QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA AO DOMÍNIO RELAÇÃO SOCIAL EM TRANSPLANTADOS RENAIS: ESTUDO PRELIMINAR Leonardo V. A. Santos Alexandra B. Santos Cristiane M. A. Costa RESUMO As ciências sociais já têm a tradição em pesquisa e análise do que seja Qualidade de Vida. Esta especialidade restringia-se a filósofos, teólogos e cientistas sociais e voltava-se à busca com satisfação da vida ou boa vida, além de realizar pesquisas de indicadores sociais. A pesquisa sobre qualidade de vida inclui muitas áreas como a sociologia, geografia, psicologia, medicina, farmácia, economia, temas ambientais e comunitários. Porém, não há, ainda, um conceito determinante do que seja Qualidade de Vida. A pesquisa teve como objetivo a avaliação da qualidade de vida em transplantados renais relacionada ao Domínio Relação Social, sendo utilizado o WHOQOL-Abreviado, instrumento genérico da Organização Mundial de Saúde. O estudo foi realizado no ambulatório de pós-transplante renal do Hospital Universitário Pedro Ernesto com uma amostra de 21 (vinte e um) pacientes, abordados de forma aleatória para uma pesquisa quantitativa. Conclusão: os pacientes transplantados que participaram da pesquisa encontraram-se, em sua maioria, satisfeitos com a terapia de substituição renal, o transplante renal, principalmente no que diz respeito ao Domínio Relações Sociais. 64 PALAVRAS-CHAVE: Qualidade de vida; Transplante renal; Relações sociais. INTRODUÇÃO Conceituar qualidade de vida é uma tarefa complexa, pois envolve a subjetividade dos sujeitos. Em geral os autores referem-se à necessidade de considerar várias dimensões na avaliação da Qualidade de Vida, como os aspectos físicos, emocionais e sociais, à semelhança do conceito de saúde elaborado pela Organização Mundial de Saúde, no qual a saúde é considerada como um completo bem estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidades¹. O termo qualidade de vida é relativamente novo na área da saúde, tendo surgido na literatura por volta dos anos 70. No entanto, a partir da necessidade crescente de avaliar procedimentos médicos esse termo foi mais amplamente utilizado. Atualmente, a avaliação da qualidade de vida tem auxiliado no estabelecimento de metas nos diferentes tratamentos de insuficiência renal crônica, uma vez que estes acarretam importantes limitações físicas, Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Qualidade de vida relacionada ao domínio relação social em transplantados renais psicológicas e sociais aos pacientes². Qualidade de vida, segundo o grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde, é definida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”, enfatizando a avaliação subjetiva da Qualidade de Vida e a percepção que o paciente tem do seu estado físico, emocional e social³. A partir destes conceitos foi definido como objeto do estudo à avaliação do transplantado renal em acompanhamento no Ambulatório de Nefrologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, tendo o objetivo a avaliação da qualidade de vida em transplantados renais relacionada ao Domínio Relação Social. DOENÇA RENAL CRÔNICA E TERAPIA DE SUBSTITUIÇÃO RENAL O sistema renal é de fundamental importância para a manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e metabólico do organismo. Para tanto, os rins são responsáveis por tornar o meio extracelular constante para o funcionamento celular normal, através da excreção de produtos do metabolismo (ureia, creatinina, ácido úrico), de eletrólitos e água obtidos na ingesta alimentar. Mantém-se, assim, uma constante entre a excreção e a soma da ingestão com a produção endógena4. Várias são as doenças e agravos que podem acometer o sistema renal, como glomerulonefrite crônica, doença renal policística, pielonefrite crônica, hipertensão maligna primária e nefropatia diabética, gerando prejuízo à sua função. A insuficiência renal surge quando os rins não são capazes de realizar a remoção dos produtos de degradação do organismo e de exe- cutar suas funções reguladoras. Com isso, há acúmulo de substâncias nos líquidos corporais e comprometimento de funções endócrinas, metabólicas, hidroeletrolíticas e de equilíbrio ácido-base5. A Insuficiência Renal Crônica refere-se a um diagnóstico caracterizado por perda progressiva e quase sempre irreversível da função de filtração glomerular. De acordo com esse grau de perda, pode-se ter a classificação de leve, moderada, grave e terminal. Costuma-se utilizar a depuração de creatinina endógena para sua determinação5. Inicialmente, frente ao diagnóstico de Insuficiência Renal Crônica, o paciente será tratado de forma convencional, que é o tratamento conservador, com a utilização de medicações e restrições alimentares6. Conforme a evolução da doença, o paciente passará as demais formas de terapia. Dentre os tratamentos, as opções de escolha serão: diálise peritoneal, hemodiálise e transplante renal, a escolha da melhor modalidade de tratamento deve contemplar a análise das condições clínicas, psicológicas e financeiras do paciente5. O TRANSPLANTE RENAL COMO MELHOR TERAPIA SUBSTITUTIVA O Transplante renal é a forma de tratamento mais adequada para a Insuficiência Renal Crônica. Este procedimento pode ser considerado recente, mas que passou por grandes avanços nos últimos anos, principalmente, quanto ao entendimento da imunologia envolvida e os esquemas imunossupressores utilizados7. Com isso, foi comprovado estatisticamente um aumento da sobrevida do paciente transplantado em relação aqueles que permanecem em procedimentos dialíticos8. Ano 10, Janeiro a Março de 2011 65 Qualidade de vida relacionada ao domínio relação social em transplantados renais QUALIDADE DE VIDA E TRANSPLANTE RENAL INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA Em pacientes renais crônicos, a qualidade de vida é influenciada pela própria doença e pelo tipo de terapia de substituição da função renal. Além disso, fatores como idade do paciente, presença de anemia, comorbidade e depressão podem ser importantes influenciadores da qualidade de vida9. Alguns estudos identificam três fatores que podem predizer melhora da qualidade de vida de pacientes submetidos a transplante renal: redução de estressores, como interrupção do tratamento dialítico e interferência deste na vida diária, facilitação da vida profissional (possibilidade mais ampla de empregos) e melhora do apoio social10. Entretanto, mesmo com um transplante bem sucedido, após a alta e com o enxerto funcionante, o paciente continua a viver com uma doença crônica. Consultas hospitalares com regularidade são necessárias e podem gerar estresse, especialmente nos primeiros seis meses, quando são mais freqüentes. Quando o intenso contato com sistema de saúde diminui, o retorno a um estilo de vida normal (diferente, entretanto do estilo de vida anterior à doença renal) traz novas preocupações, como a necessidade de retomar a vida profissional, o convívio com a família e outras responsabilidades11. Atendimentos a grupos de pacientes e familiares, nos períodos pré e pós-transplante renal possibilitam a identificação dos problemas enfrentados com maior freqüência. Além disso, fornecem uma oportunidade para discutir estratégias adequadas de enfrentamento e fornecer informações, que atendam as necessidades dos pacientes e favoreçam a qualidade de vida12. A constatação de que não havia nenhum instrumento que avaliasse Qualidade de vida dentro de uma perspectiva transcultural e internacional, motivou a Organização Mundial de Saúde a desenvolver um instrumento com estas características. Na definição de Qualidade de Vida proposta, fica implícito que o conhecimento de qualidade de vida é subjetivo, multidimensional e que inclui elementos de avaliação tanto positivos como negativos3. Com o aumento da expectativa de vida e conseqüente surgimento de doenças crônicas, o desenvolvimento de instrumentos que possam medir a qualidade de vida destes pacientes tem sido um desafio para os pesquisadores, porque devem ser capazes de verificar se as intervenções alcançaram os objetivos desejados. Dentre os diversos conceitos de qualidade de vida o mais utilizado é o que aborda a qualidade de vida como a diferença entre o que é desejado na vida do indivíduo e o que é alcançável ou não. E também bastante difundida é a definição de qualidade de vida como a quantificação do impacto da doença nas atividades de vida diária e bem-estar do paciente de maneira formal e padronizada13. O termo qualidade de vida veio a fazer parte do Index Medicus há menos de trinta anos, e tem um conceito complexo e abstrato14. A avaliação de qualidade de vida é uma prática importante e fundamental na avaliação de determinadas populações de pacientes para verificar o sucesso ou não de terapias e, para isso, instrumentos apropriados devem ser utilizados após sofrerem rigoroso processo de validação2. Houve na última década uma proliferação de instrumentos de avaliação de qualidade de vida e afins, a maioria de- 66 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Qualidade de vida relacionada ao domínio relação social em transplantados renais senvolvida nos Estados Unidos com um crescente interesse em traduzi-los para aplicação em outras culturas. A aplicação transcultural através da tradução de qualquer instrumento de avaliação é um tema controverso. Alguns autores criticam a possibilidade de que o conceito de qualidade de vida possa ser não ligado à cultura15. Por outro lado, em um nível abstrato, alguns autores têm considerado que existe um “universal cultural” de qualidade de vida, isto é, que independente de nação, cultura ou época, é importante que as pessoas se sintam bem psicologicamente, possuam boas condições físicas e sintam-se socialmente integradas e funcionalmente competentes16. A busca de um instrumento que avaliasse qualidade de vida dentro de uma perspectiva genuinamente internacional fez com que a Organização Mundial da Saúde organizasse um projeto colaborativo multicêntrico. O resultado deste projeto foi a elaboração do WHOQOL, um instrumento de avaliação de qualidade de vida composto por 100 itens17. RELAÇÕES SOCIAIS As relações sociais referem-se à percepção do indivíduo sobre os relacionamentos sociais e os papéis sociais adotados na vida. Ou ainda, são dimensões de bemestar do indivíduo que considera a maneira como ele interage com as pessoas do seu meio social, de como essas pessoas reagem a ele, e ainda, quais os tipos de relação que ele estabeleceu com as instituições sociais. Engloba as facetas: relações pessoais; suporte (apoio) social; atividade sexual18. MÉTODOS Este foi um estudo preliminar cria- do a partir de um instrumento World Health Organization Quality of Life Instrument/ WHOQOL-Bref (versão em português), com abordagem descritiva e exploratória de caráter quantitativo. Os sujeitos foram vinte e um pacientes em acompanhamento no ambulatório de pós-transplante renal, sendo homens 12(57,1%) e 9(42,9%) mulheres; encontravam-se na faixa etária de 35 a 49 anos de idade 11(52,4%) e possuíam como nível de escolaridade dominante o ensino fundamental incompleto 7(33,3%). Não houve diferença percentual entre as religiões católica e protestante 8(40,0%); a maior parte desses sujeitos eram aposentados 9(45%) e com renda pessoal de 1 a 4 salários mínimos 10(50,0%). Quanto ao tipo de doador os pacientes apresentaram-se da seguinte forma: 8(40,0%) eram receptores de doadores falecidos e 12(60,0%) receptores de doadores vivos. Quanto ao tempo de transplante: com menos de 01 ano de transplante foram evidenciados 6(28,6%); entre 01 a 03 anos de transplante a freqüência foi de 3(14,3%) de transplantados; entre 04 a 07 anos de transplante apenas 1(4,8%); o maior percentual evidenciado nessa amostra foram a dos transplantados entre 08 a 12 anos 10(47,6%); com mais de 13 anos de transplante apenas 1(4,8%). As drogas imunossupressoras mais utilizadas pelos sujeitos foram Prednisona (90,5%) e Tracolimus (38,1%). Foram utilizados como critérios de inclusão: serem maiores de dezoito anos de idade ou exercer papel social de adulto; serem apenas transplantados renais; estarem em acompanhamento no ambulatório de transplantados; possuírem tempo de transplante maior que seis meses; terem cognitivo preservado para assegurar o entendimento das orientações e compreensão do conteúdo do questionário do estudo; concordaram em participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre Ano 10, Janeiro a Março de 2011 67 Qualidade de vida relacionada ao domínio relação social em transplantados renais nas (grifo nosso). Após a assinatura do consentimento livre e esclarecido, o instrumento foi preenchido pelos sujeitos em 7 (33,3%) ou pelo pesquisador 14(66,7%). Os dados coletados foram disponibilizados em um software de gerenciamento e análise de dados (EPI INFO™ versão 3.5.1).Para a análise estatística dos dados, os domínios e facetas foram descritos de acordo com a frequência simples e percentual. O programa oferece um intervalo de confiança de 95%. e Esclarecido. Como critérios de exclusão: déficit cognitivo; não concordarem em participar da pesquisa; possuírem histórico de internação nas duas últimas semanas. A coleta de dados foi através do WHOQUOL-Abreviado, sendo utilizado o Domínio Relações Sociais e ficha de caracterização dos sujeitos. Os pacientes foram abordados de forma aleatória, seguindo os critérios de inclusão e exclusão. O instrumento foi preenchido pelos sujeitos em 7 (33,3%) ou pelo pesquisador 14(66,7%). As questões que compõem o instrumento foram formuladas para uma escala de respostas do tipo Likert, com pontuação variando de 1 à 5. 19 As escalas de respostas são: intensidade (nada - extremamente); capacidade (nada – completamente); frequência (nunca – sempre); avaliação (muito insatisfeito – muito satisfeito; muito ruim – muito bom). O WHOQOL-Abreviado é instrumento autoadministrável, portanto, a maioria dos pacientes não recebe ajuda em seu preenchimento. Em pelo menos duas situações o instrumento pode ser administrado pelo pesquisador, primeiro quando o respondente tiver baixa acuidade visual e, em situação de analfabetismo. Antes da aplicação, foi enfatizado que todo o questionário referia-se às duas últimas sema- RESULTADOS Autopercepção de Qualidade de Vida e Satisfação com Sua Saúde Essa categoria avaliou a percepção do indivíduo quanto a sua qualidade de vida e sua satisfação com a saúde, conforme descritas nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. Baseado na Tabela 1, 17 (80,9%) consideram sua qualidade de vida “boa” ou “muito boa”. O transplante renal é uma forma de tratamento para a Insuficiência Renal Crônica que gera expectativas aos pacientes em lista de espera, almejando não mais Tabela 1. Percepção da qualidade de vida no transplante renal (Rio de Janeiro, 2010). 68 Avaliação f Muito ruim Ruim Nem ruim nem boa Boa Muito boa 01 - 03 12 05 4,8 14,3 52,1 23,8 Total 21 100 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ % Qualidade de vida relacionada ao domínio relação social em transplantados renais Tabela 2. Satisfação com a saúde no transplante renal (Rio de Janeiro, 2010). Avaliação f % Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito - 01 - 05 01 12 06 05 60 30 Total 21 necessitar de hemodiálise e ter uma melhor qualidade para sua vida, com maior liberdade. Esta forma de tratamento permite ao paciente levar uma vida mais próxima da normalidade, mantendo o acompanhamento imunossupressor contínuo. Além disso, a qualidade de vida que o transplante proporciona também é superior à da hemodiálise20. É claro que para isso é necessário haver o comprometimento do paciente transplantado em seu autocuidado, além do envolvimento da equipe de saúde e da família21. Conforme demonstrado na Tabela 2, 18 (90,0%) dos sujeitos afirmaram estar “satisfeito” ou “muito satisfeito” com sua saúde. Sendo assim, qualidade de vida é a satisfação individual ou a felicidade com a vida nos domínios em que o individuo acha importante. Existem vários fatores que podem interferir no bem estar, como emprego, habitação e aspectos financeiros. A saúde é apenas um dos fatores3. Correlações entre o Domínio Relação Social Segundo a Tabela 3, 02(9,6%) dos sujeitos não responderam a faceta, 01 deles por não haver iniciado vida sexual e o outro por não praticar. Quanto a atividade sexual, 12(63,2%) pacientes declaram estar “satis- 100 feitos” ou “muito satisfeitos” com sua vida sexual, 2(9,6%) declararam “insatisfeito” e nenhum “muito insatisfeito”. Sugeriu-se, dessa forma, que o transplante renal não tem interferência significativa em relação à atividade sexual do paciente e que os problemas originários podem ser minimizados através do atendimento a grupos de pacientes e familiares, nos períodos pré e pós-transplante renal, que possibilitam a identificação dos problemas enfrentados com maior freqüência e fornecem uma oportunidade para discutir estratégias adequadas de enfrentamento13. A sexualidade em suas “dimensões pode ser afetada pela condição crônica da doença, não permitindo a satisfação das necessidades sexuais do individuo”22, o que poderia explicar a incidência de insatisfação quanto a atividade sexual. A relação do percentual do Domínio Relações Sociais com a faceta suporte (apoio) social da Tabela 4, apura o quão satisfeito o indivíduo está com o apoio que recebe de seus amigos. O apoio social deve ser compreendido como uma experiência pessoal reconhecido como papel de apoio da intensidade com que o indivíduo se sente desejado, respeitado e envolvido23. Portanto, quanto maior a satisfação com o apoio recebido dos amigos, maior foi o percentual do domínio em referência. “satisfeitos” e “muito satisfeitos”. Os dados apontam que, do total da amostra Ano 10, Janeiro a Março de 2011 69 Qualidade de vida relacionada ao domínio relação social em transplantados renais Tabela 3. Percepção da atividade sexual no transplante renal (Rio de Janeiro,2010). Avaliação f % Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito Outros - 02 9,6 05 06 06 02 23,8 28,5 28,5 9,6 Total 21 100 do estudo, 14(70%) percebem-se satisfeitos 7(35%) e muito satisfeitos 7(35%). Autores sugerem que o apoio social pode agir diretamente na saúde, na adaptação psicológica e na percepção de bem-estar24. Considerando os achados, podemos inferir que se estabelece uma relação social favorável e que o transplante não gerou nenhum transtorno no tocante a essas relações. A Tabela 5, faceta relação pessoal, aponta a satisfação do indivíduo com suas relações pessoais, isso quer dizer que, quanto mais satisfeito com suas relações pessoais, maior o percentual para o domínio em referência. Neste aspecto 18(85,7%) dos sujeitos referiram estar “satisfeito” ou “muito satisfeito” com suas relações pessoais. CONCLUSÃO O impacto do transplante renal traz uma maior liberdade em relação as terapias dialíticas, o que pode acentuar a auto percepção do transplantado quanto a melhoria de sua qualidade de vida, principalmente no que diz respeito ao domínio relações sociais. O nível de satisfação destacado no domínio relações sociais também pode ser interpretado pela falsa ideia de cura da doença renal crônica, por parte dos transplantados, cabendo então, as equipes de saúde envolvidas com o transplante, a criação de estratégias relacionadas a educação e orientação dos pacientes quanto ao novo estilo de vida que este paciente deve tomar a partir do transplante, como por exemplo, novos hábitos de higiene, cuidados com alimentações, atentar para adesão a terapia Tabela 4. Suporte (apoio) social no transplante renal (Rio de Janeiro, 2010). 70 Avaliação f % Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito 01 01 05 05 04 07 07 20 35 35 Total 20 100 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ Qualidade de vida relacionada ao domínio relação social em transplantados renais Tabela. 5. Relações pessoais no transplante renal (Rio de Janeiro, 2010). Avaliação f % Muito insatisfeito Insatisfeito Nem satisfeito nem insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito 01 02 4,8 9,5 - 05 13 23,8 61,9 Total 21 100 imunossupressora. A avaliação da qualidade de vida pode ser considerada uma prática importante, e fundamental na avaliação de determinadas populações de pacientes, não para verificar o sucesso da terapia, mas sim para avaliar a percepção do indivíduo quanto o seu compreendimento em relação a interferência do tratamento na sua qualidade de vida. Por tratar-se de um estudo preliminar, sugere-se a continuação desse estudo, assim como outros estudos que contribuirão para a avaliação da qualidade de vida nos transplantados renais, o que favorecerá e subsidiará as ações de enfermagem direcionadas e essa clientela. REFERÊNCIAS 1.Barros N. Dor e qualidade de vida em pacientes com câncer. Rev. Dor- Pesquisa Clinica e Terapêutica. 2000; 2(1): 29-9. 2.Pagani TCS. Instrumentos de avaliação de qualidade de vida. [Internet]; Acesso em: 17/05/2009. 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Emotional conflict and well-being: relation to perceived availability, daily utilization, and observer reports of social support. Journal of Personality and Social Psychology. 1995; 68(5): 947- 59. 72 ABSTRACT The social sciences already have a tradition in research and analysis of what constitutes quality of life. This specialty was restricted to philosophers, theologians and social scientists and the search was focused with satisfaction of life or good living, and conducting research of social indicators. Research on quality of life is greater now. It includes many areas such as sociology, geography, psychology, medicine, pharmacy, economics, environmental and community issues. But there is still a concept that is determinative of the Quality of Life. The research aimed to evaluate the quality of life in renal transplant recipients related to the Social Relationship Domain, for this we used the WHOQOLshort, a generic instrument of the World Health Organization The study was performed in the outpatient post-transplant renal Pedro Ernesto University Hospital with a sample of 21 (twenty one) patients were approached at random for a quantitative research. Conclusion: transplant patients who parti cipated in the survey met mostly satisfied with renal replacement therapy, renal transplantation, especially with regard to Domain Social Relations. KEYWORDS: Quality of life; Renal transplantation; Social relations. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ TITULAÇÃO DOS AUTORES Alexandra B. Santos Isabela Costa Peixoto Aline Teixeira Vargas Leonardo Vinicius de Araújo Santos Enfermeira residente do Programa de Clínica Cirúrgica HUPE/UERJ. Enfermeiro residente do Programa de Nefrologia do HUPE/UERJ. Ana Cláudia Cândido Oliveira Leticia Louredo do Carmo Andréia Fontes da Paz Marcia Silva de Oliveira Especialista em Enfermagem Pediátrica da Universidade Gama Filho (UGF). Enfermeira residente do Programa de Enfermagem Neonatal HUPE/UERJ. Enfermeira do Núcleo deEnsino e Pesquisa de Adolescente do HUPE; Mestre em Enfermagem. Angelina M.A. Alves Enfermeira da UTI-Neonatal do HUPE/UERJ; Professora da Graduação em Enfermagem da Fundação Osvaldo Aranha (UniFOA); Profa. Adjunta do Departamento de Enfermagem Materno-infantil do EAP-Unirio; Doutora em Enfermagem. Enfermeira residente do Programa de Clínica Médica do HUPE/UERJ. Enfermeira residente do Programa de em Clínica Médica do HUPE/UERJ. Enfermeira do Suporte Nutricional do HUPE. Mestre em Enfermagem. Maristela F. Silva Mestre em Enfermagem; Professora Assistente da Faculdade de Enfermagem da UERJ. Enfermeira Preceptora do Programa de Residência em Enfermagem em Centro Cirúrgico do HUPE/UERJ. Antônio A.F. Peregrino Nádia Mariana Mendes Antônio Marcos T. Gomes Olga Veloso da Silva Oliveira Doutor em Saúde Pública; Professor Adjunto da UERJ e Universidade Veiga de Almeida (UVA). Professor Adjunto da Faculdade de Enfermagem da UERJ; Doutor em Enfermagem pela UFRJ. Clara Caroline Araujo Lemos Enfermeira residente do Programa de Clínica Médica do HUPE/UERJ; Pós-graduanda em Alta Complexidade. Cristiane Maria de Amorim Costa Professora Assistente da Faculdade de Enfermagem da UERJ; Chefe de seção da Enfermaria de Urologia do HUPE. Enfermeira residente do Programa de Terapia Intensiva Adultos/HUPE/UERJ. Enfermeira especialista em Enfermagem Oncológica pela Unirio. Raquel de Souza Ramos Enfermeira mestre em Saúde Pública; Enfermeira pela UERJ. Renata da Silva Schulz Enfermeira residente do Programa de Clínica Cirúrgica do HUPE/UERJ. Débora Ribeiro Duque Renata de Oliveira Maciel Frances Valéria Costa e Silva Roberta Faitanin Passamani Enfermeira residente do Programa de Enfermagem em Nefrologia do HUPE/UERJ. Doutora pelo IMS/UERJ; Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da UERJ; Enfermeira da Unidade de Diálise Peritonial. Enfermeira mestre do HUPE/UERJ; Chefe da Unidade de Enfermagem Pediátrica do HUPE. Enfermeira residente do Programa de Terapia Intensiva HUPE/UERJ. Ano 10, Janeiro a Março de 2011 9 Titulação dos autores Sônia Regina Oliveira e Silva de Souza Professora Assistente da Faculdade de Enfermagem da UERJ; Chefe de Enfermagem do Serviço de Terapia Intensiva do HUPE/UERJ. Mestre em Enfermagem. Viviane Amado Ferreira Enfermeira Residente do Programa de Clínica Médica do HUPE/UERJ. Thábbata Christina de L. Ribeiro Enfermeira residente do Programa de Obstetrícia do HUPE/UERJ. 10 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ