FILOSOFIA ANTIGA E MEDIEVAL (3ª SÉRIE) O MÉTODO ARISTOTÉLICO: DA SENSAÇÃO AO CONCEITO, A CRÍTICA AO MESTRE PLATÃO. Rejeitava a teoria das ideias de Platão: a ciência deveria partir da realidade sensível (empírica) para buscar nela as estruturas essenciais de cada ser. A essência, o conhecimento verdadeiro do ser (de qualquer ser deste mundo) está no próprio ser (é imanente), e não no Mundo das Ideias. O processo básico de aquisição de conhecimento: indução (operação mental que vai do particular para o geral). Ele defendia que a partir da observação e da análise do ser individual devemos atingir sua essência, seguindo um processo de conhecimento que caminharia do individual e específico para o universal e genérico. A partir da observação, análise do ser individual, devemos atingir sua essência, seguindo um processo de conhecimento que caminharia do individual e específico para o universal e genérico. O ser individual constitui o objeto da ciência, mas não é o seu propósito: a finalidade da ciência deve ser a compreensão do universal, visando o estabelecimento de definições essenciais. ÉTICA ARISTOTÉLICA. Ética: Éthos (costume, hábito); conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano; Ética aristotélica: estudo da conduta ou do fim do homem como membro da pólis (cidade-estado grega): como o homem deve viver a sua vida? Homem é um ser social: todo ser humano necessita da vida em comunidade; Ética integra esta vida social: ações e atitudes do indivíduo intervêm diretamente na convivência da sociedade. ÉTICA ARISTOTÉLICA: CARACTERÍSTICAS ESTRUTURANTES. Naturalismo (elementos que compõem a natureza humana): o homem é visto como um composto de alma e corpo (ou razão e paixões). Teleologismo (télos = fim, finalidade): àquilo que uma determinada coisa se destina; tudo tem uma finalidade específica. Eudaimonismo (felicidade): há um fim último o qual o homem deve perseguir: o bem, a felicidade. A ética aristotélica é uma ética compreendida teleologicamente, pois defende que todo ser tem uma finalidade específica a cumprir, e o bem supremo, a finalidade principal do ser humano é a felicidade. PATHOS: PAIXÕES. Homem: Dotado de Razão (capaz de dirigir sua vontade e agir) e Paixões (impulsos que o arrastam passivamente); Paixões: sentimentos, emoções, impulsos capazes de afetar, abalar, influenciar as escolhas e ações do homem (ira, medo, amor); As paixões são próprias da natureza humana, contudo, não podemos nos deixar levar somente pelas paixões, pelos desejos, pelos impulsos. Devemos aprender a educar essas paixões. A NOÇÃO ARISTOTÉLICA DE VIRTUDE. O domínio das paixões e sua redução aos ditames da razão é a “VIRTUDE”; Há três tipos de disposição, graus das paixões: excesso, a falta e o meio-termo. A virtude consiste em empregar a razão para encontrar e escolher o meio-termo das paixões. HOMEM VIRTUOSO. Homem virtuoso: moderação das paixões (meio termo entre o excesso e a falta); Ex. Coragem = meio termo equidistante entre a valentia ou a bravura desmedida e a covardia ou o medo; Prudência: mediania é medida pela razão; cada ação deve ser realizada com certa prudência: é preciso refletir, medir suas consequências. A virtude deriva da prática da ação propriamente dita: um sujeito só se torna bom praticando atos bons, só se torna justo praticando atos justos. A virtude é adquirida, e não um dom divino: ela é adquirida pela repetição de uma série de atos sucessivos, ou seja, pelo hábito. PERÍODO HELENÍSTICO. Inicia-se com a conquista da Grécia pelo império macedônico. Período Helenístico: interação da cultura grega clássica e a cultura dos povos orientais conquistados. Declínio da participação do cidadão nas decisões políticas. Foco das discussões filosóficas: as preocupações coletivas (públicas) cedem lugar às preocupações pessoais (privadas). As principais correntes helenísticas vão tratar da intimidade, da vida interior do ser humano. Grande preocupação dos filósofos deste período: proporcionar alguma forma de paz de espírito, de felicidade interior às pessoas desorientadas e inseguras com a vida social. As correntes filosóficas deste período dedicam-se à busca da ataraxia: um estado de tranquilidade e ausência de perturbações físicas e mentais, um estado de paz de espírito. CINISMO. Cinismo: kynos (cão). Cínico: kynicos, “como um cão”. Cinismo: corrente de filósofos que se propuseram a viver como os “cães” da cidade, sem qualquer propriedade ou conforto. Cínicos: levaram ao extremo a tese socrática de que o ser humano deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais. Diógenes de Sínope (413-327 a.C.): “Sócrates demente”; “Sócrates louco”. OS CÍNICOS E A ATARAXIA. Diógenes: questionava os valores e as convenções sociais; desprezo pelos bens materiais. Felicidade não depende apenas do luxo ou poder político. Diógenes é contrário as convenções sociais: elas nos impulsionam a querer alcançar o inalcançável. Convenções sociais: somos “forçados” a fazer o que não gostamos pra agradar aos outros, para nos “encaixarmos” num padrão. Os cínicos e o caminho para a Ataraxia: libertar-se do apego às coisas materiais, efêmeras. EPICURO (341-271 a.C.). Epicurismo: defendia que o prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz. Hedonismo: doutrina centrada na ideia de prazer. Epicuro: defendia uma administração racional e equilibrada do prazer, evitando ceder aos desejos insaciáveis que, inevitavelmente, terminam em sofrimento. Prazeres duradouros (encantam o espírito): a boa conversação, a contemplação das artes, a música etc. Prazeres momentâneos: movido pela explosão das paixões, podem resultar em dor e sofrimento. Epicuro: para desfrutar dos prazeres do intelecto precisamos aprender a dominar os prazeres exagerados das paixões (cobiça, medo, inveja, apego material). OS TIPOS DE PRAZER. 1 Naturais e necessários: prazeres ligados à conservação do individuo; fazem parte de nossos desejos naturais e são necessários para a nossa sobrevivência. Exemplo: comer, beber, repousar. 2 Naturais e desnecessários: excessos, variações supérfluas dos naturais e necessários; fazem parte de nossos desejos naturais, mas são dispensáveis, podemos viver sem eles, sem esses excessos. Exemplo: comer exageradamente, consumir bebidas alcoólicas. 3 Não naturais e desnecessários: não fazem parte de nossa natureza, eles são implantados pela sociedade e, portanto, não são fundamentais para a nossa sobrevivência. Para Epicuro, eles devem ser evitados, pois trazem perturbação da alma. Exemplo: desejos ligados a busca incessante por riqueza, poder e honras. PRAZER: MOMENTÂNEO X DURADOURO. Prazer Momentâneo: prazer breve e passageiro que traz efeitos colaterais ao corpo e à alma; Ex.: empanturrar-se com comida, embriagar-se; Prazer Duradouro: prazer estável que proporciona uma sensação de bem-estar (aponia), a ausência da dor, perturbação (física ou psíquica). (EX. MÚSICA, LEITURA); Evitar o prazer que trará consequências negativas (dor, sofrimento, perturbação); Cálculo para escolha dos prazeres: o prazer momentâneo deve ser trocado pelo duradouro; Utilizar a razão como critério de escolha. FILOSOFIA MEDIEVAL: A IDADE MÉDIA. Séc. V (queda do Império Romano do Ocidente - 456 d.C.) – XV (conquista de Constantinopla - 1453). Difusão e fortalecimento do Cristianismo. A Idade Média: desorganização da vida política, econômica e social do Ocidente. Depois vieram as guerras, a fome e as grandes epidemias. A diminuição da atividade cultural: o homem comum é dominado por crenças e superstições. Os cristãos vivenciavam uma concepção comum de mundo: as formas de saber e de verdade estavam expostas no Novo Testamento, nas Escrituras Sagradas e nos ensinamentos dos Padres da Igreja. Tanto a filosofia política quanto as outras áreas da cultura e do conhecimento científico estavam sob o controle da teologia oficial e das doutrinas da Igreja Romana. PENSAMENTO MEDIEVAL. Produção cultural e intelectual regulada pela Igreja Igreja: importante papel político; Grande quantidade de bens materiais: dona de 1/3 das terras cultiváveis da Europa ocidental (terra era a principal base de riqueza). Os filósofos não precisavam se dedicar à busca da verdade (já havia sido revelada por Deus aos homens): demonstrar racionalmente as verdades da fé. A grande questão discutida é a relação entre a fé e a razão, entre filosofia e teologia. PERÍODOS DA FILOSOFIA MEDIEVAL. 2 Períodos da Filosofia Medieval: 1º Patrística: século II ao VIII (Agostinho de Hipona); 2º Escolástica: século IX ao XV (Tomás de Aquino). Agostinho de Hipona (Santo Agostinho, Bispo de Hipona): Platão (427-347 a.C.); Tomás de Aquino (São Tomás, Doutor Angélico, Aquinate): Aristóteles (384-322 a.C.). ÉTICA MEDIEVAL. Ética ligada à religião. Enquanto que para os filósofos antigos a razão seria capaz de controlar nossos desejos e vontades, para o cristianismo, nossas vontades estavam corrompidas pelo pecado. Para agir eticamente precisamos do auxílio divino, necessitamos das leis divinas. Conceitos éticos fundamentais da Filosofia Medieval: a fé (qualidade da relação de nossa alma com Deus); a ideia de dever. Para sermos éticos “devemos” reconhecer e cumprir a vontade e a lei de Deus. O fim, o objetivo da ética: a salvação espiritual. TEORIAS POLÍTICAS MEDIEVAIS. Epístolas de São Paulo aos Romanos: Cap. XIII: 1 Todos se submetam às autoridades que exercem o poder, pois não existe autoridade que não venha de Deus, e as autoridades que existem foram estabelecidas por Deus. 2 Portanto, quem se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e tais rebeldes atrairão sobre si a condenação. A concepção cristã de governo e de autoridade legal se baseia numa Teoria do Direito Divino de Governar: o poder constituído provém de Deus, que dá legitimidade aos governantes, competindo ao povo a obediência e a subordinação às autoridades em exercício. O cristianismo postulou um problema desconhecido no mundo antigo, o problema da Igreja e do Estado: o poder espiritual (Igreja, Papa ebispos) e o poder temporal (Estado, Imperador e reis). OBS. TODA A MATÉRIA DE FILOSOFIA QUE SERÁ COBRADA NO TESTÃO ESTÁ REUNIDA NESTE ARQUIVO. BONS ESTUDOS E UM ÓTIMO TESTÃO A TODOS!