1 SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATI INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA-IBRATI MESTRADO PROFISSIONAL EM TERAPIA INTENSIVA-MPTI KALINE NOLETO SILVA SOUSA APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: UMA REVISÃO TERESINA - PI 2016 2 KALINE NOLETO SILVA SOUSA APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: REVISÃO Trabalho de conclusão de curso apresentada ao Programa de Pós-Graduação à nível de Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, servindo como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Orientador: Ms. Leyla Gerlane de Oliveira Adriano TERESINA - PI 2016 3 KALINE NOLETO SILVA SOUSA APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA: REVISÃO Trabalho de conclusão de curso apresentada ao Programa de Pós-Graduação à nível de Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, servindo como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Orientador: Ms. Leyla Gerlane de O. Adriano Aprovada em: / / BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Ms. Leyla Gerlane, de Oliveira Adriano Orientador -IBRATI ___________________________________________ Prof. Dra. Vicença Maria Azevedo de Carvalho Gomes Examinador-IBRATI ___________________________________________ Prof. Dr. Marttem Costa de Santana Examinador-IBRATI ___________________________________________ Prof. Dr. Edilson Gomes de Oliveira Examinador-IBRATI 4 RESUMO Os cuidados pós uma parada cardiorrespiratória pode reduzir a mortalidade precoce devido à instabilidade hemodinâmica e disfunção orgânica múltipla, e a tardia devido ao dano cerebral. A maioria dessas mortes pós PCR ocorrem nas primeiras 24 horas de retorno à circulação espontânea. A Hipotermia Terapêutica tem um efeito neuroprotetor no tratamento após parada cardíaca, reduzindo dano isquêmico cerebral produzido nos insultos neurológicos. Este estudo tem como objetivo de conhecer a técnica de Hipotermia Terapêutica, bem como seus benefícios no paciente pós PCR e analisar a evolução/prognóstico desses pacientes. Trata-se de uma revisão Integrativa, de caráter exploratória e abordagem qualitativa, realizada na base de dados LILACS e SCIELO, obtendo 10 artigos para estudo publicados de 2008 a 2016. O presente estudo permitiu concluir que a Hipotermia Terapêutica representa um grande tratamento capaz de reduzir a mortalidade, assim como, melhorar os desfechos neurológicos melhorando no prognóstico dos pacientes pós-parada cardiorrespiratória, apesar de que as taxas de mortalidade ainda prevalecem. Palavras-chave: Hipotermia, parada cardíaca, PCR e Enfermagem. 5 ABSTRACT Post-cardiorespiratory arrest care may reduce early mortality due to hemodynamic instability and multiple organ dysfunction, and delayed mortality due to brain damage. Most of these post-PCR deaths occur within the first 24 hours of spontaneous circulation. Therapeutic Hypothermia has a neuroprotective effect in the treatment after cardiac arrest, reducing cerebral ischemic damage produced in the neurological insults. This study aims to know the technique of Therapeutic Hypothermia, as well as its benefits in the post-PCR patient and to analyze the evolution / prognosis of these patients. It is an integrative review, exploratory and qualitative approach, carried out in the LILACS and SCIELO database, obtaining 10 articles for study published from 2008 to 2016. The present study allowed to conclude that Therapeutic Hypothermia represents a great treatment capable of Reduce mortality, as well as improve neurological outcomes by improving the prognosis of post-cardiorespiratory arrest patients, although mortality rates still prevail. Keywords: Hypothermia, cardiac arrest, CRP and Nursing. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................07 2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................09 2.1 HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PCR..................................09 2.2 MECANISMOS DE AÇÃO DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA...........................10 2.3 PROTOCOLO DE HIPOTERMIA TERAPÊUTICA..............................................11 3 METODOLOGIA.....................................................................................................13 4 RESULTADOSE DISCUSSÕES.............................................................................15 4.1 APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA.......................................17 4.2 PERFIL DOS PACIENTES PARA HT E DESFECHO DESSES PACIENTES…18 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................20 6 REFERÊNCIAS.......................................................................................................21 7 1.0 INTRODUÇÃO A Parada cardiorrespiratória (PCR) é uma emergência médica definida como a cessação súbita e inesperada das funções vitais, caracterizada pela ausência de batimentos cardíacos, ausência de movimentos respiratórios e irresponsividade a estímulos, tudo isso ocorrendo simultaneamente em um indivíduo (RECH; VIEIRA, 2010). A PCR está associada a uma elevada morbidade e mortalidade. Os casos de PCR intra-hospitalar, não ultrapassam os 20% e esta taxa diminui para menos da metade nos casos de PCR extra-hospitalar. Apesar das melhorias nos últimos anos no Suporte básico e avançado de vida, a mortalidade e as sequelas neurológicas após recuperação da circulação espontânea (RCE) continuam sendo elevados, comprometendo a longo prazo a qualidade de vida desses pacientes (ABREU et al., 2011). Um grupo de doenças que geralmente levam a uma PCR são as doenças cardiovasculares, que atualmente encontra-se entre as maiores causas de morte no mundo Ocidental. Os danos decorrentes de uma PCR são arrasadores, resultando em Hipóxia generalizada dos sistemas, dentre os quais o Sistema Nervoso Central (RODRIGUES et al., 2015). Os cuidados pós uma parada cardiorrespiratória pode reduzir a mortalidade precoce devido à instabilidade hemodinâmica e disfunção orgânica múltipla, e a tardia devido ao dano cerebral. A maioria dessas mortes pós PCR ocorrem nas primeiras 24 horas de retorno à circulação espontânea (ROSC) (RAVETTI et al., 2009). Nesse sentido, nos últimos anos diversas técnicas têm sido aperfeiçoadas para tentar dar o melhor prognóstico aos sobreviventes. Dentre as medidas tomadas, estão as medidas farmacológicas, o suporte ventilatório e o uso de Hipotermia Terapêutica (HT) que é considerada como mais um instrumento nessa batalha pela vida, mostrando-se eficaz na redução da mortalidade e das sequelas neurológicas (RODRIGUES, et al., 2009). Definindo a Hipotermia Terapêutica (HT), ela é a redução controlada da temperatura central dos pacientes com objetivos terapêuticos pré-definidos (FILHO et al., 2009). 8 Diante dos estudos clínicos, a Hipotermia Terapêutica tem um efeito Neuroprotetor no tratamento após parada cardíaca, reduzindo dano isquêmico cerebral produzido nos insultos neurológicos (STORN, 2014). Este tratamento vem sendo usado há mais de 50 anos em cirurgias cardíacas e, mais recentemente, em cirurgias neurológicas. Nos últimos anos o tema voltou a ter grande impulso e tornou-se a terapêutica bem estabelecida no tratamento pós PCR em adultos (FILHO et al., 2009). Sendo assim, viu-se a necessidade de se trabalhar esse tema, tendo em vista que após o levantamento de várias temáticas, esse despertou o interesse por ser um método que possa preservar a função neurológica após uma PCR, devido ao grande número de casos e por tanto acometer sequelas neurológicas. Portando, o presente estudo tem como objetivo de conhecer a técnica de Hipotermia Terapêutica, bem como seus benefícios no paciente pós PCR e analisar a evolução/prognóstico desses pacientes. 9 2.0 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 HIPOTERMIA TERAPÊUTICA NO PACIENTE PÓS PCR Historicamente a hipotermia terapêutica (HT) tem sido usada para proteção cerebral desde a década de 1940. Nos anos 80, foi gradualmente caindo em desuso por causa de técnicas muito trabalhosas e efeitos colaterais associados, como coagulopatia, infecção, instabilidade do ritmo cardíaco, lesões cutâneas de pressão e tremores. Muitas drogas farmacológicas (Barbitúricos) foram estudadas quanto à sua eficácia de se proteger o cérebro em sobreviventes pós-parada cardíaca, Acidente Vascular Encefálico e injúria cerebral traumática. Após isso, nos anos 90, a falta de processo com esses agentes farmacológicos levou a um renovado interesse na Hipotermia Terapêutica (SOUSA; LEITE; SAMPAIO, 2010). Os pacientes admitidos no hospital após uma PCR pré-hospitalar geralmente demonstram importante lesão neurológica anóxica e alta mortalidade. Nos últimos anos surgiram vários estudos em modelos experimentais demonstrando que a lesão neurológica após anóxia global grave é reduzida quando aplicada a HT (FILHO et al., 2009). Alguns minutos após a PCR nos sobreviventes ocorrem, uma sequência de eventos conhecida como Síndrome pós-ressuscitação, está caracterizada pelo comprometimento do sistema cardiovascular, neurológico, pulmonar, renal e metabólico. A síndrome pós-ressuscitação compreende, a falência de perfusão cerebral, com diminuição do aporte de oxigênio para o cérebro seguida de uma reoxigenarão cerebral, o que determina a lesão (RODRIGUES et al., 2015). A HT promove indução intencional de uma temperatura corporal mais baixa que o normal com fins terapêuticos, seguida da manutenção desta temperatura por um tempo determinado, e um reaquecimento gradual. Isso é alcançado através de medidas invasivas e não invasivas, com o objetivo de preservar os tecidos da lesão secundária, que é ocasionada por períodos de isquemia, seguida novamente de perfusão, através da influência na cascata inflamatória, proporcionando a redução do metabolismo e consequentemente a diminuição da demanda de oxigênio (FILHO et al., 2009). 10 O tratamento e a recuperação neurológica da PCR utilizando-se a HT é recomendado pelo Advanced Life Support Task Force of the International Liaison Committee on Ressucitation (ILCOR), além de fazer parte do protocolo das diretrizes do Advanced Cardiovascular life Support (ACLS) para pacientes adultos que sofreram PCR por fibrilação ventricular, similar à realizada pelo ILCOR (RODRIGUES, et al., 2015). Considera-se a Hipotermia leve de 34°C a 36°C, Hipotermia moderada 30° C a 34°C e Hipotermia profunda <30°C, esta última apresentando resultados mais significativos quanto à proteção cerebral. 2.2 MECANISMOS DE AÇÃO DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA A isquemia neuronal pós-PCR pode persistir por várias horas pós ressuscitação. A hipotermia tem ação neuroprotetora contra vários mecanismos bioquímicos deletérios, tornando-se o primeiro tratamento eficaz em reduzir o dano neurológico isquêmico em pacientes pós-PCR (RECH; VIEIRA, 2010). Os mecanismos de ação da Hipotermia Terapêutica envolvem múltiplos fatores, dentre eles: redução do metabolismo cerebral de ativação e basal, diminuição da cascata inflamatória que segue os eventos cerebrais traumáticos, proteção contra isquemia neural e de células miocárdica. Além disso, redução da pressão intracraniana, e manutenção da função mitocondrial (ANJOS, et al., 2008). Outro mecanismo envolvido na neuroproteção por meio da HT parece ser a estimulação de efeitos anticoagulantes. A ativação da coagulação, forma fibrina e bloqueia a microcirculação, sendo assim, possui função importante no desenvolvimento da injúria de isquemia perfusão (ABREU; GONÇALVES, 2011). No que se refere ao sistema respiratório, ocorre uma queda de consumo de oxigênio associada à redução da produção de gás carbônico, levando a uma diminuição do quociente respiratório. A supressão da atividade epiléptica é mais um provável efeito benéfico da hipotermia tendo em vista que as crises convulsivas ou não, geram aumento no consumo de oxigênio pelo cérebro. A diminuição do débito cardíaco reduz o fluxo plasmático renal. Além disso, ocorre aumento da diurese com a queda da temperatura em virtude da menor reabsorção 11 tubular de sódio (ANJOS et., 2008). No quadro 1 abaixo segue outros mecanismos benéficos da HT nos pacientes recuperados de uma PCR. Quadro 1. Mecanismos benéficos da HT 1. Redução do consumo cerebral de oxigênio 2. Supressão de reações químicas associadas com lesões de reperfusão 3. Redução da liberação de cálcio intracelular 4. Modulação da apoptose 5. Modulação da resposta Inflamatória 6. Proteção de membranas lipoprotéicas 2.3 PROTOCOLO DE HIPOTERMIA TERAPÊUTICA Em 2010, o ILCOR (International Liaison Committee on Ressucitation), estabelece a hipotermia dentre os cuidados após RCE (Recuperação da circulação espontânea) de eventos extra-hospitalares e mantém a recomendação para controle de temperatura ideal de 32°C a 34°C (BERNOCHE et., 2016). A recomendação das diretrizes do ILCOR é a aplicação de HT a todos os pacientes que retornam inconscientes após uma PCR em FV extra-hospitalar, devendo ser resfriados a 32°C a 34°C por 12 a 24 horas. Esse resfriamento também pode ser benéfico para pacientes com PCR em outros ritmos cardíacos, sempre que não houver contraindicação (FILHO et al., 2009). Não se deve realizar HT em pacientes em choque cardiogênico após o retorno da circulação espontânea ou em pacientes com coagulopatia primárias ou gestantes. A terapia trombolítica não se constitui como contraindicação para realizar HT, o que é importante citar, visto que muitas das causas de PCR atendidas têm como causa base coronariopatia (FILHO et al., 2009). Os critérios de seleção para os pacientes que se favorecem da HT assim como os critérios de exclusão desses pacientes estão descritos no quadro 2 abaixo. Quadro 2. Critérios de inclusão 1. Idade: 18 a 75 anos 2. PCR presenciada 3. Tempo de reanimação < 45 minutos 4. Ausência de resposta adequada aos estímulos 12 5. Acesso ao atendimento primário entre 5 e 15 minutos após o início da PCR 6. Intervalo de tempo pós PCR de até 12 horas Critérios de exclusão 1. Portadores de coagulopatias-exceto as induzidas 2. Choque Cardiogênico 3. Choque séptico 4. Discrasias Snaguíneas 5. Recorrência de PCR prolongada após admissão 6. Portadores de doença terminal 7. Gestantes Existem diversas técnicas para indução da Hipotermia, o corpo pode ser resfriado por meio de equipamentos especiais ou de injeções de substâncias salinas geladas. Dentre os métodos, destaca-se o resfriamento externo/superfície, infusão de fluidos resfriados e extracorpóreo/central. Os fluidos endovenosos, como soro fisiológico e ringer lactato, resfriados a 4°C, também são técnicas bastantes implementadas (ANJOS, et al. 2008). Dados sugerem que a HT deve ser instituída o mais breve possível após o retorno da circulação espontânea. Quando iniciada até 6 horas após reversão da PCR, a HT determina melhor prognóstico neurológico bem como de mortalidade (RECH; VIEIRA, 2010). Após a fase de Indução de HT no paciente, a temperatura deve se manter constante com a menor oscilação possível mantendo de 32°C a 34° C durante as 24 horas. Durante a HT é sugerido a não alimentação desse paciente. Na 12ª hora após o início do tratamento deve se reavaliar a necessidade do uso de bloqueados neuromusculares e interrompe-los ou reduzi-los caso não haja evidências de tremores. Essa fase é conhecida como fase de Manutenção. E por final, na fase de Reaquecimento, inicia após 24 horas do início da infusão do resfriamento e de ser lenta, em uma velocidade de 0,2° C a 0,4°C por hora durante 12 horas, até que se atinja temperatura entre 35°C e 37°C (SOUSA; LEITE; SAMPAIO, 2010). 13 3.0 METODOLOGIA Trata-se de uma revisão Integrativa, de caráter exploratória e abordagem qualitativa. Para Silveira e Galvão (2005), a Revisão Integrativa determina o conhecimento atual sobre uma temática específica, já que é conduzida de modo a identificar, analisar e sintetizar resultados de estudos independentes sobre o mesmo assunto, contribuindo, pois, para uma possível repercussão benéfica na qualidade dos cuidados prestados ao paciente. Pontua-se, então que o impacto da utilização da revisão integrativa se dá não somente pelo desenvolvimento de políticas, protocolos e procedimentos, mas também no pensamento crítico que a prática diária necessita (SOUSA; SILVA; CARVALHO, 2010). Para a elaboração da revisão integrativa foram percorridas as seguintes fases: identificação do tema, amostragem ou busca na literatura no banco de dados escolhido, leitura dos artigos, categorização dos estudos, avaliação dos estudos, interpretação dos resultados e a síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou apresentação da revisão integrativa. A busca de dados consistiu primeiramente identificando as palavras-chaves cadastradas nos Descritores em Ciências da Saúde-DECS, que foram as palavras: HIPOTERMIA, PARADA CARDÍACA, PCR e ENFERMAGEM. Após a identificação das palavras chaves, foi empregado o fundamento de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), onde a análise foi feita a partir do emprego dos seguintes descritores: “ Hipotermia Parada Cardíaca”, resultando em 75 artigos. Após refinamento dos 75 artigos, foram selecionados 8 artigos para estudo. Outro fundamento utilizado também foi o SCIELO (Scientific Electronic Library Online) a disposição da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e disponível no Google acadêmico utilizando os descritores “ Scielo and Hipotermia PCR Enfermagem”, resultando em aproximadamente em 350 artigos, porém selecionando apenas 2 artigos para estudo, totalizando em 10 artigos no final para estudo publicados de 2008 a 2016. Os critérios de inclusão utilizados foram: aderência temática, artigos científicos, dissertação de mestrado, trabalho de conclusão de curso, resenhas publicadas em revista científica, bem como textos na íntegra, disponíveis na língua portuguesa e dos últimos dez anos. Após a seleção dos artigos foi iniciada a leitura na íntegra e 14 interpretativa tido como problema de pesquisa e as informações mais relevantes, adotado os fichamentos. Para um melhor enquadramento dos artigos na temática, foi adotado um formulário para cada artigo, a fim de obter informações sobre: título do artigo, mês e ano do artigo, estado, revista de publicação, autores, tipo de abordagem, objetivos e contribuições para o estudo e em seguida lançado em uma planilha com as informações mais pertinentes a respeito. 15 4.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES A seguir, estão relacionados os dados encontrados e organizados no Quadro 3 no qual se pode visualizar as publicações referentes à temática proposta associados aos seus respectivos objetivos e contribuições de estudo. Quadro 3. Estado de ênfase dos estudos elegidos TÍTULO AUTOR ANO REVISTA Hipotermia terapêutica após parada cardíaca: preditores de prognóstico LEÃO RN, et al. 2015 Rev. Bras. Ter. Intensiva Terapia de controle da temperatura pósparada cardiorrespiratóri a BERNOCH 2016 E C, et al. Rev. SOCESP O uso de hipotermia e desfechos após ressuscitação cardiopulmonar em 2014. STORM C. 2014 Rev. Bras. Ter. Intensiva ABREU A, et al. 2011 Rev. Bras. Ter. Intensiva RECH TH; VIEIRA SRR. 2010 Rev. Bras. Ter. Intensiva Papel neuroprotetor da hipotermia terapêutica pós paragem cardiorespiratória Hipotemria terapêutica em pacientes pósparada cardiorrespiratóri a:mecanismos de ação e desenvolvimento do protocolo assistencial. OBJETIVOS/CONTRIBUI ÇÕES Procurou-se determinar a validade de diferentes marcadores que podem ser utilizados na detecção de pacientes com mau prognóstico durante um protocolo de hipotermia. A temperatura do controle da temperatura (TCT) oferece mecanismos neuroprotetores, limitação da lesão miocárdica e redução da resposta inflamatória sistêmica. Identificou-se, em estudos realizados em animais, que o desfecho e o dano histopatológico ao tecido cerebral, devidos à hipóxia após parada cardíaca são reduzidos pelo uso de Hipotermia leve. Avaliar a evolução dos doentes submetidos a Hipotermia após paragem cardiorrespiratória. Revisar aspectos referentes aos mecanismos de ação da hipotermia e seus efeitos em pacientes críticos reanimados pós-parada cardiorrespiratória e propor um protocolo assistencial simples, que possa ser implantado em 16 qualquer unidade de terapia intensiva. Conhecer as características dos pacientes submetidos a um protocolo operacional padrão institucional de atendimento a pacientes reanimados após episódio de parada cardiorrespiratória incluindo a aplicação de Hipotermia terapêutica. Rever os principais aspectos clínicos relativos à Hipotermia terapêutica. Estudo de pacientes reanimados pósparada cardiorrespiratóri a intra e extrahospitalar submetidos à hipotermia terapêutica RAVETTI CG, et al. 2009 Rev. Bras. Ter. Intensiva Hipotermia terapêutica pósreanimação cardiorrespiratóri a: evidências e aspectos práticos Abordagem do paciente reanimado, após parada cardiorrespiratóri a Parada cardiorrespiratóri a Cerebral: assistência de enfermagem após reanimação. Benefícios na prevenção de lesão neuronal pós-parada cardiorrespiratóri a na hipotermia terapêutica: breve revisão. FILHO GSF, et al. 2009 Rev. Bras. Ter. Intensiva PEREIRA JCRG. 2008 Rev. Bras. Ter. Intensiva Rever a evidência científica relativa à abordagem do paciente reanimado após PCR. SOUSA SFM; SILVA GNS. 2013 Rev. Ciência Saúde Nova Esperança RODRIGU ES JHS 2015 Rev. Eletrônica Gestão & Saúde Conhecer a assistência de enfermagem prestada aos pacientes após reanimação cardiorrespiratório cerebral. Motivados pelos pequenos avanços e a elevada mortalidade, faz-se necessário para o esclarecimento de profissionais da área da saúde em especial ao de serviços da terapia intensiva acerca dos benefícios da Hipotermia terapêutica. Fonte: Base de dados LILACS e SCIELO. Considerando a análise dos artigos selecionados nesta revisão integrativa, obteve-se algumas informações para melhor sintetizar a temática, pôde-se delimitar 17 duas categorias por similaridade de conteúdo, são elas: Perfil dos pacientes para HT e desfecho desses pacientes; e Aplicabilidade da Hipotermia Terapêutica. 4.1 APLICABILIDADE DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA Os achados de estudos experimentais sugerem que o início precoce da hipotermia terapêutica após parada cardíaca seria um tratamento seguro e benéfico em termos de redução da mortalidade e melhora no desfecho neurológico (LEÃO et al.,2015). Dados sugerem que a HT deva ser instituída o mais breve possível após o retorno da circulação espontânea, mas parece haver benefício mesmo quando o seu início é retardado em até 6 horas. Um estudo experimental testou o impacto do início imediato da HT comparado ao início retardado por 1 horas pós-ressuscitação no desfecho de ratos submetidos à anóxia cerebral. O achado foi um melhor resultado funcional em ratos resfriados imediatamente. É fundamental integrar as equipes da UTI e da emergência, para que a transferência para a UTI possa ser agilizada e a indução iniciada de forma rápida (RECH; VIEIRA, 2010). Existem diversas técnicas testadas para resfriamento: bolsas de gelo, circulação extracorpórea, infusão gelada na artéria carótida, capa contendo soluções bastante geladas (- 30°C), lavagem pleural, lavagem peritoneal, cateteres resfriados, infusão de líquido gelado, manta com circulação de ar gelado, entre outros. O resfriamento ideal deve ser o que atinja de modo mais rápido a temperatura alvo sem oferecer lesões com esse procedimento. Uma das técnicas com redução de temperatura mais rápida é a imersão em água gelada, que reduz cerca de 9,7° por hora em média, porém esta estratégia é pouco prática para uso rotineiro (FILHO et al., 2009). No estudo de Ravetti et al. (2009), para evitar demora no início da terapêutica, o leito foi previamente preparado com colchão térmico com sensor de temperatura esofágica para receber o paciente, Todos os pacientes foram submetidos à reanimação inicial visando corrigir agressivamente hipotensão, hipovolemia, hipoxemia e hipoglicemia. O objetivo da temperatura foi de 32°c a 34°c, alcançados com a infusão de 30 ml/kg de NaCl 0,9 % ou ringer lactato a 4° a 8° C, aplicação de gelo em dobras cutâneas e utilização de colchão térmico até atingir a temperatura desejada. Caso a temperatura 18 não tivesse sido alcançada, repetia-se a infusão intravenosa de solução cristalóide gelada em 4 horas. Segundo Filho et al. (2009), um método promissor é o que usa cateteres intravasculares com propriedade de resfriar o sangue através de circuito interno que permite circulação de líquido gelado e troca constante de temperatura como sangue, reduzindo a temperatura central em cerca de 1,4°C por hora. A aplicação de bolsas de gelo se mostrou eficaz reduzindo 0,9° por hora de aplicação. Provavelmente, o método mais prático e ágil seja a infusão de líquido gelado (4°C) por via venosa. A infusão de líquidos gelados provavelmente é a mais promissora por ser rápida, prática, segura e de baixo custo No comentário de Storm (2014), ele afirma que a implantação da HT varia amplamente nos diferentes países, ou mesmo nos diferentes hospitais, embora nunca tenham sido relatados, de forma significante, efeitos colaterais graves e com risco à vida pelo uso dessa abordagem terapêutica. Ainda permanece em aberto três questionamentos: (1) qual subgrupo se beneficia mais da HT?; (2) por quanto tempo manter o resfriamento?; e (3) qual deve ser a temperatura alvo ideal? Os resultados de estudos de HT são na verdade, neutros. Uma conclusão não pode ser obtida a partir dos dados de estudo de HT, se a melhor temperatura deva ser alvo ou individual. A Sociedade Alemã de Terapia Intensiva e Medicina de Emergência publicou um consenso sobre os resultados do estudo de HT com a forte recomendação de que continue utilizando a faixa de 32°C a 34°C como uma temperatura confiável. Esse fato também foi apoiado pelo atual consenso da ILCOR, que recomenda seguir as diretrizes ainda válidas para tratamento após parada cardíaca. 4.2 PERFIL DOS PACIENTES PARA HT E DESFECHO DESSES PACIENTES No estudo de Abreu et al. (2011), foram incluídos 12 doentes, com média de 64 anos de idade, sendo a maioria do sexo masculino. O tempo de PCR foi de 12,5 minutos e o tempo até o retorno a circulação espontânea-RCE (duração de manobras de SAV) foi de 7 minutos. O ritmo predominante de RCE foi ritmo sinusal em 75 % dos casos, fibrilação auricular em 16,6% e outros ritmos supra-ventriculares em 8,3% dos casos. O tempo decorrido desde a RCE até o início da HT foi 120 minutos, o tempo para alcançar a temperatura corporal alvo, foi cerca de 240 minutos e a duração da 19 hipotermia foi de 27 horas. Todos os pacientes alcançaram a temperatura alvo, e a temperatura mínima foi de 32,2°C. Para alcançar a temperatura foram administrados 5,3 ± 2,9 L de fluidos arrefecidos por paciente e em outros, arrefecimento externo. Verificou-se sobrevida com total recuperação neurológica em todos pacientes cujo local de PCR foi intra-hospitalar com incapacidade moderada a grave. Em outro estudo de Leão et al. (2015), foram admitidos 70 pacientes e 67 concluíram o protocolo de hipotermia, sendo que 27% dos pacientes eram do sexo feminino (n=18). Dentre os casos de parada cardíacas, 69% ocorreram fora do hospital. As principais causas de parada cardíaca foram Infarto Agudo do Miocárdico (26 pacientes) e Insuficiência Respiratória (18 pacientes). A média de idade foi 62,6 ± 13 anos. Apresentaram incialmente Fibrilação Ventricular 25 pacientes, 26 Assistolia e 10 Atividade Elétrica Sem Pulso. Todos os pacientes com AESP tiveram desfecho fatal até os 6 meses. Dentre os pacientes com desfecho favorável, 8 pacientes tinham FV como ritmo inicial. Aqueles com Fibrilação atrial, apresentaram associação com maior probabilidade de sobrevivência e melhor desfecho neurológico em comparação aos pacientes que tinham inicialmente outros ritmos. Em Belo Horizonte entre os anos de 2007 e 2008, Ravetti e colaboradores (2009), incluíram 26 pacientes internados com episódio de PCR na UTI. Os pacientes tinham em média 63 ± 18,0 anos (mediana 64,5 anos). O sexo masculino foi predominante, representado por 92,3% dos casos, o que demonstra um alto índice na população masculina. O local da PCR foi extra-hospitalar em 8 casos, no Pronto Socorro em 3 casos, durante a internação no hospital fora da UTI em 13 casos e no bloco cirúrgico em 2 casos. O ritmo de parada cardiorrespiratória foi FV em 7 pacientes, Assistolia em 11, AESP em 5 pacientes e o ritmo não foi determinado em 3 pacientes. O intervalo entre a PCR e o ritmo à circulação espontânea foi em média 12,0 ± 5,0 minutos e o tempo requerido para alcançar a temperatura alvo desde a admissão foi em média 5,0± 4,0 horas. Dos 26 pacientes, 5 tiveram alta hospitalar, 2 foram transferidos a outras instituições e 2 permaneceram internados no apartamento, 14 evoluíram á óbito na UTI, representando mortalidade de 54% intra UTI, e 3 tiveram o mesmo desfecho durante internação no andar, representando uma mortalidade de 66% intra-hospitalar, número considerável, tendo em vista que apenas 7% e 10% dos pacientes que inicialmente ressuscitados após PCR extra-hospitalar de causa cardíaca sobrevivem e receberam 20 alta hospitalar com bom resultado neurológico e 18 % após PCR intra-hospitalar, sem uso de HT. No cenário da medicina intensiva, um estudo prospectivo realizado por Storm et al. (2008), avaliou 52 pacientes com média de idade de 62 anos submetidos a hipotermia após recuperação da circulação espontânea pós PCR, seus dados foram comparados a um corte histórico tratados em período prévio a recomendação formal do uso de hipotermia. O grupo submetido à hipotermia teve significativamente menor tempo de internação na UTI e de permanência na Ventilação mecânica, bem como melhores desfechos neurológicos em até 1 ano (FILHO et al., 2009). Rech e Vieira (2010) também citam o marco na HT depois da publicação em 2002 de dois estudos que consolidaram o uso da HT, ao randomizaram pacientes comatosos sobreviventes pós PCR fora do hospital, mantidos num período de hipotermia leve (entre 32°C e 34°C) durante 12 e 24 horas. Estes tiveram menor mortalidade com maior taxa de desfechos neurológicos favoráveis quando comparados aos pacientes normotérmicos. 21 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo permitiu concluir que a Hipotermia Terapêutica representa um grande tratamento capaz de reduzir a mortalidade, assim como, melhorar os desfechos neurológicos melhorando no prognóstico dos pacientes pós-parada cardiorrespiratória, apesar de que as taxas de mortalidade ainda prevalecem. Ficou evidenciado que a Hipotermia terapêutica está indicada para os pacientes inconscientes com circulação espontânea após parada cardiorrespiratória extrahospitalar e quando o ritmo inicial for FV ou TV sem pulso. Os estudos elencaram grandes benefícios também em outros ritmos cardíacos. A maioria dos estudos citaram utilizar o protocolo da ILCOR como referência, porém foi observado a falta de implementação de protocolos institucionais ajudando nas rotinas assistenciais, tendo em vista que, a aplicação da HT não seja uma prática rotineira. Em relação as formas de resfriamento utilizadas foram as mais diversas possíveis, adaptadas a realidade de cada instituição, dentre elas: infusão de cristaloides através da infusão de Ringer lactado a 4°, Soro fisiológico; resfriamento extracorpóreo, por meio de bolsas de gelo, mantas e colchões térmico e resfriamento por meio das sondas, através de lavagem nasal, gástrica, dentre outras. Portanto os resultados obtidos, indicam um melhor prognóstico as vítimas pelos diversos mecanismos benéficos que a HT possa proporcionar ao paciente, porém, ainda carece de muitas evidências, principalmente no meio médico, tendo em vista que é uma prática médica. 22 6.0 REFERÊNCIAS ABREU, A. et al. Papel neuroprotetor a hipotermia terapêutica pós paragem cardiorrespiratória. Revista Bras. Ter. Intensiva. 2011; 23(4): 455-461. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbti/v23n4/a10v23n4.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017. ANJOS, CN; et al. O potencial da hipotermia terapêutica no tratamento do paciente crítico. Mundo Saúde (1995); 32(1): 74-78, jan. –mar. 2008. Disponível em: http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/58/74a78.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017. BERNOCH, C; et al. Terapia de controle da temperatura pós-parada cardiorrespiratória. Revista SOCESP.2016; 26 (1):27-33. Disponível em: http://www.socesp.org.br/upload/revista/2016/REVISTA-SOCESP-V26-N1.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2017. FILHO, GSF; SENA, JP; LOPES, RD. Hipotermia terapêutica pós-reanimação cardiorrespiratória: evidências e aspectos práticos. Rev. Bras. Ter. Intensiva. 2009; 21(1): 65-71. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2009000100010. 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