FONTES DE ADUBOS ORGÂNICOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE PITAIA Felipe Pereira Dal’Col1,Renan Garcia Malikouski1,Maurício Raasch Buss1, Marcelo Rodrigo Krause1,Rafael Costa de Sant’Ana2, Rafael Zucateli da Vitória3,Hediberto Nei Matiello1 1 Instituto Federal do Espírito Santo - IFES, Campus Santa Teresa, Santa Teresa, ES, Brasil. [email protected] 2 Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - INCAPER, Centro Regional de Desenvolvimento Rural -Centro Norte, Laboratório de Fisiologia Vegetal e Pós-Colheita, Linhares, ES, Brasil. 3 Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, Centro Universitário Norte do Espírito Santo – CEUNES, São Mateus, ES, Brasil Resumo–A pitaia (Hylocereus undatus) é uma frutífera exótica que vem se popularizando perante os produtores brasileiros. Com isso, verificou-se a utilização de duas fontes de esterco animal, como tratamentos compostos de solo de barranco + esterco de curral (2:1), solo de barranco + esterco suíno curtido (2:1) e solo de barranco, onde todos foram enriquecidos com a dose de 2Kg m-3 de superfosfato simples. O experimento foi realizado no Setor de Viveiricultura do Ifes- Campus Santa Teresa. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com 5 repetições. Transcorridos 75 dias do plantio as mudas foram avaliadas considerando-se a parte aérea e o sistema radicular. Observou-se efeito significativo nos tratamentos aplicados para a produção de mudas de pitaia. Os tratamentos contendo esterco bovino e suíno se apresentaram superiores com relação ao número de brotos, altura de plantas e matéria seca de brotos, o que os indica proporcionar o melhor desenvolvimento de mudas de pitaia, em virtude dos acréscimos nutricionais e nas características físicas do substrato. Palavras-chave:Esterco animal, sistema radicular, frutífera exótica, cactácea. Área do Conhecimento:Engenharia Agronômica Introdução A pitaia (Hylocereusundatus) é uma espécie vegetal trepadeira e frutífera, pertencente à família das cactáceas, e que vêm se destacando no mercado de frutas exóticas no Brasil. Seu cultivo despertou a atenção dos produtores brasileiros, em virtude da sua rusticidade e precocidade de produção. Isto na busca pela diversificação na propriedade, bem como pelo seu maior consumo devido as suas propriedades organolépticas. Sua propagação pode ser efetuada por sementes, as quais são abundantes no interior do fruto (CANTO, 1993), ou por via assexuada através de estacas extraídas dos próprios cladódios. A propagação seminífera, no entanto pode apresentar o inconveniente de maior período de tempo para início da produção e a variabilidade genética, a qual é desejada estritamente nos processos de melhoramento (HERNÁNDEZ, 2000). Em plantios comerciais emprega-se a propagação por estacas, no intuito de se obter colheitas mais precoces e uniformidade de plantas e produção. O processo de enraizamento das estacas propicia o desenvolvimento de raízes adventícias. De acordo com Hartmannet al. (2002), as raízes adventícias de espécies herbáceas geralmente se originam entre os vasos condutores de seiva, próximo ao câmbio vascular. Cavalcante (2008) salienta que em estacas de pitaia as raízes se originam no periciclo, região interna à endoderme que representa a camada periférica do cilindro vascular.A formação de raízes em estacas de plantas frutíferas é fortemente influenciada por inúmeros fatores, dentre eles destacam-se: a variabilidade genética, o estado fisiológico da planta matriz, a idade da planta, o tipo da estaca, a época do ano, as condições ambientais e o substrato (NACHTIGAL & PEREIRA, 2000). Partindo-se desse pressuposto, tem-se que o substrato é um fator preponderante no enraizamento de estacas. Este com a função de sustentação da planta, estabelecer bom contato com a parte basal da estaca, propiciar o fornecimento de água, nutrientes e aeração. Um substrato ideal pode ser XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 1 considerado aquele que em sua composição apresente vários componentes disponíveis, onde somando-se as suas características desejáveis promovem o bom enraizamento da estaca. A pitaia apresenta sistema radicular fasciculado, conseguindo absorver rapidamente pequenos teores de elementos no solo (LE BELLEC et al., 2006), o que pode facilitar seu processo de desenvolvimento.Para que o substrato atinja todas as características desejáveis é sabido que existem diferentes aditivos, como as diferentes fontes de matéria orgânica que melhoram tanto a disponibilidade de nutrientes, como as propriedades físicas referentes à retenção de água, aeração e facilidade para penetração das raízes (GUIMARÃES et al., 2006). Diferentes fontes de matéria orgânica podem ser utilizadas, como esterco de bovinos e suínos. Esta prática agrícola de caráter sustentável busca minimizar o impacto ambiental que seria provocado pela disposição destes resíduos de forma inadequada na natureza, provocando a poluição do meio ambiente. Neste contexto, estudos que visam adequar melhores padrões para a produção de mudas de pitaia são necessários, em virtude do aumento da área cultivada. Todas estas tecnologias são aplicadas para que o produtor consiga mudas em menor espaço de tempo e que estejam aptas para irem a campo. Por essas razões, este trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos dos estercos de bovinos, suínos e solo natural na qualidade de mudas de pitaia propagadas pelo método da estaquia. Metodologia O experimento foi realizado no Setor de Viveiricultura do Ifes- Campus Santa Teresa, sob as seguintes coordenadas: 19°48' 14'' S e 40° 40’ 46’’ W e altitude de 133 m acima do nível do mar, temperatura média de 24,4°C e pluviosidade média anual variando entre 700 e 1200 mm. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com5 repetições. Os tratamentos foram compostos por solo de barranco e misturas com estercos nas seguintes proporções: Tratamento 1solo de barranco + esterco de curral (2:1), Tratamento 2- solo de barranco + esterco suíno (2:1) e Tratamento 3- solo de barranco. Todos os tratamentos foram enriquecidos com a dose de 2Kg m-3de superfosfato simples. Os estercos de bovinos e suínos foram adquiridos nos setores de bovinocultura e suinocultura da própria Instituição, sendo peneirados para a obtenção de partículas menores, além de melhor e mais rápida interação entre solo e a estaca da pitaia .As estacas utilizadas foram obtidas a partir de uma planta matriz saudável de pitaia, variedade branca, estas cortadas com 25 cm de comprimento. Antes da distribuição nas sacolas, as estacas foram submetidas à sombra durante um dia para cicatrização parcial do corte e leve desidratação dos tecidos. Após a mistura procedeu-se o preenchimento das sacolas, estas de polietilenocom dimensões de 25 x 15cm, devidamente etiquetadas, e então realizado o plantio das estacas. O viveiro de produção onde as mudas foram acondicionadas possui tela de poliolefina com 50% de sombreamento. As mudas foram irrigadas diariamente, a fim de deixar o substrato úmido, não sendo a água um fator limitante. Transcorridos 75 dias do plantio, as mudas foram avaliadas com os seguintes caracteres agronômicos: altura das plantas (AP) e comprimento médio de raízes (CMR), aferidos com uma régua milimétrica (para altura mediu-se o broto desde a sua inserção no cladódio plantado (estaca) até o seu ápice,para comprimento das raízes, mediu-se seus comprimento da inserção no cladódio até a extremidade) contagem do número de brotos (NB), número de raízes (NR), e quantificação de matéria seca de raízes (MSR) e parte aérea (brotos e cladódios). Para a obtenção do número de raízes, comprimento médio de raízes e matéria seca de raízes e parte aérea, as mudas foram lavadas cuidadosamente sobre uma peneira, antes de serem avaliadas. Posteriormente as raízes foram acondicionadas em sacos de papel e levados em estufa de circulação de ar forçada a 65ºC por um período de 72 horas, e depois pesados em balança eletrônica de precisão para quantificação de matéria seca. Resultados Observou-se efeito significativo nos tratamentos aplicados para a produção de mudas de pitaia. Em que, os tratamentos contendo esterco bovino e suíno se apresentaram superiores (Tabela 1) com relação ao número de brotos, altura de plantas e matéria seca de brotos. XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 2 Tabela 1– Caracteres agronômicos avaliados: número de brotos (NB), altura de plantas (AP), comprimento médio de raízes (CMR), número de raízes (NR), matéria seca de raízes (MSR), matéria seca de brotos (MSB) e matéria seca de cladódios (MSC) em mudas de pitaia (Hylocereusundatus) aos 75 dias após o plantio. Tratamento NB AP CMR NR MSR MSB MSC T1 1,10a 10,47b 25,33b 4,66a 1,97a 1,04b 16,04a T2 1,46a 25,20a 25,06b 4,53a 1,44a 4,08a 20,14b T3 0,00b 0,00c 34,72a 4,99a 1,44a 0,00c 17,12ab Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (p < 0,05). Discussão Como observado, todas as estacas apresentaram enraizamento, sendo comprovado pela Tabela 1 no quesito número de raízes, não havendo diferença significativa. Este fato também comprovado por Andrade et al. (2007) ao encontrar 100% de enraizamento em estacas de pitaia em diferentes substratos, relatando sua facilidade de enraizamento. Em relação à altura de plantas e massa seca de brotos, as mudas submetidas ao tratamento com esterco suíno (T2), apresentaram-se superiores as demais,fato que pode garantir maior vigor para serem levadas a campo.De acordo com Cavalcante et al. (2008), a matéria orgânica influência no crescimento inicial da pitaia, comprovado pelo desenvolvimento acentuado da parte aérea para os substratos que apresentavam fontes de matéria orgânica no substrato, diferenciados pelo tamanho de brotos e matéria seca dos mesmos. Foi observado um maior desenvolvimento das raízes para o tratamento onde se aplicou apenas solo de barranco (T3), onde as mudas apresentaram maior comprimento médio de raízes, porém, com teor de matéria seca de raízes equivalente aos demais. A falta de nutrientes neste substrato pode ter levado as raízes a se desenvolverem em maior comprimento, explorando maior volume e profundidade das sacolas. Todavia, as mudas que se desenvolveram na presença de matéria orgânica apresentaram um maior número de raízes fasciculadas, Andrade et al. (2007) afirmam que estas proporcionam uma maior área explorada e consequentemente maior absorção de água e minerais presentes no substrato proporcionando maior desenvolvimento das mudas. Em relação à massa seca de cladódios, o tratamento contendo esterco bovino (T1) apresentou os maiores valores, porém não diferindo do tratamento com apenas solo de barranco (T3). O tratamento solo de barranco (T3) não apresentou brotações, sendo inferior aos demais, os quais não diferiram estatisticamente entre si. Conclusão Considerando que um equilíbrio entre sistema radicular e parte aérea deve ser mantido, somente o solo não é suficiente para proporcionar este desenvolvimento para as plantas. Uma vez que, apesar de proporcionar um maior desenvolvimento do sistema radicular, não permitiu o crescimento de parte aérea para as mudas. Desta forma, entende-se que a mistura de solo com fontes de matéria orgânica, estercos bovino e suíno, potencializam o equilíbrio entre a parte aérea e sistema radicular, proporcionando um melhor desenvolvimento de mudas de pitaia, em virtude dos acréscimos nutricionais e nas características físicas do substrato, garantindo assim, mudas viáveis para plantio em menor espaço de tempo. XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 3 Referências ANDRADE, R. A. DE; MARTINS A. B. G.; MARCO TÚLIO HABIB SILVA, M. T. H. Influência da fonte de material e do tempo de cura na propagação vegetativa da pitaya vermelha (Hylocereus undatus Haw). Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 29, n. 1, p. 183-186, Abril 2007 CANTO, A.R. El cultivo de pitahaya em Yucatan. Universidad Autônoma Chapingo – Gobierno Del Estado de Yucatan. 53p. 1993. CAVALCANTE, I. H. L. 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