sobrevivência do planeta terra – mito ou realidade?

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SOBREVIVÊNCIA DO PLANETA TERRA – MITO OU REALIDADE?
Infelizmente, qualquer mudança de cultura demanda tempo para se consolidar, mas, no caso
específico da crise da sustentabilidade ambiental e a falta de água – irmãs siamesas, o tempo
corre mais rápido. Por isto, é preciso acelerar a mudança cultural que significa, essencialmente,
sair da retórica de muitas pessoas e prática de poucas, para uma prática de muitas pessoas,
empresas e órgãos governamentais – O TEMPO CORRE CONTRA A SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL E A SOBREVIVÊNCIA DO PLANETA!
O recente estresse hídrico que estamos vivendo no Sudeste, apesar de dramático, tem um
ponto positivo por nos forçar a cair na realidade e nos mostrar que não temos mais água doce
em abundância; isto nos obriga a buscar novas tecnologias, mudanças de hábito para eliminar
o seu uso predatório – inclusive em nossas residências, adotar práticas de reuso de
efluentes – principalmente no segmento industrial, preservação das nascentes e das
matas ciliares, eliminar inúmeros vazamentos existentes no sistema de abastecimento, entre
outras ações.
Recentemente, o grande Bill Gates, fundador da Microsoft e um dos homens mais ricos do
mundo, empurrou a crise hídrica mundial para os holofotes com o seu gesto de investir em um
equipamento que transforma excrementos humanos em água potável e beber um copo desta
água. Foi, sem dúvida, UM GRANDE RECADO PARA TODA A HUMANIDADE.
Além destes fatos, o recente documento do “Painel Internacional de Mudanças Climáticas
(IPCC)”, órgão de estudos climáticos da ONU – Organização das Nações Unidas, mostra como
tem sido dramática a escalada da emissão de dióxido de carbono (CO2) ao longo do tempo e as
suas relevantes e danosas consequências:
ANO
EMISSÃO CO2
POPULAÇÃO MUNDIAL
(TONELADAS)
(BILHÃO)
FATO GERADOR
1850
198 milhões
1,2
Revolução Industrial na Europa
1890
1,3 bilhão
1,5
Industrialização fora da Europa
1930
3,8 bilhões
desenvolvimento
2,0
Industrialização
países
1970
14,5 bilhões
3,7
Industrialização da China
2011
32,2 bilhões
7,0
Ásia se torna a grande emissora
em
Este documento estabeleceu como Meta a elevação de, no máximo, dois graus centígrados na
temperatura global até o fim deste século. Com ênfase nos efeitos do aquecimento global, este
documento foi um trabalho realizado por mais de 800 pesquisadores de todo o mundo, ao
longo de cinco anos, e ressalta três pontos fundamentais:
1. As ações das pessoas, MAIS ESPECIFICAMENTE DE CADA UM DE NÓS, são
responsáveis pelas mudanças climáticas do planeta;
2. Apesar da cultura de sustentabilidade que se espalhou pela sociedade, infelizmente
ainda é mais discurso do que prática, continuamos a emitir dióxido de carbono (CO2) a
taxas muito elevadas, o grande responsável pelo aquecimento global;
3. É necessário cortar de 40% a 70% nas emissões globais até 2050 e em 100% até 2100
para que se tenha um futuro suportável.
Se continuarmos a emitir CO2 na quantidade atual, estima-se que a temperatura global
se eleve em até 4,8 graus até o final deste século, com conseqüências desastrosas para
a vida na Terra que já começam a ser sentidas em escala muito menor do que as que
virão: enchentes colossais em determinadas regiões e grandes secas em
outras, queda dramática na produção agrícola com aumento significativo da
fome no mundo, contingente muito maior de pessoas sem acesso a água,
menor disponibilidade de água para as empresas, maior formação de
desertos, extinção de espécies de animais e vegetais, entre outras graves
consequências.
Pode parecer um cenário apocalíptico, mas será cada vez mais presente nas nossas
vidas se não houver um corte total na emissão de gases de efeito estufa ainda neste
século.
Mas é possível atingir este objetivo em uma população tão dependente da queima de
combustível fóssil?
O mesmo documento da ONU mostra que este caminho é possível desde que haja uma
mudança no comportamento das pessoas, das organizações empresariais e dos governos:




Já existem tecnologias capazes de implementar fontes alternativas de energia e todos
os países do mundo tem, pelo menos, um recurso renovável abundante.
Os Estados Unidos, segundo maior emissor de gases de efeito estufa, devem dobrar o
uso de energia solar e eólica até 2040.
A China, maior emissor de gases de efeito estufa, tem investido bilhões de dólares em
fontes renováveis, só em 2014 investiu US$56 bilhões nesta área.
O Brasil, país com grandes possibilidades de energia renovável, precisa voltar a
acreditar e aumentar investimentos nesta área: etanol, biodiesel, eólica, solar, nuclear
e, além disto, reduzir drasticamente o desmatamento, principalmente da Amazônia.
Como disse Ban Ki-moon, secretário geral da ONU: “a ciência se pronunciou, o
tempo não está do nosso lado e os líderes devem agir”.
Mesmo com todas estas evidências, alguns cientistas ainda defendem a tese de que o
aquecimento global é fruto de “ciclos naturais da Terra”, o que é, majoritariamente, contestado
pela grande maioria dos cientistas.
Entretanto, mesmo se esta tese dos “ciclos naturais da Terra” se mostrar verdadeira, o nosso
zelo ambiental é uma inteligente atitude para todos os ecossistemas, em especial para as
reservas de água doce, cada vez mais escassas
Agora fica a pergunta:
COMO VOCÊ ENXERGA A SOBREVIVÊNCIA DO NOSSO PLANETA– MITO OU
REALIDADE?
Alan Kardec
Ex-Presidente da Petrobras Biocombustível e da
ABRAMAN
Diretor de Gestão da TCA – Tecnologia em Controle
Ambiental
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