PERÍODO HELENÍSTICO • Inicia-se com a conquista da Grécia pelo império macedônico. • Período Helenístico: interação da cultura grega clássica e a cultura dos povos orientais conquistados. • Declínio da participação do cidadão nas decisões políticas. • Foco das discussões filosóficas: as preocupações coletivas (públicas) cedem lugar às preocupações pessoais (privadas). • As principais correntes helenísticas vão tratar da intimidade, da vida interior do ser humano. • Grande preocupação dos filósofos deste período: proporcionar alguma forma de paz de espírito, de felicidade interior às pessoas desorientadas e inseguras com a vida social. CINISMO CINISMO • Cinismo: kynos (cão). Cínico: kynicos, “como um cão”. • Cinismo: corrente de filósofos que se propuseram a viver como os “cães” da cidade, sem qualquer propriedade ou conforto. • Cínicos: levaram ao extremo a tese socrática de que o ser humano deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais. • Diógenes de Sínope (413-327 a.C.): “Sócrates demente”; “Sócrates louco”. OS CÍNICOS E A ATARAXIA • Diógenes: questionava os valores e as convenções sociais; desprezo pelos bens materiais. • Felicidade não depende apenas do luxo ou poder político. • Diógenes é contrário as convenções sociais: elas nos impulsionam a querer alcançar o inalcançável. • Buscar uma naturalidade maior: somos “forçados” a fazer o que não gostamos pra agradar aos outros, para nos “encaixarmos” num padrão. • Os cínicos e o caminho para a Ataraxia: libertar-se do apego às coisas materiais, efêmeras. • A felicidade podia ser alcança por todos. EPICURO (341-271 a.C.). • Epicurismo: defendia que o prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz. Hedonismo: doutrina centrada na ideia de prazer. • Epicuro: defendia uma administração racional e equilibrada do prazer, evitando ceder aos desejos insaciáveis que, inevitavelmente, terminam em sofrimento. • Prazeres duradouros (encantam o espírito): a boa conversação, a contemplação das artes, a música etc. • Prazeres momentâneos: movido pela explosão das paixões, podem resultar em dor e sofrimento. • Epicuro: para desfrutar dos prazeres do intelecto precisamos aprender a dominar os prazeres exagerados das paixões (cobiça, medo, inveja, apego material). • Os epicuristas buscavam a ataraxia: estado de ausência de dor, serenidade e imperturbabilidade da alma. EPICURO (341 – 271 a.C.) • INGREDIENTES DA FELICIDADE EPICURISTA • 1º Ter amigos: amigos trazem a felicidade; • 2º Liberdade: independência financeira, ser autossuficiente (sem depender de chefes); • 3º Vida bem reservar tempo reflexão. analisada: para a EPICURO E O TETRAPHÁRMAKON • 1 Não temer os deuses. • 2 Não se preocupar com a morte. • 3 A felicidade é possível. • 4 Podemos suportar a dor. NATURAIS E NECESSÁRIOS: Prazeres ligados a conservação do individuo. Comer; Beber; Repousar; NATURAIS E DESNECESSÁRIOS: Excessos, variações necessários. Comer exageradamente; supérfluas dos naturais e Consumir bebidas alcoólicas; etc. NÃO NATURAIS E DESNECESSÁRIOS: Ligados aos desejo de riqueza, poder e honras. (traz perturbação da alma e causa dor). Riquezas; Poder e Honrarias; PRAZER: MOMENTÂNEO X DURADOURO • Prazer Momentâneo: prazer breve e passageiro que traz efeitos colaterais ao corpo e à alma; • Ex.: empanturrar-se com comida, embriagar-se; • Prazer Duradouro: prazer estável que proporciona uma sensação de bem-estar (aponia), a ausência da dor, perturbação (física ou psíquica). (EX. MÚSICA, LEITURA); • Evitar o prazer que trará consequências negativas (dor, sofrimento, perturbação); • Cálculo para escolha dos prazeres: o prazer momentâneo deve ser trocado pelo duradouro; • Utilizar a razão como critério de escolha. ESTOICISMO: REALIDADE RACIONAL • Fundada por Zenão de Cício (336-263 a.C.). • Estoicos: toda realidade existente é uma realidade racional (todos os seres, os indivíduos e a natureza fazem parte dessa realidade racional). • Inteligência que rege o mundo: Providência (Deus). • Filosofia: compreender e viver segundo a ordem cósmica, a ordem universal do mundo. • Amor fati (amor ao fatos, ao destino): tudo o que acontece é regido por uma inteligência superior, é inevitável e necessário. • Os estoicos defendiam uma atitude de austeridade física e moral, baseada em virtudes como a resistência ante o sofrimento, a coragem ante o perigo, a indiferença ante os bens materiais. O ESTOICISMO E OS 3 TIPOS DE COISAS • Coisas Boas, Más e Indiferentes. • Boas: dependem só de nós e para sermos felizes devemos querer e buscá-las (aquilo que conserva e incrementa nosso ser); • Ex. ser prudente, honesto, justo; • Más: dependem de nós, mas devemos evitá-las (aquilo que o danifica e o diminui); • Ex. ser imprudente, desonesto, injusto; • Indiferentes: não dependem de nós, não devemos nos preocupar com elas; • Ex. morte, doença, poder, riqueza. ESTOICISMO: FILOSOFIA DA CORAGEM • A vida trágica ou feliz deve ser aceita pelo indivíduo com grande tranquilidade. • Ao invés de revoltar-se contra a morte, a velhice, a doença, devemos aceitar aquilo que não podemos mudar. • E usar a sabedoria e a coragem para mudar aquilo que podemos modificar: não se importar com a opinião dos outros, mas importar-se com sua mente, seu emocional, suas atitudes. • Defendiam o direito natural para todas as pessoas, inclusive para os escravos. • As diferentes leis não passavam de imitações imperfeitas de um direito cujas bases estavam na própria natureza. • Sêneca (04 a.C – 65 d.C.): “para a humanidade, a humanidade é sagrada”. PIRRONISMO: A SUSPENSÃO DO JUÍZO • Fundada por Pirro de Élida (365-275 a.C.). • Defendia a ideia de que tudo é incerto, nenhum conhecimento é seguro: segundo Pirro, as coisas não têm em si uma essência estável, e por isso seu ser se reduz a puras aparências. • Se as coisas assim se apresentam, os sentidos e a razão não estão em grau de discriminar a verdade e a falsidade: propunha que as pessoas adotassem a suspensão do juízo. • “A suspensão do juízo é um estado mental de repouso no qual não afirmamos nem negamos nada”. • Suspensão do Juízo: abstenção de fazer qualquer julgamento, já que a busca de uma verdade plena é inútil. PIRRONISMO E O CETICISMO • O Pirronismo é uma espécie de Ceticismo, pois defende a impossibilidade do conhecimento verdadeiro, da obtenção da verdade absoluta. • Tudo aquilo que o Homem julga como “Verdade” não passa de simples convenção ou acordo, ou apenas hábito. • Séculos depois, o filósofo empirista David Hume (1711-1776) retomou essa tese: “convêm que substituamos toda certeza pela probabilidade” (HUME). • Buscar conhecimento, compreender as ideias e teorias, mas não tratá-las como uma verdade inquestionável, um dogma. • Das coisas se pode conhecer apenas as aparências e desfrutando o imediato captado pelos sentidos, as pessoas viveriam em paz. PIRRONISMO E A ATARAXIA • Exemplo: sinto o sabor de uma fruta, mas não consigo compreender o porquê dela ter aquele sabor, ou mesmo o que faz com que ela exista, como surgiu? • Deve, pois, o Homem contenta-ser em compreender todo possível sobre aquela fruta, mas esquecer o porquê gosta da mesma, o porquê do seu sabor, o porquê dela existir. • Tendo, portanto, o Ser Humano conseguido focalizar seus esforços apenas naquilo que pode compreender e se abstendo de ter e de emitir Julgamentos definitivos é certo que chegará ao estado de Ataraxia: em que nada mais o afetará, seja bom ou ruim. • Busca a “paz interior (ataraxia), a partir da recusa de emitir, e mesmo de possuir, qualquer juízo ou julgamento definitivo sobre algo e pela aceitação da incapacidade intelectual de compreender as Essências e as Certezas. TAREFA Leia o texto (pág. 210-212) e responda as questões 19, 20, 21 e 22 (Análise e entendimento) da pág. 213. 19. Caracterize, em termos gerais, a filosofia desenvolvida no Período Helenístico. 20. Confronte o Epicurismo com o Estoicimso, destacando semelhanças e diferenças. 21. Por que o Pirronismo é considerado uma forma de ceticismo? De que maneira seu ceticismo definia o modo de vida que propunha? 22. Explique a origem da palavra cinismo, destacando sua relação com a corrente filosófica que denomina. IDADE MÉDIA • Séc. V (queda do Império Romano do Ocidente - 456 d.C.) – XV (conquista de Constantinopla - 1453). • Difusão e fortalecimento do Cristianismo. • A Idade Média: desorganização da vida política, econômica e social do Ocidente. • Depois vieram as guerras, a fome e as grandes epidemias. • A diminuição da atividade cultural: o homem comum é dominado por crenças e superstições. IDADE MÉDIA • Em meio ao esfacelamento do Império Romano, a Igreja católica conseguiu manter-se como instituição social mais organizada. • Ela consolidou sua estrutura religiosa e difundiu o cristianismo entre os povos bárbaros. • Os cristãos vivenciavam uma concepção comum de mundo: as formas de saber e de verdade estavam expostas no Novo Testamento, nas Escrituras Sagradas e nos ensinamentos dos Padres da Igreja. • Tanto a filosofia política quanto as outras áreas da cultura e do conhecimento científico estavam sob o controle da teologia oficial e das doutrinas da Igreja Romana. RUÍNA DO MUNDO CLÁSSICO ANTIGO • A Idade Média: resulta do arruinamento do Império Romano e da civilização e cultura clássicas. • Invasão bárbara: arruinamento, destruição da civilização ou das infraestruturas materiais. • No plano da cultura: os medievais reconheceram os valores do Classicismo e, a seu modo, procuraram aproveitá-los e dar-lhes continuidade. • Filosofia: a filosofia medieval viverá, em larga medida, da herança filosófica grega (primeiro de Platão e do neoplatonismo; mais tarde também de Aristóteles). • O platonismo e o aristotelismo medievais não serão pura repetição ou reposição. IDADE DAS TREVAS? • A filosofia clássica sobrevive, confinada nos mosteiros religiosos. • Problemas da Filosofia Medieval: a realidade, a alma, a verdade, os direitos humanos, a essência do Estado etc. • No Ocidente, fundam-se Universidades (Séc. XI) as primeiras PENSAMENTO MEDIEVAL • Produção cultural e intelectual regulada pela Igreja • Igreja: importante papel político; • Grande quantidade de bens materiais: dona de 1/3 das terras cultiváveis da Europa ocidental (terra era a principal base de riqueza). • Os filósofos não precisavam se dedicar à busca da verdade (já havia sido revelada por Deus aos homens): demonstrar racionalmente as verdades da fé. • A grande questão discutida é a relação entre a fé e a razão, entre filosofia e teologia. PENSAMENTO MEDIEVAL • 2 Períodos da Filosofia Medieval: • 1º Patrística: século II ao VIII (Agostinho de Hipona); • 2º Escolástica: século IX ao XV (Tomás de Aquino). • Agostinho de Hipona (Santo Agostinho, Bispo de Hipona): Platão (427-347 a.C.); • Tomás de Aquino (São Tomás, Doutor Angélico, Aquinate): Aristóteles (384-322 a.C.). AGOSTINHO DE HIPONA (354 - 430) TOMÁS DE AQUINO (1225 - 1274) ÉTICA MEDIEVAL • Ética ligada à religião. • Enquanto que para os filósofos antigos a razão seria capaz de controlar nossos desejos e vontades, para o cristianismo, nossas vontades estavam corrompidas pelo pecado. • Para agir eticamente precisamos do auxílio divino, necessitamos das leis divinas. ÉTICA MEDIEVAL • Conceitos éticos fundamentais da Filosofia Medieval: a fé (qualidade da relação de nossa alma com Deus); a ideia de dever. • Para sermos éticos “devemos” reconhecer e cumprir a vontade e a lei de Deus. • O fim, o objetivo da ética: a salvação espiritual. TEORIAS POLÍTICAS MEDIEVAIS • Epístolas de São Paulo aos Romanos: Cap. XIII: • 1 Todos se submetam às autoridades que exercem o poder, pois não existe autoridade que não venha de Deus, e as autoridades que existem foram estabelecidas por Deus. • 2 Portanto, quem se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e tais rebeldes atrairão sobre si a condenação. • A concepção cristã de governo e de autoridade legal se baseia numa Teoria do Direito Divino de Governar: o poder constituído provém de Deus, que dá legitimidade aos governantes, competindo ao povo a obediência e a subordinação às autoridades em exercício. • O cristianismo postulou um problema desconhecido no mundo antigo, o problema da Igreja e do Estado: o poder espiritual (Igreja, Papa ebispos) e o poder temporal (Estado, Imperador e reis). A PATRÍSTICA • O começo da Filosofia Patrística é anterior ao início da Idade Média: a Patrística inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João e prossegue com os primeiros Padres da Igreja. • Explicação dos preceitos, ideias do cristianismo as autoridades romanas e ao povo em geral. • Não impostos à força: apresentados de maneira convincente. • Primeiros Padres da Igreja: elaboração de textos sobre a fé e a revelação cristãs. • Patrística: conjunto desses textos. A PATRÍSTICA • Alguns dos primeiros pensadores da Igreja buscaram conciliar o cristianismo ao pensamento filosófico dos gregos. • Convencer e converter os pagãos da nova verdade. • Tentavam basear a fé em argumentos racionais. • A filosofia patrística introduz ideias novas: a criação do mundo por Deus, pecado original, Deus e a trindade una, encarnação e morte de Deus, juízo final, ressurreição, origem do mal. • O grande tema de toda a filosofia patrística era conciliar razão e fé. FÉ E RAZÃO EM SANTO AGOSTINHO (354-430) • Fé e Razão se complementam: a razão é uma auxiliar da fé. • Fé e Razão: “intellige ut credas, crede ut intelligas”, entende para crer, crê para entender . • Antes de crer, a razão é necessária para dar razão ao ato de crer (creio porque entendo); • Depois é necessário crer, para entender os conteúdos da fé (entendo porque creio). • Fé e razão andam juntas: “sem o uso da razão não há fé… use a razão para saber em quem você está pondo a sua fé…por isso, sem razão não há fé” (AGOSTINHO, De libero arbítrio). • a razão não elimina, antes esclarece a fé: a razão deve preceder as verdades da fé para saber se convém crer nelas. TEORIA DO CONHECIMENTO: DE MAGISTRO • Agostinho reforma a Teoria das Ideias de Platão em dois pontos: • 1) faz das Ideias os pensamentos de Deus • 2) altera a doutrina da reminiscência, inserindo a teoria da Iluminação. • Teoria da Iluminação Divina: uma adaptação cristã da teoria platônica da reminiscência. • Enquanto Platão afirmava que nossa alma veio de um mundo perfeito onde conheceu todas as verdades, Agostinho afirmava que nossa alma, por ter vindo de Deus, já possuía dentro de si todas as verdades, pois era uma partícula divina. • Para Platão, as almas humanas contemplaram as Ideias antes de encarnar-se nos corpos, e depois se recordam delas. • Para Agostinho, ao contrário, a suprema Verdade de Deus é uma espécie de luz que ilumina a mente humana no ato do conhecimento, permitindo-lhe captar as Ideias. REFERÊNCIAS • ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia. 2ªed. São Paulo: Moderna, 1996. • COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Filosofar. São Paulo: Saraiva, 2011. • REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus, 2003. • REZENDE, Antônio (org). Curso de Filosofia: para professores e alunos dos cursos de Ensino Médio e de Graduação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.