Publicado no Força do Oeste - pg 02 – 21/12/2006

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Publicado no Força do Oeste - pg 02 – 21/12/2006
Fatos da grande evolução da vida no planeta
O planeta terra surgiu a bilhões de anos atrás e, desde então, vem passando por alterações
significativas, modificando definitivamente a composição da atmosfera, o clima, a quantidade e qualidade da
água, os solos e principalmente, o tipo de vida existente.
Nos primórdios do planeta terra, a atmosfera era formada por gases como metano, gás hidrogênio,
amônia e vapor da água, entre outros, além de uma grande quantidade de energia expressa pelas descargas
elétricas liberada pelos raios. Com o abaixamento da temperatura da terra após a grande explosão que
formou o sistema solar, houve a condensação dos vapores d´ água, o que gerou a água líquida e, a grande
presença de moléculas contendo carbono, hidrogênio, principalmente, oxigênio, nitrogênio e enxofre, entre
outros elementos essenciais, e a grande quantidade de energia (descargas elétricas), promoveu ambiente
favorável para que estes componentes se aglutinassem e passassem a formar aminoácidos, que são os
precursores das proteínas, e estas os precursores da vida. Portanto formaram-se, a partir dos aminoácidos, as
primeiras e incipientes proteínas que, ao longo do tempo, se especializaram e originaram a primeira célula
viva. Lembre que estes fenômenos ocorreram ao longo de milhares de anos, numa condição muito diferente
da atual. Esse foi um dos fatos que possibilitou a lenta origem e evolução da vida na terra, assim como conta
a ciência. Organismos unicelulares foram se especializando ao longo de milhares de anos em organismos
pluricelulares, com estruturas altamente especializadas em desenvolver funções específicas. Lembre-se que a
origem da terra está estimada em 4,5 bilhões de anos e que as modificações ocorridas levaram outros tantos
milhares, ou até milhões de anos.
Posteriormente, surgiram organismos capazes de utilizar os gases existentes na atmosfera primitiva
produzidos pelos primeiros organismos, e o carbono orgânico para formar tecido celular, num processo
chamado de fermentação, processo metabólico que muitos microrganismos realizam na ausência de
oxigênio, havendo grande produção de gás carbônico como resíduo deste metabolismo, aumentando a
concentração deste gás na atmosfera. Devido ao aumento na concentração deste gás, surgiram outros
organismos ainda mais especializados e que podiam fixar este gás em estruturas e tecidos e permitir seu
crescimento. Esses organismos são conhecidos como fotossintetizantes, os quais utilizam gás carbônico, luz
e água para produzir tecido celular e liberar oxigênio posteriormente, o que, a partir deste momento,
modificou através de um novo processo metabólico os tipos de gases contidos na atmosfera, aumentando a
concentração de oxigênio, modificando definitivamente a composição atmosférica para a situação que temos
hoje. Conhecemos por organismos fotossintetizantes as plantas e algumas algas, entre outros, os quais
conseguem retirar o gás carbônico da atmosfera utilizando-o no seu metabolismo e liberando,
posteriormente, oxigênio.
Consideremos agora a ausência de plantas em nosso planeta. A condição atmosférica poderia ser a
mesma de antigamente, havendo excesso de gás carbônico, ou outros gases, e ausência de oxigênio,
portanto, não haveria condição de vida para o ser humano. Consideremos agora a presença de plantas no
planeta. Sua habilidade em fixar o gás carbônico do ar em tecido celular e devolver oxigênio para a
atmosfera pela fotossíntese é um dos principais aspectos para a existência do ser humano no planeta.
Portanto, temos sã consciência de que o ser humano não sobrevive na ausência de plantas e, que estas são
realmente o pulmão do mundo e, por mais que o ser humano polua o ambiente com gás carbônico, as plantas
o retirarão do ar e devolverão oxigênio, permitindo a sobrevivência humana no planeta.
Entretanto, será que isso é suficiente para a sobrevivência humana no planeta? O cultivo de plantas é
um dos alicerces para a sobrevivência humana? O que mais podemos fazer para dar continuidade à espécie
humana e permitir o bem estar das gerações futuras?
Estas são algumas das tantas perguntas que nos angustiam, mas que nos instigam a pensar na nossa
própria existência e na sobrevivência do planeta.
Anderson Rhoden
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo
Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades
Publicado Força do Oeste – pg02 – 18/01/2007
Publicado Revista A Granja de fevereiro de 2007 – pg 62
Ciência Agronômica e a Vida no Planeta.
A ciência Agronômica está diretamente ligada à sobrevivência dos seres humanos no planeta. Há
alguns fatos importantes, porém não perceptíveis num primeiro momento, que condicionam a vida do ser
humano no planeta. Dos fenômenos, podem-se citar três como primordiais: capilaridade, retenção de
nutrientes no solo e fotossíntese.
Primeiramente, pode-se dizer que o fenômeno de capilaridade é um dos alicerces da vida no planeta.
Mas o que vêm a ser o fenômeno de capilaridade? Esse fenômeno é o que explica a retenção de água nos
poros do solo contra a ação da gravidade, isto é, a água fica retida no solo e somente o excesso, isto é, o que
não fica retida nos poros é que é drenado. Sabemos que o solo é trifásico, isto é, composto por minerais e
matéria orgânica (fase sólida), por água (fase líquida) e por ar (fase gasosa). O ar e a água ocupam o espaço
poroso do solo e concorrem por esse espaço. Quando chove predomina água, quando ocorre estiagem o ar
predomina no espaço poroso do solo. Portanto, mesmo em longos períodos de estiagem as plantas
conseguem sobreviver porque estas possuem habilidade de extrair água do solo pelas raízes e, mesmo
quando muito tempo sem chuvas, o solo ainda retém água, por possuir poros pequenos, entretanto, a água
fica retida com grande energia nestes poros, o que dificulta a absorção de água pelas plantas, por isso é que
as plantas sofrem quando ocorre uma estiagem, mas acabam não morrendo porque absorvem a água retida
com energia nos pequenos poros do solo.
Outro fenômeno importante para a vida no planeta é a retenção de nutrientes no solo. Isso só ocorre
por que as rochas estão se intemperizado, isto é, desgastando, sendo gastas pela ação do clima e dos
organismos, promovendo a liberação de minerais e de nutrientes, sabendo que estes formam os minerais.
Portanto, são as pequenas partículas de minerais que formam o solo que são responsáveis pela retenção de
nutrientes no solo e, também o seu desgaste libera nutrientes no ambiente solo, é claro que não podemos
esquecer da matéria orgânica do solo, que também retém nutrientes. Essas partículas menores de solo
possuem capacidade de reter os nutrientes que são liberados pelo desgaste da rocha e dos minerais, além
daqueles adicionados na adubação do solo. Quando adubamos o solo colocamos nutrientes para suprimir a
necessidade das plantas e um pouco a mais para as plantas poderem utilizar num momento posterior,
portanto, esse excesso de nutrientes é que ficará retido nas cargas do solo, não sendo, ou sendo pouco
perdido com a água de drenagem. Por isso que quando se pretende adubar o solo faz-se uma análise para
verificar a reserva de nutrientes do solo, isto é, mede-se quanto de nutrientes estão retidos nas cargas do solo
e complementa-se com o adubo para atender a demanda da cultura.
A fotossíntese, fenômeno fisiológico de sobrevivência das plantas também é um dos alicerces da vida
na terra, pois é pelo fenômeno de fotossíntese que as plantas retiram o gás carbônico (CO2) do ar e o
seqüestram (retêm) em tecido celular, o que permite o crescimento das plantas e a redução da concentração
de CO2 na atmosfera e, em contrapartida, emitem oxigênio (O2) para a atmosfera. Portanto, as plantas
crescem e se desenvolvem produzindo raízes, galhos folhas, frutos e sementes em função do CO2 absorvido,
da luz, dos nutrientes absorvidos e da água, sendo que o órgão da planta responsável pela fotossíntese é
chamado de cloroplasto. Os seres humanos se desenvolvem em função do O2 emitido pelas plantas, além do
alimento produzido por elas e também pelos animais, em função da água e da luz. Portanto, o processo de
fotossíntese é fundamental para a sobrevivência humana, pois permite a produção de alimentos e também de
O2.
Desta forma, se não houvesse retenção de água nos poros do solo e a retenção de nutrientes nas
cargas das partículas do solo, muito possivelmente não haveria sobrevivência das plantas no planeta, pois
faltariam água e nutrientes em algum determinado momento, a não ser que estas desenvolvessem um
mecanismo compensatório para obter a água e os nutrientes necessários. Também não haveria a
sobrevivência humana porque se as plantas não produzissem raízes, caules, folhas, frutos e sementes, o
homem não teria alimento, além de que, sem a produção de folhas não haveria a fotossíntese, o que
definitivamente impediria a sobrevivência humana no planeta.
Anderson Rhoden
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo
Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades.
Publicado Força do Oeste – pg 04 – 25/01/2007
Solos: Impacto e Degradação
A Ciência Agronômica é uma das mais amplas e complexas que existe, pois está diretamente
relacionada à vida no planeta, além de explicar fenômenos importantes, tais como degradação acelerada do
solo, aquecimento global e seqüestro de carbono. Entretanto, que bases são necessárias para poder defrontar
tais assuntos? Que possibilidades existem para minimizar os problemas que comprometem a sobrevivência
humana no planeta?
Neste artigo será dado ênfase a degradação acelerada do solo e seus impactos, ficando os demais
assuntos para artigos posteriores. Constantinesco em 1976 já comentava que as regiões situadas entre a
latitude 40° norte e 40° sul são altamente suscetíveis à degradação ambiental quando a cobertura vegetal do
solo é retirada. Em alguns locais das regiões situadas entre essas latitudes evidencia-se elevada precipitação,
fato muito positivo, entretanto, o tipo de chuva que cai possui elevada intensidade, isto é, a chuva possui
grande energia, o que gera um impacto muito grande da gota de chuva ao solo. Segundo Hudson (1977), o
impacto da água de uma chuva tropical é muitas vezes maior que o dano causado por chuvas de regiões
temperadas. O Brasil, assim como vários outros países, está localizado nessa faixa do globo e nessas
condições.
Portanto, nas condições de solo e clima do Brasil, existe grande impacto da gota de chuva no solo
causando sua degradação, havendo, posteriormente, o transporte das partículas de solo para dentro dos
mananciais, fato evidenciando pela coloração avermelhada e aspecto barrento dos rios logo após uma chuva.
Também, o impacto desta chuva torrencial no solo causa a formação de um fenômeno chamado de
selamento superficial do solo. Este processo é muito relevante nas regiões acima referidas, ocorrendo da
seguinte maneira: em um solo sem cobertura vegetal a gota de água cai diretamente sobre o solo causando
um grande impacto, desagregando-o e causando o salpico das partículas que formam os agregados do solo,
as quais se dispersam e o solo perde agregação. O termo agregação do solo refere-se à união que existe entre
as partículas de solo, dando estruturação e estabilidade ao solo. Portanto, solos com grande agregação são
solos com boas condições físicas de uso, manejo e cultivo. Essas partículas dispersas entram no espaço
poroso do solo junto com a água que infiltra pelos poros, descem alguns milímetros destes e encontram um
impedimento à descida, isto é, o poro fica cada vez mais pequeno e as partículas se acumulam nos
estreitamentos, causando entupimento dos poros, ocorrendo o selamento da camada superficial do solo,
havendo conseqüências diretas em fatores negativos, tais como aumento da densidade, dificuldade de
crescimento radicular e redução da condutividade de água no solo, o que leva a uma baixa capacidade de
infiltração de água no solo, gerando escoamento superficial.
O escoamento superficial é o movimento da água sobre a superfície do solo que ocorre após a
infiltração de água ser excedida. Como existe o selamento da superfície do solo pelo impacto da chuva e
ausência de proteção ao solo, o escoamento superficial fica potencializado. O escoamento das águas sobre o
solo é responsável pela erosão, isto é, a água escoando sobre o solo, devido à redução da infiltração, possui
energia suficiente para colocar as partículas do solo em movimento. Desta forma, este fenômeno é
responsável pelo arraste das partículas até os mananciais, levando consigo também produtos químicos,
adubos, matéria orgânica, sementes, organismos e etc, causando a contaminação das águas, a qual pode ser
visível a olho nu pela coloração dos rios após uma chuva e, pode haver também a contaminação que não é
visível, mas que pode ser muito prejudicial ao ambiente e aos seres vivos, dependendo do agente
contaminante presente.
O manejo inadequado dos solos é fator primordial à sua degradação, a qual pode ser acelerada devido
à atividade humana e ao desrespeito ao meio ambiente. Portanto, maximizar a cobertura do solo com plantas,
evitar o revolvimento do solo e realizar manejos conservacionistas são práticas que reduzem o impacto ao
solo e que atuam diretamente na redução do aquecimento global e no aumento do seqüestro de carbono,
questões que são fundamentais para a sobrevivência humana no planeta.
Anderson Rhoden
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo
Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades
Publicado Força do Oeste – pg 02 – 31/01/2007
Aquecimento global: Parte l – causa gerais
O aquecimento global ocorre devido ao aumento na temperatura média do planeta e atinge todos os
seres vivos e ecossistemas existentes. Fatos como o aumento na emissão de gases poluentes que causam o
efeito estufa e o aumento na atividade solar são os principais responsáveis pela elevação da temperatura
média do planeta.
Outro ponto importante para a ocorrência do aquecimento global está diretamente ligado à atividade
industrial e agrícola. A emissão de gases para a atmosfera devido a estas atividades aumentou muito nas
últimas décadas, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, o que se deve ao aumento na atividade
industrial a fim de atender as necessidades humanas e também na atividade agrícola, principalmente pela
abertura de fronteiras e da necessidade de produção de alimentos. A queima de combustíveis fósseis produz
grande quantidade de gás carbônico (CO2), o que aumenta sua concentração na atmosfera e contribui para o
efeito estufa.
A agricultura, fonte de vida para os seres humanos, também é uma atividade altamente poluidora,
principalmente pelo tipo de manejo de solo e de cultura que é desenvolvido em alguns locais. A necessidade
de aumento na produção de alimentos e a competitividade da agricultura fizeram com que esta se
modernizasse e passasse a utilizar muito mais máquinas e equipamentos na produção, aumentando
sobremaneira o consumo de combustíveis, além de alimentar a indústria para a produção destes. Também, a
necessidade de área para a produção fez com que grandes áreas florestais fossem derrubadas e ecossistemas
alterados para dar lugar a produção de alimentos. O solo, base para a produção, também sofreu grande
impacto devido ao tipo de manejo despendido, havendo o revolvimento do solo e exposição da matéria
orgânica a ação dos microrganismos, os quais a degradam para obter energia e se reproduzir e liberam CO2
como resíduo, que vai à atmosfera. Portanto, o manejo de solo não conservacionista tende a produzir mais
gases pelo revolvimento do solo ou queima de material vegetal, o que aumenta a produção de gases nocivos
ao planeta e favorecem o efeito estufa. Portanto, a agricultura, assim como várias outras atividades, também
contribui para o aquecimento global.
O aquecimento global está acontecendo e não depende somente de um setor da sociedade ou
atividade de produção, ele acontece porque esta se alterando o equilíbrio do planeta e dos ecossistemas, isto
é, esta se produzindo em grande escala na indústria e na agricultura a fim de atender as necessidades das
populações sem preocupação com a reação do planeta, a qual pode ser drástica e comprometedora à
sobrevivência humana. Nota-se, contemporaneamente, que o aquecimento global é uma destas reações.
Entretanto, não se pode parar de produzir, mas sim, deve-se produzir com consciência, com manejo
adequado, com menores impactos e com menor desgaste dos ecossistemas, pois o planeta está em equilíbrio
e os seres humanos dependem da qualidade do ambiente em que vivem e do equilíbrio entre os ecossistemas
para sobreviver.
Anderson Rhoden
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo
Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades
Publicado Força do Oeste – pg 02 – 08/02/2007
Aquecimento global: Parte 2 – Influências da agricultura
O aquecimento global é um dos fenômenos mais importantes no contexto atual e que afeta
diretamente o equilíbrio dos ecossistemas e a sobrevivência dos seres humanos no planeta.
Tanto se fala em aquecimento global, efeito estufa e destruição da camada de ozônio. Mas o que vem
a ser cada um desses fenômenos? O aquecimento global é o fenômeno pelo qual o planeta tem sua
temperatura aumentada com o passar dos tempos, e isso ocorre devido a diversos fatores, sendo o aumento
na produção de gases poluentes o principal. O principal agente deste fenômeno é o gás carbônico (CO2), mas
também o metano (CH4), óxidos de nitrogênio (N2O e NO) e vapor d’ água (H2O) contribuem para tal. Estes
gases vão à atmosfera e formam uma espécie de capa (película) sobre o planeta, o que impede que a radiação
solar que é refletida pela terra retorne para o cosmos, causando o efeito estufa. O aquecimento também
ocorre porque há maior produção de gases nocivos à camada de ozônio, tais como o CH4, os óxidos de
nitrogênio os CFCs (clorofluorcarbonos-usados em geladeiras e sprays), entre outros, os quais reagem com
esta camada e a destroem. A camada de ozônio é um importante agente filtrante da radiação solar, reduzindo
a presença da radiação ultravioleta, a qual tem um grande potencial causador de câncer de pele.
As pesquisas têm mostrado que o grande vilão do aquecimento global é a crescente emissão de gases
poluentes e causadores do efeito estufa, principalmente o gás carbônico (CO2). A indústria e a agricultura
necessitam de energia para produzir e atender a demanda das populações e para isso, utilizam,
principalmente, combustíveis fósseis. As pesquisas têm evidenciado grande contribuição das indústrias na
produção de gases causadores do efeito estufa e gases destruidores da camada de ozônio, mas a agricultura
também contribui para tal fato. Práticas não conservacionistas de solo, tais como o plantio convencional, em
que se revolve o solo e se expõe à matéria orgânica (característica de um solo bom para o cultivo) ao ataque
dos microrganismos, isso faz com que o teor de matéria orgânica do solo diminua, além de resultar numa
produção direta de CO2 pelo metabolismo microbiano. Os animais ruminantes, assim com os bovinos, ovinos
e caprinos, ao se alimentarem conduzem o alimento ao rumem para a digestão e fermentação deste e, neste
momento, ocorre à produção de gases, sendo um dos mais importantes o metano (CH4).
A cultura do arroz irrigado, assim como ocorre nos pântanos e nos mangues, produz grande
quantidade de gases, fato devido ao alagamento do solo, formando um ambiente com pouca disponibilidade
de oxigênio. Neste ambiente, devido ao metabolismo microbiano ser anaeróbio (sem oxigênio), os
microrganismos liberam CH4 e óxidos de nitrogênio, entre outros gases, como resíduos do metabolismo,
diferentemente do que acontece num ambiente bem drenado, onde predomina a liberação de CO2. Estes
gases afetam sobremaneira a camada de ozônio e agravam o aquecimento do planeta porque o CH4 é 21
vezes mais tóxico à camada de ozônio que o CO2 e os óxidos de nitrogênio chegam a ser 250 vezes mais
nocivos à camada de ozônio do que o CO2.
A queimada das florestas gera uma grande quantidade de CO2, além de que, elimina um ser vivo
consumidor do CO2 presente na atmosfera (as árvores são uma forma de seqüestro de carbono), gerando um
duplo problema, em que se elimina do ambiente um agente amenizador do efeito estufa e se acaba gerando
mais CO2 pela sua queima.
Portanto, a agricultura é uma importante fonte de gases causadores do efeito estufa e deletérios a
camada de ozônio, entretanto, não se pode esquecer que existem outras fontes poluentes ainda mais
agravantes, tais como as indústrias e os automóveis, os quais produzem grandes quantidades de CO2, CH4,
N2O, NO e principalmente de CFCs, além de outros gases, os quais possuem ação destruidora imediata
sobre a camada de ozônio e ação efetiva no efeito estufa. Desta forma, devem-se buscar alternativas para
minimizar a produção destes gases e/ou substituir os combustíveis por outros menos poluentes, buscando-se
combustíveis alternativos. Também buscar a manutenção da vegetação e de florestas sobre a superfície do
planeta a fim de minimizar o efeito estufa e parar a destruição da camada de ozônio para sim, num futuro
próximo, frear o aquecimento global e minimizar suas conseqüências catastróficas para os seres humanos.
Anderson Rhoden - Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo
Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades
Publicado Força do Oeste – pg 02 – 15/02/2007
Aquecimento global: Parte 3 – Seqüestro de carbono
O aquecimento do planeta é um fenômeno que esta acontecendo em função da maior produção de
gases causadores do efeito estufa e destruidores da camada de ozônio. O gás carbônico (CO2) é o principal
agente de tal fenômeno, pois esta sendo emitido em proporções cada vez maiores em função das atividades
humanas, mas existem outros gases, tais como metano (CH4) e óxidos de nitrogênio (N2O e NO) e CFCs
(clorofluorcarbonos) que também contribuem para o aquecimento global. Portanto, há necessidade de
minimizar a produção de gases, principalmente de CO2, além de ter de extrair parte destes da atmosfera para
que se possa minimizar o efeito estufa e assim, frear o aquecimento global.
Uma maneira de minimizar a presença de CO2 na atmosfera é o processo chamado de seqüestro de
carbono. Mas o que vem a ser o seqüestro de carbono? Este processo nada mais é do que a retirada de CO2
da atmosfera, mas na verdade este processo é complexo e envolve diversos fatores e interesses, tanto
políticos como econômicos. O seqüestro de carbono envolve desde a minimização da emissão de gases
poluentes para a atmosfera, como também a retirada de parte do CO2 do ar pelo cultivo de plantas, isto é,
seqüestrar o CO2 do ar e imobilizá-lo em tecido vegetal.
As plantas realizam fotossíntese e por esse processo elas retiram CO2 do ar e usam o carbono (C)
deste, juntamente com água, luz e nutrientes, para promover seu crescimento, isto é, produzir tecido celular,
eliminando oxigênio (O2). As plantas retiram CO2 do ar para utilizar o carbono em seu metabolismo, o que é
altamente benéfico por minimizar o aquecimento global e, neste momento estão realizando o seqüestro de
carbono, retirando-o da atmosfera e devolvendo O2, gás imprescindível para a sobrevivência do ser humano.
A cobertura do solo por plantas também é uma ação importante e que deve ser maximizada a fim de
evitar a erosão do solo pelas enxurradas e maximizar o uso do solo na retirada de CO2 do ar. Quando se fala
em plantas, não quer dizer são somente árvores, mas sim qualquer tipo de vegetal e, quando este vegetal
estiver no final do seu ciclo produtivo, deve-se privar pelo manejo de solo conservacionista, isto é, evitar o
revolvimento do solo. O não revolvimento faz com que a palha produzida pelo vegetal fique depositada na
superfície do solo, não sendo misturada com este pelo revolvimento, o que colocaria a palha em contato
direto como os microrganismos do solo, acelerando sua decomposição, pois o metabolismo microbiano usa
parte do carbono anteriormente seqüestrado na palha das plantas para produzir células e, elimina outra parte
sob a forma de CO2. A palha sobre o solo sem revolvimento protege-o contra enxurradas, além de minimizar
o aquecimento do solo (proteção contra os raios solares), aumentar a ciclagem de nutrientes, a retenção de
água e aumentar o teor de carbono do solo (indicativo de qualidade do solo), realizando assim o seqüestro de
carbono.
Os animais também contribuem com o aquecimento global devido à produção de gases pelo seu
metabolismo. Também, os dejetos produzidos pelos animais resultam na produção de gases, portanto, primar
pelo manejo correto dos dejetos também ajuda a minimizar o aquecimento global. As esterqueiras onde são
acondicionados os dejetos são um ambiente propício para a produção de gases, pois ocorre o processo de
fermentação. Um dos principais gases produzidos nas esterqueiras é o metano (CH4), o qual é agente
causador do efeito estufa e também altamente deletério a camada de ozônio. Entretanto, usando-se o
princípio do seqüestro de carbono, pode-se minimizar o efeito deste gás sem haver necessidade de evitar sua
produção. Trata-se do uso de biodigestores. O biodigestor consiste em isolar a esterqueira (existem diversas
maneiras), mantê-la fechada, fazendo com que a produção dos gases provenientes da fermentação dos
dejetos sejam conduzidos para uma saída, podendo ser usado em queimadores, aproveitado na geração de
energia, acendimento de lâmpadas, funcionamento de motores e como gás de cozinha, etc. Neste processo de
queima, o CH4 é transformado em CO2. Sabe-se que o CH4 é 21 vezes mais deletério a camada de ozônio do
que o CO2. Desta forma, pode-se continuar produzido animais, porém, os gases emitidos a atmosfera terão
menor efeito sobre a camada de ozônio, efeito estufa e aquecimento global.
Não revolver o solo, preservar a vegetação, realizar o plantio de árvores e manter o solo coberto por
plantas, conduzir os dejetos para esterqueiras e realizar a fermentação adequada com biodigestores são
práticas que reduzem a emissão de CO2 e CH4 para a atmosfera, além de realizar o seqüestro de carbono, isto
é, retirar o carbono que está sob a forma de CO2 na atmosfera e imobilizá-lo em tecido vegetal, o que auxilia
na redução do efeito estufa e na proteção da camada de ozônio, amenizando o fenômeno do aquecimento
global.
Anderson Rhoden - Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo
Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades
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