PROGRAMA VERSUS VIVÊNCIAS E ESTAGIOS NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAUDE RELATORIO FINAL SOBRE AS VIVENCIAS E REALIDADES REFERENTES À REDE A ATENÇÃO A PESSOAS PORTADORA DE DEFICIÊNCIA FÍSICA. O VER SUS é uma proposta do Ministério da Saúde que visa a formação de profissionais comprometidos político-socialmente com a saúde pública. Através de estágios e vivências, os participantes conhecem um pouco do funcionamento dos serviços de saúde, bem como o trabalho em conjunto feito pelos profissionais presentes nos vários espaços físicos visitados. São explanados diversos conceitos, que são abordados nas imersões teóricas e práticas, tais como: conceito ampliado de saúde, educação permanente em saúde, interdisciplinaridade, controle social, movimentos sociais, discussão de gêneros. Outros assuntos que não são apenas relacionados à saúde, também são explorados, a fim de abranger todos os ambientes que o cidadão é inserido. A quarta edição do VER SUS Oeste Catarinense foi realizado do dia 12 ao 19 de fevereiro de 2016 na cidade de Chapecó, nas dependências do Hotel Lang. Neste local ocorreu nos primeiros dias, a capacitação dos viventes, onde todos foram preparados e instruídos a entender o funcionamento teórico do SUS (Sistema Único de Saúde). Houve também atividades relacionadas a integração de todos os participantes, para melhor entendimento do SUS, sendo norteador de todas elas e das vivências o tema principal desta quarta edição, “Redes de Atenção”. Essa formação dos viventes junto com os facilitadores nos dois primeiros dias, teve como objetivo de ser utilizada, como uma ferramenta para instrui-los nas vivências das redes de atenção. Teve como foco também, mostrar para todos os participantes como a teoria pode ser aplicada na pratica, ou em muitos casos do dia-a-dia, adequar essa teoria para melhorar a atenção, informação, comunicação e principalmente do cuidado prestado ao paciente, família e comunidade. Após essa primeira fase, os viventes foram divididos em 12 grupos totalizando 5 viventes e um facilitador, que trabalharam as 5 principais redes de atenção, mais outras 7 redes complementares. Ao o sexto grupo foi proposto trabalhar, problematizar, avaliar os pontos negativos e positivos, tendo foco a melhora da mesma (instituição de saúde). No dia 15 de fevereiro de 2016, no período matutino o grupo 6 responsável pelo tema Rede de Apoio a Pessoas Portadoras de Deficiência, visitou a UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro Cristo Rei. Foi realizado uma conversa com as enfermeiras e duas ACSs (agentes comunitárias de saúde), que compartilharam situações e responderam a alguns questionamentos. Após esse momento, o nosso grupo foi dividido em duas partes, para realizar VD (visita domiciliar) em duas determinadas famílias, sendo acompanhados por uma ACS a cada grupo. Na visão dos viventes foram observados pontos positivos e negativos: - Pontos positivos: apresentação de uma equipe de ESF (estratégia de saúde e da família) bem articulada (ao que se relaciona à UBS), um bom funcionamento da rede de saúde que abrange o paciente. Os profissionais se apresentaram interessados, abertos, apresentando realmente um olhar humano sobre o paciente, família e comunidade. Em muitos casos, eles ultrapassam as dificuldades de própria UBS, para de uma forma concreta, segura e de qualidade, melhorar a acessibilidade desse paciente, em todos os níveis de saúde. - Pontos negativos: observamos algumas falhas como, a falta de profissionais na equipe, seja esse profissional um interprete, que tenha a capacitação em libras, também não foi visto nenhum informativo ou cartilha em braile, própria estrutura da UBS não apresentava uma condição acessível. Um fator também discutido foi à sobrecarga psicológica que as ACSs recebem, sendo que, elas passam por nenhuma capacitação para enfrentar as demais situações das famílias em que visitam. Essas situações podemos entender que vai desde problemas na situação financeira da família, até em alguns momentos morte. 1) Visita: família de baixa renda, estrutura precária de moradia com falta de acessibilidade, onde duas moradoras eram portadoras de deficiência física e mental, onde seus cuidadores (pai e mãe) aparentando não ter capacidade cognitiva e física para realizar cuidados necessários e eficazes. As meninas não tinham vida social, nenhum estímulo para reabilitação, o pai não deixou a mãe ir para a psicóloga. 2) Visita: família baixa renda, mãe e filha, mãe cuidadora estava com depressão, cuidava da filha portadora de deficiência física e mental, se encontrava na cama na chegada da visita, reclamou de dores na parte frontal da cabeça, frequentava a APAE, mas ônibus tinha dificuldade de pegar porque a lombada ficava na frente da casa dela, dependendo de transporte publico, ambas não possuem apoio psicológico (segundo a mãe). Não respondia estimulo verbal, maspara verbal, porém entende. Durante o tempo na UBS, podemos destacar alguns pontos demonstrados pela UBS, onde o grande foco a ser trabalhado seria a mudança cultural, seguido também o principal cuidador do deficiente físico, a família. Nesta percepção de mudança cultural e de família o grupo de vivência chegou em uma única discussão: o pré-conceito e o preconceito, ligados diretamente a educação. Logo, entendemos que que existe um preconceito que vem diretamente do portador de deficiência; pré-conceito e preconceito da família/cuidador apresentar esse portador de deficiência para a comunidade, ou em até alguns casos de procurar ajuda dos serviços de saúde. Portando, para realizar algumas mudanças relacionadas a tal, a única solução seria iniciar pela educação, envolvendo esta: profissionais da saúde, comunidade, principalmente família/cuidador e o deficiente. No período vespertino, o grande grupo que foi caracterizado por todos os viventes, compareceu ao conselho municipal, onde foram debatidos quais seriam as pautas a serem expostas ao decorrer do ano, é um fato importante relatado foi a inexistente presença de um representante da comissão das pessoas com deficiência física e mental, para assim tratar e expor fatores que irão em total função a melhora dos próprios indivíduos na rede de saúde de Chapecó. No dia 16 de fevereiro de 2015 no período matutino, o grupo foi ao ambulatório de Lesões de pele, tendo orientações e informações da enfermeira chefe. Ela fez uma explanação sobre os pacientes estomizados, e portadores de alguma deficiência aguda ou crônica que tinham dificuldades, eram acamados ou utilizavam cadeiras de rodas. De acordo com que a enfermeira nos colocou, em muitas situações esses pacientes desenvolviam alguma consequência, como úlcera venosa ou por pressão. Também tivemos a oportunidade de acompanhar alguns atendimentos e aprofundar a visão e opinião de como é a vida desses portadores de deficiência e o cotidiano/rotina do cuidador. Houve relatos das dificuldades e batalha diária que eles possuem para propor, conforto e o melhor cuidado de seu ente familiar. Logo abaixo relatamos algumas situações observadas e também os pontos positivos e negativos, visualizados pelos viventes: 1) Caso foi idoso cadeirante que sofreu acidente externo, ulcera por pressão, cuidado pela mulher. 2) Caso o paciente tinha 25 anos com síndrome decorrente meningite cadeirante, frequenta APAE todos os dias, cuidado pela mãe, que também cuida da irmã, foi tratar queimadura e unha encravada, usa fraldas. Tinha relação próxima e faziam atividades de lazer. - Positivos: É passado ao cuidador a fazer os curativos para continuar o tratamento em casa, oferecendo treinamento para cuidadores, e o programa para pacientes estomizado. - Negativos: Foi notado que ainda a muito preconceito com os pacientes estomizados, sendo por muitas vezes da própria família. Onde, para o grupo de vivência, tanto para o paciente quanto para a família, falta um apoio psicológico, ou seja, quando ocorre alguma transformação e essa por muitas vezes possa trazer vergonha, ou desconforto para se expor na sociedade, é necessário algum acompanhamento diário. No período vespertino, o grupo realizou visita no programa Saúde em Casa, que é composto por uma equipe multidisciplinar. A enfermeira do local, nos apresentou as diretrizes e como este programa funcionava. Para as vivencias, foram divididos em 2 grupos, nos quais foram visitadas 5 famílias, em diferentes micro áreas. 1º Paciente: sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) há um mês, onde as cuidadoras são a esposa e a filha que também sofreram um AVC. Elas residem em uma casa humilde, que não possui um aceso pavimentado. O paciente visitado após o AVC, ficou com sequelas de locomoção, marcha, fala e força. Na VD, o principal atendimento foi da fonoaudióloga, que realizou exercício para o estimulo do retorno da fala e raciocínio. 2º Paciente: idosa, que sofreu um AVC e é cadeirante. A casa onde reside é de acesso limitado, nos quais a cuidadora sente uma dificuldade quando necessita se locomover com ela. Na visita foi orientado as questões alimentares, onde ela se alimenta por uma dieta liquida pastosa. 3º Paciente: idoso acamado, no qual sofreu AVC recentemente e tem câncer, no qual se encontra em um quadro critico. O seu suporte familiar é de classe média-baixa e pelo o que foi observado eles possuem pouco domínio do assunto ao que se relaciona os cuidados. Prosseguido os dias de vivencias, no dia 17, o grupo visitou o HRO (Hospital Regional Do Oeste), onde fomos levados a conhecer as estruturas do local, e seu sistema de funcionamento. Nesta visita, foram avaliados alguns pontos positivos e negativos. - Pontos positivos: o hospital apresenta um funcionamento harmonioso, com uma infraestrutura eficaz. Dentro do próprio hospital existe uma capacitação de libras, para facilitar à comunicação com alguns deficientes auditivos, porém nem todos os funcionários se disponibilizam a fazer. - Pontos negativos: A falta de contra referencia e mais uma fez a falta de psicólogo para auxiliar as famílias, com orientações para pessoas que adquiriram alguma deficiência, e para atender os profissionais. No dia 18 de fevereiro de 2015 no período vespertino visitamos o CRAS – EFAPI, onde foi realizada apresentação das atribuições do CRAS e como tal exerce parceria do Sistema Único de Assistência Social com o Sistema Único de Saúde. Sobre a demanda de portadores de deficiência física e mental, foi colocado que que não existe uma grande demanda de assistência. Existe um grupo de apoio aos cuidadores de pessoas portadoras de deficiência, que ocorre uma vez por mês quando os cuidadores comparecem ao CRAS para retirar as fraldas geriátricas. A Secretaria de ASS Social também fornece bengalas, cama hospitalar, colchão piramidal, cadeiras de rodas. Comentou que existia um grupo exclusivo para pessoas portadoras de deficiência, porém foi orientado que este grupo poderia ser contraditório, numa vez que acabava não incluindo esta população nos demais grupos. Ainda o SUAS fornece um benefício da LOAS, para portadores de deficiência e no caso de admissão em um trabalho com carteira assinada seu benefício é suspenso, porém caso ocorra a perda do emprego pode-se fazer a solicitação de cancelamento da suspensão do benefício.