1 Behaviorismo ou Comportamentalismo Comportamento é ”(...) o movimento de um organismo ou de suas partes num quadro de referencias oferecido pelo próprio organismo ou por vários objetos externos ou campo de força” Skinner, em (Bigge, 1977 p.123) Psicologia mecanicista pressupõe que todas as ações humanas são reações seqüenciais a estímulos internos ou externos. (...) Skinner, como Thorndike e Watson, considera que o ser humano é neutro e passivo e que todo comportamento pode ser descrito em termos mecanicistas seqüenciais. (...) para eles Psicologia é a ciência do comportamento”. (Bigge, 1977 p.56) Skinner apresentou experimentalmente o condicionamento instrumental ou operante, como alternativa ou complemento ao condicionamento clássico de Watson. A questão básica para ambos modelos era o estabelecimento de resposta a fatores determinantes. Enquanto o comportamento reflexo ou respondente (condicionamento clássico) é controlado por um estímulo precedente, o comportamento operante (condicionamento instrumental ou operante) é controlado por suas conseqüências – estímulos (reforço) que se seguem às respostas. Observação: A teoria de B.F. Skinner baseia-se na idéia de que o aprendizado ocorre em função de mudança no comportamento manifesto. As mudanças no comportamento são o resultado de uma resposta individual a eventos (estímulos) que ocorrem no meio. Uma resposta produz uma conseqüência, bater em uma bola, solucionar um problema matemático. Quando um padrão particular Estímulo-Resposta (S-R) é reforçado (recompensado), o indivíduo é condicionado a reagir. A característica do condicionamento operante é que o organismo pode emitir respostas, em vez de só obter respostas devido a um estímulo externo. No condicionamento operante, um operante (resposta) é fortalecido pelo reforçamento ou enfraquecido pela sua extinção. Um operante é uma série de atos ou ações, pelas conseqüências que geram, são fortalecidos ou enfraquecidos de modo a aumentar ou diminuir a probabilidade de sua ocorrência Contudo, não é a resposta específica (R) que é fortalecida, mas a tendência geral em emitir a resposta.Daí, um operante é uma classe de respostas da qual uma resposta específica é um exemplo ou membro. O comportamento opera sobre o ambiente e gera conseqüências. As conseqüências que fortaleceram o comportamento são chamadas reforço, que se refere a qualquer evento ou estímulo que aumenta a força de algum comportamento operante. Segundo (Coutinho e Moreira, 1991 p.47) Skinner classificou assim os reforços presentes na relação do indivíduo com as estimulações do meio: 1. Reforço Positivo: é todo estímulo cuja apresentação após uma resposta, aumenta a probabilidade de sua ocorrência, isto é a força da contingência (conexão) respostaestímulo.Quando atendemos aos desejos de uma criança que faz birra, estamos fortalecendo o seu comportamento de fazer birra, pelas conseqüências que gera. 2. Reforço Negativo: Refere-se a todo estímulo aversivo que, quando retirado, aumenta a probabilidade de ocorrência de uma certa resposta. A retirada do estímulo aversivo (dor de cabeça) pelo uso de comprimidos aumenta o procedimento de tomar comprimidos. 2 3. Reforço Primário: São estímulos relacionados às funções de sobrevivência, que têm importância biológica para o organismo.Comida, água, contato sexual, afetividade, entre outros, por estarem ligados a funções vitais. 4. Reforço Secundário: São estímulos condicionados aos primários, como por exemplo, o dinheiro que mesmo não sendo, diretamente, de importância biológica para o individuo, é um meio de se conseguir alimentos e outras satisfações ligadas à sobrevivência. O reforçamento tem como objetivo aumentar a probabilidade de resposta, assim como na sua ausência a resposta torna-se menos freqüente; isto é a extinção operante. Enfraquecimento e extinção de uma resposta é a diminuição da freqüência de uma resposta ou a supressão desta resposta, ainda que temporária, pela não aplicação do reforço incompatível ou punição – não atender a criança que dá birra, é enfraquecer este comportamento até sua extinção. 1. Reforço Incompatível – reforçar comportamentos incompatíveis é instalar através do reforço, um comportamento diferente do comportamento indesejável – atender acriança desde que esteja emitindo o comportamento de birra. 2. Punição – é outra forma de enfraquecer um comportamento, através da aplicação de estímulos aversivos imediatamente após o comportamento indesejável. A retirada do reforço positivo pode também pode se constituir como uma punição. A aprendizagem é definida como uma mudança na probabilidade de resposta, quase sempre provocada por condicionamento operante, processo pelo qual uma resposta (ou operante) torna-se mais provável ou mais freqüente, porque o operante é fortalecido – reforçado. “Skinner chegou a estabelecer toda uma tecnologia da conduta baseada no estabelecimento de planos ou programas que definem regras de contingência e relações entre estímulo e respostas. Em essência se se quer associar uma resposta a um determinado estímulo, deve-se elaborar um plano que permita, em termos similares aos seguintes:” (Merchan,2000 –31) Conseqüência que segue a resposta *Reforço Positivo Apresentação do Reforço Retirada do reforço Fortalece a aparição da resposta Debilita a resposta por castigo *Estímulo Aversivo Debilita a resposta por castigo *Não há conseqüência Extinção da resposta Fortalece a resposta por reforço negativo Extinção da resposta A consolidação da aparição de uma resposta é a sua associação com as conseqüências que seguem, um programa de contingências pode planejar o resultado que se deseja, atuando sobre a apresentação do reforço ou sua retirada, por uma parte, e com a administração de conseqüências positivas ou negativas que o sujeito interprete como reforço ou como castigo. Os resultados são os que aparecem no quadro acima, onde se pode ver o condicionamento de consolidação ou desaparecimento da conduta. Fatores que influenciam o aparecimento ou desaparecimento da resposta, de acordo com (Merchan,2000 –32) : 1. O efeito da quantidade de reforço administrado e suas variações. 3 2. A influencia do valor do incentivo ou motivação que o reforço exerce sobre a conduta. 3. As conseqüências do tempo de demora na administração do reforço. 4. A influencia da duração e intensidade de todas as variáveis que intervêm no estabelecimento da resposta condicionada. Agora que entendemos os Reforços: Positivo/ Negativo, Primário/ Secundário, Incompativel e Punição. Voltemos aos seguintes reforços: 1. Reforço de Razão: Refere-se ao reforço que ocorre em decorrência da emissão de um comportamento desejado. 2. Reforço de Razão Fixa: Refere-se ao reforçamento do comportamento desejado, fixando-se previamente o número de vezes que o indivíduo devera apresentar aquele comportamento para que receba o reforço – elogiar (reforço) o aluno a cada três notas boas – de acordo com (Merchan,2000 –32) : (programa de razão fixa) 3. Reforço de Razão Variável: Refere-se à aplicação do reforço sem o estabelecimento do número de comportamentos adequados que justifique a aplicação do reforço – elogiar, de vez em quando, o bom comportamento de alguém – de acordo com (Merchan,2000 –32) : (programa de razão variável) 4. Reforço de Intervalo: Caracteriza-se pelo fato do reforço não ser aplicado, imediatamente, após a emissão de uma resposta esperada mas depois de um certo tempo arbitrado pelo experimentador (ou por quem esteja condicionando alguém) 5. Reforço de Intervalo Fixo: Refere-se à presença de reforço em intervalos previamente definidos – o tempo decorrido entre a produção de uma resposta e a aplicação do reforço ser sempre o mesmo. Se um estudante sabe que um professor dá provas de oito em oito dias, ele só começará a estudar, provavelmente, às vésperas do 8º dia – de acordo com (Merchan,2000 – 32) : (programa de intervalo fixo) 6. Reforço de Intervalo Variável: Refere-se à presença de reforço em intervalos não fixos, sendo impossível, por parte do indivíduo, fazer qualquer previsão – o professor que aplica suas avaliações em dias diferentes, cria uma expectativa que leva o aluno a estar sempre em dia com a matéria – de acordo com (Merchan,2000 –32) : (programa de intervalo variável) 7. Reforço por Imitação: Quando se observa alguém ser reforçado por causa de algum comportamento emitido, a tendência é imitar aquele comportamento – crianças aprendem a fazer birra por observarem a conseqüência satisfatória desse recurso para consegui algo. Quatro formas diferenciadas de centrar os programas de reforçamento segundo se realizem a administração de reforço, de acordo com (Merchan,2000 –32) : 1. 2. 3. 4. programa de razão fixa programa de razão variável programa de intervalo fixo programa de intervalo variável Estes programas são aplicados a situações escolares – as instruções acadêmicas, as sugestões do professor, os materiais educativos – poderiam ser entendidos como reforços que utilizados como se indica na tabela, se associariam a respostas que se quisesse condicionar. Nos processos empregados na informação pelos meios de comunicação, na publicidade, não seria difícil encontrar exemplos de atuações onde parece que estão aplicando programas como estes. 4 É interessante na educação se considerar o papel dos reforços sociais no ambiente de aprendizagem (atenção, afeto, aprovação) e a associação do conhecimento do aluno ou a demonstração de suas habilidades com algum tipo de reforço que gere a aparição de capacidades autoreforçantes e de motivação. Não se pode generalizar o principio conductista do efeito do reforço em situações de aprendizagem (aparição de conduta), em especial quando se trata de castigos que deterioram a relação professor/aluno, diminuindo a potencialidade do agente reforçador, gerando ansiedade no alunado e, portanto interferindo na sua capacidade de aprendizagem a médio e longo prazo. Observação: O reforço é o elemento-chave na teoria S-R de Skinner. Um reforço é qualquer coisa que fortaleça a resposta desejada. Pode ser um elogio verbal, uma boa nota, ou um sentimento de realização ou satisfação crescente. A teoria também cobre reforços negativos -uma ação que evita uma conseqüência indesejada. Aprendizagem Escolar e as Teorias do Condicionamento As teorias que explicam a aprendizagem, através do condicionamento. Refletem uma concepção empirista do desenvolvimento e aprendizagem humanos, uma vez que seu pressuposto básico é ode que focas externas ao individuo são os determinantes principais de seu comportamento. Dentro de tal visão o individuo é sempre paciente de um processo que ocorre, na maioria das vezes, à revelia da sua vontade. O modelo do condicionamento operante é a teoria que mais teve aplicação do condutismo na aprendizagem escolar, e para Skinner ensinar é planejar um programa de contingências de reforço que permita ao aluno aprender novas condutas. Teorias do Condicionamento e a Programação de Objetivos de Ensino A ênfase que o modelo pedagógico tecnicista dá à formulação muito precisa de objetivos educativos parece ser suficiente para uma programação eficaz, de desenvolvimento de processos de aprendizagem necessários, em vez de toma-los como “(...) primeiro passo para estudar a ação que os processos de ensino tem que desenvolver para que, estimulando e guiando os processos de aprendizagem, o aluno alcance de alguma forma, os objetivos propostos. O projeto consiste em prever o processo de ensino mais adequado para despertar o processo de aprendizagem nas condições precisas para que o aluno alcance as metas. Partir de uns objetivos claros e definidos não é somente o primeiro passo para adequar o projeto que prefigura tanto o processo de ensino como o de aprendizagem”. (Sacristán em (Merchan,2000 –p.37) A critica realizada pelo autor citado, estabelece que esta pedagogia visa através da educação a mudança direcionada de comportamento definindo com exatidão os objetivo operacionais que devem ser alcançados para promover estas mudanças, especificando: 1. O que o aluno deve fazer em termos de conduta final; 2. que objetivos específicos, o aluno deve alcançar, através das estratégias de ensino (ações), para manifestar a conduta prevista no objetivo geral. Aparecem então taxionomias complexas combinando tipos de capacidades, condutas gerais, condutas finais operativas, especificas. Surgem muitas interrogações como: -Quantos objetivos específicos são necessários para se considerar plenamente alcançado um objetivo geral? 5 -Quando estará esgotado o mundo do observável, o significado de um conceito ou de um objetivo geral? -Quais são os critérios de validação de uma hierarquia de objetivos? -Que indicações são oferecidas de como conseguir desenvolver e dinamizar os processos necessários que influenciam o ensino? Concluindo Sacritán argumenta: “(...) uma psicologia que descreve o ser humano como algo estático, não pode ajudar aos educadores a estabelecerem uma metodologia pedagógica para alcançar esses resultados educativos”. (Sacristán em (Merchan,2000 – p.39) 5-As Objeções Estabelecidas ao Condutismo: 1 – Objeção à possibilidade de generalizar os resultados de investigação com animais em relação com conduta humana – a conduta humana responde a princípios totalmente distintos dos que regem a conduta animal. 2 – Objeção ao principio básico do condutismo de identificação entre aprendizagem e conduta manifesta, pois a aprendizagem é um evento ou um conjunto de eventos inobserváveis. 3 – Objeção à semelhança entre as condutas elementares dos animais com as condutas complexas humanas. Tornando o condutismo um enfoque reducionista no que se refere à aprendizagem humana. 4 – Objeção à consideração condutista do conhecimento como uma soma de informações construídas de forma linear, prescindindo por completo dos processos cognitivos. 5 – Objeção à ênfase nos resultados obtidos e atividades mecânicas e não nos os processos internos e nas atividades criativas e descobridoras do individuo que aprende. Observação: No livro Tecnologia do Ensino, de 1968, o cientista desenvolveu o que chamou de máquinas de aprendizagem, que nada mais eram do que a organização de material didático de maneira que o aluno pudesse utilizar sozinho, recebendo estímulos à medida que avançava no conhecimento. Grande parte dos estímulos se baseava na satisfação de dar respostas corretas aos exercícios propostos. A idéia nunca chegou a ser aplicada de modo amplo e sistemático, mas influenciou procedimentos da educação norte-americana e brasileira. Skinner considerava o sistema escolar predominante um fracasso por se basear na presença obrigatória, sob pena de punição. Ele defendia que se dessem aos alunos "razões positivas" para estudar, como prêmios aos que se destacassem. O behaviorismo está nos pressupostos da orientação tecnicista da educação, cuja proposta consiste em: planejamento e organização racional da atividade pedagógica; operacionalização dos objetivos; parcelamento do trabalho, com especialização das funções; ensino por computador, tele-ensino, procurando tornar a aprendizagem mais objetiva. A avaliação também tem um papel fundamental: no início, para que o professor possa estabelecer estratégias para atingir os objetivos; durante o processo de aprendizagem, para controle e replanejamento; e ao final, para verificar se os resultados desejados foram obtidos. Como ocorre na escola tradicional, estes objetivos são pré-definidos, sem a participação do aluno. Para atingir os objetivos são usados “reforçadores”, como notas, prêmios, status, reconhecimento de professores e colegas e promessa de vantagens sociais futuras. O professor deve elaborar um sistema para que o desempenho do aluno seja maximizado de acordo com os objetivos traçados. Muito da Tecnologia Educacional Moderna se baseia nos pressupostos do behaviorismo, assim como muitos softwares ditos "educativos' que nada mais são que atividades fechadas baseadas em reforços positivos. "Skinner é um dos psicólogos mais importantes da história, concordando-se com ele ou não. Entre os anos 40 e 60, o behaviorismo teve grande influência e dominou a psicologia. Surgiram aplicações não só no ensino, mas também na psicologia clínica, como a terapia comportamental", relembra José Fernando Lomônaco, professor associado do Instituto de Psicologia da USP. 6