27 DIÁRIO DE S. PAULO - SÁBADO / 30 DE OUTUBRO DE 2010 viva SAÚDE Aline Mustafa [email protected] Bruna Quintanilha [email protected] + l Ilustração de Pedro Ewbank/Diário SP Circuncisão como prática religiosa Em algumas religiões, a circuncisão (operação semelhante à postectomia) é feita poucos dias após o nascimento do bebê. No judaísmo, a cirurgia é realizada no oitavo dia de vida. Segundo a crença judaica, Abraão fez um pacto com Deus e a circuncisão é o símbolo dessa aliança. 665 milhões de homens são circuncisados Cirurgia pode diminuir chances de pegar HIV Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), homens que fizeram a cirurgia da fimose têm 60% menos chance de contrair o vírus HIV de uma mulher que possui Aids. Cirurgia de fimose deve ser feita durante a infância A incapacidade de expor a glande é natural de todos os recém-nascidos, mas quando isso persiste na infância, é necessário submeter a criança à postectomia. A intenção é evitar possíveis infecções, dores e dificuldades derivadas da doença Operar ou não a fimose? Essa é uma dúvida que acompanha quase todos os pais de meninos recém-nascidos. A fimose é a incapacidade de expor a glande, também chamada de “cabeça” do pênis. O órgão é revestido por uma pele chamada prepúcio que, quando puxada para trás, expõe a glande. É natural, porém, que os bebês do sexo masculino apresentem esse quadro nos primeiros anos de vida, explica o cirurgião pediátrico Décio Blucher, do Hospital São Luís. “Todos os bebês nascem com a pele fechada, isso não é fimose. Com o passar dos anos, essa pele vai se descolando e abrindo. Na maioria das vezes a situação se normaliza naturalmente”, diz ele. A fimose, portanto, ocorre quando o quadro não é revertido. Não há uma idade correta para se determinar se há ou não fimose, porém, os especialistas recomendam que a postectomia, cirurgia de retirada do prepúcio, seja feita ainda a infância, quando detectada uma possível disfunção. Para Blucher, operar a criança até os cinco anos é o ideal. “A idade recomendada varia muito de médico para médico, mas na minha opinião deve ser feita até os cinco anos. A cirurgia quando feita em crianças tem uma recuperação bem mais tranquila”, justifica. De acordo com o urologista Octaviano Carvalho Neto, do Hospital 9 de Julho, a fimose pode trazer diversas complicações quando não tratada. “A transposição da glande pelo prepúcio não permite a higienização devida da região, o que pode causar doenças e infecções derivadas do acúmulo de secreção”, explica. Além disso, na fase adulta a fimose pode causar dor, irritação e dificuldades nas relações sexuais. Massagens e cremes a base de esteróides prometem ajudar no tratamento, mas é preciso ficar alerta. “Nada disso é comprovado cientificamente”, avisa Blucher.