MÉTODOS DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

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MÉTODOS DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA:
REFLEXÕES SOBRE SUAS IMPLICAÇÕES NA PRÁTICA ESCOLAR
Rosane Wandscheer Bortolini1 - UNIOESTE, Campus de Foz do Iguaçu
Vanessa Miranda2- UNIOESTE, Campus de Foz do Iguaçu
Berenice Lurdes Borssoi 3 - UNIOESTE, Campus de Foz do Iguaçu
Grupo de Trabalho – Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
A alfabetização nas últimas três décadas no Brasil, têm sido marcadas por discussões em
torno dos métodos de alfabetização, que influenciam a metodologia, a prática docente e
consequentemente o processo de aquisição da linguagem. Os professores alfabetizadores vêm
sendo influenciados pela apresentação de diferentes métodos, metodologias e teorias sobre
alfabetização, seja em cursos de formação e formação continuada, por meio da utilização
prática de cartilhas, apostilas ou livros didáticos no contexto da sala de aula, ou pelas
diferentes experiências que possuem com a alfabetização. Contudo, destaca-se duas principais
linhas: os métodos sintéticos e métodos analíticos (globais) de alfabetização e a psicogênese
da escrita (que observa a escrita não como um código, mas como um sistema notacional). As
discussões em torno da alfabetização têm gerado polêmicas, adquirem ainda conotações
políticas, ideológicas e pedagógicas. Podemos perceber que são muitas as formas de
alfabetizar e cada uma delas destaca um aspecto no aprendizado, atualmente a produção
cientifica sobre a aquisição da leitura é bastante rica, tendo assim, um vasto material para
pesquisa. Há diversos teóricos que analisam o aprendizado da leitura, da linguagem escrita e a
eficiência de métodos de alfabetização e argumentam suas posições de acordo com o método
de ensino que considera mais eficiente, defendem sobretudo, ideais imbricados de
posicionamento político. Por sua vez, todos compreendem que uma das grandes dificuldades
das crianças atualmente está em: saber ler, compreender e interpretar um texto escrito.
Surgem, nesse sentido, a necessidade de ampliar as discussões em torno da temática da
Alfabetização, a qual é permeada por conhecimentos variados, provenientes de leituras,
aquisição de livros didáticos e cursos de capacitação, portanto, cabe uma reflexão crítica sobre
1
Mestra em Educação pela PUCPR, Assistente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE/FOZ. Pesquisadora membro do grupo de pesquisa: Políticas de ação educativa, avaliação, mídias e
formação de professores – PAMFOR. Na linha: Teoria e Prática Pedagógica na Ação Educativa. E-mail:
[email protected].
2
Graduanda do Curso de Pedagogia pela UNIOESTE/FOZ; Inscrita no Programa de Iniciação Científica –
PIBIC/UNIOESTE. E-mail: [email protected]
3
Mestra em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS – Porto Alegre/RS. Professora
Assistente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. Pesquisadora membro do grupo de
pesquisa: Políticas de ação educativa, avaliação, mídias e formação de professores – PAMFOR. E-mail:
[email protected].
ISSN 2176-1396
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Métodos de aquisição da leitura e da escrita. Esta pesquisa caracteriza-se pela utilização de
bibliografia já publicada, as quais deram suporte teórico ao estudo.
Palavras-chave: Alfabetização. Método de Ensino.Teorias de Alfabetização.
Introdução
A educação, no Brasil, ganhou maior destaque no final do século XIX, especialmente
com a Proclamação da República. A escolarização deu um grande passo, já que até então ler e
escrever eram práticas restrita a poucos e ocorria por meio de transmissão assistemática no
âmbito privado do lar. A partir deste período, ler e escrever se tornou instrumento privilegiado
de aquisição do saber, que instaura novas formas de relação dos sujeitos entre si, com a
natureza, com a história e com o próprio Estado. Ocorre também uma nova maneira de
pensar, de sentir e de agir.
Nessa época usava-se para o ensino da leitura Métodos de marcha Sintética (de
soletração, fônico e de silabação). As primeiras cartilhas brasileiras, produzidas no final do
século XIX, baseavam-se neste método e circularam em várias Províncias/Estados do País por
muitas décadas. Este momento se estendeu até o início da década de 1890.
A partir de 1890, implementou-se uma reforma na instrução pública no estado de São
Paulo, pretendendo assim, servir de modelo para os demais estados. Na base da reforma
estavam os métodos analíticos (processo de palavração e sentenciação) para o ensino da
leitura. As cartilhas produzidas neste momento passaram a se basear neste método.
Em meados da década de 1920 aumentaram as resistências dos professores quanto a
utilização do método analítico e começaram a se buscar novas propostas de solução para o
problema do ensino e aprendizagem. Dessa forma, ocorreu a conciliação os dois tipos básicos
de métodos de ensino (sintéticos e analíticos). Passaram a utilizar métodos mistos ou ecléticos
(analítico-síntetico ou vice-versa), considerados mais rápidos e eficientes. Aproximadamente
a partir dessa época, as cartilhas produzidas passaram a se basear em métodos mistos ou
ecléticos, e começaram a se produzir os manuais do professor acompanhando as cartilhas,
assim como se disseminou a ideia e a prática do “período preparatório”. O método de ensino
ficou então subordinado ao nível de maturidade das crianças em classes homogêneas. A
escrita permaneceu como uma questão de habilidade caligráfica e ortográfica, que deveria ser
ensinada juntamente com a leitura. O “período preparatório” era caracterizado pelo
aprendizado de ambas.
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A partir da década de 1980 o fracasso da escola na alfabetização de crianças passou a
ser questionada, e em busca de soluções introduziu-se no Brasil o pensamento construtivista
sobre a alfabetização. Este pensamento foi resultante de pesquisas sobre a psicogênese da
língua escrita desenvolvida por Emília Ferreiro e colaboradores. Assim, descolava-se o eixo
das discussões dos métodos de ensino para o processo de aprendizagem da criança.
(MORTATTI, 2011)
No final da década de 90 ocorreu a divulgação do conceito de letramento, considerado
por Magda Soares (2000, p. 47) como “estado ou condição de quem não apenas sabe ler e
escrever, mas cultiva as práticas sociais que usam a escrita”. Este conceito abrangeu
fenômenos mais amplos: o cultural, o social e o histórico. Segundo este conceito, quando se
ensina a ler e escrever, se ensina também um modo de pensar o mundo, a língua é tratada
como objeto de reflexão cultural.
A partir de uma série de reuniões e discussões realizadas por especialistas e
educadores de todo o país, e de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Lei de Diretrizes e
Bases 9394/96, nasceu no Brasil em 1998, os Parâmetros Curriculares Nacionais, também
conhecido como PCN’s. Ele foi criado com intuito de servir como um manual de orientação
para as escolas, caracterizado principalmente como uma ferramenta sobre como proceder as
atividades de ensino. De acordo com o Ministério da Educação, os Parâmetros também
auxiliariam o professor na execução de seu trabalho, servindo de estimulo e apoio sobre sua
prática diária. Os PCN’s (1997) defendem a linha Construtivista de ensino, com ênfase na
leitura e na língua escrita.
Contudo, neste início de século (XXI) ainda há muitos problemas com o ensino inicial
da leitura e escrita, em especial, uma das dificuldades está na ausência de uma “didática” que
dê conta dos fracassos escolares neste processo, isso abre espaço, para alguns pesquisadores
apresentarem novas propostas de alfabetização baseadas em antigos métodos de alfabetização.
Além disso, surgem nas últimas décadas, novos olhares dos pesquisadores sobre a concepção
“didática” da alfabetização, são concepções que evidenciam a necessidade de pensar uma
educação baseada no contexto social e cultural do indivíduo educando. A alfabetização passa
a ser objeto de estudo, com o objetivo de pensar o mundo da escrita de forma reflexiva e
crítica.
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Métodos e Teorias de Alfabetização
A leitura e a escrita se tornam fundamentos da educação básica no Brasil,
principalmente com o advento da República, no fim do século XIX, torna-se uma ferramenta
política, descrita por Soares (2013) como o mito da alfabetização, pelo fato da alfabetização
ser posta como a promoção coletiva, visando a ascensão social motivada pelo sucesso escolar.
Se antes a alfabetização foi um imperativo da fé, garantia de acesso à Santa
Doutrina, com a República é exigência de modernização social: de uma mística,
passando para uma concepção social da alfabetização. Dois modelos que
correspondem a representações diferentes desse projeto: um como meio de dotar
crianças e adultos de conquista da salvação eterna; outro, como meio de acesso a um
modelo urbano de socialização. Ambos têm algo em comum: um projeto político,
primeiro a igreja (da Reforma e da Contrarreforma) e, posteriormente, do Estado
(SOARES, 2013, p.21).
Percebemos que ao longo dos anos o processo de alfabetização foi ocorrendo esforços
para entender e aplicar de forma mais eficaz de alfabetização.
Primeiramente o esforço recai sobre o estudo dos métodos de alfabetização,
acreditando que o melhor método alfabetizará todas as crianças, fazendo com que a escola
cumpra seu papel social. Assim, os métodos sintéticos são os primeiros a surgir
Métodos sintético de alfabetização são todos aqueles cujo o ensino inicia de partes
menores como letras e sílabas, para posteriormente aprender as partes maiores, como palavras
e frases. Partem da “parte” para o “todo”, ele estabelece uma correspondência entre o som e a
grafia, entre o oral e o escrito, através do aprendizado letra por letra, ou silaba por silaba e
palavra por palavra. Dessa forma, o ensino da leitura pode ser divido em três tipos: o
alfabético, com a apresentação das letras e seus nomes; fônico, também conhecido como
fonético, o aluno parte dos sons da letra; e o silábico, o aluno aprende primeiro as silabas,
sempre de acordo com certa ordem crescente de dificuldade.
Por este método, a aprendizagem é feita primeiro através de uma leitura mecânica do
texto, através da decifração das palavras, vindo posteriormente a sua leitura com
compreensão.
A crítica aos Métodos Sintéticos, está na forma mecânica em que o aprendizado
ocorre, baseado na repetição, descontextualizados da realidade da criança, tornando se assim,
cansativo.
Entre os Métodos Sintéticos de Alfabetização destaca se Três: O Método Alfabético
ou Soletração é um dos mais antigos métodos de alfabetização, por este processo a criança vai
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soletrando as sílabas até decodificar a palavra. Ex: CASA soletra-se assim, C, A, CA, S, SA,
CASA.
Outro Método Sintético utilizado no processo de alfabetização é o Método Fônico,
onde a criança pode adquirir a habilidade de reconhecer a relação existente entre o som da
fala e as letras que representam esse som, dessa forma, ela está adquirindo a consciência
fonológica, o que lhe permitirá decodificar (ler) e codificar (escrever). Isto também lhe
permitirá desenvolver a capacidade de passar a língua oral para a escrita. A partir deste
método, o professor inicia a aprendizagem ensinando a forma e som das vogais. Depois
ensina-se as consoantes, estabelecendo entre elas relações cada vez mais complexas. Cada
letra (grafema) é aprendida como um fonema (som) que junto a outro fonema, podem formar
sílabas e palavras.
Para aproximar os alunos de algum significado foram criadas variações do Método
Fônico, o som pode ser apresentado a partir de uma palavra significativa, de uma palavra
vinculada à imagem e som, de um personagem associado a um fonema, de uma onomatopeia
ou de uma história para dar sentido à apresentação dos fonemas.
O Método Fônico, produzido pela Psicolinguística Cognitivista, não traz tantas
novidades metodológicas. Ele se baseia no ensino do sistema alfabético, associado ao sistema
fonético e fonológico da língua falada. A Teoria Psicolinguística coloca que aprender a ler e
escrever depende da linguagem. Dessa forma, ler é pronunciar o que corresponde a uma
representação gráfica da linguagem falada. Esta corrente ainda sugere o caminho da fonologia
como início ideal para que o aprendiz adquira o código escrito.
A Consciência Fonológica vai se desenvolvendo à medida que a criança vai se
tornando consciente de palavras, sílabas e fonemas como unidades identificáveis. A
decodificação é estimulada pelo Método Fônico. O Método bastante utilizado na Europa e em
países desenvolvidos é a Consciência Fonológica, sempre presente nas discussões é um
Método reconhecido por seu resultado na aquisição da leitura e escrita. A partir de estudos
realizados principalmente nos países desenvolvidos, pode-se perceber que estar atento aos
sons da fala, ou seja, decodificar as palavras está relacionado com o sucesso na leitura e na
escrita.
Consciência Fonológica nada mais é que a habilidade de refletir explicitamente sobre a
estrutura sonora; compreender que a linguagem oral pode ser dividida em componentes como:
sentenças em palavras, palavras em sílabas e sílabas em fonemas; é uma capacidade cognitiva
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a ser desenvolvida, a qual está relacionada à compreensão da linguagem oral, a qual pode se
desenvolver espontaneamente ou a partir de outras dependências do código escrito.
O treinamento da Consciência Fonológica, para aqueles que ainda não a possui é a
instrução direta combinada com a instrução grafema-fonema também auxilia em aumentar
gradativamente a leitura e facilitar a apropriação da mesma.
A consciência fonológica faz com que a criança ignore o significado da palavra e
preste mais atenção em sua estrutura. Isso gera uma mudança na maneira de como ela encara
a palavra, e dessa forma, ela vai adquirindo a capacidade para: objetivar a palavra, direcionar
a atenção para sua estrutura, perceber seus segmentos e manipulá-los de diferentes formas. Há
dois níveis de consciência: a consciência de que a língua falada pode ser segmentada em
unidades distintas, ou seja, a frase pode ser segmentada em palavras; as palavras em sílabas e
as sílabas, em fonemas; e a consciência de que essas mesmas unidades repetem–se em
diferentes palavras faladas. A criança passa também a compreender que cada som
corresponde a uma letra, e que qualquer alteração nesta, produzira uma palavra diferente.
O desenvolvimento da Consciência Fonológica se dá em crianças ouvintes a partir de
seu contato oral com a comunidade em que está inserida. É dentro de sua relação com as
diferentes formas de expressão oral que essa habilidade metalinguística se desenvolve. São
essas diferentes formas linguísticas dentro de uma cultura que vão formando sua consciência
fonológica, como por exemplo, a música, poesia, cantigas de roda, e a fala.
Os pesquisadores Goswami e Bryant (1999) realizaram pesquisas sobre a Consciência
Fonológica e puderam comprovar que a habilidade de detectar a aliteração (repetição da
mesma silaba ou de um mesmo fonema no início, no meio de palavras próximas, ou em frases
ou versos em sequência) como também a rima, é preditor do progresso na aquisição da leitura
e da escrita. Isso ocorre, porque ao perceber as semelhanças sonoras tanto no início quanto no
final das frases, a criança está fazendo uma conexão entre grafemas e fonemas.
Podemos observar, que mesmo sem ter noção de rimas, é muito comum vermos
crianças de 4 ou 5 anos brincarem de rima com seus nomes, como: “Ana cara de banana,
Daniela cara de panela, Rafael cara de pastel”, esta brincadeira feita de forma espontânea
comprova sua capacidade de consciência fonológica.
A partir do domínio da escrita, a Consciência Fonológica vai se aprimorando. Como
afirma Capovilla (2007) os estágios iniciais da Consciência Fonológica contribuem para o
desenvolvimento dos estágios iniciais do processo de leitura e estes, por sua vez, contribuem
para o desenvolvimento de habilidades de consciência fonológicas mais complexas.
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Observando os níveis de complexidade da Consciência Fonológica, percebemos que as
rimas são as tarefas menos complexas dessa escala. Seguindo pela segmentação de palavras e
de adição das sílabas em palavras. As atividades com maior grau de complexidade, e que
exige maior competência fonológica, são as atividades como: analise inicial, subtração de
sílabas, emissão de rima e rima sequencial.
A Consciência Fonêmica é a atividade mais sofisticada da Consciência Fonológica,
pois ela requer a compreensão de que as palavras são formadas por estruturas mínimas que
podem ser recombinadas e transpostas foneticamente.
Os especialistas dizem que este Método alfabetiza crianças, em média, no período de
quatro a seis meses. Este é o método mais recomendado nas diretrizes curriculares dos países
desenvolvidos que utilizam a linguagem alfabética. Porém, para os críticos, este método não
auxilia para trabalhar com as exceções da língua portuguesa.
Um terceiro Método Sintético de Alfabetização é o Método Silábico, o qual surgiu por
volta do século XVIII. A sílaba é o ponto de partida, ou seja, as sílabas constituem as
palavras, estas em frases, até chegar em pequenos textos.
Diferentemente dos Métodos Sintéticos estão os Métodos Analíticos de Alfabetização,
nos quais o ensino da leitura inicia-se pelo “todo”, para depois se estender à análise de suas
partes, ou seja, a criança parte do texto ou da frase para extrair as palavras e, depois, dividi-las
em unidades mais simples, as sílabas. Os Métodos Analíticos podem ser divididos em:
Palavração (partindo da palavra), Sentenciação (a unidade inicial é a frase) ou Global (conto
ou estória é composto por várias unidades de leitura que têm começo, meio e fim). A crítica
aos Métodos Analíticos de Alfabetização está na forma de aprender, nesse método, em geral,
a criança não aprende a ler, ela decora.
A partir de 1920 em função do fracasso no processo de alfabetização houve um
aumento significativo de rejeição por parte dos professores quanto a utilização do Método
Analítico puro na alfabetização o que impulsionou uma nova proposta, para a superação e
solução da problemática posta para o ensino e aprendizagem da linguagem escrita. Houve,
dessa forma, uma conciliação entre os dois tipos básicos de métodos de ensino, os Métodos
Sintéticos e Analíticos de Alfabetização. Surge a utilização de Métodos mistos ou ecléticos
(analítico-síntetico ou vice-versa), considerados mais eficaz e eficiente, com resultados
rápidos na aquisição da leitura e da escrita. (MORTATTI, 2006)
Os Métodos Sintéticos expõem às crianças apenas as letras, sílabas e os sons que por si
não possuem representatividade significativa. Já os Métodos Analíticos, seja pela
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alfabetização a partir da palavração ou da sentenciação não garante o entendimento do texto
em sua totalidade, uma vez que as palavras são trabalhadas por meio de fragmentos e não
levam em conta o contexto do aprendiz. (ABUD, 1987)
O que se percebe nas práticas pedagógicas, é que não há a aplicação de um método
puro de alfabetização, há, contudo, uma tendência que reúne as vantagens dos Métodos
Sintéticos e Analíticos.
Para Ferreiro & Teberosky (1991, p.18) os educadores têm se preocupado em buscar o
melhor Método ou o Método mais eficiente para ensinar a criança ler e escrever gerando uma
polêmica entre duas formas fundamentais de alfabetizar: os Métodos Analíticos e Métodos
Sintéticos. Para Mortatti (2006, p. 03):
Por quase um século, esses esforços se concentraram, sistemática e oficialmente, na
questão dos métodos de ensino da leitura e escrita, e muitas foram as disputas entre
os que se consideravam portadores de um novo e revolucionário método de
alfabetização e aqueles que continuavam a defender os métodos considerados
antigos e tradicionais. A partir das duas últimas décadas, a questão dos métodos
passou a ser considerada tradicional, e os antigos e persistentes problemas da
alfabetização vêm sendo pensados e praticados predominantemente, no âmbito das
políticas públicas, a partir de outros pontos de vista, em especial a compreensão do
processo de aprendizagem da criança alfabetizanda, de acordo com a psicogênese da
língua escrita.
Surgem outras discussões e estudos no contexto da alfabetização, trazidas em especial
pelas autoras Emília Ferreiro e Ana Teberosky, entre outros pesquisadores, a partir da década
de 80, com a “Psicigênese da Língua Escrita”, que enfatizam o entendimento da forma como
o aluno entende a leitura e a escrita ao longo da alfabetização. “No lugar de uma criança que
recebe pouco a pouco uma linguagem inteiramente fabricada por outros, aparece uma criança
que reconstrói por si mesma a linguagem, toando seletivamente a informação que lhe provê o
meio.” (FERREIRO, 1999, p 24):
Dessa forma muda-se o foco de estudos sobre a alfabetização, deixando-se de
concentrar apenas nos métodos e procurando perceber a forma como a criança aprende, além
de conceber a criança como um ser ativo, e em processo de construção. Surge a visão
construtivista da alfabetização, sendo o Construtivismo uma Teoria e não um Método de
Alfabetização.
Com as novas discussões em torno do processo da alfabetização motivadas pelo olhar
da Psicologia, na década de 1990 pesquisadores iniciam outras discussões acerca do
letramento no Brasil, que passou a exercer grande influência nas práticas alfabetizadoras
atuais. Tais discussões surgem no momento em que estudiosos compreenderam que para viver
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e trabalhar em uma cidade urbanizada e informatizada era necessário tanto um domínio da
leitura e da escrita quanto sua interpretação, ou seja, se apropriar das práticas sociais que a
envolviam.
Existem posições teóricas diferentes sobre a definição de letramento. Alguns o
definem como um processo de participação na cultura escrita, que tem início bem cedo e se
prolonga por toda a vida. A criança começa a conviver com as diferentes manifestações da
escrita visualizando placas, rótulos, embalagens comerciais, entre outros. Jornais, revistas,
cartas, também servem como suporte no processo de alfabetização, dessa forma, as
habilidades de leitura e escrita surgem através de situações reais do cotidiano. Rojo (1998, p.
181-182) afirma que “o letramento adquire múltiplas funções e significados, dependendo
assim do contexto no qual ele está envolvido”.
Compreendemos assim que, o indivíduo alfabetizado, além de saber ler e escrever,
também faz uso social da leitura e da escrita, se envolvendo em suas práticas sociais, e por
fim, mudando seu modo de viver na sociedade. Segundo Soares (2004), o indivíduo ao se
tornar letrado, altera algumas características, como: social, linguístico, cultural, cognitivo,
entre outros; salienta ainda que o letramento tem um sentido amplo na alfabetização, porém, o
sujeito não letrado é aquele que não sabe fazer uso da leitura e da escrita, muitos não
conseguem se quer preencher um simples requerimento.
Considerações Finais
O processo de alfabetização, em geral, acontece de acordo com as necessidades de
aquisição da leitura e da escrita, que historicamente são impostas na sociedade, ora
influenciada pela pesquisa, ora influenciada pela política.
A aquisição da leitura e da escrita também é uma ciência, deve ser pesquisada, tratada
e trabalhada a partir de reflexões acerca da consciência de que a construção do saber, da
atividade do conhecimento terá influência decisiva, significativa na representação do objeto.
Carlota Boto in Mortatti (2011, p.i), questiona o papel da escola e a relevância do
aprendizado na educação moderna sem levar em consideração a aquisição da leitura e da
escrita que constituirá a própria modernidade, a alfabetização nessa perspectiva passa a ser
compreendida como um estudo, um dever.
O ato de ensinar, certamente, apresenta os mais diversos obstáculos, o que requer
pensar e repensar a prática, num processo dialético rumo a construção da práxis (açãoreflexão-ação).
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Destarte, o docente alfabetizador deve constituir se de saberes e conhecimentos
específicos do ensino que ultrapassa a aplicação de atividades somente do livro didático, da
apostila ou da cartilha adotada pela rede de ensino. Deve se tornar um pesquisador,
ultrapassando os conhecimentos obtidos na graduação ou em cursos impostos pela rede de
ensino; deve conhecer e compreender os alunos enquanto sujeito históricos pertencentes a
uma determinada sociedade, com seus valores sociais e culturais; deve conhecer os Métodos e
Teorias de alfabetização utilizados historicamente, inclusive os resultados obtidos
historicamente pelos processos de aplicação dos mesmos.
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