o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade Conceitos fundamentais Paulo R. de Souza Mendes Grupo de Reologia Departamento de Engenharia Mecânica Pontifícia Universidade Católica - RJ agosto de 2010 tensão e gradiente de velocidade o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Sumário o fluido como um meio contínuo a hipótese de meio contínuo campo o campo de velocidade escoamentos permanente, transiente, 1-D, 2-D, 3-D linhas notáveis tensão e gradiente de velocidade a hipótese de Cauchy tensão taxa de deformação e vorticidade o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade a hipótese de meio contínuo meio contínuo: a massa é distribuída continuamente no espaço. ∆m/∆V massa específica: ρ domínio de validade da hipótese de meio contínuo ∆m ρ = lim ∆∀→0 ∆∀ para efeito da hipótese de meio contínuo, considera-se ∆∀ = 0 quando ∆∀ = ∆∀0 0 ∆V' ∆V o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade o conceito de campo seja x o vetor posição e t o instante de tempo. Campo é qualquer função f de x e t: f (x, t) A posição x pode ser escrita em diferentes sistemas de coordenadas: x = xı̂ + y ̂ + z k̂ θ r r x = r êr (θ) + z êz x = r êr (θ, φ) logo, f (x, t) = f (x, y , z, t) = f (r , θ, z, t) = f (r , θ, φ, t) φ θ y z z x o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade exemplos de campos campos escalares • massa específica ρ(x, t) • temperatura T (x, t) • pressão p(x, t) campos vetoriais • velocidade V (x, t) • aceleração a(x, t) • força F (x, t) campos tensoriais • tensão T (x, t) • gradiente de velocidade ∇v(x, t) • taxa de deformação γ̇(x, t) tensão e gradiente de velocidade o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade o campo de velocidade: casos particulares • Escoamento permanente: V = V (x). No caso contrário (i.e. no caso genérico V = V (x, t)), o escoamento é transiente. • Escoamento • Escoamento bidimensional (2-D): V só depende de duas coordenadas espaciais. unidimensional (1-D): V só depende de uma coordenada espacial. V = V(x,y) = u(x,y)i +v(x,y)j V = V(r) = vz(r)ez vz(r) r z y u(y) x V = V(y) = u(y)i u(x,y) o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo 1-D permanente: escoamento em tubo o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo 1-D transiente: placa em movimento o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo 1-D transiente: placa em movimento o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo 2-D permanente: escoamento sobre placa plana o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo 2-D transiente: escoamento em torno de cilindro o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade trajetória, linha de tinta, linha de corrente tempo fixo t partícula trajetória da partícula V trajetória é a linha formada pelos pontos no espaço visitados por uma dada partícula ao longo do tempo. linha de tinta é a linha ocupada pelas partículas que visitaram um dado ponto no espaço ao longo do tempo. partículas que visitaram P ponto fixo P linha de tinta partículas linha de corrente V linha de corrente em um dado instante de tempo, é a linha formada por pontos no espaço ocupados por partículas cujas velocidades lhe são tangentes. em regime permanente, as três linhas coincidem o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo: esc. em torno de sup. curva o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo: esc. em torno de aerofólio o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo: esc. sobre placa plana trajetórias erradas! (as partículas se afastam da placa) o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo: esc. em torno de cilindro o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo: esc. em torno de cilindro o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo: esc. em torno de cilindro o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo: esc. em torno de cilindro o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade O vetor tensão t o vetor tensão t é a força de contato por unidade de área que o material externo a ∀(t) faz sobre o material dentro de ∀(t) n dA M = const V(t) V Hipótese de Cauchy: t = t(n̂) Balanço de força no tetraedro: t(n̂)dA + t(−ı̂)(n̂ · ı̂)dA+ k̂ n̂ t(−̂)(n̂ · ̂)dA + t(−k̂ )(n̂ · k̂ )dA = 0 da 3a. lei de Newton (ação e reação), t(−n̂) = −t(n̂), t(−ı̂) = −t(ı̂), etc. t(nˆ) h ĵ dA î o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade O tensor tensão t(n̂) = (n̂ · ı̂)t(ı̂) + (n̂ · ̂)t(̂) + (n̂ · k̂ )t(k̂ ) ou h i t(n̂) = n̂ · ı̂t(ı̂) + ̂t(̂) + k̂ t(k̂ ) ≡ n̂ · T onde T é o tensor tensão. Nota-se que t(ı̂) = ı̂[ı̂ · t(ı̂)] + ̂[̂ · t(ı̂)] + k̂ [k̂ · t(ı̂)] t(̂) = ı̂[ı̂ · t(̂)] + ̂[̂ · t(̂)] + k̂ [k̂ · t(̂)] t(k̂ ) = ı̂[ı̂ · t(k̂ )] + ̂[̂ · t(k̂ )] + k̂ [k̂ · t(k̂ )] o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade h i T = ı̂t(ı̂) + ̂t(̂) + k̂ t(k̂ ) = ı̂ı̂[ı̂ · t(ı̂)] + ı̂̂[̂ · t(ı̂)] + ı̂k̂ [k̂ · t(ı̂)] k̂ +̂ı̂[ı̂ · t(̂)] + ̂̂[̂ · t(̂)] + ̂k̂ [k̂ · t(̂)] t(kˆ) t(-ˆ i ) = - t(ˆ i) +k̂ı̂[ı̂ · t(k̂ )] + k̂̂[̂ · t(k̂ )] + k̂ k̂ [k̂ · t(k̂ )] t(-ˆ j ) = - t(jˆ) î logo, a matriz de T ı̂ · t(ı̂) [T ] = ı̂ · t(̂) ı̂ · t(k̂ ) é: ̂ · t(ı̂) k̂ · t(ı̂) ̂ · t(̂) k̂ · t(̂) ̂ · t(k̂ ) k̂ · t(k̂ ) t(jˆ) ĵ t(ˆ i) t(-kˆ) = - t(kˆ) o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Notação usual: T = ı̂ı̂σxx + ı̂̂τxy + ı̂k̂ τxz k̂ +̂ı̂τyx + ̂̂σyy + ̂k̂ τyz +k̂ı̂τzx + k̂̂τzy + k̂ k̂ σzz σzz σyy τzx τxz τzy τxy σxx a matriz de T fica: σxx [T ] = τyx τzx î τxy σyy τzy τxz τyz σzz σzz τyx τyz σyy ĵ o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Logo, σxx τxy τxz [T ] = τyx σyy τyz τzx τzy σzz ı̂ · t(ı̂) ̂ · t(ı̂) k̂ · t(ı̂) = ı̂ · t(̂) ̂ · t(̂) k̂ · t(̂) ı̂ · t(k̂ ) ̂ · t(k̂ ) k̂ · t(k̂ ) k̂ σzz σyy τzx τxz τzy τxy σxx î τyx τyz σyy ĵ σzz ou seja, na notação σxx , τxy , etc., o primeiro índice indica a face do cubo em que a tensão atua, o segundo indica a direção da tensão. o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade Exemplo: compressão isotrópica T = − ı̂ı̂p − ̂̂p − k̂ k̂ p k̂ = −p ı̂ı̂ + ̂̂ + k̂ k̂ -p -p a matriz de T fica: −p 0 0 [T ] = 0 −p 0 0 0 −p -p -p -p î t(n̂) = n̂ · T = −pn̂ · ı̂ı̂ + ̂̂ + k̂ k̂ = −p (n̂ · ı̂)ı̂ + (n̂ · ̂)̂ + (n̂ · k̂ )k̂ | {z } =n̂ ou t(n̂) = −pn̂ ĵ -p o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade o gradiente de velocidade t = const. dV = dr · ∇V V em coord. cartesianas, r dr V +dV dr = ı̂dx +̂dy +k̂ dz; V = ı̂u+̂v +k̂ w r+dr ∇V = ı̂ı̂ ∂u ∂v ∂w + ı̂̂ + ı̂k̂ ∂x ∂x ∂x ∂u ∂v ∂w +̂ı̂ + ̂̂ + ̂k̂ ∂y ∂y ∂y +k̂ı̂ ∂u ∂v ∂w + k̂̂ + k̂ k̂ ∂z ∂z ∂z ∂u ∂x ∂v ∂x ∂w ∂x [∇V ] = ∂u ∂y ∂v ∂y ∂w ∂y ∂u ∂z ∂v ∂z ∂w ∂z o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade exemplo U V = ı̂u(y ) ĵ ∇V = ̂ı̂ ∂u ∂y dy î dx u(y) se dr = ı̂dx, dV = dx ∂u ı̂ · ̂ı̂ = 0 ∂y se dr = ̂dy , dV = dy ∂u ∂u ̂ · ̂ı̂ = dy ı̂ ∂y ∂y o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade taxa de deformação o 1n ∇V + ∇V T {z } |2 ∇V = + taxa de deformação taxa de deformação: D≡ [D] = ∂u ∂x vorticidade o 1n ∇V + ∇V T 2 n o 1 ∂v ∂u + 2 ∂x ∂y 1 2 n ∂u ∂y + ∂v ∂x o 1 2 ∂u + ∂w ∂x ∂z o 1n ∇V − ∇V T {z } |2 ∂v ∂y 1 2 n ∂v ∂z + ∂w ∂y o 1 2 ∂w 1 2 n ∂x ∂w ∂y + ∂u ∂z o + ∂v ∂z ∂w ∂z o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade taxas de deformação angular e linear ∆γyx ≡ α + β = du∆t dv ∆t + ∆y ∆x = du.∆t = (∂u/∂y)∆y∆t u(y) ∆εxx ≡ ε̇xx du∆t ∂u = ∆t ∆x ∂x ∆εxx ∂u = lim = = Dxx ∂x ∆t→0 ∆t β α = dv.∆t = (∂v/∂x)∆x∆t ∆x y v(x) x = dv.∆t = (∂v/∂y)∆y∆t t t+∆t v(y) ∆y γ̇yx ∆γyx ∂u ∂v = + = 2Dyx = lim ∂y ∂x ∆t→0 ∆t ∆y ∂v ∂u ∆t + ∆t = ∂y ∂x = du.∆t = (∂u/∂x)∆x∆t ∆x u(x) o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade vorticidade o 1n T ∇V + ∇V {z } |2 ∇V = o 1n T + ∇V − ∇V {z } |2 vorticidade taxa de deformação vorticidade: W ≡ [W ] = o 1n ∇V − ∇V T 2 1 2 0 1 2 n ∂u ∂y − ∂v ∂x o 1 2 ∂u − ∂w ∂x ∂z n ∂v ∂x − ∂u ∂y o 0 1 2 n ∂v ∂z − ∂w ∂y o 1 2 ∂w 1 2 n ∂x − ∂u ∂z o ∂v ∂w ∂y − ∂z 0 o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade taxas de rotação = du.∆t = (∂u/∂y)∆y∆t ∆x u(y) 1 du∆t dv ∆t (α + β) = ( − ) 2 ∆y ∆x 1 ∂u ∂v = ( − )∆t 2 ∂y ∂x α y v(x) x ∆θyx 1 ∂u ∂v = ( − ) = Wyx ≡ −ωz 2 ∂y ∂x ∆t→0 ∆t θ̇yx = lim t t+∆t ∆y ∆θyx ≡ β = -dv.∆t = (-∂v/∂x)∆x∆t o fluido como um meio contínuo o campo de velocidade tensão e gradiente de velocidade significado físico de D e W • os componentes Dxy = Dyx , Dxz = Dzx e Dyz = Dzy são taxas de deformação angular do elemento de fluido nos planos xy , xz e yz, respectivamente. • os componentes Dxx , Dyy e Dzz são taxas de deformação linear do elemento de fluido nas direções x, y e z, respectivamente. • os componentes Wxy = −Wyx = ωz , Wxz = −Wzx = −ωy e Wyz = −Wzy = ωx são taxas de rotação (velocidades angulares) médias do elemento de fluido em torno das direções z, y e x, respectivamente. • ω = ωx ı̂ + ωy ̂ + ωz k̂ é o vetor vorticidade.