28ª Edição

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Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT
Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina
Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem
Publicação Científica do Curso de Bacharelado em Enfermagem do CEUT. Ano 2010 (12). Edição 28
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Antônio Evandro Alves Aragão Filho
1
Karoline Oliveira Morais
Marina Moreira 1
2
Selonia Patrícia Oliveira Sousa
3
Otacílio Batista de Sousa Nétto
A maioria dos vírus que afeta o sistema nervoso penetra através da circulação sanguínea ou
linfática. Contudo, alguns vírus podem penetrar nos axônios dos nervos periféricos e se mover ao
longo deles em direção ao sistema nervoso central (SNC). Dentre as doenças microbianas do
sistema nervoso, destacamos a poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil. A partir da
publicação da matéria Brasil não sabe quantos laboratórios têm vírus da pólio e se expõe a risco,
vejamos as características clínicas e epidemiológicas da doença, bem como seus aspectos clínicos e
laboratoriais, e situação da doença no Mundo, Brasil e Piauí.
Brasil não sabe quantos laboratórios têm vírus da pólio e se expõe a
risco4
Governo inicia segunda tentativa de listar laboratórios que armazenam amostras para
incinerá-las e evitar vazamento. O Brasil ainda desconhece o número de laboratórios que trabalham
com o vírus da poliomielite ou que guardam material que possa estar infectado pelo microrganismo.
O poliovírus é causador da paralisia infantil, doença erradicada no Brasil e nas Américas desde
1994 em razão de seguidas campanhas de vacinação. Mas a existência de vírus armazenados traz
risco de reintrodução da doença, se não forem tomados os devidos cuidados.
Plano da Organização Mundial de Saúde (OMS) finalizado em 2002 estabeleceu que o
primeiro passo para evitar que vírus escapassem dos laboratórios era realizar um levantamento de
unidades que trabalham pesquisando o microrganismo ou têm amostras guardadas que podem estar
contaminadas.
Toda a preocupação com a eliminação do poliovírus em laboratórios não é à toa. Há
histórico de doenças erradicadas que voltaram a atacar depois que vírus escaparam de locais de
pesquisa. Após a erradicação da varíola, em 1977, uma pessoa morreu quando o vírus escapou de
um laboratório no Reino Unido que não adotou os cuidados necessários. O diretor do laboratório
suicidou-se. Em 1992, um funcionário de uma fábrica de vacinas contra a pólio - produzidas com o
vírus - levou a doença para casa, infectando o filho.
O Ministério da Sáude (MS) localizou apenas sete unidades que trabalhavam com o vírus ou
que poderiam ter material contaminado: Fundação Oswaldo Cruz (RJ), Instituto Evandro Chagas
(PA) e os laboratórios centrais de saúde pública de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Distrito
Federal e Bahia, além do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo. Promete concluir todo o processo até
2009 - o que inclui a eliminação ou armazenagem dos vírus remanescentes da paralisia infantil em
laboratórios de alto nível de biossegurança.
Figura 1 - Enterovírus – vírus causador da poliomielite
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Acadêmicos do 3º período de Enfermagem
Acadêmica-monitora do Observatório Epidemiológico
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Professor- orientador da disciplina de epidemiologia do CEUT
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Fonte: www.jornaldaciência.org.br em 08 de junho de 2010.
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Figura 2 – Campanha Nacional contra Paralisia Infantil - Governo Federal / Ministério da Saúde, Brasil
Características Clínicas e Epidemiológicas

Descrição: A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa viral aguda, caracterizada por um
quadro de paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se subitamente e a evolução
dessa manifestação, frequentemente, não ultrapassa três dias. Acomete em geral os membros
inferiores, de forma assimétrica, tendo como principal característica a flacidez muscular, com
sensibilidade conservada e arreflexia no segmento atingido. Esta doença encontra-se erradicada
no país desde o início dos anos 90, em virtude do êxito da política de prevenção, vigilância e
controle desenvolvida pelos três níveis do Sistema Único de Saúde (SUS).

Sinonímia: Paralisia Infantil

Agentes etiológicos: O poliovírus pertencente ao gênero Enterovírus, da família
Picornaviridae, composto de três sorotipos: 1, 2 e 3.

Reservatório: O homem.

Modo de Transmissão: A transmissão ocorre principalmente por contato direto pessoa a
pessoa, pela via fecal-oral (a principal), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes
de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, através de gotículas de secreções da orofaringe
(ao falar, tossir ou espirrar). As más condições habitacionais, a higiene pessoal precária e o
elevado número de crianças numa mesma habitação constituem fatores que favorecem a
transmissão do poliovírus.

Período de incubação: De 7 a 12 dias, podendo variar de 2 a 30 dias.
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
Período de transmissibilidade: Não se conhece com exatidão. Pode iniciar-se antes do
surgimento das manifestações clínicas, sendo o vírus encontrado nas secreções da orofaringe
após 36 a 72 horas a partir da infecção, onde se instala e persiste por um período de uma
semana, e nas fezes, nas quais pode ser encontrado por cerca de 3 a 6 semanas.

Susceptibilidade e imunidade: Todas as pessoas não imunizadas são suscetíveis de contrair a
doença. A infecção natural ou a vacinação conferem imunidade duradoura, tipo-específica (ou
seja, de acordo com o poliovírus responsável pelo estímulo antigênico). Contudo, embora não
desenvolvendo a doença, as pessoas imunes podem reinfectar-se e eliminar o poliovírus, ainda
que em menor quantidade e por um período menor de tempo. Essa reinfecção é mais comum
pelos tipos 1 e 3.
Aspectos Clínicos e Laboratoriais

Manifestações Clínicas: A infecção pelo poliovírus selvagem pode apresentar-se sob diferentes
formas clínicas.
- Infecções inaparentes ou assintomáticas: podendo ocorrer entre 90% a 95% dos casos;
abortiva, em 5% dos casos, caracterizada por sintomas inespecíficos como febre, cefaléia, tosse
e coriza;
- meningite asséptica: manifestando-se em cerca de 1% dos casos, com sintomatologia
inicial inespecífica e, posteriormente, sinais de irritação meníngea (Kernig e Brudzinski
positivos) e rigidez de nuca;
E as formas paralíticas, que apresentam quadro clássico de paralisia flácida aguda.

Diagnóstico Diferencial: Polineurite pós-infecciosa e outras infecções que causam paralisia:
síndrome de Guillain-Barré, mielite transversa, meningite viral, meningoencefalite e infecções
por outros enterovírus (Echo, tipo 71, e Coxsackie, especialmente do grupo A, tipo 7).

Diagnóstico Laboratorial:
- Isolamento do vírus - É feito a partir de amostras de fezes do caso ou de seus contatos;
- Método de PCR (Polymerase Chain Reaction) - Esta técnica permite a amplificação da
seqüência alvo do genoma viral em pelo menos cem mil vezes, em poucas horas, aumentando
consideravelmente a sensibilidade do diagnóstico viral, permitindo a identificação do tipo e
origem do vírus isolado.
- Exames inespecíficos - Líquor, necessário para fazer o diagnóstico diferencial com a
síndrome de Guillain-Barré e com as meningites que evoluem com deficiência motora.

Prevenção e Tratamento: Não há tratamento específico, mas todos os casos com manifestações
clínicas devem ser internados para tratamento de suporte.
Circulação endêmica do vírus na África/Ásia
Ainda há circulação endêmica do poliovírus selvagem (Nigéria, Índia, Paquistão e
Afeganistão), o que demanda ações permanentes e efetivas de vigilância da doença e níveis
adequados de proteção imunológica da população. Ao menos 32 casos de poliomielite foram
confirmados no Tadjiquistão, onde ocorreu um surto no início de abril de 2006, que representa a
reaparição desta doença na região européia, após a erradicação em 2002, informou a da
Organização Mundial de Saúde (OMS) (Gráfico 1).
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Gráfico 1- Países abrangidos pela Poliomielite entre 2006 e 2007, segundo Organização Mundial de Saúde (OMS)
No momento atual, chama-se a atenção para um fenômeno já foi observado, em algumas
ocasiões, em países com coberturas vacinais insuficientes e/ou heterogêneas: a emergência de cepas
de vírus derivados da vacina, que passam a readquirir neurovirulência e patogenicidade, provocando
surtos de poliomielite em países que já tinham a doença sob controle parcial ou total. O primeiro
surto causado por um vírus derivado vacinal (PVDV) foi detectado na Ilha de Hispaniola (que
pertence ao Haiti e à República Dominicana), em 2000/2001, e teve uma grande importância no
processo de erradicação da Poliomielite, quando foram registrados 21 casos (50% na faixa etária de
1 a 4 anos).
Outros surtos de menor magnitude, ocorridos no período 1988 a 2002, foram registrados no
Egito, em Guizhou/China, nas Filipinas e em Madagáscar. De 2004 a 2009, ocorreram outros surtos
envolvendo 6 países (Nigéria, Congo, Miamar, Niger, Camboja e Indonésia), totalizando 226 casos.
O fator chave para o controle do poliovírus derivado da vacina é o mesmo daquele necessário para
controlar a circulação de poliovírus selvagem: alcançar e manter altas e homogêneas as coberturas
vacinais.
Certificado de Erradicação do poliovírus selvagem
Até a primeira metade da década de 80, a poliomielite foi de alta incidência no Brasil,
contribuindo, de forma significativa, para a elevada prevalência anual de sequelas físicas, observada
naquele período. Em 1994, a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS)/ Organização Mundial
da Saúde (OMS) certificou a erradicação da transmissão autóctone do poliovírus selvagem nas
Américas, após 3 anos sem circulação desse vírus no Continente. Desde então, todos os países da
região assumiram o compromisso de manter altas e homogêneas as coberturas vacinais, bem como
uma vigilância epidemiológica ativa e sensível para identificar, imediatamente, a reintrodução do
poliovírus selvagem em cada território nacional e adotar medidas de controle capazes de impedir a
sua disseminação.
No Brasil, o último caso de infecção pelo poliovírus selvagem ocorreu em 1989, na cidade
de Souza/PB. A estratégia adotada para a erradicação no país foi centrada na realização de
campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio (VOP), que, além de propiciar
imunidade individual, aumenta a imunidade de grupo na população em geral, através da
disseminação do poliovírus vacinal no meio ambiente, em um curto espaço de tempo. O número de
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casos de paralisia flácida aguda e poliomielite, no período de 1979 a 2008, encontra-se representado
na Gráfico 2.
Gráfico 2 - Número de casos confirmados de Poliomielite e notificados de Paralisia Flácida Aguda (PFA). Brasil, 1979
a 2008
Indicadores da vigilância no Piauí
Os indicadores que avaliam o desempenho operacional da qualidade da vigilância da
PFA/poliomielite são: 1) taxa de notificação; 2) investigação em até 48 horas após a notificação do
caso; 3) coleta de uma amostra de fezes até o 14º dia do início do déficit motor; e 4) notificação
negativa/positiva semanal de casos de PFA. A meta mínima esperada é de 80% para esses
indicadores, exceto a taxa de notificação, cuja meta é um caso por 100 mil habitantes menores de
quinze anos residente.
A partir de 2004, o estado apresentou resultados satisfatórios quanto à taxa de notificação de
PFA (Figura 3).
Figura 3 - Taxa de notificação de PFA* por 100 mil habitantes de 15 anos. Piauí, 2003-2008
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Quanto à coleta oportuna de fezes, a meta foi atingida em 2005, 2007 e 2008. Ressalta-se
que o Brasil mantém estreitos laços econômicos, turísticos e sociais com países que ainda têm
circulação de poliovírus selvagem (Figura 4). Uma vigilância frágil põe em risco todo o esforço
para manter a erradicação da poliomielite.
Figura 4 - Proporção (%) de casos de PFA* com amostra de fezes coletadas até 14o dia do início da deficiência motora.
Brasil, Região Nordeste e Piauí 2003 a 2008
Referências
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 7. ed. rev. Brasília: Ministério
da Saúde, 2008.
________, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância
Epidemiológica 7 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
________, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema Nacional de
Vigilância em Saúde: relatório de situação: Piauí. 2. ed. Brasília : Ministério da Saúde, 2007.
________, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema Nacional de
Vigilância em Saúde: relatório de situação: Piauí. 2. ed. Brasília : Ministério da Saúde, 2009.
LEITE, F. País não sabe quantos laboratórios têm vírus da pólio e se expõe a risco. Jornal da
Ciência (JC), e-mail 3537, de 20 de Junho de 2008. Disponível em:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=56838. Acesso em 04 jun. 2010.
TORTORA, G. J; FUNKE, B. R; CASE, C. L. Microbiologia. 8 ed. Porto Alegre: Artumed, 2005.
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