hierarquias diferentes. Para ele, é importante que a comunicação interna gere informações transparentes e acessíveis processos organizacionais. A prática do Endomarketing visa melhorar o fluxo de comunicação interna entre funcionários e a organização como um todo, pois ele atua na gestão da comunicação interna e na motivação dos funcionários para realização das suas funções. (TAVARES, 2010). Partindo-se da premissa de que o Endomarketing é uma ferramenta que auxilia na motivação dos empregados, julga-se necessário se apropriar da comunicação interna para alcançar os objetos de um plano de marketing interno, uma vez que esse plano só obtem sucesso uma vez que a comunicação divulga ações e repassa as metas que a organização almeja. (BRUM, 2003). 26 Para Bekin (2004, p. 51), o Endomarketing sugere que as estratégias empresariais sejam comunicadas a todos os funcionários a fim de que todos saibam do efeito do seu trabalho sobre elas, afinal “boa comunicação ajuda a melhorar a satisfação no trabalho e na coordenação interfuncional”. Ainda Segundo Tavares (2010), quando a comunicação é trabalhada de forma planejada, ela tem a capacidade de motivar e integrar o público interno da organização. Em suma, a comunicação interna, que é gerenciada pelo Endomarketing, é a base dos processos administrativos, implicando em melhoria de produtividade do público interno, podendo gerar eficiência tanto na comunicação de marketing como na comunicação institucional. (TAVARES, 2010. pg. 51). Segundo Brum (2010, p.40), “existem quatro formas de nos comunicarmos: falando, ouvindo, lendo e escrevendo”. Ela reforça a idéia de que com a modernização das empresas, as pessoas estão perdendo o hábito de falar e ouvir, pois utilizam sistemas de mensagens eletrônicas e por vezes não expõem suas opiniões nas discussões dos assuntos, o que não é saudável para a organização. Em “Comportamento Organizacional”, Robbins (2005) explicita que a comunicação tem a função de controlar, motivar, expressar emoções e informar. O autor trata da importância desses quatro elementos para o desenvolvimento organizacional observando que as empresas devem ter controle sobre seus funcionários, saber motivá-los a um maior empenho, e oferecer condições para que se expressem emocionalmente e sejam capazes de tomar decisões. A comunicação é importante para qualquer empresa, independente do porte ou ramo de atuação e deve tornar comuns objetivos, estratégias e resultados. (BRUM, 2010, p. 40 e 41). A autora completa dizendo que “a comunicação interna é a linha mestra que gerencia a entrada e a saída de informação, possibilitando o alcance dos objetivos organizacionais”. Para ela, a comunicação alinha o pensamento das pessoas às políticas, estratégias e diretrizes da empresa. Na visão de Bekin (2004, p. 97) “no local onde não há comunicação, predominam o boato, a insatisfação”. O autor enxerga a comunicação como uma ferramenta que gera comprometimento e motivação. Ele ainda acrescenta que a 27 empresa que incorpora o Endomarketing admite a postura de saber ouvir o funcionário, reconhecendo-o e valorizando-o. Uma empresa que deseja que os funcionários estejam comprometidos com os seus objetivos é preciso que faça com que a comunicação seja feita primeiramente com o público interno para então se direcionar aos clientes (JUNIOR et. al. 2007) A empresa que se comunica bem com os seus funcionários certamente tem um bom nível de comunicação com o seu público externo. Daí a necessidade de gerenciamento da comunicação para que ela abranja todos os níveis organizacionais e não seja comprometida. Esses cuidados são necessários para que a comunicação com os clientes também seja beneficiada. (BEKIN, 2004). “A comunicação empresarial é um dos fatores mais importantes a ser considerado em qualquer programa de Endomarketing e traz reflexos imediatos e profundos no relacionamento entre empresa e colaboradores”. (SUSIN, 2003, p.37). O autor completa dizendo que clareza, objetividade, foco na comunicação além da observar se o que foi dito realmente foi entendido pelos receptores evita distorções e conflitos no grupo de funcionários. Bekin (2004) acrescenta que a comunicação exige feedback e por isso se faz necessário que os gestores realizem reuniões periódicas ou processos de avaliação para que os setores da empresa interagem entre si e desenvolva a comunicação incorporando-a à cultura da empresa. Quando a comunicação é tratada como uma ferramenta estratégica, ela favorece as relações internas e os processos de interação com o público externo. As organizações que desejam implantar um modelo de gestão estruturado devem apostar na comunicação, que torna-se uma função e responsabilidade de toda empresa. (CARDOSO, 2006). Segundo LUCAS (2007), o ato de comunicar-se é fundamental para as organizações e concretização das ações empresariais. É uma forma de diferenciação das empresas e valorização dos empregados. A autora completa dizendo que a valorização e qualificação da comunicação interna constituem-se em importantes fatores diferenciais para as organizações, pois, a partir do momento que a organização possui uma cultura voltada para as ações internas, as ações externasse tornam mais claras e simples de serem analisadas. Na visão de Brum (2010), por vezes os gestores, ao identificar problemas na organização, os julgam ser de responsabilidade dos empregados e não percebem 28 que as causas do problema podem estar na falta ou na má comunicação existente na empresa para com seus funcionários. Melo (2009) afirma que a comunicação interna tem como objetivos: • Informar e integrar funcionários; • Tornar os empregados conhecedores do ambiente de trabalho e das mudanças que ocorrem nele; • Tornar os funcionários participantes do processo de gestão; • Facilitar a comunicação empresarial. 2.2 O Gerenciamento de informações Brum (2003) considera a informação é fruto da comunicação interna e deve ser disseminada para toda a organização pela sua direção que é quem a cria e detém. A autora ilustra o processo através de uma pirâmide que mostra no topo a direção da empresa como responsável pelo produto que é a comunicação. Logo abaixo, vem as chefias intermediárias que fazem a intermediação dessa informação para os demais funcionários. Na base da pirâmide encontram-se os empregados comuns, que a autora julga serem os responsáveis para passar as informações para os clientes, uma vez que eles são os que têm um maior contato com os clientes externos. 29 Fonte: BRUM, Analisa de Medeiros. Respirando Endomarketing. Porto Alegre: L&PM, 2003. Figura 1 – A pirâmide organizacional e a informação Para Brum (2010), as empresas devem enxergar a informação como um benefício, que faz com que o empregado sinta-se parte do processo organizacional e trabalhe com foco nos objetivos da empresa. Segundo a autora, algumas organizações já têm ciência de que a informação é fruto da comunicação interna que aproxima empresa e empregados. Para ela, a necessidade de um programa de Endomarketing se aproxima da idéia de que os recursos dessa ferramenta adotados pela empresa fazem com que a informação flua internamente. A informação tem papel importante no sentido de fazer com que os funcionários se envolvam com os objetivos e propósitos da empresa na busca de qualidade para o consumidor final. O público interno age como formador e disseminador de opiniões e informações. (BRUM, 2010) No momento em que uma empresa decide democratizar a informação internamente, permitindo que os funcionários saibam mais sobre a empresa, seus processos, mercados, produtos, serviços, metas e desafios, faz que se sintam parte do processo e, portanto, determina um nível maior de motivação pelo simples fato de colocá-los numa posição de importância. (BRUM, 2010, p. 100) Uma análise relevante feita por Brum (2010) gira em torno da importância de se trabalhar o processo da informação e da empresa ser consciente disso. Segundo ela, por vezes, as empresas não tem uma cultura preparada para isso e pecam por 30 passar informações de maneira informal, o que dificulta a realização eficaz dos processos internos e a estruturação da comunicação interna. A entrada e a saída de informação da empresa devem ser gerenciadas pela comunicação interna a fim de facilitar o alcance dos objetivos e metas organizacionais. (BRUM, 2010). A autora também afirma que a informação e a integração são ferramentas de motivação de pessoas utilizados pelos programas de Endomarketing. “Os funcionários recebem informações abundantes, mas muito pouco incentivo. E ocorre muito pouca comunicação”. (GRÖNROOS, 2009. p. 342). O autor pretende dizer com essa frase que muitas informações passadas aos funcionários não exerce nenhuma influência nos mesmos se não houver uma mudança de atitudes e a motivação for reforçada. “Sem a informação coerente, clara, verdadeira, lógica, centrada e bem trabalhada, não existem empregados motivados, por maiores que sejam os benefícios e incentivos” (BRUM, 2010, p. 103). A autora revela que quando não existe informação na organização, as pessoas ficam livres para criá-las à sua maneira. Bekin (2004) ressalta que, empresas de serviços que tem um foco no cliente têm de ter uma estrutura organizada além de serem baseadas em informações, não esquecendo que todos os níveis da organização devem estar integrados e agirem de forma cooperada. A essência do Endomarketing é que os funcionários produzam mais e de forma melhorada e a disseminação de informações claras, transparentes e que agregam valor contribui para esse objetivo. (BRUM, 2010). A autora ressalta que quando uma informação é reconhecida como beneficio pelos funcionários, significa que ela está sendo fundamental para a construção do relacionamento do mesmo com a organização. “Endomarketing serve exatamente para isso: dar valor e visibilidade para a informação, permitindo que o público interno a reconheça de forma positiva, independente de qual seja o conteúdo” (BRUM, 2010, p. 70). 2.3 Desenvolvimento Organizacional 31 O conceito de Desenvolvimento organizacional é muito abrangente o que dificulta uma definição exata do mesmo. Robbins (2005, p.429) diz que: “Na realidade, é um termo utilizado para englobar uma série de intervenções de mudança planejada, com base em valores humanos e democráticos, que buscam melhorar a eficácia organizacional e o bem-estar dos funcionários”. Segundo Robbins (2005), o comportamento organizacional é um campo de estudos que se preocupa com o impacto que as pessoas causam nas organizações e como esse comportamento influencia diretamente no desenvolvimento e desempenho organizacional. Há uma diferença entre envolvimento e comprometimento organizacional. O primeiro corresponde a uma identificação com o trabalho realizado, enquanto o segundo representa uma situação em que o funcionário se identifica com a organização em que trabalha assim como com os seus objetivos e deseja se manter parte dela (ROBBINS, 2005). Brum (2010) comenta que a empresa que contribui para uma a construção de um ambiente organizacional mais agradável deve seguir dois caminhos. O primeiro através da criação e manutenção de canais de comunicação com regras claras, mensagens e papéis definidos. O segundo caminho aponta para o respeito das diferenças que existem entre as pessoas e sua utilização para o crescimento pessoal e organizacional. “O homem é apenas 10% vocação e 90% adaptação. Isso significa que nunca é tarde para que a pessoa aprenda a gostar daquilo que faz e da empresa na qual trabalha.” (BRUM, 2010. p. 133). A autora concorda que um ambiente que proporciona bem-estar físico e psíquico deve ser proporcionado pelas empresas, no sentido de fazer com que as pessoas sintam-se motivadas e determinadas a cumprir as suas tarefas. A motivação surge nesse contexto como um ânimo que impulsiona a pessoa a agir e alcançar metas e resultados através da persistência e do seguimento de uma direção. (BRUM, 2010). Bekin (2004) destaca que o Endomarketing auxilia no conhecimento das motivações, anseios e expectativas dos funcionários, podendo, assim, adequá-los à organização colocando as pessoas certas nos locais certos. O autor afirma que, em se tratando de motivação valorização, os funcionários esperam que a empresa 32 reconheça a sua importância e do trabalho realizado, ter uma remuneração adequada e a possibilidade de crescimento profissional. A motivação é um processo que “forma uma seqüência constituída pelas seguintes etapas: estímulo, esforço, desempenho, valorização, recompensa, satisfação e comprometimento.” (BEKIN, 2004, p. 88). Bekin (2004, p. 89 e 90) afirma que um processo de motivação deve incluir de forma coerente e organizada: 1. Prioridade para a motivação do grupo de trabalho, com incentivo à parceria, à cooperação e à lealdade; 2. Valorização do indivíduo no grupo; 3. Integração baseada nos valores e objetivos da empresa; 4. Reforço contínuo de uma atitude baseada em valores compartilhados; 5. Recompensas e prêmios dirigidos ao grupo para que todos se beneficiem dos resultados positivos; 6. Criação de um ambiente de interação na empresa; 7. Envolvimento dos funcionários no planejamento e na tomada de decisões; 8. Estímulo à iniciativa e à atitude criativa; 9. Delegação de poderes de acordo com a natureza da função exercida, e 10. Remuneração adequada. Os seis primeiros itens citados fazem uma referência ao grupo em geral, sendo uma prioridade para a empresa investir no desempenho coletivo para que obtenha ganhos de produtividades esperados, uma vez que o grupo que faz a harmonia da empresa. Já os quatro últimos elementos priorizam os indivíduos. O autor ainda diz que a valorização do indivíduo deve ser resultado da função que ele exerce no grupo. (BEKIN, 2004). Para Moreira e Tófani (2008) A motivação é um processo que tem como objetivo comprometer o funcionário com as causas e objetivos da empresa para integrá-lo a cultura organizacional. Este comprometimento sugere um aprimoramento do desempenho do funcionário através de sua valorização e sua satisfação como indivíduo que pertence a uma organização. 33 Na visão de Brum (2010), uma das maiores dificuldades das empresas é conseguir unificar os comportamentos dos seus funcionários. Quando não há comprometimento é difícil desenvolver estratégias e muito menos garantir resultados. As organizações devem buscar exercer uma postura de sintonia com os empregados, ser transparente através da clareza no repasse de informações a ações de comunicação interna, democrática por meio do estímulo à participação e ter foco na definição de metas. Na visão de Robbins (2005), em empresas de serviços, funcionários satisfeitos são indicadores de aumento da satisfação e lealdade dos clientes, pois um bom ou um mau atendimento implicam na retenção ou perda de clientes respectivamente. O autor expõe quatro conseqüências consideradas indícios de insatisfação no trabalho: • Saída, através de abandono ou pedido de demissão; • Negligência por meio de atrasos ou diminuição do empenho; • Comunicação através da discussão dos problemas e sugestões de melhorias; • Lealdade ou crença de que as condições de trabalho podem mudar. O autor demonstra, através de um quadro, esses quatro tipos de comportamentos que podem ser construtivos (lealdade e comunicação) ou destrutivos (saída e negligência). Nesse quadro, o autor também expõe que a saída e a comunicação correspondem a linhas diretas ou decisões que são tomadas com determinação, representando comportamentos ativos. Já a negligência e a lealdade são comportamentos passivos, um tipo de atitude utilizado por pessoas que querem agradar aos outros ou até mesmo evitar conflitos. O autor afirma que todos os quatro tipos de comportamentos apresentados no quadro devem ser gerenciados no intuito de promover uma melhor adequação do funcionário ao ambiente de trabalho e garantir a sua satisfação em relação à empresa. 34 Fonte: ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. 11. Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 536 p. Figura 2 – Respostas para a insatisfação com o trabalho Segundo Kienen e Wolff (2002), antes de se tentar fazer melhorias no comportamento das pessoas no ambiente de trabalho, é preciso que os gestores tenham uma consciência voltada para a necessidade de mudança no próprio ambiente organizacional. Brum (2003) afirma que o melhor caminho que as empresas têm a seguir para promover a motivação de seus funcionários é passando para eles mensagens inspiradoras e coerentes, que os ajudem a se posicionar positivamente em relação à empresa em que trabalham. Bekin (2004) adiciona a esse pensamento a idéia de que para motivar um funcionário é preciso reconhecer o trabalho que ele realiza, assim como a sua importância como individuo dentro da empresa, além de oferecer remuneração adequada e possibilidade de avanço profissional. Brum (2010, p. 137) diz que há várias maneiras de a empresa desenvolver a motivação dos funcionários e fazer com que ele se sinta parte do processo de gestão através de algumas oportunidades como promovendo um espaço de aprendizagem e desenvolvimento, utilizando a criatividade, dando autonomia aos 35 empregados, fazendo-os assumir maiores responsabilidades e usufruir de benefícios e incentivos, através da participação de programas de integração e do recebimento de um alto e bom nível de informação. A promoção de estímulos pela empresa auxilia na elevação da motivação. A empresa pode dotar os funcionários de informações para que realizem um bom trabalho, cumprimentá-los e elogiá-los pela boa execução das tarefas ou pelo desempenho conquistado, solicitar idéias e envolvê-los com questões e decisões tanto do trabalho em geral como da área em que atua. (BRUM, 2010, p. 139). Entretanto, a autora afirma que a utilização da mesma recompensa todos os anos e a utilização de ameaças ou coações para que uma tarefa seja realizada, constituem “técnicas de afastamento empresa/empregado que prejudicam qualquer programa de gestão”. Brum (2010) afirma que como não há fórmula para que uma empresa obtenha maior motivação de seus empregados, ela só pode estimulá-los através da comunicação utilizando-se de duas ferramentas: a informação e a integração. A autora completa dizendo que o Endomarketing é o melhor caminho para disseminação de informações e de envolvimento e comprometimento dos empregados com a organização. Tavares (2010) concorda que 50% da motivação é de responsabilidade do próprio funcionário (automotivação), enquanto que os outros 50% cabe à empresa se responsabilizar. Da parte que cabe aos funcionários, os mesmos devem procurar melhorar a autoestima através de pensamentos positivos, não deixar se abater pelo cansaço da rotina do trabalho, se valorizar por realizar determinada tarefa mesmo que ela seja demasiadamente operacional, ser autocrítico, traçar objetivos e metas para si, reservar um tempo para descansar e se divertir, dar paradas estratégicas em momentos de muito pique para desviar o pensamento do trabalho e diminuir o estresse diário. (TAVARES, 2010). Os 50% de motivação controlados pela empresa devem ser gerenciados da seguinte forma: através de ações proativas que atrairá a participação dos empregados e melhorará seu desempenho, por conta disso, os funcionários estarão mais aptos e conscientes sobre a importância de desempenhar melhor um serviço, o que provocará um maior comprometimento do público interno, a empresa deve valorizar os funcionários pelas ações que eles fazem e incentivar a sua qualificação. 36 Os passos citados promovem uma maior integração entre todos os departamentos. (TAVARES, 2010). Para Silva et. al. (2010, p. 88), “a motivação é um dos principais fatores que ajudam no bom desempenho do trabalho”. Para os autores, uma das maiores causas da insatisfação no trabalho decorre do fato de, os gestores, não valorizarem o lado humano da organização e não investir nas pessoas no sentido de treiná-los e motivá-los. Os autores ainda completam dizendo que muitos gestores só pensam na retenção de lucros e na quantidade de vendas realizadas ou serviços prestados sem se dar conta de que o principal recurso para conseguir as metas e objetivos são os funcionários, que motivados estão capacitados para exercer as funções com responsabilidade e eficácia produzindo resultados satisfatórios. Siqueira e Gomide Junior (2004) reconhecem que a satisfação no trabalho está relacionada com cinco fatores: o próprio trabalho, a remuneração, os colegas de trabalho, o supervisor ou chefe e as promoções, como demonstrado na figura. Segundo ele, essas cinco forças exercem as principais influências para um empregado medir qual o seu grau de satisfação com a organização em que trabalha. Se algum desses fatores é avaliado negativamente pelos funcionários, é uma indicação de que ele pode estar insatisfeito com a organização, cabendo à empresa utilizar ferramentas e proporcionar melhorias para motivá-los. 37 Fonte: SIQUEIRA, M.M.M.; GOMIDE JÚNIOR, S. Vínculos do Indivíduo com o Trabalho e com a Organização. In: ZANELLI, J.C.; BORGES-ANDRADE, J.E.; BASTOS, A.V.B. (Orgs.). Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004. FIGURA 3 – Cinco fatores de satisfação no trabalho 3 Marketing e Endomarketing 3.1 Uma breve introdução ao Marketing Kotler (1995), ao definir Marketing utiliza uma abordagem que engloba vários conceitos como necessidades, demandas, desejos, produtos, serviços, valor, custo, relacionamentos, mercados, empresas e consumidores, conceitos estes que ele enxerga como pontos chaves para o entendimento do Marketing. O autor ilustra esses conceitos através de uma figura. Fonte: KOTLER, Philip. Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação e Controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1995. 694 p. 38 FIGURA 4 - Conceitos centrais de Marketing ‘’Marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros’’. (KOTLER, 1995, p. 27). Retomando a importância do Marketing como um processo gerencial que cria valor em todos os ciclos da cadeia que cria produtos ou fornece serviços, Tavares (2010, p. 81) define o Marketing de uma forma que ele diz ser “ampla e atual e polêmica”: Marketing é um processo administrativo de produto, serviço, preço, distribuição e comunicação, que visa identificar as necessidades e influenciar nos desejos dos públicos internos e externos de uma organização, de forma a satisfazê-los eficazmente. Cuidar da imagem da mesma, orientando-as para futuros e novos mercados. Bekin (2004, p. 24) explana que o conceito de marketing engloba todas as atividades de uma empresa: “é o processo que envolve concepção, produção, fixação de preço, promoção e distribuição de produtos ou serviços com a finalidade de satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes”. Para Brum (2010), o marketing teve origem como uma ferramenta capaz de entender os desejos do consumidor e oferecer direcionamentos para as estratégias que visam atender a essa necessidade. Kotler (1995), ao introduzir o conceito de marketing de relacionamento, chama atenção para a importância do desenvolvimento de confiança e construção de relacionamentos duradouros entre a empresa, consumidores, distribuidores e membros da cadeia produtiva. O autor propõe que as empresas criem redes de relacionamentos que não envolvam somente a troca de bens e serviços, mas de informações e comunicações. KOTLER, Philip. Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação e Controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1995. 694 p. FIGURA 5 - Sistema de Marketing simples 39 Kotler (2000) esclarece os significados de valor e satisfação para os clientes. Segundo ele, valor implica benefícios, o que o cliente espera de um determinado produto ou serviço. A satisfação do cliente é “sensação de prazer ou desapontamento resultante da comparação do desempenho (ou resultado) percebido de um produto em relação às expectativas do comprador”. (KOTLER, 2000, p.58). O autor afirma que um alto grau de satisfação do cliente com a marca, gera um vinculo emocional de preferência por esta marca e conseqüente fidelidade. 3.2 Endomarketing, Marketing e Setor de Serviços Bekin (2004) chama a atenção para uma realidade em evidência atualmente que o mundo corporativo está cercado de serviços e não apenas produtos, já que estes últimos possuem um serviço agregado. Mendes (2004) afirma que constitui um desafio para as empresas de serviços o gerenciamento de expectativas e percepções. Segundo a autora, no setor de serviços, o cliente não compra um produto específico, mas sim, promessas de que as suas necessidades serão saciadas e lhes trará satisfação. A dificuldade em administrar os serviços reside justamente no fato de do seu gerenciamento eficaz depende a sobrevivência da empresa, pois o cliente está cada vez mais exigente. Para Grönroos (2005) serviços são mais difíceis de administrar que um bem físico, pois constituem um resumo de benefícios e satisfações que tem como características a intangibilidade, heterogeneidade, simultaneidade, perecibilidade e participação docliente no processo como demonstra o quadro a seguir. O serviço envolve muito mais a participação do cliente e exige um maior esforço por parte dos funcionários em cativá-los e mantê-los. 40 Fonte: adaptado de Grönroos (2005) Quadro 2 – Diferenciação entre bem físico e serviço Os serviços são fontes de vantagens competitivas quando bem geridos, de forma a proporcionar algum valor na percepção do cliente. (GRÖNROOS, 2009). Para o autor, deve haver uma harmonia entre os marketings interno, externo e interativo, e um aliado eficaz para se fazer isso é o Endomarketing. Fonte: GRÖNROOS, Christian. Marketing Gerenciamento e Serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 424 p. FIGURA 6 - Triângulo de serviços 41 O Endomarketing é uma ferramenta que permite a construção de uma cultura de serviços, pois enfatiza os relacionamentos e edifica a imagem empresarial. Ao mesmo tempo, o marketing interno auxilia na elaboração de uma estratégia de marketing eficaz. (MENDES, 2004). Na visão de Mendes (2004), uma empresa pequena tem mais chances de se orientar para o mercado que uma empresa grande, no sentido da facilidade de se tomar decisões e gerenciar a comunicação. Ela completa dizendo que há uma maior facilidade de implantar o Endomarketing nesses casos, pois consome menos tempo e os resultados são mais bem mensurados. Entretanto, a autora atenta para a questão de que, para essas empresa, o programa pode ter um custo alto e exigir grandes esforços financeiros. Atualmente percebe-se que o Marketing e as organizações trabalham de forma conjunta e cooperada de modo que todos os departamentos internos tenham um único foco: os clientes. Isso só fortalece a idéia de que o foco inicial do marketing é conhecer e entender o cliente para então vender um produto ou oferecer um serviço de qualidade. Inkotte (2000) faz uma comparação interessante em relação ao mix de marketing e o Endomarketing. O autor mostra que o que para o Marketing é produto, para o Endomarketing é empresa. O preço do Marketing equivale aos custos do marketing interno. Os coordenadores do Endomarketing são vistos como os pontos de distribuição. E a promoção do Marketing é a própria comunicação do Endomarketing. O autor explicita cada composto do Marketing comparando-o com os elementos do Endomarketing e evidenciando suas diferenças através de um quadro comparativo. 42 Fonte: INKOTTE, Alexandre Luz. Endomarketing: elementos para a construção de um marcos teórico. Monografia. Santa Catarina. 2000. 144 p. Figura 7 - Quadro-resumo das diferenças entre os compostos de Marketing e Endomarketing Inkotte (2000) buscou, através desse quadro, evidenciar que o Endomarketing utiliza os conceitos de Marketing de forma adaptada ao ambiente interno da empresa. Enquanto o marketing visa atender as expectativas do consumidor, o marketing interno é adaptado para a satisfação do público interno. No que diz respeito à formação de preços o marketing considera os custos de produção e os fatores de mercado, já o Endomarketing avalia os custos que terá com treinamentos e implementação do programa. Para o autor, o marketing procura avaliar pontos de distribuição para exposição de seus produtos enquanto o marketing externo faz com que seus coordenadores assumam o programa e o coloquem em prática expondo para os funcionários. A última análise de Inkotte diz respeito à promoção e propaganda do 43 marketing para fortalecer e aquecer as vendas. O Endomarketing tem a comunicação que quando bem gerenciada dissemina informações importantes para toda a empresa. 3.3 Gestão da Marca e Endomarketing “Uma marca é um nome, termo, símbolo, desenho – ou uma combinação desses elementos – que deve identificar os bens ou serviços de uma empresa ou grupo de empresas e diferenciá-los da concorrência”. (KOTLER, 2000. P. 426). Kotler (2000) afirma que a marca não é apenas um nome, ela deve significar o valor, a cultura e a personalidade da empresa, já que, uma vez constituída, pode promover ou destruir um produto ou serviço. Para Nunes (2003), a marca constitui um fator estratégico para qualquer organização, seja ela não-governamental, comércio ou indústria, podendo influenciar clientes, parceiros e funcionários, além de atrair investidores. O autor aponta a necessidade de se gerir uma marca observando a sua relevância no sentido de proporcionar vantagem competitiva para as empresas. A marca pode fazer com que a empresa aumente suas vendas e tenha maior reconhecimento e lealdade do consumidor apontando a sua relação com o mercado. Entender como a marca pode agregar valor à organização e avaliar se as estratégias da empresa adicionam valor à marca constituem um desafio para as empresas. (NUNES, 2003). Limas (2009) vê a gestão da marca ou “branding” como uma forma de fazer um estudo estratégico e gerenciamento das marcas junto ao mercado. Segundo ele, para que a empresa apresente uma boa marca para o mercado, ela precisa primeiro trabalhar seus funcionários, que são seus primeiros consumidores, obedecendo ao principio do Endomarketing. Segundo Grönroos (2009, p. 294), o cliente forma uma imagem em relação ao serviço que lhe é oferecido, que é o chamado valor da marca, o que faz com que ele 44 diferencie bens ou serviços oferecidos pelas empresas. O autor completa o pensamento afirmando que “a marca é criada na mente de um cliente seguindo um fluxo de contatos com a marca”, criando relacionamentos com a marca. Para o mesmo autor, quando se trata de serviços, não adianta ter uma comunicação planejada de marketing se o serviço prestado aparecer negativamente para o cliente e não cumprir o que a marca propõe. Ele ilustra que o processo de “branding” favorece que a imagem da marca cumpra a sua promessa através das experiências que o cliente tem com a empresa e o serviço prestado, como se pode ver na imagem abaixo. O autor ressalta que primeiramente deve se fazer uma análise da imagem da marca, para então, através de uma comunicação de marketing criar uma consciência da marca. Nesse processo, as experiências que os clientes têm com a empresa e o serviço prestado formam o cumprimento da marca. Fonte: GRÖNROOS, Christian. Marketing Gerenciamento e Serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 424 p. FIGURA 8 – Processo de branding Bekin (2004) lembra que o branding também pode ser feito internamente como forma de avaliar a percepção dos funcionários sobre a marca da empresa e das pessoas com quem eles se relacionam a exemplo dos familiares e amigos. Também é uma forma de manter os funcionários engajados com os compromissos 45 da empresa no que diz respeito à manutenção da qualidade e do bom posicionamento no mercado. Grönroos (2009, p.297), resume que, para que uma marca de serviços se estabeleça na mente do cliente e no mercado, é necessário levar em consideração os seguintes aspectos: • A tarefa principal do processo de branding é gerenciar os processos (de produção) do serviço de modo que eles proporcionem ao cliente contatos positivos com a marca e mensagens de marca correspondentes, que criam um relacionamento favorável com a marca; • Os esforços de comunicação planejada de marketing são apenas atividades de suporte na criação de relacionamentos com a marca; • Somado a isso, permitir a marca através de esforços internos (branding interno) é necessário a fim de preparar e motivar os empregados da organização e, por exemplo, em organizações de distribuidores e outros parceiros da rede, a fim de contribuir ativamente para o cumprimento bem-sucedido da marca. O valor da marca que é transmitido de forma explícita tem que estar de acordo com os valores internos da empresa e seus empregados. Grönroos (2009) observa que o branding interno se identifica com o marketing interno. Bekin (2004) concorda que o branding interno é um dos meios mais eficazes de integrar funcionários, observando seus talentos e motivando-os ao apresentar e tratar a empresa e seus produtos ou serviços de forma diferenciada para eles. 3.4 Endomarketing e Imagem Corporativa Para Tavares (2010), o Endomarketing contribui para a melhora da imagem organizacional, pois, a partir do momento que os funcionários estão motivados e enxergam a organização como algo que realmente agregue valor tanto interna como externamente, ele irá passar uma boa imagem para o ambiente externo da empresa. 46 Se cada empregado for multiplicador da boa imagem da empresa, os produtos fabricados por ela também serão bem aceitos pelos seus clientes. (SILVA, 2007). Em entrevista à revista Expresso Fiat3, Bekin afirma que, ao comprar um produto, o cliente não observa apenas a sua qualidade, preço ou design. Segundo ele, o comportamento do vendedor tem um impacto significativo na construção da marca e imagem da empresa. O autor considera o empregado uma pessoa que personifica a empresa e é responsável pelo seu marketing. A imagem de uma empresa representa os valores que os clientes associam à organização em relação à sua comunicação e operações sob vários aspectos. Grönroos (2005, p. 300) apresenta quatro papéis que a imagem pode ter: • Imagem comunica expectativas; • Imagem é um filtro que influencia percepções; • Imagem é resultado de expectativas, bem como de experiências; • Imagem causa um impacto interno sobre funcionários, bem como um impacto externo sobre clientes. O autor afirma, em relação aos quatro papéis supracitados, que uma imagem positiva favorece a propaganda boca a boca, enquanto que a negativa tem efeito contrário e a neutra não é favorável, pois não causa dano nem aumenta a eficácia da propaganda e da comunicação. A imagem age como um filtro que tem influencia na percepção do desempenho da empresa. A qualidade percebida de um serviço influencia na imagem. A clareza da imagem influencia na concepção que o funcionário tem da organização e na forma como ele se relaciona com o cliente. Grönroos (2005) expõe que a imagem da empresa expressa a sua realidade. Segundo ele, quando a organização possui uma imagem deficiente deve fazer correções internas para melhoria do seu desempenho antes que passe as dificuldades para o mercado. 3.5 Processo de Implantação do Endomarketing 3 BEKIN, Saul Faingaus. O poder para atrair clientes está em suas mãos. Expresso Fiat. Entrevista concedida à publicação interna da empresa Fiat e publicada no site:< www.endomarketing.com>. Acesso em 24 de outubro de 2010. 47 Brum (2010, p. 77) afirma que a chave de um programa de Endomarketing é a criatividade em toda a fase de “planejamento, criação e concepção de um programa de marketing interno é necessária a participação de profissionais que consigam colocar a criatividade em todas essas fases”. A autora acrescenta que a criatividade não deve existir apenas na construção do programa, e sim, durante toda a manutenção para que o comprometimento dos funcionários e da administração sejam mantidos. Para Grönroos (2009) o planejamento e implementação de um processo de Endomarketing requer que sejam levadas em conta duas diretrizes. A primeira em relação ao foco interno que deve ser compreendido e aceito pela alta direção da empresa. O que deve ser observado em relação a esse ponto é que os empregados, quando se sentem parte do processo empresarial ficam mais propensos a se comprometer com o negócio e com as estratégias adotadas. A segunda diretriz discute o foco externo, pois o impacto que o marketing externo causa é resultante do trabalho de Endomarketing feito com os funcionários. Para o autor, os dois focos devem estar alinhados e a alta direção da empresa tem de estar ciente de que o marketing interno deve ser um processo continuo com participação de todos da organização. Mendes (2004) coloca que o planejamento do Endomarketing parte da premissa de que os gestores tenham consciência da sua função de fornecer informações necessárias, acompanhar e controlar e os funcionários ofereçam o feedback dos resultados para os superiores. Bekin (2004) aponta que, para por em prática o Endomarketing, a empresa deve ter coerência nos gestos e postura da sua chefia. Um diagnóstico externo e um interno, para saber quais as percepções que os clientes e funcionários têm da empresa em relação à sua imagem. Feito isso, devem ser elaborados programas de comunicação e incentivos para o público interno visando obter resultados satisfatórios. O autor afirma que a fase do diagnóstico é primordial para avaliar o ambiente interno da empresa. Segundo Bekin (2004, p. 66), “um programa eficiente de Endomarketing tem de se ajustar à realidade da empresa”, e o diagnóstico ajuda a entender essa realidade identificando os pontos fortes e fracos da organização que norteiam sua cultura e seu ambiente interno. 48 O autor apresenta um quadro que resume as fases da aplicação do Endomarketing em serviços, começando pela análise do mercado e percepção dos funcionários em relação à qualidade percebida pelos clientes, conscientizando a gerência sobre esse processo, integrando departamentos, realizando o marketing externo, interpretando os resultados oferecidos pelo mercado e mantendo as noções de valor e qualidade adequados. (BEKIN, 2004 , p. 63). Fonte: BEKIN, Saul Faingaus. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: PrenticeHall, 2005. 186 p. FIGURA 9 – Quadro contextual para aplicação de Endomarketing em serviços Tavares (2010), diz que o diagnóstico interno pode ser feito através de pesquisas formais ou informais. Portanto essa avaliação deve compreender o nível de integração que existe entre funcionários, departamentos, de relacionamento com clientes, avaliação dos perfis dos funcionários e a qualidade e quantidade de canais de comunicação interna. O autor afirma que a implantação do programa depende da 49 analise detalhada de todos esses itens através de dois pontos de vista que são a comunicação e a motivação. Bekin (2004, p. 63) afirma que a fase do diagnóstico é necessária para fazer duas análises importantes. A primeira diz respeito à situação interna da empresa. Nesse ponto, podem existir três níveis: 1. A empresa precisa se conscientizar da importância do atendimento ao cliente para a conquista do mercado exercendo a sua missão. Sendo assim o Endomarketing age como um criador de uma nova consciência na participação e envolvimento dos funcionários na prática do marketing; 2. A empresa já possui uma cultura de serviços enraizada, mas precisa mantê-la para que os valores se tornem efetivos e sejam integrantes do cotidiano da mesma; 3. A empresa já passou pelos dois passos anteriores, porém, com o tempo e a necessidade de mudanças verifica-se que é preciso desenvolver novas ações que façam com que os funcionários tenham sempre em mente a visão da necessidade do Endomarketing. O mesmo autor ainda afirma que todo o processo de Endomarketing é definido pela atitude na conscientização do funcionário em relação ao seu comprometimento com a visão estratégica de fornecer serviços orientados para o cliente e pela comunicação, através de um sistema de informações, que envolva todos na organização no cumprimento de suas tarefas com eficiência cumprindo o que a empresa propõe ao cliente. Tavares (2010), indica que a implementação do Endomarketing requer que todas as decisões tomadas, seja elaboração de atividades de motivação, remanejamento de funcionários de acordo com as suas habilidades, ou estabelecimentos de planos de carreira, cargo ou salário visem a melhoria da comunicação interna e a motivação dos funcionários. Uma empresa que deseja implementar o Endomarketing deve observar que a quantidade de canais de comunicação não garante a qualidade da mesma, a comunicação deve visar a integração das pessoas, a empresa deve fazer uma seleção das informações importantes, deve-se ter um planejamento, todo o público 50 interno deve estar comprometido, prioridades devem ser estabelecidas, deve-se ter a consciência de que Endomarketing é um processo continuo, o marketing interno tem que se adequar à realidade da empresa e não ser uma cópia de um que deu certo em outra organização, pois cada empresa tem seu público, e a importância da comunicação e do marketing não devem ser esquecidos. (TAVARES, 2010, p. 52). Um processo de Endomarketing deve conter os seguintes tópicos: treinamento sob a ótica da educação e desenvolvimento; processos de seleção; planos de carreira; motivação, valorização, comprometimento e recompensa; sistema de informações e rede de comunicação interna; segmentação do mercado de clientes internos; cenários para novos produtos, serviços e campanhas publicitárias. (BEKIN, 2004, p. 70 e 71) Brum (2003) evidencia que, ao elaborar um plano de Endomarketing, além de se atentar para o alinhamento da cultura à realidade da empresa, deve-se observar que o marketing interno é um processo educativo que promove aprendizagem e treinamento, o público interno deve ser encantado para que tenha criatividade e promova novas idéias, a informação deve estar presente através de canais de comunicação eficientes, a organização deve ser transparente e se utilizar de mensagens simples e claras e promover impacto visual através de murais, vídeos e outros recursos. Para Bekin (2004), a principal parte da implantação do Endomarketing corresponde ao seu gerenciamento e execução. Por isso a necessidade de um alto grau de comprometimento da direção, pois é fundamental que o líder crie um modelo a ser seguido a partir do seu exemplo. Tavares (2010) ainda acrescenta a importância do controle e avaliação das ações de Endomarketing para avaliar a satisfação dos funcionários em relação ao programa e realizar possíveis ajustes. Grönroos (2009, p. 345) cita três pré requisitos para o marketing interno bemsucedido: • O marketing interno tem de ser considerado como parte integrante do gerenciamento estratégico; • O processo de marketing interno não deve ser contra-atacado pela estrutura organizacional de uma empresa ou pela falta de apoio da administração; 51 • A alta deve demonstrar constantemente liderança e apoio ativo para o processo de marketing interno. O autor afirma que o envolvimento da direção da empresa é fundamental para o sucesso do marketing interno. “O que se percebe é que a empresa que assume atitudes de Endomarketing passa a viver um processo de total entusiasmo com os resultados decorrentes dessas atitudes.” (BRUM, 2010, p. 26). Outro fato que a autora evidencia é que a empresa não deve esperar ou exigir que o retorno seja uma excelência em termos de informação, integração, motivação e comprometimento e não se deve culpar os funcionários por isso e nem desmotiválos, afinal as pessoas tem opiniões diferentes e podem se posicionar positiva ou negativamente em relação ao programa. Brum (2010) também avalia a importância de além de se fazer as campanhas de lançamento de um programa de Endomarketing deve-se atentar para a necessidade de campanhas de reforço de políticas, metas, resultados para que o marketing interno não seja visto como uma festa ou como uma situação passageira. O Endomarketing deve ser percebidos por todos da oorganização como um recurso estratégico que a empresa possui para melhoria da sua comunicação com os empregados e o mercado e um canal de integração de departamentos e setores no sentido de que toda a campanha do Endomarketing é orientada para os mercados internos e externos. (BRUM, 2010). “Os esforços de planejamento conceitual, de conteúdo, estrutural, criativo e de pesquisa podem ser contratados. No entanto, cabe à empresa manter a sua comunicação e o seu marketing interno em funcionamento.” (BRUM, 2010, p. 221). Por isso a importância de se avaliar e controlar constantemente um planejamento de marketing interno a fim de que não seja considerado pelos empregados apenas como mais um programa passageiro de motivação que acontece raramente. O Endomarketing deve ser implementado e cultivado para que faça parte da cultura da organização e esteja na mente dos seus funcionários. Brum (2010) avalia alguns fatores que são decisivos na garantia da eficácia de um programa de Endomarketing. Segundo ela, esses elementos determinam o fracasso ou sucesso do plano. 1. Saber valorizar a cultura da organização; 52 2. Tornar o Endomarketing um processo educativo através da priorização do treinamento; 3. Utilizar instrumentos que estimulem a criatividade e aproximem a empresa do funcionário; 4. Priorizar a disseminação de informações; 5. Manter a lealdade e transparência da comunicação interna; 6. As mensagens passadas na organização devem ser claras e simples; 7. 4 Realizar eventos e promover programas de benefícios. Estudo de caso 4.1 Análise do Endomarketing numa empresa do ramo imobiliário de Feira de Santana A empresa estudada nasceu com o propósito de atender todas as necessidades do mercado imobiliário de Feira de Santana, incluindo a gestão imobiliária de empreendimentos residenciais e comerciais e apoiando a formatação de negócios desde a fase de identificação do terreno, o planejamento de vendas e pós-venda. A história da empresa começou com um forte compromisso com uma empresa de construção de grande porte da região feirense, com mais de vinte anos de atuação no setor, além de outros clientes na própria Bahia e Sergipe. Quando começou as suas atividades, em 2006, a empresa viu na formação de seu fundador , um especialista em imóveis que iniciou a carreira como corretor de 53 imóveis em 2001 e hoje é empresário do setor imobiliário, a expertise de atender demandas de prospecção do setor, venda e pós-venda dos produtos buscando o entendimento das necessidades dos clientes e incorporadores. A empresa se propõe a maximizar o atendimento dos investidores e empresas por meio de um planejamento estratégico aliado ao desenvolvimento e execução dos produtos e demandas específicas de cada cliente, pautada na sua experiência e estudos sobre tendências e diretrizes sobre o setor. Atuando sempre de forma exclusiva em relação aos incorporadores e negociando produtos que não concorrem entre si nas mesmas praças, a empresa é hoje sinônimo de vanguarda no setor imobiliário, associando sua expertise e credibilidade a resultados positivos para seus clientes e parceiros. Fonte: coordenadora de RH da empresa A empresa estudada encontra-se na fase de crescimento e, quando nasceu, em 2005, era composta basicamente por seu fundador, um diretor financeiro e os corretores de imóveis que são prestadores de serviços. Em 2008, a empresa contratou mais dois funcionários, dentre os quais, um ficava na área financeira e outro na comercial. Logo após, observando a expansão no mercado, resolveu-se dividir as funções que sobrecarregavam os dois funcionários iniciais contratando mais algumas pessoas até chegar ao quadro atual de 25 funcionários (exceto corretores) incluindo Feira de Santana e Salvador, local para onde a empresa transferiu a sua sede em junho deste ano, mas continua atuando no mercado feirense, local onde se concentra a pesquisa. Desde que foi fundada, a empresa não possui uma missão e visão definidas e estruturação de cargos. Percebe-se o empenho dos seus gestores em fazer mudanças e melhorar a organização, entretanto, as decisões, por vezes, são tomadas de forma incoerente e errônea, o que provoca insatisfação nos funcionários. Uma das reclamações mais freqüentes dos funcionários diz respeito à comunicação interna. A maior queixa gira em torno da disseminação das informações, que não são passadas a todos pela alta direção e acabam por ter um reflexo negativo para os funcionários, o que proporciona o surgimento de boatos. Em conversas informais percebeu-se a necessidade que os funcionários tem de se sentir parte do processo organizacional. Há muitas queixas em relação à 54 estruturação e mobilidade dos cargos. Mesmo achando interessantes as mudanças efetuadas, ainda há muita crítica quanto à forma que as decisões são tomadas sem conhecimento prévio de quem exercerá a função. Todo o problema conjuntural da organização resultou na formação de uma estrutura complexa, com funcionários desmotivados, que não se sentem parte da empresa na consecução dos seus objetivos e deixam a sua insatisfação ser visivelmente reparada. Por ser uma empresa de serviço, esse problema é completamente relevante, uma vez que, ao atender o público externo, os empregados podem deixar transparecer o seu descontentamento e comprometer a imagem e a credibilidade da organização. Segundo relata o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 4, em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve um crescimento de 9% e o setor de serviços apresentou um crescimento de 5,9%. Nesse conjunto, as atividades imobiliárias contribuem com 1,8% como demonstra o gráfico em anexo. (ANEXO II). Em vista de um crescimento acelerado, julga-se ser de extrema importância o investimento na melhoria e qualidade dos serviços prestados pela empresa através da qualificação dos seus funcionários. 4.2 Coleta de Dados Os dados utilizados para a fundamentação da pesquisa foram coletados através da utilização de um questionário (ANEXO I). Esse questionário avaliativo conta com dez questões fechadas e foi passado no período de 3 a 5 de Novembro de 2010 na cidade de Feira de Santana para estagiários, funcionários e alguns corretores da empresa. Os resultados são demonstrados a seguir. 4.3 Apresentação e análise dos resultados Em Feira de Santana, a empresa conta com 20 funcionários, 10 estagiários e 120 corretores, totalizando 150 colaboradores. Vale ressaltar que a maioria dos corretores estão trabalhando em cidades circunvizinhas, motivo este que dificultou 4 Fonte: site do IBGE: www.ibge.gov.br. PIB cresceu 9,0$ em relação ao mesmo trimestre de 2009 e indústria teve o melhor desempenho (14,6%). 2010. Acesso em 03 de Novembro de 2010. 55 um pouco o aprofundamento da pesquisa pela falta de contato com mais funcionários. Foram aplicados 30 questionários, o que corresponde a 20% do total de colaboradores. Dos respondentes, 27% são estagiários, 33% são funcionários e 40% são corretores de imóveis. Gráfico 1 – Respondentes à pesquisa Fonte: Autoria Própria Dos respondentes, 83% tem menos de dois anos de trabalho na empresa. 17% já trabalham há quase quatro anos. Ao perguntar sobre missão, princípios e objetivos da empresa, 57% dos respondentes disseram não ter conhecimento da missão empresarial, enquanto 47% falaram que sabem, por entender o conceito da palavra, mas concordam que não se tem uma definição formal do termo estabelecida na organização. A definição da missão empresarial é um fator crucial para formação de uma empresa, pois uma organização que não expõe seus objetivos não tem como fazer com que os funcionários os cumpram eficazmente. A missão empresarial deve ser um dos primeiros passos analisados antes da constituição da empresa. A missão é quem decide os rumos que as empresas devem tomar e sem ela fica difícil exigir dos funcionários o cumprimento de metas. Gráfico 2 – Conhecimento a respeito da missão, objetivos e princípios da empresa Fonte: Autoria Própria 56 Ao tratar das motivações a pesquisa demonstrou que 33% dos funcionários enxergam o salário como a maior motivação para trabalhar na empresa, seguido pela afinidade com a atividade exercida, 26%. A possibilidade de crescimento teve 18% das respostas, o relacionamento interpessoal 16% e o reconhecimento pelo trabalho apenas 7%. Os dados apresentados comprovam a o não reconhecimento do Endomarketing pela organização. A maioria dos respondentes disseram que desejavam ser mais reconhecidos pela atividade que exercem. Dentre os que responderam ter a possibilidade de crescimento como motivação, a maioria é estagiário que está se formando na Universidade e pretende continuar na empresa para garantir experiência no mercado de trabalho, pois, entre os funcionários, há muita desmotivação e desestímulo quanto a esse aspecto. Outro fato interessante nessa resposta foi a questão de os que responderam salário, dizerem que isso não é nem uma questão de motivação, mas de necessidade, já que eles sentem falta de uma política de remuneração, incluindo bônus ou gratificações, pelo alcance de metas. Eles julgaram essa questão pelo fato de ter um salário e ter um emprego apenas, não só pelo lado motivacional. Gráfico 3 – Motivações para trabalhar na empresa Fonte: Autoria Própria O questionário também procurou saber se a empresa oferecia meios para que os funcionários apresentem suas sugestões e participem do processo de gestão. Nesse quesito, as respostas tiveram 50% de concordância e 50% de discordância. A maioria dos corretores de imóveis disseram responder “SIM” pois disseram ter abertura com seus gerentes para dar sugestões e exprimirem idéias. Já os funcionários e estagiários responderam “NÂO” por alegarem não ter muito contato com a direção e se sentirem à vontade para apresentar suas idéias. 57 Em relação à existência de programas de valorização e reconhecimento de funcionários a pesquisa mostrou um alto grau de insatisfação dos funcionários. 56% dos respondentes afirmaram não ter nenhum tipo de programa que os prestigie, motive-os ou os reconheça. Dentre os que responderam algum dos programas citados, estão somente corretores, que alegam ter treinamentos de seus gerentes, que resulta em 28% e gratificações ou reconhecimentos correspondendo a 11% este último e 5% o anterior. Gráfico 4 – Programa de Valorização e Reconhecimento dos Funcionários Fonte: Autoria Própria Ao perguntar sobre os meios de comunicação mais utilizados na empresa, a maioria dos respondentes, 42%, afirmaram que se comunicam informalmente, através de conversas espontâneas, o que pode ser considerado um ponto negativo para a empresa, pois há a facilitação do surgimento de boatos e a falta de controle. 32% afirmam utilizar comumente o telefone e 17% o email institucional, dentre esses últimos encontram-se apenas funcionários e estagiários, pois os corretores não possuem email institucional. Apenas 9% assumem utilizar o site para se comunicar. Gráfico 5 – Meios de comunicação mais utilizados na empresa Fonte: Autoria Própria Houve um interesse na pesquisa em saber quais meios de comunicação os funcionários achariam interessante ter na empresa. O Manual de Normas e Procedimentos foi apontado como o mais importante, com 35% das respostas, seguido pela caixa de sugestões e intranet com 22% e o mural com 13%. Dentre os outros meios citados, 8%, corresponderam à celular, resposta dada por alguns corretores que disseram achar interessante a empresa disponibilizar celular para que eles possam se comunicar com a mesma. 58 Gráfico 6 – Meios de Comunicação que deveriam ser implantados na empresa Fonte: Autoria Própria Ao fazer uma pergunta chave para o trabalho, a respeito da importância da utilização do Endomarketing no processo de gestão empresarial, 93% dos respondentes concordaram que o marketing interno é uma ferramenta eficaz e traz melhorias para a organização. Apenas 7% discordaram da afirmação alegando desacreditar que o Endomarketing seja eficaz. Dos que responderam afirmando que o Endomarketing é uma ferramenta importante, a maioria concordou que os benefícios e ganhos para a empresa seriam inúmeros, a exemplo de: melhoria da comunicação interna, aumento da produtividade e satisfação dos funcionários, melhor desempenho organizacional e um melhor serviço prestado ao cliente. Gráfico 7 – Endomarketing é uma importante ferramenta de gestão Fonte: Autoria Própria Em relação à falta de uma política de Endomarketing, 100% das pessoas concordaram que, quando não se tem definida uma política de marketing interno, a imagem empresarial assim como o posicionamento da marca no mercado ficam comprometidos. A última pergunta do questionário procurou saber qual o grau de satisfação das pessoas em relação à organização. 33%, a maioria, demonstrou insatisfação quanto à organização dentre um conjunto de questões levantadas a exemplo de falta de comunicação e informação e não reconhecimento dos funcionários. 59 Através deste último gráfico tencionou-se mostrar que realmente a organização necessita implantar um programa de marketing interno que estabeleça condições propícias de trabalho aos colaboradores e ofereça meios de crescimento e desenvolvimento na organização visando reduzir falhas e promover a satisfação dos empregados. Gráfico 8 – Grau de Satisfação em relação à empresa Fonte: Autoria Própria CONSIDERAÇÕES FINAIS O Endomarketing é uma solução eficaz para resolução de problemas organizacionais e melhoria de condições de trabalho. Além de ser uma ferramenta que torna o público interno comprometido com os objetivos da organização e cumprimento de suas metas, ela agrega valor à marca e imagem empresarial que são visivelmente percebidas no mercado. O desenvolvimento do trabalho permitiu identificar que o marketing interno é um diferencial competitivo e a sua ausência provoca insatisfação, desmotivação e falta de empenho por parte dos empregados. A releitura do tema em questão possibilitou, não só comprovar a eficácia do Endomarketing como evidenciar que problemas na comunicação interna afetam relacionamentos tanto da empresa com seus empregados, destes com o público externo e da própria empresa com os clientes. Demonstrou-se também a importância que o Endomarketing tem na formação da imagem empresarial. Ter um bom posicionamento no mercado e uma marca 60 consolidada é o desejo de muitas empresas, entretanto muitas pecam na hora de preparar seu público interno para atingir esse objetivo, esquecendo que de nada vale ter um bom planejamento de marketing se os seus funcionários não estão preparados para executá-lo. Algumas organizações focam demasiadamente em resultados operacionais esquecendo-se de preparar o ambiente interno para isso. Muitos gestores, por vezes não se atentam para o papel relevante que os seus funcionários têm na consecução dos objetivos organizacionais e do quanto é importante ter um ambiente participativo. As empresas devem reconhecer que um ambiente de trabalho também é um ambiente de relacionamentos que envolvem pessoas diferentes e, por isso, é necessário o compartilhamento de informações para que fiquem claros objetivos e prioridades conscientizando cada funcionário da sua contribuição na consecução das metas. Através de todas as considerações e análises expostas no Referencial Teórico e o Estudo de Caso realizado tornou-se possível fazer diversas avaliações em relação à necessidade de se estabelecer um plano de Endomarketing na organização de forma a sanar as suas deficiências. O estudo de caso comprovou que a falta de uma política de marketing interno provoca uma redução no desempenho organizacional. A partir do momento que os funcionários encontram-se desmotivados com as atividades que exercem e o meio em que convivem, eles estão fadados a representar a organização de forma incoerente, passando uma imagem distorcida para os clientes. É preocupante, para uma empresa prestadora de serviços, que os sistemas de comunicação mais utilizados sejam as conversas informais. Sugere-se que os gestores façam uma revisão dos processos organizacionais, para que se identifiquem os erros a fim de tomar as decisões corretivas necessárias antes da implantação de um programa de Endomarketing. Um fato curioso, que não ocorre apenas na empresa estudada, é o fato de os gestores passarem informações aos funcionários sobre o trabalho e métodos e acharem que estão realizando treinamento. O treinamento é mais que isso, envolve conhecimento, desenvolvimento de habilidades, competências, formando um verdadeiro núcleo de aprendizagem na organização. 61 Sugere-se que se desenvolvam programas de treinamento para os funcionários, tornando-os conscientes dos objetivos organizacionais e estimulandoos a participar da gestão, ouvindo suas opiniões, sugestões e críticas. Vê-se que a empresa precisa oferecer um maior espaço para que os funcionários exponham suas idéias e se sintam parte do processo decisório. O sistema de comunicação interna da empresa precisa ser uniformizado através da ampliação de canais a fim de evitar a vasta utilização da comunicação informal. A criação de um Manual de Normas e Procedimentos é válido a partir do momento que todos, da direção aos funcionários, possam entendê-lo e se comprometam em colocá-lo em prática. Até porque, para a elaboração do manual, deve-se ter consciência da eficiência dos processos. Para isso, sugere-se fazer um mapeamento da organização para então elaborar as normas e procedimentos que deverão ser seguidos. Acredita-se que, ao aperfeiçoar o sistema de comunicação, o acesso às informações será facilitado e contará com a participação de todos na organização, como uma forma de aproximação dos lideres com os liderados. A insatisfação dos funcionários constitui um ponto crítico para a empresa e deve ser analisado com atenção. O Endomarketing visa proporcionar justamente a formação de um ambiente de trabalho que promova a satisfação dos seus colaboradores. Sugere-se que se faça uma avaliação da empresa junto aos seus funcionários através da realização de um diagnóstico, onde se perceba os sentimentos dos funcionários em relação à empresa, procure saber qual o perfil do público interno, quais as reais necessidades em termos de comunicação e informação, ouça suas idéias e sugestões a fim de que o ambiente seja preparado para adotar o marketing interno. Por fim, sugere-se que se estabeleça uma política de Endomarketing voltada para as necessidades da empresa para que a sua gestão seja melhorada. A empresa pode organizar um evento com campanha informativa sobre a importância da comunicação, além de apresentar seus objetivos, missão, metas e apontar a importância de cada um na construção e validação desse processo como forma de conscientizar e motivar os funcionários nesse aspecto. A implantação do Endomarketing vai fazer com que os empregados saibam que a comunicação interna é uma estratégia de gestão da empresa e que tem o apoio da sua direção. É interessante também que a empresa acompanhe os 62 resultados a fim de mensurar o quanto o marketing interno influenciou na produtividade do publico interno. Verifica-se que o trabalho apresentado será de grande valia para o meio acadêmico e as empresas, pois aborda um tema de relevante importância para as organizações, mas que não é tratado com a devida atenção seja por desinteresse ou ineficácia na gestão empresarial. Também será de grande valia para despertar futuras pesquisas acerca do tema. Referências Bibliográficas BEKIN, Saul Faingaus. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Prentice-Hall, 2005. 186 p. __________________. O poder para atrair clientes está em suas mãos. Expresso Fiat. Entrevista concedida à publicação interna da empresa Fiat e publicada no site:< www.endomarketing.com>. 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Endomarketing: Educação e cultura para a qualidade. 4. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. 63 Coluna Talento em Pauta. Jornal Gazeta do Povo. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml? tl=1&id=1006643&tit=Endomarketing > Acesso em 03 de Novembro de 2010 < GARCIA, Amanda da Silva. A contribuição da comunicação interna para a motivação dos colaboradores de uma organização: estudo de caso XP Investimentos. Monografia. 2010. Disponível em: < http://www.endomarketing.com/diversos/monografia_de_amanda_silva_garcia.pdf > GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas. 2002. GRÖNROOS, Christian. Marketing Gerenciamento e Serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 1995. 377 p. ____________________.__________________________________. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 424p. Hampton, David R. Administração contemporânea. . 3. ed. rev. São Paulo: Makron Books, 1992. 590 p. INKOTTE, Alexandre Luz. 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A empresa oferece algum programa de valorização e reconhecimento dos funcionários? Se sua resposta for positiva, indique abaixo quais são esses programas: Treinamento Remuneração por produção Reconhecimento pelo empenho Outro. Qual?________________________ 6. Dentre os meios de comunicação abaixo, qual (is) o (s) que você mais utiliza na empresa? E-mail institucional Site Telefone Comunicação informal 7. Qual (is) meio (s) de comunicação interna você acha que deveria ser implantado na empresa? Caixas de sugestões Mural Intranet Outro. Qual?__________________ Manual de Normas e Procedimentos 8. Você concorda que o Endomarketing é uma ferramenta importante para melhoria do processo de gestão da organização? 67 Sim Não 9. Você acha que a falta de uma política de marketing interno compromete a imagem empresarial e a posição da sua marca no mercado? Sim Não 10. Numa escala de 0 a 5, indique o seu grau de satisfação com a empresa: _________ ANEXO II Fonte: www.ibge.com.br