Manual de Redação e Estilo - Faculdade Prudente de Moraes

Propaganda
MANUAL DE REDAÇÃO E ESTILO
1
Manual de Redação e Estilo
 Autor
Prof. Ms. André Luiz de Barros Leite
2
Este pequeno Manual de Redação tem por objetivo
auxiliar as aulas de Jornal Laboratório, servindo como
revisão do que já foi estudado e fonte de consulta para
futuras reportagens. Escrever exige mais disciplina do
que talento. Por isso, com algumas técnicas, muita
atenção, trabalho aplicado e, de sobra, uma pitada de
criatividade, o resultado é, no mínimo, satisfatório.
Um bom texto e uma boa apuração dos fatos devem
andar sempre juntos. Uma reportagem bem pesquisada
quase que se escreve sozinha. Muitos defeitos nascem
de uma apuração deficiente. Falta de fatos deixam
buracos irrecuperáveis. O futuro jornalista deve ter esta
regra em mente sempre, como número 1.
3
EXPEDIENTE
Diretor Geral: Letícia Lima Nogueira Coelho
Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Ms. Paulo Rogério de Arruda
Professor Editor: André Luiz de Barros Leite - MTB 21.124
Projeto Gráfico: Laser Press Comunicação Integrada
4
PAUTA
É o ponto de partida, mas não deve ser rígida. É preciso ter iniciativa, entender o
momento de fugir do roteiro. Quando os fatos aparecem à tona, são eles que
mandam. A pauta deve ser entendida como a organização do trabalho.
PREPARAÇÃO
De posse da pauta, é preciso de atualizar sobre o assunto, através de jornais e outras
fontes. É necessário informar-se sobre o tema, saber o que vai perguntar e a quem,
aonde ir e quando é necessário ter o trabalho pronto.
ATITUDE
O repórter deve vestir-se adequadamente. Na relação com o público, deve ser polido
e cordial, sempre com o objetivo de estabelecer relações amistosas. Porém, sem
esquecer – e sem permitir que as fontes se esqueçam – que o relacionamento é
profissional. Excesso de intimidade é uma armadilha.
A boa educação não impede a firmeza que muitas vezes o repórter precisa
demonstrar no exercício do direito à informação.
PERGUNTE E OBSERVE
Quando está fazendo uma entrevista, o repórter deve ter algumas perguntas em
mente: O que ouvi esgota o assunto? Satisfaz a curiosidade do leitor? Eu entendi
tudo? Tenho certeza sobre os números, a grafia dos nomes próprios? Devo ouvir
outras pessoas para completar a informação ou conferi-la? Em caso de opiniões,
quais os outros pontos de vista que devo ouvir? É sempre melhor confessar a
ignorância ao entrevistado do que, mais tarde, ao editor.
Outra questão, muito importante para o brilhantismo de um texto, é a
OBSERVAÇÃO. Só um bom observador pode enriquecer o texto com detalhes que
ajudam o leitor a entender a notícia, recriando para ele o ambiente em que os fatos
aconteceram e dando vida aos personagens.
RELATO
Depois de pronto, o repórter pondera sobre o trabalho realizado e avalia a
hierarquia dos fatos. Hierarquizar é extremamente necessário. Por isso, escrever
todas as informações antes de montar o texto pode ajudar no resultado final. Se
não, corre-se o risco de enterrar uma informação importante no meio do texto.
ESTILO
O jornalista deve ser rápido para escrever, no dia-a-dia da profissão. Este é um dos
fatos principais. Mas há outros também importantes: Exatidão (para não enganar o
leitor); clareza (para que ele entenda o que lê) e concisão (para não desperdiçar nem
o tempo dele nem o espaço do jornal).
Vale lembrar outra questão primordial: só escreve bem, acima da pura habilitação
mecânica, quem lê muito e escolhe bem o que lê.
PALAVRA E FATO
É muito importante escolher os termos e estrutura o texto de forma a transmitir a
informação na medida certa. Nada de `talvez vá` ao invés de `vai`. Também não se
5
pode dar como certo um projeto de lei que foi apenas apresentado. E, se não tiver
certeza absoluta, não publique. O fato pode ser publicado mesmo que seja
inexplicável, mas isto deve estar claro no texto.
Quanto mais profundamente a notícia afetar o dia-a-dia do leitor, mas detalhado
deve ser o texto, mas amplas as explicações, mais numerosos os exemplos. E, claro,
muito maior o cuidado com a exatidão. Informação irrelevante ocupa espaço
imerecido e confunde o leitor.
Muitos jornalistas deixam informações inúteis para o final da matéria. Mas, se são
inúteis, o melhor caminho é o bom e velho ponto-final. Acabaram-se as informações
importante? Ponto.
ENFOQUE
O enfoque a ser dado á notícia depende quase sempre de seu impacto na
comunidade, avaliado segundo o número de pessoas afetadas pelo acontecimento.
Quanto à pesquisa, não confie na memória de uma fonte só e não faça deduções do
tipo: `só pode ter sido assim`.
Comparações: Não faça comparações capengas, do tipo: ´Ele é o mais rico
empresário`. De onde? Brasil, mundo, Itu. Ao escolher formas inventivas de dar idéia
de alguma coisa, é preciso não se afastar do universo do leitor.
Controvérsias: Uma matéria ideal sobre alguma controvérsia, deve ter três lados: a
opinião de um, a opinião de outro e a apuração do jornal. A contribuição do
jornalista é procurar o parecer de autoridades isentas.
Em princípio, o jornalista é testemunha, não personagem. O depoimento na primeira
pessoa justifica-se na raras ocasiões em que essa é a melhor maneira de contar a
história, porque o repórter, acidentalmente, teve papel destacado no episódio.
LINGUAGEM
Profissões, atividades e ramos do conhecimento têm vocabulários próprios, com
expressões que o leitor médio ignora. Muitas vezes é preciso usá-las, mas sempre
explicando do que se trata.
 Se nem sempre é possível fugir dos termos técnicos, não há desculpa para
adotar modismos e maneirismos verbais.
 Mesmo quando a linguagem alheia merece respeito, ela não serve para o
jornal se estiver acima da compreensão do leitor médio.
 É preciso atenção particular em notícias sobre negócios, produtos e serviços:
deve-se evitar a todo custo adotar o tom e o estilo de anúncios e pressreleases.
 Não se escreve exatamente como se fala, mas é tolice contrariar
gratuitamente a linguagem a que o ouvido do leitor está acostumado.
Procure a palavra que melhor descreve a situação, cena ou episódio.
 Comparação e metáfora são recursos que enriquecem o texto. Para as duas,
comedimento é indispensável.
 Usa-se também sabedoria popular para enriquecer o estilo. Mas o que
prende o leitor é o inusitado. O banal dá sono.
 Esqueça o texto que exige leitura pausada e muita atenção para ser
compreendido.
6
LISTA DE VIRTUDES DO BOM TEXTO
 Originalidade
 Cor local
 Ambiente
 Detalhes que ajudam o leitor a visualizar uma situação
 Simplicidade na explicação
 Ironia (leve, jamais ofensiva em nível pessoal e sempre acessível a
inteligências medianas)
 Referências históricas e literárias (para enriquecer a informação, nunca para
mostrar erudição)
 Respeito pela inteligência do leitor
 Respeito pela ignorância do leitor.
ROL DE PECADOS DO MAU TEXTO
 Pedantismo
 Verborragia
 Editorialização (enxerto de opinião em texto noticioso)
 Ambigüidade
 Inexatidão
 Exagero
 Nariz-de-cera (abertura de texto que se perde em divagações e comentários
genéricos)
 Lugar-comum
 Repetição
 Redundância
 Contradição
 Detalhes inúteis ou óbvios
 Falta de ritmo
 Humor grosseiro (trocadilhos, principalmente)
JUNTANDO AS PALAVRAS
Palavra
 Nos substantivos, o concreto se impõe ao abstrato; o específico ao genérico,
o forte ao fraco.
 Nos verbos, valem mais os de ação, e na voz direta
 Nos adjetivos e advérbios, prefira aqueles que acrescentem informação ao
substantivos e verbos e despreze aqueles que servem apenas para
arredondar a frase.
 Na opção de sinônimos, ganha a palavra mais curta.
Frase
 Deve ser curta. Não telegráfica, mas permitir ao leitor assimilar uma idéia ou
um fato de cada vez.
 Evitar, no mesmo período, mais de um mas (ou seus equivalentes) ou mais
que um que.
7



O excesso de vírgulas também produz frases soluçantes que avançam aos
arrancos.
Informações não podem ser juntadas gratuitamente numa sentença. É
preciso que formem uma cadeia lógica.
A ordem dos elementos precisa ser coerente: o onde se junta ao lugar, o
quando se cola ao momento.
O período
Ordenam-se as frases segundo uma seqüência lógica. Pode ser afirmação seguida de
explicação, detalhamento, restrição ou contestação; ou soma de afirmações
convergentes. O importante é que o texto flua, não avance aos arrancos.
Adjetivos
Há armadilhas a serem evitadas: do adjetivo inútil, que nada informa, e do adjetivo
impreciso, enganador, que passa ao leitor a mensagem diferente daquela imaginada
pelo autor.
Alguns, vários, diversos
E similares são frequentemente inúteis. Se o jornalista não sabe de quantos
deputados está falando, tanto faz escrever ´alguns deputados discursaram a favor´
como ´deputados discursaram a favor´.
Grande, pequeno, muito e pouco
Podem ser imprecisos. Gaúchos e nordestinos não pensam na mesma coisa quando
alguém lhes fala de um grande calor ou um grande frio.
 Evite adjetivos desnecessários, como ´veterano zagueiro de 42 anos´ ou
´brutal massacre´.
 Alguns adjetivos já perderam a força, como bela noiva, generosa doação.
LEAD
Na tradução, GUIA, que expressa exatamente sua função: guiar o leitor, atraí-lo para
o texto. Nas primeiras normas, era preciso responder a todas as perguntas no
primeiro parágrafo. Hoje, permite-se o sub-lead. A fórmula é boa e, para grande
número de textos, não há outra. Mas a receita não é obrigatória. Como receita, esta
é perfeita: o bom LEAD é aquele que faz o leitor continuar a ler. Não pode, também,
haver fraude: o que o LEAD promete, a matéria tem que apresentar.
O LEAD NÃO DEVE
* Ser vago, impreciso, usando termos como vários, muitos.
* Ser atulhado de detalhes que escondem a importância do fato principal. É o
defeito de leads com longas sentenças, cheias de frases intercaladas.
* Dar mais ênfase às circunstâncias do que ao essencial. Exemplo: ´A comissão se
reuniu para discutir soluções para o problema da febre amarela e decidiu contratar
cem mata-mosquitos´. O certo: ´Cem mata-mosquitos serão contratados para
combater a febre amarela´.
* Ser negativo. Em geral, o que não aconteceu, não constitui notícia. Exemplo: ´Um
assalto não ocorreu ontem devido a tal fato´ - ´tal fato impediu ontem um assalto´
* Conter expressões que pertençam ao vocabulário particular de certas áreas e não
estejam no domínio público. Elas podem aparecer ao longo do texto.
8
* Anunciar ao leitor que vai contar uma história ou dar uma informação
* Preferir o abstrato ao concreto. Exemplo: Foi aprovada ontem a nova política
salarial´ é obviamente inferior a ´os salários serão aumentados em 30%´.
* Andar para trás ou não sair do lugar
* Começar com uma declaração. Exceção: Frases de alta dramaticidade e que
representam, elas mesmas, o que há de mais importante na notícia
* Começar com comentário ou interpretação e só identificar o autor no parágrafo
seguinte
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
Antes do aparecimento do computador, o esquema clássico era o da pirâmide
invertida, isto é, fatos irrelevantes deixados para o final. Isto permitia o corte pelo
pé, se não houvesse espaço. Agora, é possível deixar um fato curioso para o final,
dando impacto.
É necessário conhecer essas fórmulas, mas com a consciência de que existem para
ajudar, não para escravizar o jornalista. Quando, por exemplo, há uma história a ser
contada, a narrativa, em seguida ao lead, deve seguir a ordem cronológica, para o
leitor não se perder pelo caminho.
TIPOS DE TEXTO
MATÉRIA ORIGINAL E SUÍTE
 A suíte deve recordar elementos da matéria original de forma a permitir a
quem não leu a primeira entender a segunda. Mas sem detalhes que
afugentem o leitor que já está a par do assunto. É fundamental: a matéria de
hoje não pode esquecer a matéria de ontem.
 Pode-se chamar a atenção para matérias exclusivas, mas sem excessos.
REPORTAGEM
 Cada parte precisa ter vida própria, mas é defeito grave repetir dados que já
apareceram em outras. Uma fórmula que funciona é fazer um lead
abrangente apresentando o assunto.
 Não há reportagem sem gente
 Se estamos tratando de gente muito moça, muito idosa ou morta no
episódio, a idade é fundamental.
PERFIL
É a reportagem sobre uma pessoa e não basta o depoimento dela. O perfil se
alimenta, principalmente, do testemunho de quem conhece o indivíduo, quem
convive com etapas de seu dia-a-dia, sem precisar amá-lo ou odiá-lo. Pode também
ter observações do repórter sobre a aparência e o comportamento do retratado –
traços, gestos, hábitos, maneirismos, preferências.
DECLARAÇÃO
Qualquer coisa que alguém diz a um repórter é notícia de fundamental importância
– na opinião do declarante. Cabe ao jornalista não se impressionar com isso. Use
aspas e travessão com parcimônia, apenas para valorizar a informação. Cuidado
9
também com apenas uma palavra entre aspas, porque o leitor pode entender que as
aspas indicam ironia e a palavra deveria ser entendida.
Quando alguém fala errado, deve-se corrigir no texto, exceto se houver motivo para
manter o erro – e então é sempre preciso apontá-lo ao leitor.
VERBOS USADOS EM DECLARAÇÕES



















DIZER – está sempre certo. É melhor abusar dele do que usar outro verbo
inadequadamente.
ACENTUAR, DESTACAR – isolam um fato ou argumento para mostrar sua
importância.
ACREDITAR – verbo perigoso. Use apenas quando tiver certeza
ADMITIR – sentido de confessar. É importante saber se o entrevistado
admitiu espontaneamente ou em resposta a uma pergunta.
ADVERTIR – Tem muitos significados, como censurar, chamar a atenção. Evite
ADUZIR – expor. Não é de uso corrente
AFIRMAR – sugere opinião. Declarar é um afirmar mais solene.
AMEAÇAR – ação contra alguém
ARGUMENTAR – tentar convencer. ALEGAR é argumentar com intenção de
defesa
CONFESSAR – ninguém confessa o que lhe é favorável.
CONFIRMAR – não deve ser confundido com repetir.
DESABAFAR – usa-se demais. Só merece aparecer quando alguém solta uma
mágoa reprimida.
DESMENTIR – Sugere que aquilo que está sendo desmentido é mesmo
mentira.
DISPARAR – deve ser usado excessivamente. Significa comentar de forma
incisiva, cortante.
GARANTIR – dar certeza absoluta
INFORMAR – relatar fatos
LEMBRAR – só pode ser usado quando há referência a fato passado e já
conhecido
FALAR – expressar-se por meio de palavras
REVELAR – perigoso, use quando tiver absoluta certeza.
OFF THE RECORD
Não se admite
 Opiniões pessoais, principalmente de políticos e ocupantes de cargos
públicos em geral.
 Acusação ou denúncia sem provas concretas
 Notícia que revela transparente desejo de promoção pessoal do informante.
Quando tiver que usar, identifique de alguma maneira.
ENTREVISTA
O estilo pingue-pongue é o que garante maior fidelidade ao pensamento do
entrevistado e maior facilidade de leitura. Regra para todas as entrevistas: pesquisar
10
o assunto e o entrevistado e preparar questionário com perguntas breves e diretas.
Esteja preparado para mudar o curso.
DOCUMENTO
A melhor forma de apresentar um documento importante é a transcrição integral,
acompanhada, quando for muito extenso, de brevíssimo sumário dos pontos mais
relevantes.
INTERPRETAÇÃO
Interpretar não é editorializar, mas dar ao leitor elementos suficientes, relacionados
à raiz e a à essência dos fatos, para que ele entenda, faça suas previsões e forme
opinião.
MATÉRIA LEVE
É aquela que vale tanto pela forma como pelo conteúdo: são os dados pitorescos e
inusitados que dão interesse à notícia. Sua matéria-prima é o episódio cômico, o
pequeno drama, a surpresa dentro do cotidiano.
OPINIÃO
Evite comentários que registrem pasmo, admiração ou indignação. A opinião pode
ser manifestada de forma leve, irônica ou séria e seca. Mas nunca deve ser
pomposa.
INVESTIGAÇÃO
Fruto de trabalho exaustivo de levantamento e conferência de informações. O que
se publica não é a denúncia de alguém, mas aquilo que o jornal, por seus próprios
meios, verificou ser verdadeiro e digno de publicação.
LEGENDA
Complementa a foto, acrescentando-lhe informações que permitem ao leitor
entender ou avaliar o que está vendo. É redundante descrever na legenda o que se
vê na foto, aquilo que a imagem deixa óbvio. Não se usa o espaço para isso, mas
para fornecer informações que a foto não pode dar.
 Bonecos (fotos em close) e fotos de arquivo em geral – legenda ideal é nome
(ou nome e cargo, função etc)
 Use à esquerda, à direita, ao centro.
 Quando há mais de três personagens, a identificação é da esquerda para a
direita
 É dever da legenda, quando for o caso, desmentir a foto
 Fotos históricas e de pessoas falecidas devem ter na legenda menção, tão
específica quanto possível, da época em que foram feitas
 Fotos lado a lado: ideal é dar legendas independentes.
 Quando as fotos formam seqüências, pode-se usar legendas continuadas
 Quando não retrata uma ação, a legenda dispensa o verbo: ´A arma do crime,
uma pistola automática´
 Toda foto de situação confusa merece seta ou círculo para ajudar o leitor
11



A foto que mostra a conseqüência de uma ação, mas não a ação em si, não
pode ter o verbo no presente.
Não se usa artigo definido para personagens ou objetos não mencionados na
matéria que acompanha a foto. (o, a e sim um)
A escolha da foto de arquivo deve ser coerente com o fato que vai ilustrar
TEXTO-LEGENDA
É a legenda seguida de informações que lhe permitem ter existência independente
como notícia.
TÍTULO
É o anúncio da notícia, concentrado no fato que provavelmente mais despertará
atenção. É proibido prometer mais do que a matéria realmente contém ou afirmar
algo que nela não existe.
* Na maioria dos casos – as exceções mais comuns são as grandes reportagens e
matérias leves – o titulo deve sair do primeiro parágrafo, mas nunca repetindo
exatamente as palavras e a construção do texto. O mesmo cuidado tem de existir na
relação entre lead e legenda e entre titulo e legenda.
* Se um fato não merece destaque e espaço no texto, também não merece no titulo
* Dispensam verbo títulos de artigos ou matérias coordenadas e sub-retrancas que
não contenham fato novo (pesquisa, perfis etc). E também ilustrações, gráficos e
mapas
* Quando os fatos a que se refere o titulo pertencem ao presente ou ao passado
imediato, o verbo vai no presente; quando a um passado muito distante, no
passado, principalmente se o titulo contém algum elemento que situe a notícia no
tempo.
* Se há uma situação de impasse ou indecisão, o melhor titulo pode ser aquele que
mais dramaticamente traduz a perplexidade. Por exemplo, quando não se sabia se
menores de idade seriam ou não proibidos de assistir a um show, o titulo que
melhor retratou os fatos dizia: ´Madonna: o que fazer com as crianças?
* Para fatos que vão acontecer, é aceitável usar o presente apenas se a data ou
época estiver indicada no título: ´Presidente inaugurará hospital´ ou ´Presidente
inaugura hospital quarta-feira´
* A informação do titulo não pode ser imprecisa, o que significa não usar termos ou
expressões de sentido indefinido: alguns, vários, muitos, poucos, bastante. Deve-se
evitar um e uma
* O verbo querer é fraco e muitas vezes está aquém da notícia
* Ver, só no sentido literal e nunca como sinônimo de encontrar ou examinar.
´Presidente vê a crise com a bancada´
* Nem e só são palavras perigosas porque podem editorializá-los
* Devem-se respeitar os limites das expressões usadas em sentido figurado ´Técnico desaba após empate´
* Não se usam em títulos abreviaturas, siglas ou nomes pouco conhecidos
* Pode-se usar no titulo a capital de um pais representando seu governo, mas não
representando o povo ou qualquer segmento da nação.
12
* Quando é necessário fazer menção abreviada a uma expressão composta de
substantivo e adjetivo, usa-se a palavra mais expressiva e o substantivo de
preferência ao adjetivo - ´Delegado pelo prisão´e não ´Delegado pele preventiva´
* Sinais de pontuação – quanto menos, melhor
* Trocadilho – nunca.
* Evite usar algarismos
* Não use nomes de pessoas desconhecidas
* Confundir ação com opinião - ´Secretário afasta perigo de epidemia´
* Não editorialize - ´Militares se unem pela democracia´
* Evite recorrer ao lugar comum - ´Coração mata fulano´ ou ´Amigos levam último
adeus a Beltrano´
OLHOS
São títulos auxiliares e devem ser colocados próximos ao início do texto.
CHAMADA
Um dos mais importantes textos do jornal: o seu conjunto é a vitrine de cada edição,
e tem os maiores índices de leitura. A chamada precisa ao mesmo tempo atrair a
atenção do leitor e constituir informação completa em si.
PADRÕES E CONVENÇÕES
Maiúsculas
 Nomes e sobrenomes de pessoas, cognomes, apelidos e pseudônimos
 Lugares, regiões, endereços, acidentes geográficos, prédios e monumentos
 Empresas e instituições culturais e profissionais
 Entidades, organizações políticas e instituições ligadas ao Estado e suas
subdivisões, departamentos e repartições
 O adjetivo federal só tem inicial maiúscula quando faz parte de um nome
próprio, como em Senado Federal. O mesmo vale para presidência, como
Presidência da República
 Os nomes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
 Nomes de comendas e ordens
 Nomes de impostos e taxas
 Forças Armadas, suas subdivisões e órgãos associados
 Períodos, episódios e momentos históricos
 Festas e datas religiosas, comemorações cívicas e tradicionais
 Nomes de órgãos celestes: o Sol, a Lua, a Terra. A inicial é minúscula quando
a referência é a condições ou situações climáticas e meteorológicas
 Casos especiais: Estado (a nação politicamente organizada, mas não as
unidades da Federação), República (a instituição), Federação (conjunto das
unidades federadas), União (mesmo caso), Governo (´o´ Governo; mas um
governo, forma de governo, sistema de governo, e também quando a palavra
é sinônimo de mandato ou permanência no poder: ´No último governo...´),
símbolos nacionais (Bandeira Nacional, Hino Nacional) e o Papa.
13
Minúsculas
 Títulos pessoais e cargos; profissões e profissionais (o barão A, o presidente
B, o professor C, o senador D); títulos honoríficos como cidadão honorário,
cidadão benemérito, doutor honoris causa
 Formas de tratamento
 Títulos honoríficos
 Nomes de ciências, disciplinas, ramos do conhecimento. Está neste caso
história, quando é disciplina ou relato de um episódio. Mas a crônica da
humanidade ou de um povo é com inicial maiúscula: ´Ele entrou para a
História´
 Doutrinas, correntes e escolas de pensamento, religiões; movimentos
políticos e religiosos (inclusive oposição, como designação genérica de
grupos que se opõem ao Governo)
 Gentílicos de povos e grupos étnicos (os ingleses, os incas)
 Pontos cardeais quando indicam direção ou lugar: ´Andou para leste´. São em
maiúscula quando indicam região: ´Morou no Leste´
 Documentos públicos, a não ser quando têm nome próprio: a Lei Afonso
Arinos, por exemplo
 Unidades político-administrativas (país, estado, município)
 Estado só leva inicial maiúscula quando aparece como parte do nome próprio
– o Estado de São Paulo
 Nomes – sempre que a informação for disponível, respeita-se a grafia do
nome de uma pessoa tal como está no Registro Civil. Nos demais casos,
segue-se a ortografia oficial.
 Na primeira vez que são citadas, as pessoas devem ser identificadas pelo
nome completo; daí em diante, pelo ´nome de guerra´, aquele pelo qual são
mais conhecidas. Quando o personagem não é mencionado com freqüência
nos jornais, o repórter deve ter o cuidado de descobrir qual a parte do nome
que costuma usar. Em geral, é o sobrenome, mas muitos homens públicos
são mais facilmente reconhecidos pelo sobrenome.
 Sobrenomes espanhóis quase invariavelmente têm o nome paterno antes do
materno e a referência deve ser ao primeiro: Javier Pérez de Cuéllar pode ser,
abreviadamente, Pérez, nunca Cuéllar.
 Delinqüentes são frequentemente conhecidos pelos apelidos. Na primeira
vez que são mencionados, deve-se usar nome completo e apelido.
 Quando o apelido é muito mais conhecido que o nome, este pode ser
dispensado até na primeira menção (leia-se Pelé)
 Mulheres, a partir da segunda menção, são identificadas pelo primeiro nome,
antecedido de dona quando houver necessidade de mostrar respeito.
 A grafia dos nomes próprios estrangeiros segue o uso.
 Nomes de tribos indígenas são grafados no plural – os xavantes.
14
Numerais
 Com palavras até dez, inclusive. Daí em diante, algarismos, com as exceções
de cem e mil. Dias do mês, números de casas e apartamentos e idades são
com algarismos em todos os casos.
 Usam-se algarismos e palavras para números redondos: 12 mil, 14 milhões.
Quando não for possível arredondar, só números.
 Porcentagens: com símbolo e sem espaço = 95%
 Ordinais: por extenso, até décimo. Depois, com algarismo: 15º
 Anos – indicados de forma completa – 1990
 Horas do dia: 17h30m, 18h. Quando for aproximado: por volta das 6 horas.
 Números que façam parte de nomes de rua: por extenso.
 Algarismos romanos: para séculos, reis, imperadores e papas; Divisões de
Forças Armadas. Em alguns casos, para congressos e competições esportivas.
Publicações, obras de arte
 Sempre entre aspas
 Periódicos – iniciais maiúsculas e aspas
Formas de tratamento
 Evite senhor e dona, somente em caso de extrema necessidade
 Evite dr, exceto se tiver certeza do título
 Não use artigos definidos – o João
 Bispos, cardeais, abades e monges beneditinos: dom ou d. Frades – frei
Pesos e medidas
 Abreviaturas – apenas se as quantidades estão todas em algarismos – 331t
ou 200 mil toneladas
 Não se usa plural – 17km
 Nas medidas de área e volume, prefira escrever por extenso – quilômetros
quadrados
Siglas e abreviaturas
 Na primeira vez, nome por extenso e depois a sigla
 Não se abrevia a primeira palavra de nomes compostos – P. Alegre
 Não se abreviam designações de cargo
 Abreviatura de televisão é TV
 Santo – Sto e São – S.
 Deputados federais e senadores – sigla e estado – PTB-SP
Cargos e funções
 Quando o personagem ocupa um cargo, deve ser identificado, na primeira
vez, por cargo e nome completo.
 Cargos como primeiro-secretário, segundo vice-presidente – sempre com
hífen e por extenso.
 Levam hífen postos e graduações da hierarquia militar e da diplomacia:
primeiro-ministro.
15
Etapas da vida
 Está para nascer – nascituro ou feto; Primeiras 24 horas – recém-nascido. Até
dois anos, bebê. Todos são meninos ou meninas até se transformarem em
adolescentes, por volta dos 13 anos. Até a maioridades, serão rapazes e
moças, além de jovens. Serão menores somente nas circunstâncias legais.
 Ancião – passou dos 70. Hoje, melhor idade. Evite velho, velhinho.
Diversos
 Personagens – de peças, livros, filmes, novelas etc) – entre aspas. Abre-se
exceção para o noticiário especializado de televisão, devido à grande
quantidade de citações.
 Delegacias de polícia – numeral ordinal para sigla DP
 Profissões – a profissão é a atividade exercida pela pessoa, não o diploma
que ela tem. Se é advogado e vive do açougue, é açougueiro.
 Nomes científicos – devem ser grifados
 Dias da semana – sempre por extenso
 Datas – o que vai acontecer nos próximo sete dias – dia da semana e não do
mês. Amanhã e ontem têm sempre preferência. Sempre em benefício da
clareza, “no dia 12 do mês passado” é preferível a “no último dia 12”
 Hora e local – quando há diferença de fuso – hora de Brasília
 Gíria – sempre em destaque gráfico
 Palavrões – em princípio, não use
16
BIBLIOGRAFIA
 Editora Abril. Manual de Estilo. Nova Fronteira, 1990
 Editora Globo. MANUAL DE REDAÇAO E ESTILO O GLOBO. Globo, 1996
 Folha de São Paulo. MANUAL DA REDAÇÃO DA FOLHA DE SÃO PAULO.
 Publifolha, 1998.
 Martins, Eduardo. MANUAL DE REDAÇAO E ESTILO - ESTADO DE S. PAULO:
Moderna Editora, 1997
17
Download