Publicado no Força do Oeste - pg 02 – 21/12/2006 Fatos da grande evolução da vida no planeta O planeta terra surgiu a bilhões de anos atrás e, desde então, vem passando por alterações significativas, modificando definitivamente a composição da atmosfera, o clima, a quantidade e qualidade da água, os solos e principalmente, o tipo de vida existente. Nos primórdios do planeta terra, a atmosfera era formada por gases como metano, gás hidrogênio, amônia e vapor da água, entre outros, além de uma grande quantidade de energia expressa pelas descargas elétricas liberada pelos raios. Com o abaixamento da temperatura da terra após a grande explosão que formou o sistema solar, houve a condensação dos vapores d´ água, o que gerou a água líquida e, a grande presença de moléculas contendo carbono, hidrogênio, principalmente, oxigênio, nitrogênio e enxofre, entre outros elementos essenciais, e a grande quantidade de energia (descargas elétricas), promoveu ambiente favorável para que estes componentes se aglutinassem e passassem a formar aminoácidos, que são os precursores das proteínas, e estas os precursores da vida. Portanto formaram-se, a partir dos aminoácidos, as primeiras e incipientes proteínas que, ao longo do tempo, se especializaram e originaram a primeira célula viva. Lembre que estes fenômenos ocorreram ao longo de milhares de anos, numa condição muito diferente da atual. Esse foi um dos fatos que possibilitou a lenta origem e evolução da vida na terra, assim como conta a ciência. Organismos unicelulares foram se especializando ao longo de milhares de anos em organismos pluricelulares, com estruturas altamente especializadas em desenvolver funções específicas. Lembre-se que a origem da terra está estimada em 4,5 bilhões de anos e que as modificações ocorridas levaram outros tantos milhares, ou até milhões de anos. Posteriormente, surgiram organismos capazes de utilizar os gases existentes na atmosfera primitiva produzidos pelos primeiros organismos, e o carbono orgânico para formar tecido celular, num processo chamado de fermentação, processo metabólico que muitos microrganismos realizam na ausência de oxigênio, havendo grande produção de gás carbônico como resíduo deste metabolismo, aumentando a concentração deste gás na atmosfera. Devido ao aumento na concentração deste gás, surgiram outros organismos ainda mais especializados e que podiam fixar este gás em estruturas e tecidos e permitir seu crescimento. Esses organismos são conhecidos como fotossintetizantes, os quais utilizam gás carbônico, luz e água para produzir tecido celular e liberar oxigênio posteriormente, o que, a partir deste momento, modificou através de um novo processo metabólico os tipos de gases contidos na atmosfera, aumentando a concentração de oxigênio, modificando definitivamente a composição atmosférica para a situação que temos hoje. Conhecemos por organismos fotossintetizantes as plantas e algumas algas, entre outros, os quais conseguem retirar o gás carbônico da atmosfera utilizando-o no seu metabolismo e liberando, posteriormente, oxigênio. Consideremos agora a ausência de plantas em nosso planeta. A condição atmosférica poderia ser a mesma de antigamente, havendo excesso de gás carbônico, ou outros gases, e ausência de oxigênio, portanto, não haveria condição de vida para o ser humano. Consideremos agora a presença de plantas no planeta. Sua habilidade em fixar o gás carbônico do ar em tecido celular e devolver oxigênio para a atmosfera pela fotossíntese é um dos principais aspectos para a existência do ser humano no planeta. Portanto, temos sã consciência de que o ser humano não sobrevive na ausência de plantas e, que estas são realmente o pulmão do mundo e, por mais que o ser humano polua o ambiente com gás carbônico, as plantas o retirarão do ar e devolverão oxigênio, permitindo a sobrevivência humana no planeta. Entretanto, será que isso é suficiente para a sobrevivência humana no planeta? O cultivo de plantas é um dos alicerces para a sobrevivência humana? O que mais podemos fazer para dar continuidade à espécie humana e permitir o bem estar das gerações futuras? Estas são algumas das tantas perguntas que nos angustiam, mas que nos instigam a pensar na nossa própria existência e na sobrevivência do planeta. Anderson Rhoden Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades Publicado Força do Oeste – pg02 – 18/01/2007 Publicado Revista A Granja de fevereiro de 2007 – pg 62 Ciência Agronômica e a Vida no Planeta. A ciência Agronômica está diretamente ligada à sobrevivência dos seres humanos no planeta. Há alguns fatos importantes, porém não perceptíveis num primeiro momento, que condicionam a vida do ser humano no planeta. Dos fenômenos, podem-se citar três como primordiais: capilaridade, retenção de nutrientes no solo e fotossíntese. Primeiramente, pode-se dizer que o fenômeno de capilaridade é um dos alicerces da vida no planeta. Mas o que vêm a ser o fenômeno de capilaridade? Esse fenômeno é o que explica a retenção de água nos poros do solo contra a ação da gravidade, isto é, a água fica retida no solo e somente o excesso, isto é, o que não fica retida nos poros é que é drenado. Sabemos que o solo é trifásico, isto é, composto por minerais e matéria orgânica (fase sólida), por água (fase líquida) e por ar (fase gasosa). O ar e a água ocupam o espaço poroso do solo e concorrem por esse espaço. Quando chove predomina água, quando ocorre estiagem o ar predomina no espaço poroso do solo. Portanto, mesmo em longos períodos de estiagem as plantas conseguem sobreviver porque estas possuem habilidade de extrair água do solo pelas raízes e, mesmo quando muito tempo sem chuvas, o solo ainda retém água, por possuir poros pequenos, entretanto, a água fica retida com grande energia nestes poros, o que dificulta a absorção de água pelas plantas, por isso é que as plantas sofrem quando ocorre uma estiagem, mas acabam não morrendo porque absorvem a água retida com energia nos pequenos poros do solo. Outro fenômeno importante para a vida no planeta é a retenção de nutrientes no solo. Isso só ocorre por que as rochas estão se intemperizado, isto é, desgastando, sendo gastas pela ação do clima e dos organismos, promovendo a liberação de minerais e de nutrientes, sabendo que estes formam os minerais. Portanto, são as pequenas partículas de minerais que formam o solo que são responsáveis pela retenção de nutrientes no solo e, também o seu desgaste libera nutrientes no ambiente solo, é claro que não podemos esquecer da matéria orgânica do solo, que também retém nutrientes. Essas partículas menores de solo possuem capacidade de reter os nutrientes que são liberados pelo desgaste da rocha e dos minerais, além daqueles adicionados na adubação do solo. Quando adubamos o solo colocamos nutrientes para suprimir a necessidade das plantas e um pouco a mais para as plantas poderem utilizar num momento posterior, portanto, esse excesso de nutrientes é que ficará retido nas cargas do solo, não sendo, ou sendo pouco perdido com a água de drenagem. Por isso que quando se pretende adubar o solo faz-se uma análise para verificar a reserva de nutrientes do solo, isto é, mede-se quanto de nutrientes estão retidos nas cargas do solo e complementa-se com o adubo para atender a demanda da cultura. A fotossíntese, fenômeno fisiológico de sobrevivência das plantas também é um dos alicerces da vida na terra, pois é pelo fenômeno de fotossíntese que as plantas retiram o gás carbônico (CO2) do ar e o seqüestram (retêm) em tecido celular, o que permite o crescimento das plantas e a redução da concentração de CO2 na atmosfera e, em contrapartida, emitem oxigênio (O2) para a atmosfera. Portanto, as plantas crescem e se desenvolvem produzindo raízes, galhos folhas, frutos e sementes em função do CO2 absorvido, da luz, dos nutrientes absorvidos e da água, sendo que o órgão da planta responsável pela fotossíntese é chamado de cloroplasto. Os seres humanos se desenvolvem em função do O2 emitido pelas plantas, além do alimento produzido por elas e também pelos animais, em função da água e da luz. Portanto, o processo de fotossíntese é fundamental para a sobrevivência humana, pois permite a produção de alimentos e também de O2. Desta forma, se não houvesse retenção de água nos poros do solo e a retenção de nutrientes nas cargas das partículas do solo, muito possivelmente não haveria sobrevivência das plantas no planeta, pois faltariam água e nutrientes em algum determinado momento, a não ser que estas desenvolvessem um mecanismo compensatório para obter a água e os nutrientes necessários. Também não haveria a sobrevivência humana porque se as plantas não produzissem raízes, caules, folhas, frutos e sementes, o homem não teria alimento, além de que, sem a produção de folhas não haveria a fotossíntese, o que definitivamente impediria a sobrevivência humana no planeta. Anderson Rhoden Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades. Publicado Força do Oeste – pg 04 – 25/01/2007 Solos: Impacto e Degradação A Ciência Agronômica é uma das mais amplas e complexas que existe, pois está diretamente relacionada à vida no planeta, além de explicar fenômenos importantes, tais como degradação acelerada do solo, aquecimento global e seqüestro de carbono. Entretanto, que bases são necessárias para poder defrontar tais assuntos? Que possibilidades existem para minimizar os problemas que comprometem a sobrevivência humana no planeta? Neste artigo será dado ênfase a degradação acelerada do solo e seus impactos, ficando os demais assuntos para artigos posteriores. Constantinesco em 1976 já comentava que as regiões situadas entre a latitude 40° norte e 40° sul são altamente suscetíveis à degradação ambiental quando a cobertura vegetal do solo é retirada. Em alguns locais das regiões situadas entre essas latitudes evidencia-se elevada precipitação, fato muito positivo, entretanto, o tipo de chuva que cai possui elevada intensidade, isto é, a chuva possui grande energia, o que gera um impacto muito grande da gota de chuva ao solo. Segundo Hudson (1977), o impacto da água de uma chuva tropical é muitas vezes maior que o dano causado por chuvas de regiões temperadas. O Brasil, assim como vários outros países, está localizado nessa faixa do globo e nessas condições. Portanto, nas condições de solo e clima do Brasil, existe grande impacto da gota de chuva no solo causando sua degradação, havendo, posteriormente, o transporte das partículas de solo para dentro dos mananciais, fato evidenciando pela coloração avermelhada e aspecto barrento dos rios logo após uma chuva. Também, o impacto desta chuva torrencial no solo causa a formação de um fenômeno chamado de selamento superficial do solo. Este processo é muito relevante nas regiões acima referidas, ocorrendo da seguinte maneira: em um solo sem cobertura vegetal a gota de água cai diretamente sobre o solo causando um grande impacto, desagregando-o e causando o salpico das partículas que formam os agregados do solo, as quais se dispersam e o solo perde agregação. O termo agregação do solo refere-se à união que existe entre as partículas de solo, dando estruturação e estabilidade ao solo. Portanto, solos com grande agregação são solos com boas condições físicas de uso, manejo e cultivo. Essas partículas dispersas entram no espaço poroso do solo junto com a água que infiltra pelos poros, descem alguns milímetros destes e encontram um impedimento à descida, isto é, o poro fica cada vez mais pequeno e as partículas se acumulam nos estreitamentos, causando entupimento dos poros, ocorrendo o selamento da camada superficial do solo, havendo conseqüências diretas em fatores negativos, tais como aumento da densidade, dificuldade de crescimento radicular e redução da condutividade de água no solo, o que leva a uma baixa capacidade de infiltração de água no solo, gerando escoamento superficial. O escoamento superficial é o movimento da água sobre a superfície do solo que ocorre após a infiltração de água ser excedida. Como existe o selamento da superfície do solo pelo impacto da chuva e ausência de proteção ao solo, o escoamento superficial fica potencializado. O escoamento das águas sobre o solo é responsável pela erosão, isto é, a água escoando sobre o solo, devido à redução da infiltração, possui energia suficiente para colocar as partículas do solo em movimento. Desta forma, este fenômeno é responsável pelo arraste das partículas até os mananciais, levando consigo também produtos químicos, adubos, matéria orgânica, sementes, organismos e etc, causando a contaminação das águas, a qual pode ser visível a olho nu pela coloração dos rios após uma chuva e, pode haver também a contaminação que não é visível, mas que pode ser muito prejudicial ao ambiente e aos seres vivos, dependendo do agente contaminante presente. O manejo inadequado dos solos é fator primordial à sua degradação, a qual pode ser acelerada devido à atividade humana e ao desrespeito ao meio ambiente. Portanto, maximizar a cobertura do solo com plantas, evitar o revolvimento do solo e realizar manejos conservacionistas são práticas que reduzem o impacto ao solo e que atuam diretamente na redução do aquecimento global e no aumento do seqüestro de carbono, questões que são fundamentais para a sobrevivência humana no planeta. Anderson Rhoden Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades Publicado Força do Oeste – pg 02 – 31/01/2007 Aquecimento global: Parte l – causa gerais O aquecimento global ocorre devido ao aumento na temperatura média do planeta e atinge todos os seres vivos e ecossistemas existentes. Fatos como o aumento na emissão de gases poluentes que causam o efeito estufa e o aumento na atividade solar são os principais responsáveis pela elevação da temperatura média do planeta. Outro ponto importante para a ocorrência do aquecimento global está diretamente ligado à atividade industrial e agrícola. A emissão de gases para a atmosfera devido a estas atividades aumentou muito nas últimas décadas, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, o que se deve ao aumento na atividade industrial a fim de atender as necessidades humanas e também na atividade agrícola, principalmente pela abertura de fronteiras e da necessidade de produção de alimentos. A queima de combustíveis fósseis produz grande quantidade de gás carbônico (CO2), o que aumenta sua concentração na atmosfera e contribui para o efeito estufa. A agricultura, fonte de vida para os seres humanos, também é uma atividade altamente poluidora, principalmente pelo tipo de manejo de solo e de cultura que é desenvolvido em alguns locais. A necessidade de aumento na produção de alimentos e a competitividade da agricultura fizeram com que esta se modernizasse e passasse a utilizar muito mais máquinas e equipamentos na produção, aumentando sobremaneira o consumo de combustíveis, além de alimentar a indústria para a produção destes. Também, a necessidade de área para a produção fez com que grandes áreas florestais fossem derrubadas e ecossistemas alterados para dar lugar a produção de alimentos. O solo, base para a produção, também sofreu grande impacto devido ao tipo de manejo despendido, havendo o revolvimento do solo e exposição da matéria orgânica a ação dos microrganismos, os quais a degradam para obter energia e se reproduzir e liberam CO2 como resíduo, que vai à atmosfera. Portanto, o manejo de solo não conservacionista tende a produzir mais gases pelo revolvimento do solo ou queima de material vegetal, o que aumenta a produção de gases nocivos ao planeta e favorecem o efeito estufa. Portanto, a agricultura, assim como várias outras atividades, também contribui para o aquecimento global. O aquecimento global está acontecendo e não depende somente de um setor da sociedade ou atividade de produção, ele acontece porque esta se alterando o equilíbrio do planeta e dos ecossistemas, isto é, esta se produzindo em grande escala na indústria e na agricultura a fim de atender as necessidades das populações sem preocupação com a reação do planeta, a qual pode ser drástica e comprometedora à sobrevivência humana. Nota-se, contemporaneamente, que o aquecimento global é uma destas reações. Entretanto, não se pode parar de produzir, mas sim, deve-se produzir com consciência, com manejo adequado, com menores impactos e com menor desgaste dos ecossistemas, pois o planeta está em equilíbrio e os seres humanos dependem da qualidade do ambiente em que vivem e do equilíbrio entre os ecossistemas para sobreviver. Anderson Rhoden Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades Publicado Força do Oeste – pg 02 – 08/02/2007 Aquecimento global: Parte 2 – Influências da agricultura O aquecimento global é um dos fenômenos mais importantes no contexto atual e que afeta diretamente o equilíbrio dos ecossistemas e a sobrevivência dos seres humanos no planeta. Tanto se fala em aquecimento global, efeito estufa e destruição da camada de ozônio. Mas o que vem a ser cada um desses fenômenos? O aquecimento global é o fenômeno pelo qual o planeta tem sua temperatura aumentada com o passar dos tempos, e isso ocorre devido a diversos fatores, sendo o aumento na produção de gases poluentes o principal. O principal agente deste fenômeno é o gás carbônico (CO2), mas também o metano (CH4), óxidos de nitrogênio (N2O e NO) e vapor d’ água (H2O) contribuem para tal. Estes gases vão à atmosfera e formam uma espécie de capa (película) sobre o planeta, o que impede que a radiação solar que é refletida pela terra retorne para o cosmos, causando o efeito estufa. O aquecimento também ocorre porque há maior produção de gases nocivos à camada de ozônio, tais como o CH4, os óxidos de nitrogênio os CFCs (clorofluorcarbonos-usados em geladeiras e sprays), entre outros, os quais reagem com esta camada e a destroem. A camada de ozônio é um importante agente filtrante da radiação solar, reduzindo a presença da radiação ultravioleta, a qual tem um grande potencial causador de câncer de pele. As pesquisas têm mostrado que o grande vilão do aquecimento global é a crescente emissão de gases poluentes e causadores do efeito estufa, principalmente o gás carbônico (CO2). A indústria e a agricultura necessitam de energia para produzir e atender a demanda das populações e para isso, utilizam, principalmente, combustíveis fósseis. As pesquisas têm evidenciado grande contribuição das indústrias na produção de gases causadores do efeito estufa e gases destruidores da camada de ozônio, mas a agricultura também contribui para tal fato. Práticas não conservacionistas de solo, tais como o plantio convencional, em que se revolve o solo e se expõe à matéria orgânica (característica de um solo bom para o cultivo) ao ataque dos microrganismos, isso faz com que o teor de matéria orgânica do solo diminua, além de resultar numa produção direta de CO2 pelo metabolismo microbiano. Os animais ruminantes, assim com os bovinos, ovinos e caprinos, ao se alimentarem conduzem o alimento ao rumem para a digestão e fermentação deste e, neste momento, ocorre à produção de gases, sendo um dos mais importantes o metano (CH4). A cultura do arroz irrigado, assim como ocorre nos pântanos e nos mangues, produz grande quantidade de gases, fato devido ao alagamento do solo, formando um ambiente com pouca disponibilidade de oxigênio. Neste ambiente, devido ao metabolismo microbiano ser anaeróbio (sem oxigênio), os microrganismos liberam CH4 e óxidos de nitrogênio, entre outros gases, como resíduos do metabolismo, diferentemente do que acontece num ambiente bem drenado, onde predomina a liberação de CO2. Estes gases afetam sobremaneira a camada de ozônio e agravam o aquecimento do planeta porque o CH4 é 21 vezes mais tóxico à camada de ozônio que o CO2 e os óxidos de nitrogênio chegam a ser 250 vezes mais nocivos à camada de ozônio do que o CO2. A queimada das florestas gera uma grande quantidade de CO2, além de que, elimina um ser vivo consumidor do CO2 presente na atmosfera (as árvores são uma forma de seqüestro de carbono), gerando um duplo problema, em que se elimina do ambiente um agente amenizador do efeito estufa e se acaba gerando mais CO2 pela sua queima. Portanto, a agricultura é uma importante fonte de gases causadores do efeito estufa e deletérios a camada de ozônio, entretanto, não se pode esquecer que existem outras fontes poluentes ainda mais agravantes, tais como as indústrias e os automóveis, os quais produzem grandes quantidades de CO2, CH4, N2O, NO e principalmente de CFCs, além de outros gases, os quais possuem ação destruidora imediata sobre a camada de ozônio e ação efetiva no efeito estufa. Desta forma, devem-se buscar alternativas para minimizar a produção destes gases e/ou substituir os combustíveis por outros menos poluentes, buscando-se combustíveis alternativos. Também buscar a manutenção da vegetação e de florestas sobre a superfície do planeta a fim de minimizar o efeito estufa e parar a destruição da camada de ozônio para sim, num futuro próximo, frear o aquecimento global e minimizar suas conseqüências catastróficas para os seres humanos. Anderson Rhoden - Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades Publicado Força do Oeste – pg 02 – 15/02/2007 Aquecimento global: Parte 3 – Seqüestro de carbono O aquecimento do planeta é um fenômeno que esta acontecendo em função da maior produção de gases causadores do efeito estufa e destruidores da camada de ozônio. O gás carbônico (CO2) é o principal agente de tal fenômeno, pois esta sendo emitido em proporções cada vez maiores em função das atividades humanas, mas existem outros gases, tais como metano (CH4) e óxidos de nitrogênio (N2O e NO) e CFCs (clorofluorcarbonos) que também contribuem para o aquecimento global. Portanto, há necessidade de minimizar a produção de gases, principalmente de CO2, além de ter de extrair parte destes da atmosfera para que se possa minimizar o efeito estufa e assim, frear o aquecimento global. Uma maneira de minimizar a presença de CO2 na atmosfera é o processo chamado de seqüestro de carbono. Mas o que vem a ser o seqüestro de carbono? Este processo nada mais é do que a retirada de CO2 da atmosfera, mas na verdade este processo é complexo e envolve diversos fatores e interesses, tanto políticos como econômicos. O seqüestro de carbono envolve desde a minimização da emissão de gases poluentes para a atmosfera, como também a retirada de parte do CO2 do ar pelo cultivo de plantas, isto é, seqüestrar o CO2 do ar e imobilizá-lo em tecido vegetal. As plantas realizam fotossíntese e por esse processo elas retiram CO2 do ar e usam o carbono (C) deste, juntamente com água, luz e nutrientes, para promover seu crescimento, isto é, produzir tecido celular, eliminando oxigênio (O2). As plantas retiram CO2 do ar para utilizar o carbono em seu metabolismo, o que é altamente benéfico por minimizar o aquecimento global e, neste momento estão realizando o seqüestro de carbono, retirando-o da atmosfera e devolvendo O2, gás imprescindível para a sobrevivência do ser humano. A cobertura do solo por plantas também é uma ação importante e que deve ser maximizada a fim de evitar a erosão do solo pelas enxurradas e maximizar o uso do solo na retirada de CO2 do ar. Quando se fala em plantas, não quer dizer são somente árvores, mas sim qualquer tipo de vegetal e, quando este vegetal estiver no final do seu ciclo produtivo, deve-se privar pelo manejo de solo conservacionista, isto é, evitar o revolvimento do solo. O não revolvimento faz com que a palha produzida pelo vegetal fique depositada na superfície do solo, não sendo misturada com este pelo revolvimento, o que colocaria a palha em contato direto como os microrganismos do solo, acelerando sua decomposição, pois o metabolismo microbiano usa parte do carbono anteriormente seqüestrado na palha das plantas para produzir células e, elimina outra parte sob a forma de CO2. A palha sobre o solo sem revolvimento protege-o contra enxurradas, além de minimizar o aquecimento do solo (proteção contra os raios solares), aumentar a ciclagem de nutrientes, a retenção de água e aumentar o teor de carbono do solo (indicativo de qualidade do solo), realizando assim o seqüestro de carbono. Os animais também contribuem com o aquecimento global devido à produção de gases pelo seu metabolismo. Também, os dejetos produzidos pelos animais resultam na produção de gases, portanto, primar pelo manejo correto dos dejetos também ajuda a minimizar o aquecimento global. As esterqueiras onde são acondicionados os dejetos são um ambiente propício para a produção de gases, pois ocorre o processo de fermentação. Um dos principais gases produzidos nas esterqueiras é o metano (CH4), o qual é agente causador do efeito estufa e também altamente deletério a camada de ozônio. Entretanto, usando-se o princípio do seqüestro de carbono, pode-se minimizar o efeito deste gás sem haver necessidade de evitar sua produção. Trata-se do uso de biodigestores. O biodigestor consiste em isolar a esterqueira (existem diversas maneiras), mantê-la fechada, fazendo com que a produção dos gases provenientes da fermentação dos dejetos sejam conduzidos para uma saída, podendo ser usado em queimadores, aproveitado na geração de energia, acendimento de lâmpadas, funcionamento de motores e como gás de cozinha, etc. Neste processo de queima, o CH4 é transformado em CO2. Sabe-se que o CH4 é 21 vezes mais deletério a camada de ozônio do que o CO2. Desta forma, pode-se continuar produzido animais, porém, os gases emitidos a atmosfera terão menor efeito sobre a camada de ozônio, efeito estufa e aquecimento global. Não revolver o solo, preservar a vegetação, realizar o plantio de árvores e manter o solo coberto por plantas, conduzir os dejetos para esterqueiras e realizar a fermentação adequada com biodigestores são práticas que reduzem a emissão de CO2 e CH4 para a atmosfera, além de realizar o seqüestro de carbono, isto é, retirar o carbono que está sob a forma de CO2 na atmosfera e imobilizá-lo em tecido vegetal, o que auxilia na redução do efeito estufa e na proteção da camada de ozônio, amenizando o fenômeno do aquecimento global. Anderson Rhoden - Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo Professor do curso de Agronomia da FAI-Faculdades