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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE FARMÁCIA
DANIELA BALDIN
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE UMA SUSPENSÃO DE
FLUCONAZOL FRENTE À Candida albicans.
CRICIUMA, JUNHO DE 2009
1
DANIELA BALDIN
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE UMA SUSPENSÃO DE
FLUCONAZOL FRENTE À Candida albicans.
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso,
apresentado à disciplina de TCCI, do curso de
Farmácia da Universidade do Extremo Sul
Catarinense, UNESC.
Orientador(a): Prof. (ª) Giordana Maciel Dário.
CRICIUMA, JUNHO DE 2009
2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................3
2 OBJETIVOS ..........................................................................................................................7
2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................7
2.2 Objetivos Específicos......................................................................................................7
3 METODOLOGIA..................................................................................................................8
3.1 Matérias...........................................................................................................................8
3.1.1 Amostra ....................................................................................................................8
3.1.2 Reagentes..................................................................................................................8
3.1.3 Microrganismo utilizado.........................................................................................8
3.1.4 Meio de cultura utilizado ........................................................................................8
3.1.5 Materiais e Equipamentos ......................................................................................9
3.2 Métodos ...........................................................................................................................9
3.2.1 Fórmula da suspensão oral de Fluconazol ............................................................9
3.2.2 Fórmula do Gel de Goma Xantana 2% ...............................................................10
3.2.3 Fórmula do Xarope simples..................................................................................10
3.2.4 Características Organolépticas ............................................................................11
3.2.4.1 Cor .......................................................................................................................11
3.2.4.2 Odor .....................................................................................................................11
3.2.4.3 Sabor....................................................................................................................11
3.2.5 Determinação do pH..............................................................................................12
3.2.6 Determinação da Viscosidade...............................................................................12
3.2.7 Velocidade de Sedimentação e Ressuspensão .....................................................12
3.2.8 Verificação da Efetividade....................................................................................13
3.2.8.1 Concentração Inibitória Mínima (MIC) ..........................................................13
4 CRONOGRAMA.................................................................................................................15
5 ORÇAMENTO ....................................................................................................................16
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................18
3
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de formas farmacêuticas é um aspecto muito trabalhoso para o
tecnologista tanto no aperfeiçoamento de medicamentos já tradicionais, como nos casos de
estudos propriamente ditos para o desenvolvimento de novas terapêuticas. (AULTON, 2005).
Dentre as formas farmacêuticas, encontram-se as suspensões, sendo classificadas como
sistemas heterogêneos constituídos por duas fases. A fase contínua, ou externa, é
normalmente um líquido ou semi-sólido, enquanto que a fase dispersa, ou interna, é
constituída por partículas sólidas que são insolúveis na fase contínua, mas que se dispersam
nela. (LACHMAN et al., 2001). Suspensões farmacêuticas tendem a ser dispersões grosseiras,
ao contrário das dispersões coloidais, embora existam algumas dispersões de polímeros
submicronizados. (FLORENCE & ATTWOOD, 2003).
As formas farmacêuticas de suspensão são fornecidas pela via oral, injetadas por
via intramuscular ou subcutânea, instiladas por via intranasal, inaladas para os pulmões,
aplicadas à pele como preparações tópicas ou utilizadas para fins oftálmicos no olho.
(REMINGTON, 2004). Alguns aerossóis farmacêuticos são suspensões de drogas em
solventes voláteis. (FLORENCE & ATTWOOD, 2003).
As suspensões orais têm várias aplicações em farmácia, sendo usadas para que se
possa oferecer aos pacientes drogas na forma líquida, pois muitas pessoas apresentam
dificuldade para ingerir as apresentações sólidas dos medicamentos. Além disso, a dose de
uma forma líquida pode ser facilmente ajustada para suprir as necessidades do paciente. Dessa
forma, se a droga for insolúvel ou fracamente solúvel e instável em meio aquoso uma
suspensão pode ser a fórmula de medicação mais adequada. (REMINGTON, 2004).
De acordo com Prista e colaboradores (1990) o emprego das suspensões orais
também pode ser justificado pelo mau sabor que os compostos podem apresentar em soluções
ou no estado de pó, ou pelo fato de se pretender alongar uma ação medicamentosa,
retardando-se a absorção de um fármaco por via injetável, por exemplo.
No desenvolvimento de suspensões, a preocupação principal centra-se no fato de
que as suspensões sedimentam e que é necessário voltar a ressuspendê-las antes de serem
usadas ou dispensadas ao doente. Uma suspensão adequada deve ser facilmente redispersa por
agitação, permanecer por suspensão durante o tempo suficiente para que possa ser
administrada em doses precisas e deve ter as propriedades desejadas de escoamento.
(LACHMAN et al., 2001). Além de ter um sabor agradável e ser resistente ao ataque
4
microbiano. (REMINGTON, 2004). Resumindo, é preciso que as suspensões sejam
fisicamente estáveis. (PRISTA et al., 1990).
A formulação ideal de uma suspensão seria um sistema defloculado com uma
viscosidade suficientemente elevada para prevenir a sedimentação. Contudo, isso não garante
a homogeneidade do sistema durante todo o tempo de prateleira do produto. Por isso, é usual
formular a suspensão de modo que seja parcialmente floculada, para permitir uma redispersão
adequada quando necessário e com uma viscosidade ajustada de modo que a velocidade de
sedimentação seja a mínima possível. (AULTON, 2005).
Os sistemas floculados formam sedimentos mais frouxos e fáceis de redispersar,
mas a velocidade de sedimentação é rápida, existindo o risco de administração de doses
imprecisas. Além disso, o produto pode ter uma aparência pouco atrativa. Já os sistemas
defloculados têm como vantagem a baixa velocidade de sedimentação, que possibilita a
retirada de doses mais uniformes do recipiente. Mas, se ocorrer sedimentação, o sedimento
formado é compacto e de difícil redispersão. (AULTON, 2005).
Para assegurar a estabilidade das suspensões, adiciona-se aos dois constituintes
principais surfactantes, espessantes, que aumentam a viscosidade da fase dispersante: gomas,
derivados de celulose, e eventualmente substância tampão que evitam as variações de pH e
conservantes. (HIR, 1997).
As substâncias que não são estáveis quando mantidas durante muito tempo em
presença de um veículo aquoso na maioria das vezes apresentam-se sob a forma de pó para
reconstituição no momento da administração. (GOMES & REIS, 2001). Porém, algumas
suspensões já vêm prontas para o uso, ou seja, já estão devidamente dispersas num veículo
líquido com ou sem estabilizante e outros ativos farmacêuticos, para prover drogas no estado
líquido. (ANSEL et al, 2000).
O fluconazol (2,4-Difluorophenyl)-1,3-bis (1H-1,2,4-triazol-1-y1) propan-2-ol.,
(SWEETMAN, 2005) é um derivado triazólico resultante da substituição do anel imidazólico
por triazólico, o que favorece amplo espectro de ação e seletividade para o citrocromo P450
da célula fúngica. (COELHO et al., 2004). Estes compostos atuam através da inibição da
enzima lanosterol 14-a demetilasa no complexo citocromo P-450 dos fungos. O resultado é a
inibição da conversão de lanosterol para ergosterol, com a consequente depleção do
ergosterol, o acúmulo de precursores e de uma perda da integridade da membrana fúngica.
(FICA, 2004).
O fluconazol é o triazólico de eleição para a consolidação do tratamento de casos
de meningite por C. Neoformans. Da mesma forma, é a droga de excelente desempenho no
5
tratamento inicial de pacientes com candidíase oral, vaginal ou esofágica. Pode ser utilizado
na terapêutica inicial ou seqüencial de paciente com candidíase hematogênica. (PRADO et al.,
2005). Katzung (2006) constatou que o uso profilático do fluconazol diminui a ocorrência de
doenças fúngica em receptores de transplante de medula óssea e em paciente com AIDS;
entretanto, o aparecimento de fungos resistentes ao fluconazol levou a certa preocupação
quanto à indicação do fármaco.
As limitações mais importantes do fluconazol são remetidos à sua falta de
atividade contra fungos filamentosos, uma resistência natural de algumas leveduras contra
este composto (C. krusei), a resistência adquirida, em certas espécies Candida ou C.
neoformans. (FICA, 2004). O fluconazol exerce atividade sobre várias espécies de fungos
causadores de micoses profundas e mucocutâneas, como Cryptococcus neoformans,
Histoplasma capsulatum, Paracoccidioides brasiliensis e várias espécies de Candida.
(COELHO et al., 2004). Segundo Sweetman (2005) o fluconazol também possui atividade
contra Blastomyces dermatitidis, Candida spp.; Coccidioides immitis, Epidermophyton spp.,
Microsporum spp., e Trichophyton spp.
Várias espécies de leveduras do gênero Cândidas spp. são capazes de provocar
candidíase. Trata-se de membros da flora normal da pele, das mucosas e do trato
gastrintestinal. As espécies de Candida spp. colonizam as mucosas de todos os seres humanos
durante ou logo após o nascimento, havendo sempre o risco de infecções endógenas. A
candidíase é a micose sistêmica mais comum. (JAWETZ, et al., 2005).
A candidíase superficial (cutânea ou mucosa) estabelece-se em decorrência de um
aumento no número local de Candida spp. e lesão na pele ou do epitélio, permitindo a invasão
local por leveduras e pseudo-hifas. Ocorre candidíase sistêmica quando o microrganismo
penetra na corrente sanguínea e as defesas fagociticas do hospedeiro são inadequadas para
conter o crescimento e a disseminação de leveduras. A partir da circulação, a Candida spp.
pode infectar os rins, fixar-se a próteses de válvulas cardíacas ou provocar infecções em quase
qualquer parte do corpo (por exemplo, artrite, meningite, endoftalmite). (JAWETZ, et al.,
2005).
Candida albicans, a espécie mais importante de Candida spp., causa estomatite,
vaginite e candidíase mucocutânea crônica, assim como outras doenças. Como um membro da
flora normal, ela já esta presente na pele e nas membranas mucosas. Dessa forma, não é
transmitida. (LEVINSON & JAWETZ, 2005). A espécie albicans é a mais freqüente,
responsável por 50 a 70% de todas as infecções invasivas pelo gênero Candida spp. Estes
microrganismos sobrevivem como comensais em sítios anatômicos, de acordo com o
6
ambiente em que se encontram e a pressão ambiental exercida sobre eles. Em superfícies de
mucosas, a limitação dos nutrientes e a competição entre as bactérias e fungos, pertencentes à
microbiota normal, exercem uma pressão seletiva, o que resulta na eliminação dos
microrganismos menos adaptados. (ZARDO & MEZZARI, 2004.).
Na Candida albicans observa-se a aderência da levedura à superfície celular. A
formação do tubo germinativo com conseqüente desenvolvimento da forma filamentosa, a
variabilidade fenotípica (switching), a produção de toxinas e enzimas extracelulares,
constituem os fatores mais importantes para o desencadeamento da infecção por esse
patógeno. A produção de fosfolipase é também um fator importante no processo da infecção,
variando conforme a amostra. Essa enzima, localizada na superfície da levedura e na
extremidade do tubo germinativo, atua na hidrólise de fosfolipídeos, dando origem a
lisofosfolipídeos que causam dano à célula epitelial. Entre as espécies de Candida spp.,
apenas a albicans é capaz de produzir fosfolipase. (ZARDO & MEZZARI, 2004.).
Portanto, a medida preventiva mais importante consiste em evitar qualquer
distúrbio no equilíbrio normal da flora e das defesas integras do hospedeiro, pois a candidíase
não é contagiosa visto que praticamente todas as pessoas normalmente abrigam o
microorganismo. (JAWETZ et al., 2005).
O fluconazol é um insumo ativo de maior índice terapêutico dos azóis contra a
candidíase, sendo este disponível em várias formas farmacêuticas, no entanto a forma de
apresentação suspensão não é encontrada para comercialização em nosso país. Novas
perspectivas tornam-se importantes, uma vez que permitem maiores alternativas de
tratramento para tipos e condições de pacientes diferenciados, porém toda formulação nova
deve ser submetida a testes rigorosos de modo a garantir a atividade a ser desempenhada e
consequentemente o alcance e sucesso terapêutico.
7
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Realizar a verificação da efetividade de formas farmacêuticas líquidas orais
produzidas a base de fluconazol frente à levedura Candida albicans.
2.2 Objetivos Específicos
•
Preparar a suspensão oral de fluconazol;
•
Avaliar as características organolépticas, (odor, sabor e cor);
•
Avaliar pH, viscosidade, velocidade de sedimentação e ressuspensão da formulação
preparada;
•
Avaliar a atividade antifúngica do fluconazol frente C. albicans;
8
3 METODOLOGIA
3.1 Matérias
3.1.1 Amostra
Suspensão de Fluconazol.
3.1.2 Reagentes
Sacarina
sódica,
aspartame,
propilenoglicol,
goma
xantana,
fluconazol
(fornecedor: Pharma Nostra; lot.: FLC/FD/190305; Val.: 02/2010), flovorizante, água
destilada, sacarose, metilparabeno, propilparabeno, Imidazolinidil uréia, edta Na2, solução
tampão padrão para potenciômetro (4 e 7).
3.1.3 Microrganismo utilizado
Candida albicans ATCC 10231.
3.1.4 Meio de cultura utilizado
Ágar Sabouraud Dextrose.
9
3.1.5 Materiais e Equipamentos
Auto-clave, agitador mecânico, balança analítica, bico de bunsen, capela de fluxo
laminar, contador de colônia, chapa de aquecimento, estufa de incubação, geladeira,
termômetro, potenciômetro, viscosímetro tipo brookfield ®, alça platina, bastão de vidro,
béqueres, caneta marca vidro, espátula, fita adesiva autoclave, fita crepe, papel pardo, papeis
filtros, algodão, gazes, pipetas, pipetador, placas de petri, provetas graduada, swab, tubos de
ensaio com tampa, vidro relógio, cilindro estéril, grau, régua milimetrica.
3.2 Métodos
3.2.1 Fórmula da suspensão oral de Fluconazol
Tabela 1 Fórmula da Suspensão Oral de Fluconazol
Fase
Igredientes
p/v %
g
A
Sacarina sódica
Aspartame
Propilenoglicol
0,1%
0,2%
5%
0,5 g
1g
25 g
B
Xarope simples
500 mL
500 mL
C
Gel de goma xantana 2%
Fluconazol
Flavorizante
15%
50mg/5ml
qs
75 g
5g
qs
Fonte: SAMAPAIO, 2004.
A fórmula foi preparada de acordo com Sampaio (2004).
1. Inicialmente dissolver a sacarina e o aspartame no propilenoglicol (Fase A), em um grau.
2. Adicionar a solução preparada na fase A ao xarope simples (Fase B), em um bequer.
3. A fase A/B adicionar a goma xantana, fluconazol e flavorizante.
4. A mistura final, proceder agitação utilizando agitador mecânico até completa
homogeneização.
10
3.2.2 Fórmula do Gel de Goma Xantana 2%
Tabela 2 Fórmula do Gel de Goma Xantana 2%
Igredientes
Água
Goma xantana
EDTA Na2
Propilenoglicol
Metilprabeno
Propilparabeno
Imidazolinidil uréia
p/v %
g
15%
3,33%
0,0167%
8,335%
0,167%
0,084%
0,5%
75g
2.5g
0,012g
6,25g
0,125g
0,063g
0,375g
Fonte: SAMAPAIO, 2004.
A fórmula foi preparada de acordo com Sampaio (2004).
1. Reservar 1% de água para dissolver o Imidazolinidil uréia.
2. Adicionar em pequenas quantidades o EDTA em 47 mL de água solubilizando bem esta
mistura.
3. Acrescentar a goma xantana à mistura anterior e deixar em repouso por alguns minutos.
4. Em recipiente separado, aquecer propilenoglicol juntamente com o metilparabeno e o
propilparabeno até que a temperatura chegue a 80 °C, não ultrapassar essa temperatura.
5. Juntar todos os componentes e agitar por alguns minutos até completa solubilização.
3.2.3 Fórmula do Xarope simples
Tabela 3 Fórmula do Xarope Simples
Igredientes
Sacarose (açúcar refinado)
Metilparabeno
Propilparabeno
Água destilada
g
425g
0,75g
0,25g
500 mL
Fonte: FERREIRA, 2002.
A fórmula foi preparada de acordo com Ferreira (2002).
1. Pesar precisamente os ingredientes sólidos, sem no entanto misturá-los.
11
2. Dissolver os parabenos em qs de álcool.
3. Adicionar água destilada ao açúcar, adicionar os conservantes pré-solubilizados e
completar o volume com água destilada.
4. Misturar todos os componentes e aquecer até a dissolução, completando ao volume final.
3.2.4 Características Organolépticas
De acordo com Allen (2009), serão avaliadas as características organolépticas cor,
odor e sabor da suspensão preparada.
3.2.4.1 Cor
Separar 10mL da amostra preparada e colocar em um tubo de ensaio de vidro
transparente com fundo chato e diâmetro de 16 mm. Observar o tubo transversalmente contra
um fundo branco sob luz difusa conforme especificado na Farmacopéia Brasileira (1988).
3.2.4.2 Odor
Analisar o odor da formulação desenvolvida utilizando o olfato, onde esta
preparação deve ter correlação com a cor e sabor. (FERREIRA, 2002).
3.2.4.3 Sabor
Analisar o sabor da suspensão desenvolvida através do paladar, onde deve
experimentar uma pequena quantidade da suspensão e avaliar se esta tem coerência com a cor
e odor. (FERREIRA, 2002).
12
3.2.5 Determinação do pH
A determinação do pH será realizada de acordo com Amaral e Vilela (2003),
utilizando o potenciômetro como instrumento.
3.2.6 Determinação da Viscosidade
A viscosidade da suspensão oral será verificada através do aparelho tipo
Brookfield ® e realizada conforme orientações do fabricante.
Para analisar se a medida realizada é válida, observar no display se o valor da
medida está entre 20% e 90%. Se estiver abaixo ou acima deste percentual, é necessário
alterar a programação de spindle.
3.2.7 Velocidade de Sedimentação e Ressuspensão
Inicialmente adicionar 70mL da suspensão preparada em uma proveta de 100mL e
agitar. Após a agitação, analisar em intervalos de 15 minutos na primeira hora a altura do
sedimento formado, passado os 60 minutos continuar verificando a altura do sedimento até a
sedimentação completa da suspensão. (PRISTA et al., 1990).
A ressuspensão deve ser analisada após a sedimentação completa da suspensão,
onde devem ser aplicados movimentos normativos de bomboleio ao redor de 90º da
suspensão. Verificando o tempo e o número de movimentos necessários para que o sedimento
se redisperse novamente. (VOIGT, 1982).
13
3.2.8 Verificação da Efetividade
O microrganismo que será utilizado é o fungo Candida albicans padrão, sendo
que para a ativação desse microrganismo deverá utilizar o procedimento descrito pelo
fabricante, contido na embalagem. O meio de cultura a ser utilizado para o crescimento da
espécie de Candida spp. é o Agar Sabouraud Dextrose que será preparado segundo os
procedimentos e quantidades especificadas pelo fabricante, contido no rótulo do produto.
A avaliação da atividade antifúngica será determinada pela técnica de difusão em
poços, que será realizada com o auxílio de um cilindro estéril de 6 mm de diâmetros para a
confecção dos poços em placas previamente inoculada com uma suspensão fúngica. A seguir,
os poços deverão ser completamente preenchidos com alíquotas de 70µL de suspensão oral de
fluconazol. (LIMA et al, 2006). Decorrido o período de incubação, deverá ser realizado a
mensuração do diâmetro do halo de inibição com o auxílio de uma régua milimetrada.
(UTYAMA et al, 2006).
3.2.8.1 Concentração Inibitória Mínima (MIC)
Segundo Levinson e Jawetz (2005), MIC é definido como a menor concentração
do fármaco que inibe o crescimento do organismo e este pode ser determinado pela
inoculação do organismo isolado do paciente em uma série de tubos contendo a droga em
concentrações crescentes (0,033, 0,15, 1,5, 35, 55, 64 µg/mL). Após a incubação por um
período de 24 horas a 27°C, a menor concentração da droga que inibe o crescimento visível
do organismo é a concentração inibitória mínima.
A concentração fungicida mínima também é importante, para assim conhecer a
concentração do fármaco que realmente mata o organismo ao invés daquela que só inibe o seu
crecimento. É determinada a partir do espalhamento de uma pequena amostra (0,1 mL) dos
tubos utilizados para a CIM (o tubo que não há crescimento), em Agar Sabouraud Dextrose,
na ausência do fármaco. Qualquer organismo que foi inibido, mas não foi morto crescerá
nestas condições, pois o fármaco coletada junto com a amostra estará presente em
concentrações muito baixas. Após a incubação por 24 horas a 27°C, a menor concentração
14
que tiver reduzido 99,9% o número de colônias, comparando ao controle livre da droga é a
Concentração Fungicida Mínima (CFM). (LEVINSON & JAWETZ, 2005; BATISTA,
BIRMAN, CURY, 1999).
15
4 CRONOGRAMA
ATIVIDADES
Pesquisa
Bibliográfica
Pesquisa das
matérias-primas
Desenvolvimento
da formulação
Análise da
suspensão
Entrega do Tcc e
Defesa
FEVEREIRO
MARÇO
ABRIL
MAIO
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
JUNHO
X
16
5 ORÇAMENTO
Quantidade
Solicitada
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
02
01
01
03
02
02
02
01
03
08
02
04
10
Descrição: Equipamentos,
Materiais e Reagentes
Auto-clave
Balança analítica
Agitador mecânico
pHmetro
Viscosímetro tipo brookfield ®
Capela de fluxo laminar
Bico de bunsen
Chapa de aquecimento
Estufa de incubação
Geladeira
Microondas
Termômetro
Contador de colônia
Alça de platina
Régua milimetrada
Caneta marca vidro
Cronômetro
Grade para tubo de ensaio
Fita adesiva auto-clave
Fita crepe
Papeis filtros
Papel pardo
Algodão
Gazes
Frasco Âmbar estéril 500ml
Frasco Âmbar estéril 100ml
Béquer de vidro 800ml
Béquer de vidro 500ml
Béquer de vidro 50ml
Béquer de plástico 200ml
Béquer de plástico 150mL
Béquer de plástico 600ml
Proveta de 500ml
Proveta 100 mL com tampa
Tubos de ensaio
Tubos de ensaio100 mL
Vidro relógio
Placas de petri
Custo total (em Reais)
-
-
17
01
03
03
01
01
01
01
Pacote com 100
02
02
1100 ml
10 ml
1 disco
6g
100 mL
0,5g
1g
31,25g
2,5g
5g
3g
425g
0,875g
0,313g
0,375g
0,012g
Cilindro estéril
Bastão de vidro
Espátula
Espátula de plástico
Pipeta de 10ml
Pipetador
Micropitador
Swab
Grau
Pestilo
Água destilada
Álcool etílico
Solução tampão padrão (4 e 7)
Candida albicans ATCC 10231
Agar Sabouraud Dextrose
BHI (brain heart infusion)
Sacarina sódica
Aspartame
Propilenoglicol
Goma xantana
Fluconazol
Flavorizante (morango)
Sacarose
Metilparabeno
Propilparabeno
Imidazolinidil uréia
EDTA Na2
TOTAL
12,50
0,065
6,16
3.084
43,066
0,0731
0,154
0,66155
0,10825
2,358
0,12
0,64175
0,0175
0,00905
0,0459
0,000375
69,0,64 R$
18
REFERÊNCIAS
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ZARDO, V.; MEZZARI. A. Os antifúngicos nas infecções por Candida sp. Rev NewsLab
2004; vol 63:136-146
21
NORMAS PARA PUBLICAÇÕES RACINE
Fármacos & Medicamentos
22
PUBLICAÇÕES RACINE
Recomendações aos articulistas
Obrigado pelo interesse em participar das publicações do Grupo Racine: Revista Racine dedicada ao farmacêutico e outros profissionais da área da saúde -, Revista Fármacos &
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reúnem, bimestralmente, artigos técnicos e mercadológicos que chegam a cerca de 70 mil
leitores, em todo o país.
A fim de facilitar sua colaboração e permitir a diagramação em um alto padrão gráfico,
seguem recomendações e instruções importantes.
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Redação.
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da elaboração de seu conteúdo. O autor principal será considerado o responsável por
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Título
23
Deve existir, com a função de traduzir a idéia geral do conteúdo do artigo.
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Termos relacionados ao tema do artigo. Poderá conter até seis descritores e deve-se evitar
termos genéricos.
Texto
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e parágrafos. Para facilitar a diagramação, não devem ser utilizados títulos e intertítulos
somente com letras maiúsculas. Para fazer marcações no texto, deve-se utilizar o sinal traço
(-) ao invés de setas, asterisco, quadrados e outros objetos do Word.
Estrutura do texto
Escrever um artigo técnico é transmitir em palavras todo o conhecimento e competência
adquiridos pelo autor. É altamente recomendável que os artigos possuam uma introdução,
em que o autor expõe a proposta do texto, e uma conclusão, espaço em que os pontos
principais são resumidos e também há indicação de novas leituras e abordagens.
Caso o tema permita, são também recomendáveis os seguintes tópicos:
•
•
•
•
•
•
Contextualização (cenário)
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Experiências comprovadas
Importância do tema para o profissional
Aspectos tecnológicos
Recomendações de segurança, qualidade, normas técnicas etc.
Nova Ortografia
O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrou em vigor em janeiro de 2009, mas
as duas normas ortográficas - a anterior e a prevista no acordo - poderão ser utilizadas e
aceitas como corretas nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais
meios escritos até dezembro de 2012. O Grupo Racine prevê adotar em breve as novas
regras, inclusive em seus meios de comunicação, como as publicações, o que informará
assim que ocorrer, inclusive a articulistas e colaboradores das revistas, sendo que ainda não
é necessário que os artigos e demais conteúdos enviados respeitem as novas regras.
Abreviaturas
Abreviaturas e siglas podem ser utilizadas, desde que descritas integralmente na primeira
vez em que aparecem no texto. Por exemplo: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA).
24
Tabelas
As tabelas devem ser numeradas consecutivamente na ordem em que aparecem no texto,
em algarismos arábicos seguidos pelo título. No texto, a tabela deve ser citada em negrito,
com inicial maiúscula, seguida apenas pelo número correspondente. As tabelas devem ser
dispostas ao final do texto.
Figuras
Fotografias, ilustrações e gráficos serão considerados figuras. Assim como as tabelas,
devem ser numerados, em algarismos arábicos, na ordem em que aparecem no texto. Não
é necessário enviar fotografias apenas com a função de ilustrar o tema, pois as Publicações
Racine possuem um banco de imagens apropriado para esta finalidade. As figuras devem
ser enviadas nos programas originais em que foram feitas (Excel, Powerpoint, Corel Draw
etc.), e não coladas no Word, o que inviabiliza sua utilização.
Nomenclatura e Unidades de Medida
Os medicamentos devem ser citados pelo nome genérico, sempre com iniciais minúsculas,
obedecendo à Denominação Comum Brasileira, para textos nacionais, e à Denominação
Comum Internacional, para textos internacionais. Caso necessário, os nomes comerciais
poderão ser citados, com inicial maiúscula e seguido pela marcação de registrado (®)
sobrescrita.
Medidas como altura, peso e volume devem ser citadas de acordo com o sistema métrico
(metro, kilograma, litro) ou seus múltiplos decimais.
As temperaturas devem ser em graus Celsius e a pressão sanguínea em milímetros de
mercúrio (mmHg).
Referências Bibliográficas
As referências bibliográficas, se utilizadas, devem ser citadas no texto, numeradas, em
algarismos arábicos sobrescritos, na ordem em que são citadas pela primeira vez.
Devem ser elaboradas de acordo com as normas de Vancouver e os periódicos devem ser
citados pelo nome abreviado, conforme lista de jornais indexados para o MEDLINE. Outras
informações podem ser adquiridas no documento referência Uniform Requirements for
Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for Biomedical
Publication, disponível em www.icmje.org.
Exemplos:
• Artigo de periódico: listar todos os autores, até seis. Acima de sete autores, listar os seis
primeiros e acrescentar a expressão et al.
Hepler CD, Strand LM. Opportunities and responsibilities in pharmaceutical care. Am J
Hosp Pharm 1990;47(3):533-43.
25
• Livro
Greenblatt DJ, Shader RI. Benzodiazepines in clinical practice. New York: Raven press,
1974:28.
Morrison R, Boyd R. Química Orgânica. Lisboa: Calouste Gulbenkian; 1996.
• Capítulo de livro
Scheife RT, Levy M, Greenblatt DJ. Antimicrobial agents. In: Miller RR, Greenblatt DJ,
editores. Drug effects in hospitalized patients. New York: John Wiley and Sons, 1976:227–
64.
• Documento on-line
Sociedade Brasileira de Diabetes. Tratamento e acompanhamento do Diabetes Mellitus:
Diretrizes
da
Sociedade
Brasileira
de
Diabetes,
2007.
Disponível
em
http://www.diabetes.org.br/educacao/docs/Diretrizes_SBD_2007.pdf. Acesso em 25 de
fevereiro de 2009.
Nome e Curriculum Vitae
Todos os autores do artigo devem enviar seu nome completo e curriculum vitae resumido,
para publicação no final do texto, constando, nesta ordem:
1º - Em que é graduado e onde (qual instituição)
2º - Em que é especializado, pós-graduado, mestrado ou doutorado e onde (quais
instituições)
3º - Em que atuou profissionalmente (cargo) e onde (qual empresa/instituição) - apenas o
que considerar relevante
4º - Em que atua hoje (cargo) e onde (qual empresa/instituição)
Cadastro
Para ter seu texto publicado na Revista Racine, na Revista Fármacos & Medicamentos ou
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que compõem a Ficha Cadastral e enviem-na junto com o texto. As informações serão
incorporadas ao sistema computadorizado do Grupo Racine. As informações solicitadas
nessa Ficha são confidenciais e intransferíveis para outros fins, tendo como objetivo único
permitir o cadastramento de novos colaboradores no banco de dados. A inclusão de seu
nome no Banco de Dados também é a garantia de que, caso seu texto seja publicado,
exemplares da publicação chegarão em sua casa ou no endereço indicado. Envie a ficha
abaixo totalmente preenchida, conforme seu interesse (Pessoa Física ou Pessoa Jurídica),
junto com o texto de sua autoria, para a redação.
26
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Endereço residencial
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__/__/___
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UF
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Esperamos que estas recomendações lhe auxiliem a redigir e formatar seu texto, bem como
no esclarecimento de dúvidas no momento de enviar o artigo e suas ilustrações. A Redação
permanece à disposição para qualquer outro esclarecimento que se fizer necessário.
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27
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE FARMÁCIA
DANIELA BALDIN
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE UMA SUSPENSÃO DE
FLUCONAZOL FRENTE À Candida albicans.
CRICIUMA, NOVEMBRO DE 2009
28
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE UMA SUSPENSÃO
DE FLUCONAZOL FRENTE À Candida albicans.
Daniela Baldin
Giordana Maciel Dário
Resumo
As suspensões orais têm várias aplicações em farmácia, sendo usadas para que se possa
oferecer aos pacientes drogas insolúveis na forma líquida. Como exemplo, há o fluconazol,
um antifúngico triazólico que tem amplo espectro de ação contra diversas espécies de
fungos, inclusive a Candida albicans. No entanto, por este não ser encontrado na forma de
apresentação de suspensão no mercado brasileiro, manifestou-se a proposta de produzir a
formulação líquida, suspensão oral de fluconazol, nas quais foram realizadas análises físicoquímicas, além dos métodos de difusão em poços, Concentração Inibitória Mínima (CIM) e
Concentração Fungicida Mínima (CFM) para avaliar a efetividade das mesmas em relação a
C. albicans. A formulação apresentou características físico-químicas adequadas, sendo
ainda necessário à realização de testes de estabilidade e determinação do prazo de
validade. Os resultados de susceptibilidade antifúngica mostraram que a suspensão de
fluconazol preparada e o fluconazol diluído em água estéril apresentaram formação de halo
de inibição com raio entre 1,5 a 2 cm e 2,8 a 3,2 cm respectivamente. Confirmaram-se os
resultados realizando-se a CIM, onde se verificou que a C. albicans é sensível ao fluconazol,
pois a concentração 1,5 g/mL foi a menor concentração do fármaco que conseguiu inibir o
crescimento microbiano, porém realizando a CFM pode-se observar que o fluconazol
apenas exerce ação fungistática. Portanto, concluiu-se que a formulação preparada é efetiva
frente às cepas de Candida albicans, demonstrando ação fungistática, porém não fungicida.
Palavras –Chaves: Fluconazol, Suspensão oral, Candida albicans.
Introdução
O desenvolvimento de formas farmacêuticas é um aspecto muito trabalhoso para
o tecnologista tanto no aperfeiçoamento de medicamentos já tradicionais, como nos casos
de estudos propriamente ditos para o desenvolvimento de novas terapêuticas. Dentre as
formas farmacêuticas, encontram-se as suspensões, sendo classificadas como sistemas
heterogêneos constituídos por duas fases. A fase contínua, ou externa, é normalmente um
líquido ou semi-sólido, enquanto que a fase dispersa, ou interna, é constituída por partículas
sólidas que são insolúveis na fase contínua, mas que se dispersam nela. (1,2)
As suspensões orais têm várias aplicações em farmácia, sendo usadas para que
se possa oferecer aos pacientes drogas na forma líquida, pois muitas pessoas apresentam
dificuldade para ingerir as apresentações sólidas dos medicamentos. Além disso, a dose de
uma forma líquida pode ser facilmente ajustada para suprir as necessidades do paciente.
Dessa forma, se a droga for insolúvel ou fracamente solúvel e instável em meio aquoso uma
suspensão pode ser a fórmula de medicação mais adequada. (3)
De acordo com Prista e colaboradores o emprego das suspensões orais também
pode ser justificado pelo mau sabor que os compostos podem apresentar em soluções ou
no estado de pó, ou pelo fato de se pretender alongar uma ação medicamentosa,
retardando-se a absorção de um fármaco por via injetável, por exemplo. (4)
No desenvolvimento de suspensões, a preocupação principal centra-se no fato
de que as suspensões sedimentam e que é necessário voltar a ressuspendê-las antes de
29
serem usadas ou dispensadas ao doente. Uma suspensão adequada deve ser facilmente
redispersa por agitação, permanecer por suspensão durante o tempo suficiente para que
possa ser administrada em doses precisas e deve ter as propriedades desejadas de
escoamento. Além de ter um sabor agradável e ser resistente ao ataque microbiano. (2,3)
A formulação ideal de uma suspensão seria um sistema defloculado com uma
viscosidade suficientemente elevada para prevenir a sedimentação. Contudo, isso não
garante a homogeneidade do sistema durante todo o tempo de prateleira do produto. Por
isso, é usual formular a suspensão de modo que seja parcialmente floculada, para permitir
uma redispersão adequada quando necessário e com uma viscosidade ajustada de modo
que a velocidade de sedimentação seja a mínima possível. (1)
Os sistemas floculados formam sedimentos mais frouxos e fáceis de redispersar,
mas a velocidade de sedimentação é rápida, existindo o risco de administração de doses
imprecisas. Além disso, o produto pode ter uma aparência pouco atrativa. Já os sistemas
defloculados têm como vantagem a baixa velocidade de sedimentação, que possibilita a
retirada de doses mais uniformes do recipiente. Mas, se ocorrer sedimentação, o sedimento
formado é compacto e de difícil redispersão. (1)
Para as substâncias que não são estáveis quando mantidas durante muito
tempo em presença de um veículo aquoso na maioria das vezes apresentam-se sob a forma
de pó para reconstituição no momento da administração. Porém, algumas suspensões já
vêm prontas para o uso, ou seja, já estão devidamente dispersas num veículo líquido com
ou sem estabilizante e outros ativos farmacêuticos, para prover drogas no estado líquido. (5,6)
O fluconazol é um agente antifúngico sintético do grupo azóis, classificado como
triazólico, disponível em cápsula, pó para suspensão oral e injetável. Possui uma excelente
biodisponibidade (a fração da dose absorvida excede 90%) e a sua absorção não é afetado
pelos alimentos ou acidez gástrica. (7)
Fluconazol é um derivado triazólico resultante da substituição do anel imidazólico
por triazólico, o que favorece amplo espectro de ação e seletividade para o citocromo P450
da célula fúngica. Estes compostos atuam através da inibição da enzima lanosterol 14-a
demetilasa no complexo citocromo P-450 dos fungos. O resultado é a inibição da conversão
de lanosterol em ergosterol, com a consequente depleção do ergosterol, acumulação de
precursores e perda da integridade da membrana fúngica. Segundo Furlletti o lanosterol não
têm a mesma forma física e propriedades que o ergosterol e leva à formação da membrana
com propriedades alteradas, que não realiza as funções básicas necessárias para o
desenvolvimento do fungo. (8,9,10)
De acordo com Coelho o fluconazol exerce atividade sobre várias espécies de
fungos causadores de micoses profundas e mucocutâneas, como Cryptococcus
neoformans, Histoplasma capsulatum, Paracoccidioides brasiliensis e várias espécies de
candida. Segundo Sweetman o fluconazol também possui atividade contra Blastomyces
dermatitidis, Candida spp.; Coccidioides immitis, Epidermophyton spp., Microsporum spp., e
Trichophyton spp. (8,11)
Várias espécies de leveduras do gênero Candida spp são capazes de provocar
candidíase. Trata-se de membros da flora normal da pele, das mucosas e do trato
gastrintestinal. (12)
Candida albicans, a espécie mais importante de Candida spp, causa estomatite,
vaginite e candidíase mucocutânea crônica, assim como outras doenças. Como um membro
da flora normal, ela já esta presente na pele e nas membranas mucosas. Dessa forma, não
é transmitida. A espécie albicans é a mais freqüente, responsável por 50 a 70% de todas as
infecções invasivas pelo gênero Candida spp. Estes microrganismos sobrevivem como
comensais em sítios anatômicos, de acordo com o ambiente em que se encontram e a
pressão ambiental exercida sobre eles. Em superfícies de mucosas, a limitação dos
nutrientes e a competição entre as bactérias e fungos, pertencentes à microbiota normal,
exercem uma pressão seletiva, o que resulta na eliminação dos microrganismos menos
adaptados. (13,14)
Na Candida albicans observa-se a aderência da levedura à superfície celular,
onde a formação do tubo germinativo com conseqüente desenvolvimento da forma
30
filamentosa, a produção de toxinas e enzimas extracelulares, constituem os fatores mais
importantes para o desencadeamento da infecção por esse patógeno. A produção de
fosfolipase é também um fator importante no processo da infecção, variando conforme a
amostra. Essa enzima, localizada na superfície da levedura e na extremidade do tubo
germinativo, atua na hidrólise de fosfolipídeos, dando origem a lisofosfolipídeos que causam
dano à célula epitelial. Entre as espécies de Candida spp, apenas a albicans é capaz de
produzir fosfolipase. (14)
Portanto, a medida preventiva mais importante consiste em evitar qualquer
distúrbio no equilíbrio normal da flora e das defesas integras do hospedeiro, pois a
candidíase não é contagiosa visto que praticamente todas as pessoas normalmente abrigam
o microorganismo. (12)
O fluconazol é um insumo ativo de maior índice terapêutico dos azóis contra a
candidíase, sendo este disponível em várias formas farmacêuticas, no entanto a forma de
apresentação suspensão não é encontrada para comercialização em nosso país. Novas
perspectivas tornam-se importantes, uma vez que permitem maiores alternativas de
tratamento para tipos e condições de pacientes diferenciados, porém toda formulação nova
deve ser submetida a testes rigorosos de modo a garantir a atividade a ser desempenhada e
consequentemente o alcance e sucesso terapêutico.
Objetivo
Realizar a verificação da efetividade da forma farmacêutica líquida oral
produzida a base de fluconazol frente à levedura Candida albicans.
Metodologia
Preparo e Avaliação da Suspensão Oral de Fluconazol
Preparou-se a suspensão oral de fluconazol de acordo com a fórmula de
Sampaio (15) descrita na Tabela 1, e realizaram-se as análises físico-químicas como a
determinação de características organolépticas (cor, odor e sabor), pH, viscosidade e
velocidade de sedimentação e ressuspensão.
Tabela 4: Fórmula da Suspensão Oral de Fluconazol
Fase
Ingredientes
p/v %
g
A
Sacarina sódica
Aspartame
Propilenoglicol
0,1%
0,2%
5%
0,5 g
1g
25 g
B
Xarope simples
500 mL
500 mL q.s.p
C
Gel de goma xantana 2%
Fluconazol (fornecedor: Pharma Nostra; lot.:
FLC/FD/190305; Val.: 02/2010)
Flavorizante
15%
50mg/5ml
75 g
5g
qs
qs
Fonte: SAMPAIO, 2004.
1. Inicialmente dissolveu-se a sacarina e o aspartame no propilenoglicol (Fase A), em um
grau.
31
2. Adicionou-se à solução preparada na fase A ao xarope simples que contém os
conservantes (Fase B), em um béquer.
3. A fase A/B adicionou-se a goma xantana, fluconazol e flavorizante.
4.A mistura final procedeu-se agitação utilizando agitador mecânico até completa
homogeneização.
Verificação da Efetividade
Para a verificação da efetividade da suspensão prepara frente ao fungo Candida
albicans ATCC 10231 realizou-se a técnica de difusão em poços, onde foram avaliadas
amostras da suspensão oral de fluconazol, fluconazol diluído com água estéril [10 mg/mL] e
a suspensão oral sem fluconazol após decorrido o período de incubação realizou-se a
mensuração do diâmetro do halo de inibição com o auxílio de uma régua milimetrada.
Também realizou-se a Concentração Inibitória Mínima (CIM) que é definida
como a menor concentração do fármaco que inibe o crescimento do organismo após o
período de incubação e este pode ser determinado pela inoculação do organismo isolado
em uma série de tubos contendo o fármaco em concentrações crescentes (0,033, 0,15,
1,5, 35, 55, 64 µg/mL). (13)
A Concentração Fungicida Mínima (CFM) também é importante, para assim
conhecer a concentração do fármaco que realmente mata o organismo ao invés daquela
que só inibe o seu crecimento. É determinada a partir do espalhamento de uma pequena
amostra de 0,1 mL dos tubos utilizados para a CIM, em Agar Sabouraud Dextrose, na
ausência do fármaco. Qualquer organismo que foi inibido, mas não foi morto crescerá
nestas condições, pois o fármaco coletada junto com a amostra estará presente em
concentrações muito baixas. Após a incubação por 24 horas a 27°C, a menor concentração
que tiver reduzido 99,9% o número de colônias, comparando ao controle livre do fármaco é
a Concentração Fungicida Mínima. (13,16)
Resultados e Discussões
Preparo da Suspensão Oral de Fluconazol
Para o preparado da suspensão oral teve-se o cuidado em seguir as orientações
das Boas Práticas de Manipulação conforme a RDC n° 67 de 08 de outubro de 2007 (17),
para a obtenção de um produto eficaz e seguro, além de evitar problemas nas análises
realizadas.
Nesta formulação obteve-se um produto de aspecto agradável, homogêneo, com
viscosidade apropriada e de fácil escoamento, permitindo então que o material suspenso
permaneça em suspensão por um intervalo de tempo relativamente longo.
Características Organolépticas
As características organolépticas cor, odor e sabor são importantes fatores para
a aceitação de uma preparação farmacêutica destinada à administração oral, pois segundo
Ansel e colaboradores a sensação do gosto de um medicamento é na verdade uma mistura
complexa de paladar e olfato como menor influência da textura, temperatura e mesmo do
aspecto. (6) Assim, os produtos comercializados devem seguir os padrões de aparência,
onde o odor deve estar relacionado com a cor e sabor.
Na formulação desenvolvida fez-se o uso de flavorizante e edulcorante sintético
proporcionando odor agradável e sabor adocicado característicos de morango, e este
mesmo produto atribuiu coloração homogênea levemente rosada à suspensão, tornando-a
mais atraente.
32
Determinação do pH
De acordo com Ferreira o valor do pH do veículo e o pka do fármaco são
importantes para determinar a estabilidade do fármaco na preparação. Alterações de pH
afetam significativamente a estabilidade do fármaco. (18)
Appel e Réus descrevem uma fórmula de xarope de fluconazol, onde esta
mesma preparação deve ser ajustada em pH 4,5, assim como o laboratório da Pfizer
produtora do medicamento Diflucan® (fluconazol) determina que o pH do fluconazol injetável
diluído em cloreto de sódio deve estar dentro da faixa de pH 4,0 a 8,0. (19, 20)
Sendo assim preparou-se a suspensão oral de fluconazol com base nessas
informações e realizou-se a leitura, o pH encontrado foi de 4,68. Não havendo a
necessidade de correção do mesmo, uma vez que o pH encontrado está dentro da faixa
estabelecida, sendo está ideal para a estabilidade da formulação.
Determinação da Viscosidade
Realizou-se a verificação da viscosidade de forma prática e rápida, através do
viscosímetro do tipo Brookfield®, onde utilizou-se o spindle 2 na rotação de 60 rpm por
minuto e o valor da medida foi de 0,298 pascal por segundo correspondendo em
porcentagem 59,2 %, sendo que este valor ficou dentro do indicado pelo fabricante do
aparelho que é de 20% a 90%.
Mesmo não encontrando nas bibliografias consultadas padrões para a
viscosidade de suspensões orais, este produto apresentou visualmente uma viscosidade
aceitável e de fácil escoamento e com baixa velocidade de sedimentação.
Velocidade de Sedimentação e Ressuspensão
Na determinação da velocidade de sedimentação da suspensão de fluconazol
verificou-se que na primeira hora após a agitação não obteve-se a sedimentação do material
suspenso, sendo que passado 15 e 30 dias observou-se declive de 2 e 5 ml
respectivamente.
Portanto pode-se notar que a suspensão oral de fluconazol apresentou baixa
velocidade de sedimentação, permitindo que o fármaco permaneça suspenso por mais
tempo, possibilitando assim a retirado de doses mais precisas e uniformes. (1)
Analisou-se também o tempo de ressuspensão da suspensão preparada apesar
de a mesma não ter sedimentado completamente e verificou-se que o sedimento é
facilmente redisperso, pois levou apenas 5 segundos para ressuspender novamente a
suspensão.
De acordo Lachman e colaboradores é necessário e de suma importância voltar
a ressuspender a suspensão antes de serem usadas ou dispensadas ao doente. Portanto
uma suspensão adequada deve ser facilmente redispersa por agitação, permanecer por
suspensão durante o tempo suficiente para que possa ser administrada em doses precisas e
deve ter as propriedades desejadas de escoamento. (2)
Análises Microbiológica
Os resultados de susceptibilidade antifúngica podem ser observados na leitura
realizada visualmente no teste da CIM onde verificou-se que a concentração 1,5 g/mL foi a
menor concentração do fármaco que conseguiu inibir o crescimento microbiano. Analisandose os dados de Brasil (21) com os resultados obtidos na Concentração Inibitória Mínima,
pode-se afirmar que o fungo Candida albicans ATCC 10231 é sensível ao fluconazol, pois a
concentração utilizada foi menor que 8 g/mL.
33
Para confirmação da efetividade desse fármaco, realizou-se a Concentração
Fungicida Mínima, onde pode-se observar que a menor concentração do fármaco 1,5 g/mL
que inibiu o crescimento da C. albicans na CIM não foi capaz de matar este fungo, pois tevese o crescimento de colônias desse microrganismo nas placas com agar. Assim pode-se
confirmar que o fluconazol apenas demonstrou atividade fungistática inibindo o fungo, mas
não apresentou ação fungicida.
De acordo com Furlletti o fluconazol por ser um agente fungistático atua na
inibição da enzima lanosterol 14-a demetilasa no complexo citocromo P-450 dos fungos,
dificultando a síntese do ergosterol na membrana citoplasmática e levando ao acúmulo do
lanosterol. Este precursor do ergosterol não tem a mesma forma física e propriedades que o
ergosterol e leva à formação da membrana com propriedades alteradas, que não realiza as
funções básicas necessárias para o desenvolvimento do fungo. Ao contrário dos
antifúngicos fungicidas que interagem com o ergosterol presente na membrana
citoplasmática do fungo, formando poros ou canais, resultando em um aumento da
permeabilidade da membrana que permite a fuga de várias pequenas moléculas danificando
assim suas funções de barreira, levando-o a morte. (10, 22)
Dessa forma os fármacos fungistáticos apenas impedem o crescimento fúngico,
proporcionando um rápido relapso ou incompleta erradicação do microrganismo. Somente a
inibição do crescimento antifúngico pode não ser suficiente para prevenir à disseminação do
microrganismo em pacientes com sistema imune prejudicado. Mesmo assim o fluconazol
continua a ser um agente antifúngico de primeira escolha para o tratamento de infecções por
C. albicans, devido à sua conhecida eficácia, perfil de segurança e o seu baixo custo. (22,23)
Para maiores conhecimentos realizou-se a técnica de difusão em poços onde os
resultados mostraram que a suspensão de fluconazol preparada foi efetiva contra isolados
de Candida albicans, pois apresentou halo de inibição com raio entre 1,5 a 2 cm.
Comparando este resultado com o fluconazol diluído em água estéril (10mg/ml) que
apresentou um maior halo de inibição de 2,8 a 3,2 cm, pode-se observar que houve
diferença entre essas duas amostras, pois o fluconazol diluído demonstrou maior efetividade
comparado com a suspensão de fluconazol. Uma possibilidade de aumentar a efetividade
da suspensão de fluconazol seria ajustar a dosagem do fármaco na suspensão para assim
obter um melhor resultado, ou modificar a base da suspensão uma vez que alguns dos
constituintes da fórmula podem inativar parcialmente o fármaco.
Realizou-se também teste com a suspensão base sem o fluconazol para verificar
se não havia influência de algum excipiente da fórmula que pudesse apresentar ação
conservante, provocando assim a inibição do microrganismo. Então pode-se observar que a
suspensão base não contêm interferentes na fórmula, pois esta não apresentou formação
de halo de inibição, indicando que a inibição oriunda da suspensão contendo fluconazol se
deve unicamente ao fármaco suspenso.
Conclusão
A formulação apresentou características físico-químicas adequadas, onde
obteve-se um produto de aspecto agradável, homogêneo, com viscosidade apropriada e de
baixa velocidade de sedimentação, além possuir um pH de 4,68 ideal para a estabilidade da
formulação. Os resultados de susceptibilidade antifúngica da suspensão oral de fluconazol
apresentaram formação de halo de inibição no teste de difusão em poços, assim pode-se
atribuir este fato unicamente ao fármaco, pois a suspensão base sem o fluconazol não
apresentou formação de halo de inibição. Confirmaram-se os resultados realizando-se a
Concentração Inibitória Mínima, onde verificou-se que a Candida albicans é sensível ao
fluconazol, mas realizando a Concentração Fungicida Mínima pode-se observar que o
fluconazol apenas exerce ação fungistática.
Em vista do exposto pode-se considerar que a suspensão de fluconazol é efetiva
frente às cepas de Candida albicans, demonstrando ação fungistática, mas não fungicida.
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